quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Anders Zorn de A a Z (Parte 7 de 7)

 

 

Falo pela sétima e última vez sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Ar livre. A deliciosa sensação de se nadar nu, como numa praia de nudismo, sem malícia, no Éden antes da serpente, no modo como o grego antigo lidava com naturalidade com a nudez. Aqui é um momento privado, só de mulheres nuas, e aqui o pintor é como um voyeur, esgueirando-se para “fotografar” as moças, num assédio de paparazzi, perseguindo Diana pelos quatro cantos do Mundo, na contradição de Diana: Por um lado, ela adorava ser o monstro midiático celebrizado que era; por outro, sentia-se muita invadida e desrespeitada pelas câmeras ávidas dos assediadores. A cena aqui é doce veranil, numa água deliciosa e refrescante, como numa temporada de férias, no sedutor vazio magnético da orla, com tantas pessoas que amam tanto veranear num balneário, no modo como eu próprio me sinto tão inspirado quando estou na orla, no vazio que nos puxa, e Tao é este vazio, este espaço querendo ser completado com as pessoas, na vastidão na Eternidade, num Tao que é mistério perene, num segredo que jamais será revelado, no presente inestimável que é a Vida Eterna, no absurdo modo como jamais findaremos – não é poder demais? A dureza da rocha faz contraste com a moleza da água, na rocha que acaba cedendo e sendo decomposta pela água, como na tartaruga vencendo a lebre na corrida. É o básico discernimento taoista: Quando digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio, como na mulher baixinha ao lado do marido alto, ressaltando este, no poder do discreto papel coadjuvante, discreto, essencial em sua discrição limpa e minimalista. A canoa é a metáfora do óbito, num navio que nos carrega de volta para casa, na dimensão suprema de luz, na qual todos somos plenos, jovens, belos e produtivos, na ironia de que, antes ou depois da morte, o trabalho é essencial, como Tao exemplar, sempre produzindo e criando, deixando-nos perplexos com tal Suprema Inteligência, como um fã ardoroso esperando pelo novo lançamento de seu popstar favorito, em carismas de fã clubes que cruzam os quatro cantos do planeta, numa das provas da universalidade da Arte e do Ser Humano, num artista que tem fãs nos quatro cantos do Mundo, na universalidade da fome humana por Arte, esta força que nos faz humanos e civilizados, na incapacidade de um macaco em pintar um objeto de cerâmica, provocando a imaginação dos que creem que no passado, um estágio primitivo de Ser Humano, a Terra foi colonizada e catequizada por alienígenas inteligentíssimos, ferindo, assim, a crença dos que creem que o Ser Humano veio do nada e evoluiu sozinho, no contraste do início do megaclássico 2001, quando uma rudimentar ferramenta dá lugar a sofisticadas estações espaciais feitas pela mão humana, num caminho eterno de depuração, sendo esta a razão da Vida: Crescer, aprender, evoluir e tornar-se uma pessoa melhor, mais desapegada e mais bondosa – uma vida sem percalços não tem sentido, como num surfista prostrado frente a um plácido mar sem ondas, no tesão de um alpinista e abraçar um desafio, como um bom professor, que desafia o aluno e faz este evoluir, em professores exigentes, que valem cada centavo do valor da mensalidade. Vemos uma moça se despindo, um pouco ocultada pela vegetação, num jogo sensual de esconder e revelar, como na dúbia luz do luar, a qual tanto revela quanto oculta, num limiar sexy, provocante. Podemos ouvir aqui o delicioso som de água fluindo, num momento de relaxamento, como uma pessoa que se abre e desabafa com um ombro amigo, numa relação de relaxamento e confiança, num nível de proximidade grande, quando é possível que falemos com outra pessoa por meio de telepatia, quando não precisamos proferir uma só palavra para falarmos com quem está em nossa frente, como numa intimidadora Galadriel de Tolkien, sábia, estranha, bela, conversando por telepatia, num grau intenso de sofisticação, no vazio do espírito derrotando a obstrução da carne, na vitória do pensamento sobre a matéria, na diferença que existe entre uma mulher fina e uma mulher vulgar. As moças à beira estão recatadas, hesitantes, pudicas e tímidas, como num líder sábio ao atravessar um rio, como se soubesse que neste há perigo, numa medida de cautela e sabedoria.

