quarta-feira, 26 de maio de 2021

Grande Grundini

 O ilustrador londrino Grundini, nome artístico para Peter Grundy, é conhecido por transformar informações complexas em informações simples, no sábio caminho da clareza e da simplicidade. Tem fama mundial e estudou no fim dos anos 1970 na tradicional Royal College of Art. Integra uma firma de Design. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Aqui temos um ciclo, nos ciclos das galáxias, no mistério do que há no meio, fazendo metáfora com o homem de Tao, o qual nunca enaltece a si mesmo, sabendo dos perigos do narcisismo. É como uma pessoa que se esvaziou de vaidades, fazendo com que as pessoas se unam em torno dele, como neste grande homem que foi o diretor Fabio Barreto, num momento mágico em que Caxias do Sul e região se uniram em torno do sonho de Fabio de transformar O Quatrilho em filme, num homem que foi um príncipe, de dar orgulho ao Brasil. Aqui temos os ciclos das estações, numa pessoa que parou de ver a Vida de modo cronológico e passou a ver tudo em ciclos respirando, na eternidade de Tao, a Vida Eterna, que assim seja. Aqui são como ovários num útero, esperando pela fertilização dos ensandecidos espermatozoides, como carros enlouquecidos e excitados em ruas de urbes vibrantes e desenvolvidas, remetendo ao inacreditável caso recente de repercussão mundial, numa mulher que pariu nada menos do que nove crianças, no milagre da Vida, esta força misteriosa que faz com que nossos corações batam e pulsem, inspirando a Arte, que é a celebração da Vida, de Tao, a musa de inspiração eterna. Aqui vemos formatos de mãos humanas, numa união, como numa cooperativa, num clube, numa associação numa empresa, no prazer de fazer parte de um maravilhoso clube metafísico, com todos belos e saudáveis, vibrantes, no milagre da sobrevivência da Consciência, da Mente, fazendo com que a morte do corpo físico seja uma grande ilusão, em rituais fúnebres tão sisudos, parecendo que jamais veremos o falecido novamente, e isto não é verdade, pois os meandros cinzentos da encarnação exigem que desenvolvamos inabalável Fé, no desafio de não termos a comprovação científica da eternidade espiritual, a Vida que segue intermitente após uma breve vírgula. O fundo aqui é rubro, como em belas árvores outonais ficando rubras e douradas, num momento de bela decadência o qual será sempre seguido da ressurreição primaveril, no poder implacável da Vida que sempre ressuscita. Aqui é como água indo pelo ralo, num descarte, no desprezo pela água suja, no desprezo pelas horríveis ruas imundas do Umbral, o tenebroso plano que abriga os espíritos mundanos, que não querem aceitar a morte do próprio corpo físico, na loucura de um prisioneiro que, chegado o dia de soltura, não quer sair da prisão! Aqui são como sementes dentro de uma fruta, no modo como a Vida segue, com crianças chegando a uma família e com os velhinhos falecendo, numa eterna dança de continuidade. Aqui são como ovos num ninho, na perpetuação da Vida, fazendo do ovo este símbolo pascal, na Vida que se renova em Cristo, na ascensão ao Plano Imaterial, com mágicos ovinhos coloridos num cesto montado por uma mãe zelosa, que quer o melhor para os filhos, ao contrário das mães e pais sociopatas, que expõem o próprio filho ao perigo, no exato caminho oposto dos pais zelosos e amorosos. Aqui é um mecanismo que produz em estabilidade, como num maquinário industrial, com fábricas fazendo coisas, riquezas que serão trocadas por dinheiro, num mercado capitalista no qual o indivíduo nunca tem o suficiente, pois se o que acho que tenho não é o suficiente, então nunca terei o suficiente – é uma virtude afortunada saber quando você tem o suficiente, pois que Vida sem Paz é sempre cobiçar mais, como reis cobiçando os reinos vizinhos! Aqui remete ao brinquedo Genius dos anos 80, na minha infância, num brinquedo que testa a memória do jogador, num desafio intelectual como jogar Xadrez. Aqui é um ciclo de lavagem, numa rotina de se fazer a cama e colocar a roupa suja na máquina, no sisudo ditado: “Vá lavar uma pilha de roupa suja!”. Mas, ao mesmo tempo, a pessoa tem que se permitir sonhar um pouco.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui é como um relógio, numa pessoa tendo que controlar o Tempo para, por exemplo, não perder a condução. É como uma pessoa disciplinada, regrando o seu próprio dia com atividades produtivas, como minha querida avó falecida Nelly, a qual, depois de se aposentar como professora, passou a escrever Poesia, e num de seus textos disse: “Sem a Poesia, o que faria eu desta tarde brumosa?”, no modo como são infelizes as pessoas que não centram a Vida em torno de algo positivo e válido, como uma improdutiva pessoa fofoqueira, a qual perde tempo com malícia – que desinteressante! A margarida aqui é como jogo de bem me quer mal me quer, numa pessoa que, apaixonada, passa por sofrimento ao levar “um chute na bunda”, com o perdão do termo chulo. A flor é a personificação da Beleza e do galanteio, como um cavalheiro com uma flor na lapela, oferecendo a flor a uma moça bonita e simpática num momento de interação social, no cavalheirismo que faz com que as mulheres se sintam princesas. Aqui é o Sol irradiando, nascendo vitorioso depois da noite mais escura, no prazer de uma pessoa se encontrar consigo mesma, encontrando algo de nobre para fazer, no sentido de que na Vida temos que ser autodidatas, pois não há um livro intitulado Como se encontrar em dez