quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Recesso

 O blog está de férias e retorna entre fevereiro e março de 2022. Bom Natal! Bom Réveillon! Bom Verão!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Adoro Doran (Parte 11 de 11)

 

 

Falo pela última vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). As ciclovias numa cidade de pedra e poluição, dando alternativas de saúde ao cidadão, num prefeito que pensa no povo, ou seja, num líder de compaixão, que se coloca nos sapatos de outrem, ao contrário de um certo senhor, o qual, em arrogância, pouco ouvia as pessoas da própria cidade. Aqui é uma certa competição por espaço, em urbes populosas, como no número de pessoas espremidas numa ilha de Manhattan. Essa competição me remete a um evento ao qual compareci, com três ou quatro senhores fotógrafos simplesmente acotovelando-se para tirar as fotos, em uma cena um tanto degradante, mas é a competitividade, numa agressividade, como nos esportes, sempre vendo quem é o melhor e quem é digno de uma taça, que é o receptáculo feminino, sendo conferindo ao homem que tem mais Yang no torneio, o macho alfa, como numa religião que promete a um homem mulheres virgens no pós vida, no Céu. É a moça bonita na plateia, sempre coadjuvante, sendo do toureiro o protagonismo, no Homem sempre sendo a primeira e prima obra de Deus, Adão, fazendo de Eva um arremedo para uma utilidade, que é a procriação, ou seja, fazendo da mulher uma escrava, como uma prima minha, uma menina bela de olhos azuis, a qual, ao viajar para um país patriarcal oriental, foi assediada por um senhor, o qual propôs casamento ao pai de minha prima, ou seja, arranjos que pouco se importam com a felicidade da mulher, fazendo desta um instrumento, uma ferramenta, num senhor que queria misturar seu próprio sangue com sangue de imigrante italiano. O fundo aqui é discreto, numa cor sóbria. As rodas das bicicletas são a passagem do tempo, no modo como as marés do tempo vão levando certas coisas embora, como traumas e decepções, nas palavras de Barbra: “É possível sobreviver aos desapontamentos da Vida”. Aqui é um corpo saudável, fazendo aquilo para o qual foi feito, que é se mover e se exercitar, na campanha da então primeira dama americana Michelle Obama, com o slogan “Vamos nos mover!”, num empenho para diminuir os índices de obesidade infantil no país. São doces memórias de infância, com os amigos no verão se reunindo para pedalar pelas ruas de alguma praia de veraneio. As rodas aqui são como mandalas, ou relógios marcando a passagem das estações, numa angulação que vai de zero a 360 graus, retornando ao ponto inicial, como no retorno ao lar metafísico, o Lar para o qual todos retornaremos, fazendo da Terra um lugar de passagem, mas um lugar que devemos amar e cuidar, como num cidadão que não joga lixo na calçada ou na areia na beira da praia, como nas fotos de uma atriz carioca certa vez, com a mulher que, na beira da praia do Rio de Janeiro, ficava indignada e catava da areia objetos descartados como espigas de milho e latas de cerveja, no modo como é tão repulsiva uma praia cheia de tocos de cigarro pela areia, pois temos que dar voz aos ecologistas, nesse problema que é o descarte de lixo, um problema que não existe a nível metafísico, fazendo com que uma cidade material se pareça ao máximo com as cidades apolíneas metafísicas, na busca humana por elevação espiritual. Aqui vemos uma igualdade entre os gêneros, e tanto eles quanto elas pedalam de forma igual, no modo como o espírito não tem sexo, como os anjos, os quais são espíritos desencarnados, de alto apuro moral, sempre guiando os humanos pela jornada destes pelos meandros desafiadores da Terra, a terra de Eva. Aqui é como uma estampa, no aconselhamento de estilistas para que nunca vistamos duas peças de roupa que sejam estampadas, evitando o excesso e primando pela harmonia cromática, numa pessoa que, ao desenvolver estilo próprio, fica imune aos apelos consumistas de lojas caras – quando a simplicidade de Tao se perde, a confusão reina. Aqui vemos uma concórdia, com pessoa rumando pela mesma direção, numa harmonia, como alunos aplicados passando de ano, encarando uma nova bateria de desafios, no poder imprescindível da Intelectualidade, sempre exigindo que usemos aquilo que nos foi dado, que é a Razão.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Companheiros de jornada, de caminhada, nos esforços dos padres nas missas, sempre nos dizendo que somos companheiros, iguais, irmãos. O sociopata está o tempo todo em busca de vantagens em relação aos seus companheiros de caminhada, sempre querendo vantagens, no modo como deve ser insuportável ao sociopata ser socialmente oprimido, sendo pobre, negro ou homossexual, num sociopata em cujo coração não há lugar para qualquer pitada de Amor, pois o sociopata considera Tao uma piada, rindo como um idiota, um idiota de baixo apuro moral, uma pessoa que está lá, na rabeira da fila de apuro moral. O céu aqui é limpíssimo, na sedução do vibrante sol californiano, na terra das ilusões a qual os tolos acreditam ser um lugar perfeito, sem as vicissitudes das cidades terrenas. Podemos ouvir aqui os fortes ruídos, sendo um desafio a um passageiro conseguir dormir dentro de um avião à noite. Aqui também pode ser uma competição, como numa linda corrida de Fórmula 1, nas gerações de brasileiros que ouviam a célebre música da vitória de Senna, um dos brasileiros mais notáveis da História do Brasil, como na famosa capa da revista Veja com uma Gisele indiscutivelmente despontando: “Depois de Pelé e Senna, agora é Gisele”, sendo um grande desafio a pessoa se manter humilde e modesta, com os pés no chão, pois o humilde vai longe, pois nunca é prisioneiro de seu próprio sucesso, e o sucesso é algo complicado, pois todos trabalham visando obtê-lo, e quem não obtém, frustra-se; quem obtém, adquire um problema, como pressões, numa Whitney Houston ou um Michael Jackson, com brilhos tão vertiginosos que acabam escravizando a pessoa bem sucedida. É o sumo desafio da humildade, numa Gisele pés no chão, dizendo aos fãs num set de filmagem de comercial