quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 6 de 7)

 

 

            Antes de ler esta postagem, saiba que, depois desta, o blog entra em férias e retorna entre fevereiro e março de 2024. Bom Natal! Bom Réveillon! Bom Verão!

 

Falo pela sexta vez sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Dama com capa de pele. Luxo. Pessoas ricas, que podem bancar tal serviço de pintura. É a classe burguesa ascendente, suplantando monarcas, nas violentas destituições da Revolução Francesa. A pele é um status. É a magia de algo macio, muito agradável ao toque, fazendo metáfora com uma pessoa benevolente, agradável, que faz com que nos sintamos bem, como numa psicoterapia, quando o terapeuta faz com que nos sintamos bem, como levar a bênção de um padre ou um passe espírita, dando-nos um “banho de luz”, por assim dizer. A moça aqui pertence a um contexto social em que mulheres muito maquiadas não são bem vistas, sendo consideradas vulgares as atrizes muito maquiadas, nas palavras de Dercy Gonçalves, a qual dizia que, em sua juventude, atriz era a mesma coisa do que puta, com o perdão do termo chulo da diva imortal, numa atriz tão irreverente, sabendo do valor da comédia, sempre transgredindo, nas sábias palavras do meu amigo, o grande brasileiro que foi o diretor Fabio Barreto: “Uma sociedade só evolui a partir da transgressão de alguns de seus membros”. A sala aqui é bem iluminada, chic, luxuosa, num esclarecimento, como uma pessoa humilde, que observa o Mundo da forma mais realista possível – quanto mais humilde fores, mais longe chegarás, fazendo da arrogância tal limitação, pois a arrogância precede a queda, na Vida nos ensinando duras lições de humildade, visto que o sentido da Vida é a evolução como pessoa, num caminho de aperfeiçoamento, como numa faculdade, com vários aprendizados, no modo dialético no qual os processos podem se encadear: o crescimento da criança tornando-se adulta, o crescimento numa faculdade e o crescimento existencial. O sorriso da moça é suave e comedido, comportado, numa mulher que muito foi tolhida pelo Patriarcado, enfurecendo as feministas lésbicas, as quais possuem natural agressividade para contestar tais tolhimentos, combatendo termos machistas como “Bela, recatada e do lar”, no modo como o Mundo vê com maus olhos o homem que é sustentado por uma mulher. A moça aqui se arrumou muito para tal pose, e seu cabelo está arrumado como para uma festa, no modo como, para a mulher, a diversão não começa só no momento de se chegar no evento, mas começa com todo o “ritual” de arrumação, desde o banho, até o cabelo, a maquiagem, o perfume, o sapato etc., como já ouvi dizer que uma mulher se arruma para as outras mulheres, para ver qual delas é a mais deslumbrante do baile, num caminho competitivo, num Mundo competitivo no qual é necessário que o indivíduo tenha agressividade, como uma certa popstar, agressiva, provocante, sabendo que o Showbusiness Mundial é um terreno ultracompetitivo, com muitas divas maravilhosas competindo pela atenção do público, remetendo a uma certa cantora, uma pessoa sem estilo nem atitude, a qual falhou em todos os álbuns que lançou até hoje – a culpa não é do Mundo, cara senhora. A moça aqui é branca, bem alva, pura como leite, na magia de uma noiva de branco, numa Grace Kelly abandonando uma carreira brilhante para virar dona de casa, como já ouvi dizer: Mulher que casar – se tiver, junto a isso, carreira e filhos, está bem, pois, do contrário, está casada. O decote é um tanto provocador, numa mãe amamentando, como numa imagem de Nossa Senhora amamentando Jesus, no leite puro da Virgem, na magia de se mamar numa caixinha de leite condensado, na ironia que existe nos mamíferos, com tantas espécies tendo o mesmo aspecto de amamentação, na dedicação de uma mãe zelosa, sentindo o peso da responsabilidade. Aqui temos tais pinceladas talentosas de Zorn, desenhando a pele de bicho, no ponto quando o Ser Humano deixou de andar nu e passou a se cobrir com peles de animais, na universalidade da Moda e do Estilo, como na talentosa estilista caxiense Véra Zattera, fazendo uma grande pesquisa para desenhar vestidos de rainhas da Festa da Uva.

 


