quarta-feira, 27 de abril de 2022

Claramente Claes (Parte 2 de 4)

 

 

Volto a falar sobre o escultor americano Claes Oldenburg, o qual fixou parceria com a esposa Coosje van Bruggen. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Binócolos Gigantes. Aqui é como uma pessoa com visibilidade, que vai longe em seus pensamentos, como uma pessoa visionária, que enxerga longe, no modo como nem todas as pessoas têm tal dom, tal capacidade, numa pessoa que pensa grande, como na grandiosa concepção da Internet, interligando o Mundo todo, numa grande invenção que está plena e assim por muito tempo permanecerá. Aqui remete ao termo Miopia em Marketing, que são aquelas pessoas cujo pensamento não vai “além da esquina”, com pessoas que acabam nunca indo muito longe na Vida, nunca conquistando o respeito de outrem. Os binóculos são a grande e simples invenção das lentes de vidro, na revolução dos óculos, no modo como o vidro tanto mudou o curso da Humanidade. São as potentes lentes dos supertelescópios, observando confins do Universo, na vastidão inegável do Cosmos, com dois universos – o observável e o inobservável –, com corpos tão longínquos que sua respectiva luz ainda não nos chegou na Terra, num ponto em que precisamos acreditar numa Inteligência Suprema que concebeu isso tudo. Os binóculos são os potentes e perfeitos olhos de elfos de Tolkien, no termo “olhos de lince”, num consultório de Oftalmologia, no médico fazendo os cuidadosos exames, em tecnologias como a cirurgia a laser, corrigindo Miopia, no modo como se vai chegando à idade em que a pessoa tem que ter óculos de leitura. Aqui é como na pujante economia de vidro mexicana, como na formidável loja Cristais de Gramado, na qual há demonstrações ao turista visitante sobre a fabricação dos objetos de vidro, com tantos objetos como vasos, copos, pratos, bijuterias etc. Aqui são as lentes dos exploradores das Navegações, na observação em uma era na qual considerava que a Terra era plana, na revolução de Colombo, o qual achou que a América era o flanco oriental da Índia, havendo só em Américo a concepção de que se tratava de um gigantesco novo continente. Aqui temos a fragilidade das peças de vidro, e de tempos e tempos algum copo é quebrado dentro de casa, na superstição de que dá sorte a um casal a quebra de algum copo na festa de casamento. Os binóculos são essa visão privilegiada, na imortal curiosidade humana em saber como é Tao e como este funciona, numa Humanidade a qual, de tanto evoluir, chegará um nível de excelência moral e tecnológica, e quem sabe um dia as guerras estarão erradicadas da Terra, remetendo à insana guerra sem sentido de Putin, num senhor que perde douradas oportunidade de permanecer quietinho no seu canto, num rei que nunca está feliz dentro do próprio território, sempre querendo anexos. Os binóculos são este instrumento de caça, no modo como tal esforço e dureza excitam os homens que caçam, numa tarefa agressiva, de homens, existente até em tribos amazônicas, na universalidade do modo humano em dividir as tarefas entre de homens e de mulheres. O falo do telescópio é tal pênis desbravando a vagina, com o Yang se debruçando sobre o Yin, num jogo de sedução entre atividade e passividade. Os binóculos são uma extensão do Ser Humano, um instrumento de uso, como uma pá ou um computador, fazendo do Telefone, por exemplo, uma extensão da voz humana. Os binóculos são uma cautela, um cuidado, com alguém observando possibilidades, sempre procurando prever percalços ou perigos, na metáfora do rei sob a luz de Tao, cruzando com muito cuidado um rio caudaloso, como se soubesse que neste há perigo. Os binóculos aqui formam um portal, num momento de reviravolta, como no caso, repito, do advento do Vidro para a Humanidade, no modo como a Vida Humana é tão repleta de rituais, como casamentos, formaturas, aniversários etc. Os binóculos são este privilégio de tecnologia, em homens tão iluminados que causam o crescimento do Mundo, fazendo com que enxerguemos através de tais “binóculos”, que são os olhos de tais homens visionários, como meu querido bisavô Lisboa, o Pai da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul, um homem respeitado, que inspirou a comunidade inteira.

 


Acima, Garrafa em Notas. Aqui remete ao pujante enoturismo do Vale dos Vinhedos, no município gaúcho de Bento Gonçalves, com levas intermináveis de turistas fazendo compras nas renomadas vinícolas, na universalidade das bebidas alcoólicas, como no saquê japonês ou na vodka russa, no glorioso momento do happy hour, com gravatas sendo afrouxadas e chopes sendo servidos geladinhos, no chefe de família que chega em casa e coloca seus chinelos no lugar dos apertados sapatos de executivos, advogados e médicos. As notas aqui são as memórias, com pessoas fazendo confidências em seus diários, fazendo do diário um amigo, uma comadre, uma companhia ou um psicoterapeuta, no modo como todos temos que ter momentos a sós com nós mesmos, apesar de Claes tanto ter trabalhado com a esposa. A garrafa aqui está propositalmente inclinada, como na famosa Torre de Pisa, nos percalços que acabam por ajudar, deixando as coisas mais irônicas e interessantes. Aqui é uma charmosa imperfeição, uma irreverência. A garrafa é este retiro, no seriado de Jeannie é um Gênio, com a personagem feminina se refugiando em seu mundinho interior, num momento de retiro, talvez num momento de autoestima, como cortar as unhas, num momento que pertence somente à pessoa em questão. A garrafa é oca e translúcida, como um amigo verdadeiro, o qual conhecemos tão bem, num alto grau de intimidade, no dom de certas pessoas em conversar por telepatia, sabendo o que o outro fala sem este falar propriamente, como no menininho prodígio de O Iluminado, na clarividência de prever um brutal assassinato. A rolha é a contenção, numa pessoa buscando ter ponderação e juízo, aplacando certos impulsos, num caminho de disciplina, como conter palavras que possam magoar outrem. A rolha é a preparação, o acondicionamento, num produto pronto para a comercialização, na rotina de uma fábrica, como na indústria química de meu tio, fabricando produtos de limpeza, em um ato de Marketing, de Mercado, querendo penetrar com competitividade, num ato desafiador, desafiando gigantes como a Unilever, nesses gigantes de mercado. Aqui é como uma ocasião especial, num aniversário, numa virada de ano, recebendo amigos com intermináveis garrafas de trago, no divertido modo como a ingestão de vinho vai fazendo com que as pessoas façam coisas as quais não fariam sóbrias, no termo “No vinho, a verdade”. Aqui é como uma pressurização de um espumante, numa alta pressão interna, como uma pessoa sofrendo pressão profissional, numa pobre Whitney Houston, a qual, a partir do momento de glória do álbum de O Guardacostas, passou a sofrer esmagadoras pressões para se manter para sempre em tal doce momento, fazendo com que a diva recaísse nas drogas como válvula de escape, as quais arruinaram a voz da diva negra. Aqui é um bem de mercado, e não é grátis, no modo como o brasileiro em geral não toma vinho por este ser tão caro nas gôndolas de supermercado, pois a cerveja é gerada industrialmente, com colheita automatizada; já, o vinho é feito artesanalmente, com colheita à mão. Aqui, esta escultura monumental ficaria linda em frente a uma vinícola, e podemos imaginar os turistas tirando fotos frente à obra de Arte, como os turistas adoram tirar fotos no pórtico de entrada de Gramado, ou na inevitável Torre Eiffel. Aqui temos um talento de designer, numa imaginação tão rica, fazendo coisas as quais jamais foram pensadas antes, abrindo espaços de percepção, fazendo com que mergulhemos na mente de tal artista, como entrar na casa de outra pessoa, sentindo o “hálito” do lar de outrem. Aqui é a revolução que o vidro e a cortiça trouxeram à Enocultura, deixando para trás e era dos vinhos em jarras grandes, numa poesia tradicional, que resiste ao advento de uma coisa tão prática que é a tampa rosca. Esta escultura está fixada na terra, como se tivesse raízes, nas raízes dos vinhedos, num produto da terra, das entranhas dos vinhedos. A inclinação aqui é tal jovialidade e irreverência, nos feitos do Álcool, num momento de festa e descontração.