de TV: “Desculpa, gente, mas tenho que trabalhar”, no poder do Labor, a única coisa que dá dignidade a uma pessoa – como pode se realizar alguém improdutivo? Não é o trabalho algo que faz com que a pessoa erga a cabeça e seja digna? Aqui é a ironia de que os aviões têm formato fálico, como caralhos voadores, com o perdão do termo chulo, na imposição masculina de poder, como no falo do Código de Hamurabi, na verdade, a vera, a vara do obelisco que traz a liberdade conferida pela verdade, pois como pode ser meu amigo uma pessoa que quer me enganar e ludibriar? Não é a palavra de um homem o maior patrimônio deste mesmo homem? Aqui é a séria responsabilidade de um piloto, com centenas de vidas em suas mãos, num piloto covardemente rendido nos atentados de 11 de Setembro, uma das provas de como a crueldade é uma especialidade humana – imagina-se em que estado fica a consciência de uma pessoa que detonou as bombas atômicas no Japão, sentindo-se responsável por tanta morte e sofrimento, em sequelas inevitáveis, sequelas que só poderão ser lentamente curadas após o desencarne, o glorioso dia de libertação – vamos em frente, gente! Aqui há corpos mais próximos e corpos mais distantes, na infinitude do Cosmos, com galáxias cuja luz sequer chegou até o telescópio na Terra, num Universo que, de tão vasto, não traz serventia em catalogar todas as estrelas que existem. Os aviões aqui estão bem estáveis, tranquilos, como na consciência de uma pessoa que foi desenvolvendo apuro moral, adquirindo, assim, Paz em seus dias na Terra, ensinando ao Mundo que Tao nada tem a ver com guerras, como num líder que rege sob a luz de Tao, jamais recomendando violência. Neste claro dia, vemos ao longe, como num paciente de Psicoterapia, o qual, depois de inúmeras sessões, recebe a alta do terapeuta, observando a si mesmo, sem projeções. Aqui é como pessoas que vão longe no horizonte, pessoas que, tendo sido subestimadas, tomam todos de surpresa, como Jô Soares, o qual, sepultando a carreira de humorista, surpreendeu a todos tornando-se o monstro entrevistador que se tornou. E Tao vai assim, invisível, subestimado, tornado-se a cola invisível que une toda a Grande Família Metafísica, à qual todos pertencemos em indestrutível dignidade e beleza.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). O paraíso que eram as Américas antes da agressiva chegada do homem branco europeu, com indígenas que foram massacrados pela eterna sede humana por mais e mais poder, como nas calçadas de Caxias do Sul, com descendentes miseráveis de indígenas, pedindo moedinhas na Rua, com crianças pequenas, passando privações da miséria.  É o modo como tantas coisas levam nomes indígenas, como ruas, talvez numa forma de desculpas por tais massacres, com seres humanos que são tão Homo sapiens quanto o europeu, ou seja, não se trata de uma raça inferior, equivalente ao absurdo de dizer que dobermann é um cachorro de segunda categoria. Aqui é um paraíso, como no final do filme Contato, numa experiência interdimensional, dando uma amostrinha da glória de desencarnados que nos espera depois de tal dura encarnação, como no redentor último dia de aula, com alunos passando de ano, crescendo e mergulhando em deliciosas férias, na metáfora do nome de um clube caxiense, o Recreio da Juventude, num lugar onde os espíritos felizes descansam e recarregam energias, com espíritos jovens para sempre, muito longe das influências da Matéria, que nos fazem envelhecer, num espírito desencarnado que adquire a forma que quiser, como uma mulher que, na Terra, não era muito bela, mas a “borboleta” sai do casulo e tal mulher, no mundo real, o espiritual, que é o mundo dos desencarnados, é uma mulher absolutamente belíssima, no caminho da autoestima, do se sentir sexy e saudável, no modo como tudo na Dimensão Material gira em torno de Saúde e bem estar, na alta dignidade dos médicos, das pessoas da Medicina, no modo como o Espiritismo é amigo da Ciência, da fria luz da razão, no Yang que liberta e abrevia sofrimentos, acompanhado do Yin, ou seja, por mais evoluído que seja um de nossos irmãos, os arcanjos, eles sempre nos amarão como irmãos, desejando que cresçamos e atinjamos o ápice da Depuração Moral, que é a suprema felicidade – qualquer sociopata, de carência moral, tem um futuro de depuração e aperfeiçoamento, visto que tudo é processo, ou seja, tudo vai de encontro a Tao, a razão de tudo. Aqui as ondas da orla respiram sensualmente, ascendendo e descendendo, como nos egos mundanos, de líderes em insana fome do Poder, como Napoleão, uma pessoa que, tendo suas atitudes analisadas e desconstruídas, não apresenta lógica, no caminho insano da ambição, num rei que definitivamente não tem Paz em seus dias na Terra, pois como posso ter Paz se estou o tempo todo cobiçando o gramado do vizinho? O Anel do Poder, de Tolkien, não é uma grande metáfora por esta sede insana humana por Poder? Não tem o Anel o poder de corromper os homens mais nobres? E o Umbral é assim, absolutamente desprovido de paz ou reconforto, num espírito que vaga imundo como um mendigo, sem noção de tempo ou espaço, perdido, desnorteado, reduzindo a um estado deprimente, muito longe dos egos dourados de reis tiranos, cercados de palácios e privilégios mundanos. Aqui, aves exóticas exercem seu encanto, na flora e na fauna das Américas, numa vastidão de biodiversidade, numa esfera tão única, num sistema solar nosso tão inóspito e pobre de Vida. Aqui, deliciosos cocos caem na areia, propagando seus sabores maravilhosos, como uma manga indiana, trazida de navio à rainha Victoria, no fascínio exótico de terras distantes, hipnotizando o homem europeu, como o homem londrino, em sua cidade fria, cinzenta e de um Sol tão opaco, diferente dos esplendores tropicais e dos tambores africanos que tanto influenciaram nos ritmos, na farta herança afro em ritmos americanos, como o Funk, num EUA tão ricos em cultura negra, tão atacada pela segregação racial em um país que se diz o baluarte democrático de igualdade entre os cidadãos... Aqui é um cenário de Paz, numa pessoa que está contente consigo mesma, encontrando quietude em seu cotidiano, no modo como o bom líder jamais deve interferir e tamanho dia a dia pacato, dando aos súditos um exemplo de serenidade.