quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Adoro Doran (Parte 8 de 11)

 

 

Falo pela oitava vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Há algo mais contemporâneo do que dispositivos móveis? Tais equipamentos, nos anos 1990, eram puro luxo, num privilégio para poucos, na letra da canção que satirizava Adriane Galisteu: “Quem não comeu Eliane Galileu não tem telefone celular!”. Nos anos 2020, tal tecnologia se democratizou drasticamente, e hoje é comum ter tais aparelhos, no galgar incessante e sedento das tecnologias, sendo só questão de tempo e aprimoramento até mandarmos missões tripuladas a Marte, com os cosmonautas regressando sãos e salvos à Terra. Aqui é um ambiente frenético de aeroporto, num aeroporto populoso, cheio de dignidade, enviando e recebendo gente, num ritmo frenético, com uma atribulada pista de pousos e decolagens, numa Torre de Babel, com pessoas de todos os cantos do Mundo viajando pelo Globo, na universalidade humana em relação ao Turismo, à curiosidade de conhecer terras exóticas, como num americano encantado com o samba carioca, ou como um brasileiro visitando o Palácio de Buckingham. É como me disse minha falecida avó materna, ao ver um concorde decolando: “Até onde o Ser Humano quer ir?”. É o desafio do Ser Humano em se igualar ao poder imenso e infinito de Tao, o incopiável. É a competição fálica para ver quem é mais dono da Verdade, com torre que se aproximam do Céu, a dimensão metafísica além dos olhos carnais humanos. O Globo aqui é o desafio, na possibilidade de um brasileiro chegar ao Oriente Médio em questão de horas, numa pujança que faz com que você possa estar em qualquer lugar do Globo em 24 horas, nessas ambições transnacionais humanas, nas missões que traziam à Europa o precioso incenso indiano, nessa miscelânea cultural, como na Música Gauchesca, sofrendo influência do imigrante italiano, ou como no caldeirão musical do sul dos EUA, misturando blues com jazz, country e rock. É um galgar intermitente, pois tudo é processo, no caminho da Eternidade, a qual é tempo para toda e qualquer resolução, como um senhor sociopata que conheci, com o qual não mais me relaciono, e ele é um espírito que crescerá, evoluirá e adquirirá apuro moral, que é o objetivo da dura Vida na Terra, havendo na Eternidade o tempo para qualquer aprimoramento, ou seja, a passagem do Tempo é uma ilusão, como nas pomposas tradições inglesas de coroação, dando-nos a acalentadora impressão de que a dimensão de Tempo não existe, e que o Plano Metafísico é embebido em tal atemporalidade, pois os modos humanos de medir Tempo e Espaço absolutamente nada significam em termos cósmicos, como nos relógios derretidos de Dalí, na teoria de Einstein sobre o Tempo, na ilusão da Vida Material, carnal, na qual tudo é medido pelo Tempo, na contagem regular de tempo, com ontem, hoje a amanhã, havendo nas tribos amazônicas neolíticas tal atemporalidade, na qual o Tempo é visto como cíclico, e não como uma contagem ordenada. Aqui os aviões são altivos, cheios de pompa e dignidade, na metáfora com uma topmodel esmagadora numa passarela, na capacidade que estas moças em vender os trajes que portam, fazendo metáfora com os espíritos de superioridade moral, os espíritos da Verdade, da autenticidade, ensinando-nos lições de aprimoramento moral, até chegar ao ponto da pessoa, em tal processo de aprendizagem espiritual, ter completo pavor de mentir, ao contrário do sociopata, o qual acaba se afogando em meio às suas próprias toneladas de mentiras maliciosa e ardilosas – nunca dê informações pessoais a um sociopata. Aqui remete aos áureos tempos da Aviação Civil Brasileira, nos quais voar era um programa chique e pomposo, luxuoso, suntuoso, nos tempos da grande companhia aérea Varig, com aquela aeromoça distribuindo aquelas bandejas com comida. Velhos tempos. A aviação faz metáfora com esta sede humana de elevação, no Homem querendo tocar no Céu, no Metafísico, numa elevação espiritual, como numa escadaria de subida a uma igreja, ou como numa pirâmide que é uma rampa para tal elevação. É um prisioneiro que sabe que a data de libertação chegará.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Doran lança mão dessas mulheres masculinizadas, espartanas, como numa rígida diretora de colégio, tendo que ser quase grosseira para colocar na linha tantas crianças e aborrecentes, digo, adolescentes. O coque aqui é tal disciplina, numa pessoa que se apruma para mais um dia de trabalho, no modo como o Plano Metafísico é um Éden para os que gostam de se manter produtivos e de construir uma carreira, pois que lógica existe numa eterna indolência improdutiva, sem fazer com que a pessoa coloque sua própria cabeça para funcionar? O trabalho é a lógica, numa pessoa que se sente útil e digna ao Mundo. Vemos aqui aristocráticas e finas linhas retilíneas, que são elegância disciplinada, como num lutador de artes marciais, lançando mão de disciplina para se desenvolver em tal arte, como na vilã Raposa de Jade de O Tigre e o Dragão, a qual foi severamente criticada pelo grande mestre Li Mu Bai: “Teus movimentos continuam toscos e indisciplinados!”, fazendo da sofisticação, da depuração, tal caminho de elevação e desenvolvimento, como uma criança tentando imitar o fino traço de um desenhista de super heróis, no modo como as crianças se projetam nos adultos para brincar de tais heróis com superpoderes, e os super heróis existem, pois são nossos irmãos depurados, desenvolvidos, cientes de que a Verdade é o único caminho, rechaçando os traiçoeiros subcaminhos, como uma pessoa que ouve só o coração, deixando de ouvir também a mente, o aspecto racional, frio, na fria beleza lógica dos números, como um remédio amargo que surte doces efeitos, havendo na águia tal símbolo de independência e liberdade, na libertação mental a qual os ditadores tanto temem, como num certo país miserável, regido por um narcisista insano, que mal se importa com o cotidiano do pobre cidadão comum – posso ser um líder de um povo que odeio? O Amor não é o caminho lógico? Aqui