Acima, Dança em Gopsmor. Claro que temos aqui um quadro bem sombrio, num Zorn que pinta tanto ricos quanto pobres. Aqui é uma festa de pessoas humildes, pobres, nada perto de suntuosos salões de baile, em eventos de luxo e grandiosos. A cena é noturna, e a sala está precariamente iluminada, como uma certa findada casa noturna, um lugar escuro, sombrio, cheio de espíritos sofrendo e arrastando-se por ali, uma casa que, definitivamente, não tinha aval dos bombeiros para funcionar, pois se tratava de uma casa com três pisos, com uma estreita portinhola para a entrada e saída de frequentadores, num lugar em que poderia ter acontecido uma tragédia digna da infame boate Kiss. Um senhor ao fundo toca um instrumento, numa época antes do som elétrico, com poderosas caixas de som, como em bailes funk cariocas, no fervo de tal juventude, como uma senhora que conheci, a qual dizia morar perto do “fervo da juventude”, nas palavras de tal senhora. Aqui é o momento extraordinário, fora do sisudo dia a dia do cidadão, num momento em que a comunidade se debruça sobre a alegria do metafísico, do Plano Superior, onde as dores findam e só há luz e felicidade, no modo como a Vida na Terra, a vida de encarnado, é uma bela roseira florida, mas com espinhos, num lugar onde não há rosa sem espinhos, nas dores existenciais que vão nos causando uma grande evolução espiritual, pois se a Vida na Terra fosse perfeita, não cresceríamos como espíritos – não há sentido numa vida sem percalços. Aqui é como no surgimento da Valsa, a qual, na época, era considerada despudorada, assim como no surgimento do Rock, quando os Beatles, em febre de juventude, eram considerados imorais, vulgares, em sopros de renovação de juventude, trazendo o advento de novas modas, numa provinciana Paris, a qual se acha o centro do Mundo, e eu concordo um pouquinho, pois o Louvre é supremo em sua riqueza, e é necessário que passemos um ano inteiro ali dentro. Os casais dançam em harmonia, num momento de alegria, no qual, por um breve momento, esquecemos da “Quarta Feira de Cinzas” que nos espera, no modo como tudo em excesso é prejudicial, e festas em excesso são também prejudiciais, num caminho de moderação, na sabedoria que evita excessos. Aqui o chão é simples, talvez de terra, como na cena de um baile na trilogia Matrix, no coração de uma pista de dança, como dançar suando, numa dança que tanto faz bem à pessoa, como numa reunião de escola de Samba, nas heranças afrobrasileiras, nos poderosos tambores, numa cultura de resistência, no negro sobrevivendo à Escravidão, como na Música dos EUA, com fortes raízes africanas, em ritmos tão contagiantes como o Funk Americano, no modo como os tambores rítmicos são como água correndo, sempre viva, sempre fluindo, no modo como a Vida é o nervo da Arte, como um popstar vibrante, arrastando multidões a shows, entrando em sincronia com as batidas dos corações dos fãs, assim como é Tao, sempre vivo, sempre fluindo, no imensurável presente que é a Vida Eterna, num poder imenso, descomunal, no poderoso fato de que jamais findaremos, entrando em harmonia metafórica com objetos feitos de materiais nobres, que resistem à passagem do tempo – tudo na Terra gira em torno do Metafísico, pois Saúde é tudo, seja mental, seja física. Podemos ouvir aqui a alegria musical, no casamento entre as artes, como a Dança que se casa com a Música, como já ouvi dizer que as artes estão umas dentro das outras, na universalidade da Arte, com cada povo tendo seu estilo próprio. O senhor aqui sorri satisfeito, alegre em contribuir para o baile, na intimidade de um músico com seu instrumento, até este fazer parte do músico, na figura sábia do Preto Velho, quietinho no seu humilde cantinho, só observando os egos ascendendo e descendendo, na fogueira de vaidades humanas, em ambições insanas como Putin, o qual entrou em guerra contra um inocente e inofensivo país, num Putin condenado no Mundo inteiro, tudo em nome do maldito Anel do Poder.

 


Acima, Dança no meio do Verão. Zorn adora festas. Aqui é a recomendação taoista a um líder: Nunca interfira na vida pacata do cidadão; deixe este viver em paz. Aqui é o mundo heterocentrado, no qual não se pode bailar com alguém do mesmo sexo. Aqui é um baile camponês, com o chão de pasto, como nos vastos Campos de Cima da Serra, na Serra Gaúcha, com pastagens vastas, até onde a vista pode alcançar, na bela estrada que é a Rota do Sol, com matas virgens de araucárias, no modo como os campos e matas vestem roupas maravilhosas, mas num Ser Humano deslumbrado pelos palácios, ignorando a obra de Tao, o infindável. Aqui é tal talento de Zorn, e podemos ver os casais de fato bailando, girando alegremente em harmonia, num momento de tamanha diversão, numa festa que ocorre no coração da pista da dança, e não em tediosas alas vip, nas quais tudo é óbvio e maçante – é uma questão de simplicidade, como uma grande travessa da comida no centro de uma mesa, num Sol alimentando todos os planetas de sua família, no poder distributivo do líder de Tao, em grandes homens como Obama, sempre primando pela paz e pela harmonia, um homem que sabe que um presidente tem que governar para todos, e não somente para uma determinada classe social. Os homens aqui vestem chapéus e as mulheres vestem lenços, num ato de pudor e de decência, como na tradição islâmica de proibir que uma mulher saia de casa com os cabelos descobertos, na eterna misoginia que priva a mulher de ser livre. Aqui são como as reuniões de colonos italianos no estado do RS, com a comunidade se reunindo, como nas vibrantes danças alemãs de colonos alemães no mesmo estado do Brasil, em festas como as Oktoberfests, na universalidade da festa e da birita, partindo da cerveja no Antigo Egito até o vinho no Império Romano, no fascínio que o Álcool exerce sobre o Ser Humano, na universalidade que passa pela vodka, pelo rum, pelo saquê etc. Aqui é uma cena de engajamento comunitário, como um clube, como num baile de Carnaval, numa comunidade que se une ao redor de um bem comum, como na universalidade das vindimas italianas, chegando à deslumbrante vindima argentina de Mendoza, uma festa tão grandiosa, no modo como o Vinho ganhou o Mundo, com vinhedos plantados em partes tão diferentes do globo. Aqui remete ao espírito de iniciativa comunitária de um senhor que conheço, o qual organizou, em sua cidade natal, um pomposo baile que celebrava a pujante produção de lã em sua comunidade, sendo o demiurgo de um evento prestigiado pela comunidade inteira, um senhor respeitado, como o senhor meu bisavô Joaquim Pedro Lisboa, o qual é tido com o Pai da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul, em homens grandes, visionários, que trabalham em prol da comunidade, sendo amados por esta. Aqui remete a aulas que tive da dança polca, com dois passos para cá, dois passo para lá, como na divertida dança de plebeus no filmão Titanic, com cerveja acidentalmente derramada sobre uma Rose que nunca tivera um momento tão feliz e divertido em sua vida monótona de menina burguesa. Aqui, o baile é vida, e as artes são vida, num Ser Humano que quer viver um pouco, abandonando uma vida obsessiva de workaholic, sabendo que muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão, parafraseado aqui O Iluminado, em diretores de Cinema que se tornam tamanhos ícones sagrados de tal arte. Aqui, as casas estão vazias e o quintal está cheio, com todos prestigiando tal momento de engajamento comunitário, como na cena final do filmão O Feitiço do Tempo, num baile em que o personagem do deus Bill Murray faz tudo certinho e se liberta da maldição de sempre acordar no mesmo dia, em filmes bons, que resistem à passagem do tempo, como clássicos em rádios FM – arte boa não tem prazo de validade, como peças de Arte tão eternas como a Monalisa, na sofisticação que nos dá o ar de seres civilizados, em obras de Arte livres, nunca agrilhoadas a ideologias, no modo como o artista tem que ser livre, em épocas tão frustrantes como o Regime Militar Brasileiro, quando o artista era escravo de um sistema, assim como em Matrix.