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Este colorido e alegre quadro dá água na boca de qualquer um que curte um vinho ou espumante. A rolha é a tradição, o costume, na conservadora personagem inglesa de Maggie Smith no seriado Dowton Abbey, dizendo a uma americana: “Vocês americanos não conhecem o valor da tradição!”, numa Inglaterra que se debate entre moderno e tradicional, na forte tradição monárquica, com inacreditável pompa no dia de posse de um monarca inglês, num país que produz, por exemplo, uma cultura tão moderna e cosmopolita como a Música Eletrônica, como se quisesse “ameaçar” o siso da Família Real Inglesa, no modo como todos temos dois olhos – um moderno e um tradicional, remetendo-me a um senhor que me disse recentemente que acha abominável a famosa pirâmide de vidro do Louvre, na junção do Moderno com o Tradicional, como na “agressão” formidável da Pintura Moderna Brasileira, desafiando jovialmente tantos séculos de Arte Acadêmica, no modo como o Antigo Egito, por milênios, manteve-se tradicional e apegado a antigos paradigma de beleza, como nas formas de rostos em perfil, havendo a transgressão do inédito realismo da Arte do governo Aquenáton, o faraó que, ao desafiar tantos séculos de imutável tradição, foi considerado maldito, só sendo descoberto por arqueólogos há pouco, num faraó que se tornou um indivíduo pensante e desafiador, acusado de “louco” por seus contemporâneos. Este estilo de sacarrolha lembra uma pessoa de braços abertos e voando, no doce efeito de estar moderadamente embriagado, como num homem que, chegado o final de um dia de labor, faz um happy hour com a gravata afrouxada, tomando cerveja com amigos. Doran foi muito feliz aqui em tal esplendor cromático, numa alegria, como num colorido salão de Carnaval, com os coloridos confetes fazendo uma adorável bagunça, resultando ao pobre faxineiro a tarefa de limpar o salão depois deste breve momento de euforia – você acorda no dia seguinte e a Vida continua em toda a sua seriedade de Quarta-Feira de Cinzas. Então, neste quadro, a tradicionalíssima champanha francesa, a Veuve Cliquot, exerce seu fascínio e chega aos supermercados brasileiros a seiscentos reais a tradicional garrafa de 750 ml, remetendo a um divertido episódio envolvendo meu falecido cunhado, com este colocando uma VC no compartimento de congelador da geladeira, para gelar mais rapidinho, com o meu cunhado se esquecendo do fato, fazendo com que a garrafa simplesmente explodisse no congelador! Então, a moderna tampa rosca se impõe sobre tal cenário tradicionalista, prática e fácil como abrir uma garrafa pet de Coca-Cola, numa rosca que faz com que a garrafa possa ser armazenada em qualquer posição, diferentemente da garrafa com rolha de cortiça, uma garrafa que precisa obrigatoriamente ser armazenada na posição horizontal, pois, a cortiça, em contato com o líquido, incha e, assim, veda a entrada de oxigênio da garrafa, impedindo o vinho de virar vinagre. Aqui ouvimos o barulho da rolha sendo sacada, numa ocasião especial, como numa virada de ano, na universalidade da birita, do trago, como o saquê japonês e a vodka russa, no modo como tudo em excesso é prejudicial, no slogan de bebidas alcoólicas: “Beba com sabedoria”, na sabedoria moderada de Tao: cavalgar nos campos é delicioso, mas vai enlouquecer você se você cavalgar demais! A rolha sendo sacada é a liberdade, como no advento da idade, fazendo com que a pessoa abandone certas limitações de juventude, como uma amiga minha quarentona, dizendo a mim, de idade similar à dela: “Estamos chegando numa idade maravilhosa, que é a idade do ‘foda-se’”, com o perdão do termo chulo, nas palavras sóbrias, que dizem que a idade vai nos libertando. Aqui é uma pujança industrial, como no vibrante Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, RS, com intermináveis levas de turistas fazendo compras nas grandes vinícolas, com opções glamorosas de hospedagem, entrando em harmonia com a excelência turística gramadense, na sedução do grande e adorável reino da Serra Gaúcha.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Um cenário de cultivo, paciência, esperando que a terra faça o seu trabalho de fazer com que a lavoura cresça e produza os preciosos frutos agrícolas, na dureza inicial da vida do imigrante italiano no RS, deparando-se com o lote devoluto, virgem, selvagem em seu mato alto, num paciente e árduo trabalho de limpeza, para preparar a terra para o cultivo, num imigrante que passou perto de passar fome, gerando, como herança cultural, o sonho gastronômico de imigrante, que era uma mesa de galeteria, farta e farta, com muita carne, massa, vinho, polenta etc. Aqui é uma paz bucólica, campestre, no bálsamo para os ouvidos que é o silêncio de locais distantes da loucura urbana barulhenta, num silêncio acolhedor, pacífico, sóbrio, maravilhoso. Aqui é uma terra próspera, onde tudo que se planta dá certo, longe de pragas, como o joio entremeando e amaldiçoando o trigo, no modo como só recentemente o agricultor teve acesso a armas químicas para evitar tais perdas nas lavouras e vinhedos. Aqui é um hábito vegano, consumindo só os frutos da terra, rechaçando, por exemplo, produtos que levem leite de vaca ou búfala, numa escolha de vida, numa opção, como numa Xuxa Meneghel, a qual disse que recentemente se tornou vegana. Vemos aqui discretas joaninhas, belas, no termo em Inglês “lady bug”, ou seja, “inseto dama”, na força da Vida em propriedades rurais. As folhas desses repolhos, por assim dizer, têm nervos, seiva, dutos de alimentação, como numa dona de casa zelosa, abastecendo a casa com supermercado, no choque de uma pessoa que, depois de morar a vida inteira com sua própria mãe, sai de casa para morar sozinha, sentindo tanta falta do zelo materno! Esses dutos são como circuitos de computador, de produtos eletrônicos, como se fossem artérias digitalizadas, como na morte do corpo físico, na pessoa desencarnada se deparando com a maravilhosa simplicidade