vemos uma cidade em franco e invejável desenvolvimento, pujante, cosmopolita, transpirando a trabalho e realização, com prédios elegantes, desafiadores, inspiradores, como na terrível e maravilhosa Miranda de O Diabo Veste Prada, amedrontadora, desafiadora, exigente, dizendo-nos que não devemos sentir pena de nós mesmos, numa dureza elegante, racional, sem espaço para sofrimentos de paixões, numa pessoa que aprendeu a ouvir a cabeça. A laboriosa e empreendedora mulher aqui visa possibilidades de mercado, de negócios. Os prédios são como o vaivém dos números numa bolsa de valores, ascendendo e descendendo, como nos egos humanos, com tantos egos que já pereceram até os dias de hoje, com reis frustrados, viciados em poder, sempre ambicionando mais e mais territórios, como na Argentina confiscando as Ilhas Malvinas, em mais um episódio sangrento de guerra – quando a diplomacia universal de Tao é perdida, vem a confusão reinante, a qual desemboca na guerra, com pessoas adultas agindo como irresponsáveis crianças. O traje da mulher e os prédios formam um continuum, e é o poder do pensamento, numa cidade tão elegante e valorosa, com sua Arquitetura depurada, com sonhos de Engenharia futurista de Os Jetsons, na crença de que a Ciência e o Pensamento Racional libertarão o Homem, nunca esquecendo que, por trás de uma mente racional, tem que haver um bom coração, pois de que adianta uma pessoa racional ser um sociopata o qual, no fundo, desdenha do Amor? Aqui é como num coffee break, um intervalo no turno de trabalho, num momento em que a pessoa se permite ser um tanto contemplativa, ao contrário do workaholic, o qual é escravo de si mesmo, sem qualquer capacidade de parar um pouco e contemplar a Vida. Aqui é uma dimensão deliciosa, na qual temos o forte sentimento de que tudo está nos trilhos, e de que estamos indo muito bem em nossas respectivas careiras espirituais, numa sensação de preenchimento existencial, de forte contentamento.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Um choque, um contraste, um confrontamento entre opostos, num jogo de sedução entre tais opostos, numa “bipolaridade”. É como pais colocando filhos no Mundo, numa pessoa que precisa se equilibrar em uma linha tão tênue, sempre no equilíbrio, no caminho do meio, sabendo que se tratam de forças complementares, que se beijam, fazem amor e geram o Universo, como o destino inevitável da genética – há características nossas que nos acompanham deste o momento em que o óvulo se juntou ao espermatozoide, como na sexualidade da pessoa, com irmãos que, vindo da mesma barriga e criados debaixo do mesmo teto, sob os mesmos valores, têm diferenças em relação a Sexualidade. Aqui há um desejo de equiparação, de balanço, de neutralidade. O fogo é o desejo ardente na alma, numa pessoa que tem muita, muita vontade de se realizar e ganhar o respeito das pessoas, neste grande desafio existencial que é o termo coloquial “Cresça e apareça”, numa pessoa que precisa mostrar ao Mundo a que veio, neste grande desafio de se vencer num Mundo tão duro e difícil, numa pessoa entalhada em meio a tanta dureza, como num durão caubói, que sabe que as coisas não são fáceis, como numa canção clássica do Jazz: “Você pode estar farto e cheio do Mundo, mas você será um homem, meu filho!”. É uma pessoa num momento em que percebe tal desafio, tendo que tirar força do fundo da alma para progredir e vencer em meio a tantas vicissitudes – a Vida não tem sentido sem obstáculos, pois estes ocasionam o crescimento, que é o sentido da Vida, pois não teria qualquer sentido uma encarnação perfeita, na qual o espírito não cresce, havendo uma razão muito forte para estarmos aqui, na Terra, encarnados, nesta grande e maravilhosa universidade espiritual, que serve de modelo às universidades mundanas. A praia aqui é o retiro, o descanso, numa pessoa que precisa de umas férias, de um desligamento momentâneo, deixando, por algum tempo, tudo de lado, experimentando um pouco de descanso e contemplação, pois sabemos, ao contrário do workaholic, que a Vida não é só labor do dia a dia, num ponto em que a pessoa precisa se permitir sonhar um pouco, ter metas grandes, altas, no modo como uma simples dona de casa, que não almeja voos mais altos, não sabe de si existencialmente, numa pessoa que não sabe quem ela própria é – ser apenas dona de casa não vai lhe dizer quem você é. É como uma pessoa que conheço, para a qual eu gostaria de perguntar: “Não há um só curso da UFRGS que desperte teu interesse?”. O farol ao fundo é o discernimento entre luz e escuridão, com épocas de vacas magras e épocas de vacas gordas, na imperfeição natural de existência. O farol é a referência, como na família, em referências importantes de parentes, no glorioso modo como os vínculos de família não se desfazem com o Desencarne, com nossos entes queridos nos esperando lá em cima, como uma bisavó, a qual, apesar de não ter nos visto na Terra, ilumina-nos amorosamente do Plano Metafísico, na imortalidade do que realmente importa, que é o Amor, algo tão subestimado pelas obsessões do Homem pelo maldito Anel do Poder, num Ser Humano que, acima de tudo, quer grana, e se você não está todo o tempo querendo e querendo, você pode ter Paz, no divertido modo como há uma dimensão em que há riqueza mas não há dinheiro, numa divertida contradição de Tao, o piadista, na ironia de que por toda a eternidade de números haverá números primos – Tao, o lógico. As montanhas aqui são os percalços, num surfista que, se não se deparar com ondas desafiantes, ficará chocho e desanimado. É o prazer desbravador, no modo como cada pessoa tem que desbravar seu próprio caminho, fazendo do autoencontro algo tão pessoal e intransferível. A mulher aqui é a luta, o labor, num humilde gari, varrendo do chão o lixo que pessoas pouco educadas jogam nas calçadas, fazendo do humilde gari um herói, no modo como todo e qualquer trabalho conta e faz parte da grande carreira espiritual, a qual é imortal em tal dignidade – conta cada passo do caminho, e nenhum labor é em vão.