passos. É um trabalho de paciência, com um dia amanhecendo aos pouquinhos, no erro de uma pessoa que, aposentada, para de produzir, num caminho depressivo, na desolação de dias vazios – arregace as mangas e faça algo! Aqui é o poder do Sol no Egito Antigo, numa divindade suprema que sobreviveu à infame reforma religiosa do faraó rebelde Aquenáton, o qual proibiu o culto de deuses e só permitiu o culto do disco solar Áton. O Sol é o símbolo do recomeço, numa nova jornada cheia de desafios que farão com que a pessoa cresça como pessoa, no caminho do aprimoramento moral, fazendo com que a pessoa, em tal processo de depuração, passe a não mais de deixar levar pelos apelos materialistas da Sociedade de Consumo, chegando a um ponto que se tornam desinteressantes caros relógios numa sofisticada vitrine - é o caminho da desilusão, do desprezo pelo que não é espiritual, num momento de forte resistência ao ponto de eu não mais permitir ser um escravo das ilusões da Matéria, pois as desilusões, as mortificações, são positivas, disse-me uma amiga psicóloga. Aqui é um Sol de Verão, soberano, nos dias de Verão de encontros de amigos ao ar livre, longe dos deprimentes invernos nórdicos, que duram vários meses, fazendo com que gostemos de morar num país ensolarado como o Brasil, na verdade de Paz que há no contentamento, fazendo com que eu pare de achar que a grama do vizinho é sempre mais verde. Aqui é como uma omelete sendo feita, remetendo-me a um engraçado episódio que passei com meu sobrinho, quando este, ao fazer para si mesmo uma omelete, quebrou um ovo podre, num dos piores odores que já senti na vida! Aqui é um programa de culinárias nas manhãs televisivas, no modo como me sinto tão entretido ao assistir o processo de cozimento e preparação, neste ato de Amor que é cozinhar para a família ou amigos, no prazer de causar prazer a outrem, remetendo à divertida cena de O Diário de Bridget Jones, com a protagonista comicamente fracassando ao cozinhar um jantar, no modo como há chefs profissionais de TV que, antes de trazer a receita ao programa, testam esta duas ou três vezes. Aqui é como um ciclo musical, numa canção que começa e vai armando um clímax, até acabar em Paz, voltando ao ponto inicial, no modo como a Música sempre acaba em Paz. A flor é a beleza gratuita, com flores silvestres que nascem sem precisar ter sido plantadas pelas mãos humanas, na generosidade de Tao, que veste os campos com roupas maravilhosas, com num belo grupo de araucárias, a árvore símbolo do Sul do Brasil. Aqui é como um disco LP ou CD, estas tecnologias que são a prova de que os avanços tecnológicos são implacáveis, fazendo de tais mídias um fóssil de tempos idos.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Aqui temos uma hierarquia, no jogo de bonecas russas. É como uma espiral de escadarias, numa espiral galáctica giratória, como na hierarquia numa empresa, com o chefe no topo, como na rígida hierarquia militar, impondo respeito e fazendo com que o subalterno fique quase com medo, como numa terrível ditadura, com um implacável Saddam Hussein dizendo aos subalternos: “Não estou pedindo isto de você; eu estou mandando!”, num homem que foi a prova de que é difícil “desencarnar” do Poder, numa pessoa que simplesmente não concebe uma vida sem Poder. Aqui, estas figuras humanas estão em rota de fuga, talvez fugindo de uma situação de caos, talvez fugindo de um incêndio, talvez numa pessoa fugindo da Vida e escondendo-se desta, numa pessoa que passa a Vida mudando-se de cidade para cidade, nunca encarando o fato de que o Ser Humano é universal, ou seja, aqui ou acolá, estarei me deparando com as mesmas pessoas e a mesma Vida, no fato de que a pessoa tem que, dentro de si mesma, encarar a Vida, e a Vida está aí, exigindo que a encaremos. Aqui é como uma pessoa caindo num abismo, como na sensação da pessoa deprimida, com a sensação de que não está com os pés no chão, mas caindo num profundo abismo, numa sensação tão degradante, exigindo que a pessoa supere tal episódio e retome sua Vida. Aqui é como numa competição de corredores, na hierarquia de um pódio, nos eternos moldes competitivos humanos para ver quem é o melhor, com jogos de Futebol que tanta audiência televisiva têm, na diversão que é competir para ver quem mais merece a Taça. Aqui é um processo se desdobrando, com algo crescendo, como no efeito bola de neve, no termo “deixar rolar”, num efeito mínimo que causa grandes efeitos, como na revelação famosa da passagem das gêmeas caxienses da família Koch, quando uma delas desfilou no carro alegórico da Festa da Uva se fazendo passar pela rainha de verdade, numa verdadeira lenda caxiense. Aqui é um corpo caindo, cada vez menor, até atingir o chão, no termo “quebrar a cara”, ou seja, uma pessoa que subestimou a seriedade de uma situação e foi pega de surpresa, no modo como é exatamente a pessoa subestimada que acaba pegando todos de surpresa, como numa Gisele, a qual veio vindo silenciosamente até lançar tendência capilar mundial com seus cabelos ondulados, na raiva inconsciente que as mulheres têm de Gisele, querendo “arrancar” desta o que esta tem de tão sexy e belo. Aqui é como uma questão sendo esmiuçada, como esmiuçar a carreira de algum artista, num trabalho de análise, num escopo, num alvo de estudo, dividindo o Corpo Humano em especialidades médicas, assim como a luz branca é decomposta pelo prisma, num leque de cores, na pureza de um cristal, num salão belo, cheio de