 


Acima, Despertar. Aqui é como no início do famoso romance espírita Violetas na janela, quando o espírito Patrícia desencarna e acorda em uma cama com lençóis suavemente perfumados, sendo observada na penumbra por um espírito, quando Patrícia pergunta a este onde ela mesma estava, e ele lhe disse: “Entre amigos!”. Aqui é como um suntuoso vestido de noiva, na tradição indestrutível da noiva vestir branco, com a diferença cultural em relação aos ciganos, cujas noivas vestem vermelho. Aqui é como uma elegância de bailarina, fina, frágil, sustentando-se cobre frágeis pés, no modo como o Balé fascinava o jornalista brasileiro Paulo Francis, um homem altamente controverso, comprando indisposições com pessoas, numa língua ferina, afiada, no modo eu mesmo, na faculdade, fui apelidado de Gonçalo Francis, pois eu era uma figura controversa e provocante, amado por uns e odiado por outros! Aqui não é uma pose solene num baile, mas um momento desarrumado, com a moça recém acordando, com seus cabelos desajeitados, desalinhados, no modo bagunçado no qual todos acordamos, enfrentando o momento de aprumação, para assim nos prepararmos para a interação social, como uma Evita Perón, a qual levava quase uma hora em frente a um espelho se arrumando, uma mulher esperta que sabia que, na vida pública, a aparência da pessoa é muito importante, como em talento estadistas excepcionais como Elizabeth I, arrumadíssima, conquistando o povo inglês, ao contrário de uma certa senhora da cena política brasileira, uma mulher que, se fosse arrumada, já teria chegado a presidente da república, uma senhora que precisa urgentemente de um design de sobrancelhas, talvez uma mulher que crê que, se arrumar-se, será tida como perua e não será levada a sério, e eu discordo – quanto mais você se arrumar, mais longe chegará. Aqui a luz entra majestosamente no quarto, numa explosão maravilhosa de luz, como numa cena ao final da saga O Senhor dos Anéis, quando Frodo acorda numa cama iluminada por um Sol gentil, na beleza de uma região serrana, como na beleza da Serra Gaúcha, num Sol nobre, entrando elegantemente, numa cena fina, iluminada, maravilhosa, no modo como tal região do Brasil se arruma para encantar o visitante, como no deslumbrante complexo de parques temáticos da cidade americana de Orlando, numa experiência emocionante, conquistando os céticos. Aqui é na cena inicial de Maria Antonieta, quando a menina princesa acorda com as criadas abrindo as cortinas, numa vida confortável, repleta de privilégios, numa época em que a pessoa não tinha controle sobre sua própria vida, tendo que acatar casamentos arranjados, no modo como no Ser Humano faz escolhas nunca visando a felicidade, ao contrário de uma grande amiga minha, a qual casou bem, pois visou a felicidade, ao contrário de tantos e tantos casais que se separam litigiosamente, num “cabo de guerra”, por assim dizer. Os lençóis aqui são como um rio branco, na cor da pureza, na cor dos enfermeiros e médicos, na cor dos espíritas, a cor do vazio, como uma folha em branco, vazia, sedutora, convidativa, sensual em seu vazio prestativo, como num grande largo construído no balneário gaúcho de Capão da Canoa, um espaço vazio que serve ao veranista, com crianças passeando de bicicleta e grandes palcos de shows sendo construídos, no modo como a sensualidade reside precisamente nos espaços vazios, pois estes são úteis, magnéticos, atraentes, como um simples copo, no modo como Tao é isso, o infinito, sempre servindo, na paciência eterna de nosso Pai, no inconcebível poder do infinito, um poder muito, muito além da compreensão humana – jamais findaremos, meu irmão! Uma pequena porção da cama é em azul, como num sangue azul de realeza, nos modos humanos de compreender o Metafísico, no qual somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei Supremo, e fomos todos concebidos em imaculada conceição, como Zeus concebeu a deusa Mulher Maravilha, pois não existem deuses, e sim nossos irmãos depurados, apurados em senso moral, no poder da Verdade. A moça aqui desperta para as tarefas do dia, talvez depois de um pomposo baile, na magia da interação social.

 


Acima, Embaixador David Jayne Hill. A paixão de Zorn por autoridades, e a paixão destes por Zorn, um artista feliz, ainda reconhecido em vida. O embaixador aqui é seríssimo, quase amedrontador, sentindo o peso de responsabilidades, como no início do filme Victoria e Abdul, com a deusa Dame Judy Dench interpretando a célebre monarca, quando esta encara o servente indiano, amedrontando este, com a rainha com cara de um cão raivoso que está prestes a morder, em duas pessoas que acabam virando grandes amigos, no modo como a Vida nos traz sempre chances de fazermos novos amigos, com pessoas das quais nunca vamos nos esquecer, pois um amigo verdadeiro permanece na Eternidade, numa eterna gratidão por tal amizade, na virtude que é a gratidão, algo diferente de amigos fúteis, as “vacas de presépio” as quais não fazem muita falta em nossas vidas, pois um amigão de verdade, ao não ter sentado por décadas para conversar conosco, parece que a última vez em que o vimos foi ontem, no caminho da intimidade, da proximidade, no amor indestrutível que une todos os filhos de Tao, a juventude eterna metafísica onde uma luz divina nos emoldura, abençoando nossos dias de trabalho e produtividade, pois, ao desencarnar, a pessoa se depara com a necessidade de se manter ocupada com algo nobre, no modo como Tao é isso, sempre criando, sempre expandindo o Universo, com supertelescópios tentando desvendar os segredos de tal Cosmos infinito, descabido, excepcional, num Universo no qual as medidas humanas de tempo e espaço nada significam, num Universo sem norte ou sul; sem ontem ou amanhã. A caneta aqui é o falo racional, nas poderosas assinaturas de uma autoridade, no ditado que diz que a caneta é mais poderosa do que a espada, em esforços diplomáticos sempre em nome da Paz, esta força tão subestimada que é a Paz, havendo tal Paz divina no Metafísico, uma vizinhança harmonia na qual ninguém quer enganar ninguém, na certeza de que estamos entre amigos, ao contrário da Terra, o lugar que traz a ilusão de que éticos e antiéticos vivem no mesmo patamar, quando que, na verdade, o honesto e o desonesto vivem em planos muito diferentes. Há um pequeno broche vermelho no terno do embaixador, que é o sangue derramado nas guerras, com irmão matando irmão, nos esforços diplomáticos para evitar ao máximo um conflito, como na escolha de Thatcher em enfrentar a Argentina, num momento em que o diálogo cavalheiresco pereceu, numa cruel declaração de guerra, ceifando as vidas de centenas de jovens combatentes, de ambos os lados, no eterno talento humano para com o ódio e a lâmina da espada, como num agressivo Antigo Egito, anexando imperialmente os reinos vizinhos, numa época em que ninguém em sã consciência desafiava tal poder faraônico, nos impérios ascendendo e descendendo, na dança de vaidades humanas que ignoram o ensinamento cristão de perdão, paz e amor, irmandade, nos esforços eternos dos padres nas missas, sempre nos dizendo do sangue sacrossanto que corre nas veias de todos nós, algo tão pouco compreendido na Terra. Aqui é um momento de siso e sabedoria, num homem que se esforça para manter a Paz, como um leão que atravessa cuidadosamente um rio, como se soubesse que ali há perigo, como num líder conquistando o povo, num líder benevolente, como no revolucionário e extraordinário Papa Francisco, humilde, sábio, primando pela Paz e pela união, crente de que a Humanidade é uma família só, na poderosa universalidade do Ser Humano, em eventos de congregação universal como os Jogos Olímpicos, uma forte prova da universalidade do Ser Humano. O papel em branco é tal vazio magnético, na magnitude de Tao, numa hierarquia elegante, a qual jamais é imposta à força, ao contrário do Ser Humano, sempre impondo tudo do modo mais estúpido e cruel possível, como num insano Napoleão espalhando terror na Europa, com a Família Real Portuguesa atravessando o Oceano Atlântico e buscando refúgio no então selvagem e exótico Brasil Colonial. A luz branda que entra na sala é a iluminação de uma mente sábia, na sabedoria que o passar nos anos traz – juízo, ponderação.

