Falo agora sobre a artista visual brasileira Judith Lauand. Nascida em Pontal, SP, em 1922, Judith começou a carreira nos anos 1940, estudando Arte e, em 1952, estudando Gravura. Suas abstrações já passaram pelos Museus de Arte Moderna de SP e RJ. Ganhou em 1958 o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, tendo sido o mestre Nelson Leirner já analisado aqui no blog. Em 1960, Lauand expôs em Zurique. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Concretista IV. Aqui temos um encontro, um entroncamento, um confronto entre forças, com ruas perpendiculares, cruzando umas às outras, como em estampa de kilt, com pessoas passando umas pelas vidas das outras, com lições sendo aprendidas e amizades sendo sedimentadas, havendo na Eternidade o tempo para qualquer, qualquer reencontro, em relacionamentos sadios, leves e desapegados, ao contrário de relacionamentos doentios, fixados e obcecados, como uma pessoa que conheci, a qual nutria uma paixão exageradamente fixada por outra pessoa, numa obsessão doentia que é mostrada no filme espírita E a Vida Continua, num rapaz fixado numa moça, sendo o espírito obcecado contido por anjos auxiliadores, pois se somos todos irmãos, que vieram no mesmo Útero Divino de Tao, por que devemos estar obcecados uns pelos outros? Aqui é como um prédio modernista, de linhas retas e simples, no modo como casas modernistas, feitas nos anos 1920, permanecem perfeitamente modernas até pleno início de Século XXI, nas linhas simples piramidais egípcias, feitas, ironicamente, há milênios, permanecendo modernas até hoje, na máxima de da Vinci: A simplicidade é o mais alto nível de sofisticação, como uma publicitária que conheci, a qual me incentivava a usar fontes de letras simples, sem serifa, evitando fontes como Times ou outras serifadas. Aqui é um encaixe, uma concórdia, uma vitória de diplomacia e diálogo, no modo como faltou diálogo no cruel episódio das Malvinas, com nações que, podendo ser amigas, entraram em conflito, no modo como o civilizado diálogo é tão subestimado, havendo nações tão nobres como a Suíça, primando pelo diálogo entre irmãos do mesmo Pai, na eterna inclinação para Caim matar Abel, tudo por causa do maldito Anel do Poder, o qual corrompe as almas dos homens, num Getúlio Vargas suicida, amedrontado pela perspectiva de perder tal poder, num Trump que, definitivamente, teve muita dificuldade para desencarnar do poder e passar a tocha para Biden, como num Saddam, o sádico, acostumado a mandar e desmandar em tudo e todos, num Calígula, cuja alma se perdeu por completo em meio ao poderes de um césar. Aqui é como a brincadeira do cubo mágico, num trabalho de raciocínio, excitando a mente e desafiando o jogador, no modo como é apenas o Labor o que pode manter saudável a mente de uma pessoa, pois as pessoas improdutivas vivem em qualquer lugar, menos no mundo real, numa frase que ouvi: “Nada mais trabalhoso do que não trabalhar”, no conceito espírita de que os espíritos desencarnados devem se manter produtivos no Plano Metafísico, pois a vida continua em toda a sua seriedade, no caminho da depuração moral, fazendo das leis mundanas um modo de incentivar tal elevação, condenando o oposto, que é a degradação moral mundana, pois que esperança de felicidade há para uma pessoa que só quer passar os outros para trás? Aqui é como um prédio de garagem, útil, prático, funcional, desprovido de beleza, mas rico em utilidade e dignidade, num prédio que, apesar de não tão belo, cumpre sua função, com homens fortes e necessários, que erguem uma cidade, como um prefeito competente, tocando obras por vários lados da cidade, mostrando serviço, dando satisfações a quem nele votou na urna eletrônica. Aqui há tensão e truncamento, numa negociação dura, ou como oponentes num debate político pela televisão, na competição para ver quem tem mais poder na urna, num jogo de palmo a palmo, fazendo das eleições um campeonato. Aqui, as formas se entrelaçam de forma viril, num acordo de cavalheiros, na máxima taoista: A paz é maior e melhor do que a raiva. Aqui é como uma fábrica fazendo coisas, como chapas metálicas, no arrojado parque industrial de Caxias do Sul.
