O pintor japonês Jiro
Yoshihara (1905 – 1972) foi um vanguardista minimalista, tendo herdado um
negócio de família – uma indústria de óleo de cozinha. Suas obras podem custar centenas
de milhares de dólares cada. Os textos e análises semióticas a seguir são
inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, À Memória de Martha. Aqui, é como uma pessoa no fundo de um poço,
olhando para cima, vendo que o poço está tapado, só sobrando uma nesga de luz
ao redor de tal tampa, no termo “luz no fim do túnel”. Então, a pessoa, em meio
a uma crise existencial sem precedentes, tem que empreender um esforço enorme e
uma paciência titânica para contornar tal vicissitude, havendo nisto a suma
necessidade de trabalho, pois trabalhar é o que coloca no chão os pés de uma
pessoa sonhadora – não estou dizendo que não se pode sonhar; estou dizendo que
os pés têm que estar ancorados. Aqui, é um grande anel, no famoso anel de
Tolkien, fazendo metáfora com as patéticas ambições humanas, na incessante
busca por mais e mais poder, como o Merovíngio de Matrix – um homem que tem poder quer ainda mais poder. É um vício,
uma obsessão, como num amor apegado e obsessivo, no tal uma pessoa está
irremediavelmente fixada em outra pessoa, tendo que haver aí um desapego, num
exercício de disciplina, como num escritor, que sabe que tem que sentar e
produzir. Aqui é uma mesa redonda, democrática, sem hierarquia, na qual cada um
tem peso igual, como uma roda que gira, na roda da Economia, tão debilitada por
causa das complicações do infame vírus mundial. Aqui, a intenção de Jiro é
estabelecer um contraste, marcante, no termo “preto no branco”, numa pessoa que
está buscando esclarecimento, clareza explícita, no sensual jogo de contrastes
entre Yin e Yang, fazendo com que as Ciências Exatas e as Ciências Humanas
sejam gêmeas na mesma barriga, ou lados da mesma esfera. Aqui, é um grande olho
onisciente, num olho que observa o Mundo sem expectativas, sempre sabendo que o
Ser Humano foi feito para errar, na metáfora da borracha apagando o lápis, num
eterno recomeço, numa pessoa que, ao ver a própria vida devastada, desvirtuada
e empobrecida, tem que recomeçar do zero, num trabalho de terapia, pois o
primeiro passo para se sair do fundo do poço é abraçar o fato de que se está no
fundo deste poço. Aqui, temos o contorno de um objeto oco, num vão, como no vão
do MASP, sempre respirando, sempre deixando o ar passar, alimentando os seres
vivos ao redor do globo, na grande máquina autônoma que é o planeta Terra, tão
rico em Vida, tão contrastante com as inóspitas esferas do nosso pequeno
sistema solar, numa singularidade, numa particularidade, com pessoas que creem
que estamos cercados, no Cosmos, de muitos alienígenas, os quais nos observam
discretamente, numa espécie de zoológico. Aqui, é a sensação de uma pessoa que
chegou à conclusão de que está andando em círculos, como nas prisões de um
submundo, um mundo que promete libertar, mas que acaba apenas aprisionando,
numa ironia que até tem graça. Aqui, são as ondas propagadas por uma explosão,
como num megahit musical estourando nas rádios do planeta, no poder que a Arte
tem em unir pessoas tão heterogêneas, fazendo com que tal magia faça com que
nos esqueçamos de que o Mundo é tão duro, como nos alegres filmes de Carmen
Miranda em plena sombra bélica de uma guerra mundial. Aqui, é como um olho
mágico, que nos diz quem está batendo na porta, e que proíbe que quem está lá
fora veja quem está dentro, num contraste que visa proteger a privacidade, a
reserva, numa pessoa discreta, empenhada em trabalhar e em aparecer o mínimo
possível, com o discernimento de que tudo o que tem que ficar exposto é meu
próprio trabalho, nunca minha própria pessoa, no modo como é complicado o
aparecer midiático, num Luis Fernando Veríssimo que mal pode caminhar na rua
sem ser abordado por pessoas querendo tirar selfies com ele – deixem o cidadão
em Paz! Esta obra é a marca de um copo úmido sobre uma mesa de bar, num momento
de descontração, com gravatas afrouxadas.
