quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Adoro Doran (Parte 4 de 11)

 

 

Falo pela quarta vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Um trato, numa igualdade entre os gêneros, como num casal num restaurante, rateando a conta. Aqui é o ambiente masculino do trabalho, do Poder, um lugar sem muito espaço para feminilidades. A mulher está condicionada a tal ambiente, trajada com roupas um tanto masculinas, longe de uma mulher num estonteante vestido de gala, longe esta de um ambiente glamour zero, sem frescuras ou sensibilidades, num ambiente racional, frio, técnico, na face Yang do espírito, na mortificação espiritual, a qual aniquila sofrimento, como uma máquina, a qual, apesar de tão fria, tem Yin, ou seja, afetividade, no modo como vi verta vez uma publicitária demitir um amigo, num ambiente em que apenas amizade e afeição não são o suficiente. A vista aqui é para uma cidade apolínea, muito limpa e organizada, com elegantes prédios cheios de gente laborando, fazendo coisas, criando, trabalhando, no poder terapêutico do Labor, como uma pessoa que decidiu aproveitar o dia, fazendo deste algo muito proveitoso, matando “vários coelhos” numa bela jornada. É uma cidade que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, num forte e profundo sabor de pertencimento, de Lar, com camas com lençóis suavemente perfumados, como no esmero de uma mãe em manter uma casa limpa e organizada, num trabalho de amor e dedicação, no modo como estão equivocados aqueles que pensam que é moleza ser dona de casa. O aperto de mãos aqui é cordial, igualitário, na igualdade de um pleito democrático, num momento em que somos todos filhos da mesma barriga, nas nobres intenções democráticas. Aqui é o oposto do quadro de Botticelli, que tem Vênus “enfeitiçando” Marte; aqui, é Marte quem “manda”, no deus daqueles que são guerreiros e que lutam pela Vida, acordando de manhã e encarando uma nova página, seja esta feita de sucesso ou insucesso – as páginas têm que ser viradas sempre. Aqui é uma reunião de escritório, com cada um dando sua opinião racional, mental, psíquica, num ambiente limpo e técnico. A mulher aqui é a Mulher Maravilha, a qual, apesar de ser bela como é uma filha de Zeus, é superforte, blindada, no Espírito da Verdade, como se soubesse que as mentiras têm “prazo de validade”, no termo: “A mentira tem pernas curtas”. Foi este espírito um dos que iluminaram Kardec quando este concebeu a codificação do pensamento espírita, numa pessoa que simplesmente odeia mentir, sentindo um peso de culpa ao proferir alguma mentira, ao contrário do sociopata, o qual mente irrefreavelmente, nunca sentindo qualquer pingo de remorso ou arrependimento – aqueles que mentem acabam rechaçados pelo Corpo Social, desencarnando e “acordando” no Umbral, a dimensão para aqueles que não querem se livrar dos valores mundanos, como Getúlio Vargas, o suicida que foi direto, sem escalas, para o Umbral, arrastando-se como um imundo mendigo em um chão gelado, passando fome e sede, perdendo qualquer noção e tempo e espaço, num homem que foi reduzido a este estado deprimente mesmo tendo sido tão poderoso na Terra – é preciso ter humildade sempre, como a Galadriel de Tolkien, negando o Anel do Poder e permanecendo ela mesma, humildemente. O céu claro aqui é a clareza do pensamento, das ideias, das concepções do poder de abstração humano, com ideias sendo esplanadas do modo mais claro possível, como num gráfico de estatísticas, ou de intenções de voto, ou dos números da Covid no Brasil, no poder do esclarecimento, aniquilando tolas superstições ignorantes, ao contrário de uma pessoa de má fé, aproveitando-se da ignorância de pessoas mais pobres e sem formação – é um horror. Vemos aqui pessoas com óculos, que são metáfora com a inteligência e a capciosidade, em pessoas com ideias felizes, inteligente e pertinentes. Os móveis aqui são simples, retilíneos, modernos e sem excessos curvilíneos, no modo como empresas americanas proíbem que haja flerte romântico no ambiente de trabalho, no ditado: “Onde se ganha o pão não se come a carne”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). A planta e o Sol trazem um pouco de vida a esta casa, no prazer de uma pessoa, que mora na “selva de pedra”, em contemplar uma vista de mata nativa, virgem, na sedução entre campo e cidade, como crianças da cidade, encantadas em ir para uma paisagem campestre, selvagem. Aqui é um doce, doce momento de estar em casa à vontade, lendo alguma coisa, tomando um vinhozinho no fim de tarde, admirando um por do Sol, como na bela casa de uma prima minha em Porto Alegre, com uma deslumbrante vista para o Lago Guaíba, com seu entardecer ardente, digno de aplausos contemplativos. Aqui é uma casa impecavelmente limpa, como nas deslumbrantes casas metafísicas, nas quais não há uma só bactéria ou vestígio de poeira, no prazer de se entrar numa casa limpa e perfumada, cuidada, amada, nos rituais humanos de purificação, como chegar em casa depois de um dia de transpiração, tomando um glorioso o banho, o qual nos devolve o “status de ser civilizado”, como na limpeza dos anjos, sempre perfumados, como se estivessem recém saindo de um banho. A planta é o poder da Vida, a força e a vontade de lutar para viver, numa pessoa com tesão pela Vida, como num surfista prostrado em frente a um mar sem ondas. As ramificações da planta são a evolução das espécies, na árvore que relaciona o Ser Humano com outras espécies arcaicas de primatas, na ironia de que toda a Vida tem uma origem em comum, na Vida que foi surgindo nos oceanos da Terra, num galgar tão lento, nas sofisticações de espécies, na prova da única e deslumbrante riqueza biológica terrestre, num sistema solar que, até agora, mostra-se tão inóspito e hostil à Vida como a conhecemos, num Cosmos que, de tão vasto, é infinito, no poder de Tao, aquele que nunca desiste, sempre trabalhando, na gloriosa sensação de se sentir útil ao Mundo. O Sol é acalentador, gostoso, quentinho, no modo humano antigo em ver divindades nas forças da Natureza, como o deus solar ou o deus do trovão, nas