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Os cangurus são a força da Vida, a vontade de vencer, num espírito olímpico, amando superar obstáculos, num alpinista com tesão pela escalada – que esperança há para uma pessoa sem tesão pela Vida? Não é o Plano Metafísico tal plano no qual a pessoa tem tesão de continuar tocando a Vida para frente? Os cangurus são esta natureza exótica da Austrália, na biodiversidade, com criaturas tão exóticas em terras diferentes. A bolsa marsupial é o conforto do lar, num lugar onde a pessoa tem a forte consciência de que está entre amigos, como no espírito desencarnado, o qual pergunta onde está, e lhe é dito: “Entre amigos”. E não é um inferno a Vida sem amigos, sem um ombro amigo, companheiro, que sabe pelo que nós passamos existencialmente? A bolsa é o Lar Imaculado, no mito de Nossa Senhora, o qual serve para que o Ser Humano entenda o poder sacrossanto de Tao, pois cada um de nós é eternamente especial, único, e somos todos frutos de tal Imaculada Conceição, pois, não canso de dizer, somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei; somos todos do mesmo sangue divino metafísico, fazendo do sangue azul mundano tal cópia de algo superior. O terreno aqui é árido, quase inóspito, remetendo a doces memórias infantis do hilário desenho do Coiote perseguindo o esperto Papaléguas, fazendo do Coiote um personagem tão humano, que sempre se ferra, sempre se fode, com o perdão do termo chulo, e há algo mais humano do que se dar mal e aprender duras lições de humildade? O Coiote é a obsessão humana pelo sucesso mundano, sempre querendo ser mais do que é, na sabedoria do ditado: “Não se torne; seja”, ou seja, tenho que descobrir algo que sempre fui, como no Patinho Feito, o qual não se tornou cisne – sempre foi cisne. É o autoencontro, como anos e anos numa poltrona de consultório psiquiátrico, em sessões que podem ser dolorosas. Aqui os cangurus rumam na mesma direção, numa concórdia, num acordo, num povo feliz, regido por um respeitado líder, como no carisma de um Obama, “reinando” sobre um povo que reconhece o poder de união numa figura carismática, no desafio de se ganhar o respeito de um povo, no grande desafio para um jovem príncipe que ascende a um trono, como numa tímida e jovem Elizabeth II, a qual aprendeu, na marra, a ater majestade, no sábio ditado: “Quem já reinou jamais perde a majestade”, como num espírito o qual, após uma encarnação em tal posição privilegiada, tem um residual permanente de tal vida, como num Jesus Cristo, qual se tornou Rei dos reis, num homem que não nasceu herdeiro do trono de Roma; que sequer nasceu herdeiro de um trono de uma província do Império Romano, no modo como os egos humanos ascendem e descendem, permanecendo a figura de Jesus, o homem mais humilde e sábio de toda a História da Humanidade. As plantas aqui lutam para sobreviver num terreno seco, como num suculento cacto, num deserto escaldante, guardando tal hidratação, numa lição de sobrevivência, e a Vida não exige que sobrevivamos o toquemos a Vida para frente? Os cangurus são a elegância, como gazelas saltando, talvez fugindo de feras carnívoras, na genética da esperteza – os que não são espertos, não passam para a frente a sua própria genética, na certeira teoria da Seleção Natural. Aqui é uma Austrália tão vasta, anexada ao sedento Império Britânico, agressivo, impondo-se ao redor do Mundo, investindo, por exemplo, em terras argentinas, na frase célebre: “O Sol nunca se põe das terras de Sua Real Majestade”. Aqui o céu é bem translúcido, sem qualquer nuvem, numa certeza clarividente, no modo como, se desejamos olhar para o futuro, temos que olhar para o passado, evocando novamente aqui o parâmetro: Tenho que ver o que sempre fui e sempre serei, de forma atemporal. A bolsa marsupial é o zelo, o carinho, num lar seguro, com pais responsáveis, tomando cautelas como a de vedar com fitas adesivas as tomadas elétricas próximas ao chão. A bolsa é o lar, a sensação de se estar extremamente bem.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Aqui é causa ao lado de consequência. O pescador colhe os frutos do Mar, e tais frutos rendem uma luxuosa e cara refeição em algum sedutor restaurante caro, fugindo um pouco da simplicidade, no fato de que comida boa é comida simples, só que bem feita, por quem entende do “riscado”. O pescador é a lida diária, garantindo o pão nosso de cada dia. É a pessoa batalhadora, digna, que levanta a cabeça e se torna útil ao Mundo, pois, realmente, fora do trabalho, não há salvação, nas palavras de um laborioso Leonardo DiCaprio: “Não pode faltar trabalho”, no sentido da pessoa mostrar algo para o Mundo, pois como posso ser ajudado se sou um improdutivo, o qual não ajuda a si mesmo? É como uma pessoa que conheço, a qual é rica em predicados, mas que nunca colocou estes para as pessoas, talvez numa pessoa com medo, esperando pela próxima encarnação, na qual, espero, que o tempo não seja tão perdido quanto na atual encarnação – é no termo “correr atrás do tempo perdido”, como eu me formando na faculdade de Propaganda, retomando os estudos seriamente depois de subestimar a importância de se formar e ter Curso Superior completo, pois são tristes as histórias de Vida de pessoas que subestimaram o importância de se fechar um ciclo. A rede aqui é o milagre cristão dos peixes, num mar generoso, nas pérolas caindo das mãos de Iemanjá, sempre generosa com os pescadores, guiando-os por marés mansas e fartas, no modo como o Brasil e o Mundo vão aos poucos se recuperando dos efeitos da crise causada pelo Corona. Aqui é a sedução dos frutos do Mar, como numa deliciosa massa à putanesca, na sedução do olor do Mar, como no fim do livro de Tolkien, com a pessoa desencarnando e voltando ao Lar, ao Mar materno, no cheiro maravilhoso e puro da beiramar, na simplicidade, como numa pessoa que não é mesquinha em relação a comida, sendo generosa, num restaurante que não é preciosista, num preço honesto por uma comida simples e feita com excelência, como numa primorosa cozinheira baiana que conheci – que