Acima, Círculo (1). Um prato que traz os vestígios de uma luxuriante
refeição italiana, num espaguete feito por quem sabe fazer direitinho,
remetendo-me a um maravilhoso restaurante portoalegrense especializado em
pastas e antepastos. É como no sensual apetite de uma prostituta no filme Poderosa Afrodite, de Whoody Allen,
devorando um prato de massa ao molho vermelho, como dizia Dercy Gonçalves:
“Você não vai morrer de fome se você for ator, pois ninguém alguma vez vai
negar a você um prato de comida”. Aqui, o molho vermelho são as sanguinolentas
vísceras de um herbívoro sendo devorado por um carnívoro, como na terrível Mary
Tudor, autorizando a pior forma de execução, que é queimar uma pessoa viva na
fogueira, no talento que o Ser Humano tem em ser o mais cruel possível, fazendo
inveja ao Diabo. Aqui, temos um Sol dourado e majestoso, na magia de um
alvorecer dourado, amarelo, no prazer de se acordar cedo e encarar um novo dia,
uma nova lida, pois, sendo doce ou amarga, a atual página será virada, e uma
nova página virá, como na canção de Elis: “Nem sempre ganhando, nem sempre
perdendo, mas aprendendo a jogar”. Aqui, é o rubro Sol japonês nascente,
envolto por alvas brumas, como num gongo mágico, anunciando o passar das horas,
trazendo Ordem e Disciplina a um reino, como numa rainha controlando os
semáforos e a fluidez no trânsito, numa soberana que está nas notas de dinheiro
e nos selos postais, na intenção de trazer unidade e estabilidade a tal
domínio, a tal reino. Este trabalho de cerâmica traz uma rotação, um movimento
circular, numa roda sempre girando, sempre funcionando, sempre trazendo fluidez
às marés, no modo como Tao está sempre respirando, sempre criando, nas
expectativas que um fã tem em relação ao novo trabalho de seu ídolo, no frescor
de novidade, num artista em processo de crescimento e aprimoramento, fazendo
com que o atual trabalho seja melhor do que o anterior, no termo as good as it gets, ou seja, cada vez melhor. Então, o artista vai
deixando este rastro, esta carreira, mas nunca se apegando ao passado, pois não
é melancólico e desinteressante um artista que simplesmente não soube sobreviver
a uma determinada época? Aqui, temos uma cena de crime, de assassinato, com o
sangue jorrado na cena, como na impactante sequência inicial de Instinto Selvagem, com a loira fatal
assassinando o parceiro sexual com golpes de picador de gelo, no momento do
orgasmo, numa viúva negra, no filme que fez de Sharon uma estrela, caindo nas
graças de célebres críticos como Rubens Ewald Filho, o crítico que tinha uma
bagagem cultural enorme, num verdadeiro cinéfilo. Este prato está dependurado,
como elemento decorativo, como minha mãe, que adora usar lindos pratos como
elementos decorativos, no modo se ver um uso alternativo ao prato, fazendo com
que este não seja apenas um elemento de copa e cozinha, em cima de uma mesa.
Aqui, é como o ato de, depois de se comer alguma comida rica em molho, raspar o
prato com um pedaço de pão, como num amigo meu de Infância, o qual gostava de,
depois de comer um estrogonofe que sua mãe fazia no aniversário dele, raspava o
prato com um pedaço de pão, num ato de aproveitar ao máximo o prato, numa
ocasião especial. Aqui, é uma máquina de lavar roupas, sempre em ciclo, sempre
girando, nessas grandes invenções que fazem com que a vida fique mais simples,
como na genial invenção de algo tão simples como a Roda. Aqui, as pinceladas
são contornos, como numa mulher maquiando a área ao redor dos olhos, deixando o
centro exposto e intocado, no modo como a maquiagem tem a função de realçar a
beleza natural da mulher, como numa moldura, a qual tem que fazer jus à obra emoldurada.
Aqui, é como uma letra O, deixando um espaço vago no meio, assim como é Tao,
sempre discreto, nunca se apoderando por completo, como numa pessoa
subestimada, a qual acaba por surpreender a todos, numa pessoa se reinventando,
procurando novos modos de se expressar frente ao Mundo, este Mundo que por
vezes pode parecer tão duto e insensível – não tenha medo.