 


Acima, Emma Zorn lendo. Uma cena do cotidiano, como ler o jornal e saber das notícias do dia, como hoje em dia, com os jornais sendo lidos na Internet, na grande Revolução Digital, marcando para sempre a História da Humanidade, assim como as revolução da Agricultura e da Revolução Industrial, resultando nos direitos trabalhistas getulistas, num homem tão poderoso e tão infeliz, ao ponto de não ver sentido na Vida, matando-se, talvez indo ao Umbral, a dimensão dos que cometem a bobagem que é o suicídio, remetendo a um certo rapaz, um homem tão lindo e tão infeliz, matando-se, um desperdício como na metáfora do filmão As Horas, quando um paciente com AIDS se suicida antes de uma festa organizada para este, com os organizadores do evento tendo que jogar fora as comidas que seriam servidas na festa. O branco do jornal é o esclarecimento, na missão jornalística de trazer a informação, em esforços de redação, narrando a notícia da forma mais clara possível. Podemos ouvir aqui o farfalhar das folhas do jornal, como uma Marília Gabriela, a qual se disse “obcecada” por notícias, sempre buscando por mais e mais atualizações, no ato de se sentar em frente a um telejornal, remetendo a um divertido senhor que conheço, o qual, todos os dias, às sete da noite, dá-se ao trabalho de se sentar ao lado do rádio e ouvir A Voz do Brasil, sendo este senhor a única pessoa que conheço que faz isso! A leitura aqui é concentrada, atenciosa, como um bom aluno fazendo uma prova, concentrado nas questões, como num vestibulando, horas debruçado em frente a uma prova, remetendo à minha querida irmã, uma pessoa que desde sempre no colégio foi estudiosa, passando em colocações excelentes nos vestibulares que prestou, nessas pessoas disciplinadas, que vão ao colégio para estudar e não para se divertir, a contrário de mim, um aluno um tanto relapso, repetindo de ano, um estilo de Vida o qual contesto hoje em dia, pois se eu tivesse a oportunidade de cursar novamente o colégio, eu seria mais aplicado nos estudos – quando temos o desejo de passar uma borracha em nossos erros, é porque aprendemos a lição! O anel da moça denota classe social elevada, com o privilégio de usar metais preciosos e pedras preciosas, no discernimento taoista: Quanto mais tesouros tenho, menos seguro estou, remetendo a um tenebroso assalto que sofreu um casal que conheço, o qual colecionava joias preciosas, sendo assaltados brutalmente, como na sina da Coroa Imperial Britânica, a qual, de tão valiosa, simplesmente não pode sair do cofre em hipótese alguma, nem no dia da coração do monarca, nessa obsessão humana pelo material, pelo palpável, na ilusão que é a Matéria, a qual não sobrevive ao Desencarne, no ditado popular: Vão-se os anéis; ficam os dedos. Aqui é este pincel talentoso de Zorn, com a luz iluminando o rosto da modelo, uma pessoa que parece ignorar totalmente o assédio do pintor, talvez sequer percebendo que está servindo de modelo, como num assédio de voyeur, remetendo ao filme Invasão de Privacidade, um filme que, apesar de ter levado várias indicações ao deboche da Framboesa de Ouro, é um filme do qual gosto, apesar de eu saber que é um filme que traz poucas coisas interessantes para dizer – tem gosto para tudo! A mão da modelo é firme, como num monarca guiando numa batalha, como na mão firme de um árbitro de Futebol, com seus cartões amarelos e vermelhos, no ditado popular de que Deus não joga, mas fiscaliza, na figura de poder e autoridade do juiz, impondo ordem e respeito no campo, expulsando um jogador o qual não demonstra lá muito respeito pelo adversário. Aqui é uma cena do lar, de dentro de casa, e não no atelier do artista, no termo carioca “muvuca”, que quer dizer o aconchego do lar, como um casal convivendo dentro da mesma casa, no modo como é necessário que se tenha a paciência para se aturar os defeitos do cônjuge – não é perfeito, mas é meu cônjuge e eu o amo! Aqui é como uma rainha recebendo notícias de seu reino, como uma senhora que conheço, a qual gosta de ler seu jornal e, ao mesmo tempo, tomar o seu breakfast.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 5 de 7)

 

 