mitologias que foram sendo gradualmente rechaçadas pela iluminação científica, até chegar à sofisticação espírita: Não há deuses; há nossos irmãos que são mais evoluídos do que nós. Os óculos repousam sobre um livro, num momento de retiro; os óculos são a erudição, o conhecimento, numa pessoa prazerosamente surfando pela Internet, construindo toda uma sofisticação – não basta ser inteligente, pois tal inteligência tem que ser mostrada par ao Mundo, deslumbrando este. Aqui é a clareza de um dia sem nebulosidade, longe de brumosas tardes na Serra Gaúcha, na dissolução de dúvidas, de coisas mistas e cinzentas, num dia claro no qual nos damos conta de quem somos metafisicamente – filhos do mesmo Rei. A luminária é tal esclarecimento, numa pessoa que não se permite levar por crendices ou superstições. É a luz da Ciência, buscando intensamente os tratamentos e curas para doenças como o Câncer ou AIDS, no modo como um cientista percebe tal desafio, como num professor que nos instiga e nos faz ir mais longe em nossos pensamentos, em professores que valem cada centavo da mensalidade da faculdade, quiçá valendo ainda mais, no fascínio de se deparar com tal professor exigente, inesquecível e formidável. O vinho são estes pequenos prazeres do dia a dia, tomado com parcimônia e responsabilidade, no modo como a Vida vai nos ensinando a ser mais cuidadosos e ajuizados, aniquilando a arrogância de quem se acha imune a erros e que acha que nada tem a aprender na Terra. A cortina aberta é uma revelação, na dissolução de um mistério policial, na revelação do Grande Plano Espiritual para conosco, na revelação de que Tao está infinitamente acima de qualquer teoria científica do Homem, na arrogância humana em achar que consegue aprender e apreender o que é a Eternidade. É como encontrar Paz em nossos dias aqui na Terra, fazendo com que a Terra se pareça o máximo possível com as fabulosas colônias espirituais, os lugares em que a Vida continua em toda a sua seriedade.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Uma deliciosa cena de relaxamento, como chegar em casa no fim do dia, calçar chinelos e tomar um merecido drinque. A água aqui é absolutamente plácida, espelhada, numa Paz que reina tão absoluta, nas vizinhanças metafísicas, nas quais as ambições humanas mundanas desaparecem por completo. O espelho é essa reflexão, numa pessoa que aprendeu a enxergar a si mesma da forma mais realista possível, pois há algo mais insuportável do que uma pessoa arrogante, que se acha imune a erros? A arrogância não precede a queda? Os óculos são a intelectualidade, no charme de uma pessoa de óculos, inteligente, interessante, no modo como devemos tomar cuidado com sociopatas, pessoas as quais têm mau caráter mas, por outro lado, ardilosa inteligência, no modo como um sociopata consegue enganar “meio Mundo”, como numa pessoa de aparência acima de qualquer suspeita, como uma certa pessoa, a qual se envolveu com um sanguessuga de marca maior, numa desilusão que acaba causando crescimento à pessoa ludibriada. O lago espelhado é a Paz, a resolução de mistérios, num momento de libertação, como no funeral de minha avó paterna, num funeral no qual se respirava o ar de “missão cumprida”, como se eu pudesse ouvir minha avó dizendo: “Desencarno e deixo para atrás meu corpo físico” – é uma questão do odor da energia da pessoa. O Sol aqui é brando, sem causar queimaduras, forte e, ainda assim, clemente, como numa pessoa que quer aprender a brilhar e a ser valorizada pelo Mundo, neste grande desafio que é ganhar o respeito de outrem, de ganhar valor aos olhos dos outros, num grande desafio, numa grande provação de força e persistência, como uma querida professora antropóloga que tive, a qual chegava para o aluno e perguntava: “Como vai a luta?”. Como posso ser respeitado se nada mostro para o Mundo, escondendo-me deste? Qual a esperança que existe fora do trabalho? Aqui temos drinques sedutores, refrescantes, deliciosos, como um bom espumante geladinho em dias e noites quentes veranis. É o relaxamento, como ouvi em um seriado: “As pessoas não gostam do sabor do Álcool; as pessoas gostam dos efeitos do Álcool”. É o discernimento entre etilista e alcoólatra, no senso de responsabilidade, numa pessoa ciente de que é responsável por seu próprio sucesso e por seu próprio fracasso, no lema dentro da Igreja: “Mea culpa. Mea culpa. Mea maxima culpa”. É o modo como a droga pode destruir a vida de uma pessoa, em casos graves, nos quais não há chance de reconstrução, como um senhor que conheci, o qual, por causa de Cocaína, está condenado a passar o resto de seus dias numa clínica psiquiátrica, impedindo de viver, trabalhar, realizar-se, namorar, viajar etc., numa história de vida absolutamente deprimente, que é o exemplo de como o Mundo pode ser um calvário de sofrimento para almas desencaminhadas, na crença espírita acalentadora de que cada um de nós, em encarnação, é acompanhado por um anjo da guarda, espíritos amorosos que buscam nos levar sempre pelo bom caminho, mas anjos da guarda que nem sempre são ouvidos por nós... Os pedaços de limão cítrico são essa coisa abrasiva, ácida, como em agressivas pirâmides ou obeliscos, pontudos, como uma seringa, num aviso ao resto do Mundo – nunca se meta militarmente com os EUA, ou como, em outros tempos, o Egito era uma potência militarmente temida, em egos que vão acendendo a descendendo ao longo dos milênios, na permanência metafísica de Jesus, a maior cabeça de todos os tempos. A Paz aqui é esta fragilidade, tão vulnerável, tão fininha, eternamente sendo perturbada pelas ambições humanas, num rei que nunca está feliz dentro de sue próprio reino: Se o que você tem você acha que não é o suficiente, então você nunca terá o suficiente. A canoa é este veículo, como nas naus levando-nos embora para terras mais iluminadas e pacíficas, na Terra da Estrela da Manhã, no lugar em que os mistérios estão esclarecidos, com Tao nos revelando seu maravilhoso plano divino para conosco, seus amados filhos, num Pai que quer o melhor para nós.