Acima, Concretista X. Um abalo sísmico, uma interferência, como num grande filme causando comoções globais, como o arrebatador Titanic, marcando época, num doce momento de sucesso, no fato de que os momentos, doces ou amargos, passam. Aqui é um corpo dinâmico, passando por constante processo de transformação, no caminho de depuração moral, cada vez melhor, cada vez mais fino. Aqui são tentativas de encaixe, como numa pessoa querendo se encontrar na vida, buscando um norte, uma noção, no caminho autodidata, no qual apenas Luizinho pode saber o que Luizinho tem que fazer, num encontro que é dentro de si, nunca fora de si, na ilusão de uma pessoa que acha que a vida é perfeita na cidade x, y ou z, no caminho da desilusão e da mortificação, num espírito que passa a ficar em contanto com a realidade, e é triste a vida de uma pessoa que vive fora de tal realidade, de tal senso comum, pois o labor é o único fator capaz de manter a pessoa com os pés no chão, na importância da pessoa se manter produtiva, antes ou depois do desencarne – a vida continua, e o Céu é o paraíso para os que amam construir tal carreira, numa vida cheia de sentido e meta, de tesão pela vida. Aqui é como um objeto dissociado, analisado, desconstruído, num assunto sendo dissecado exaustivamente, como num trabalho de tese de faculdade, fazendo com que o aluno se torne um expert no assunto analisado pela tese, com uma banca de professores exigentes, que acabam ocasionando um enorme crescimento no aluno aplicado, no modo como já fui professor e sei: O bom aluno dá sentido à carreira docente, como um certo professor que tive, o qual brindei com um trabalho feito com muito esforço e carinho, naqueles professores que valem cada centavo da mensalidade; já, outros professores, nem tanto – é assim mesmo. Aqui é um jogo de contrastes, com tudo trazendo em si sua própria contradição, no discernimento de Tao: Quando falo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio. É como um casal heterossexual: vemos que o homem é alto exatamente porque a esposa é mais baixa, neste papel menor e importantíssimo da mulher, a qual vem de forma discreta. Aqui é como um enorme maquinário sendo construído, talvez numa turnê de algum grande artista pomposo, como nos megashows de Madonna, visando deslumbrar o espectador, num trabalho árduo, numa mulher guerreira, com quatro décadas de carreira e luta – a vida é de quem luta por esta, com tantos artistas talentosos que pararam de lutar, tornando-se “fósseis” e “peças de museu” de alguma época ida. Assim são como pentes, no garbo, na aprumação, visando impor ordem e beleza a uma revolta e caótica cabeleira, num trabalho de disciplina, como num cavalo montado e domado, no modo humano de trazer ordem a um mundo de caos e desorganização, como num jardineiro aparando um gramado, na imposição de organização, no dever que cada pessoa tem em relação a si mesma, que é organizar a sua própria vida, num caminho solitário e autodidata – ninguém pode, em meu lugar, fazer com que eu me encontre. Assim são como letras E, numa dança, como num baile de carnaval, no momento de interação social, como na menina debutante, que se despede das bonecas momentos antes de ir ao desejado e glamoroso baile, no qual a moça é orgulhosamente exibida pelo pai, mostrando o potencial de noiva da menina, num, baile que, já ouvi dizer, é lá meio machista. Aqui são tentativas de encaixe, em tentativas, intenções, numa pessoa querendo se encontrar, como numa pessoa que muda de carreira, como Ronald Reagan, saindo do showbusiness para ingressar na política, no modo como toda pessoa tem o direito de “dar uma sacudida na poeira” e tentar a vida de outro modo, no sentido da pessoa querer ter uma vida melhor. É como Tolkien, o qual, antes de ser tal esmagador bestseller, foi professor universitário. Aqui são como marcas de pneus, fazendo uma marca, um registro, uma passagem, numa estrada calejada, como numa calejada cancha de artes marciais, talvez com marcas de sangue de algum lutador, na cor de Marte, o deus que faz com que tenhamos o controle sobre nossa própria vida – virilidade.