Falo pela quinta vez sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Estúdio Idyll. Aqui é uma entrega, numa relação de confiança, com a modelo muito à vontade no estudo de Zorn. Aqui é metalinguagem, pois é césar falando de césar – a arte da Pintura falando sobre a arte da Música, remetendo aos versos de Bossa Nova: “Um cantinho; um violão”. A pose aqui é o erótico sem ser vulgar, como no nu de extremo bom gosto da Playboy brasileira, como na avassaladora primeira Playboy de Adriane Galisteu, alçando esta ao status de estrela, com o Brasil inteiro “babando” com tal ensaio de bom gosto, ao contrário da segunda Playboy de Galisteu, ignorada, no modo como ninguém está por cima o tempo todo, na liquidiscência da Vida, fluindo em altos e baixos, com ondas ascendendo e descendendo – não deixa de ser engraçado. O suporte é de sedutora pele de animal, extremamente suave ao toque, na famosa foto de Monroe nua numa cama de veludo ou seda, como na atitude fina de uma pessoa agradável, deixando-nos confortáveis, tal qual um fino veludo, suave, delicioso, fazendo metáfora com alguém sendo bem tratado e amado, no conforto primordial uterino, no choque que é sair de tal invólucro e vir ao Mundo, no feto respirando pela primeira vez, chorando, num sinal de Vida; num sinal de que nova Vida veio ao Mundo. O nu aqui não é total, e é por isso que é ainda mais provocante, pois a cabeça da modelo está coberta por um lenço, num recato que contrasta com tal nudez de entrega, numa pose quase ginecológica, num Zorn que sabe o limite entre sexy e vulgar, como nos famosos calendários da Pirelli, com modelos nuas em poses de extremo bom gosto, como certa vez Gisele em tal calendário, com um dos seios expostos, mas com o mamilo coberto pela mão da própria modelo, como na pudica Vênus de Botticelli, cobrindo a genitália e um dos seios, no modo como a pessoa tímida é uma pessoa que chama a atenção sobre si mesma, como na contradição de Diana – uma mulher tímida que tanta atenção midiática atraía. O rosto da modelo é ruborizado, talvez tímida, talvez numa época em que modelos nuas em estúdios não eram bem vistas pela Sociedade, no momento do Éden em que a malícia entra em cena e as genitálias são cobertas, na malícia humana, remetendo a uma grande professora que tive no Ensino Fundamental, a qual, ao ver que os aluninhos estavam maliciosos em relação a Sexo, resolveu das aulas de Educação Sexual para varrer tal malícia, pois não canso de dizer: Como Ele pode ter vergonha de algo que Ele mesmo inventou? Aqui é algo bem confortável, numa sensação deliciosa de repouso, e a modelo está deitada, entregue, como se confiasse totalmente no artista, como uma pessoa que conquista nossa confiança, como num psicoterapeuta, a comadre bem paga para a qual nós desabafamos e abrimos todos os cômodos de nossas mentes, na confidencialidade do consultório de Psicologia, na paciência necessária para se aprofundar em tal terapia, até chegar ao ponto do terapeuta ficar íntimo nosso, conhecendo-nos profundamente, como um certo psiquiatra que conheci em Porto Alegre, o qual, em sessão com certos pacientes, tomava com estes um uisquinho, algo inusitado, porém inofensivo, sendo este psiquiatra cheio de senso humor, na máxima popular de que rir é o melhor remédio, na ironia fria dos números, no inconcebível poder da Eternidade, sobre a qual não é possível de se falar – existe poder maior do que o fato de que jamais findaremos? Não é Deus o infinito? Aqui é um momento de repouso, numa pessoa que sabe que, como ser humano, tem que ter pausa e descanso, ao contrário de um publicitário portoalegrense que conheci, um senhor que, certa vez, passou 48 horas sem dormir, só trabalhando, e isso não tem como ser positivo ou saudável – dê-se ao respeito, rapaz! O belo corpo aqui é imaculado, como uma casa com decoração minimalista, clean, onde só há o necessário, num Zorn que parece saber que a sensualidade reside, precisamente, nos espaços vagos, havendo nestes uma força gravitacional, sexy, sempre a serviço do Mundo. A mulher está alheia, olhando para o lado, distraída, mal sentindo a presença do artista ou do espectador. Aqui remete à bela abertura da novela da Globo Barriga de Aluguel, com a mãe dando à luz.

 