metafísica, a qual que tudo o que exige é que nos mantenhamos produtivos, pois que esperança há fora do Trabalho? Aqui é como uma selva abundante, repleta de alimentos para os animais herbívoros, na generosidade de Tao, um pai provedor que nunca deixou algo faltar aos filhos, no desafio que é uma pessoa se tornar pai ou mãe, deparando-se com as intermináveis carências de uma criança, com noites em claro por causa do choro incessante do bebê, no peso da responsabilidade, como uma colega que tive, a qual engravidou na adolescência, tendo aprender “na marra” a ter juízo, como na rainha Elizabeth II, a qual aprender “na marra” a ter majestade respeitável, no famoso episódio em que a monarca teve que ser humilde para enfrentar o momento do desencarne de Diana, a princesa de popularidade vertiginosa. Aqui tudo parece estar em Paz, e a terra está lavrada e “domesticada” para o uso da civilização, no modo como, já li de um respeitado escritor, a Agricultura acabou trazendo um incremento de trabalho à Humanidade, como nos esforços egípcios em cultivar a terra após esta ser banhada pela fertilizante cheia sazonal do Nilo. Aqui é como um cabelo penteado, arrumado e disciplinado, no modo como não há esperança aos que não adquirem disciplina, ou seja, sem esperança aos que vivem “ao sabor do vento”, que vão reencarnar um contexto árduo e duro, adquirindo, assim, tal imprescindível disciplina, pois que Vida é esta sem metas, sem fazer com que eu mostre ao Mundo minha inteligência? Bem ao fundo vemos uma casa, pacífica, como no lar de um padre, com um dia a dia tranquilo, como num produtivo dia a dia de Chico Xavier, iniciando os trabalhos do dia para trazer acalento aos que sofriam com a perda de entes queridos, num Chico de imensa humildade, a sábia humildade que impede que a pessoa humilde sofra. A casa é o porto seguro, a referência, no modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, e a Eternidade é tempo para a resolução de qualquer briga de família – só a Paz é eterna.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Uma prancha de surfe fluindo como um peixe, num esporte tão exótico que ganhou o Mundo, gerando até termos como a Surf Music. A prancha é desbravadora, como se cortasse as ondas, numa deliciosa sensação de plainar, numa sensação onírica em que a pessoa se sente leve como o vento. É o tesão do surfista, ficando decepcionado e prostrado frente a um mar tranquilo e sem ondas, num espírito de desafio, como num curso universitário, repleto de desafios que acabam por fazer com que o aluno cresça e dê orgulho ao professor, naqueles professores que nos dão a sensação de que a mensalidade é barata – não são todos os mestres que se destacam na mente do aluno. Aqui, nesta prancha, vemos a sedução do Mar, com seus frutos deliciosos, como numa exímia cozinheira que conheci, a qual fazia peixe vermelho, lagosta e bobó de camarão de se cair o queixo, no prazer de uma refeição bem feita, no ditado: “Barriga cheia, coração contente!”. Aqui é como entrar num restaurante de sushi, com o odor de Mar pairando no estabelecimento, no modo como, há tempos atrás, ninguém adivinhava que o sushi se tornaria tamanha vogue gastronômica mundial, numa onda que lavou o Mundo, no fascínio de se provar comidas de partes distantes do Mundo, fazendo com que viajemos sem sair do restaurante. Aqui é o trabalho de descamar um peixe, preparando o fruto do Mar, no personagem monstruoso Gollum, de Tolkien, comendo peixes crus, ainda vivos, em redes de pescadores em altomar, tirando o sustento das entranhas de Iemanjá, aquela que abençoa as redes de pescadores, como no milagre cristão da multiplicação dos peixes, num reino farto e próspero, como num Canadá, tão limpo e organizado, numa invejável qualidade de Vida, tendo tanto a ensinar a países mais pobres e problemáticos. Aqui a rodela de limão é tal tempero de chef, no prazer de se assistir programas de Culinária, com mãos milagrosas fazendo coisas saborosas, em supercelebridades como Jamie Oliver, um homem que, definitivamente, não tem medo de arregaçar as mangas e trabalhar, como no tesão de se trabalhar numa firma que remunera muito bem seus funcionários, no modo como, ao andar de táxi, faço questão de dar uma gorjeta gorda ao taxista, numa categoria que tanto tem que ralar para ganhar o seu – há virtude na generosidade, como numa estrela no centro de um sistema solar, provendo toda a “família” de planetas. Vemos aqui um cálice de vinho, num acompanhamento, numa bebida tão digestiva, tradicional ao ponto de ter sido servida da Última Ceia, transformando-se no sangue de Jesus, na canção “Vamos comer Caetano”, no sentido da obra, ou seja, debruçar-se sobre tal legado, analisando as palavras sábias de um homem pobre que nunca teve acesso a estudo e, ainda assim, tornou-se a maior mente da História da Humanidade. O fundo aqui é de um azul marinho, no modo como a Terra, do espaço, é tão azul, fazendo com que as águas marítimas sejam uma mera “película” de apenas alguns quilômetros de espessura, mas mares que cobrem a maior parte da crosta terrestre – o que é a Vida, afinal? Não seria um tesouro, um privilégio a Terra ser tão rica em Vida? Neste quadro, neste restaurante, sentimo-nos como baleias devorando cardumes, no hábito mais primevo de todos, que é a alimentação. É como um professor que tive, o qual, quando adolescente, queria ser ratão de praia em Florianópolis, frustrando-se com a chegada do Inverno e com o esvaziamento invernal das praias da linda ilha – não existe fugir da Vida. Aqui é um buffet, como nos privilégio de atores estelares, os quais podem se dar ao luxo de escolher o que fazer, ao contrário de um ator fodido, com o perdão do termo chulo, um ator que tem que agradecer a Deus quando ALGUM papel cai em suas mãos, na linha divisória entre pessoas comuns e pessoas estelares, uma linha bem mundana. O cálice de vinho aqui é como o coração da refeição, naquilo que dá graça à mesa, no simples banquete de vinho com pão, não me cansando de repetir as palavras de da Vinci: “A simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação”.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Adoro Doran (Parte 10 de 11)

 

 