 


Acima, Plantação. Aqui é a força do trabalho, na dura vida do imigrante italiano, deparando-se com um lote devoluto, selvagem, tomado de mato alto, nos inevitáveis calos nas mãos do laboroso imigrante, que veio da Itália com o sonho de ter um pedaço de terra para chamar de seu. Aqui há uma atitude e um estabelecimento, e a pá é fincada com força e agressividade, como num time agressivo, derrotando ferozmente o adversário, num agressivíssimo Mike Tyson, resolvendo a luta em alguns segundos, em nocaute arrebatador, na prepotência de um antigo lutador, dizendo: “Sou o maior!”, num lutador com graves sequelas neurológicas depois de tanto lutar na juventude – tudo tem seu preço, não? A pá é tal símbolo de labor e esforço, no fato de que o trabalho é essencial para qualquer pessoa, estando encarnada ou desencarnada, mas um labor que, apesar de esforçado, não pode fazer com que a pessoa abrace o estilo de vida degradante de workaholic, numa pessoa que só trabalha e não vive, no sagrado dia de descanso dominical, pois até Deus descansou no sétimo dia, não? Aqui é algo impositivo, numa atitude, na capacidade de certos popstars em desenvolver tal atitude, mostrando que, no Mercado Fonográfico, apenas a voz não garante o estrelato, pois há grande popstars os quais, donos de muita atitude, têm vozes medíocres... Mas isso não se aplica a Lady Gaga, a qual, além de ter uma ENORME atitude, tem uma voz muito boa. E a Moda, por exemplo, vive de tal atitude, numa imposição corajosa, no talento de grandes designers em impor tal atitude a nível global, fazendo da Moda tal meio de expressão, como no ultra bem sucedido seriado Sex and the City, com quatro mulheres estilosas, modernas, despojadas, libertando a mulher da castração sexual da Sociedade Patriarcal, no poder do feminismo em caminhar contra o vento, com mulheres independentes, as quais não têm patrão; não estão abaixo da figura patriarcal do macho alfa, como uma certa popstar, uma mulher que simplesmente não tem patrão – nem o Papa. A pá é este tesão e esta vontade, numa pessoa apaixonada, que mergulha no trabalho. Aqui é o ato agressivo da bandeira americana sendo fincada na Lua, na legitimação de uma nova potência mundial, emergindo poderosíssima após a II Grande Guerra, no jogo de cadeiras do poder mundial, no jogo de tabuleiro War, na guerra insana de Putin, num rei que nunca está feliz dentro de seu próprio reino, mesmo sendo este reino o país com a maior extensão territorial do planeta – a ambição é insana. Aqui é o primeiro passo, o passo derradeiro, numa “batida de martelo”, numa decisão, numa pessoa que, por exemplo, quer dar uma guinada na vida e mudar de carreira, como um artista que ingressou para a política, num investimento inicial, marcando o início de algo sendo feito e construído. Aqui é como um lote sendo preparado, no modo como, diz o mestre intelectual Harari, a Revolução Agrícola fez com que o Homem se deparasse com o árduo trabalho agrícola, num momento em que, apesar de haver então o controle da produção de alimentos, surgiu um trabalho pesado, que consome o dia do agricultor de Sol a Sol, no mesmo modo como o boom da Revolução Industrial trazia cruéis jornadas de trabalhos aos trabalhadores das fábricas londrinas, numa época anterior ao advento dos nobres e necessários direitos trabalhistas, como nos direitos no Brasil, com férias remuneradas, décimo terceiro e seguro desemprego. Aqui é um certame, uma data especial, como numa festa comunitária, no momento em que a comunidade se debruça sobre si mesma, sentindo-se projetada por alguma festividade, na celebração do fruto do trabalho, como nas inúmeras vindimas italianas. Aqui é um marco, como a passagem de Jesus pela Terra, dividindo a História em duas. É um ponto de reviravolta, no bravo início de algo que, após tal esforço inicial, foi crescendo, como num aspirante a cantor, subindo bravamente nos palcos para lutar contra o anonimato e batalhar pelos seus sonhos na carreira, num ato de atitude e bravura, começando pequeno e então crescendo.