mulher de mão cheia! Aqui a dobradinha sedutora: vino i pasta! É a sedução da cozinha italiana, numa cozinha que tanto ganhou o Mundo, num povo que come e bebe muito bem, nos sonhos de fartura de um imigrante italiano no RS, enfrentando, no primeiro ano de colônia, uma vida dura, indo dormir de noite sonhando com uma farta mesa de galeteria: Quanta comida! Aqui é o prazer de uma refeição simples, acolhedora, trazendo os sabores marítimos, no modo como toda a Vida na Terra veio do Mar, da Mãe, do útero imaculado, nos mistérios biológicos da Vida, a qual é um mistério, pois o que faz nossos corações baterem? De onde vem tal pulso, tal vibração? Qual é o segredo da Vida, de Tao? Não é tudo um mistério, a Eternidade? O mar aqui é retilíneo, elegante, aristocrático, listrado e plácido, um espelho, uma paz inabalável, numa pessoa feliz, que encontrou paz e quietude em seus dias na Terra, e não é um inferno uma vida sem paz, sem estabilidade, sem um centro plácido, estável e tranquilo? Aqui é mostrada uma proveniência, como nas denominações de origem de vinhos, como no célebre e fabuloso Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, seduzindo vastas levas de turistas pelas paisagens de Natureza domada, cheia de vinhedos disciplinados, com turistas comprando caixas de vinhos, impulsionando a economia local, no modo como o vinho não foi feito para ser bebido; o vinho foi feito para ser degustado gole a gole, ao contrário do alcoólatra, o qual só deseja, puramente, injetar Álcool para dentro do próprio organismo. Aqui é um quieto dia de labor, de rotina, como nas obras de Deus na Criação, com o sétimo dia para descansar, no modo como o laborioso imigrante italiano no RS só não trabalhava no Domingo porque a religião não permitia! Aqui, é contada uma história, em etapas, talvez num prato sendo bem vendido, contando uma história, um processo, mostrando que os frutos do Mar vêm da força dos braços do pescador, como barcos de pesca em alto Mar à noite, distantes no horizonte noturno.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Um veto, uma proibição, como num sistema opressor, no medo que o líder déspota da Coreia do Norte tem de blogueiros, ou seja, medo de dar conhecimento e liberdade ao cidadão; medo de deixar as informações correrem soltas – é um horror. Aqui é como um ditador proibindo em seu país a exibição do filme sobre Elton John, na ilusão de que um estado esmagador trará feliz ignorância ao cidadão, no modo como os opostos se atraem, como Comunismo e Fascismo: ambos resultam em estados tiranos, opressores, trazendo o oposto liberal de Smith, num estado nulo, num poder esmagador da Economia, trazendo a sábia ponderação de Keynnes, num estado mínimo junto a uma economia livre: que bênção são os homens ponderados! Aqui é um aviso expresso, como num turista entrando na China, deparando-se com uma placa em vários idiomas: “Você é muito bem vindo à República Popular da China. Mas se você estiver trazendo drogas, você será preso, julgado, condenado e executado em trinta dias”. Ou seja, comporte-se! Aqui é uma pessoa que aprendeu a dizer “não”, no busto blindado da Mulher Maravilha, rechaçando tiros bravamente, blindada, protegida, livre em seu arbítrio próprio, num ícone tão feminista, com a beleza do Yin junto ao poder do Yang. Aqui é uma urbe vibrante, com cidadãos circulando freneticamente pelas ruas, nas demandas diárias do labor, como vi certa vez na TV um cadeirante com dificuldades em embarcar num ônibus, e uma passageira ali dentro, não muito polida, esbravejou: “Vamos lá, pois tenho que trabalhar!”, havendo no cadeirante a resposta do mesmo: “Eu também tenho que trabalhar!”. Aqui é o problema do preço das passagens de ônibus em Caxias do Sul, passagens muito caras para o honesto cidadão comum, havendo uma esperança comunista em relação a um estado que possa prover absolutamente tudo ao seu próprio cidadão, nas polêmicas das privatizações, em instituições que resistem tão bravamente, como a UFRGS, numa instituição respeitada e gratuita. O dia aqui ou chega ao fim ou ao começo, nas horas de pique, no problema incontornável de trânsito pesado em grandes cidades, como numa maravilhosa e caótica São Paulo, com suas intermináveis levas de motoboys, batalhando pelo pão do dia, na dureza da vida de proletário, tendo que dar graças a Deus por ter um emprego. Aqui os cidadãos são indistintos, como as tatuagens cruéis sobre a pele de judeus em campos de concentração, fazendo de um ser humano, que é um filho único, filho do Rei de todos, um indistinto tijolo numa cruel parede fria, na insanidade de um sistema para lá de tirano, vampirizando seres humanos – é um horror. Vemos aqui algumas pessoas com adereços sobre as cabeças, talvez num dia frio, no baile poético das estações do ano, na magia de jacarandás floridos na Primavera, cobrindo as calçadas com suas flores roxas – é uma beleza. Podemos aqui ouvir os ruídos diários de tal demanda citadina, no cheiro de poluição em Nova York, uma cidade tão dura e tão fascinante, na dureza que existe em qualquer lugar, parafraseando Sinatra: “Se posso vencer lá, posso vencer em qualquer lugar!”. Todos aqui estão tocando a Vida para frente, sem passar os dias de sua vida em indolência, assistindo televisão, numa pessoa que aprendeu que, apesar da Cinderela ter recebido uma ajuda decisiva da fada, Cinderela permanece como a protagonista da história. Aqui é amontoamento, numa ilha de Manhattan, cheia de gente, de estranhos, pessoas as quais nunca vimos e nunca veremos novamente! É no paradoxo da solidão, pois posso estar cercado de pessoas e, mesmo assim, sinto-me tão só, com amigos frívolos, que não aplacam dentro de mim tal sentimento de solidão. O céu aqui é bem límpido, digno de observar a estrela do início da manhã ou do início de noite. É o conceito liberal de que o indivíduo pertence a si mesmo, no choque cultural com o qual se deparam os nortecoreanos que buscam refúgio na “gêmea” sulcoreana capitalista.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Adoro Doran (Parte 7 de 11)

 

 

