quarta-feira, 1 de maio de 2024

Depois de Desportes (Parte 6 de 7)

 

 

Falo pela sexta vez sobre o pintor francês Alexandre-François Desportes. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Autorretrato em traje de caça. Aqui temos essa luminosidade perfeita de Desportes, num pincel de uma técnica perfeita, digna de respeito. É claro que o mastro aqui é o falo racional, num abreviamento, numa facilitação, no modo como há um só caminho, havendo caminhos secundários que sempre seduzem e enganam, numa pessoa que aprendeu a ter uma atitude clean e minimalista, limpa, sabendo do valor do fazer nada, numa pessoa que tem tal capacidade em surfar em tais ondas, como, por exemplo, o ator Orlando Bloom, o qual soube surfar muito bem na onda, revelado ao Mundo como um elfo de Tolkien, pegando tal trilogia cinematográfica e usando esta como um trampolim, ao contrário de outro ator bonitão que participou dos filmes, um rapaz que, infelizmente, não soube surfar tão bem, na prova de que beleza não põe à mesa, como diz o ditado popular. Os cães treinados aqui são a disciplina, numa pessoa que sabe que tem que ter a disciplina para sentar e produzir. Os cães são a fidelidade, como no início do filmão Um Vagabundo na Alta Roda, quando um mendigão é abandonado pelo próprio cachorro, num homem que, em tal desolação, tentou o suicídio, no modo como uma pessoa pode beijar tal fundo de poço na Vida, numa miséria existencial enorme, assoberbadora, tendo que encarar um ENORME trabalho de reconstrução, como no ator e ex-presidiário Robert Downing Jr., o qual encarou tal fundo de poço e teve a força para se reerguer, estando, hoje, em 2024, num áureo momento na carreira, abocanhando muitos prêmios de respeito. Os animais abatidos são o ganho do dia, a comida para prover um lar, nas responsabilidades de um pai de família, tendo que prover um lar, num desafio enorme, como na foto de casamento de um certo casal já falecido, com ela radiante e feliz e ele preocupado, como se estivesse se perguntando se daria conta do recado. A paisagem aqui é vasta, digna de rei, num reino vasto e belo, no modo como há déspotas que nunca estão felizes dentro do próprio reino, sempre querendo anexar os reinos vizinhos, no caminho da crueldade, uma especialidade humana, como um insano Putin perturbando a Ucrânia, num Putin condenado internacionalmente, em forte contraste com o Plano Metafísico, numa vizinhança plácida, na qual ninguém quer escravizar ninguém, numa paz inabalável, plena, fazendo com que tal lugar seja o paraíso para quem quer viver seus dias em paz, com trabalho e produtividade, no modo com não há enigma no Desencarne – tudo o que você tem que fazer, lá em cima, é procurar um trabalho, no modo como a seriedade da Vida continua, na construção da grande carreira espiritual, na qual qualquer trabalho conta, até mesmo um humilde trabalho de gari varrendo ruas, no exemplo supremo de Tao, o qual estás sempre criando, ou seja, se até Ele trabalha, por que não devo trabalhar também? O cachorro é o amor e o carinho, numa devoção, no dono que se torna tal figura provedora, botando ração no pote, remetendo a um adorável cachorro shitzu que conheci, o qual, na hora do jantar, pegava o pote com a boca e o levava para o dono, em bichinhos inteligentes, mas nada equiparável ao Ser Humano, na capacidade de se pegar uma caneta e escrever algo, fazendo da Arte algo que nos faz tão humanos e únicos, com nossas ondas de Rádio viajando pelo Cosmos, talvez interceptadas por outras civilizações, no modo como seria muito assustadora a noção de que a Terra é o único lugar com Vida no Universo. A caça é o desafio, o esforço, numa dureza natural, revoltando os veganos, os quais nada comem de origem animal, e também não consomem produtos testados em animais, como alguns primos meus, os quais não posso presentear com chocolate, pois este contém leite! Aqui, a luz de Desportes é delicada, fruto de anos de estudo em escolas de Arte, como numa Florença renascentista, um nervo da Renascença, numa atroz competitividade, com muitos artistas sonhando com o estrelato, num joguinho de intriguinhas, como certa vez um rival de da Vinci tentou incriminar este, como numa competitiva Hollywood, a terra dos sonhos frustrados e naufragados, no modo como ninguém está por cima o tempo todo, nem mesmo fodões como Tom Cruise, com o perdão do termo chulo.

 


Acima, Caça ao lobo (1). Este quadro tem um movimento, como se precedesse o Cinema, esta forma de Arte que tanto marcou o Século XX, com o panteão de deuses das telas, seduzindo o Mundo com tal glamour, nos versos de uma canção de Madonna: “Damas com atitude! Cavalheiros dispostos e animados!”, numa era em que as atrizes portavam tão elegantemente seus trajes e vestidos, num glamour o qual, sinto em dizer, perdeu-se hoje em dia, apesar nas guerras no tapete vermelho hoje, para ver qual delas tem o vestido mais maravilhoso, num glamour que pode se revelar bobinho e fútil, como no evento beneficente novaiorquino do Met Gala, no qual os ricos ostentam o dinheiro para bancar o ingresso caro para o evento, remetendo a uma fábula que aprendi de uma freira professora minha: Enquanto os ricos ostentavam rios de dinheiro como doações, este dinheiro era, para tais ricos, sobras reles, em contraste com uma senhora pobre, a qual doou algumas moedas as quais, em proporção, eram mais caras do que o dinheiro doado pelos ricos, no jogo de discernimento entre qualidade e quantidade. Aqui é uma emboscada covarde, com três contra um, como na covardia de um vilão de Disney, abusando da força e atacando os mais fracos, os quais têm que ser defendidos pelo herói do Bem, como um certo senhor padre de um colégio que frequentei, um senhor que, num ato de amor e amizade, protegeu-me das agressões de um menino sociopata que estudava no mesmo colégio, no modo inevitável como os sociopatas, apesar de minoria, estão entre nós, e já me topei com muitos, muitos deles, numa receita muito simples: Nunca se relacione com um deles, pois eles têm a posição passiva da aranha, a qual tece a teia e aguarda uma mosquinha desavisada e ingênua, numa COMPLETA falta de apuro moral do sociopata, em golpes como o do Boa Noite, Cinderela, também conhecida em Inglês como Droga do Estupro. Uma das estrelas no quadro é a Natureza, a paisagem vasta, com terras que vão até onde a vista alcançar, como nos vastos Campos de Cima da Serra, no RS, com pastagens acarpetadas que vão até onde podemos enxergar, num rei saudável, que enche os pulmões de ar e contempla as próprias terras, agradecendo a Deus por ter saúde e vigor, num rei polido, que respeita o dia a dia pacato do cidadão súdito, nunca interferindo em tal cotidiano do súdito, na recomendação taoista: Nunca interfira em tal estilo de vida pacato, como nos camponeses ingleses antes da Onda Industrial, pacatos em suas lareiras acesas e plantações cuidadas, numa certa aparição pública da finada Elizabeth II, com a monarca colhendo flores em seu jardim, pacata, vivendo seus dias com quietude e discrição, dando um exemplo ao súdito: Nunca perturbe a Paz! O lobo aqui é feroz, bem feroz, na agressividade competitiva do Mundo, nos mercados competitivos, como no mercado de lojas de calçados, por exemplo, num empreendedor que sabe que tem que se esforçar se quiser se destacar, como um certo psiquiatra que conheço, o qual construiu uma clínica diferenciada, bonita, com todo o conforto para o internado, um senhor que sabe que tem que batalhar se quiser se diferenciar, um senhor o qual aprendi a respeitar, apesar de eu anteriormente não morrer de amores por ele, naquelas pessoas que nos marcam e nos ensinam lições. Podemos ouvir aqui os latidos e rosnados selvagens, num instinto de sobrevivência, no talento de certas pessoas em trilhar instintivamente seus caminhos, em talentos natos, num talento que nenhum livro ou faculdade ensinou, no caminho autodidata – as pessoas precisam aprender por si mesmas. Aqui pode ser também a vitória da civilidade sobre a animalidade, com os cães adestrados contra as insanas forças da Natureza. Aqui é como um criminoso sendo caçado, com vários policiais trabalhando na captura, no modo como é tão degradante estar foragido, num homem sendo caçado como um animal, como um certo senhor rico sonegador de impostos, o qual fugiu para o Exterior para não ser preso.