Falo pela décima e penúltima vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Aqui é foco e concentração, remetendo a um videogame, essa febre que iniciou nos anos 1980 com o célebre Atari, na década em que o Japão começou a se tornar o gigante econômico que é – e um anão político! É o modo como os games podem ser viciantes, ao ponto da pessoa ficar muito tempo do dia plugada, ainda mais em hoje em dia com a Internet, possibilitando que pessoas joguem juntas estando uma em cada canto do Mundo, no modo como esta meninada, que nasceu nos anos 2000, mal faz ideia do que foi a Era Analógica e o que foram os games como Pacman e Pitfall, ou o game dos Goonies, baseado no filme febre sobre a aventura de um grupo de crianças, havendo para a minha geração, que nasceu entre os anos 1970 e 1980, uma grande e profunda memória afetiva por tal época. Aqui podemos ouvir o som da explosão, no modo como deve ter sido terrível para os novaiorquinos que testemunharam o som estridente de vidros despedaçados no 11 de Setembro, este momento em que ficou evidente a sede humana por destruição, muito, muito longe de Tao, o construtivo, na construção moral da carreira espiritual da pessoa, almejando a perfeição moral, ao contrário de tantos encarnados, os quais perdem tempo com malícia e ambições fúteis, como usar joias preciosas – não é que você não pode usar joias, mas você não precisa ser “escravo” delas, na revolução de Coco Chanel, estabelecendo que o que conta é o efeito, e não o valor econômico da peça, trazendo, assim, a era das bijuterias, na sabedoria do mestre Li Mu Bai, de O Tigre e o Dragão, mostrando, em sua profunda simplicidade, que um graveto de árvore pode ser tão eficaz quanto uma espada cara e valiosa economicamente, na sabedoria da simplicidade, a irmã da elegância, nas palavras de da Vinci: A simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação, remetendo-me a uma publicitária que conheci, a qual me dizia do valor da humildade e da discrição, numa pessoa sempre adepta a fonte de letras mais simples, sem serifas complicadas, simples como as fontes do tipo Arial, por exemplo. Aqui são dois canhões mirando no mesmo alvo, na potencialização da violência, numa crueldade ao ponto de trazer a genialidade de Einstein para fabricar bombas terríveis, amplamente fabricadas pela ameaçadora Coreia do Norte, uma ilha em que o Comunismo agoniza, na insanidade das ditaduras, pois como um cidadão controlado pode ser feliz? No centro do quadro, vemos um sinal de interrupção, como num divertido anúncio televisivo, no qual o rapaz, que jogava com amigos pela Internet, perdeu o sinal, sendo interrompido, num comercial que visa vender Internet mais rápida, no absurdo contemporâneo, no qual podemos falar em tempo real, pelo Facebook, com alguém que está no Japão – é muita tecnologia! Aqui é uma pausa, como na Vida, a qual precisa de pausa, num momento de silêncio e meditação consigo mesmo, numa pessoa que, em crença espírita, consegue conversar mentalmente com entes falecidos, na dádiva da sensibilidade. Aqui é como um ataque covarde, como um sociopata cruel e cagão, com o perdão do termo chulo, covarde ao ponto de acuar alguém e acuar este com muitos outros homens, como na tentativa do diabólico Merovíngio em tentar eliminar o herói Neo, em Matrix, esta trilogia que tanto marcou época, um manifesto em favor da Liberdade e da Paz, no poder libertador da Arte, esta força que nos faz tão humanos e evoluídos – Arte e grosseria não combinam uma com a outra. As nuvens negras são o horror da Guerra, com as sombras de Mordor, a terra sombria de Tolkien, numa terra tão miserável, regida por um ente tão cruel, tão sedento por Poder – não é assim o Ser Humano? Aqui é um ambiente inóspito, árido, miserável, num líder insensível e deselegante, que investe tudo em armistício. Era como nos comícios de Collor, incitando a raiva nas multidões. Aqui, em contradição, é um ato que visa terminar a guerra, humilhando a nação japonesa na II Grande Guerra, num trabalho de reconstrução, como formigas incansáveis reconstruindo o formigueiro devastado, numa pessoa que percebe que perdeu tempo na Vida, querendo partir em busca do tempo perdido.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). O passaporte é a identidade, numa pessoa que quer se encontrar na Vida, nas palavras de Madonna sobre si mesma: “Quero descobrir quem sou”. E é no Plano Metafísico que atingimos tal ápice de identidade, na sensação fortíssima de que estamos construindo uma carreira indestrutível e maravilhosamente lógica e acalentadora, na questão do contentamento: Se estou feliz onde estou, estou bem. É como uma pessoa que tem que encontrar tal contentamento. Neste divertido passaporte, temos um “espião”, uma pessoa disfarçada, infiltrada em algum cambalacho mundial, querendo burlar os sistemas de segurança, metendo-se numa fria, pois ao ser flagrado com passaporte falso, é prisão na certa – não é um grande crime se fazer passar por outra pessoa? Que identidade tem um trambiqueiro em falsidade ideológica? Não é o apuro moral que nos mostra quem somos de fato? Não é bom andar sempre na linha? Aqui é um passaporte da União Europeia, na ironia de ser feito por um Doran inglês, ou seja, cidadão de um país que deixou ruidosamente a Zona do Euro. Esta obra de Doran, remete aos programas televisivos de traficantes de drogas sendo presos em aeroportos em flagrante, os chamados “mulas”, pessoas aliciadas pelas forças sombrias do tráfico internacional de drogas, tudo pela promessa de dinheiro fácil, com traficantes que dizem aos mulas que tudo ficará bem e que as drogas jamais serão detectadas pelos controles aeroportuários, havendo no traficante de drogas a grande expressão de sociopatia, num traficante que, acima de tudo, quer dinheiro, não importando os meios de se obter tal dinheiro, num traficante que pouco de importa com os danos irreparáveis das drogas nos usuários e nas vidas desses usuários, numa pessoa que, absolutamente sem Amor em seu sofredor coração egoísta, mal se importa com o bem