alegria carnavalesca, com todos pulsando num só ritmo, num trabalho de unidade, como certas pessoas têm este talento de liderança, com a capacidade de unir as pessoas em torno de algo, no modo como a Comunidade Caxiense se une em torno da Festa da Uva, numa expressão de Cultura Popular Brasileira, no momento em que o momento de celebração se torna exceção, no ato da pessoa se subtrair um pouco da sisudez diária do trabalho. A base aqui é um belo Céu de Brigadeiro, numa certeza, numa clareza, fazendo da Terra uma pequena e anônima esfera azul na imensidão cósmica, numa esfera tão rica em Vida, nessa incessante busca humana por Vida fora da Terra, e Vida Inteligente, pois num Cosmos praticamente infinito, só há Vida na Terra? Aqui é uma pessoa que está apressada, estressada, como uma pessoa borderline que conheci, um neurótico workaholic que não se dava ao respeito, trabalhando como um escravo, sem autoestima ou autorrespeito – Respeito é para quem se dá ao Respeito, não? Aqui é como uma família, com uma mãe dentro de outra mãe, num lar sólido e protetivo, com a obrigação dos pais em incutir valores e virtudes nobres nas cabeças dos filhos, no discernimento de Tao entre grosso e fino.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui é como um raciocínio sendo desenvolvido dentro da mente de alguém, numa pessoa que tem facilidade para Matemática, encontrando prazer nos números. Aqui é como uma vibrante estampa de moletom, jovial, colorida, como no boom da Moda Jovem dos anos 1980, numa estética nunca antes vista na História, numa explosão de cores vibrantes e cabelos irregulares despenteados e desbastados, surgindo pela primeira vez a moda dos jeans rasgados, despojada, num visual “sobrevivente de hecatombe nuclear”. O amarelo é a massa amarela de torcidas patrocinadas pelo Banco do Brasil, numa massa dourada, fazendo do Brasil o país do futuro, uma nação que tanto ainda tem para dar. É como num dia dourado tradicional de coroação de monarca britânico, no modo como as tradições dão a sensação de que o Tempo não passa, fazendo metáfora com a atemporalidade do Plano Metafísico, o plano no qual não existe envelhecimento, havendo uma ilusão na passagem de Tempo, como num ciclo o qual sempre volta ao ponto inicial, num eterno trabalho de recomeço e reconstrução, com lições viscerais sendo aprendidas. Aqui, a cabeça do boneco é o número Zero, vazia como um buraco negro, atraindo informação, como num esmerado estudante, devorando livros com sede por Conhecimento, havendo nos alunos aplicados aquilo que dá orgulho e sentido para a vida de um professor, como eu mesmo já tive a oportunidade de ser professor de Inglês, no prazer de ver um aluno aprendendo e desenvolvendo-se, na noção redentora de que estamos ajudando alguém. O boneco abre os braços receptivamente, como nas recepções dos hotéis da rede Laghetto, com bandeiras do Uruguai e Argentina dizendo, em espanhol, “Bem vindos”. É num anfitrião abrindo os braços generosamente, como socialites, pessoas dedicadas a receber, na ilusão de que festas podem marcar época, as quais não marcam, pois as festas são breves momentos de desligamento, pois, no dia seguinte, a Vida retorna em toda a sua seriedade. Aqui são como órgãos internos organizados num só ritmo, como numa orquestra em harmonia, com cada instrumento tendo sua função e seu papel, como uma pessoa que conheço, a qual, infelizmente, está na fila de espera por um transplante de fígado – Saúde é tudo. Aqui é como uma pessoa deitada na cama, no essencial momento de descanso. Aqui são como indecifráveis códigos oníricos, fazendo dos sonhos tais projeções do self da pessoa que sonha, como me ensinou uma amiga psicóloga. Estes números formam um corpo dinâmico, e parecem trocar de lugar uns com os outros, como numa dança de cadeiras, como numa festa numa pista de dança, como em um bom baile com a orquestra no palco, com pessoas dançando até o raiar do dia, numa majestosa manhã de Domingo, na clareza de um mundo melhor, regido pela beleza da Estrela da Manhã, numa dimensão sem as vicissitudes matérias, sem o Consumismo, mas num plano em que continua a necessidade da pessoa em se manter ocupada com algo nobre e válido. Aqui é uma festa, e os números não estão devidamente ordenados, num momento de desligamento, pois que vida é esta na qual só há labor? A cabeça aqui é um furo na agulha, na paciência da costureira em costurar, num trabalho que tanta concentração exige, fazendo metáfora com as malhas tecidas pela Divina Providência, aproximando pessoas e fazendo amigos, e assim vamos guardando em nossos corações pessoas amigas, as quais certamente encontraremos no Plano Superior, a dimensão em torno da qual a Terra gira – a Mente está acima da Carne, havendo toda a Esperança por trás da Ressurreição, na filosofia de Santo Agostinho, uma das bases da Doutrina Espírita, com a carne sendo deixada para trás tal qual uma cobra trocando de pele, numa revigoramento, numa vida nova em folha. Estes números são egos ascendendo e descendendo, nesta dança de vaidades que tanto seduz as pessoas, desviando-as de Tao, o caminho único, tal qual o Sistema Único de Saúde brasileiro.