 


Acima, Caça ao lobo (2). Podemos ouvir os latidos e rosnados na cena, nas forças da Natureza, no instinto de sobrevivência, num ser lutando pela própria vida até o último momento, nas palavras eternas de um Hemingway, dizendo que nunca vira um ser silvestre sentindo pena de si mesmo, na questão da pessoa não ficar se achando uma injustiçada, crendo que a vida é dura apenas com tal pessoa, nas palavras sábias de uma certa médium espírita, a qual disse que Deus quer nos ver na luta; não quer nos ver atirados nas cordas do ringue da Vida, no fato de que, após o Desencarne, permanece a necessidade de nos mantermos ativos e operantes, num ente desencarnado que sente a necessidade de trabalho e depuração, optando talvez por uma nova encarnação na Terra, encarando toda uma bateria de novos desafios, num ponto em que o espírito observa a necessidade de aprimoramento, evitando a estagnação, como num estudante entrando num curso universitário, nessa atividade deliciosa que é estudar, num aluno aplicado, esforçando-se para fazer muito bem feitos os trabalhos que os professores exigem, enchendo estes de orgulho, pois um aluno brilhante e dedicado enche de orgulho qualquer professor, na breve experiência que tive como teacher de Inglês, dando gosto para eu ver um aluno aprendendo e crescendo, sentindo-me participante de um processo de crescimento e depuração. Desportes gosta dessas paisagens silvestres, de campo, de ar livre, na saúde ao ar livre, nas palavras do buenacho e formidável LC Barreto, o produtor de Cinema conhecido como Barretão, dizendo certa vez em uma locação rural de filmagem: “Coisa boa este cheiro de bosta ao ar livre!”, no modo como o campo pode fascinar a pessoa da cidade, como na zona rural de Caxias do Sul, como no memorial dos irmãos Bertussi, ícones da Música Tradicionalista Gaúcha, num caminho de identidade cultural, no poder da tradição em dar a impressão de que o tempo não passa, e de que vivemos num mundo atemporal, sem envelhecimento, como no Plano Metafísico, numa pessoa que vive para sempre jovem, bela e ativa, operante, como a falecida Zila Turra, rainha da Festa da Uva de 1958, uma mulher que vive para sempre com sua aparência no dia de sua coroação, nessas meninas que conseguem ter algo de diva e marcar uma certa edição da Festa, numa moça que precisa ser desenvolta, simpática e receptiva, e não são todas as rainhas que se saem tão bem, sinto em dizer. Aqui é a ferocidade versus ferocidade, num ringue, para ver qual é o mais macho e agressivo, no ato desnecessário de um Tyson arrancando a dentadas a orelha do oponente – uma coisa é ser macho; outra, um animal que não sabe viver em sociedade. Aqui é disciplina versus selvageria, pois o lobo é um ser silvestre, bruto, sem qualquer domesticação, enquanto os cachorros são treinados, domesticados, ensinados no ofício da caça, como treinar um cão num aeroporto, com o bicho farejando malas e encontrando drogas ocultas, no modo como o Narcotráfico gera toda uma violência urbana, como na bela cidade do Rio, um lugar onde a segurança pública é uma questão complicada, pois até em cidades menores como Caxias do Sul há bastante criminalidade. Aqui remete a uma agressão que sofri de um colega sociopata na Escola, o qual, em sua covardia, confrontou-me com mais dois rapazes, ou seja, três contra um, no cúmulo da covardia, no modo como aprendi: Não vale a pena se relacionar com sociopatas, na metáfora do vampiro, o qual só pode estar bem se alguém estiver mal, ou seja, sugadores de almas. Aqui remete aos jogos de Rugby, com um monte de jogadores competindo ferozmente pela bola, num empreendimento de força bruta e num espírito de time e de coletividade, no modo como os Esportes são uma das provas da universalidade do Ser Humano, nos Jogos Olímpicos, reunindo atletas dos quatro cantos do Mundo, num momento de paz e de integração, união, numa promessa de que nosso mundo aguerrido é finito, sendo findado no Desencarne, o momento de voltarmos para uma cidade limpa, pacífica e cheia de amigos – Paz é tudo.

 


Acima, Cadela branca na frente de um arbusto de sabugueiro. Aqui pode ser um dos cães queridinhos de um rei Sol, como não em canso de dizer da frivolidade do mundinho de privilégios de Versalhes, num Desportes que caiu como uma luva nas vaidades da corte, como na personagem de Glenn Close em Ligações Perigosas, uma mulher fútil e intrigueira que acabou rejeitada e desprezada pela Sociedade, no modo como os que mentem acabam rechaçados, como um certo sociopata que conheço, um mentiroso de marca maior, uma pessoa com a qual jamais voltarei a me relacionar. O cão branco é a pureza, como numa pureza de intenções, como no infame episódio da Boate Kiss, quando um rapaz, com a melhor das intenções, ascendeu um sinalizador dentro da boate, em homicídio culposo, num rapaz desesperado gritando: “Eu não sou assassino!”, na sabedoria popular de que o caminho para o Inferno é pautado de boas intenções. Aqui é uma cena de perseguição, com o cão se divertindo para pegar as aves, tudo para integrar a mesa farta de um rei, como nas mesas fartas de galeteria, onde comemos como reis, em restaurantes de elite, caros, “arrancando o couro” do cliente, com mais de cem reais por cliente, quando que uma pizza do mesmo valor serve três pessoas. As aves sob caça são os objetos cobiçados da Sociedade de Consumo, na metáfora de Matrix, com o indivíduo sendo um escravo de um sistema, no modo como somos escravos do Capitalismo, influenciados e seduzidos por vitrines de shoppings, numa escravidão: Tenho que acordar para trabalhar, ganhar dinheiro e adquirir um celular último tipo, uma televisão último tipo, um computador último tipo e roupas de grifes caras, na revelação ante os olhos de Neo, o qual se liberta, consciente de sua própria escravidão, no modo como a Filosofia não mudará tal mundo capitalista, pois nem Jesus, na Sua Majestade, soube resolver os problemas do Mundo, sendo uma figura na qual o povo pode depositar suas esperanças, nessas figuras inofensivas como Chico Xavier, sendo brasileiro o maior médium de todos os tempos, em gênios que passam pelo Brasil, como um Chico Anysio, construindo uma riquíssima galeria de personagens, numa genialidade incontestável, impondo respeito em meio a tal excelência artística. O tronco da árvore aqui é curvilíneo, serpenteante, como nas colunas barrocas sinuosas do Vaticano, havendo no Catolicismo algo de negativo na serpente, como malícia e pecado, havendo em outras culturas a serpente como símbolo de fertilidade e sensualidade, num indígena que não compreendia a imagem de Nossa Senhora esmagando uma serpente com os pés, na vitória da classe sobre a vulgaridade, como uma professora freira que tive, a qual dava aos alunos aulas de Educação Sexual exatamente para neutralizar a malícia das crianças, pois como Deus pode ter vergonha de algo que Ele mesmo inventou? Não são lindos os aparelhos reprodutivos? Não são lindas as flores, as quais, no frigir dos ovos, são órgãos sexuais? Aqui é a Natureza exuberante de Desportes, quase tropical, luxuriante, na magia de uma brisa suave em noites amenas de Verão, com o farfalhar sexy das folhas nas árvores, num processo incessante, num eterno processo de crescimento e depuração, na energia de Amor que liga todo o Cosmos, como numa rede telefônica de Internet, no modo como só o mais elevado grau de Amor sobrevive ao Desencarne, num Amor estritamente espiritual, nas amizades eternas que são feitas, neste grande ouro da Vida que são os amigos, os entes queridos que aplacam em nós a sensação de solidão, ao contrário das amizades fúteis, as quais nenhuma falta fazem em nossas vidas, pois só a amizade verdadeira dura para sempre, resistindo a qualquer passagem do tempo, na maravilha que é a eternidade da amizade, em amigos que torcem por nós e querem que sejamos felizes. As aves aqui fogem da cena quase encostando na moldura, num instinto de sobrevivência, como uma pessoa que vai trilhando instintivamente seu caminho, num Senna, humilde sempre, nunca deixando o sucesso subir à cabeça.