 


Acima, Arquipélago flor. Aqui temos tal talentosa pincelada de Zorn, na água cristalina reflexiva, numa nudez inocente, remetendo a uma professora que tive no Ensino Fundamental, uma freira, a qual, ao ver que os jovens alunos estavam muito maliciosos em relação a Sexo, resolver dar aulas de Educação Sexual para neutralizar tal malícia nas mentes dos alunos, partindo do princípio: Como Deus pode ter vergonha de algo que Ele mesmo inventou? É como na beleza do aparelho reprodutivo feminino, com o delicado óvulo deslizando poeticamente, assediado pelos ávidos espermatozoides, no modo como Sexo não deixa de ser algo engraçado. As flores no quadro são a feminilidade, numa Gal Costa cantando com uma flor no cabelo, como nas coroas floridas de terras exóticas, coroando surfistas ganhadores de torneios mundiais, na sedução da exuberância dos trópicos, seduzindo a imaginação de terras frias e escuras como as escandinavas, com deprimentes invernos que duram seis meses inteiros, na contramão de como turistas vão a Gramado exatamente para pegar dias de frio serrano, num Ser Humano sempre insaciável – quem mora na cidade quer ir ao campo, e viceversa. A moça aqui mal toca na água com o pé, como se estivesse vendo a temperatura da água, num momento de “sacrifício”, quando o corpo tem que se acostumar com tal temperatura, adaptando-se, na capacidade humana em se adaptar, como em faunas e floras que se adaptam a meios diversos, como nos ursos polares adaptados ao gelo, no modo como a Vida sempre encontra um meio para fluir e respirar, como em rios encontrando seus cursos, abrigando Vida, muita Vida, no modo como ouvi que a Vida é o nervo da Arte, como batidas de tambores imitando as batidas cardíacas, na fluidez dos batuques de um terreiro de Umbanda, a religião dos socialmente execrados, uma religião que faz casamentos gays, no papel decisivo das matizes afro para a Cultura Brasileira em geral, em estilos supremos como o Samba, vindo dos morros cariocas, numa manifestação de Cultura Popular, fazendo do Brasil um país tão único e sedutor em suas batidas de tambores vibrantes, como nos EUA, nos quais foi decisivo o papel de raízes afro num país tão caucasiano e protestante. A moça em sua pele alva é a pureza, no doce mito de Maria, a Virgem, na “cara de santa” que possuía Evita Perón, conquistando o proletariado de tal país, o qual tinha EP como uma santa virgem puríssima, crendo que Evita nunca dera filhos a Perón por ela ter se mantido virgem, num Perón que não ousaria deflorar tal santa imaculada, quando que, na verdade, tal infertilidade era sequela de um aborto brutal e agressivo feito pela atriz argentina. Aqui é a metáfora de Tao, num líder humilde, que sempre se põe em último lugar, fluindo para baixo, na incrível humildade de uma Gisele Bündchen, a qual, apesar de ter conquistado píncaros de fama, sucesso, popularidade e dinheiro, mantêm-se sempre humilde, pés no chão, sabendo que não pode parar de trabalhar, pois uma vida sem trabalho é um desperdício, meu irmão. O corpo da moça é impecavelmente depilado, com uma discreta vulva, num nu que não é pornográfico, pois, sem aqui querer ser eu moralista, não há sentido na carreira de um pornógrafo, pois fazer sexo em público não é talento, mas perda de tempo, remetendo a um sociopata que conheci, o qual era ávido consumidor de tais filmes explícitos, neste grande defeito moral que tem o sociopata, uma pessoa que não vê além da Dimensão Material, num espírito mundano, quando que, no início, não era a Natureza, mas Tao, remetendo a uma certa pessoa, que é um sociopata disfarçado de intelectual, um animal o qual não sabe viver em Sociedade. Será que a moça aqui vai se render e permitir-se mergulhar? Qual será a escolha dela? Cada um é livre para fazer suas próprias escolhas, indo contra os casamentos arranjados, nos quais os cônjuges não têm escolha. O rosto da moça está ruborizado, como na pudica Vênus de Botticelli, tapando a vulva e um dos seios com seus longos cabelos ondulados de Gisele, a mulher que dita paradigma capilar feminino ao redor do Mundo.