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Prédios numa cidade colorida, diversificada, com ambiciosos sonhos de Arquitetura, com sonhos de projetistas desafiando os limites da Física, com em fabulosas cidades futuristas de Os Jetsons, com enormes prédios sendo sustentados por mínimos pilares, finíssimos, na metáfora de que, quanto mais fino, mais poderoso, na deliciosa hierarquia espiritual, com os depurados regendo os toscos, como num fino anfitrião que faz com que nos sintamos tão bem, numa sala maravilhosa iluminada por um deslumbrante lustre de cristal com suas multicores mágicas, finas, delicadas, chiques, na vitória da Virtude sobre a Vulgaridade, ou seja, da Cabeça sobre a Bunda, com o perdão do termo chulo. Aqui é uma espécie de “antianúncio”, por assim dizer, pois nos anúncios publicitários tradicionais os produtos, as marcas e a embalagens são expostos ao máximo na tela de TV, certificando-se que o consumidor, na gôndola do supermercado, identificará tal produto, adquirindo este por influência de um comercial sedutor, nesta capacidade que a Sociedade de Consumo tem em nos dizer que quanto mais consumo, melhor, o que é uma mentira, pois, na elegância minimalista e sábia, menos é mais; mais é lixo e desnecessidade. Como posso ter Paz se nunca estou contente com o que tenho? É como nos deprimentes casos de acumuladores compulsivos, ligados fortemente a objetos inúteis e insalubres, numa espécie de escravidão, numa vítima de apelo consumistas, como uma pessoa fuçando em lixeiras de lixo seco, em busca de tranqueiras. Num detalhe aqui, vemos aqui um brilho, num toque numa taça delicada de cristal, no poder da limpeza, do minimalismo, na sensação de se sair de um perfumado banho, num poderoso ritual de depuração, com todas as desnecessidades indo embora pelo ralo do boxe do banheiro. O brilho é de uma pessoa que vive próxima de Tao, numa pessoa que é respeitada pelo Mundo, pois, se sou respeitado, ninguém vai se importar se estou acima ou abaixo do peso; se não sou respeitado, posso ser feito de ouro maciço – as pessoas encontrarão defeitos em mim! O gelo aqui é aquele “balde de água fria”, no poder gelado, porém purificador, do Pensamento Racional – não ouça o coração; ouça a cabeça. É como numa mulher semimendiga que vi hoje na Rua, fazendo com que seus filhos pequenos fossem pedir esmola em carros no semáforo, expondo as inocentes crianças a terríveis riscos de atropelamento. Cuidado com o coração – ele te enganou antes e enganar-te-á depois, sem dúvida. É a questão da mortificação espiritual, até a pessoa ficar imune ao mundano, odiando mentir. Aqui a laranja cortada é o labor, a interferência de um barman, como nas mãos de um artista plástico, pegando elementos dissociados, associando-os e produzindo algo novo, criativo. Podemos ouvir aqui o som dos cubos de gelo sendo agitados com a bebida, como uma rainha confusa, não sabendo como agir, tomando um uísque para abrandar a dureza do dia. O copo transparente é a transparência de um amigo, uma pessoa na qual sabemos que podemos confiar, num confidente, num amigo que, nos amando, jamais tentará nos mentir ou nos ludibriar, como num empresário ético, correto, que jamais tentará passar o cliente para trás – Verdade, a amiga do Amor. Aqui é o canto sedutor da droga, como a Cocaína, uma droga que vende a ilusão de que, na pessoa no pico de euforia do pó branco, a mesma pessoa seja o suprassumo no topo do Mundo, ou seja, vende uma ilusão e uma mentira, nos nossos heróis da Polícia Federal, apreendendo drogas, no modo como a droga pode ser uma sentença de morte existencial. Aqui vemos uma laranja que ainda não foi cortada, talvez esperando por um momento propício de entrar em cena e mostrar a que veio, como numa pessoa que descobriu que é necessário que haja dentro de si duas coisas – potencial e persistência. Aqui vemos um conjunto reunido, como funcionários da mesma empresa, num tabuleiro de Xadrez onde cada um tem seu papel e modo de agir, no respeito às inevitáveis diferenças, pois Tao nunca faz dois filhos iguais – você é uma preciosidade de único; você é um príncipe.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Um dia a dia humilde, com Paz em seus dias na Terra, molhando vasos e a horta, como certa vez numa aparição de Elizabeth II na mídia, com a monarca numa cena simples, colhendo flores em seu jardim, como qualquer outra simpática senhora de seu reino. O regador é o provedor da água, numa nascente de rio, como Tao, de onde a Vida vem, no modo como a Vida é um mistério, pois alguém sabe exatamente o que faz um coração bater? É um milagre. A pá é como um enterro, sem querer eu ser aqui lúgubre. É no modo como o Ser Humano evoluiu, enterrando seus mortos, diferenciando-se assim de qualquer animal, os quais não têm hábito funeral. O funeral é uma homenagem, um respeito, numa discrição, como num café forte servido no velório, para lembrar as pessoas de que não se trata de uma festa – quando a pessoa retorna ao Lar Metafísico maravilhoso, aí sim é uma festa, com entes queridos nos esperando para nossa reentrância, no maravilhoso modo como ninguém está na Terra para sempre, este lar provisório que pode ser doce e amargo, no caminho de crescimento e depuração espiritual, o sentido na Vida na Terra, como numa grande e formidável universidade, no glorioso dia libertador de formatura, num Pai que fica orgulhoso ao nos ver com o “diploma” na mão. Ao fundo vemos uma flor, que é a força e a beleza da Vida, como nas flores silvestres que brotam na Primavera, sem que ninguém precisasse plantá-las ou cultivá-las, no milagre da Vida que ressuscita, no milagre de vermos o túmulo de Jesus vazio, desocupado, inundado pela luz de um novo dia, com majestosos barcos que nos levam de volta para casa. Vemos aqui um vaso vazio, desocupado, esperando para servir ao Mundo, tendo em Tao tal vazio que é útil ao Mundo, como numa recente obra urbana de Porto Alegre, recebendo, em seu vazio, o portoalegrense em momento de lazer, num copo de água que, em seu vazio, é útil, pois como poderia eu tomar água em um copo que está com o interior todo ocupado? A flor heroica aqui