 


Acima, Cão farejando. O amor de Desportes pela natureza morta e por animais. O cão farejando é uma pessoa tentando se encontrar na Vida, como numa sensação de se estar num labirinto traiçoeiro, cheio de pistas falsas, como nas ardilosas tramas de Agatha Christie, sempre desafiando o leitor a adivinhar quem é o assassino, lançando pistas falsas, no modo como o coração pode ser traiçoeiro, levando-nos por pistas falsas, existindo o poder do pensamento racional, o qual, em sua frieza e dureza, existe para blindar nosso coração e impedir que este sofra, na metáfora da roupa blindada da Mulher Maravilha, rechaçando tiros de canhões, num ícone feminista, criado por um psicólogo, numa super heroína que dá uma surra em qualquer marmanjo mal intencionado, no modo como a Mulher Maravilha vivida por Gal Gadot não é muito fiel ao mito original da heroína, a qual não é uma mulher de carne e osso, mas um ser divino criado por Zeus, diferente da MM de Gadot, a qual é providas de emoções humanas, o que não faz jus à criação original do psicólogo criador – a MM de Lynda Carter é mais fiel. O cão fareja para ver se há algo de interessante na cena, num sentido aguçado do cão, como numa pessoa dotada de sensibilidade, sentindo coisas, em poetas tão maravilhosos como Renato Russo, um grande artista, ícone roqueiro de minha geração, que foi criança nos anos 1980, remetendo a uma grande amiga minha poetisa, já falecida, a qual me escreveu um poema me chamando de “anjo crescido”, daquelas pessoas que nos marcam, das quais jamais vamos nos esquecer, e um dia encontrar-me-ei com ela no Plano Metafísico, pois os amigos de verdade duram por toda a Eternidade, na indefinição de Tao: A Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade, e Deus é isso, o infinito, no poderoso fato de que jamais findaremos, nesse presente tão precioso e inestimável que é a Vida Eterna, num Deus que sempre esteve aqui e sempre estará, no modo como discordo amplamente de uma certa pseudointelectual sociopata, pois no início de tudo, antes de tudo, era Tao. Na cena vemos nuvens vaporosas, como no mais fino tecido, vaporoso, finíssimo, na sedução de lençóis de cetim, românticos, nos versos de uma certa canção pop: “Lençóis de cetim são muito românticos, mas o que acontece quando você não está na cama?”, na questão da pessoa em resistir e blindar-se em relação aos tolos sinais auspiciosos da Sociedade de Consumo, como uma certa pessoa que conheço, a qual, de algum modo, é vítima de tal consumismo, num paradoxo, pois se trata de uma pessoa muito inteligente – cada um com sua arestas a aparar. As aves mortas são a mortificação espírita, fazendo metáfora com Jesus morto, no caminho da pessoa em se blindar contra os sinais auspiciosos do coração, o qual pode ser tão traiçoeiro e enganoso, levando-nos por caminhos alternativos que se diferenciam do grande e único caminho, que é ter uma vida produtiva com algo nobre, ao contrário das pessoas que fazem do Sexo um leilão, desperdiçando uma vida com uma improdutividade enorme, apesar de prostituição ser legal no Brasil., ao contrário dos EUA, numa contradição do Tio Sam: O cidadão americano é livre, mas não tem como optar pelo que fazer livremente com seu próprio corpo. As aves mortas são como no final do clássico Titanic, com pessoas mortas e congeladas nas águas gélidas cercadas de icebergs, em cenas arrebatadoras como uma mulher morta com seu nenê também morto, na capacidade de certos filmes em causar comoções mundiais, resultando em bilheterias bilionárias, na ambição de Hollywood em arrancar dinheiro do espectador, lançando filmes ruins, no fato de que ninguém está por cima o tempo todo, e isso inclui Hollywood, como um Leonardo DiCaprio, o qual tem um faro fenomenal para selecionar bons projetos, mas tropeçou recentemente num filme que se revelou um abacaxi total e absoluto. O cão é cauteloso, como um líder cauteloso cruzando um rio, como se soubesse que ali há perigo, como num zelo materno para cuidar de crianças, num instinto que a Evolução trouxe.

 

Referências bibliográficas:

 

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Depois de Desportes (Parte 5 de 7)

 

 

Falo pela quinta vez sobre o pintor francês Alexandre-François Desportes. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Estudo das aves. A paixão de Desportes por Biologia, como um Darwin catalogando seres vivos, na busca humana por conhecimento, num físico se perguntando sobre os segredos do Universo, num espaço vasto e infinito, no absurdo modo como há mais estrelas no Universo do que grãos de areia na Terra! Aqui as aves vivem em paz e concórdia, num ambiente saudável e harmônico, ao contrário de certas firmas nas quais trabalhei, num ambiente tóxico, nos quais fui vítima de assédio moral, com pessoas se achando com o direito de ligar para a minha casa à meia noite. Aqui é uma atividade tão antiga humana, que é a caça, no esforço para extrair da Natureza os alimentos, antes do surgimento da Agricultura, quando o Ser Humano passou a controlar a produção de alimentos, na jornada árdua do imigrante italiano na Serra Gaúcha, num labor de Sol a Sol, num colono workaholic que só não trabalhava no Domingo porque o padre não permitia, como eu próprio já embarquei numas de workaholic, e, acredite em mim, não vale a pena, pois o Mundo mal se importa se você se mata de tanto trabalhar, num ponto degradante de uma pessoa não se permitir dormir e descansar, abraçando dois dias de labor sem uma pausa – é muita falta de autoestima e de respeito para consigo mesmo, pois respeito é para quem se dá ao respeito. Aqui podemos ouvir os cantos das aves, nesse bálsamo para os ouvidos, nessa invenção de Tao que é o canto dos pássaros, numa paz, numa harmonia, como no filme espírita Nosso Lar, onde na colônia espiritual podemos ouvir o canto de pássaros, em cantos fascinantes como o de bem-te-vi, nas ruas arborizadas de Porto Alegre, em vias como a rua Gonçalo de Carvalho, tida como a rua mais bonita do Mundo, com suas árvores imponentes, ao contrário de Capão da Canoa, uma cidade pouco arborizada, sinto em dizer, apesar de eu amar veranear por lá. Aqui temos um jogo de relatividade, pois há aves pequenas, médias e grandes, na diversidade biológica da Terra, uma esfera tão rica e abundante, nos esforços de cientistas em encontrar vida fora da Terra. Nesse jogo de relatividade, temos o discernimento: Quando digo que algo é escuro, é porque conheço o oposto, que é claro, como nos contrastes luminosos das pinturas barrocas, no jogo de claro e escuro, como na majestosa Primavera de Botticelli, com as divindades claras e luminosas embasadas por um fundo escuro, numa antiga memória de infância que tenho, em 1983, quando eu cursava o terceiro ano da pré escola, quando a professora nos ensinava o discernimento entre liso e áspero, no discernimento de que quando digo que algo é fácil, é porque conheço o oposto, que é difícil, no discernimento taoista de que fácil e difícil são faces do mesmo trabalho, no modo como não é possível crer que um trabalho só traga prazer, pois é preciso disciplina, como uma rigorosa professora de Dança que conheço, a qual é bem exigente na questão da disciplina, uma professora quase amedrontadora, uma pessoa sem muito senso de humor, sinto em dizer. Aqui é como um banquete, como numa mesa farta de galeteria, onde comemos como reis, numa cornucópia de um reino rico e farto, ao contrário das guerras, as quais deixam rastros de fome e destruição, no modo como o Ser Humano pode ser fútil, num Mundo tão repleto de problemas, e as pessoas preocupadas com fofoquinhas fúteis e improdutivas. Neste quadro temos um convívio harmônico, num ambiente saudável, com respeito mútuo, na paz inabalável do Plano Metafísico, onde todos vivem em paz, trabalhando, produzindo, convivendo em paz com seus irmãos, seus iguais, como no final do filmão Dogma, quando Deus varre os traços de destruição e deixa tudo limpo, pacífico e belo, num filme tão divertido, no qual Deus é uma mulher, indo contra a maré patriarcal, na qual a mulher é um cidadão de segunda categoria, como no monumento caxiense ao imigrante, com um casal, heterossexual, é claro, com o homem mais alto do que a mulher, a qual está condenada a viver na sombra do marido, no termo conservador e careta “Bela, recatada e do lar”, enfurecendo feministas ao redor do Mundo, essas intelectuais que sabem como é pensar “contra o vento”.