 


Acima, Autorretrato com modelo. Os autorretratos são muitos comuns no mundo da Arte, como numa reflexão, numa pessoa olhando para si mesma, conhecendo-se, sabendo que cada um está no controle de sua própria vida, ao contrário de uma Marilyn Monroe, a qual passou a vida buscando por figuras paternas, no oposto de uma certa popstar, a qual é uma mulher absolutamente independente. A modelo aqui é sutil, discreta e coadjuvante, na sabedoria da figura folclórica do Preto Velho, quietinho no seu canto, quieto em sua humildade, só observando os egos ascendendo e descendendo, nessa fogueira de vaidades, no caminho contrário ao da sabedoria, na humildade de uma Gisele, dizendo: “Tenho que trabalhar!”, sabendo que, se parar, virará “peça de museu”, como uma certa popstar dos anos 1980, a qual não sobreviveu a tal década, a tal momento, no modo como quem não luta, desaparece na cabeça das pessoas. A luz entra furtiva e difusa, talvez num dia cinzento, londrino, num quadro em que podemos observar tal talento de pincel, num artista com suas pinceladas impressionistas, borradas, de vanguarda, nas vogues, nas ondas de novidades que varrem a Humanidade, como na magia da Renascença, quando a Europa se redescobriu, em mestres supremos como Botticelli, em sopros de frescor e renovação, virando a página do Estilo Gótico, um gênero que se identificou como medieval, pré-revolução renascentista. A paleta de cores é a diversidade da vida em sociedade, na existência de respeito entre os cidadãos, anulando o cheiro fétido dos preconceitos, os quais são inimigos da vida em sociedade, como em casos recorrentes de racismo em estádios de Futebol, com inocentes homens chamados de “macacos”, no modo como o respeito é a base de concreto sobre a qual se baseia uma sociedade, como no respeito à regras de trânsito – o Mundo não seria caótico sem tal respeito? É o caminho do apuro moral, numa pessoa honesta, una e íntegra, ao contrário de homens que têm mais de uma família, levando vida dupla, ou tripla, em cima de um triste muro de hesitação – não está concretamente aqui, nem ali, como um rapaz que conheci, o qual levava vida dupla, namorando tanto homens quanto mulheres, um cagão indeciso, com o perdão do termo chulo. A modelo está bem retirada, quase oculta, como se soubesse que, assim, nessa discrição, fará o homem se sobressair, no velho e bom discernimento taoista – quando digo que algo é grande, é porque comparo com algo menor, como pessoas subestimadas, as quais acabam por nos surpreender, como uma certa senhora que conheci em Porto Alegre, uma mulher que eu naturalmente tinha como uma dondoca improdutiva e desinteressante, uma senhora que acabou se elegendo vereadora, provando que eu estava errado ao pensá-la como perua, na importância da discrição, como no filme O Advogado do Diabo, no personagem de Al Pacino ensinando ao filho que o showman, o “robert”, não é secretamente respeitado pelas pessoas, nessas pessoas obcecadas em aparecer, interessadas em tal insana midiatização mundial, com pessoas que “venderiam a alma ao Diabo” para aparecer pela Mídia, ao contrário de um certo ator, o qual é discretíssimo, sabendo que sua natural exposição midiática, em filmes, já é o suficiente, na sabedoria de um “estômago cheio”, sabendo que já tem o bastante, pois é sábio sabermos quando há o suficiente, na negação que Galadriel fez à tentações do Senhor do Escuro, mantendo-se una e humilde, nunca se perdendo de si mesma, passando no “teste” do Anel do Poder, o anel que corrompe homens bons, na eterna sede humana por poder, sempre poder, no modo como um sociopata é assim, tendo o poder pelo poder, sem uma proposta consistente, no modo como só a humildade é o que pode fazer com que um homem não seja engolido pelo próprio sucesso, como numa Whitney Houston, a qual não teve humildade para suportar o esmagador sucesso do álbum O Guardacostas. Subestimada, a moça aqui revelar-se-á imponente, vitoriosa, tendo a estrutura psíquica para suportar tais pesos e pressões, negando a sedução mundana.