 


Acima, Prendedor de Roupa. Aqui é um símbolo do trabalho de dona de casa, na briga de um certo casal, com a mulher dizendo: “Eu me matando para manter esta casa limpa e organizada!”. É a rotina, o dia a dia, na minha mãe dizendo ao me acordar de manhã: “Hora de encarar a vida, Gonçalo!”. Aqui é a dignidade ereta do trabalho, da dignificação da pessoa que ergue a cabeça e vai ser digna de respeito, como se soubesse que qualquer trabalhinho faz áurea parte da Grande Carreira Espiritual, a qual dura para sempre, fazendo da Eternidade o símbolo do poder imensurável de Tao, o ilimitado, neste incompreensível presente que é a Vida Eterna, num Ser Humano que não pode compreender que nunca findaremos – é muito poder. O prendedor é reter algo, apreender algo, como um escopo de pesquisa científica, ou de tese de conclusão de curso universitário. É pinçar algo, numa amostra empírica, como numa pesquisa de intenção de voto, tirando uma amostra que nos dá uma noção próxima da totalidade do conjunto, como colocar um espaguete para cozinhar, tirando da panela um mínimo fiozinho para ver se todos os fiozinhos estão prontos e aldentes. O prendedor é uma clipagem, na origem do termo videoclip, que é captar várias imagens e compor um vídeo, nas mãos de um artista plástico, o qual pega coisas separadas, une-as e produz algo novo, num poder transformador, criativo, brilhante, num artista que nos faz “babar” perante tanto talento, bom gosto e verve. O altivo prendedor aqui tenta competir com os altivos prédios capitalistas, como falos numa floresta, na competição para ver quem tem o prédio maior e mais potente, no termo “competição palmo e palmo”, como numa corrida de Fórmula 1, numa classificação por ordem de chegada, num corredor tenso, atento, nunca subestimando a capacidade de ultrapassagem do adversário, ao contrário da fábula da Lebre e da Tartaruga, na qual a lebre, ao subestimar enormemente a tartaruga, acaba perdendo a corrida, como num jogador que entra na quadra “de salto alto”, arrogante e prepotente, achando que o jogo já está ganho. Aqui temos a dignidade da pessoa trabalhadora, no modo como até um simples trabalho de capina é digno de respeito, sendo tão vazia e desinteressante a vida de uma pessoa que não produz, dedicando-se à maliciosa “tarefa” de fofocar e de cuidar da vida dos outros, como uma certa pessoa que conheço, uma pessoa que, ao desencarnar, vai se dar conta da vida vazia que levou na Terra, tendo que reencarnar, partir em busca do tempo perdido e abraçar uma vida de labor e dignidade – todos temos o direito de cometer equívocos, e Tao é o perdão que sempre nos dá uma nova oportunidade. O prendedor aqui está à disposição, solícito, numa pessoa que gosta de ser útil e de fazer favores, como uma senhora idosa do prédio onde moro, a qual, ao carregar um saco de lixo para botá-lo na lixeira, ouviu de mim a frase: “Faço questão de levar tua sacola na lixeira!”, no glorioso sentimento de ser útil; na luz de pequenas gentilezas; no amor entre irmãos. Aqui é como se o prendedor estivesse à venda, numa loja bonita, que expõe as mercadorias de forma elegante, no modo como a paginação do ponto de venda é tão importante para vender as coisas, sabendo que uma loja bonita atrai as atenções dos consumidores. O prendedor aqui é impávido colosso, como na tradicional estatura portoalegrense do Laçador, erguendo-se altivo e representando a história da terra que, clamando por liberdade, desafiou o Império, num episódio o qual, já ouvi dizer, foi a tragédia fundadora do Rio Grande do Sul. Aqui é como um marco, pronto para ser admirado, como na peça mais valiosa de um museu, no modo como o famosíssimo busto de Nefertiti é “a Monalisa” do Museu de Berlim – todos vão lá para, principalmente, contemplar a bela e poderosa rainha egípcia, altiva como este prendedor. Aqui é o fálico gesto do “dedo do meio”, como no jogador Ronaldo Nazário, o qual mostrou o dedo do meio a um torcedor que lhe disse: “Vá pegar um travesti!”. É o modo como, de certo modo, para a pessoa ser feliz, tal dedo do meio tem que ser mostrado de vez em quando ao Mundo – assumir o controle da própria vida.

 