Acima, Círculo (2). Uma gota caindo incessantemente, aos poucos, em
passinhos de bebê, num processo se desenrolando de forma silenciosa, discreta,
ao ponto da pessoa não perceber isso em andamento, só se dando conta no último
momento, em que o quadro está irreversível, numa pessoa que precisou cair e
reerguer-se. É como a gota na sessão de tortura, caindo incessantemente sempre
no mesmo ponto da cabeça do torturado, numa das inúmeras manifestações da
crueldade humana, numa pessoa que, definitivamente, não sabe o que é compaixão
nem o que é se colocar nos sapatos do outro, do irmão, do igual. Aqui, temos um
quadro vibrante, colorido, como na flora e na fauna de um ecossistema tropical,
luxuriante, encantando as nações de clima temperado, menos exuberantes, como
ouvi falar de uma mulher americana que, ao desembarcar do avião no Brasil, o
fez de botas de cano alto, temendo que imensas cobras tropicais estivessem
andando tranquilamente pela pista de ouço e decolagem, no modo como Carmen Miranda
se tornou essa espécie de embaixadora das terras latinoamericanas. Aqui, temos
uma ilha no centro, bem isolada, cercada de água, como uma pessoa que foi se
fechando aos poucos, entristecendo-se aos poucos, chegando a um ponto de ter
uma vida solitária, digna de um lobo solitário uivando sozinho numa noite
enluarada. Aqui, um grande olho contempla o espectador, desafiando este,
desnudando este, como no inclemente olho onisciente do Big Brother, invadindo
privacidades, como no filme Invasão de
Privacidade, com câmeras secretas bisbilhotando a vida íntima de um
condomínio inteiro, no redentor final, em que os monitores do voyeur são
destruídos, numa libertação, como numa pessoa fofoqueira, que leva uma vida
desinteressante ao ponto de nada produzir, só lhe restando cuidar da vida dos
outros, enquanto ninguém está cuidando da vida do fofoqueiro... Aqui, o azul
traz um Sol majestoso, algo raro como um país brumoso e gélido como a
Inglaterra, com a raridade que são lá dias de Sol vibrante, acalentador. Então,
a pessoa se refugia nesta ilha, talvez numa rotina disciplinada de
produtividade, na “bagunça organizada” que é o atelier de um artista, num
microssistema em que só o próprio artista consegue se encontrar e organizar-se,
num ambiente orgânico, em que a pessoa tem intimidade de irmão para se
encontrar em algo que, aos olhos dos outro, é puro caos. Aqui, é como o planeta
Vênus passando pelo Sol causando um insignificante eclipse na Terra, na louca
dança de planetas, satélites e planetas anões em tantos e tantos sistemas
solares, numa vastidão que dá uma ideia do poder imensurável de Tao, o Pai que
nos deu o presente da Vida Eterna, pois, na finitude da Matéria, nada tem
sentido. Aqui, é como aqueles castelos medievais, como em desenhos animados de
Pica Pau, com ávidos crocodilos nadando ao redor da edificação, tratando de
espantar quaisquer bárbaros saqueadores, na avidez humana por riqueza, com
túmulos de faraós sendo saqueados aos poucos, anos ou meses depois do enterro
no Vale dos Reis, a Disneylândia dos arqueólogos, no modo como me excita
visitar o novo Grande Museu Egípcio, no Cairo, nesta terra tão árida, tão
dependente das águas do Nilo. Aqui, é como um anel, tentador como o anel de
Tolkien, seduzindo o caráter dos homens mais íntegros, seduzindo pelo Poder,
esta droga que ceifa tantas almas íntegras, num Getúlio Vargas, poderoso e
infeliz ao ponto de ceifar a própria vida, numa Cleópatra suicida, lendária, no
exemplo de como o Ser Humano ignora Tao, que é a razão de tudo. Aqui, é o ânus
pelo qual sai o que é dispensável, num trabalho diário, numa rotina, no termo
“enxugar gelo”, como na repressão da drogadição e do tráfico, no modo como a
Cocaína, por exemplo, tem o poder de destruir vidas, como um senhor que
conheci, sequelado, condenado a viver o resto de seus dias numa clínica
psiquiátrica. Aqui, temos um círculo querendo se impor ao outro, numa
competição, nos jogos que tanta audiência televisiva dão, no prazer de se
assistir um embate de titãs, nas feias carnificinas que são os concursos de
Beleza.