 


Acima, Estudo de aves e cães. Aqui é a excitação, com os cães excitados farejando presas, num instinto de caça, auxiliando caçadores, como na raça pointer, com o cão apontando onde está a caça, como cães farejando drogas em bagagens, neste vínculo de amizade entre animais e seres humanos, como amigos que tenho, os quais são amigos do animais, em fiéis companheiros, como num cão fazendo uma festa quando chegamos em casa. Aqui é tal olho observador de Desportes, como num da Vinci estudando formas de vida, como o corpo humano, numa era pré científica, num gênio como Leonardo, num homem à frente de seu próprio tempo, em espíritos desbravadores, como num Elvis Presley, antecedendo o mundo pop que se consolidou muito tempo depois, nos anos 1980, em desbravadores como David Bowie, o qual lançou nos anos 1970 uma moda capilar que só se sedimentou na década seguinte, nesses artistas de tanto carisma, como num Leonardo DiCaprio, uma bomba atômica de carisma, apesar de outro certo senhor, cujo nome não mencionarei, um homem que, apesar de ter um talento amplamente reconhecido e premiado, não é um homem muito carismático, como um Pavarotti, o qual tinha um nível vocal similar ao de outros grandes tenores, mas num Luciano rico em carisma, consolidando-se como o maior astro da Música Erudita. Aqui temos um quadro com muito movimento, como num ensandecido parque de diversões, cheios de brincadeiras e diversões, como no icônico tríptico O Jardim das Delícias, num mundo de diversões e prazeres, na transição entre normalidade, neurose e psicose, quando as coisas fogem de controle, num surto que tem que ser contido antes que algum mal possa suceder, como uma certa popstar, a qual teve um surto psicótico público, indo, contra a vontade, para uma instituição psiquiátrica, sentindo-se humilhada, no inevitável modo como a arrogância precede a queda – tudo o que preciso fazer para levar um belo “tombo” é ser arrogante, no modo como os humildes não “quebram a cara”, como na humilde figura folclórica do Preto Velho, quietinho no seu canto, retirado, só observando os egos ascendendo e descendendo, nessa gangorra de vaidades que é o Mundo, como num Charlie Sheen, o qual era o ator mais bem pago da TV americana e, de um momento para o outro, botou tudo a perder, como numa Whitney Houston, a qual conheceu o céu e o inferno, alcançando um sucesso global ESMAGADOR, desembocando, infelizmente, nas drogas, as quais simplesmente destruíram a voz da mega diva, na capacidade da droga em destruir vidas, na figura egoísta do traficante, o qual só quer dinheiro, pouco se importando com as vítimas das drogas – é um horror. O fundo aqui é marrom e terroso, nas cores da terra, como num certo desfile de Moda que vi certa vez, numa passarela feita de terra, num desfile marcante, original, ousado, com um sabor próprio, nesta ousadia de artistas que ousam pensar “fora da curva”, como nas majestosas instalações ao ar livre da superdupla Christo e Jeanne-Claude, em artes que nos deixam perplexos tamanha a grandiosidade, fazendo-nos “babar” frente a tanta luz e ambição, numa pessoa agressiva, a qual sabe que, se quiser obter sucesso, tem que ser ultracompetente, como um certo psiquiatra que conheci, o qual aprendi a respeitar, o qual abriu por conta própria uma clínica psiquiátrica extremamente diferenciada, um senhor que me disse: “Tens que ter mais agressividade porque vives num mundo competitivo” – respeito é tudo. Ao que se observa aqui, os cães são de fato fêmeas, com suas tetas, na dádiva mamífera das fêmeas provedoras, como uma cachorrinha que tive, a qual, ao parir uma ninhada e dar de mamar às crias, começou a ficar desnutrida, tal a dedicação, no instinto materno provedor, numa mãe que sempre fez de tudo por um filho, num instinto bem básico de sobrevivência, no termo “Ser mãe é padecer no paraíso!”, nas palavras de um certa mãe que conheço: “Ao nos tornarmos mães, muda completamente o modo de nos relacionarmos com o Mundo!”.

 


Acima, Estudo de pássaros. No topo, temos um confronto, como num discreto take no filmão O Advogado do Diabo, numa tapeçaria com lobos agressivos e selvagens, brigando entre si, fazendo metáfora com a competitividade do ramo de advocacia, no termo anticristão “Devorai-vos uns aos outros!”. É este eterno talento humano para a guerra, como num senhor estúpido e grosseiro que conheço, o qual deu um murro no nariz de um amigo meu só porque este deu uma espiadela discreta nos seios da namorada de tal homem, no modo como certos homens podem ser tais “animais”, pois uma coisa é ser macho; outra coisa é ser um bicho que não sabe viver em sociedade, como no infame momento em que o boxeador Mike Tyson arrancou a dentadas a orelha do opositor, num ato para lá de incompreensível e desnecessário, no modo como tudo em excesso é prejudicial, e isto inclui agressividade, a qual, em excesso, é desinteressante. Um dos pássaros tem uma crina exuberante e altiva, numa exuberância tropical, como na natureza fascinante da cidade do Rio, caminhando no calçadão e tomando um suco de frutas, numa cidade que tanto emana vida e beleza, seduzindo turistas dos quatro cantos do Mundo. A crista aqui pode ser o orgulho, numa pessoa que pode estar flertando com a arrogância, sentindo-se o centro do Mundo, na humilhação eminente, que pune os que se sentem deuses, como numa certa agência de propaganda, na qual me neguei a trabalhar, fazendo que eu enfurecesse tais publicitários, os pareciam me dizer: “Como ousas dizer não a nós, da agência? Nós, da agência, somos deuses e tu estás abaixo de nós!”, no modo como é importante mandar tomar no cu quem não nos respeita, com perdão do termo chulo, no caminho da autoestima, no ponto da pessoa não se submeter a um estilo de vida degradante, numa agência publicitária na qual eu habitaria um posto humilde na hierarquia, sendo eu, ali, tratado como uma ameba, e eu não sou masoquista... As asas aqui são a liberdade, nos versos de uma certa canção: “Não há amor sem liberdade; não há liberdade sem amor”, como no fim do filmão Coração Valente, no personagem heroico de Mel Gibson gritando por liberdade até o último suspiro. É como no formidável programa televisivo de comédia americano Saturday Night Live, o SNL, no qual um quadro mostrava déspotas ditatoriais mundiais querendo firmar residência nos EUA, o país da liberdade, em levas ensandecidas de imigrantes latinos querendo entrar, a todo custo, nas terras do Tio Sam, no fato de que a sensação de liberdade é deliciosa, como na Experiência Extracorporal Espírita, a EEC, quando o espírito momentaneamente se desprende do corpo físico, na sensação de conforto uterino, como no final do clássico 2001, no retorno ao lar uterino, um lugar no qual o espírito encarnado de bem quer estar, mas precisa cumprir uma missão na Terra, para depois voltar triunfante ao lar, no sonho do imigrante italiano gaúcho de enriquecer e voltar rico para Itália. As asas aqui são como anjos, em sua liberdade digna, no modo como cada um de nós é acompanhado de um anjo da guarda, um espírito amigo que tem a responsabilidade de nos manter no bom caminho, no maravilhoso modo como ninguém está desacompanhado, no Amor que liga todos os filhos de Tao, no modo como o Plano Metafísico é repleto de amigos, de gente honesta, num lugar glorioso em que ninguém quer enganar ninguém, no modo como uma pessoa que nos enganou, na Terra, acabará pedindo perdão a nós, no caminho lógico do perdão: Claro que te perdoo, irmão! Somos ambos filhos da Mãe Divina! Aqui cada agente está em busca de seu próprio caminho, num caminho de esclarecimento existencial, como no conto do Patinho Feio, o qual, depois de muita melancolia, dá-se conta de que nunca foi e nunca seria pato, abraçando o fato de que era um belo cisne, no termo: “Não se torne algo! SEJA este algo!”, como uma certa popstar, a qual sempre foi e sempre será uma cheerleader, as líderes de torcida americanas. Aqui é a inoxidável lei do livre arbítrio, num espírito que vai para onde quer ir: Se queres ir ao Umbral, vá.

 