Acima, Serra Serrando. Realmente, Claes é muito suntuoso e grandioso, num artista pedindo para ser reconhecido devidamente. Aqui a serra intervém, e quase podemos ouvir o som da ferramenta trabalhando, na divertida figura de linguagem de quadrinhos com um personagem dormindo, no som de serra indo e vindo, no barulho da respiração de um dormente. A serra é o esforço do labor, na mão forte do homem trabalhador, no momento de dedicação e devoção, numa pessoa tão centrada no trabalho, fazendo do casamento uma conveniência e não exatamente um ato de puro amor, como uma pessoa pragmática que conheço, a qual é centrada na própria firma, fazendo do casamento uma conveniência, uma sociedade: Nós nos unidos e cada um faz uma parte do trabalho. É um trato. Os dentes do serrote são tal fome, numa boca esfomeada, cheia de sonhos e metas, nas dolorosas frustrações, com sonhos sendo despedaçados, tal qual uma noiva batendo no noivo com o buquê, despedaçando as pétalas, no verso da cantiga: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada. O cravo ficou ferido; a rosa, despedaçada”. Na questão: Quem é o vencedor na guerra? É como nos rastros de destruição inútil na indefesa Ucrânia, num Putin sem qualquer pingo de compaixão ou diplomacia, numa estupidez e numa grosseria próprias das guerras, esses eventos que causam sequelas psíquicas na cabeça do inocente soldado combatente, numa experiência tão traumática que faz com que a pessoa não consiga se ressocializar completamente após tal trauma. Aqui é uma vontade, uma meta, num esforço de artista plástico em produzir coisas novas, no mágico momento da exposição, da mostra dos trabalhos numa galeria, no momento em que o artista interage com o Universo, trocando ideias com os espectadores, no sentimento melancólico do fim da mostra, quando o artista tem que recolher suas obras para dar espaço ao próximo artista expositor, como num melancólico fim de Feira do Livro, a qual causa uma energia tão boa na comunidade. A alça do serrote é a conveniência, uma facilidade, como uma pessoa que se coloca útil ao Mundo, servindo este, distribuindo, na capacidade de uma estrela em distribuir num complexo sistema solar, como numa família, no talento patriarcal ou matriarcal de unir as pessoas, na farta mesa de ceia de Natal, um momento em que se celebra a fartura e a riqueza da Dimensão Metafísica, o lugar onde as dúvidas cinzentas se dissipam e o Mal vai por água abaixo, como me disse uma amiga e ex professora: Apenas as coisas boas perduram e têm força. Aqui é a indústria de utensílios, num vendedor que sabe que, se quiser obter sucesso, tem que servir ao Mundo, sendo algo prático, funcional, como um técnico que vem consertar uma máquina de lavar roupa. A alça vermelha aqui é o sangue da dedicação, no termo “A ferro e fogo”, narrando a epopeia alemã em terras gaúchas, numa vida tão dura e desafiadora, dando orgulhos aos descendentes de tais imigrantes. Os dentes aqui são abrasivos, como um creme dental branqueador, numa agressividade, como num time entrando em campo sem cometer o erro de subestimar o adversário, no termo entrar em campo “de salto alto”. Os dentes são essa vontade, essa gana e essa fome, numa pessoa com décadas de estrada, mantendo-se com tal tesão pela vida, como um professor universitário que tive, um grande publicitário portoalegrense, o qual deu um “puxão de orelha” nos alunos, dizendo: “Vocês não podem ficar assim tão quietos! Vocês tem que tomar notas, fazer observações e ter tesão pela tarefa à frente!”. E não estava certo o mestre? Aqui temos uma penetração, no ato de cosmogonia do pênis na vagina, gerando o Universo, no arquétipo rainha fraca e rei forte, sendo um a contradição do outro, no modo como Tao coloca ironia em tudo o que faz, nas divertidas contradições, grandes piadas observadas num quadro geral, contemplando o conjunto da situação. Aqui é uma imersão numa pesquisa, girando ao redor do escopo, da meta, do gol.

 


Acima, Testemunho de Maçã Geométrica. Aqui houve um consumo, e só temos uma carcaça, um vestígio, no modo como o Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre, foi revitalizado por uma administração municipal. Aqui é a maçã de Eva, na misoginia que coloca a Mulher como a causadora de todos os males do Mundo, fazendo de Adão o princípio perfeito de bondade e integridade, sendo Adão uma vítima da malícia feminina – é muito machismo. Aqui é a fome da Sociedade de Consumo, esta inspiração para a Pop Art, inspirando artistas e fazendo tal “casamento” entre Arte e Mercado, no doloroso modo como Propaganda não é arte, mas técnica de venda, ou seja, é um comercial que entremeia o que interessa, que é o filme transmitido pelo canal de TV, com as raras exceções de campanhas publicitárias que causam comoções de popularidade, como na antiga dobradinha Pipoca & Guaraná Antártica, no modo como tudo numa agência publicitária gira em torno do talento de vendedor, numa pessoa que sabe que nada mais se trata do que um mercado, uma “feira” na qual o vendedor tem que falar bem alto par atrair o comprador, anunciando condições e descontos, como o preço atraente de um abacaxi, por exemplo, como certa vez ouvi de um rapaz na porta de um restaurante de sushi: “Pode entrar porque aqui nosso peixe é fresquinho”, no talento de vendedor em observar as oportunidades, como colocar na porta da loja um balde com guardachuvas assim que alguma chuva começa a se insinuar na cidade. Aqui é o pomo da discórdia, no pomo de Adão, com a maçã entalada na garganta, como algo mau e venenoso, como a maçã da Branca de Neve, na inveja da rainha má, obcecada em ser a mais bela do Mundo, sentindo-se ameaçada por Branca, na beleza natural, que vem de dentro, sendo salva pela figura idealizada do príncipe encantado, um homem perfeito que não existe no Mundo Real, na figura idealizada do príncipe num cavalo branco, talvez numa menininha que ainda tem a ingenuidade para acreditar em tais milagres, no modo da mulher adulta em perceber que tais contos não entram em harmonia com a realidade. Aqui é um dejeto, uma rejeição, algo jogado fora, sendo desprezado, como um sociopata que vai assassinando sua própria vida social, indispondo-se com tantas pessoas, até chegar ao ponto de ser devidamente reconhecido publicamente como sociopata, numa pessoa que realmente acha que o Mal é mais belo e interessante, uma pessoa que, ao ser tolhida socialmente por tal inclinação maligna, constrói uma máscara e passa a levar vida dupla, num lobo disfarçado de cordeiro – é um horror. A maçã é esta figura de tentação, no formidável pecadinho da Gula, em doces maravilhosos, conquistando o gosto do Ser Humano, na universalidade das gostosuras gastronômicas. Aqui é um assunto sendo digerido, como num escopo científico, com um pesquisador torcendo ao máximo esta “toalha molhada”, extraindo ao máximo as informações para tal trabalho de pesquisa, como estudar e vida e a obra de um certo artista, num trabalho de biógrafo, como no biografista argentino que lançou a biografia Santa Evita, pesquisando tudo o que pode sobre a lendária atriz e política argentina, numa figura controversa: deusa para o proletariado; diaba para o resto da pirâmide social argentina. Aqui é um ato de fome, como no espectador digerindo uma obra. Aqui remete à personagem comilona Magali, numa pessoa com esta fome incessante, sobrevivendo a décadas de carreira, sempre com a humildade de virar a página e encarar um novo desafio, no modo como há tantos artistas talentosos que simplesmente não conseguiram sobreviver a um determinado momento, como os anos 1980. Aqui é lixo alçado a obra de Arte. É um descarte, no talento de uma pessoa em catar tal “lixo” e ver neste o potencial para algo pertinente. Aqui é como a atitude formidável do urinol de Duchamp, pegando algo socialmente rejeitado ou subestimado. Aqui é um aproveitamento, uma espécie de reciclagem, como um artista que em um primeiro momento foi subestimado e considerado lixo, surpreendendo a todos, no patinho feio que se revelou cisne.