Acima, Gravura III, ed 26100. Isto remete a um antigo videogame, o Tetris, numa chuva de quadradinhos, retângulos, curvas quadradas etc., para o jogador ir encaixando as peças perfeitamente na porção inferior da tela, nos desafios dos games, como eu disse a um professor meu da faculdade, no primeiro dia de aula da segunda cadeira que ele me lecionou: “Estou aqui para novos desafios”, e ele disse: “Terás!”. É como um cantor encarando um novo momento na carreira, planejando o próximo lançamento, buscando ser o mais original e vibrante possível, na capacidade de uma pessoa ter a força para virar as páginas da vida, ao contrário de uma certa popstar, a qual vive até hoje nos anos 1980 – como seria insossa uma vida sem novos desafios! É como me disse uma médium espírita: “Deus não quer que nos tiremos nas cordas do ringue da vida”, como um Chico Xavier, produtivo até o último momento de vida, sempre se colocando a serviço das pessoas, do Mundo. Aqui é um jogo de xadrez festivo, alegre, diversificado, remetendo-me a uma certa artista plástica portoalegrense, expondo uma obra interativa no restaurante Birra i Pasta, num painel de quadrados o qual era montado pelo espectador, numa interatividade, num artista que quer fazer vínculo com o Mundo e com as pessoas, percebendo as pessoas em sua volta, pois o que seria de um artista sem espectadores? Não é um desafio conquistar o respeito dos outros? Aqui são como pixels, numa imagem digital, num zoom que nos mostra as partículas mínimas, no termo “átomo”, ou seja, sem divisão, num momento em que a Ciência acreditava que os átomos eram indivisíveis, sendo a partícula mínima, numa teoria que depois foi refutada, nas inevitáveis ondas de renovação científica, nos versos de Elis: O novo sempre vem. Aqui é como uma colcha de retalhos, na forma humilde de não se colocar fora pequenos pedaços de tecido, como no casting, no elenco de alguma novela, com personagens interagindo com outros personagens, na capacidade de certos escritores geniais em fazer com que os personagens “pulem fora das páginas” e entrem em contato direto com o leitor, como um certo artista plástico que conheço, o qual me disse sentir “saudades” dos personagens de Tolkien, como o rei Aragorn, o hobbit Frodo e o tempestuoso mago Gandalf. Aqui é uma dança vibrante entre cores, na magia de um arco-íris, hipnotizando os índios na Amazônia, na magia de finos lustres de cristal, emitindo suas cores variadas, num alegre salão carnavalesco, em alegres confetes coloridos, num breve momento de desligamento em que nos esquecemos das durezas do Mundo lá fora, na sisudez da Quarta Feira de Cinzas, como num Jô Soares fazendo piadas antes de entrevistar o convidado, no mestre entrevistador dizendo: “Vamos trabalhar...”, como professores no intervalo da aula, na sala dos professores, ouvindo o sinal de retorno à sala de aula, num certo contador que conheci, o qual dizia, após o intervalo no turno da firma: “Vamos tocar o barco para frente!”. Aqui são peças que se encaixam perfeitamente, como num mistério sendo solucionado, num leitor sagaz lendo Agatha Christie, sempre adivinhando, antes do fim do livro, que é o assassino, numa escritora que desafia divertidamente a inteligência do leitor, numa Agatha jogando pistas falsas para confundir, num ícone feminista, numa mulher que atingiu tanto sucesso em um mundo de homens, vendendo muito mais livros do que muitos homens escritores. Aqui há uma tentativa de harmonização, num patriarca tentando manter a família unida em uma noite de Natal, no talento agregador de certas pessoas, sempre tendo o prazer de ser anfitrião, como um senhor que conheci, o qual chamava todos os vizinhos para sentar e bater um papo, numa pessoa que viveu de coração aberto para o Mundo, um dom, pois nem todos vivem assim tão abertos... Aqui temos uma certa repetição de tons, num quadro que, mesmo assim, quer ser colorido e divertido. É um tapete alegre, numa sala fina, agradável, com um anfitrião de fino trato, que sabe que as grosserias nada constroem.