Acima, sem título (1). Algo
aqui a ser assinalado, delimitado, como num trecho importante num texto,
ressaltando um momento importante, uma parte representativa. É como um monitor
de televisão, no modo como é desinteressante ficar zapeando ao léu, buscando
pequenas drogas de pura distração, no posicionamento espírita: Televisão é só
para que eu assista a algo que eu realmente quero assistir, pois, quando este programa
acaba, tenho que desligar o aparelho e ir fazer outras coisas. Aqui, é uma
metalinguagem, com retângulo falando de retângulo, ou seja, retângulo acolhendo
retângulo, como a mar, digo, a mãe com o bebê, na poderosa imagem do binômio Virgem
& Jesus. É como na logomarca da Rede Globo, com um grande globo abrigando
um globinho, sendo este emoldurado pelo formato da tela de TV. Aqui, a linha é
incerta, humana, talvez infantil, no modo como a personagem Phoebe de Friends, a qual se sentiu acariciada ao
ouvir que sua letra se parecia com letra de criança, no encanto da Ciudad de
los Niños, na Argentina. Este retângulo vazado pulsa inquieto, nunca perfeito,
nunca presunçoso, ciente de que as imperfeições são o canal para que se
aprenda, no eterno perdão de Tao, que sabe que seus filhos estão crescendo, num
filho que almeja, um dia, tornar-se um espírito perfeito, um arcanjo, para,
assim, gozar da suprema felicidade intergalática, no modo como o trabalho, o
labor, jamais cessa, pois qual seria o objetivo de uma eterna aposentadoria? Ou
seja, você pode se aposentar, mas não pode ficar improdutivo, pois a vida
improdutiva é um sofrimento. Aqui é um plano todo negro, denso, sem permitir
que o vejamos muito além, como observar o Mundo com um véu na cabeça, impedindo
que façamos juízo preciso, no modo como o Desencarne é a remoção deste véu, num
espírito que pode, então, ver tudo do modo mais realista e pés no chão
possível, e só o trabalho traz tal lucidez, no modo como só o trabalho é o que
pode fazer uma pessoa dar a volta por cima, como num ator, que ficou por anos
ocioso, tendo que se reencontrar com o velho mercado, voltando a produzir com
seriedade e disciplina. Aqui, é como uma letra O, no modo como as letras
permitem que haja um vazamento, para que possamos ver através da letra, na
sabedoria da letra, que é nunca se opor ao plano de fundo, sempre deixando este
respirar, como numa pessoa que sabe que ninguém, absolutamente ninguém pode
mudar o Mundo, pois nem Jesus Cristo, nosso Supremo Senhor, soube varrer as
guerras da face da Terra. O que pode (e deve) mudar é o modo como me relaciono
com tal Mundo. Aqui, é uma espécie de planeta quadrado, com suas quinas
esperando para ser aparadas, como nos cantos de mesas de vidro, polidos, para
que o usuário não se machuque, numa pessoa que decidiu amar o Mundo, poupando
este de se ferir, como jogar cacos de vidro no lixo seco – sempre coloco os
cacos numa caixa fechada, com um expresso bilhete na tampa, sinalizando de que
se tratam de perigosos cacos cortantes, pois amar é se colocar nos sapatos do
outro. Aqui, a dura perfeição matemática é desafiada pela tortuosidade humana,
na relação irônica de continuidade entre racional e fluidio, no modo como
apolíneo e dionisíaco são extremos da mesma corda, pois o Universo, com todas
as suas dimensões, é um só, numa suprema Internet, interligando os confins
eternos do ventre de Tao, nossa Mãe Fina, Virtuosa e Eterna. Aqui, é como um
fantasminha, como na divertida mansão assombrada no parque de Disney, na
Flórida, um lugar sombrio e, ao mesmo tempo, divertido, como na turma de
Penadinho, do genial cartunista Mauricio de Souza, no tato de se falar de
assombrações sem assustar as crianças, no dom que Walt Disney teve em tocar as
mentes e os corações das crianças, um dom divino de amar e compreender as
crianças, pois dizia Jesus: “Vinde a mim as criancinhas!”. Aqui, é um rascunho,
como num designer, um publicitário rasurando algum anúncio, alguma inteligente
manobra de Mercado, empenhado em encantar as crianças, como criar o universo de
um super herói, no modo infantil e inocente de se acreditar em magia, longe dos
adultos empedernidos.