 

Referências bibliográficas:

 

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.gettyimages.pt>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg obras. Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 13 abr. 2022.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Claramente Claes (Parte 1 de 4)

 

 

Nascido em Estocolmo em 1929, o escultor Claes Oldenburg é um renomado artista de Pop Art americano, ao lado de nomes titânicos como Andy Warhol e Roy Lichtenstein. As nababescas instalações de Claes passam pela Indústria de Alimentos e pela Sociedade de Consumo – nada mais Pop Art. Muitas das obras de Claes foram feitas em parceria com sua esposa, Coosje van Bruggen, nascida na Holanda, já falecida, a qual, além de escultora, era historiadora e crítica. É como o emblemático casal de artistas plásticos Christo e Jeanne-Claude. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A Mangueira de Jardim. Baden-Württemberg, Alemanha. Uma libidinosa cobra se contorcendo em um furioso cio, como vi certa vez uma gata no cio, louca para sair e fazer sexo, nas forças da Matéria, no fato de que, sem tesão, quem faria filhos? São as influências da Matéria sobre o espírito, em necessidades que caem por terra no Plano Metafísico, como a necessidade mundana de alimentação e descanso de sono, na libertação que é o glorioso Desencarne. Aqui temos uma demanda de uma urbe gigantesca, no caos que são as crises hídricas, com tantos cidadãos sofrendo cortes temporários de fornecimento da preciosa água, a qual é uma cópia de Tao: subestimada, sem cor, sem cheiro, sem odor e vital para qualquer ser vivo, sempre subestimada, sempre essencial, na humildade de uma pessoa a qual, apesar de ter alcançado sucesso, mantém-se com os pés no chão, humilde, sabendo que a próxima página do livro virá, na humildade para virar as páginas e partir novamente no zero, na construção da gloriosa carreira espiritual, na qual nenhum trabalhinho passa despercebido, sendo tudo válido para a inacreditável perspectiva de Vida Eterna, no imensurável poder que faz com que JAMAIS findaremos – é o mistério eterno de Tao, o imensurável, pois o Deus sobre o qual é possível de se falar não é o verdadeiro Deus. Aqui temos um sistema de circulação, em sistemas complexos de fornecimento da preciosa água, em sistemas subterrâneos, invisíveis, querendo ter a maior discrição possível, como na avenida principal de Gramado, com toda a fiação elétrica sendo subterrânea, tudo para deixar a cidade a mais etérea possível, fazendo com que o visitante se sinta criança novamente, numa cidade menor do que Caxias do Sul, mas dando nesta uma “surra” em termos de Turismo, em talento de empreendedorismo, como no deslumbrante complexos dos parques temáticos de Orlando, EUA, no lugar onde a infância ressurge, em uma experiência emocionante, num Walt Disney tão visionário, num legado inestimável para a Humanidade. Esta mangueira tem um certo caminho, uma certa direção, um itinerário, como na passagem de alguma fase da Vida, ou como na passagem por uma encarnação, com todas as importantes lições sendo aprendidas, nas duras lições de humildade que a Vida nos ensina, fazendo de nós pessoas melhores, menos fúteis, menos alienadas e mais realistas, no saudável e essencial caminho de mortificação, de desilusão, as quais vêm para libertar a pessoa desiludida, no verso da canção da estelar Alanis Morissette: “Obrigado, desilusão!”. Aqui é como um parquinho de diversões, num Michael Jackson infante triste e melancólico, tendo que sacrificar a própria infância para ser tornar o grande astro que se tornou, num menininho passando por um parque diversões e querendo estar ali, com todas as suas forças no coração, mas tendo que abrir mão de tal normalidade infantil, tendo que ensaiar, gravar e se apresentar. Aqui remete ao divertido episódio de Chaves, no qual uma torneira acaba molhando todos, numa comunhão, no momento da missa em que somos todos iguais, todos filhos do mesmo Pai Supremo, dando nossas mãos e girando como planetas em torno do que importa, que é o Sol, nessa capacidade de liderança de certas pessoas, sendo tal centro vazio, num vaso abrigando flores, no receptáculo da Vida. Aqui é como uma montanha russa, nos altos e baixos da Vida, na pessoa que tem que compreender que o sucesso é um amante infiel, pois este nem sempre estará comigo. Aqui é uma canalização de energias, numa pessoa que encontrou algo para canalizar sua própria criatividade, pois que esperança há fora do Trabalho?

 