Acima, sem título (1). Um mecanismo dinâmico, giratório, no termo “fazer girar a roda da Economia”, numa cidade mercadologicamente dinâmica como Gramado, com todos os estabelecimentos querendo encantar o turista e fazer com que este deixe dinheiro na cidade, numa cidade cara, com preços compatíveis com o eixo Rio-São Paulo, com uma garrafinha de água mineral a qual, no supermercado, custa um real, sendo vendida, em Gramado, por oito reais – se os preços em Gramado estão assim exorbitantes, é porque há quem pague. Aqui é como uma galáxia girando, nos mistérios do Universo, pois como este funciona? É no modo como a galáxia de Andrômeda pode, sob certas condições, ser vista a olho nu na Terra, nas vastidões galácticas, pois precisaríamos de milhares de anos, na velocidade da luz, para cruzar de ponta a ponta tais galáxias, no termo islâmico: “Alá é grande”, numa vastidão incompreensível para a limitada mente humana, a qual não compreende Tao, o infinito, no mistério jamais revelado, desafiando a fé das pessoas, no descomunal poder que faz que jamais findemos - Jesus, é muito poder. Aqui é como um ralo de pia, com a água escorrendo de forma espiral, nas forças magnéticas da Terra, pois a água corre em sentido horário ou anti horário – depende de em que qual hemisfério está o ralo. É a universalidade de tais corpos cósmicos, fazendo do Universo uma infindável sopa de galáxias, todas girando de forma cíclica, num certo balé universal, nas forças da Natureza regendo tal mecanismo, fazendo com que tais galáxias se pareçam com conchinhas à beiramar, no desafio científico que equivale a adivinhar como funciona um relógio sem desmontar este. Aqui é a Teoria da Comunicação, uma cadeira séria e difícil na faculdade de Propaganda, na espiral de diálogo entre duas pessoas, num mandando informações ao outro, num abraço de Yin envolvendo Yang, e viceversa, com um assunto que vai evoluindo, fazendo que tal troca cíclica mude de dimensão, adquirindo o aspecto de espiral. Aqui é a magia da ilusão de ótica, pois esta forma parece girar, apesar de ser um quadro inanimado. É como algo em constante processo, tomando corpo, incorporando novas peças e membros, num caminho de crescimento, no maravilhoso modo como as pessoas, apesar de crescer e depurar-se, não mudam em essência, pois que sentido haveria num contexto em que as pessoas perdessem suas próprias personalidades? Não é a Vida Eterna o caminho lógico de Tao, o poderosíssimo? Aqui é como um ventilador, esta formidável invenção que tanto alívio traz a altas temperaturas. Aqui é como o lento processo de formação de uma galáxia ou de um sistema solar, com demandas de bilhões de anos, fazendo da Terra este corpo dinâmico, sempre se transformando, na noção dialética de que tudo é processo, como no sensual farfalhar de folhas numa planta em uma noite amena de Verão, sempre evoluindo, num mistério sussurrante, num segredo, num enigma, na universalidade de tal situação humana, fazendo de uma Terra, aparentemente enorme, ser tão pequenina e limitada, uma esferazinha azul em um Cosmos tão enorme e infinito, numa Humanidade ainda muito aquém de revelar tais segredos – há mais estrelas no Universo do que grãos de areia na Terra. Aqui é como uma supernova explodindo em orgasmo, num salmão morrendo após o orgasmo, depois de lutar para subir correnteza acima, numa viúva negra devorando o parceiro após a cópula, no filme controverso Instinto Selvagem, lançando Sharon ao estrelato, no mito da fêmea fatal, lançando mão do fálico picador de gelo, como no corno fálico sensual do unicórnio, na combinação de beleza feminina com agressividade masculina, numa cosmogonia entre Céu e Terra, na cópula que originou o Mundo. Aqui é como uma vida centrada, girando em torno de algo produtivo, como um homem que conheço, o qual é extremamente centrado no trabalho, sobrevivendo, desta forma, a uma cruel separação conjugal – fora do trabalho, que salvação há?