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Aqui é o termo psicológico “colocar o dedo de alguém na tomada”, em choques de realidade, para uma pessoa que, iludida e equivocada, precisa colocar os pés no chão. É a revolução que a Energia Elétrica causou na Humanidade, fazendo com que permaneça pitoresco um romântico jantar à luz de velas, num charme retrô. Vemos no centro da obra um globo dividido por suas linhas e meridianos, como uma laranja com seus gomos, no modo como ainda estamos muito cedo no ponto histórico de digitalização do Mundo, com todas as facilidades de Internet, fazendo com que a mídia papel fique tão obsoleta e antiecológica, fazendo com que enciclopédias e dicionários sejam todos online, gerando neste início de século toda uma geração que já nasceu digital, não podendo compreender como foi a Era Analógica, com seus telefones de disco e televisões de tubo. O globo aqui traz a teoria do terraplanismo, inacreditável. O globo aqui gira sem parar, no modo como a Vida pode passar tão rapidamente e, quando vemos, hora de desencarnar e voltar para casa, depois de, é claro, cumprir sua missão metafísica na Terra, numa vida que é tão curta e insuficiente para que façamos tudo o que queremos fazer, nas malhas tecidas pela Divina Providência, no modo como é a própria pessoa que escolhe a hora de ir para Casa, selecionando, antes de reencarnar, a data da “soltura”. O fundo aqui é terroso, remetendo a um desfile de Moda que vi certa vez, com o chão da passarela todo coberto de terra, este chão que tantos nos gruda gravitacionalmente, como em ...E o Vento Levou, quando o pai de Scarlet diz a esta que terra é o melhor e mais duradouro investimento que pode ser feito no Mundo, como nos donos de terras nos pampas gaúchos, ou como a aristocracia rural argentina, os detentores de terra e gado, no topo da pirâmide, uma classe tão ataca e agredida pela controversa Evita Perón, uma pessoa que não conseguia imaginar a Vida sem inimigos, nesta eterna capacidade humana para a desavença e o conflito, como dois reinos que simplesmente não conseguem se respeitar mutuamente. O chão é a base, a referência, como numa família cheia de referências, como um irmão mais velho, no talento de um patriarca ou de uma matriarca em manter a família unida, como numa noite de Natal, com crianças rasgando esfuziantemente os pacotes de presentes. Aqui é a gíria chocante dos anos 1980, numa Moda capilar que fazia parecer que os dedos da pessoa tinham sido colocados na tomada elétrica, levando um choque. É um artista dessa época, colocando-se num momento sem precedentes na História. É como o deus nórdico Thor, deus do trovão, com seu poderoso e implacável martelo que trazia os impiedosos raios, num herói agressivo, conquistando carisma junto às pessoas Yang, partindo de uma antiga divindade para uma figura pop dos séculos XX e XXI. Aqui, vemos o fio elétrico serpenteando, como uma gata no cio, louca para cruzar, ou como adolescentes com os hormônios à flor da pele, numa idade em que somos “escravos” de nossa própria libido, nas influências da Matéria, da Carne, nas tentações que tanto desafiam o Espírito. O cabo elétrico aqui é a conexão, como vínculos de carinho que unem amigos e famílias, com pessoas das quais jamais nos esqueceremos, não importando quanto tempo passe, no modo como os vínculos de Amor sobrevivem à Morte Física e ressuscitam milagrosamente. Aqui, este cabo procura por uma tomada, numa procura, num search no Youtube, numa busca existencial, numa pessoa que quer descobrir a si mesma, olhando para si mesma e dando-se conta de que o autoencontro é sempre dentro de si; nunca fora de si. É na sábia frase: “Não se torne – seja”, no modo como nunca canso de trazer a história do patinho feio, o qual descobriu ser uma coisa que sempre foi, no discernimento taoista de que passado e futuro não existem um sem o outro, ou seja, se quero ver o futuro, preciso ver o passado – somos todos, desde sempre, príncipes filhos do mesmo Rei, meus amigos. E sempre seremos.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Vemos uma abóboda, como no topo de um templo, na universalidade humana em construir templos, pois, apesar das religiões parecerem tão diferentes umas das outras, são, no fundo, todas iguais. Aqui é uma coroação, como no portoalegrense Café Majestic, com sua “coroa” permitindo que vejamos o Lago Guaíba, este poderoso cartão postal da capital estadual brasileira. Aqui vemos uma hierarquia, pois no extremo topo está um apequena coroa, sustentada por uma coroa maior, como nas pirâmides egípcias, com o faraó, o descendente dos deuses, acima de tudo e todos, numa polarização de dar inveja a qualquer monarca europeu absolutista, como numa Elizabeth II, a qual aprendeu “na marra” a ter majestade, no ditado “Quem já reinou jamais perde a majestade”, como num espírito que, anteriormente um rei de fato, não reencarnou rei, mas manteve-se altivo e majestoso, no modo como as encarnações vão moldando nosso espírito, numa longa linha evolutiva, no maravilhoso modo como as vicissitudes terrenas vão fazendo de nós espíritos melhores e mais moralmente apurados. Na base deste conjunto vemos formas humanas, como pessoas no local mais humilde da hierarquia, como um gari levando uma vida tão dura e difícil; árdua. Aqui as cabeças são pingos, na cabeça, na capital, naquilo que rege o resto, fazendo metáfora com o monarca, cuja altivez faz metáfora com a soberania da nação regida. São as pessoas comuns, sem as quais o Mundo não funcionaria, em vidas humildes e anônimas, fazendo serem tão raros os casos de explosões estelares como numa Gisele, a modelo mais bem sucedida da História. Abaixo desta abóboda, um formato de mão, no poder transformador das mãos de um artista ilustrador, pegando