Acima, Filhas de Ramón Subercaseaux. Zorn gosta de espaços vagos, como se fosse algo que atrai a visão do espectador, o qual é a razão de qualquer artista – o que é de um popstar sem seus fãs? Aqui é a doce infância, o lúdico, na fase da Vida em que a pessoa ainda não adquiriu juízo, não entendendo termos abstratos como respeito. Aqui são menininhas burguesas com pais que podem bancar o serviço de Zorn, como nas ricas menininhas de Renoir no MASP, nas palavras de uma professora minha de Arte no Ensino Médio: A Arte custa relativamente caro, como no dinheiro para bancar as grandiosas e suntuosas instalações de Christo e Jeanne-Claude, uns dos artistas mais grandiosos e pomposos do Mundo, quiçá os mais pomposos, nessa capacidade da Arte em fazer “cair nosso queixo”, em filmes que causam comoções mundiais, como na comoção de A Lista de Schindler, na mensagem de humanidade versus crueldade, em um filme que tem algo de válido para nos dizer, ao contrário de outros filmes, os quais nada de interessante têm para dizer, dignos do deboche Framboesa de Ouro – Hollywood tem esta doença endêmica, que á a escassez de bons roteiros. Aqui é a simplicidade da criança, no chão, à vontade, numa casa limpa e confortável, em filhos muito bem criados, aprendendo o discernimento entre classe e vulgaridade, em infantes cercados de todos os cuidados, no enorme desafio que é criar filhos e incutir em suas mentes valores nobres, como o respeito ao próximo – é muita responsabilidade. O carpete rubro é o sangue que une as irmãs, nas frequentes brigas entre irmãos, na capacidade da crueldade humana em Caim matando Abel, nas guerras em que irmão mata irmão, como no sensível videoclipe da banda Thirty seconds to Mars, com integrantes escondidos debaixo de armaduras bélicas, tirando tais armaduras, olhando uns para os outros e observando a insanidade que seria uns matarem aos outros, no modo como a Vida precisa de mais sensibilidade, como eu disse ao meu querido avô Ibanez (in memoriam): “Guerra já tem demais no Mundo, vô!”. A brincadeira é o modo interagir com o Mundo, de reconhecer terrenos, num desenvolvimento de psique, como em cursos de Inglês para crianças, tendo que ser um curso divertido, no qual a criança aprende brincando. O carpete vermelho é o interior uterino, o ventre sagrado de Nossa Senhora, na imaculada conceição que a todos nós gerou, pois somos todos deuses, divinos, príncipes feitos de puro espírito, na eterna classe de Tao, dando-nos o presente da Vida Eterna, na figura de esperança do Espírito Santo, no glorioso dia de libertação, como num último dia de aula na escola, no fim do ano letivo, abraçando as doces férias de Verão, num momento de recreio e descanso, para encarar, depois do descanso, um novo trabalho e uma nova missão, na possibilidade de reencarnação, ou seja, voltar para a Terra em nova missão. O centro aqui é incerto, em inevitáveis dúvidas humanas, e Zorn tenta captar crianças inquietas, que não param quietas, algo pertinente às pinceladas impressionistas, furiosas, impetuosas, cheias de vontade de viver. Aqui é o início da imprescindível alfabetização, fazendo de cada professor um degrau importantíssimo na trajetória de uma pessoa, como na palestra de um psiquiatra que assisti, o qual narra o caso de uma pessoa que passou por vários terapeutas, mas só se acertou com o quinto ou sexto terapeuta – o crédito tem que ser dado a todos os médicos pelos quase a pessoa passou, e não apenas ao último médico. Aqui é uma época em que ainda não havia o sedutor televisor, como na minha geração, de quem foi criança dos anos 1980, passando manhãs inteiras vendo programas infantis televisivos, assistindo a excitantes desenhos animados de super-heróis, no desejo infantil de adquirir tais poderes, como voar ou ter superforça. Cada menina aqui está absorvida em seus próprios assuntos, numa considerável diferença de idade, com interesses diferentes, no caminho de crescimento, quando parte da própria criança a iniciativa de guardar os brinquedos num armário, abraçando o início da maturidade sexual.

 


Acima, Frances Cleveland, esposa do presidente Grover Cleveland. Zorn pinta tantos modelos nuas quanto modelos pudicamente vestidas. Aqui é tal paixão de Zorn pelos EUA, o país mais livre e democrático do Mundo, causando inveja a regimes totalitários. Aqui é uma cena de baile, de elegância, no momento em que a menina se desinteressa pelas bonecas e começa a ser seduzida pela vida social, numa mulher que leva muito a sério o se arrumar na hora de vir a público, na competição para ver qual é a mulher mais maravilhosa da noite, na magia de uma mulher com flores no cabelo, exalando fidalgo olor. O vestido aqui traz uma certa ousadia, com o peito exposto, quase apontando o formato dos seios, e com braços descobertos, talvez num vestido Primavera ou Verão, nas virginais debutantes de branco, fazendo metáfora com o sopro de novidade primaveril, numa explosão de vida e beleza, como em certa vez num baile caxiense de debutantes, com as moças chegando a um tradicional e chic clube da cidade, com meninos pobres de Rua na porta do clube, hipnotizados por tanta beleza e privilégio, em lamentáveis abismos sociais, fazendo das classes sociais ilusões, como numa pessoa rica, acostumada em estar cercada de serventes, uma pessoa que desencarna e pergunta: “Onde estão meu serventes?”, num espírito que não entende que os “anéis” de poder mundano no Mundo ficam, na frase que não canso de dizer: Ayrton saiu de cena, pois só com nua humildade se entra no Reino dos Céus, havendo a loucura dos espíritos mundanos, os quais não querem deixar a “prisão” terrena. O cabelo da moça está devidamente arrumado, colocado para cima, num penteado com conceito, na mulher que passa no cabeleireiro para se arrumar no fim de tarde, para ir para casa e vestir o vestido suntuoso, indo finalmente à festa, remetendo a uma doce senhora que conheço, uma relações públicas que adora organizar festas, sabendo do prazer que reside na interação social, como em festas em clubes, fazendo metáfora com as suntuosas e belíssimas festas metafísicas, em eventos terrenos como a Festa da Uva, um momento em que a sociedade se debruça sobre a eternidade plena metafísica, numa rainha jovem para sempre, regendo em sua excelência moral, no poder da verdade sobre as trevas, como no laço mágico da Mulher Maravilha, o qual, ao enlaçar alguém, faz com que este diga somente a verdade, nas palavras sábias da senhora minha mãe: “A mentira tem pernas curtas!”. A moça aqui está extremamente comportada, esperando que um cavalheiro a tire para dançar no baile, na regra social – é sempre o rapaz quem tira a moça para dançar, havendo em certas mulheres a transgressão, como na personagem Olenska em A época da inocência, uma mulher transgressora não muito bem vista pela Sociedade da época, prima de uma mulher mais conservadora, esta, sim, respeitada pelo corpo social, nas sábias palavras deste grande homem que foi o diretor Fabio Barreto: “Uma sociedade só pode evoluir mediante transgressão de alguns de seus indivíduos”. O vestido e a parede formam um continuum cromático, como num esperto camaleão, invisível, discreto, escondendo-se de predadores e ficando imperceptível para presas, numa pessoa com poder de adaptação, como na facilidade de fazer amizades, remetendo a um triste colega que tive no Ensino Fundamental, o qual era um lobo solitário, sem amigos, uma pessoa com muita dificuldade de se entrosar, fazer amigos e estabelecer relacionamentos, um rapaz que, ao ser indagado por uma colega minha, disse a esta: “Não me relaciono com pessoa alguma” – cada um com suas dificuldades. As sobrancelhas aqui são delineadas e disciplinadas, como nas disciplinadas sobrancelhas do famoso busto de Nefertiti, uma mulher plena em sua beleza, transcendendo, uma mulher que, ao parecer de certos egiptólogos, exerceu um governo transitório de alguns anos, num Egito que só podia ser governado por homens, em ícones feministas de figuras femininas que dão uma surra em qualquer marmanjo mal intencionado, no caminho da igualdade de gênero, pois o espírito não tem sexo.