é o modo como o Amor sempre encontra um caminho para fluir, como água, sempre encontrando um curso, nesta máquina autossustentável que é a Terra, numa biodiversidade de dar inveja a qualquer outra esfera do Cosmos. As folhagens aqui crescem heroicas, persistentes, numa pessoa que percebe que há apenas um caminho para cima, e que o coração deve atingir tal caminho, numa pessoa que percebe que, se desistir, que esperança haverá? Como minha avó, que se tornou poetisa ao se aposentar como professora de Língua Portuguesa: “Sem a poesia, o que faria eu desta tarde brumosa?”, ela escreveu, mencionando os dias brumosos da Serra Gaúcha. O chão aqui é de terra, simples, rústico e acolhedor, como receber amigos para um cafezinho, no prazer de sentar e conversar, trocar ideias, num hábito que, de tão prazeroso, existe na Terra e no Céu, mas não no Umbral miserável e degradante. É como um chão de terra numa adega, formidável, simples, terroso, com vísceras na terra, gerando vinhos consequentes do aspecto químico do solo. A pá é o trabalho, na imagem da foice do martelo na bandeira comunista, no engano de um campo de concentração nazista, o qual trazia na porta de entrada a frase: “O trabalho liberta”, na mentira de que tais oprimidos um dia seriam livres – o Nazismo é um horror sem precedentes na História da Humanidade. Aqui é a Vida brotando sempre, numa dedicação, pois se sou digno de respeito, respeito obterei, no modo como o Mundo pertence ao dignos, aos merecedores, às pessoas honestas, que não querem nos enganar nem nos passar par atrás, no caminho essencial e vital do apuro moral, na superioridade moral dos grandes espíritos, os arcanjos, de apuro moral impecável – como pode me amar uma pessoa que quer me enganar? Não é a verdade infinita e a mentira finita? Aqui é o fruto do trabalho e da dedicação, na árdua vida rural do imigrante italiano, com suas mãos calejadas e suas pernas doendo depois de uma jornada de labor e dedicação.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). A delícia de se viajar, e notar que o Ser Humano é universal, fazendo com que em qualquer lugar haja pessoas agradáveis e desagradáveis. Remete-me à viagem que fiz com minha família para o verão da Flórida, EUA, num complexo de parques temáticos que são simplesmente deslumbrantes, numa grande experiência de Vida, no incrível desenvolvimento norteamericano, com demandas colossais de hotéis, por exemplo. O chapéu é a proteção, o resguardo, numa pessoa que se protege do “Sol”, nas coisas degradantes e nocivas, numa pessoa que aprendeu a se proteger e a não se relacionar com sociopatas, no caminho do amor próprio, numa pessoa que parou de “dar murro em ponta de faca”. O passarinho é essa sensação de liberdade numa viagem, num passeio por terras estranhas e exóticas, numa aventura que é viajar, conhecer outros lugares e olhar nos olhos de estrangeiros, obtendo uma experiência de Vida. O passarinho é a liberdade do pensamento, numa pessoa que não mais quer ser refém das expectativas de outrem, adquirindo o controle sobre sua própria Vida, como num amigo meu, o qual largou o curso de Medicina, no qual não estava feliz, e abraçou o curso de Jornalismo, o qual amou. As folhagens aqui são essas terras exóticas, tropicais, no calor do Rio de Janeiro, seduzindo turistas do Mundo inteiro com suas praias, seu povo bonito e bronzeado, seus morros e vistas como a do Corcovado, numa cidade que aprendeu a bem receber o turista, dando lições a outra Meca turística brasileira, que é Gramado, numa cidade com um estilo cada vez mais inconfundível, ficando mais soda a cada ano que passa. A mala aqui é o fardo inevitável, num espírito carregando um corpo carnal, numa carga, numa responsabilidade, havendo, no fim de tal processo de encarceramento, o dia de soltura, num momento em que os problemas mundanos somem, na bênção do retorno ao Lar. A garrafa térmica é a Vida, a água suprindo e irrigando, numa gloriosa chuva que impede que alguma região entre em crise hídrica, havendo na água o retrato de Tao: sem cor, sem gosto, sem cheiro, e ainda assim, absolutamente vital, num Tao discreto, pois a sensualidade reside exatamente nos lugares vazios, os quase servem ao Mundo. A bagagem é como numa carreira de ator, interpretando vários papéis, como numa pessoa que já esteve em muitos lugares, físicos ou metafísicos, na carreira espiritual, numa pessoa que, ao encarar as vicissitudes encarnatórias, cresce como espírito, morrendo mais depurada e refinada. A mala é a responsabilidade, como numa colega de colégio que tive, a qual se tornou mãe ainda adolescente, tendo que amadurecer “na marra”, encarando certos sacrifícios em relação ao próprio bebê, sacrificando boa parte de sua juventude, no peso de uma responsabilidade. O pássaro e as folhagens são a Vida, num Rio de Janeiro tão rico de Vida, com seus cantos de pássaros exóticos, com o Samba e o Pagode rolando nos morros num domingo de churrasco, fazendo do Carnaval do Rio o maior espetáculo da Terra, deslumbrante, na decisiva interferência africana na Cultura Popular Brasileira. Aqui é como uma Dercy Gonçalves, a qual fez a mala e fugiu de casa para integrar uma companhia circense, abraçando a carreira de mambembe, numa mulher guerreira, a qual, ao ser questionada sobre o que é a Vida, disse: “A Vida é luta!”. Como pode ter realização uma pessoa que nada faz por merecer? Aqui é o fascínio que as terras tropicais exercem sobre regiões menos quentes do Mundo, como nos intermináveis invernos nórdicos, indo para uma praia brasileira com seus sucos de maracujá e acerola, ou granola com açaí, na riqueza popular da Culinária Baiana, com frutas exóticas desconhecidas pelos brasileiros gaúchos, remetendo-me a um casamento baiano em que fui, na beira da praia, ao som de uma banda similar à famosa Olodum. Aqui é uma pessoa que quer fugir um pouco da sisudez do dia a dia, abraçando uma aventura de Indiana Jones em terras estranhas, como visitar o Vale dos Reis no Egito, numa civilização extinta tão inesgotável. Aqui é um desligamento do cotidiano.