elementos dissociados e produzindo algo novo, como nas velhas mãos de Rose no início de Titanic, fazendo vasos de cerâmica, num verdadeiro manifesto contra a insensibilidade humana, este insensibilidade que coloca Dinheiro e Poder acima de tudo, numa história de Amor com redentor final, com Jack e Rose se reencontrando no Plano Metafísico, no início de uma amizade eterna, com todos jovens e belos, navegando num Titanic todo novo, longe do pobre diabo naufragado na tragédia naval. Aqui é a mão de Tao, este poder tão transformador que nos deixa abismados, como num grande artista musical, gerando muita expectativa em relação ao álbum que está prestes a lançar, causando furor num fã clube mundial e numeroso, como num certo clipe de Whitney Houston no Youtube, com nada menos do que um bilhão de acessos – sim, b de bola. É o prazer de um artista em se encontrar com seus próprios fãs, como num Paulo Coelho viajando pelo Mundo em concorridas sessões de autógrafos, nesses fenômenos de popularidade que nos deixam estarrecidos. Abaixo da mão podemos ver um perfil de alguém, com um olho e uma boca beijando, como num perfil egípcio, com um rosto que, apesar de estar de lado, traz um olho com este visto de frente, num paradigma estético que durou milênios, rechaçando e condenando um certo faraó herege, o qual questionou tais paradigmas, num trabalho essencial de transgressão, como no choque brutal entre católicos e protestantes, fazendo das execuções na fogueira uma suma prova da crueldade humana, como na sanguinolenta Maria Tudor, dizendo agir em nome de Jesus e fazendo coisas que o próprio Jesus jamais faria, como queimar uma pessoa viva numa fogueira. O beijo é o Amor e a Afeição, como no advento de um neto que acaba dando uma “amolecida” no coração dos avós, na bênção que é uma criança chegando a uma família, na continuidade da Vida, com gerações indo e vindo. O quadro aqui é cítrico e alegre, laranja, doce como uma boa manga madura, numa pessoa que soube se manter doce ao longo da Vida, evitando o caminho do empedernimento, ao contrário de um certo amigo meu, uma pessoa que está “implorando” para receber uma derretidinha no próprio coração. Pegue leve!

 

Referência bibliográfica:

 

Grundini. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 19 mai. 2021.

Grundini. Disponível em: <www.dribbble.com/Grundini/about>. Acesso em: 19 mai. 2021.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Dan Calabresa (Parte 3)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o ilustrador americano Dan Craig. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A coruja hesita entre se mostrar e se esconder, excitada e ao mesmo tempo tímida, traduzindo o próprio Dan Craig, numa pessoa que, apesar de ter sucesso, quer se manter um tanto reclusa, discreta. As folhas rubras são outonais, numa fase da Vida em que a pessoa quer paz, sem mais as inconsequentes tempestades da juventude, no caminho da maturidade. Mais uma vez vemos aqui uma paixão de Craig, que são as luas quase novas, discretas, vazadas, por assim dizer, nunca querendo se apossar do quadro, numa posição de discernimento e humildade, sempre respirando, sempre permitindo que possa ser visto o que está além. São as folhas douradas da mítica floresta de Lothlórien, de Tolkien, um lugar mágico onde se tem a impressão de que o Tempo não passa, com majestosas árvores caduciformes. É a sabedoria de Tao, numa árvore que, nua, deixa o Sol penetrar no Inverno e, no Verão, produz sombras fresquinhas, na dança incessante das estações climáticas, nos ritmos da Natureza, envolvendo o Ser Humano e fazendo este ver divindades em aspectos naturais, como o Sol, a Lua, as estrelas, as águas, as árvores etc., como nas divindades egípcias antigas, personificando animais do reino faraônico, como crocodilos, gatos, escaravelhos, chacais etc. Aqui, a coruja ou está acordando para a noite, ou indo adormecer no advento do dia, na metáfora dos pais corujas, os quais não descansam em paz sem ver os próprios filhos em casa, a salvo dos perigos da boemia, num perigo como condutores embriagados, por exemplo. Vemos aqui estrelas dúbias, e não sabemos se estão sendo escondidas ou reveladas, na dúbia hora em que a luz fica mais suave, porém não em escuridão, como na luz do luar, a qual revela escondendo, nunca explícita, nunca clara, numa espécie de limiar, num espírito que ou merece a colônia espiritual dos desencarnados, ou merece o Umbral, no modo como as vidas na Terra são pautadas pelo apuro moral, pois os imorais pouco merecem o consolo do Reino dos Céus – não soo às vezes como um padre? Podemos ouvir o sensual farfalhar das folhas, num som de incessante transformação, num processo sempre se desenrolando, num ponto em que o espírito nota a estagnação, vendo-se encorajado a abraçar novos aprendizados, talvez numa nova encarnação na Terra. A coruja aqui está totalmente entrosada e familiarizada com a árvore, no instinto animal de se integrar ao bioma, na busca existencial da pessoa em compreender e aceitar o Mundo que a cerca, sempre mantendo o crítico senso, como ao observar a típica crueldade humana em relação a pessoas negras, ou pobres etc. A coruja é a Consciência, a lucidez, com olhos sempre atentos, tensos, que nada deixam escapar, como nos olhos despertos nas máscaras mortuárias do Egito Antigo, no espírito que tem toda a consciência de que desencarnou, deixando para trás um corpo irrecuperável, condenado à danação da