estar do usuário, num traficante que realmente não entende que são operações ilícitas e passíveis de rigoroso punição judicial, num crime inafiançável. Esta pessoa aqui é a discrição, numa pessoa que está descobrindo o valor de não ser um showman, um exibidinho, pois ninguém, no fundo, respeita do showman. Aqui é nessas pessoas as quais, apesar de públicas, são tão discretas, como num Luis Fernando Verissimo, o qual vi certa vez passeando num shoppping em Porto Alegre, pacatamente passeando, sendo assediado por pessoas querendo tirar uma selfie com o célebre escritor – eu, por outro lado, respeitei Verissimo, sem assediá-lo. O pulso do controlador de entrada de passageiros é firme, rígido e extremamente sisudo, sempre procurando detectar pessoas de má fé, as quais usam documentos falsos e subestimam a inteligência dos controladores de fronteiras. Este passaporte é “furado” e transparente, pois o fundo da fotinho entra em harmonia com o fundo da parede atrás, num efeito de leveza, de harmonia cromática, numa pessoa que aprendeu a serventia de ser como um camaleão, bem discretinho, sempre sem ser visto por predadores, sempre sem ser visto pelas presas, na capacidade de reinvenção de grandes artistas, atores que se “desfiguram” para ver fazer um papel, abrindo mão das mundanas vaidades, em atores que, ficando assim irreconhecíveis, são invisíveis perante o personagem, ganhando o respeito da Academia de Hollywood – quando vemos um ator bom na tela, não vemos o ator, mas o personagem. Aqui é como uma pessoa famosa, como um príncipe inglês, tendo que caminhar na Rua escoltado por seguranças, nas palavras da Rainha da Inglaterra: “Meus netos não irão alugar algum sem guardacostas”. É o modo como a fama pode ser tal prisão, numa pessoa que, de tão famosa, mal pode passear na Rua em paz. Aqui é como uma discreta Meryl Streep, num estilo de vida tão pacato, muito longe da frivolidade do mundo de vaidades das celebridades, num genial Woody Allen, tendo este expressando todo o seu próprio desprezo pelo stablishment das celebridades – que classe, que cabeça.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A costura é o trabalho paciente, como numa grande atriz que conheci pessoalmente, e quando a ela perguntei qual era sua técnica para compor os personagens, a atriz me disse: “Paciência para ir desdobrando o personagem”. É o trabalho delicado de cozer, com esses czares da Moda, pessoas que tanto ditam estilo ao redor do Mundo, causando comoções em mulheres que gostam de se sentir belas e elegantes, no fato de que beleza vem de dentro – é a completa contramão do estilo achar que só posso estar bem se vestir roupas caras, e é tudo uma questão de critério e simplicidade, sem afetações fúteis e pernósticas. As delicadas mãos da costureira estão já “calejadas” e adaptadas ao labor, numa pessoa perfeitamente adaptada. Há dois tipos de artistas cantores: para uns, é uma questão de vida ou morte escolher o que vestir para pisar no palco; para outros, como o roqueiro Eddie Vedder, é só colocar uma roupa com a qual o artista se sente confortável – como as pessoas são diferentes umas das outras! É o caminho de identidade, até a pessoa ver que, como espírito, é única, uma joia eterna, muito além de qualquer joia mundana, as quais são cópias da plenitude da Vida Eterna. O botão costurado aqui é um smiley, um famoso rostinho sorridente, que é o contentamento, numa pessoa que quer encontrar paz em seus dias na Terra, pois como posso estar feliz e em paz se odeio a cidade na qual vivo? A pontuda agulha aqui é o foco, o objetivo científico, o estabelecimento de escopo, algo ensinado na Academia de qualquer curso universitário, formando nossas elites, as pessoas cujas inteligências pairam acima das mediocridades ignorantes, como alunos excepcionais, respeitados pelos professores, alunos aplicados e esforçados, que fazem bons trabalhos e enchem de orgulho o professor. A camisa aqui está impecavelmente passada e engomada – é a disciplina, como num atleta, o qual se exercita com disciplina, mesmo se naquele dia seu coração não estiver disposto ao exercício rotineiro, e também a disciplina alimentar, num atleta que raramente se dá ao luxo de comer uma deliciosa e tentadora caixa de bombons, os quais, convenhamos, são divinos pecadinhos, nos deliciosos doces metafísicos, os quais não engordam – Jesus, que milagre! Aqui, a sala, a oficina de costura está imersa num total e absoluto silêncio, num momento de concentração, e mal podemos ouvir um farfalhar das roupas, num barulho tão mínimo, como um apartamento de Gramado, RS, que conheço, o qual, apesar de ficar a uma quadra e meia do movimento da vibrante urbe turística, é um apartamento retirado e silencioso, com uma formidável vista para um mata atlântica virgem, algo inusitado para mim, um cidadão de uma “selva de pedra”. Aqui é minha falecida avó materna, a qual, na parte da tarde, costurava em seu pequeno atelier, e nunca vou esquecer a palavra da querida avó, a qual mostrava a mim seus velhos dedos dizendo: “Estas mãos foram úteis ao Mundo, pois com elas lavei, passei, costurei e cozinhei!”, e o Mundo não pertence aos trabalhadores e dignos? Cada trabalhinho não faz parte da construção da grande carreira espiritual? Esta carinha sorridente é excepcional, e está feliz, diferente dos outros sisudos botões, no modo como, infelizmente, não são todas as pessoas que são felizes, como num Getúlio Vargas, o qual, apesar de ter tido tamanho poder mundano, tirou a própria Vida, num ato de desamor completo; num ato de autoestima destruída. Como posso ser feliz e ter paz se quero me matar? Aqui, o bolso da camisa é a reserva, como numa pessoa persistente, que vai juntando um dinheiro para realizar algum sonho de consumo, como um carro ou um aparelho eletrônico, no conto da formiguinha e da cigarra, na formiguinha que passou o Verão fazendo suas reservas, ao contrário da cigarra, a qual cantou o Verão inteiro, sendo acolhida pela formiga, a qual considerou que o canto da cigarra trouxe alegria à estação mais quente, na busca da cigarra por identidade.