 


Acima, Autorretrato com pele. A pele de animal é um certo sinal de status social, algo que, hoje em dia, no ano de 2024, é algo considerado ecologicamente errado, no modo como os conceitos de Ecologia estão ganhando o Mundo, como na cidade de Gramado, na qual está proibido que as lojas da cidade entreguem sacolas plásticas aos clientes, no problema do descarte do lixo plástico, como na Baía da Guanabara, totalmente poluída com dejetos plásticos, no lado escuro do desenvolvimento. Aqui é um quadro de Inverno, num homem totalmente agasalhado, pronto para baixas temperaturas, no modo como o calor e a natureza exuberante dos trópicos fascinam quem mora em zonas mais gélidas, com turistas que vão às serras Gaúcha e Catarinense exatamente para passar frio, na contramão de quem vai ao estado da Bahia para desfrutar do calor ameno da primeira capital do Brasil. As peles de animais são vestimentas antigas, no ponto de desenvolvimento do Ser Humano em abater animais e usar a pele, nos primórdios da Indústria da Moda, no modo como roupas fascinam o Mundo, com designers de Moda criando objetos cobiçados, como para certos artistas, para os quais é extremamente importante escolher o que vestir no momento de vir a público, no modo como a Moda é um excelente meio de autoexpressão, pois como me visto é como quero ser visto. O cigarro aqui é o hábito diário, nas célebres palavras do senhor meu pai a mim e minha irmã quando ela e eu éramos pequenos: “A melhor hora para parar de fumar é antes de começar a fumar!”. Aqui remete à recente lei alemã, legalizando a maconha, uma droga que, sinto em dizer, vai anuviando o pensamento e o discernimento da pessoa, como um amigo que tenho, o qual chegou a um ponto de sequela, perdendo qualquer senso crítico, tornando-se uma pessoa puramente contemplativa, sem senso crítico, remetendo a um triste caso de um senhor o qual, por causa das drogas, está condenado a passar o resto de seus dias numa clínica psiquiátrica, impedido de viver, trabalhar, namorar, ter filhos e netos, tirar férias, passear num shopping etc. Aqui, temos proteção e resguardo, como numa pessoa que aprendeu o valor da discrição e da atitude minimalista, nas palavras de Tao: “Quando você precisa tomar ação, faça apenas o que é necessário”, pois as desnecessidades são sujeira, lixo, algo fútil e dispensável, no termo “vaca de presépio”. Aqui é a sedução da maciez da pele, num prazer, numa concórdia, numa harmonia, numa vestimenta tão sexy, como amantes em lençóis de cetim, algo romântico, na sedução de tecidos finos e agradáveis ao toque, como veludo, no prazer de se acariciar um cachorro ou um gato, na pele gostosa ao toque. O chapéu negro aqui é uma espécie de coroação, de encerramento de ciclo, como se formar numa faculdade, remetendo a histórias de pessoas que largaram a faculdade, numa transa sem orgasmo, por assim dizer, no júbilo de um diploma de Curso Superior, coroando anos e anos de esforço nos ensinos Médio e Fundamental, com tantas e tantas manhãs acordando cedo e indo à luta, no momento de sacrifício de se sair de uma sedutora cama quentinha e encarar o siso de uma gélida manhã de Inverno, nas palavras de um certa médium espírita: “Deus não quer no ver ‘atirados nas cordas’; Deus quer nos ver lutando!”, na ironia de como o espírito desencarnado encara, no Céu, a necessidade de seguir fazendo algum trabalho, no modo como o Plano Metafísico é maravilhoso porque é um lugar onde não há desemprego, no exemplo de Tao, o Infinito, sempre criando, sempre servindo. O artista aqui é um respeitável senhor de idade, tendo já galgado muitas décadas de vida, na maravilha que é, na vida de uma pessoa, a chegada do juízo, da sabedoria e da responsabilidade, no modo como a pessoa jovem demais é arrogante, pois ainda não levou muitos tombos na vida. Aqui temos uma harmonia cromática, pois a pele é da mesma cor do fundo, num quadro de harmonia e concórdia, em algo que traz esperança ao Mundo de problemas insolúveis. Aqui é um idoso, no inverno da vida.