Acima, Estudo para a caça ao lobo. Aqui é um agressivo confronto, com o lobo furioso se defendendo dos cães, remetendo a um lamentável caso recente de uma senhora que foi agredida por cachorros de uma raça agressiva, nesta mulher perdendo um dos braços e uma das orelhas, numa selvageria como leões caçando empalas na selva, nas leis da Natureza, na seleção natural de Darwin – os mais espertos sobrevivem e transmitem seus genes adiante, como ursos brancos em zonas polares, da cor do gelo, numa cor que facilita a caça, como na esperteza de um camaleão, “invisível” para atacar presas e fugir de predadores. Os senhores aqui são aristocráticos e garbosos, arrumados em seus trajes nobres, remetendo a um certo quadro, cujo ator não lembro quem é, que é um príncipe num cavalo doando um manto de veludo a um mendigo nu, num quadro de alta condescendência, como um certo padre católico, de cujo nome não lembro, um senhor que ostentava trajes finos e carésimos de grifes apolíneas, numa certa esnobice, indo contra os votos de pobreza de um padre, sem eu aqui querer atacar a Igreja Católica, a qual é uma bela religião, como nas pinturas MAJESTOSAS de Aldo Locatelli na igreja caxiense de São Pelegrino, num gênio italiano que perpetuou sua mão em terras brasileiras. As árvores são as ramificações naturais, como cursos curvilíneos de rios, como veias e artérias, ou como raios de tempestade, como raízes profundamente entranhadas na terra, trazendo estabilidade e firmeza, como um homem sério e centrado no trabalho, dando à esposa a sensação de segurança e estabilidade, como no caso da Dona Flor do amado Jorge Amado, uma mulher entre dois homens, os quais são, na verdade, um só – um lado sério e um lado romântico, remetendo a um amigo meu, o qual levou um pé na bunda de duas mulheres diferentes, mulheres que o fizeram porque ele não se mostrou um homem lá muito romântico, quando que o romantismo está em pequenas coisas que não custam um só centavo, no modo como, para um casamento conservar o calor, todo dia o cônjuge deve reconquistar o outro, em coisas pequenas, como o homem, ao ver a esposa cozinhando no fogão, abraçando-a por trás e dando-lhe um beijinho – coisas simples. Os cavalos aqui são a disciplina, a elegância, num bicho tão majestoso, altivo, impetuoso, no discernimento taoista: Cavalgar nos campos é prazeroso e excitante, mais vai enlouquecer você se você cavalgar demais! Os canídeos aqui são a ferocidade, numa pessoa competitiva, a qual quer se destacar e ter um lugar ao Sol, na competitividade natural da Vida, como na escola, quando, desde pequeninhos, competimos com nossos coleguinhas, como uma amiga que tive na pré escola, uma aluna aplicada, que enchia o professor de orgulho, numa espécie de “garota de ouro”, ocupando o topo na hierarquia dentro da sala de aula. Podemos ouvir aqui os grunhidos dos canídeos e do cavalgar dos cavalos no chão, na figura do caubói, desde cedo na Vida cavalgando, remetendo ao filme O Segredo de Brokeback Mountain, no modo como homossexualidade é algo complicado no mundo patriarcal no qual vivemos, havendo ainda pouco tempo desde que a Psiquiatria retirou homossexualidade da lista de enfermidades psíquicas, pois, até o Senso Comum absorver tal noção, vemos uma longa faixa de tempo pela frente, até afetar a conotação de ser gay. Aqui é um quadro bem machista, sem uma única mulher, numa atividade agressiva, como em tribos amazônicas, com os homens encarregados da caça e da pesca, nesta universalidade do Ser Humano, no momento decisivo da Arte, como na pintura de cavernas ou cerâmicas, num momento em que nos diferenciamos dos outros primatas, os quais, por mais espertos que possam ser, não têm a capacidade de pegar um pincel e expressar um pensamento. Aqui é uma certa covardia, pois o lobo está cercado de vários cães e homens, tudo para garantir a caça, o ganho do dia, na responsabilidade de trazer comida para casa e alimentar as crianças, no modo como há pessoas que simplesmente se negam a ter filhos, tal o encargo de responsabilidade de ser pai ou mãe, no modo como há pessoas omissas, que sequer conhecem os próprios filhos, numa fuga da responsabilidade.

 


Acima, Natureza morta (1). O cachorro fareja em seu sentido tão aguçado. Esta natureza morta faz metáfora com a questão da mortificação espírita, numa pessoa que passa por um processo de desencanto, por assim dizer, uma pessoa que não mais se deixa seduzir por tolos sinais auspiciosos, como tediosas alas vip de boates, numa pessoa que se foca no que é importante na Vida, que é ter apuro moral, até chegar a um ponto em que a pessoa odeie mentir, nas sábias palavras da senhora minha mãe: A mentira tem pernas curtas! É no efeito da passagem de tempo, quando tudo se esclarece, como Jesus, um homem que, em vida, foi altamente subestimado, terminando executado cruelmente, ressuscitando depois na fé das pessoas, até chegar ao ponto do césar se converter ao Cristianismo, fazendo de Jesus nosso irmão depuradíssimo, permanecendo como tal cabeça pensante, no poder do pensamento, pois a nobreza de Jesus está nos pensamentos que Ele propagou, e não numa lasca da cruz onde Ele foi executado, nessa obsessão humana pelo material, pelo tangível, pelo fetiche do produto na gôndola de supermercado, no modo como há tantas pessoas que são vítimas da Sociedade de Consumo, não resistindo aos apelos de vitrines em shoppings, na metáfora de Matrix, onde o indivíduo é o escravo cego de um sistema opressor, quando então Neo se dá conta disso e liberta-se de tal prisão para a mente, no modo como tal sistema nos diz que morreremos se não adquirirmos tal produto – é bem patético. As flores aqui desabrocham majestosas, na magia das flores, neste símbolo de feminilidade, como na Rosa Mística de Maria, no fascínio da feminilidade, com tantos homens que simplesmente se negam a serem homens, resultando em travestismo ou transexualidade, como uma vizinha que tive certa época, uma transmulher, a qual era uma pessoa bem educada e agradável, conversando comigo no elevador, remetendo ao transhomem Tamy, extirpando suas próprias mamas para masculinizar o tórax – cabe a nós respeitar, apenas isso, pois as mamas são dele e não de outrem! As flores são a delicadeza, o tato diplomático de conversa e civilidade, em polidos diplomatas trabalhando em nome da harmonia entre vizinhos, como na vizinhança do Plano Metafísico, um lugar de inabalável paz onde todos convivem com respeito e amor, quando Neo, ao ser indagado sobre o que este queria, ele disse: “Paz!”, e a Paz não é maior do que a raiva? A Paz é eterna e perene; a raiva, passageira. É uma lição que, apesar de ser aparentemente elementar, temos um Ser Humano que sempre opta pelo caminho da raiva, por caminhos secundários que se diferenciam do grande caminho, que é a Paz. Desportes gosta dessas cenas de fartura, de mesa de rei, caindo como uma luva nas vaidades da corte, no modo como certos artistas recebem reconhecimento ainda em vida, ao contrário de outros, só reconhecidos postumamente, como no triste Oscar póstumo para o assombroso Coringa de Heath Ledger. Desportes gosta dessas paisagens de bosques franceses, na prazerosa vida ao ar livre, remetendo a passeios que eu fazia com minha família por áreas rurais, algo inusitado para crianças da cidade, da selva de pedra, entrando em contato com a Natureza, como girinos num rio e cascatas, na sensação de liberdade, como na sensação de estar na orla, um espaço vazio que serve para “escrevermos” algo nele, no modo como a sensualidade reside exatamente nos espaços vazios, como decorar uma mesa com objetos decorativos: Você tem que deixar espaços vazios para que tal mesa continue servindo ao Mungo, sendo útil para colocarmos certos objetos nela, como um celular, por exemplo. Os cães de Desportes são esses queridinhos da corte, na paixão pelos animais, como uma amigona minha, uma veterinária especializada em gatos, amando os bichinhos criados por Tao.

 


Acima, Natureza morta (2). O coelho é tal símbolo de fertilidade, como na abertura do filmão de Allen Tudo o que você queria saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar – que título grande, não? – com os coelhinhos se reproduzindo ensandecidamente, nessa grande veia cômica de Woody, um mestre de estilo próprio e inconfundível, em jargões tão fabulosos como “Subjetivo é objetivo”, ou seja, o sutil acaba se tornando gritante. É a magia de um ninho de Páscoa com ovinhos coloridos, no milagre da Vida, da abundância, num ninho cheio de filhotes, como na logomarca da Nestlé, com a mãe pássaro provendo com carinho as crias no ninho, no instinto materno de qualquer mãe, que é proteger o filho, nas palavras de uma certa matriarca: “Não sei do que sou capaz para proteger um filho meu!”. Aqui as uvas brotam em abundância, na vindima, na magia doce do Verão, em bagos doces, assediados por abelhinhas, na minha paixão pela Festa da Uva de Caxias do Sul, um momento de cultura popular, quando a comunidade se une em torno da rainha menina, a qual tem que ter alma de diva para ser uma soberana marcante, como a eterna rainha Elizabeth Menetrier, a rainha mais marcante de toda a história da Festa, marcando muito bem a edição do ano de 1969, no modo como a Ditadura Militar não afetou a realização das edições da Festa durante tal regime, numa época em que não se sabia dos porões da ditadura, como prisões, torturas, assassinatos e ocultações de cadáveres. Aqui é uma dispensa bem farta, na mesa farta de galeteria, remetendo a um caso engraçado que testemunhei, quando uma italiana de Bérgamo, numa galeteria de Caxias do Sul, ficou abismada com tal fartura, dizendo que isto não existe na Europa, sendo um traço do italiano que se fixou no Sul do Brasil. Na porção inferior do quadro vemos um espaço vazio, talvez para algo ser escrito, neste vazio que é Tao, a página em branco, em talentos  esmagadores como Meryl Streep, a qual disse que um ator tem que seu uma página em branco onde o personagem pode ser escrito, e a sensualidade reside exatamente nos espaços vazios, numa pessoa sabe que não pode abarrotar de objetos uma mesa, na sabedoria popular de que tudo que é demais enjoa, na figura do Robert, que é a pessoa que quer aparecer ao máximo na Mídia, uma pessoa disposta a “vender a alma o Diabo” para ter visibilidade midiática, como uma certa comunicadora gaúcha, a qual se disse sempre muito exibidinha, desde criança, uma mulher que me disse que as mulheres ODEIAM ser chamadas de “dona” e de “senhora”, dizendo ela para mim: “Pare de me chamar de senhora!”. A arquitetura aqui e os arcos são renascentistas, gregos, romanos, clássicos, no paradigma estilístico ocidental, resultando no Neoclássico, como um certo prédio imponente do balneário gaúcho de Capão da Canoa, em estilo Neoclássico, belo, chique, imponente, agradável, aristocrático, elegante, na explosão renascentista que resgatou tal cânone ocidental, com tantos séculos de pintura acadêmica, resultando em transgressões como o Cubismo e o Impressionismo, no advento da Fotografia, libertando a Arte da função retratista, no insano galgar das tecnologias, sendo, hoje, a fotografia acessível a qualquer pessoa que tenha um dispositivo móvel, digitalizando de vez tal função, deixando pasma minha geração, a qual viveu a época do filme fotográfico e da revelação em laboratórios fotográficos, em adventos como o scanner, possibilitando digitalizar imagens feitas com tecnologia analógica. O coelho aqui está jogado de forma aleatória, quase caindo, colocado de qualquer maneira, talvez por uma pessoa impaciente, como a famosa chef Nigella Lawson, impaciente, sempre em busca de atalhos nas receitas, no modo como foi da Preguiça que grandes invenções surgiram, como a panela de pressão: Por que cozinhar algo por horas numa panela convencional se posso fazê-lo em muito menos tempo numa panela de pressão? As uvas aqui caem majestosas, nas mangas rendadas de vidimista, inspirando os vestidos de rainha da uva, no modo como a Itália é o país das vindimas, com inúmeras festividades no país da bota, na universalidade da booze, da birita, da bebida alcoólica, desde o saquê japonês até a vodca russa.