Falo pela sétima vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Remete à colonização dos EUA, no selvagem Oeste, inspirando tantas lendas e filmes, em figuras de machão como Clint Eastwood, naquele homem absolutamente empedernido e brutalizado, como no romance dos caubóis gays do filme famoso, havendo no personagem de Heath Ledger um homem tão sequelado e brutalizado, como são sequelas as experiências de vida na guerra, com rapazes que, ao voltar para casa, não conseguem se ressocializar completamente, numa grande e profunda cicatriz mental, psíquica, nos versos de uma famosa canção com Marylin Monroe: “Os homens vão ficando frios, e as mulheres vão ficando velhas. Todos, no final, perdemos nosso charme!”. O ícone Clint é tão poderoso que no terceiro tomo de De Volta para o Futuro o personagem protagonista, ao viajar ao passado, no Velho oeste, adota o nome do astro icônico! O céu dourado é a frenética busca humana por ouro, metais preciosos e pedras preciosas, as quais são cópias da imortalidade metafísica, na metáfora dos dedos se desfazendo dos anéis, pois nada de material entra no Plano Metafísico, num limite claro entre dimensões, como numa sensação de sonho, no qual ganhamos um presente, e queremos muito trazer esse presente conosco, mas quando acordamos em nossa cama, percebemos que há um limite interdimensional. Apesar da cena ser de Faroeste, as pessoas vestem roupas contemporâneas, na luta diária pelo “pão”, na pessoa que parou de “se atirar nas cordas” e batalhar pela Vida, como na secretária ambiciosa de Uma Secretária de Futuro, querendo mais da Vida; querendo ser mais do que uma simples secretária coadjuvante, no modo como tais espíritos laboradores encontram a plena felicidade do Céu, pois neste a carreira espiritual continua, no prazer de um diplomata em viajar pelo Mundo, sempre primando pela harmonia entre as nações, nunca recomendando guerras e derramamentos de sangue, como se soubesse que somos todos do mesmo sangue, o divino sangue azul metafísico, o único sangue que existe de fato – o resto é cópia, como uma planta artificial achando que é como uma planta natural. Nada mais mundano e humano do que ficar obcecado com riquezas materiais, na ilusão de que dinheiro traz felicidade, como numa senhora que conheci, a qual quis dar uma guinada na Vida, mas sem olhar para dentro de si mesma, frustrando-se ao querer encontrar Paz em coisas terenas, mundanas, deprimindo-se profundamente, prostrada com a Vida – eu sei como é complicado, mas a pessoa não pode ter pena de si mesma. Ouvi aqui o relinchar furioso dos cavalos, numa pessoa impetuosa, cheia de “cavalos” dentro de si mesma, cheia de vontade, de excitação, de tesão, numa pessoa que sabe é necessário que rumemos a “passos de bebê”, pois ninguém tem a obrigação de ir “de zero a cem” num piscar de olhos. Uma personagem de O Advogado do Diabo diz: “Eu achava que ter muita grana fosse ótimo, mas não é!”. Vemos aqui tanto homens quanto mulheres, evitando a esmagadora figura do machão alfa, do patriarca, da tradição, numa pessoa que se sente tão aquém disso tudo, tão diminuída. São aqui as diligências, na agressividade do homem branco, sempre oprimindo os indígenas em todas as Américas, no choque de civilizações que aniquilou as populações pré colombianas, na ironia de que muitas de tais civilizações indígenas compartilhavam da predileção pelo Ouro, atiçando a fome materialista do explorados europeu, sugando as colônias ao máximo, como Portugal sugando todas as riquezas minerais brasileiras, numa fome sem sentido, no modo como coisas tão preciosas materialmente podem ser tão irrelevantes, havendo no Ser Humano este escravo de tais riquezas. Os cavalos domados são a Disciplina, a organização, o modo humano de impor Ordem ao Caos, como no lema da Bandeira Nacional Brasileira, no positivismo de que a Ciência e o Conhecimento libertam a pessoa, havendo nas ditaduras tal medo de se dar conhecimento ao cidadão, mantendo este sob controle, numa esmagadora Matrix, um governo vampirizador.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Uma evidência, numa pessoa brilhante, fora do comum, descomunal, excepcional num talento e num instinto que hipnotizam o Mundo. É como um popstar cheio de atitude, como num arrogante Billy Idol, um ídolo que acabou virando fumaça, desaparecendo – a arrogância precede a queda. Aqui é o slogan célebre da Apple: “Pense diferente”. É um Niemeyer projetando Brasília, com linhas que buscam dar leveza e “fragilidade” a firmes estruturas, numa simplicidade como rampas, na frase de da Vinci: “A simplicidade é o mais alto grau de sofisticação”. Esta pessoa no centro das atenções tem muito estilo, criatividade, na frase de uma certa popstar: “Eu não sigo tendências; eu as faço!”, no modo como atitude é tão essencial para uma pessoa brilhar em âmbito global, como numa Lady Gaga, a qual, além de ter uma voz boa, tem uma atitude ESMAGADORA, na prova de que só a voz não garante o estrelato, como certas cantoras, as quais, apesar de ter boa voz, não brilham muito – só a voz não garante, pois há muitas vozes boas por aí que jamais serão estrelas... Aqui é um rapaz fashion, com bom gosto para combinar peças de roupas, numa construção de critério, que vem de dentro, da cabeça, num caminho autodidata, no modo como não há livro ou faculdade que nos ensine a brilhar, do tipo: “Dez passos para você se tornar um astro”. A maleta do rapaz é a responsabilidade, o trabalho, numa vida centrada no trabalho, num homem tão sério, sisudo, que sai para trabalhar num ato de grande disciplina, como num halterofilista, o qual tem que ter uma disciplina musculosa, ironicamente falando. Aqui é uma cidade vibrante, numa Nova York, com tantos sonhos de tantas pessoas, como no imigrante italiano, que vinha ao Brasil com sonhos de se tornar muito rico, deparando-se, no Nordeste do RS, com uma vida duríssima, de quase passar fome no primeiro ano de colônia, numa reforma agrária que deu certo, gerando uma Caxias do Sul economicamente gigantesca. O rapaz aqui é alegre, não