 


Acima, Freya. Aqui temos um nu mais ousado, exibindo mais a genitália, talvez um quadro que tenha causado escândalo e reações adversas na época em que foi pintado. A vagina é como uma caverna que leva a uma gruta, que é o útero, nos versos de uma certa canção brega: “Se você quiser se esconder, eu escondo você”, numa conotação sexual. A mulher aqui está jogada, no termo “jogar-se nas cordas”, como me disse uma certa médium espírita, que disse que Deus quer nos ver lutando, batalhando pela Vida, remetendo à população de Rua, pessoas refratárias que não querem saber de viver em Sociedade, visto que na Vida em Sociedade há regras, como trabalhar/estudar e ter horário para as coisas, num caminho de disciplina, quando que, na situação de Rua, não há pessoas para confrontar tais moradores, numa vida absolutamente desregrada, visto que, em abrigos de assistência social, os moradores de rua são confrontados com a realidade, como se tivessem com os dedos “na tomada elétrica”: Você não pode ficar aqui o dia inteiro assistindo TV; você tem que fazer sua carteira de identidade, tem que ir para a Rua procurar trabalho e tem que se reerguer! Aqui é como uma prostração depressiva, numa pessoa que simplesmente não vê sentido na Vida ou no Mundo, numa pessoa que sequer quer conversar, remetendo a uma senhora que conheço, a qual passou por uma forte crise depressiva, num aspecto psicossomático, quando a pessoa fica fisicamente abatida, mal conseguindo caminhar na Rua, na enorme diferença entre estar triste e estar deprimido – estar de luto é uma coisa; estar deprimido é um fundo de poço na vida da pessoa, num ponto em que a pessoa tem que empreender um esforço enorme para se reerguer, como no roqueiro célebre Axl Rose, o qual, depois de beijar o fundo de poço, está se esforçando para se reerguer, na estrada em turnês da famosa banda, tendo já se apresentado várias vezes no Brasil, nas sábias palavras de Dercy Gonçalves: A Vida é luta! A modelo aqui parece estar adormecida, entorpecida, inconsciente, mal sabendo que está posando nua, nos braços de Morfeu, com os sonhos de significados existenciais, com partes do self psíquico projetadas, fazendo com que as análises de sonhos sejam interpretações semióticas, no aspecto da pessoa se conhecer bem, compreendendo a interação onírica consigo mesma. O cômodo escurecido serve para destacar o alvo corpo da mulher, num jogo quase barroco de claro e escuro, no básico e fácil discernimento taoista – quando digo que algo é masculino, é porque conheço o oposto, que é feminino, na eterna ironia dialético em que tudo traz em si sua própria contradição, no jogo de sedução entre razão masculina e loucura feminina, como nos versos de uma certa canção de Chico Buarque, na qual o homem sério e sisudo, que sai de casa para trabalhar, é provocado pelo vaivém das ancas da mulher sensual na Rua, na sedução do Éden, quando Eva convence Adão a provar da maldita maçã, como na maçã envenenada de Branca de Neve, na vitória do Amor sobre o Mal, havendo na vilã rainha o quadro de profunda inveja, na obsessão mundana em se obter poder, no modo como a Sociedade cobra do homem o sucesso e o êxito, ao contrário da mulher, à qual é permitido ser uma anônima dona de casa, mãe e esposa, sempre vivendo na sombra de um homem – é assim que as meninas são criadas, sendo malvista a mulher independente e bem sucedida. Os seios são opulentos, fartos, cheios de leite, numa cadelinha amamentando, na dedicação maternal, passando até por um quadro de desnutrição para amamentar as crias, na sabedoria popular de que ser mãe é padecer no paraíso! Aqui é uma entrega, numa pessoa rendida, no termo “abrir as pernas”, como uma pessoa que, sem dignidade e sem autorrespeito, topa ser “puta pobre”, com o perdão do termo chulo, como uma mulher que concorda em ser uma mera amante, uma fulaninha qualquer de um homem casado, no caminho que vai contra a depuração moral: Se é para ser uma mera número dois, então é melhor ficar sozinha! Os seios são macios e não fazem resistência, ao contrário dos duros silicones, num aspecto não muito natural.

 


Acima, Garotas de Dalarna tomando banho. Uma cena de intimidade, num Zorn aqui como um intruso curioso, como um voyeur, o qual busca por um exibicionista. Aqui é como na intimidade de um séquito de íntimas aias, como no séquito de Elizabeth I, num momento de relaxamento no qual a rainha não precisava se aprumar, ao contrário da hora de vir a público, numa rainha que levava extremamente a sério o se arrumar na hora de vir a público, sabendo que uma aparência majestosa conquista a confiança do povo, como um certo senhor sociopata, o qual conseguiu se eleger presidente por que tinha uma aparência acima de qualquer suspeita, sendo posteriormente deposto, numa espécie de máscara caindo. As moças estão à vontade estando nuas na frente das outras, ao contrário de uma mulher homossexual extremamente masculina, não gostando de tirar a roupa na frente das outras pessoas por não se identificar com seu próprio corpo feminino, como seios, vulva etc., uma mulher gay que acha um saco ter que menstruar e usar absorvente íntimo, chegando ao ponto da transexualidade, quando a pessoa quer, com todas as suas forças, pertencer ao sexo oposto. Podemos ouvir aqui o delicioso ruído aquoso, como nesses corpos fluidios e aquosos, como em uma cena de dois rapazes gays no seriadão Sex and the city, os quais, ao apalparem os seios da personagem Samantha, a vagabunda, com o perdão do termo chulo, admiraram-se com a maciez dos seios femininos, remetendo às jogadoras de Futebol, protegendo os seios na hora de fazer uma barreira numa cobrança. Aqui é um delicioso banho quente, no prazer de se deitar numa banheira quentinha, uterina, agradável, algo longe do honesto banho de ducha, o qual nos lava perfeitamente, mas o qual não tem lá muito glamour, no modo como lamento o fato de que em todos os lugares em que morei até hoje em minha vida, nenhum destes tinha banheira... Os corpos estão úmidos e lustrosos, banhados, remetendo a um majestoso comercial televisivo do perfume francês da Dior, o J’adore, com a estrelíssima Charlize Theron, toda nua, emergindo de águas brandas como uma Vênus sendo revelada ao Mundo, na explosão de uma Gisele, a menina comum, de sangue comum, que se tornou a princesa do Brasil, uma mulher que sabe que, se parar de trabalhar, virará “peça de museu”, em carreiras longevas como a de Madonna, sobrevivendo há décadas no complicado cenário da celebrização mundial, numa capacidade de sobrevivência, como baratas sobrevivendo a hecatombes nucleares. Aqui paira no ar um perfume, no fabuloso ritual de renovação que é um banho, remetendo ao limpíssimo povo baiano, o qual se banha de duas a três vezes por dia, ao contrário de outros lugares, no qual o padrão é um banho diário, nesse país amigo chamado Bahia, um Éden para quem gosta de estudar História do Brasil, sendo a primeira capital brasileira, uma terra abençoada na qual nunca faz calor extremo. Aqui é o aspecto civilizatório de limpeza e higiene, ao contrário do insalubre Egito Antigo, no qual a mortalidade infantil era alta e a expectativa de vida era baixa, na dificuldade de um faraó em, com seu numeroso harém, colocar no Mundo um herdeiro varão que chegasse à idade adulta. Aqui temos esta pincelada impecável de Zorn, com a branca luz difusa entrando no cômodo e iluminando as lindas modelos, no modo grego de observar a beleza do corpo humano, na explosão renascentista de da Vinci, um artista talentoso o qual atraía muita inveja na competitiva Florença, na vitória do talento sobre a mediocridade, como no célebre mestre professor gaúcho Tatata Pimentel, o qual só respeitava a inteligência de alunos excepcionais, chamados estes de “elite” , num homem que detectava o provincianismo tolo. A modelo na banheira está molhada, com pinceladas brancas que mostram tal aspecto úmido, na fantasia sexual de um homem heterossexual, achando sexy, muito sexy duas mulheres transando, mas como ouvi de uma certa moça homossexual, a qual disse que tais filmes pornôs de mulheres transando pouco corresponde à realidade do sexo lésbico de fato.