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Adoro Doran (Parte 3 de 11)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Suntuosas cortinas num luxuoso teatro, em lugares que buscam imitar a enigmática beleza dos salões metafísicos, onde tudo é fino e belo. É na magia teatral das cortinas sendo abertas e revelando um cenário, no momento em que o diretor entra na mente do espectador, numa conversa de Ser Humano para Ser Humano. Aqui temos uma cena de união, de integração social, como nos momentos mágicos de Copa do Mundo, quando o Brasil inteiro se veste de verde e amarelo para acompanhar os jogos, em momentos mágicos nos quais as pessoas, por um momento, esquecem-se de suas diferenças. O pinheiro farto é a magia do Natal, feito para as crianças, com infantes abrindo seus presentes, num momento esperado pela criança durante o ano todo. É na riqueza de um panetone, recheado de consistência, rico, farto, num Papai Noel gordo, generoso, numa farta mesa, com um prato trazido por cada membro da família, compondo uma ceia tão rica, no ditado: “Barriga cheia, coração contente”. É um raro momento em que sabemos que somos todos príncipes filhos do mesmo Rei, na força do pensamento de um homem que dividiu a História da Humanidade entre antes e depois, no poder do metafísico, do pensamento, daquilo que rechaça as ilusões mundanas materiais, como numa Galadriel de Tolkien, seguindo o caminho da Humildade e rechaçando as tentações sedutoras do Senhor do Escuro, na metáfora dos dedos cheios de “anéis” – aos que não querem se desapegar, Umbral, no modo como, não canso de dizer, Ayrton saiu de cena, no modo como a felicidade mundana não sobrevive à morte do corpo físico. O branco da neve é a Paz, numa época de Paz, de conciliação, de generosidade, como presentear o zelador/porteiro do seu prédio com uma bela cesta de Natal, com doces, vinhos etc., ou como sempre ter a generosidade de dar uma gorjeta ao motorista de táxi, pois quando mais presentes dou, mais rico me sinto, na questão do gesto de dar algo, algo que vai além do preço econômico de tal regalo, no modo como esses generosos amigos ficam para sempre em nossos corações, num arquivo de computador, um arquivo que é indeletável. O chão alvo é como de açúcar, na magia de uma cesta de Páscoa cheia de chocolates perfumados, na excitação da criancinha em revistar a casa para descobrir onde o coelho escondeu a cesta, em doces memórias de domingos mágicos, coloridos, doces, na roseta colorida de Elizabeth, a rainha que se aproximou dos conceitos da Mãe Imaculada Celestial, numa monarca que deu alento ao próprio súdito, no talento de estadista, numa pessoa que sempre prima pela Paz, havendo isso no homem de Tao, um homem que sempre prima pelo diálogo e pela política de boa vizinhança. Então, eras de Paz e prosperidade chegam a um determinado reino, num cidadão comum que ama e confia no seu líder, muito distante da estupidez ditatorial, a qual simplesmente não respeita o oprimido cidadão, na metáfora de Matrix, num sistema que reduz um ser humano à trivial função de uma pilha alcalina – é uma perversidade sem sentido, com traços claros de sociopatia, na metáfora do vampiro. Aqui, os cidadãos estão felizes, cantando em coro com alegria, acreditando na simplicidade de seu próprio rei, um rei que, apesar de ocupar tal posição tronal de poder, é um cidadão como qualquer outro, no caminho da Humildade, conquistando o Amor do povo, como num Papa Francisco, o Papa do povo. Aqui é como uma edição especial de Natal de alguma revista, no extraordinário que se sobrepõe ao ordinário, num momento em que podemos entender um pouco da Paz Metafísica, esta dimensão onde as ambições mundanas não entram. Aqui é como uma pequena comunidade de vizinhança, com os vizinhos recebendo uns aos outros, até chegar a um ponto em que amo os que vivem ao meu redor, nunca crendo que o gramado do vizinho é mais verde do que o meu – “Não cobiçarás a mulher do próximo”. Aqui é como as partes do Mundo com neve dão “inveja” às que não têm, neste fenômeno tão raro e onírico no Sul do Brasil.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui é a construção de caráter de um homem, numa pessoa digna e honesta, que ama seus irmãos, nunca querendo passar estes para trás. É como numa carreira pública, numa vida pública, como numa Eva Perón, a qual se tornou tudo o que se tornou com apenas cinco anos de vida pública. É como certos homens se destroem por meio da mentira, como num Bill Clinton, o qual negou ser adúltero, sendo desmentido por um simples teste de DNA – era o seu esperma no infame vestido azul de Monica Lewinsky. O fundo azul é o céu de sonhos, de projetos, de metas, numa pessoa que quer respeitar e ser respeitada, no modo como o bom rebelde, antes de tudo, tem que respeitar a tradição, no caminho oposto à pessoa revoltada, a qual tem raiva em relação ao Mundo – como posso ter Paz se odeio as pessoas? Aqui é uma vida de trabalho e dedicação, no modo como são miseráveis as pessoas que simplesmente nada fazem, nada laboram, nada produzem, numa vida equivocada, dedicada a nada, talvez num espírito que, vendo tal vida improdutiva, resolver reencarnar num ambiente disciplinado, buscando, assim, partir em busca do tempo perdido em tal encarnação hedonista desobjetivada, no modo como a Eternidade é tempo para qualquer volta por cima, no poder terapêutico do Trabalho, esta força que faz com que o Plano Metafísico seja o Éden aos que gostam de produzir, na construção da divina carreira espiritual, a única carreira que existe, até um espírito tosco, depois de muito labor, chegar ao ponto de arcanjo, atingindo a perfeição moral. O colarinho aqui, apertado, é a disciplina, numa pessoa que acorda de manhã e percebe que a Vida continua, sendo o dia anterior doce ou amargo – não importa, pois qualquer página tem que ser virada. Aqui é um impecável branco de roupa, talvez numa mulher laboriosa e dedicada, sempre mantendo uma casa em ordem, talvez percebendo que ser uma simples dona de casa não traz á muito preenchimento existencial, como me disse uma amiga psicóloga: “É tão desinteressante uma pessoa que é só dona casa!”