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). As linhas pontilhadas são as regras e a disciplina, num professor chamando a atenção de um aluno para um assunto sério, numa caneta de tinta vermelha, caneteando provas e corrigindo erros, no modo como um aluno aplicado é o que dá sentido à carreira de qualquer docente. O cenário aqui é nosso sistema solar, nosso lar físico, a Natureza cósmica, na forte hierarquia gravitacional: luas giram em torno de planetas, que giram em torno de estrelas, que giram em torno de centros galácticos. É o modo como o Ser Humano, em infância, está muito longe de desvendar os segredos do Universo, pois a velocidade da luz, apesar de parece tão veloz – dá sete voltas ao redor da Terra em um segundo –, é absolutamente vagarosa em medidas cósmicas, e só num futuro muito distante a Humanidade encontrará meios de manipular Tempo e Espaço para dar mais velocidade a viagens cósmicas. Aqui é como uma família heterogênea, como na unificação de um país tão heterogêneo como a Itália, com cada região tão singular, tão cheia de cultura própria. O fundo escuro aqui é o Universo Inobservável, ou seja, corpos celestes que, de tão longínquos, estão a bilhões de anos até fazer com que sua própria luz chegue aos supertelescópios humanos na órbita terrestre. É um mistério, no mistério da Vida, no mistério como a Vida surgiu na Terra, no modo como o Universo Físico é tão escuro, vasto e frio, em vazios de vácuo que fazem com que o Universo seja absolutamente translúcido e relativamente observável. Vemos aqui Marte, o deus da Guerra, do sangue derramado, com Caim matando Abel, numa sede insana de um Napoleão, louco em sua sede, querendo dominar Tao, na arrogância do Ser Humano em se achar mais do que o próprio Pai, num Napoleão sem sentido, sem nexo, num ser humano que perdeu a oportunidade de ficar quieto no seu canto e viver em Paz e humildade, rejeitando o maldito Anel do Poder de Tolkien – é a sedução do Anel, do Poder, numa sede que não faz sentido, pois fere a Paz, e como posso ter prazer em morar em uma vizinhança na qual os vizinhos estão sempre em pé de guerra? Aqui a Terra é a singularidade, talvez num planeta que não tenha igual em todo o Universo, num planetinha tão ínfimo e maravilhoso, um lindo pontinho azul se visto à distância no Espaço. Aqui é a questão da personalidade, do espírito, em famílias que tem filhos tão heterogêneos, tão diferentes uns dos outros, apesar de serem filhos que vieram da mesma barriga, dos mesmos genitores, filhos criados debaixo do mesmo teto, sob os mesmos valores – há características que são figura da pessoa, pois é a questão do espírito, e Tao nunca faz um filho igual ao outro, amando todos incondicionalmente, no título do hit da formidável Gaga, uma das artistas mais notáveis da História: “Nascido assim”. As linhas aqui são a intenção humana em estabelecer ordem e encontrar lógica no caótico Universo, como nas Leis da Física, em leis gerais, como a Seleção Natural, com seres lutando para sobreviver e legar sua genética aos descendentes, como num pássaro o qual, se não for esperto para fugir de predadores, não legará genética a pássaros descendentes. Num dos cantos, vemos um balãozinho de pensamento, no modo como Pensamento é tudo e Matéria é nada. Vemos aqui então um pulso de pensamento, numa pessoa inteligente e questionadora, gravitando acima de irracionais mediocridades, mostrando que os ignorantes vivem suas vidas sem ter noção de suas próprias existências – preciso saber de mim mesmo. As reticências no balão são essa dúvida, num Ser Humano cuja ciência ainda tem tantos questionamentos, num questionamento que diz que Alá é grande: Por que o Universo é tão, mas tão vasto? E um espírita dirá: “Deus é o infinito”, e o infinito está MUITO ALÉM da compreensão humana. É como um certo padre transgressor, o qual teve inocentes intenções sincréticas na universalidade das religiões, talvez num padre com alma de artista. Aqui é o caminho sapiente humano, rejeitando o terraplanismo, no respeito que temos que ter pela Ciência e pela inteligência das pessoas.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). A fascinante cultura popular chinesa, com seus dragões. O dragão é vida, é algo que pulsa e arde junto à Arte, fluindo sensualmente como os quadris de uma topmodel, no poder da água fluindo, alimentando o Mundo, nesta fascinante máquina autossusutentável que é a Terra. O dragão é o termo “monstro”, para designar pessoas notáveis, de brilho avassalador, bruxos, por assim dizer, pessoas que causam perplexidade e são consideradas fenômenos, algo muito raro na Terra, pois a pessoa fenomenal é desinteressada, e é blindada em relação às vulgares ambições mundanas e humanas, e, infelizmente, tais bruxos são exceção, raríssima exceção, pois o Ser Humano, em geral, quer uma única coisa: PODER. O fundo rosa aqui é sensual e feminino, como me disse um senhor amigo que frequentava bordéis, narrando as cores da decoração do cabaré, com cores carnais, “cheirando a sexo”, nas palavras deste senhor. É a icônica foto de uma jovem Monroe nua deitada em cetim rosa, nas pétalas de rosa rubras de Beleza Americana, na líder de torcida seduzindo um senhor de meia idade, na sedução de um homem apaixonado dando rosas rubras à amada, talvez num casamento em que os cônjuges não permitem que tudo caia na rotina e que o calor na relação esfrie, pois casamento é assim – todos os dias, com coisas simples, como um beijinho ou um abraço, temos que reconquistar tal cônjuge, pois o melhor da Vida é de graça. O dragão aqui arde como uma cruel fogueira de Mary Tudor, queimando vivos os protestantes, numa regente absolutamente sem a capacidade de entender o que é respeito à diversidade, fazendo algo cruel o qual Jesus JAMAIS faria. As garras do dragão são incisivas, precisas, num psicoterapeuta fazendo um dolorido e preciso diagnóstico, vendo com clareza o que aflige o paciente, nessa capacidade da pessoa em enxergar dentro da pessoa, como um bom e velho amigo, o qual sabe pelo que nós passamos, no Amor expresso na compreensão. O dragão flui fortemente como uma musculosa serpente, neste animal tão minimalista e elegante, numa gata em cio se contorcendo, louca para acasalar, como num adolescente com os hormônios à flor da pele, masturbando-se ensandecidamente, nas palavras de Marta Suplicy: “É perfeitamente normal o adolescente que se masturba dez vezes por dia!”