 


Acima, Autorretrato em vermelho. O vermelho é a cor da Vida, do sangue, como na majestosa capa rubra em Drácula da Bram Stoker, num merecidíssimo Oscar de Figurinos, no modo como Moda e Cinema casam tão bem, no entrelaçamento das artes, como no casamento feliz entre Música e Cinema, no modo como já ouvi dizer que as artes estão umas dentro das outras, na universalidade da invenção do Ser Humano, como no quimono japonês, ou como os jeans ganharam o Mundo, na onda jovem dos anos 1980, com jeans desbotados e rasgados, num sopro de juventude e renovação, na dádiva que é uma pessoa a qual, apesar de envelhecer, permanecer jovial, como Leonardo da Vinci, o qual se manteve jovem e bem humorado até o fim de sua vida, morrendo já bem idoso. Aqui temos tal Zorn fumante, como no filmão Cassino, no qual Bob de Niro aparece fumando em praticamente todas as cenas, remetendo a uma época em que cigarro era considerado chic, saudável, interessante, ao contrário das contemporâneas sanções ao cigarro, como nos EUA, um país em que, provavelmente no futuro, o cidadão só poderá fumar dentro de sua casa, remetendo a eras em que era possível fumar dentro de aviões e veicular na televisão comerciais que dissessem que cigarro é força, juventude, vigor e beleza. Aqui temos um Zorn garboso, que se arruma em seus autorretratos, vestindo-se com elegância e garbo, sabendo que não pode vir a público de qualquer modo, com qualquer roupa, remetendo ao personagem Oscar Schindler, um playboy fútil que só pensava em roupas e, no decorrer do filme de Spielberg, compadece-se com os problemas do Mundo, na impactante cena de cadáveres incinerados despejados como puro lixo, no modo como o Ser Humano é capaz de tais atrocidades sociopáticas, num Jesus num Calvário: Não és um rei? Então eis tua coroa. É como a passagem do tempo coloca tudo em seu devido lugar, num Cristo que só foi plenamente reconhecido postumamente, como muitos e muitos artistas geniais. O fundo do quadro é incerto e irrelevante, pois o foco é o modelo. Aqui é o envelhecimento, com um Zorn prestes a ser calvo, com consideráveis entradinhas na testa, como no astro Jude Law, completamente calvo, em contraste com George Clooney, o homem que, apesar da idade, segue cabeludo, numa Ciência que até hoje não descobriu a forma de prevenir a calvície. Uma luz se coloca acima do modelo, como num cantor num show, ressaltando o ponto de atenção do espectador, na capacidade de certos artistas em “incendiar” a plateia e excitar esta, em contraste com grandes artistas como Lenny Kravitz e Seal, os quais, apesar de serem grandes vozes e grandes repertórios, fazem show morninhos, sem “enlouquecer” a plateia. Aqui remete ao garbo de antigamente, nas pessoas se arrumando na hora de vir a público, como na célebre via portoalegrense da Rua da Praia, no auge dos anos 1940, em damas e cavalheiros elegantes, como minha querida avó Nelly Mascia, jovem, linda, com uma cinturinha para lá de formosa, no modo como o espírito, ao desencarnar e voltar à Morada Celestial Primordial, rejuvenesce e vive jovem, belo e vigoroso para sempre, no presente inestimável da Vida Eterna, o poder imensurável da Vida, a qual não acabará, meu irmão. Aqui temos um Zorn sério e sisudo, sabendo que, se quiser obter sucesso, tem que ser competente e digno merecedor de tal respeito, na máxima: Quem não tem competência não se estabelece. E por que Gisele foi tão longe e venceu tanto na Vida? Porque Gisele é altamente competente no que faz, ao contrário da Gisele atriz, a qual não migrou muito bem da carreira de modelo para a carreira de atriz – cada um com suas limitações, pois todo mundo toma no cu, com o perdão do termo chulo. O vermelho aqui é a Vida que pulsa, que luta para sobreviver, nesse planeta tão único o qual habitamos, com cientistas que até hoje não encontraram indícios de tanta Vida no nosso ínfimo sistemazinho solar, numa pessoa contemplando o céu estrelado e perguntando-se sobre o que nos cerca. Aqui, o nó sisudo da gravata é o momento do labor, havendo, no momento dos drinques do happy hour, a grava afrouxada, depois de um dia de dedicação e trabalho.