tão sisudo, no modo como é necessário que a pessoa não fique tão empedernida, conservando dentro de si um lado jovial e brincalhão, irreverente, pois não é o senso de humor uma marca de Tao, o grande piadista? Não é irônico o fato de que, por toda a eternidade de números, sempre haverá números primos? A Matemática não é de uma beleza fria que purifica e limpa? Aqui é como um relógio solar, na passagem do tempo, nas demandas do dia a dia, com cada um com sua agenda de obrigações e compromissos, numa hierarquia: a agenda dos menos importantes tem que girar em torno da agenda dos mais importantes, como vários jornalistas esperando numa antessala para entrevistar um astro, num caminho de humildade – o que quero superar, preciso antes me curvar perante; se quero sair da merda, com o perdão do termo chulo, tenho que antes aceitar que estou nela, na máxima taoista: “Curva-te e reinarás”. E não é Cristo, o centro sobrenatural da História, uma figura de humildade e sofisticação moral? Aqui é o modo humano de medir o tempo, em medidas que, em proporções cósmicas, nada significam, assim, como as medidas de espaço humanas, como Norte e Sul, pois na vastidão cósmica, Tempo e Espaço ficam sem referências, ao menos fora da referência humana, num Ser Humano tão perplexo perante tal vastidão. Aqui é um dia de labor, dia de semana, talvez numa segunda feira de “ressaca”, ou numa Quarta Feira de Cinzas, quando a Vida volta ao normal, tendo passado o doce e breve momento de euforia e celebração, como alguém voltando das férias. Aqui são pessoas com empregos, ou procurando algum emprego, numa pessoa batalhadora, na ironia do nome de Steve Jobs, que quer dizer “empregos”, empregando tantas pessoas em sua empresa. Aqui é a lida diária, numa pessoa que tem que sair da cama e encarar a Vida, deixando de lado os impulsos de prazer do Id, que são os sedutores braços de Morfeu, no gostoso pecadinho do soninho. Aqui é o desafio da pessoa em se destacar e ser alguém de fato, nas obsessões mundanas de sucesso mundano, sentindo-se um lixo aquele que não é bem sucedido.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Um momento de concentração, numa pessoa séria e centrada no trabalho, talvez num homem que, em tal sisudez, permitiu que o calor de seu casamento esfriasse, como no casal de personagens do genial cartunista Carlos Iotti, com a esposa, Genoveva, dizendo ao marido, o “grossão” Radicci, que este teria que ser mais romântico, como trazer flores para a esposa sem alguma data específica, ou em gestos simples como um beijo ou abraço, no modo como, na dificuldade de qualquer relacionamento amoroso, todos os dias um tem que fazer algo para reconquistar o outro, como numa eterna Lua de Mel, pois que casamento é este, no qual o Sexo vai se tornando mecânico? Que esperanças há quando o romantismo termina? Aqui é um time de especialistas, como numa banca de psiquiatras avaliando o caso de algum paciente, como em pobres diabos sofredores viciados em drogas, permitindo que suas vidas sejam destruídas pela droga, sem chance de reconstrução, em pobres coitados condenados a apodrecer o resto de suas décadas de vida numa clínica psiquiátrica – o Inferno pode ser aqui, na Terra. Aqui vemos uma angulação, nas lições de Geometria no Colégio, na ironia de que, por mais estudioso que possa ser um aluno, as lições, com o passar dos anos, vão se apagando na mente de tal aluno, como uma pessoa que conheço, extremamente estudiosa, a qual simplesmente esqueceu a maior parte das lições aprendidas na sala de aula, no modo como eu, redator, só lembro das lições das aulas de Português e Redação, e lembro de alguma coisa de outras disciplinas da área de Humanas. Aqui é como na construção racional de uma tática de guerra, como no jogo de tabuleiro War, com jogadores competindo militarmente pelo Mundo, em guerras que afetam em cheio o pacato dia a dia do cidadão comum, na lição de Tao aos líderes: “Nunca interfira no dia a dia pacato do cidadão”, ao contrário de um tirano, ávido por coletar impostos em seu reino, num povo que não mais aguenta tantos impostos. Aqui é a luz fria da razão, numa luz de sala de cirurgia, na revolução que foi o surgimento da Ciência, derrotando as superstições e os obscurantismos, no desenvolvimento puro da lógica, numa construção, nos inúmeros mistérios que tanto intrigam gerações inteiras de cientistas, no grande desafio científico, que equivale a imaginar como funciona um relógio sem desmontar este, no mistério de como superar a velocidade da luz e conceber velocidades que proporcionem que o Homem cruze o Universo em pouco instantes, no domínio da dimensão Tempo Espaço, numa Humanidade ainda tão “pequenina”, tão jovem, com tecnologias que são apenas o princípio de revolução científica, num Ser Humano o qual, de tão jovem, é ainda um feto que sequer saiu da barriga da mãe. Aqui nesta mesa de fria análise vemos instrumentos, como instrumentos de cirurgia, em procedimentos tão complexos como um transplante de órgão, nos sonhos de Medicina em curar o Câncer, a AIDS etc., num grande desafio, num Universo misterioso, que desafia nossa capacidade mental. No centro desta mesa, é como um relógio, no modo como, para um cientista, uma única vida é tão pouco para se debruçar cientificamente, na concepção espírita de que uma só encarnação não é o suficiente para o progresso moral do espírito, como nos sociopatas, pessoas de nulo senso moral, as quais precisarão de muitas encarnações até atingir o ponto de apuro moral, como numa pessoa que odeia mentir, matar, enganar, ludibriar etc. Aqui não parece haver hierarquia, e todos dão suas opiniões, como numa reunião de empresa, no ditado popular: “Duas cabeças pensam melhor do que duas”. O branco é tal folha branca nova, virgem, como em terras virgens, prontas para o desbravamento, na descoberta da incrível vastidão das Américas. Aqui é como um design de logomarca, num designer competente, criterioso e talentoso, na vitória do bom gosto sobre a vulgaridade.