Acima, Bolas Gigantes de Piscina. Em parceria com Coosje Bruggen. Projeto de Escultura Münster, Münster. Remete ao parque da Expointer no RS, com três bolas ocas acolhendo o visitante, numa feira de desenvolvimento econômico, num Brasil pobre querendo se tornar rico. Aqui são como esferas diferentes de relacionamento, na diferença entre ambiente de trabalho e ambiente doméstico, como num certo casamento que não deu certo, com a esposa indo trabalhar com o marido no escritório deste, pois nunca disse a sabedoria popular que “onde se ganha o pão não se come a carne”? Aqui é como uma cancha de tênis para um aluno principiante, com o professor jogando inúmeras bolinhas para o aluno aprender a rebater e fazer ponto, cabendo ao gandula o árduo trabalho de catar tais bolinha e colocá-las de volta na cesta do professor, no divertido modo como em Portugal bola se chama “esférica”! Aqui é como o trabalho de uma galinha escrava, condenada a ser uma mera fornecedora de alimento. Aqui são como pérolas dissociadas as quais formavam um colar, num trabalho de análise e desconstrução científica, definindo um escopo, como uma especialidade médica, no modo ocidental de dissociar o corpo humano, nas partes de cadáveres que compuseram o monstro de Frankenstein, como desmontar um relógio para ver como este funciona, no interesse científico de um Leonardo da Vinci, analisando cadáveres muito antes do surgimento da Ciência, num homem tão inédito e precursor, no poder das grandes mentes em fazer com que o Mundo fique perplexo, numa frase que aprendi: “Tudo o que tu tens que mostrar é tua própria inteligência”, ao contrário do “robert”, aquela pessoa que apenas quer aparecer, nunca conquistando o respeito profundo e secreto das pessoas. Aqui as bolas ficam em atrito como moléculas de ar aquecendo, alvoroçadas, como num formigueiro, o qual, apesar de ser tão ermo visto por fora, está repleto de Vida por dentro, em labirintos os quais somente os insetos podem compreender. Aqui é como o atrito de bolas de bocha, num jogo de sutileza, longe das furiosas bolas de boliche, visando derrubar todos os pinos, num esporte tão divertido. Aqui são como temidas ogivas nucleares, em países que querem assustar o resto do Mundo, nas lições terríveis que a Humanidade aprendeu em torno das terríveis bombas em território japonês, no modo como tudo o que a Guerra faz é deixar rastros de fome e destruição, com corpos espalhados por ruas antes belas e pacíficas, neste terno talento humano para com a crueldade, como queimar pessoas vivas numa fogueira, fazendo coisas que Jesus JAMAIS faria. Aqui é como a guloseima infantil Kinder Ovo, com algum brinquedinho no interior. Ouvimos aqui sons de bolas de ping pong, na excelência de jogadores olímpicos, numa agilidade de se tirar o chapéu. Aqui é a magia dos ovos de Páscoa, nas doces lembranças de Infância de procurar pela casa o ninho o qual o coelho escondera, no boom que foi o momento em que o tão amargo cacau foi combinado com leite e açúcar, ganhando o Mundo, na universalidade do gostoso pecadinho da Gula, com as chocolatarias de Gramado lotadas de compradores – sim, gosto muito de falar de tal cidade! Aqui são bolas de golfe espalhadas pelo gramado, no talento de um jogador em, de larga distância, jogar a bola tão pertinho do buraco, num esporte tão aristocrático. Aqui são os ovos dos temidos aliens da ficção científica, com algo dentro, num mistério, na Caixa de Pandora, a qual jamais poderá ser aberta. Aqui temos um mistério, um rumor, uma fofoca, como algo sendo cochichado, no processo degradante da fofoca, fazendo da pessoa fofoqueira uma pessoa tão vazia e desinteressante, existencialmente miserável. Aqui as bolas se reúnem numa questão de afinidade e identificação, no modo como um menino feminino não se identifica com as brincadeiras agressivas dos meninos em geral. Aqui são ovos colocados por uma galinha, crocodilo ou sapo, numa explosão de girinos um rio, na explosão de Vida, a força avassaladora que tanto é reverenciada pela Arte, a qual pulsa.

 


Acima, Parafuso Arqueado. Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam, Holanda. Aqui temos uma flexibilização, numa capacidade de adaptação, numa pessoa que, ao se curvar e dizer “Que assim seja!”, ganha a luta, fazendo com que o oponente mergulhe num inferno astral. Aqui temos um retiro, uma alienação, como algo sendo arrancado de algo, no desejo do parafuso de entrar na terra e se fixar, como numa pessoa se adaptando a um novo lugar de vida, tendo a paciência para criar raízes, num processo que leva um tempo determinado. Aqui é o oposto de um corpo morto, duro e inflexível. Aqui temos vida, num corpo vivo e flexível, adaptando-se sempre, como num desafio, como um professor em início de carreira, tendo que se adaptar aos alunos, ao universo destes. Aqui temos um desejo, um tesão, numa pessoa que mantém constante “fome” e gana pela Vida, numa cobra se contorcendo em vida, rumando aquosamente com suas curvas, num sensual quadril de uma modelo na passarela, no fascínio que a Moda exerce sobre tantas pessoas, fazendo da Moda um excelente meio de expressão pessoal, de estilo, numa pessoa criativa, com estilo e originalidade, numa expressão tão pessoal e única, na capacidade de certas pessoas em lançar modas, lanças ondas, vogues, na ruptura que os anos 1980 causaram na Moda dos anos 1970, em ondas constantes de transformação, de processo intermitente de renovação, em sopros de renovação num lugar tão mágico, em que tudo é um novo momento, neste “furacão” girando e atraindo tudo e todos, nas palavras de uma certa popstar: “Eu não sigo tendências; eu as faço!”. Aqui é como um corpo derretido, como alguém se apaixonando, derretendo-se por dentro, num momento de entrega, de confiança existencial, como mergulhar numa piscina a qual sabemos que está cheia de água, num momento tão mágico, numa pessoa importante, muito importante, passando por nossa vida e tocando um lugar muito fundo no coração, fundo como nunca antes em nossa vida, num relacionamento que, mesmo tendo durado só alguns meses, foi eterno, fazendo com que tal pessoa seja alguém que nos conhece por inteiro, integralmente, num grau profundo de intimidade, numa intimidade que perdura para sempre, mesmo após décadas – é a passagem de alguém importante, num dos maiores amigos que temos na vida. Aqui o parafuso está hesitante, talvez com medo de mergulhar e se machucar, numa pessoa com medo de ter intimidade, com muito medo de machucar o próprio coração, numa pessoa que vive de coração fechado, num cagão que tem medo de intimidade, com o perdão do termo chulo, numa pessoa que é aparentemente forte, mas por dentro é tão medrosa e fraquinha. Aqui é alguém prestes a fazer uma escolha, decidindo se fixar em algum lugar, como uma pessoa que “bate o martelo” e decide ir morar num certo lugar, talvez com um desejo íntimo e secreto de fugir da seriedade da Vida, achando que esta é fácil em determinado lugar, o que é um erro, pois, sabemos, a Vida é dura em qualquer lugar, ou seja, é uma ilusão achar que minha vida mudará radicalmente só porque mudei de lugar de residência, na recente canção da banda A-Ha: “O verão se foi”, e as crises tratam de colocar nossos pés no chão, ou seja, as crises, disse-me uma excelente psicoterapeuta, são positivas, até a pessoa ficar grata por tal desilusão, deixando de ser tola e de perseguir sinais auspiciosos, na seriedade da Vida, exigindo que nos mantenhamos produtivos, antes ou depois do Desencarne, no título do filme espírita E a Vida Continua. Talvez aqui temos um retiro, como se o parafuso tivesse se soltado da terra, da prisão, numa libertação, talvez numa pessoa querendo dar uma guinada e trocar de carreira, como um ator que conheço, o qual decidiu abandonar a carreira artística e tornar-se advogado – todos temos o direito de partir em busca da felicidade. Aqui temos uma curvatura, na polida curvatura japonesa, num símbolo de classe e humildade, numa Vida que vai nos ensinando duras e maravilhosas lições de humildade.