 


Acima, Castelos no ar. O interessante aqui é o enquadramento, com Zorn abaixo da modelo, numa certa reverência, como se estivesse se curvando perante a bela moça, nos versos da música de Seu Jorge: “Se fosse mulher feia estaria tudo certo. Mulher bonita mexe com o meu coração!”. O guardachuva em estilo delicado e oriental tem o formato de mandala, na passagem cíclica do tempo, no ciclo das estações climáticas, como no fechamento de um ciclo, num curso universitário, ou um ciclo de vida, com tudo voltando à estaca zero, num eterno recomeço, na pessoa desencarnando e encarando uma nova etapa, no modo como o homem neolítico via o tempo de forma cíclica, com as gerações substituindo umas às outras, no ser que nasce, cresce, envelhece e morre, ao contrário da Escrita, quando o tempo foi contado de forma linear, com ontem, hoje e amanhã, num registro de eras históricas, organizando o tempo e classificando momentos como Idade Média, Revolução Francesa etc. A sombrinha aqui tem a luz atrás de si mesma, como num maravilhoso vitral de igreja, enchendo o templo de cores mágicas, no Útero Sacrossanto de Maria, a Mãe Primordial que a todos nós gerou, na magia do Mar Maria, a Mãe da qual veio a Vida, num lento processo que levou milhões, até bilhões de anos. Aqui é como na magia cromática de um caleidoscópio, com cores do interior limpíssimo da Rainha Virgem, numa monarca ganhando a fé e o respeito do povo, numa mulher que era ALTAMENTE preocupada em se arrumar no momento de ir a público, sabendo que uma boa aparência é fundamental na vida pública, remetendo a uma certa senhora política brasileira, a qual já poderia ter sido presidente se arrumasse-se com mais esmero, como pintar o cabelo, delinear as sobrancelhas, maquiar-se, enjoiar-se e vestir-se da forma mais elegante possível. O vestido aqui é caprichado, garboso, num Zorn que namora com a Moda e com figurinos. Os babados são femininos, ricos, cuidadosamente bordados, delicados, no paciente trabalho de costureira, como num grupo de senhoras que se reúne para costurar e bordar, conversando umas com as outras no momento do labor, fazendo com que uma jornada de trabalho seja leve e agradável, na dádiva que é uma pessoa fazer algo que lhe dê a gloriosa sensação de sentido e produtividade, pois só posso ser feliz se eu ou trabalhar, ou estudar, no peso insuportável que é uma cabeça ociosa e desabitada, na máxima popular: “Cabeça vazia é oficina do Diabo!”. A moça sorri discretamente, sabendo que sairá bela no quadro, como numa Gisele sorridente ao som de Garota de Ipanema, numa santinha que adora ver a molecada jogando bola, em tais fenômenos de carisma e popularidade, como no respeitado Chico Xavier, amado pelo Povo Brasileiro, um homem das intenções mais puras, ao contrário do grande charlatão João de Deus, este, sim, um impostor sociopata. Neste quadro há movimento, como num clique fotográfico. As mãos da senhorinha são delicadas, ao contrário das calejadas mãos de mulher trabalhadora, como numa forte Scarlet O’hara, tirando forças do fundo da alma para continuar tocando sua fazenda após os rastros de fome de destruição da Guerra Civil Americana, pois a guerras são isso – sofrimento, privação, dor, luto, perda e desolação. Aqui remete aos cuidadosos figurinos de Lucélia Santos na novela Sinhá Moça, nos anos 1980 na Rede Globo, no contraste social: De um lado, a vida mansa e privilegiada de uma menina aristocrática; do outro, a dura vida de escravo em cafezais, com escravos em senzalas numa vida dura e desumana, tudo em nome das ambições dos senhores do Café, querendo exportar para a Europa os preciosos grãos, numa princesa Isabel corajosa, libertando o negro, em moldes sociais brasileiros que herdaram tal diferença, com tantos negros pobres no Brasil em pleno século XXI. Aqui são os encantos da feminilidade, de um perfume doce, num momento social de flerte, na paquera, num momento de interação social.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.