Acima, sem título (2). É
como a visão aérea de uma bomba, nos incríveis genocídios dos quais o Homem é
capaz. É a visão aérea de um furacão, na contradição de que, no olho dele, no
centro, está tudo calmo e estável, como dizia o slogan de uma fragrância de
Jennifer Lopez: “No olho do furacão, estou estável”. É uma roda que nunca para
de funcionar, como Tao, sempre funcionando, sempre produtivo, tirando também
momentos de lazer, no inferno que é a vida de um desencarnado que não quer
trabalhar, como num filme espírita, num espírito indolente que disse: “Já estou
há seis longos anos desencarnada”, e um espírito, buscando auxiliar, indagou:
“Mas minha filha, não há um trabalho aqui, no Plano Metafísico, que desperte
teu interesse?”. É como uma pessoa de minha família, uma pessoa que vivia ao
sabor do vento, e que nada construiu em vida, contando ainda com um grande
percalço – o Alcoolismo. Tudo que eu quero é que esta pessoa, lá em cima,
esteja tendo uma vida produtiva, pois é maravilhosa a sensação de se sentir
útil ao Mundo, no modo como, quando vou à casa de alguém para jantar ou
almoçar, faço questão de ajudar a lavar os pratos. Aqui, é um biscoito, ou um
donut, o lanche preferido do personagem gordinho Homer Simpson. É um disco de
long play ou um CD, na revolução que está acometendo a indústria fonográfica
mundial, pois se foram os tempos do fetiche, do material, do ir a uma loja e
adquirir um produto, chegar e casa e colocar o negócio para tocar – hoje é tudo
download, e é uma coisa muito louca, pois uma discoteca inteira cabe num
pequeno pendrive. Aqui, é um círculo, uma aldeia indígena, com uma fogueira ao
centro, o astro rei, o regente aquecendo e iluminando um sistema inteiro, num
pai zeloso, que nunca nada deixou faltar em casa, ou como uma mãe zelosa, que
sempre deixou a casa na mais completa ordem, dando conta do serviço de lavar e
passar as roupas da família inteira, na loucura do dia a dia de uma casa com
vários filhos, como me dizia minha mãe ao me acordar cedo: “Acorde e vá
enfrentar a vida!”. Então, entra em cena a Disciplina, e o Id, o princípio do
Prazer, tem que ser derrotado por tal fator disciplinador, como numa professora
de balé que conheci, uma pessoa de uma disciplina espartana, mas, em
compensação, uma pessoa com pouco senso de humor, como diz Caetano: “Cada um
sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Aqui, é algo circular que protege o que
está no meio, talvez numa mulher grávida, talvez numa embalagem para proteger
um frágil instrumento musical, no instinto do bom pai e da boa mãe, que é
proteger o filho e, ao mesmo tempo, nunca sufocar o mesmo, pois a pessoa tem
que se relacionar com o Mundo lá fora. Aqui, é como o buraco da gola, na pessoa
enfiando a cabeça para se vestir. É o princípio do vazio de Tao, pois temos que
entender que ser vazio é ser útil ao mundo, pois Tao é um Pai que jamais sufoca
ou reprime o filho, sempre deixando respirar, funcionar e viver, pois sabe que
Liberdade, Felicidade e Amor andam juntos, ao contrário dos estados
totalitários ditatoriais, os quais, simplesmente, proíbem que o cidadão se
expressar com Liberdade. Aqui, Jiro quer fazer um contraste entre o vibrante
laranja e o denso preto. O preto é a cor da Discrição, entrando em plena moda
nos Anos 90, numa pessoa divertida que conheci, a qual, quando via alguém
vestido de preto dos pés à cabeça, perguntava: “Onde é o enterro?”. Aqui, este
anel é imperfeito, pois as perfeições podem ser maçantes. Como ouvi certa vez
um astrônomo brasileiro: “São exatamente as imperfeições o que faz o Universo
funcionar”. Aqui, é como um achado arqueológico, numa peça que sofreu erosão
com o passar do tempo, como na descoberta da intacta tumba do rei Tut, a tumba
que sobreviveu ao apetite impiedoso de saqueadores, como no personagem de
cartum Hagar, o bárbaro que saqueava reinos da Europa. Aqui, é uma pérola
barroca, imperfeita, interessante em sua despretensão, na ilusão que é buscar a
perfeição, numa Vida que não foi feita para ser perfeita.