 


Acima, Garota tricotando. Aqui é um quadro de paciência e dedicação, como na imagem da Nossa Senhora Desatadora de Nós, debruçando-se pacientemente sobre a missão de desatar. Aqui é o poder transformador das mãos humanas, no diferencial humano que é ter polegares opostos, possibilitando tal manuseio e atividade. Aqui é o momento do funcionário na fábrica, abraçando as tarefas do dia, como numa indústria química de minha família, a Veronese, de portas abertas desde o ano de 1911, com vários funcionários, cada um com sua função numa complicada esteira de produção, num processo complicado análogo à produção de um carro. Aqui é como uma carinhosa mãe ou avó, tricotando meias de lã para os filhos e netos, nos zelos de cuidado, no “choque térmico” que é a pessoa sair de casa e ir morar sozinha, sentindo falta dos zelos maternos, num processo de “desmame”. Aqui é como o tear, no trabalho de costureira e tecelã, na universalidade das roupas e do estilo, como na sedução que a seda chinesa causou na Europa, com tecidos finos e muito caros, acessíveis só às elites europeias, como na alta corte de Versalhes, uma vida de luxos e privilégios que contrastava com os flagelos do povo francês, num rei que acabou deposto, assim como no rompimento comunista que fuzilou a família real russa, como no golpe que destituiu Isabel do Brasil, fazendo esta se exilar na Europa, na dança de cadeiras do poder, sempre o poder, em homens de caráter corrompido, embriagados pelo poder, em déspotas homofóbicos como Putin, travando a infame guerra contra a Ucrânia, num ditador condenado pela Comunidade Internacional, com apelos de paz feitos pelo Papa. O tricô de lã vermelha é vibrante, sangrento, no apelo vibrante de tal cor, na sedução de uma mulher de vermelho, como uma certa feiticeira que vi certa vez em Porto Alegre, uma mulher de vermelho com uma energia bela e estonteante, na beleza eterna de uma relva fresca e verde, nessas pessoas especialíssimas, que nos deixam energizados, com a sensação de uma energia elétrica na espinha, em casos raros, de pessoas excepcionais e vibrantes, como uma certa cigana certa vez, a qual me deixou com essa maravilhosa sensação de energia na espinha dorsal – é maravilhoso. Aqui é um canto de labor, num pequeno estúdio, como minha falecida e querida avó Carmen, por parte de mãe, a qual, à tarde, depois de uma manhã mantendo a casa em ordem e cozinhando, tirava tal etapa do dia para costurar, no modo como me tricotou certa vez um cachecol de lã amarelo, numa avó tão amorosa e sensível, a qual vive plena e luminosa no glorioso Plano Metafísico, a dimensão da juventude eterna e do labor dignificante, na ironia de que, depois de desencarnado, o indivíduo se depara com a necessidade de fazer algum trabalho, na grande construção da carreira espiritual, na qual nenhum trabalho é em vão. A luz vem de cima e ilumina o trabalho manual. É como na luz divina que se sente ao se receber o passe espírita, numa amorosa pessoa irmã nos passando tal energia boa e reconfortante, nessas pessoas maravilhosas que trabalham nos centros espíritas, uma função bloqueada para os sociopatas, os quais nada mais querem do que vantagens mundanas – é um horror. Aqui é um quadro solitário, num labor solitário, nos versos de uma certa canção pop recente: “O caminho é solitário”. É como numa estrada solitária, na necessidade da pessoa em ter momentos a sós, consigo mesma, desligando-se um pouco do Mundo, ao contrário de um casamento mal sucedido que conheci, no qual ela foi trabalhar na firma dele, algo que então sobrecarregou o relacionamento, pois casa e trabalho são esferas diferentes. Aqui é como em uma certa abertura do programa televisivo de culinária de Rodrigo Hilbert, quando o homem aparecia fazendo tricô, numa pessoa entrando em contato consigo mesma: Se sou basicamente Yin, tenho que desenvolver meu Yang; se sou basicamente Yang, tenho que desenvolver meu Yin, até chegar ao ponto da pessoa não projetar em outrem partes de si mesma. Aqui é o fato de como não pode faltar trabalho, como um longevo Paul MacCartney, um oitentão em plena atividade, fazendo shows de mais de duas horas de duração.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.