Acima, sem título (2). Um jogo de neons decorativos, na revolução que foi a chegada da televisão colorida ao Brasil, nos versos de Jane Joplin: “Oh Deus Senhor, o senhor não vai comprar para mim uma TV a cores?”. Aqui temos divergências, numa discussão, com opiniões que diferem umas das outras, como numa reunião de condomínio, nos “barracos” acontecendo, numa certa tensão. É como uma briga de casal, na patroa dando uma “sova” no marido, como eu podia ouvir a discussão de um casal vizinho meu, com a esposa dizendo ao cônjuge; “Eu não aguento mais!”, com o marido sentado e calado, aceitando cada “soco” da patroa, no modo como em um casamento, para este ser eterno e bem sucedido, é necessário que haja paciência e tolerância para com os defeitos do cônjuge, como em bandas de rock, como um U2, com décadas de estrada, no modo como os “casamentos” são frágeis, faltando um pouco de paciência e persistência pelas partes do casal, neste respeito que tenho por casais que completam bodas de ouro, pois é fato de que qualquer pessoa, por mais bondosa e nobre que seja, tem defeitos, como uma pessoa que conheço, a qual se separou por não suportar os defeitos do marido, embarcando na ilusão tola de que o novo cônjuge não tem defeitos, numa pessoa que, quando se der conta da bobagem que fez em rechaçar o antigo cônjuge, dar-se-á conta do erro que cometeu, mas, então, será tarde demais – quando você ama alguém, persista no relacionamento, pois os relacionamentos são difíceis sempre. Aqui são como riscos feitos por aeronaves na pista, no modo como as pessoas vão naturalmente se separando na Vida, e, numa turma de colégio, por exemplo, cada um, após a formatura, vai para um lado diferente, no modo como qualquer amizade se torna um relacionamento, e a pessoa tem que ficar muito tranquila, pois a Eternidade é tempo para QUALQUER reencontro, ou seja, é necessário que peguemos leve. Aqui as cores tentam quebrar a profunda discrição do preto em luto, no costume indiano nos funerais da Índia, com as pessoas usando roupas coloridas, na promessa de que o Desencarne, para uma pessoa de bom coração, é uma deliciosa libertação, na forte crença reencarnatória indiana, influenciando, de certo modo, a Doutrina Espírita, na crença de que sempre há mais uma chance, em Tao, o pai generoso que nunca perde a fé nos próprios filhos – os sociopatas passarão por muitas vidas, depurar-se-ão moralmente e tornar-se-ão grandes espíritos de luz, pois este é o caminho natural. Aqui não são linhas aquosas, mas tensas, como num debate político, numa acirrada competitividade, com um candidato querendo “devorar as tripas” do oponente, numa competição para ver quem é maior, numa competitividade que inicia logo cedo, na escola, com os alunos competindo para ver quem tira as notas mais exemplares, ou seja, os queridinhos dos professores. Aqui é uma tentativa de concórdia, numa reunião na ONU, com nações se relacionando, sempre primando pela Paz, num tato diplomático que entende que a Paz é maior do que tudo – Por que o plano metafísico é tão maravilhoso e aprazível? Porque lá existe Paz inabalável, num lugar em que ninguém quer passar o outro par atrás, nos desprendimento material que traz a excelência moral, a qual é a meta de qualquer vida, numa caminhada de evolução, fazendo metáfora com os macacos virando humanos, numa evolução, na forte hierarquia entre os espíritos – os mais morais regem os menos, numa hierarquia deliciosa, ou seja, fortíssima, até chegar a um ponto em que eu faça questão de obedecer ao meu irmão mais depurado. Aqui temos opiniões que tanto concordam quanto discordam, num manejo de acordo, na capacidade de um líder em agregar as pessoas e manter um grupo ou família unidos, num talento de patriarca, numa capacidade distributiva, num pai que não faz diferença entre os filhos, num lar de amor, forte, unido, no maravilhoso modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne – as famílias são eternas, fazendo metáfora com as famílias de realeza mundana, no poder atemporal da tradição.