Acima, sem título (3). É o
teste antidrogas feito pela Polícia Federal nos aeroportos do Brasil, num
reagente químico rosa que, pingado no pó branco, fica azul e prova que aquilo é
cocaína, nas tristes histórias dos “mulas”, as pessoas aliciadas pelo Tráfico
para fazer o transporte clandestino internacional. Aqui, é uma flor rubra
lutando para sobreviver num mundo frio e inóspito, na luta pela Vida, por um
lugar ao Sol, no modo como só o Trabalho é que pode fazer uma pessoa dar a
volta por cima, como numa pessoa que conheço, uma pessoa que está deprimida e
desnorteada, sem saber um norte para sua vida, como me dizia uma pessoa que me
ama: “Tu vais dar um norte para a tua vida”. Aqui, é como uma grande esfera
azul, com vastos oceanos, e um tímido e pequenino continente no meio de tudo,
como num reino isolado, numa ilha, como o Havaí, produzindo uma cultura popular
única no Mundo, no modo humano em imaginar o que vem depois de tudo, como no Homem
Europeu de outrora, na crença de que a Terra era plana e de que, num certo
ponto, os mares caíam num precipício infinito. Aqui, é como a foto aérea do
continente gelado, a Antártida, um lugar que dá uma amostra da inospitabilidade
das esferas de nosso sistema solar. Aqui, o vermelho é como uma infecção crescendo
e tomando corpo, num processo que vai tomando forma, até condenar por completo
tal organismo, numa deficiência imunológica, numa doença perniciosa que ceifa
lentamente uma vida. É um embrião se desenvolvendo lentamente, dia após dia, na
polêmica do aborto: A partir de qual ponto o embrião é um ser humano? Aqui, é
como uma panela sendo mexida com um fundo predominante e uma pitada de algum
ingrediente, num processo de incorporação, de mistura, como numa pessoa que vai
lentamente se entrosando com colegas do colégio ou faculdade, num processo
absorvente. É a mancha de sangue no absorvente da mulher, mostrando à menina
que ela não mais é menina, no ato espontâneo que é a criança, ao se
desinteressar pelos brinquedos, guardar estes, entrando na pré adolescência e
começando a se interessar por Sexo. Aqui, é um pingo de exceção, num pingo
minimalista, nunca querendo se apoderar do quadro inteiro, num recato discreto,
na forma como, num baile de gala, os vestidos mais simples são os mais belos,
pois a simplicidade de Tao é limpa, na gloriosa sensação de se sair de um banho
bem tomado, na sensação de renovação, de revigor, como cortar o cabelo,
sentindo-se de volta ao status de ser civilizado, na gloriosa sensação de se ir
a Porto Alegre e visitar os museus da capital gaúcha. O traço de Jiro é trêmulo
e incerto, infantil, como em Basquiat, com traços que trazem essa deliciosa
imaturidade, no modo como é importante que todo adulto conserve, dentro de si,
uma porção infantil, brincalhona. Aqui, é um bombom com recheio, cortado ao
meio, no modo científico de cortar e analisar, como na exposição de cadáveres
dissecados, revelando os segredos do complexo Corpo Humano. Aqui, o tímido rosa
é como um cachorro recém chegado numa casa nova, com novos donos, e é
necessário um período de adaptação, para que o cachorro comece a ter afeto pelo
dono, confiando neste. É como no ato de se fazerem novos amigos, como numa
criança, no primeiro dia de aula, encarando novos amiguinhos, novas pessoas,
até atingir o ponto do entrosamento, com amigos que começam a ser uma parte tão
importante da vida da criança. Jiro traz este minimalismo japonês, esta
elegância polida nipônica, num povo limpo, polido, recatado. Aqui, é o nenê no
colo da Virgem, na nutrição do leite materno, no modo como, já disse neste
blog, é gloriosa a sensação de se chupar uma caixinha de leite condensado, na
magia dos lanches da tarde, assistindo desenhos animados. É como um bolinho
recheado, ou um churro, recheado de doce de leite, no divertido episódio de
Chaves, às voltas com churros, no fascínio que os doces exercem sobre o Ser
Humano, no modo como, no Plano Metafísico, há confeitarias!
Referências bibliográficas:
Jiro Yoshihara.
Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara.
Disponível em: <www.inavaluable.com>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara.
Disponível em: <www.phillips.com>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara.
Disponível em: <www.wikiart.org>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara Obras. Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 19 mai. 2020.