 


Acima, Petecas. Em parceria com Coosje Bruggen. Museu de Arte da Cidade de Kansas, Missouri, EUA. Aqui temos uma grandiosidade como nas monumentais instalações de Christo e Jeanne-Claude, em obras ambiciosas. Aqui é como se as petecas tivessem caído ao acaso, em doces lembranças de Infância, na época em que a Vida é tão simples, sem as complicações do mundo dos adultos, na época em que as amizades não têm interesse, em relacionamentos muito puros e inocentes. Aqui temos um efeito de leveza, e parece que qualquer brisa poderá levar as petecas embora, num efeito de suavidade. As penas das petecas são a liberdade, nas asas de um anjo, o qual é um espírito feliz que sempre prima pela Paz e pela Harmonia, na liberdade dos espíritos desencarnados, no glorioso dia de soltura, quando recebemos nossa carta de alforria, no túmulo de Cristo vazio no Domingo de Páscoa, na passagem para o Plano Metafísico, no modo como todos estamos destinados a tal libertação, a tal passagem, e a Vida na Terra tem “prazo de validade”, nos versos de um melancólico Freddy Mercury com HIV: Quem quer estar encarnado para sempre? Aqui é a universalidade dos gramados de quadras esportivas, em times do Mundo todo se reunindo para um torneio, no modo como as massas ficam tão entretidas em tais embates, em duelos de titãs, para ver quem é o melhor e leva para casa e taça, que é o receptáculo feminino, como uma moça bonita entregando-se ao macho alfa, na figura americana da líder de torcida, num certo machismo, pois tal líder de torcida gira em torno do que importa, que é o jogo dos homens, no modo como a própria mulher é machista, numa cena que vi na Rua recentemente, num carro mal guiado por um mulher, e outra mulher, ao ver a cena, dizendo: “Tinha que ser mulher!”. Então, a feminista vive “contra o vento”, questionando aquilo que para muitos passa natural e despercebidamente, na formação das elites intelectuais, as quais pensam acima de mediocridades, longe do aluno medíocre, que alcança a nota mínima para passar de ano, muito longe de um aluno aplicado e brilhante, que enche de orgulho e realização o professor, como uma colega de colégio que tive, a qual não tirava abaixo de nota nove! Aqui é o prazer dos Esportes, numa gama tão variada de modalidades, nas comitivas vindas de todo o Mundo para uma data de união mundial, que são os Jogos Olímpicos, fazendo do Esporte algo tão nobre, que une as nações, como num Brasil absolutamente unido em época de Copa do Mundo, num país que se veste todo de verde e amarelo, num mágico e passageiro momento de união, no qual as diferenças são esquecidas, e brasileiros de todas as raças e classes sociais torcem juntos, e isto não é maravilhoso? Aqui temos uma vulnerabilidade, como viver ao sabor do vento, no modo como a Vida exige que sejamos pessoas realistas, com os pés no chão, longe das pessoas que vivem ao sabor do vento, sem fazer o que importa, que é trabalhar, fazendo do Plano Metafísico o plano que é um paraíso para os que gostam de construir tal carreira espiritual, ao ponto de um pai orgulhoso vendo o filho se formar numa faculdade, coroando um processo de tantos anos de dedicação nos ensinos Fundamental, Médio e Superior, no fechamento de um ciclo, no modo como são tristes as histórias de vida de pessoas que largam os estudos, como numa transa sem orgasmo. Aqui temos o espaço desportivo, sem glamour, sem feminilidade, mas com a força e a garra do Yang, na questão da pessoa ter vontade de vencer, chegando à encorajadora perspectiva de que o Mundo não muda, como ouvi numa formatura do curso de Filosofia – o que muda é meu modo de ver e de me relacionar com tal Mundo. Aqui as penas são aves sendo depenadas, em grandes criadouros de frango, exportando a carne para vários países do Mundo, no sonho de Smith de uma Economia Global autorregulamentada. Aqui é o momento da prática, levando à excelência, na dedicação de um atleta profissional, o qual exige tanto do próprio corpo que pode trazer a este algum problema ou sequela, tal a dedicação.

 


Acima, Pinos voadores. Em parceria com Coosje Bruggen. Eindhoven, Holanda. Boliche é um esporte muito divertido. Aqui temos um momento de impacto, num estrago, numa interferência, no exato momento de estouro, e podemos quase ouvir o característico som dos pinos sendo impiedosamente atingidos, numa agressão, num certo “prazer estuprador”, sem aqui querer fazer apologia do crime. É como na sensação de se pisar na grama na qual não é permitido pisar, como comer um bolinho que é crocante por fora e macio por dentro, num prazer de violação, como focar para os confins do Universo e descobrir um mar interminável de galáxias, no mistério da vastidão que nos cerca, numa Humanidade ainda tão aquém de solucionar tais mistérios. Aqui é uma comoção, num artista causando tais abalos, no poder de um grande filme em arrastar multidões intermináveis às salas de Cinema, em comoções globais como Titanic, com menininhas ao redor do Mundo chorando ao som da famosa música tema do filme, numa Celine Dion a qual, apesar de ter voz de anjo, é uma nulidade em termos de estilo e atitude – cada um com suas carências; com suas demandas de busca espiritual. Aqui temos um efeito de que o gramado é um lago verde, na famosa escultura uruguaia na beira da praia, com dedos saindo da areia, como se um gigante estivesse enterrado na areia, na capacidade de um artista em ser mestre de efeitos, mexendo com a cabeça e com a percepção do espectador, brincando com este, neste diálogo mágico artista/espectador. Aqui parece que tudo vai afundar, citando aqui novamente o famoso naufrágio do navio, numa metáfora da Vida em Sociedade: não importa a classe social, pois estamos todos dentro do mesmo barco, numa dimensão material, dando a ilusão de que sociopatas vivem na mesma dimensão das pessoas de bem. Aqui é o objetivo, no termo inglês goal, numa pessoa focada na carreira, com seus sonhos e ambições, no modo como o Mundo é esta interminável usina de decepções, com tantas almas se frustrando todos os dias, levando sérias lições de humildade, pois a arrogância não precede a queda? Pode ter paz quem tem tantas ambições? É na questão de uma pessoa a qual, apesar de obter tanto sucesso mundano, não se torna escrava deste, como numa pessoa rica, mas que se mantém humilde e simples, na humildade de um formidável Papa Francisco, um homem que, apesar de tão bem sucedido, poderoso e famoso, está conseguindo se manter com os pés no chão, num espírito generoso e agregador, como um Tao que jamais esquece de algum de seus filhos, pois ninguém é ínfimo demais para desmerecer a atenção integral de Tao, o qual nos ama tanto que nos criou de forma única, no caminho de identidade para eu perceber que sou único, como Zeus criando a Mulher Maravilha, com o laço mágico desta, que, ao laçar alguém, faz com que este só diga a verdade, pois, nas palavras eternas de minha querida mãe, “a mentira tem pernas curtas”, ou seja, só a verdade não tem prazo de validade, na metáfora dos diamantes, os quais, sinto dizer, não são eternos, pois nada é maior do que Tao. Os pinos aqui sofrem uma reação em cadeia, na capacidade de uma pessoa com talento de liderança, sabendo reger um grupo e manter este unido, na pesada coroa sobre uma cabeça, como numa Elizabeth II, a qual teve que aprender “na marra” a ter majestade e distinção, no modo do ditado popular “Quem já reinou jamais perde a majestade”, ou seja, todas as experiências do espírito ficam para sempre impregnadas no mesmo espírito, na construção da Grande Carreira Espiritual, a única carreira de verdade, ao contrário das carreiras mundanas, as quais são arremedos. Aqui temos uma perturbação, como num rádio com interferência, como certos artistas que odeiam que outras pessoas interfiram no trabalho deste artista, no caminho da individualidade, da distinção, da busca por identidade, numa pessoa que tem a fé para perceber que somos todos filhos do mesmo Rei, o qual rege todos os outros reis mundanos. Aqui temos uma conclusão, um orgasmo, como uma supernova explodindo, na capacidade instintiva de uma pessoa em se tornar uma grande estrela.