Acima, Te Amor. Claro que temos uma tórrida cena romântica, num relacionamento que chegou ao ponto de profunda intimidade, numa pessoa abrindo suas tristezas para o cônjuge, num mágico momento de entrega, numa pessoa muito especial, única em minha vida. É como uma rendição, um desmonte, uma grande entrega existencial. A mulher aqui parece avessa, arredia, talvez rejeitando o homem, ou simplesmente se fazendo de difícil, numa mulher que sabe que não pode se vender a “um e noventa e nove”, fazendo-se de difícil, no modo como a pessoa tem que ser digna e merecedora de respeito, pois o cônjuge, antes de mais nada, tem que ter orgulho do parceiro ou da parceira, fazendo questão de mostrar tal pessoa ao Mundo, num orgulho, como se estivesse vestindo uma faixa e dizendo: “É com este pessoa que estou!”. Aqui é como um casal que conheço, com a mulher incomodada com os defeitos do marido, o qual fez a esta mulher uma proposta bem sólida de casamento, pés no chão, num homem que, mesmo assim, foi rechaçado pela companheira, resultando em um cruel divórcio no qual o homem se viu, de forma repentina, sem ter o lar que costumava ter, numa espécie de choque térmico, por assim dizer. Aqui as cores são vibrantes e excitantes, vivas, talvez compensando uma cena tão cinzenta de tristeza, na mulher fazendo uma renúncia, uma rejeição, talvez tendo desposado o homem no púlpito, vendo este como um príncipe, desiludindo-se depois no duro dia a dia de um relacionamento, no qual, todo dia, o cônjuge tem que fazer alguma coisinha para reconquistar tal pessoa, pois, do contrário, o casamento entra na mesmice, o calor da Lua de Mel se desfaz e o sexo começa a se tornar mecânico, na canção de Barbra: “Nós não estamos mais fazendo amor como costumávamos fazer!”. É uma mágica que se perde, no fato de que os relacionamentos amorosos são difíceis. O homem aqui acua a mulher, desnudando-se, disposto a dar tudo pela parceira, num homem que desde jovem nutria o desejo de casar e construir uma vida, num homem que se revelou o grossão Radicci, o anti herói do genial cartunista Carlos Iotti, num personagem que definitivamente perde qualquer noção de romantismo, no modo como num casamento existe um trato entre partes, com um marido e uma mulher fazendo uma divisão de tarefas, algo que vai além de Amor e Sexo – tem cabeça. A mulher aqui está desiludida, desesperançada, e parece que o homem nada pode fazer, pois a decisão da esposa já está tomada: “Quero me separar de você, pois você me decepcionou”. É como num conto de fadas ao contrário, no qual o príncipe vira sapo, numa pessoa cujas expectativas foram frustradas uma a uma, até chegar ao ponto de vazio. É como uma pessoa que conheço, a qual entrou em depressão após sensações temporárias de realização e guinada – a pessoa deprimida encara uma decepção muito grande com a Vida, mas as desilusões e as crises são positivas, pois assinalam um momento de renovação na vida do indivíduo. Aqui há uma rejeição, e nada do que o homem fizer será capaz de trazer o amor de volta. É um ponto final, uma resolução, e a mulher, apesar de triste, sabe que é o caminho certo a tomar, na frase: “Eu amo você, mas vá se foder!”, com o perdão do termo chulo. A desilusão faz com que a página tenha que ser virada, num momento novo, na pessoa crescendo e amadurecendo, pois a desilusão causa a mortificação, na meta espírita existencial, numa pessoa que, em depuração contínua, não mais “acredita em Papai Noel”. É uma espécie de faxina espiritual, na gloriosa sensação de se tomar um banho refrescante e revigorante. O homem aqui confronta a mulher, mas já é tarde e a decisão já está tomada, num remédio amargo que faz doce efeito. O azul aqui é a tristeza, no termo do ramo musical dos Blues, um gênero melancólico. A mulher aqui já tomou sua decisão, na letra de uma canção pop: “Teu coração não está aberto, então preciso ir embora! O feitiço se desfez, e eu te amava muito!”.
Referências bibliográficas:
Judith Lauand. Disponível em: <www.amgaleria.com.br>. Acesso em: 16 mar. 2022.
Judith Lauand. Disponível em: <www.catalogodasartes.com.br>. Acesso em: 16 mar. 2022.
Judith Lauand. Disponível em: <www.escritoriodearte.com>. Acesso em: 16 mar. 2022.
Judith Lauand. Disponível em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 16 mar. 2022.