. Ou seja, falando como as feministas, é tão desinteressante uma pessoa que vive a vida de outra pessoa! Aqui é um ambiente de trabalho, de labor diário, numa pessoa que precisa desesperadamente algo para fazer, como já ouvi: “Nada mais trabalhoso do que não trabalhar”. Aqui as pessoas estão ativas, com tesão pelo labor, talvez sob um chefe benevolente, que paga as pessoas muito bem pagas, como num patrão exigente como Silvio Santos, remunerando generosamente qualquer um que trabalhe no SBT. É como um certo professor de faculdade meu, um grande e respeitado publicitário, dizendo aos alunos: “Vocês não podem ficar tão parados assim. Vocês têm que ter tesão, ficar tomando nota, dando opiniões na reunião, participando, fazer o dia valer a pena”. Podemos ouvir aqui os ruídos do labor, como telefones tocando e vozes falando, numa reunião em que o grupo pensa melhor coletivamente, como nas chamadas brainstorms, as tempestades cerebrais das agências de Propaganda, num momento em que todos falam o que lhes vêm à cabeça, para que, assim, surjam, ideias ótimas e felizes, num sharing; num compartilhamento do crédito. Aqui é um homem sonhador, que trabalha em nome da concretização, mas num homem sábio, que, apesar de trabalhador, não é workaholic, como um homem que conheci, o qual, apesar de “ralar”, dava-se ao respeito, jamais se submetendo ao estilo de vida degradante do workaholic, num homem que acabou deslanchando muito bem na carreira – respeito é para quem merece; é para quem se dá ao respeito. Aqui é a deliciosa sensação de construir algo, numa meta, num plano, numa pessoa que resolveu aproveitar o dia no termo latino carpe diem, ou seja, aproveite o dia. São os pequenos sucesso do dia, numa pessoa que chegou ao final da jornada com a sensação de que fez algo de bom, útil e positivo, no caminho do preenchimento existencial, na sensação de se estar fazendo algo de válido e benéfico. Aqui é a igualdade entre homem e mulher, pois ambos têm a mesma capacidade mental.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A intervenção de um artista, querendo criar, fazer coisas novas, numa criatividade que vem de dentro, do instinto, no modo como não há livro que nos ensine como fazer Arte – só são ensinadas técnicas. O X aqui é como um veto, um voto contrário, no modo como as feministas, ao desafiar o Patriarcado, transitam na contramão, no modo como o governador gaúcho Eduardo Leite foi muito corajoso ao falar a verdade em público. Aqui as árvores trazem a beleza arborizada a uma cidade, como nas ruas portoalegrenses, com seus jacarandás de flores roxas durante a Primavera, com tapetes de flores caídas nas calçadas – tem algo mais chic? Estilo vem de dentro, da mente da pessoa. A árvore aqui ameaça tomar conta do quadro, como numa trepadeira, numa hera, tendo que ser podada e domesticada para a Vida em Sociedade, num ritual de aprumação de uma senhora caxiense que conheço, a qual, com grande autoestima, só sai na Rua se estiver absolutamente arrumada, impecavelmente colocada, no caminho do amor próprio – a primeira pessoa que deve me amar sou eu mesmo. Aqui a cena é parisiense, na sedução de uma cidade tão romântica, sonho de viagem de intermináveis levas de turistas, na vitória do charme e da beleza, como no estonteante ensaio fotográfico nu em Paris de Vera Fischer na revista Playboy brasileira, com um certo excesso de pelos pubiano na diva, fazendo pertinente referência à mulher europeia, pouco depilada. A torre aqui tem tal magnetismo, tal it, e todos querem tirar muitas fotos com o famoso cartão postal, no modo como, no presente momento, está duro e difícil para o brasileiro ir para a Europa ou os EUA, havendo no Real tal moeda desvalorizada ao redor do Mundo, como me disse certa uma vez uma prima que há poucos anos viajou à Cidade Luz – os preços lá estão insuportáveis. A torre é esta vitória artística, na vitória da mente do projetista. Esta gigantesca mão é Tao, o artista, o inventor cujas obras nos deixarão perplexos por toda a Eternidade, na dificuldade humana em ver um rosto para Deus, recorrendo à figura de um velho patriarca, reunindo toda a família numa noite de Natal, nesta capacidade rara existente em pessoas de espírito agregador, acolhedor, hospitaleiro, numa casa cheia, com vida, amigos e família, no prazer em bem receber as pessoas, como numa socialite, empenhada em tal ato de recepção, no modo como, por mais bela que seja uma festa, você acorda no dia seguinte e a Vida continua, ou seja, a Vida não é só “tranças soltas ao vento”, como uma pessoa que simplesmente não produz e que nada construiu em vida, desperdiçando uma encarnação com fofocas e bobagens, talvez reencarnando ciente de tal perda de tempo, querendo “ir atrás do tempo perdido” em uma nova encarnação cheia de disciplina. – a Eternidade é tempo para qualquer volta por cima, como num grande amigo que tenho, o qual está começando a reagir, deixando de se “atirar nas cordas”. Podemos ouvir aqui o colírio para os ouvidos que é o canto de pássaros, num barulho de mato, silencioso, com o suave farfalhar de veludo das folhas das árvores, num processo em constante desenrolar, sempre fluindo, nunca num ponto final narcisístico no qual creio que atingi a perfeição, pois ouvimos na sabedoria popular: “A Vida é jogo que segue”. O Céu aqui é perfeito, de Brigadeiro, num glorioso dia de azul profundo, no modo como os desencarnados acham que o Céu metafísico é mais azul do que o Céu físico, quando que, na verdade, são de intensidade igual. Aqui é um belo e ensolarado dia de labor, de produtividade, numa cidade que tem tal energia de trabalho, no Éden para os que querem continuar tocando a Vida. Então o ar flui livre através das fendas de tal torre, sempre respirando, sempre vivendo, nunca encontrando um final, como o fim de algo é o (re)começo para outro algo, como nas séries de estudos na Escola, num paciente trabalho lento de construção, num corpo que sempre flui em Vida. O X aqui é tal cerne da questão, numa pessoa que encontrou algo de nobre para fazer de seus dias na Terra, e isso é uma dádiva.