 

Referências bibliográficas:

 

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Depois de Desportes (Parte 4 de 7)

 

 

Falo pela quarta vez sobre o pintor francês Alexandre-François Desportes. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Natureza morta com caça, carne e frutas. A paixão de Desportes pelas naturezas mortas. Aqui é o fruto do trabalho, da luta, da lida, nas palavras sábias de uma certa médium espírita: Deus não quer que nos atiremos nas cordas; Deus quer nos ver lutando, como um bichinho silvestre, sobrevivendo até o fim, sem reclamar da Vida e sem lamentar por si mesmo, evitando a automartirização, quando a pessoa acha que a Vida é dura só para esta mesma pessoa. Aqui são esses banquetes de rei em Versalhes, muito longe da pobreza do povo francês, no modo como, no Antigo Egito, pato assado era comida de rei, num egípcio escravo ou proletário que passava vida sem saber o gosto de tal prato, nesta bolha de privilégios que foi Versalhes, como na incrível riqueza dos Romanov, na Rússia, uma família de realeza que acabou fuzilada pelos tribunais comunistas, e é difícil imaginar algo mais cruel do que executar crianças, como se os comunistas tivessem medo que tais filhos do czar chegassem à maioridade e reclamassem o trono russo, gerando a expressão “comedores de criancinhas”, referida aos comunistas, no modo como foi um escândalo na Europa da época o assassinato da família real russa, nesta ancestral inclinação do Ser Humano para o ódio, gerando tantas guerras, pois nem Jesus em Sua Majestade soube sanar e resolver os problemas do Mundo, mas tornando-se uma figura na qual o povo possa depositar suas esperanças – o Mundo não muda, meu irmão, e nem a fina Filosofia é capaz de empreender mudanças, o que é um pensamento encorajador, numa luta constante, fazendo com que cresçamos e nos depuremos, sendo este o sentido da Vida, que é tornar-se uma pessoa melhor, como no personagem Oscar Schindler, o playboyzinho fútil que acabou se compadecendo com os sofrimentos do Mundo. As peras aqui são maduras e deliciosas, doces, perfumadas, gerando deliciosas sobremesas, no modo como fico tão entretido em programas televisivos de Culinária, com os chefs fazendo suas receitas – imagine ter um Jamie Oliver cozinhando para você! A mulher que casou com ele não se casou bem? Aqui é como um almoço de Domingo, especial, com a reunião de família, no talento de patriarcas e matriarcas em manter uma família unida, como dois senhores que conheci, pois depois do falecimento destes, as respectivas famílias se desintegraram, carecendo deste poder de força de união, como um Sol provendo e iluminando um sistema solar, num poder distributivo, como uma travessa de comida ao centro de uma mesa, no momento de comunhão da missa, no qual todos temos a mesma coisa no estômago, num momento de união e fraternidade, na revelação de luz, a qual nos diz que somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei, sendo todos nós frutos sacrossantos de Imaculada Conceição, pois cada um de nós é infinitamente divino, especial e único, nas incríveis vastidões das obras de Tao, aquele que sempre esteve aqui, no modo como discordo de uma certa pessoa, a qual disse: “No início, era a Natureza”, havendo eu discordando e dizendo: “No início, era Tao”, na magia colorida de um Domingo de Páscoa, com a zelosa senhora minha mãe montando ninhos de Páscoa para mim e minha irmã, num trabalho de carinho, no modo como sentimos um baque no momento de sairmos de casa e morarmos sozinho, fazendo com que demos valor aos zelos maternos com os quais crescemos acostumados. Realmente, Desportes é um talento. Aqui é o fruto de um trabalho árduo, com as aves sendo depenadas, preparadas, na magia de um cheiro de churrasco e galeto num formidável Domingo, o dia em que até Ele descansou, na qual pontinha de melancolia de fim de Domingo, entardecendo, um momento no qual vamos sentindo a dureza do fato em que, amanhã, começa tudo de novo, voltando ao siso das obrigações e das disciplinas. Aqui são os insumos para um banquete, no modo como um pesquisador vai em busca de insumos para sua pesquisa, sabendo que tem que ter textos de base, como eu aqui no blog, tendo que partir em busca de imagens de obras de Arte, neste terreno vasto que é a Internet, nem sempre com imagens as quais posso gravar em meu computador, como num trabalho de coleta indígena numa floresta, vendo o que pode ser levado, como fazer compras.

 


Acima, Natureza morta com cães. O cão dormindo é o merecido descanso após muita luta, como no momento redentor dos drinques no happy hour. O cão dormindo é a pessoa fazendo algo inconscientemente, de que esta pessoa não se dá conta, como no Marte dormente de Botticelli, hipnotizado e entorpecido pela desperta Vênus, no jogo de sedução entre opostos, como Razão e Loucura, no modo dialético como tudo traz em si sua própria contradição, no modo é inevitável no casal heterossexual que ele personifique o Yang dela e ela personifique o Yin dele, como no tradicional casal japonês: Ele, antipaticíssimo, carrancudo e duro demais; ela, doce e agradável, cumprimentando-nos, no modo como ao se cumprimentar um dos cônjuges, o casal está cumprimentado. O cervo abatido é a vitória, como no cervo no filmão A Rainha, quando a monarca, a sós com bicho ao ar livre, diz para ele se esconder e preservar-se pois, do contrário, será caçado e abatido, fazendo metáfora com a beleza de Diana, uma mulher frágil e forte ao mesmo tempo, uma mulher que gostava de aparecer midiaticamente mas, ao mesmo tempo, sentia-se muito invadida e desrespeitada pela Imprensa, trazendo novamente aqui o fato de que as contradições são inevitáveis e engraçadas, numa prova do senso de humor de Tao, o piadista, como um Leonardo da Vinci, o qual se manteve brincalhão até o fim da vida, numa jovialidade que nunca foi perdida – não é bom envelhecer demais. A corneta é o anúncio da caçada, chamando os cães caçadores, para os quais não é um trabalho, mas uma diversão, como um senhor que conheço, o qual adora ir ao campo e caçar perdizes, trazendo para casa a refeição do dia, num senso de grande responsabilidade, que é prover um lar, nesses superpais que nunca deixaram faltar algo dentro de casa, na enorme responsabilidade que é prover e educar uma criança, incutindo na cabeça desta valores nobres, em discernimentos básicos como: Grosso é fraco; fino é forte, num Ser Humano que acaba sempre se equivocando, achando que a brutalidade é maior do que a diplomacia, na noção universal de que a paz é maior do que a raiva, na universalidade da grosseria humana, sempre impondo as coisa à força, na guerra inútil de Putin e seu complexo de Napoleão, reprovado por toda a Comunidade Internacional. Os cães aqui são um trabalho em equipe, como num time esportivo, ou uma equipe numa empresa, como num tabuleiro de Xadrez, cada um com sua incumbência, sua especialidade, na divisão erótica de trabalhos numa empresa, com tudo girando em torno de algo, de um ideal, ao contrário de uma certa empresa na qual trabalhei por um curto período de tempo, uma empresa com um ambiente um tanto tóxico, cheio de fofoquinhas e desrespeitos, no modo como eu próprio já passei por assédio moral, com empregadores se achando no pleno e total direito de ligar para minha casa à meia noite, numa situação que só um masoquista gosta, e eu não sou masoquista, meu irmão. Os cães treinados são a disciplina, o treino, o ensaio, como treinar um cão para detectar drogas em bagagens, essas drogas que tanto sofrimento e devastação trazem, na figura de um traficante, um completo e perfeito sociopata, uma pessoa que pouco se importa com as vidas destruídas pela droga, num sociopata que nada mais quer do que ganhar dinheiro, pouco se importando com os problemas do Mundo. Num dos cantos do quadro vemos uma flor silvestre, lutando para viver, como árvores lutando por um lugar ao Sol, numa natural competitividade, como no macho alfa num bando de leões, num domínio, num reino, no modo humano patriarcal de castrar a sexualidade feminina, na figura do machão em seu trono, com as próprias mulheres gostando desse poder, querendo ser cidadãs de segunda categoria, o que gera fúria entre as feministas, as quais têm um aspecto masculino, crendo que, se tiverem um aspecto muito feminino e arrumado, não serão levadas ao sério, quando é bem pelo contrário: Quanto mais você se arrumar hora de vir a público, melhor.