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Uma produção em série, como no namoro da Pop Art com o Mercado, com a Indústria, com o Capitalismo, com coisas numa esteira de fabricação, atendendo a demandas gigantescas, como na China, suprindo o Mundo com seus produtos industrializados, como no chá inglês Twinings, fabricado pelos chineses, na contradição chinesa: na teoria, comunista; na prática, capitalista, no Consumismo, digo, no Comunismo “caindo de podre”, num cidadão chinês ainda muito oprimido por tal ditadura, um dos poucos aliados do terrível regime nortecoreano, numa exigência: pessoas que têm blogs não podem entrar neste país, no medo que os tiranos opressores têm das cabeças pensantes e livres – é claro que eu jamais colocarei os pés em tal país. Aqui é uma Matrix, fabricando cidadãos cegos, sempre a serviço de um estado tirano, reduzindo um cidadão a uma mera bateria alcalina, em mais um indistinto tijolo na parede, num líder que, ao invés de querer ser respeitado, quer ser temido, num Saddam, incapaz de “desencarnar” do Poder, dizendo aos pobres subalternos: “Eu não estou pedindo; eu estou mandando!”, enforcado, indo para o Umbral, a dimensão de quem não quer se libertar de tudo relativo ao corpo físico – é o caminho da loucura, como num presidiário que não quer sair da prisão. O fundo aqui é verdejante, numa rica floresta, vestindo roupas maravilhosas, luxuriantes, como no europeu navegador se deparando com as exóticas terras brasileiras, numa riqueza biológica tal que mal pode ser catalogada inteiramente, como num astrônomo querendo contar as estrelas que existem no Universo. Aqui é uma fila de patinhos bebês, seguindo a mãe, como na figura da “tia” na escolinha, ganhando a atenção e o respeito das crianças, com a professora formando a fila por ordem de tamanho, na tentativa humana de impor ordem ao caos, como num explorador, dando nomes a áreas da superfície da Lua, num explorador dando nomes a terras selvagens e incivilizadas, como indígenas canibais, atiçando a imaginação do civilizado europeu, em grupos humanos que ainda vivem no Neolítico, sem o decisivo advento da Escrita, no modo como ouvi num dia desses: “A caneta é mais forte do que a espada”, no princípio de Tao, que vai contra os líderes que empurram seu próprio poder “goela abaixo” do pobre e oprimido cidadão, no modo como a geração de meus pais saiu “azarada”, passando por duas décadas de ditadura militar, tudo por causa dos efeitos da Guerra Fria, no Mundo Capitalista que temia que o Brasil pudesse se tornar uma União Soviética ensolarada, em eras que ficam para trás, numa Humanidade que vai evoluindo, entendo o que foi o Holocausto, na capacidade de sociopatas em se apoderar de estados inteiros, enganando muita gente, como num sociopata de boa estampa, de ótima aparência, acima de qualquer suspeita – tome cuidado com as aparências, como no discernimento de Tolkien entre Bem e Mal: os bondosos têm uma aparência um tanto rústica, mas causam uma boa sensação; os maldosos têm uma aparência impecável, mas causam uma sensação horrível, como no agente malévolo Smith, de Matrix, um homem malévolo com fina estampa, no modo como o sociopata despreza totalmente valores de desprendimento material, desdenhando do Amor, por exemplo, num espírito que não vê além da dimensão material, como uma certa senhora sociopata, cujo nome não mencionarei. Aqui o homem e a mulher são os pais desta ninhada, no modo como Tao se biparte e gera Yin e Yang, os opostos que namoram e geram o Universo, no poder arquetípico da dobradinha rei/rainha, no casal num trono, com um personificando o que o outro tem em escassez, como na tradição japonesa, com o marido carrancudo e antipático, acompanhado por uma esposa tão doce e gentil. Esta fila de patos é uma impecável disciplina, como num desfile militar, fazendo da disciplina tal valor que organiza o dia a dia de uma pessoa, no modo como todos temos que ter uma atividade que coloque nossa própria cabeça a funcionar – a Vida não é só labor “escravo”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Um acúmulo de tarefas e responsabilidades, numa demanda diária de dia útil, no modo como desde os tempos do Império Romano havia sistema de correios, claro que mais tosco do que os sistemas de hoje em dia. Aqui é uma troca de mercadorias entre países do Mundo, em sistemas internacionais iniciados nas Navegações, no modo como tal cosmopolismo mostra claramente a universalidade do Ser Humano, no modo como o delicioso sushi conquistou o Mundo, vendido como fina iguaria. Aqui é um dia comum de labor, na ironia de metalinguagem, pois aqui Doran, em seu trabalho, fala de trabalho. É como no caos de um atelier, no qual só o artista consegue se orientar, na capacidade humana em se adaptar, como um acumulador compulsivo, o qual se habituou com o próprio lar caótico. Aqui é esta troca frenética econômica, como o café brasileiro sendo exportado, principalmente para os EUA, num povo tão apaixonado por tal grão torrado, na poderosa rede mundial Starbucks, com o meu predileto, que é o cappuccino mentolado, num produto que, apesar de caro, vale o preço, nesse ato tão urbano e cosmopolita de pedir um café para levar, chegar na mesa do trabalho e saborear a bebida – é chic. O colar de pérolas no retrovisor é tal união, tal engajamento, tal mercado, no poder do Oriente Médio em exportar o precioso petróleo, num mercado que tanto teme o advento de energias limpas, num poderoso monarca temendo perder tal poder, como um déspota oprimindo o povo, temendo sempre perder o poder, com “dedos” que tanto temem perder os “anéis”, no modo como o desencarne glorioso só acontece aos que topam se desprender de tais joias mundanas, como um certo político suicida, preferindo morrer a perder poder – que autoestima miserável, não? As pérolas aqui são a generosidade de Iemanjá, brindando os pescadores com redes fartas, cheias de peixes, no milagre cristão da multiplicação dos peixes, num Jesus Cristo tão mal compreendido, numa mente muito, muito à frente de seu próprio tempo, num legado intelectual que ecoa pleno nos dias de