Matéria – a Consciência sobrevive à morte do corpo; a Consciência é o que realmente importa, e apenas o de melhor permanece. A coruja aqui nos fita impiedosamente, desconfiada, como se soubesse das implícitas intenções do espectador, como numa pessoa que aprendeu a ver o Mundo da forma mias simples e realista possível, desprendendo-se de sinaizinhos auspiciosos e desenvolvendo uma noção de realidade, uma noção do que realmente importa, num caminho de evolução espiritual – nós morremos melhores do que quando nascemos, no sentido de que o sentido da Vida é o crescimento. As penas da coruja são de cores discretas, como se soubesse que é perigoso ser indiscreto, como num vizinho que cuida para ser o mais silencioso possível, nunca querendo ser detectado pelo vizinho acima, abaixo ou ao lado. A coruja são os notívagos, as pessoas que curtem a noite, seja para produzir, seja para se divertir, no modo como o adolescente vai sendo seduzido pela Boemia, este hábito que, além de divertir, pode aprisionar aqueles que só querem saber de festa... O bico da coruja é pontudo, agressivo, ameaçador, e nos aconselha a manter respeitosa distância. Em tal discrição, a coruja quer paz.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). O sapo levita em certeza e erudição, na mente leve das mentes morais e tranquilas. O sapo é a elevação, no modo como certa vez matei um sapo, e fique com pena do bicho, apesar de eu usar roupas de couro e comer carnes de todos os tipos... É o sapo pronto para ser beijado e transformado em príncipe, numa feiúra subestimada, digna de surpreender a todos e se tornar uma majestosa borboleta colorida. O sapo é o intermédio que os anfíbios fazem entre peixes e répteis, na escala evolutiva que foi se desenvolvendo na Terra, esta esfera tão rica em Vida, talvez dando inveja a civilizações alienígenas um tanto mais pobres do que a Terra biologicamente. Vemos uma pena, que é a caneta, o estilo, a cultura, no modo como foi a Escrita o que tirou o Homem dos moldes primitivos de Neolítico, no modo como algumas tribos indígenas das Américas desenvolveram sistema de Escrita; outras, não. A pena é a leveza da inspiração. É a fragilidade, a vulnerabilidade, e qualquer ventinho pode agitar a pena, como numa pessoa “surfando em ondas”, deixando-se levar pelos ritmos do Mundo, como numa estrela de Cinema, a qual entende que deve deixar o Mercado fazer o trabalho em torno de uma película desta estrela, numa pessoa “preguiçosa”, que deixa os outros fazer o trabalho de divulgação de um filme, como no contrato que a Pepsi fechou para divulgar a aventura Batman, o Retorno, numa pessoa que de certo modo se deixa levar, aproximando-se o “nada a fazer” taoista. O Livro é a base, a carga de Conhecimento, como a Bíblia é para tantas religiões, no livro mais vendido de toda a História. O Livro aqui está fechado, amarrado, atado, como se representasse algum perigo aos ditadores, pois um cidadão culto e letrado, inteligente, é mais difícil de ser governado do que um cidadão obtuso e ignorante, no modo como certas religiões têm medo do poder de uma Globo, em religiões que enriquecem a partir da desobrigação tributária, aproveitando-se da ignorância de tais fiéis, remetendo-me a uma grande amiga psicóloga, a qual fica muito indignada ao ver pessoas sendo lesadas e sugadas financeiramente. Abaixo do livro vemos uma espécie de mandala, no ciclo das estações climáticas, numa pessoa que observa o Mundo de forma cíclica, sabendo que passado e futuro não existem um sem o outro, ou seja, a História, de certo modo, se repete, neste palco de egos vaidosos que cobiçam poder, sempre poder, esta droga que tanto escraviza e corrompe homens, com egos ascendendo e descendendo, nesta dança de vaidades frente a Jesus, esta poderosa mente que, apesar de genial, não soube neutralizar as indestrutíveis mazelas humanas. Neste quadro vemos papéis, de aparência antiga, como registros raros, dignos de pesquisa acadêmica, com papéis que são guardados como verdadeiras relíquias, no poder transformador da Cultura Erudita, este força dos bancos escolares, formando cidadãos dignos de respeito, como em nações tão finas como a Suécia. O sapo flutuante é como a deliciosa Experiência Extracorporal, as EECs, num momento em que o espírito, em sã consciência, se desprende momentaneamente do corpo físico, numa deliciosa sensação de Paz e Liberdade, num plano técnico de construção espiritual, como numa faculdade, uma grande faculdade, esta encarnação que tanto faz com que cresçamos em moralidade e elegância, nos deliciosos perfumes metafísicos, tão imitados pelos perfumes à venda nas lojas da Terra – tudo gira em torno da dimensão acima da Terra, na hierarquia espiritual. O sapo dorme plácido, relaxado, em doces sonhos de Paz. É um merecido momento de descanso, como o Criador descansou no sétimo dia, no modo como o trabalhador colono italiano no Rio Grande do Sul via o Domingo como uma dia excruciante, na proibição de trabalhar. O sapo aqui está altamente concentrado, na concentração de um médium numa sessão mediúnica, num momento mágico interdimensional no qual os desencarnados fazem contato com a Terra.