 


Acima, Natureza morta com jarro. O jarro é o receptáculo feminino, no jarro de água de Galadriel de Tolkien, em contraste com os pés peludos masculinos de Frodo, numa água que, apesar de gélida, é purificadora, num amargor que gera doces efeitos, como num momento de crise na vida da pessoa, um momento que sinaliza um ponto de renovação na vida da pessoa, nas palavras de uma certa sábia psicóloga: “As crises são positivas!”. O jarro é a taça dos campeões, para ver qual é o macho alfa que conquistou o Mundo, recebendo as glórias femininas douradas da vitória, como um homem merecendo uma mulher, sendo esta filha de um pai enérgico, o qual quer que o genro seja digno e merecedor, tratando tal mulher como uma rainha, com total e absoluto respeito. Nesta cena furtiva vemos pequenos roedores, farejando a comida, num Versalhes tomado de roedores, apesar dos salões suntuosos, havendo na corte o papel dos gatos, caçando os ratos e sanando tais problemas, numa época em que toda Paris era endemicamente infestada de ratos, numa das provas de que as cidades terrenas tentam se parecer ao máximo com as cidades metafísicas perfeitas, nas quais há absoluta limpeza e saneamento, como num apartamento munido de uma única sala metafísica de visitas: Não é necessário cozinha, pois não se sente fome ou sede; não é necessário banheiro, porque não é preciso ter necessidades fisiológicas, tomar banho ou escovar os dentes; não é necessário quarto de dormir, porque não há fadiga. O pássaro na cena é a exuberância, nas terras selvagens americanas encantando a Europa, na sedução dos trópicos, como no resort Vila Galé, em Salvador, BA, com seus amplos jardins, piscinas e orla particular, um lugar digno de férias de presidente da República, em encantadoras noites tropicais de luar, muito romântico para quem está de Lua de Mel. O brilho da copa prateada é uma pessoa que sabe brilhar, num caminho autodidata, no qual a pessoa tem que aprender por si a brilhar, trilhando instintivamente seu caminho, como um bicho no mato caçando, sobrevivendo e transmitindo sua genética de esperteza às gerações futuras, na magia das mutações genéticas, transformando furiosos lobos selvagens em dóceis cães de estimação, numa mutação tal que impede que lobos cruzem com cães e tenham prole fértil. Os pêssegos aqui são deliciosos e maduros, num pomar digno de rei. A pele do pêssego é aveludada, suave ao toque, como em românticos lençóis de cetim, como numa pessoa polida, de fino trato, como na maravilhosa voz aveludada de Nat King Cole, uma voz de gentleman, o homem gentil, com tato diplomático, sempre primando pela harmonia entre os povos, na universalidade do diálogo e da concórdia, como no homem de Tao, o qual nada tem a ver com armas, as quais são coisas terríveis, como em homens pacíficos como Chico Xavier, o qual se manteve extremamente humilde até o fim da vida, encantando o Mundo com as cartas psicografadas de entes já falecidos, sendo brasileiro o maior médium de todos os tempos, nesta grande nação que é o Brasil, numa Cultura tão rica, em gênios como Chico Anysio, construindo uma monumental galeria de personagens – gênio total. As uvas aqui estão prontas para a vinificação, doces, maduras, atraindo abelhas furtivas, como no desfile alegórico de uma certa vindima italiana, com as alegorias das abelhas ao redor de uvas doces, no modo como eu próprio já levei uma ferroada de abelha, e dói para cacete, com o perdão do termo chulo. Na cena se desdobra um nobre veludo, na roupa digna de rei, num privilégio, num tecido sexy e agradável ao toque, fazendo metáfora com uma pessoa fina a agradável, num anfitrião polido, numa sala com lindos lustres de cristal coloridos, em deslumbrantes salões metafísicos, havendo, aqui na Terra, pequenas promessas da vida que nos espera após a inevitável morte do corpo físico, o lugar no qual, ironicamente, segue imperiosa a necessidade da pessoa trabalhar ou estudar, mantendo-se ativa, produtiva. As decorações aqui são finas, no tradicional Neoclássico, num momento em que não se imaginava a ascensão da Arte Moderna.

 


Acima, Natureza morta com jogo, fruta e viola d'amore (violação do amor). O cesto é o fator agregador, como um bom anfitrião recebendo os convidados, nesse talento de certas pessoas em ser uma “cola” que une as pessoas, na característica de um bom líder, carismático, em grandes homens como Obama, afirmando sabiamente que um presidente tem que governar para todos, ao contrário de figuras controversas como Evita, uma mulher que dividiu a Argentina em duas: De um lado, o proletariado, que considerava Evita uma santa, uma deusa, um anjo benevolente; de outro lado, a classe média e a aristocracia rural, que consideravam Evita uma puta, com o perdão do termo chulo. Os pássaros mortos remetem a um filme famoso, Cemitério Maldito, no qual um cemitério indígena tinha o dom de ressuscitar seres mortos, mas seres de índole má, como vampiros, numa pessoa ressuscitada que não fazia jus a quem a pessoa era antes de morrer, num mito um tanto preconceituoso, tachando os indígenas de obscuros feiticeiros, sem muita bondade ou benevolência, num certo preconceito, como no filmão O Iluminado, num hotel que, por ter sido construído em cima de um cemitério indígena, era um lugar mal assombrado, cheio de sinais malditos percebidos por um menino de altíssima sensibilidade, um menino que pressentiu que tal situação de isolamento resultaria num surto assassino, no divertido episódio de Friends em que Rachel, ao ler o livro homônimo de Stephen King, o rei do terror, pegou uma faca, com medo de haver intrusos no apartamento, como numa comédia com Kim Baysinger, na qual ela era uma alienígena a qual simplesmente odiou o livro de King – nada como uma boa comédia! Desportes gosta de tecidos nobres, somente acessíveis a aristocratas da corte, como no filme Maria Antonieta, no qual a futura rainha consorte da França tinha acesso sedas de mais fino encantamento, importada das rotas chinesas da seda, no modo como as rotas de comércio são ancestrais na Humanidade, remetendo à saga Star Wars, numa galáxia que tinha comércio entre planetas e sistemas solares, num Ser Humano que nunca vai mudar, em questões ancestrais e atemporais, como no livro de Tao, o qual foi escrito há milênios mas permanece atual até os dias de hoje, em plena Era Digital. Os animais mortos são como o conceito espírita da mortificação, numa pessoa que não é vítima de sinais auspiciosos nem da Sociedade de Consumo, numa pessoa realista, pés no chão, pouco se importando com bobagens mundanas, como tediosas e auspiciosas alas vip de boates, no conceito taoista: A pessoa sábia está farta de estar doente; ela está bem. É o modo como o Espiritismo condena as mortificações físicas, como em fanáticos que se crucificam de verdade, na máxima: Mortifique o espírito; não o corpo. Aqui são os sacrifícios, como rituais ancestrais de sacrifícios a deuses, na revolução da Humanidade que foi o conceito de Deus e de que somos todos filhos Dele, sem haver deuses fantasiados de forças da Natureza. Aqui é como uma pessoa fazendo um sacrifício, como se eu estivesse me casando com uma pessoa a qual não amo profundamente, fazendo do casamento uma conveniência e não um ato de amor, no modo como há pessoas que fazem as escolhas sempre visando a felicidade, como uma grande amiga minha, a qual casou com quem de fato ama, no caminho da felicidade, ao contrário de outra pessoa que conheço, a qual, no dia de seu casamento, estava com os olhos “mortos”, sem vida, fazendo uma escolha sem visar a felicidade – vá ser feliz, criatura! Os pássaros abatidos são o tolhimento, numa pessoa que se sente tolhida, cercada de amizades fúteis e tolhedoras, num processo cognitivo até a pessoa se dar conta de que há dois níveis de amizade – os amigos de fato e os meros conhecidos. Aqui é a morte inevitável, numa Maria Antonieta guilhotinada, no modo como a tradicional monarquia inglesa repudiou veementemente a Revolução Francesa, nessa antiga rivalidade entre Inglaterra e França, como famílias poderosas uma contra a outra na cabeça de Shakespeare. Os pêssegos são como presentes de um vizinho para o outro, no prazer de se presentear.