hoje, neste mundo tão desigual, tão cheio de abismos cruéis que separam irmão de irmão, na loucura de irmão derramar o sangue de seu sangue. O rapaz aqui é a responsabilidade, sabendo que tem que fazer o trabalho bem feito, pois, do contrário, poderá ser punido e até demitido, no medo que um cidadão oprimido tem em contestar tal regime, como numa Elis Regina, a qual se incomodou ao chamar os militares de “gorilas” incivilizados, torturadores, assassinos e ocultadores de cadáveres, fazendo do megahit O Bêbado e a Equilibrista o hino da Anistia, com brasileiros voltando para um Brasil menos terrível. Aqui é a lida de lidar com um trânsito caótico, com cada um indo atrás de seu “pão”, talvez num trânsito um tanto caótico e estressante, como na “loucura” paulistana, com intermináveis levas de motoboys em dias úteis, no papel fundamental de levar e trazer coisas importantes numa urbe tão caótica e maravilhosa como São Paulo, a cidade de um museu maravilhoso – o MASP. Aqui remete ao trabalho policial em detectar drogas ocultas em encomendas, nas tristes histórias de vida de pessoas que “perderam o jogo” para as drogas, como num senhor que conheço, o qual, por causa de pó, apodrecerá o resto de seus dias numa clínica psiquiátrica – tem algo mais deprimente? Aqui é um trabalho de paciência, passo a passo, nos passinhos de bebê, devagarzinho, pois ninguém tem a obrigação de ir de ZERO e CEM num piscar de olhos, num trabalho persistente, de formiguinha, no imortal ditado: “Roma não se fez num dia só”. Nesta van, há um certo caos, com coisas empilhadas, como bagagens jogadas de qualquer modo numa esteira de aeroporto, nesse homem prático, embebido no dia a dia, como num lixeiro recolhendo os sacos de lixo, de qualquer jeito, sabendo que de nada adianta fazê-lo elegantemente, na questão pragmática, prática, pés no chão, no modo como já ouvi dizer: “O Trabalho traz saúde mental. Os ricos que não trabalham ficam loucos”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Os aviõezinhos são os sonhos, a metas, no modo como sou eternamente responsável pelo meu próprio sucesso ou insucesso. Aqui é como um grande e demandoso aeroporto, com voos de todos os cantos do Mundo, em mecas turísticas como Paris, com pessoas que sonham em tirar fotos na icônica torre, tais quais turistas em Gramado, para ver uma cidade tão etérea, turística, como a Ciudad de los Niños da Argentina, a Cidade das Crianças, num parque da Disney, que faz com que adultos se sintam crianças novamente. Aqui é como num caos bagunçado numa sala de aula, num professor sem autoridade, desrespeitado, no modo como um professor tem que impor respeito, pois, do contrário, não será possível lecionar de fato, num aluno que tem que entender que ocupa um posto abaixo na hierarquia. Esta figura ao centro parece ser uma mulher masculinizada, como numa mulher que possui o integral controle de sua própria vida, como numa certa popstar – tudo relativo a esta está submetido à aprovação ou reprovação da mesma, numa mulher na qual homem nenhum manda, nem mesmo o Papa Francisco – não é esse o sonho feminista? Não há nas lésbicas tais noções de independência? Aqui é como um colorido salão de Carnaval, numa pessoa que passou muito tempo elaborando sua fantasia, “arrasando” no salão, como num senhor que conheço, carnavalesco, brilhando fantasiado de indígena num Carnaval de Rua. Aqui é um vaivém frenético numa pista de pouso e decolagem, em pessoas com a enorme responsabilidade de manter a pista em ordem, em segurança, na enorme responsabilidade de um piloto de avião, tendo nas mãos as vidas de centenas de pessoas, como num jornalista organizando um noticiário local na TV, tendo que cronometrar tudo direitinho para não se chocar com a veiculação nacional após tal noticiário, como num cirurgião, num adulto que vai amadurecendo e percebendo a seriedade da Vida, ao contrário de um inconsequente adolescente, o qual já fui e, ainda bem, não sou mais – não é bom ser jovem demais, pois a juventude feliz é, já ouvi dizer, uma invenção de velhos. Aqui há uma distribuição, numa pessoa que tem tal talento distributivo, num talento nato, numa pessoa que visa atingir a todos, nesta capacidade que certas pessoas têm em ser o Sol no dentro do sistema solar, atraindo a todos com carisma gravitacional, iluminando a todos, sem esquecer qualquer um de seus “filhos”, como num pai amoroso, o qual, apesar de ver diferenças entre os próprios filhos, ama a todos incondicionalmente, sabendo que cada filho é especial em seu próprio modo, na canção de Lady Gaga: “Eu sou bela a meu próprio modo, pois Deus não comete erros. Estou no caminho certo, pois nasci assim”, dando precioso acalento aos que têm suas respectivas autoestimas atingidas por preconceitos, os cânceres sociais. Os óculos aqui são a erudição e a intelectualidade, como se fosse uma visão a longa distância, como no Universo, o qual, por ser permeado de vácuo, é incrivelmente translúcido, proporcionando que vejamos corpos celestes cuja luz demorou bilhões de anos até chegar a nós na Terra, e Tao é assim, translúcido, invisível num poder que, de tão forte, mal é percebido pelo Ser Humano, na hierarquia que gira em torno de apuro moral, no subtítulo da Mulher Maravilha: O Espírito da Verdade, um dos conselheiros do Livros dos Espíritos, de Kardec. Aqui há uma infinidade de mensagens, como numa mensagem acalentadora de um ente há muito desencarnado, como numa bisavó a qual, apesar de não ter vivido para ver um próprio bisneto nascer, ilumina este lá de cima, na vitória do Amor Imortal e Incondicional, no maravilhoso modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, no modo como o Amor sobrevive a absolutamente tudo, pois como um reino pode estar unido se os cidadãos deste odeiam uns aos outros? Aqui é como uma pompa de cerimônia de coração de monarca inglês, deslumbrando o Mundo com tal tradição, no modo como as tradições fazem metáfora com a Eternidade, a qual resiste à dimensão de Tempo e Espaço, na Vida Eterna.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.