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos uma divertida cena de coletividade, no sharing, no compartilhamento de mérito e de participação, como numa agência de Propaganda, com várias pessoas debruçadas sobre as necessidades do mesmo cliente, na sabedoria popular: “Duas cabeças pensam melhor do que uma”. É a humildade que uma pessoa que, sem arrogância, aceita que precisa de uma ajudinha de aliados poderosos, na canção da Broadway: “Pessoas que precisam de pessoas são as pessoas mais sortudas do Mundo”. Temos aqui um dos cartões postais mais famosos da nação da bota, numa ironia, pois, ao ser construída, e Torre de Pisa foi pensada vertical, nunca inclinada, e, em tal “defeito”, a inclinação acabou se saindo tão engraçada e charmosa, no modo como Deus escreve certo por linhas tortas, e os percalços que surgem, na verdade, só vêm para acabar ajudando a pessoa em crise, como num recente tombo acidental que Madonna levou no palco, ironicamente cantando uma canção que fala sobre se decepcionar e levar tombos, na sabedoria popular, em “males que vêm para o Bem”, fazendo das imperfeições tal senso de humor de Tao, como em divertidos erros de gravação em filmes, séries etc. Aqui é como no mito da Torre de Babel, no Ser Humano desafiando limites, na competição fálica para ver qual país tem o prédio mais alto do Mundo, num insano galgar de Tecnologia: hoje em dia, uma discoteca com muitos vinis e CDs cabe num simples pendrive minúsculo, num desenvolvimento que causa admiração em minha geração, que conheceu a Tecnologia Analógica; desenvolvimento que pouca perplexidade causa às gerações mais jovens, nascidas nos anos 2000, numa corrida tecnológica que levará, um dia, seres humanos a Marte. Aqui é a capacidade de um homem de Tao em unir as pessoas em torno do Bem Comum, num líder de fato honesto, cheio de apuro moral, um líder que conquistou tal respeito, como num monarca que vai amadurecendo por décadas de reinado, tomando o jeito, o Tao da coisa, sabendo que o pacato dia a dia do cidadão comum tem que ser respeitado acima de tudo, pois que líder é esse o qual não respeita a Inteligência do próprio povo, como um líder déspota que censura o que é visto em seu país? Aqui, esta coletividade é agregadora, pois vemos tanto homens quanto mulheres, numa formidável igualdade de gênero, como marido e mulher rateando a conta no restaurante, fazendo da mulher uma companheira, e não uma santinha ou putinha, com o perdão do termo chulo. Ao fundo no quadro vemos as formidáveis paisagens italianas, num delicioso verão de vindima, de frutas frescas sendo colhidas, nas festas de vindima, celebrando o fruto do trabalho, como no sonho do imigrante italiano, que chegava à América cheio de vontade de trabalhar e realizar-se com tal ardor de labor, no fato de que o Mundo só pertence aos que este merecem, ou seja, fique longe das tolices de sinais auspiciosos. A torre é a flexibilidade, a vulnerabilidade, vítima da Lei da Gravidade, nas influências fortes da Matéria, construindo o desafio do espírito encarnado em não sucumbir a tais tolices, como fofocas. A torre aqui tem esse aspecto frágil, no discernimento: Forte é fraco; fraco é forte. Ou seja, tenho que ser flexível, aquoso, com a capacidade de me adaptar, na capacidade diplomática de diálogo e conciliação, num diplomata de Tao, da Paz, sempre sabendo que o Mundo nada mais é do que uma vizinhança, na qual sempre temos que ter o tato em nome da Paz, pois as guerras só trazem óbitos e destruição. Ao fundo no quadro, pássaros voando, na liberdade de pensamento, como num país democrático, que respeita a inteligência do cidadão, nunca querendo fazer deste um fantoche a serviço de um manipulador e sociopático governo ditatorial, havendo neste a mediocridade de proibir no seu país a exibição de um determinado filme – qual é teu medo, ditador? A fragilidade da Torre nos avisa de nossa própria fragilidade, e temos que respeitar a nós mesmos, como se soubéssemos que estamos prestes a dar “murro em ponta de faca”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Já ouvi falar de brasileiros que, ao chegar a Washington, a capital americana, a sensação é de um certo medo que acomete o visitante, talvez medo do poder acumulado pela nação do tio Sam, num país que é uma espécie de “xerife” do Mundo, metendo-se em questões diplomáticas ao redor do Mundo, num país que se acostumou a ser, de certa forma, o “dono do campinho”, talvez numa nação que não compreende que, na História, impérios ascendem e descendem. Aqui é o poder da estética ocidental, no modo como a Grécia, com sua mitologia, sua arquitetura, sua arte, sua filosofia e sua democracia, segue incólume no paradigma ocidental, e a arquitetura de Washington é tal prova, no paradigma estético de decoração neoclássica, tradicional, como na pintura acadêmica, ou como na explosão renascentista há séculos, num mundo grecorromano que segue ditando padrões, no indestrutível paradigma democrático, na forma como as urnas buscam nos dizer que, perante Tao, somos todos iguais, num Pai que não faz diferença entre os filhos, amando todos de forma igual. Aqui o céu é cândido, rosa, feminino, perfumado, como um chiclete sabor tutifruti, um céu feminino num mundo tão duro e masculino, em competições fálicas para ver quem tem mais poder, nas guerras que se iniciam em tal insana competição, no modo como o Mundo pode ser miserável, muito além do Divino Plano Metafísico, no qual a Paz reina inabalável, dando-nos lições a nós aqui na Terra. Esta abóbada é metáfora com a mente humana, com suas coisas gravadas tais quais dados em computador, na construção fria e técnica do espírito, na indolor frieza racional, a qual serve para que nos sintamos bem, sem nesgas de escuridão, como uma máquina que vive para sempre, racional e fria, e, assim ainda, cheia de amor no coração por todos os seus irmãos, a grande família de Tao, que é a única que existe. Vemos no quadro algumas insinuantes sombras de árvores, que é a Malícia, o Mal, num sociopata o tempo todo matutando maldades e agressões, numa pessoa que, ao