 


Acima, Primavera. Em parceria com Coosje Bruggen. Cheonggyecheon, Seul, Coreia do Sul. O córrego é uma divisão, como num divisor de águas na carreira de um ator, como na vida de Viggo Mortensen, no antes e depois do Aragorn em O Senhor dos Anéis, no modo como a chegada da maturidade é um divisor de águas na vida de uma pessoa, no choque sobrenatural de Cristo, dividindo a História entre ante e depois, no centro sobrenatural da História, no homem mais depurado a encarnar neste mundo difícil que é a Terra, um lugar com eternas guerras, pois nem a divindade e a perfeição de Cristo souberam sanar tais problemas. Aqui, o espectador tem que pular, como se estivesse fazendo uma escolha. Aqui temos uma sinuosidade, como no famoso Rio dos Sinos, no RS, dando a forma à logomarca da Unisinos, com a sinuosidade de tal córrego. Aqui é como o gélido e purificador córrego para se entrar nos domínios da Galadriel de Tolkien, uma feiticeira fria, porém belíssima, no fato de que ninguém é muito fã da verdade nua e crua, pois esta é gélida, não muito confortável, como num doloroso consultório de Psicoterapia, no qual o terapeuta confronta o paciente com dolorosas e frias verdades, no termo “levar espetadas”, na obrigação do terapeuta em focar em assuntos de grande relevância existencial, mostrando as coisas da forma mais fria possível. Aqui é como em precários esgotos a céu abertos, com pessoas paupérrimas que têm que se contentar com o eterno odor de esgoto, não tendo condições financeiras de se mudar para um lugar menos fétido. Aqui é como uma divisória social, um abismo social, como vi certa vez na via portoalegrense Nilo Peçanha, a qual fez metáfora com tal abismo social: de um lado da avenida, um grupo de jovens financeiramente abonados, com poder aquisitivo para estudar em curso pré vestibular; do outro lado, rapazes negros pobres, os quais não ousavam entrar na festa dos jovens ricos. Aqui é uma sensual e fértil serpente, em serpentinas de baile de Carnaval, sempre fluindo para baixo, sempre humildes, sempre se curvando, como se quisessem se salvar de um golpe de espada decapitadora. Ao fundo aqui, vemos um cone, talvez um mítico chifre de unicórnio, o qual tem a beleza feminina combinada com a agressividade pontuda do chifre, encantando menininhas, na junção de coisas agradáveis e femininas com algo agressivo, numa pitadinha que fecha um ciclo e compõe um total, nas forças opostas, no rei e na rainha perfumados que fazem amor e regem o Universo, nas palavras de Barbra: “Eu gostaria de ouvir o som do orgasmo”. E o Cosmos não é sexy? Este corno aponta para cima, e é abrasivo, num aviso para que não cheguemos tão perto, como nos espetos do personagem Panthro, do desenho animado dos anos 1980 Thundercats, num personagem agressivo, careca, de glamour zero, que construiu um tanque de guerra. O corno é a agulha que dopou a Bela Adormecida, a princesa Aurora, bela e terrível como o amanhecer, na magia da Estrela da Manhã, dando-nos uma amostrinha da glória metafísica que nos aguarda após o tão esperado e inevitável Desencarne – nada mais humano do que nascer e morrer. Na base do corno vemos algo como um relógio, no modo humano linear de contar o Tempo, entre ontem, hoje e amanhã, ao contrário de grupos humanos neolíticos, como em tribos indígenas, na noção cíclica de Tempo, partindo do zero e fechando um ciclo, voltando à estaca zero, sem a medição linear cumulativa das civilizações. O relógio é um meio de organizar o caos que nos cerca, na busca humana em encontrar algum sentido numa vida tão misteriosa, na qual não há provas frias e científicas do pós Desencarne, entrando aí a questão da Fé. O corno é como uma agulha, numa injeção, num momento não muito confortável ou prazeroso, mas necessário, como numa vacina antigripal, nas inevitáveis dores existenciais – não posso evitar a dor, mas povo me proibir de sofrer por tal dor, aceitando esta; convivendo pacificamente com esta.

 

Referências bibliográficas:

 

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.gettyimages.pt>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg obras. Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 13 abr. 2022.