 


Acima, Natureza morta com lebre, faisão e perdiz. As decorações aqui são ironia de metalinguagem, pois é artista falando de artista, como uma atriz interpretando outra atriz. A decoração aqui é tal privilégio social, como no filme Ilha do Medo, no qual, num grande hospital psiquiátrico numa ilha isolada e longe da civilização, o psiquiatra dirigente tem um gabinete altamente luxuoso, repleto de privilégios, numa certa condescendência, na linha divisória clara entre caridade e arrogância, como eu há alguns dias, desfazendo-me de roupas que eram excesso em meu guardarroupa, doando as peças a um miserável catador de lixo seco, nos versos de uma canção de Duca Leindecker: “Quando alguém te deu algo sem pedir alguma coisa em troca, pense bem, pois é um dia especial”, num compositor de alta sensibilidade, também dizendo: “Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor, e acordei neste mundo marginal”, fazendo menção ao contraste entre Físico e Metafísico, com as cidades terrenas, cheias de problemas, querendo se parecer ao máximo com as cidades metafísicas, na mensagem de esperança cristã – o dia de soltura chegará, como nas palavras metafóricas de Dona Florinda em Chaves: “Bom vai ser o dia em que eu irei embora desta vila!”, no fato de que, para morrer, basta estar vivo, num taoismo espírita: Se o seu corpo físico morrer, não tem problema! É como observar uma flor de plástico: Apesar de eu saber de que não se trata de uma flor de verdade, não deixa de ser um consolo bonito. Aqui temos um contraste, com animais vivos e animais mortos, no modo como os bichinhos pet eram populares em Versalhes, como no Antigo Egito, com inúmeros gatos passeando pelo palácio faraônico, em bichos endeusados pelos egípcios, no curioso panteão pagão de deuses, com seres de corpo humano com cabeça de animais, numa transição de pagão para cristão, com as pessoas hoje em dia cultuando panteões de santos, dando a cada santo um atributo, como Santo Antônio é o santo casamenteiro, numa Ísis tranquilamente substituída pela Virgem Maria, na universalidade da espiritualidade humana, num certo patriarcado, no qual o rei dos deuses gregos era homem, nesta imagem que temos de Deus – a de um patriarca idoso e sábio. Aqui estes cheiros de comida encantam os animais vivos. Aqui é como quem sonha demais e quem acorda e atua de fato, como uma pessoa que conheço, a qual esperou demais, sempre se escondendo do Mundo, uma pessoa de bom gosto, predicados e potenciais, numa lástima de desperdício: Espero que na próxima encarnação você não perca tanto tempo! É como pessoas que se destacam já muito cedo na Vida, como um Michael Jackson, o qual pagou um preço alto pela fama, num homem que simplesmente não teve infância, em escolhas duras, difíceis. Aqui temos uma indiferença de convívio, como numa certa casa, na qual havia um cão e um gato, e um mal se importava com o outro, no modo como padres e freiras vivem em mundos diferentes, como em dois tradicionais colégios cristãos de Caxias do Sul: um colégio feminino regido por freira e um colégio masculino regido por padres, no flerte social na hora da saída, com os rapazes indo de encontro às moças, no momento de flerte social, como numa missa, onde casais se encontram em meio a leis religiosas, numa Igreja que quer que nos desculpemos por termos nos masturbado – é um horror puritano. Aqui, há um trabalho pela frente, como depenar as aves e tirar o pelo do coelho, como no personagem Sam em O Senhor dos Anéis, cozinhando um coelho para o amo Frodo, no monstrinho Gollum preferindo comer o bicho cru, in natura, quase causando náuseas nos outros. O prato de ouro aqui é o status, em luxos que causam os desníveis sociais, como uma pessoa que desencarna e acha que segue dona de tal status, observando o fato de que, no momento do Desencarne, as classes sociais se dissipam, como uma pessoa que conheço, a qual sequer cumprimenta a zeladora de seu próprio prédio!

 


Acima, Natureza morta com pavão, papagaio, macaco e cachos de uvas. O pavão é a absoluta exuberância, como no personagem Massimo em O Quatrilho, um homem pavão, galanteador, sedutor, sofisticado, seduzindo a sonhadora Teresa, a qual sonhava não com sua árdua vida campesina, mas com uma vida citadina, cheia de teatros, cafés e ruas movimentadas, fazendo com que Massimo fosse, aos olhos dela, um príncipe. Aqui são os luxos dos reis sóis, com seu zoológico particular, com bichos capturados nos quatro cantos do Mundo, como girafas, numa bolha de privilégios que começou a irritar o povo francês, como num insano Nero incendiando Roma, em autocratas insensíveis, como na rainha insana de Alice no País das Maravilhas, terrível, opressora, no modo como o poder pode corromper homens de bem, na metáfora de Tolkien, num Ser Humano que quer, acima de tudo, poder, como dinheiro, como no programa televisivo Silvio Santos, com cédulas arremessadas no auditório, com pessoas se acotovelando para ganhar uma cédula – é bem degradante e patético. O macaco está embevecido com as uvas, seduzido pelos sinais auspiciosos da Sociedade de Consumo, na metáfora de Matrix, quando o indivíduo é um escravo cego de um sistema, no modo como somos escravos do Capitalismo: Eu tenho que acordar, trabalhar e ganhar dinheiro para comprar uma TV último tipo, um celular último tipo, um computador último tipo e uma roupa da Brooksfield ou da Lacoste. O macaco aqui remete ao excelente clipe de Free Your Mind, ou seja, Liberte sua Mente, do quarteto americano En Vogue, no macaco alienado sem opinião em contraste com um homem berrando e gozando de liberdade de expressão, ou seja, a liberdade de expressão nos faz humanos e não macacos, no texto introdutório do clipe: “Preconceito – você gostaria de ver uma música sobre isso? Aí vai!”. O preconceito nos faz burros, meu irmão. Expresse-se! Aqui vemos sólidas colunas de mármore, talvez numa pedra vinda da Itália em navios, numa força de sustentação, numa força, como Atlas carregando o Mundo, num governo sólido, mas nunca ditatorial, no modo como a paz ditatorial é um artifício, oprimindo o cidadão, num ditador que é uma cópia grosseira do líder amoroso, respeitado e amado pelo povo, como num certo país da Europa Ocidental, um rei respeitado, na tarefa do homem de Tao, que é remeter as pessoas a um nível espiritual superior, atemporal, onírico e pacífico, como o mais fino cristal, na vida de paz inabalável que nos espera, algo muito longe das patéticas guerras do Ser Humano, deixando rastros de fome e destruição – é um horror. A arara colorida é vibrante, doce como manga, alegrando a corte francesa, num amor pelos animais, como pessoas que seguem a carreira na Veterinária, como uma pessoa que conheço, a qual é simplesmente apaixonada por gatos, ao contrário de outras pessoas, as quais acham que é muito trabalhoso e oneroso ter um bicho em casa. Mais uma vez aqui os nobres tecidos de Desportes, num proletário que passava a vida sem saber o que era tocar em tal tecido sedutor, como na capa de veludo do elfo Legolas, de Tolkien, havendo nos elfos tais criaturas nobres e belas, imortais, em elfos que amavam as estrelas noturnas, colocando amor em tais objetos celestes, com duas lindas elfas, as quais eram uma loira, a Estrela Matutina, e a outra morena, a Estrela Vespertina, nos sonhos estelares de um artista, querendo brilhar e ser reconhecido, numa estrela coriscando e vibrando nos céus, sem gênero, sem raça, nas construções desses panteões hollywoodianos, encantando a Humanidade com a magia da Sétima Arte, a qual se consolidou quando imagem se casou com som, fazendo do Século XX o século do Cinema. As uvas são os insumos dos vinhos, uma bebida de tradição tão milenar, num bom vinho branco frutado, repleto dos perfumes das frutas, no lamentável modo como, no Brasil, o vinho de maçã é tão raro, sendo este uma coisa de americano, na chamada cidra. Podemos ouvir aqui o som das aves, como na natureza exuberante da cidade do Rio de Janeiro, numa urbe que tanto pulsa vida, nos versos de Fernanda Abreu: “Cidade maravilha purgatório da beleza e do caos!”.

 

Referências bibliográficas:

 

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.