. Aqui é como uma centopeia, caminhando tortuosamente, na sabedoria popular: “Deus escreve certo por linhas tortas”, ou seja, não há bola de cristal para sabermos exatamente como as coisas acontecerão em nossas vidas; só podemos ter uma ideia vaga, com surpresas que nos aguardam nas “esquinas”. Num detalhe discreto, uma águia voando, que é a liberdade, num cidadão feliz em um país civilizado, no qual o regente respeita a inteligência de seu súdito, nunca querendo reprimir este – como pode ser respeitoso um líder que me oprime e que me trata como lixo? A águia é a simplificação da racionalidade, com abreviações e charadas sendo friamente desvendadas, na beleza fria dos números, e Tao é simplesmente isso, o Pensamento Lógico, em toda a fabulosa sofisticação matemática, esta matéria que os alunos na escola tanto odeiam, uma matéria que deveria ser adorada pela Humanidade, partindo do simples princípio: depois de 1, vem 2 etc. O dragão e a águia estão aqui conversando, numa espécie de negociação, na capacidade do diálogo, da ponderação e do trato diplomático entre cavalheiros, na elegância no fio do bigode, pois quando a polidez de Tao se perde, a insanidade bélica toma o controle, gerando confusão, com países em plena paranoia, elocubrando o que o inimigo fará, numa experiência sequeladora, com rapazes que, ao voltarem do serviço militar, não conseguem se ressocializar completamente. A águia é esta deliciosa libertação, na sensação redentora de se chegar em casa e retirar a máscara higiênica, numa sensação de lar, de liberdade, nas palavras do hino americano: “Terra dos livres; lar dos corajosos”. O dragão me remete a um par de dragões que tive, os quais não mais me pertencem: vão-se os anéis...

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Aqui remete ao formidável Festival de Balonismo na cidade serrana gaúcha de Bento Gonçalves, numa variedade colorida de máquinas subindo aos céus, algo não recomendado para quem tem vertigem, é claro. Aqui é tal efeito de leveza, como num avião, o qual voa apesar de ser mais pesado do que o ar. É uma competição, no modo como as competições promovem tal espetáculo público, algo muito universal, como nas lutas entre homens em tribos amazônicas, na universalidade humana em torno de ritualizações de Yin e Yang – os homens fazem coisas mais agressivas; já, as mulheres fazem coisas mais delicadas, como coletar alimentos na floresta, é claro, cuidar das crianças, na universalidade do patriarcado, o qual sempre considera uma mulher um cidadão de segunda categoria, tendo que ser sempre representada e respaldada por um homem, como Eva, a segunda ação, a ação secundária de Deus, cuja obraprima é Adão, no termo feminista crítico: “O segundo sexo”, ou seja, na coragem de uma feminista em pensar “contra o vento”, como numa jovem moça feminista que conheço, a qual diz: “Que machismo estas festas de quinze anos de moças, nas quais o pai exibe a filha como se esta fosse um pedaço de carne!”. Os balões aqui são os sonhos, numa pessoa que sonha com uma carreira brilhante, como um senhor que conheço, o qual se frustrou como ator, sepultando quinze anos de persistência na carreira de ator, considerando que não chegara nem perto do que sonhava chegar, abraçando, assim, uma carreira de advogado, e tudo o que eu desejo é que este senhor seja feliz com a escolha que fez – todos temos o direito de “dar uma sacudida na poeira” e dar uma guinada na vida. E não há, todos os dias no Mundo, sonhos e sonhos que se despedaçam? As coisas não são frequentemente uma avenida de sonhos despedaçados, na qual vagamos frustrados e deprimidos? Desculpe a sinceridade que aqui expresso. Uma pessoa humilde, com os pés no chão, nunca de frustra, pois, não canso de dizer, a arrogância precede a queda. O céu aqui é perfeitamente limpo e azul, num céu de sonhos, num céu de colônia espiritual, sempre radiante, limpo e inspirador, no modo como a orla, o veraneio na praia, no sensual vazio da areia da beiramar, pode tanto nos inspirar, na magia do vazio de Tao, aquele sobre o qual não é possível falar, por mais que falemos dele! É como um cometa, um gelo gigantesco largando lenta e gradualmente seu rastro no céu. Os balões aqui têm estampas, e eles procuram por este processo de identidade, de diferenciação, como a personagem Mulan, de Disney, a qual resolve ir à guerra e assim traçar uma identidade, no modo da pessoa saber quem a mesma é, podendo, finalmente, viver em paz consigo mesma e com o Mundo, e o Mundo não é dos calmos e ponderados? Não é um inferno não gostar de si mesmo? Entre estes balões, há um distanciamento respeitoso, como num trato entre regentes, num rei que nunca cobiça o território alheio, no famoso mandamento moral: “Nunca cobice a mulher do próximo”, um mandamento que, apesar de machista, é sábio. Aqui é um desafio à Lei da Gravidade, esta força que rege os corpos celestes e organiza o Cosmos, em algo tão simples, mas que levou milênios para ser entendido pelo Ser Humano. Os balões, em sua competitividade, são como espermatozoides lutando pelo cobiçado óvulo, como numa taça de torneio, com competidores sedentos por tal vitória, no divertido filme de Woody Allen sobre Sexo, em que o próprio cineasta interpretava um espermatozoide em tal ambiente de alta competição, como no mercado de trabalho, ou no “canibalesco” mercado de modelos de Moda, numa competição atroz, com poucos trabalhos para muitos pretendentes, com um querendo “devorar as tripas” do outro, como disse um divertido professor meu no Ensino Médio, num mandamento que acaba sendo mandamento na prática: “Devorai-vos uns aos outros!”. Aqui é um mágico domingo ensolarado, no dia de descanso no qual até Ele descansou, no modo como, em fins de semana e feriados, a pessoa deve se obrigar a NÃO trabalhar – não seja workaholic.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.