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A moça é a beleza da Natureza, no frescor de Primavera, com pássaros ensandecidos, agitados nos Céus, anunciando um momento novo, como num glorioso Desencarne, no maravilhoso fato de que o dia de soltura vai chegar, sempre. Flores brotam como numa mente criativa, pulsante, como no buquê de uma noiva branca, no machismo da moça ser entregue pura casta ao marido no Templo. É como um colar havaiano de flores, dando as boas vindas aos visitantes numa terra tão única e exótica, no perfume tropical, cópia fiel das apolíneas praias metafísicas, doces, prazerosas, fazendo com que não desejemos estar em qualquer outro lugar. A menina é jovem, beirando a puberdade, no modo como começam tão cedo as meninas em carreira de modelo, num mercado implacável, sempre em busca do frescor de rostinhos novos, adotando e descartando modelos todos os dias, num mercado volúvel e cruel, no qual não é considerada sexy uma mulher que não esteja na antessala da Anorexia. Vemos aqui um discreto fio sustentando uma flor, a Rosa Mística de Maria, no segredo da sensibilidade, numa flor sensitiva, que serve nos parreirais de uvas, numa flor que já avisa de antemão se alguma praga está se insinuando no vinhedo, fazendo da flor tal símbolo do feminino, da beleza, da delicadeza, do perfume, de coisas agradáveis, necessitando de um pingo de agressividade, ao ponto da mulher não mais se colocar como propriedade de outrem, num grito de independência, pois que Vida é esta sobre a qual não tenho controle sobre mim mesmo? O fio é a sustentação, a união, unindo membros de uma família, na Grande Família Metafísica, indestrutível, eterna, fazendo de Jesus Cristo nosso querido irmão, num filho de Tao, o mistério eterno. Podemos aqui ouvir o som dos passarinhos, numa dança de acasalamento, no instinto de um animal em construir ninhos tão perfeitos, tão simétricos, ou como as casinhas de joão de barro, como duas pessoas que se unem e vão morar juntas, sendo felizes, em aspectos tão simples, como tomar café da manhã no colo do cônjuge, nas pequenas delícias cotidianas da vida a dois. A maçã é o fruto, a recompensa por um trabalho árduo; é também a tentação, na malícia da serpente do Éden, condenando a Humanidade, no mito misógino que faz de Eva tal elemento de má fé, de malícia, de desarmonia – Jesus, quanto machismo. O fio aqui busca unificar o quadro, agregando as pessoas, no homem de Tao, o qual, no seu vazio desprovido de arrogância, torna-se a “força gravitacional” que une as pessoas, como num bom líder estadista, causando bem e prosperidade a seu próprio país, fazendo das ditaduras cópias muito grotescas da Paz de Tao, a sagrada vizinhança à qual tão ardorosamente pertencemos, pois que vizinhança é esta na qual só há guerras, bombas e mortes? Vemos uma singela e bela borboleta polinizando, na beleza de algo sendo revelado depois de um casulo tão feio e subestimado, na revelação da Beleza, de um mundo que faz inveja a qualquer lugar sobre a face da Terra. Esta menina tem um quê de Monalisa, indagando misteriosamente o espectador, no poder da Arte em se tornar algo tão forte, marcante e arrebatador, na missão artística em causar comoções em torno de algo, como num bom filme, no melhor filme do ano. O papel de parede, atrás, é bem feminino, com estampa floral e vegetal, numa identidade feminina, como numa mulher que, apesar de independente, gosta de se manter feminina, ao contrário de uma certa atriz, cujo nome não mencionarei, uma atriz que vai a eventos solenes sem um mísero batonzinho, ao contrário de Meryl Streep, uma atriz que, apesar de tão séria, sempre se arruma quando vem a público. Uma suave luz penetra pela janela atrás, numa promessa de ressurreição, de volta por cima, numa luz fina renascentista, acordando a Europa para um novo sopro de Arte, fazendo da Arte tal elemento transformador, marcando épocas, sempre trazendo sopro de novidade, na eterna juventude de espíritos que não ficam estagnados.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos um grande assédio, sexual ou moral. As zebras estão cercadas e confinadas num casulo de proteção, como numa casa segura, a salvo de ladrões ou invasores. A multidão de leões fareja a carne para o almoço. A paisagem africada é majestosa, dourada, no ouro do rei da selva, e estamos num belo amanhecer, e as zebras são reveladas, assim como uma estrela é revelada nos Céus. O carro é o controle, numa pessoa com o controle sobre si mesma. Aqui a fuga é possível – é só que as zebras queiram fugir. Mas parece que as zebras aqui gostam do assédio, como na relação de amor e ódio que Diana tinha com a Imprensa: no mesmo passo que a princesa amava aparecer nos televisores do Mundo inteiro, a mesma Diana se sentia muito invadida e desrespeitada por essa mesma imprensa. Aqui é o assédio dos paparazzi, como insetos gravitando sobre uma lâmpada acesa à noite. É um perfume de atração, como na fêmea no cio, sendo disputada por ferozes machos, para ver quem é o real rei da selva, nas competições da Vida em Sociedade, fazendo da universalidade dos Esportes tal força de competição, com embates atraindo a atenção do Corpo Social, num momento de puro entretenimento para as massas. As zebras estão encurraladas, e o carro é a última bolha de resguardo, como numa pessoa trancada em casa, num terreno com cercas elétricas, no instinto de proteção e de autopreservação, num animal que, a partir da Evolução, foi adquirindo noções instintivas de autoproteção, na Teoria da Seleção Natural, pois o animal sem instinto de sobrevivência não vive para passar adiante seus próprios genes. Os leões aqui estão absolutamente entretidos, como cachorros cobiçando frangos de padaria na calçada, no instinto mais primitivo, que é o da