perceber que o Corpo Social condena o Mal, constrói uma máscara de normalidade, levando vida dupla, ou seja, logo disfarçado de cordeiro, com sociopatas que conseguem enganar muita gente, no modo como Hitler tanta gente enganou, como num senhor insano que conheço, a qual expressava simpatia por Hitler – Jesus, do Céu, que horror é o coração vazio de um sociopata. Mas, no fim das contas, no frigir dos ovos, o Bem triunfa, no modo como o Amor, assim como água, sempre encontra um caminho, uma brecha para viver e prosperar. Na fachada deste prédio neoclássico, silhuetas que parecem deuses ou musas, entidades gregas, no divertido modo como os deuses gregos tinham defeitos humanos, como Ira e Ciúmes, num Ser Humano querendo conhecer a si mesmo por meio de tal construção de deidades, querendo encontrar alguma lógica nos mistérios da existência: Quem sou e para onde vou? Você é filho do Rei e você vai para o Plano Metafísico, o lugar onde há beleza e trabalho, com a construção da carreira espiritual. Estas figuras parecem segurar placas de protesto, com palavras de ordem, num país que proporciona a liberdade de expressão e de pensamento, muito distante de uma ditadura, a qual considera a mente do cidadão um completo e absoluto cocô desprezível, com o perdão do termo chulo. Aqui é como a brutal invasão do Congresso Americano fomentada por Trump, um homem que é a prova de como é complicado “desencarnar” do Poder e desfazer-se dos “anéis do Poder”, essas joias que tanto corrompem a mente dos homens. As nuvens aqui estão enviesadas, diagonais, talvez num desequilíbrio, como num lugar onde reina o Caos, na ausência de um estado que mereça a confiança do seu próprio cidadão, como num sorteio de números de loteria, com as bolas absolutamente bagunçadas – você não imagina a que estado espiritual ficam reduzidas as pessoas que são consideradas felizes na Terra, ou seja, os ricos e poderosos, como num Getúlio Vargas, suicidando-se e indo, certamente, ao Umbral.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Aqui é o diálogo diplomático, com dois cavalheiros civilizados, discutindo polidamente, no fio do bigode. São os esforços de organizações como a ONU, sempre primando pelo tato, sempre rechaçando o uso da força e da violência, na questão do conselho a qualquer governante: Quando você precisa tomar ação ou atitude, faça apenas o que é necessário. É o caminho da limpeza minimalista de Tao, no caminho da “preguiça”, como numa sala de decoração clean, apenas com coisas necessárias no cômodo decorado, como na virilidade de um homem sem frescuras e sem desnecessidades, em povos tão práticos como os americanos, trazendo a caneca prática no lugar da tradicional xícara com pires inglês. Aqui as bandeiras tremulam sensualmente, como água, no tato “líquido” de um diplomata nobre, na capacidade de um líder em ser um estadista, como no eterno exemplo de Elizabeth I, a qual herdou um país falido e pobre e transformou o mesmo na nação mais rica e poderosa da Europa, com ecos de superioridade britânica que ecoam até os dias de hoje, como na inacreditável pompa na coroação de um rei ou rainha ingleses, numa “encenação” na qual todos os cidadãos se sentem detentores de um papel de representatividade, num líder que faz com que o súdito se sinta feliz no lugar onde este súdito se encontra. Aqui é o oposto de certas pessoas “cabeças duras”, as quais não veem na flexibilidade um organismo de negociação, com pessoas obstinadas, inflexíveis, que vão obstinadas até o fim, “quebrando a cara” a perdendo tal capacidade de negociação, como num atrito entre Argentina e Inglaterra na Guerra das Malvinas, num momento em que as nações envolvidas teriam que resolver de modo pacífico e diplomático, pois não é Jesus o Príncipe da Paz? O fundo aqui é rosa e feminino, digno do universo da boneca Barbie, no ditado: “Por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher”. É como no papel sutil e coadjuvante de primeira dama, no mito indestrutível de Jackie O., a mulher mais respeitada da História dos EUA, na capacidade de certas mulheres em saber usar tal papel em seu favor, como numa respeitada Michelle Obama, chic ao ponto de ter seu discurso plagiado por outra primeira dama, na prova de que apenas Beleza não salva o dia. Aqui há uma feroz plateia de jornalistas, estas pessoas com cujas inteligências não devemos brincar – os jornalistas são a Inteligência de um país, e detectam qualquer desrespeito a tais mentes. As perguntas espinhosas vão surgindo, e um mau líder que acaba se vendo confrontado a dizer a verdade, sempre a verdade, pois os que mentem acabam desprezados e rejeitados – falar a verdade é respeitar os outros. Aqui é como num carisma de JFK, o qual, em entrevistas coletivas na Casa Branca, chamava cada jornalista pelo nome deste, numa empatia que nem todos os presidentes dos EUA tiveram. Vemos aqui uma caneca quente, com um café soltando vapor – é o acolhimento caloroso, numa delegação diplomática que é recebida com toda a cordialidade e polidez, sabendo que convidado feliz é convidado que é bem tratado. O café quente são as discussões acaloradas, talvez numa aula de universidade, com alunos expressando suas opiniões, na importante tarefa dos professores em formar nossas elites, que são pessoas que pensam “acima da média”, nunca sendo tolas, simplórias ou de má fé. Aqui, os dois líderes de estado estão devidamente engravatados, e a gravata apertada é a disciplina, como num atleta, que tem a disciplina de fazer atividade física e de se alimentar da forma mais saudável possível. O topo das bancadas brancas são a Paz, o trabalho pela Paz, como um político que expressa publicamente a derrota no pleito eleitoral, desejando sorte ao governo do opositor vencedor – é uma questão de elegância. Os microfones aqui são a esmagadora comunicação de massa, com líderes exaustivamente expostos na Mídia, com pessoas cujas palavras e ações tomam proporções gigantescas, numa oportunidade da pessoa mostrar que merece tal posição de poder e que sempre primará pelo Bem.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.