Alimentação, em restaurantes que, apesar de finos e elegantes, trazem esse mesmo instinto de matar a Fome. O capim aqui é um macio carpete, nessa combinação dos felinos em geral, aliando a suavidade felina, como no caminhar sutil do gato, à agressividade de garras e dentes afiados, como na Mulhergato, uma mulher que apesar de ter toda a sensualidade de veludo felino, tem garras agressivas e um chicote que trata de manter os homens sob controle, na relação de Disciplina entre domadora e leão. Aqui é um programa televisivo de alta audiência, com em grandes sucessos de Teledramaturgia, como em telenovelas icônicas como Roque Santeiro e Que Rei sou Eu?, unindo os brasileiros em torno de histórias tão deliciosas, recheadas de personagens que tratam de consagrar atores e atrizes, em momentos de glória na carreira, no amargo fato de que ninguém está por cima o tempo todo... O carro aqui rosna os motores, talvez provocando os leões. Os leões são a fome, a gana, a luta pela Vida, num artista que arduamente quer ser reconhecido ainda em Vida. Nesta cena crepuscular temos toda a majestade africana de Natureza, remetendo a tempos em que ainda era permitida a caça de animais como leões e elefantes, fazendo da divisão entre os século XX e XXI o boom da consciência ecológica, pois, de fato, a Terra é nosso único lar. Aqui as zebras cozinham em um microondas, e os leões mal podem esperar pelo momento da refeição, no modo quando um mesmo grupo de leões come, não há regras, e cada um tem que impor para poder comer um pedaço do pobre herbívoro que se tornou almoço, nos modos da Dimensão Material, na necessidade da Cadeia Alimentar, pois nada mais humano do que ter que se alimentar. Aqui é um jogo de sedução, como mulheres belas atiçando o macharedo. É como modelos na passarela, na superficialidade do Mundo da Moda e do Estilo – as tops fingem que são deusas; nós fingimos que acreditamos nisso. Aqui é um grande filme sendo lançado, num sopro de novidade, ou no galgar das tecnologias, como na geração de meu sobrinho, uma geração altamente digital, que mal sabe o que foi a era da Tecnologia Analógica, em tempos em que sequer havia um simples controle remoto. As zebras aqui parecem gostar de fazer tal provocação, e têm prazer em atiçar o Mundo. É como uma pessoa que, acostumada a tomar vinho de mesa, delicia-se com um belo vinho fino.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Aqui temos uma ironia de inversão, pois o peixe, tão pescado e fisgado, torna-se caçador, invertendo papéis. Temos aqui uma paisagem um tanto inglesa, com uma mansão aristocrática ao fundo, digna de casa de Bruce Wayne. Os peixes estão vestidos com toda a discrição de lordes ingleses, apontando as armas ao alto, sonhando alto, e podemos ouvir os impiedosos tiros, num trabalho masculino tão universal, no modo como até em tribos amazônicas o serviço de caça e pesca é feito pelos homens da tribo, deixando às mulheres o papel de coletoras, ou seja, de fazer compras no supermercado. Vemos um anzol ao alto com uma tentadora e deliciosa isca – são os sinais auspiciosos, as ilusões que tanto enganam homens, desviando o interesse do que importa, que é a virtude, o apuro moral, num homem digno de respeito; num homem como Jesus resistindo às tentações do Diabo no deserto, num coração que, mortificado, não se deixa leva por ilusões, observando o Mundo da forma mais clara e fresquinha possível, sem ter tolas expectativas. Aqui o campo inglês tem um farfalhar, num país de terras vastas, com campos de paisagem aristocrática, em tradições como a caça que vemos aqui, num serviço que dificilmente uma mulher inglesa pode desempenhar, no modo como sobrevivem até hoje os ancestrais preconceitos patriarcais, relegando a mulher a um eterno papel coadjuvante, causando furor e escândalo grandes mulheres artistas que ousam apitar contra tal stablishment, na coragem da transgressão. Estes peixes caçadores estão alinhados, unindo forças para mirar na mesma direção, aumentando assim as chances de acertar a ave no Céu, num trabalho em equipe, ao contrário de certas pessoas não gostarem muito de interferências em seu trabalho, como uma pessoa que tem dificuldade em fazer trabalho em grupo na faculdade. Os dois peixes mais ao longe estão focando na mira, no Céu, mirando com uma precisão cirúrgica, fruto de anos de prática em caça. Já, o peixe em primeiro plano está sendo seduzido e distraído pela isca, na canção de Chico Buarque que narra como uma bela mulher pode anuviar o pensamento sisudo do homem que sai para trabalhar. O dia aqui é dúbio, e não sabemos se está encoberto ou aberto, com altos e baixos, às vezes nos permitindo ver o azul anil; outras vezes, não. A isca é a Serpente do Éden, seduzindo, no modo como o Ser Humano, no claro e fácil caminho único de Tao, é levado sempre por tentadores atalhos ilusórios, como numa busca incessante por Poder, no modo como pode ser infeliz a vida de um ganhador da Loteria, uma pessoa que, aos olhos do Mundo, é a pessoa mais feliz deste, nas eternas ilusões da Matéria, do tangível, na ilusão do objeto, do fetiche material, da ilusão de que podemos possuir algo, havendo no Desencarne tal libertação, pois o que é mundano, no Mundo fica. O peixe aqui está hesitante, um tanto amedrontado, mas muito excitado, como há certos homens que, apesar de ter uma aura tão masculina e destemida, são pessoas que, no fundo, têm muitos medos – quanto mais pouso de valentão, mais medo tenho, havendo o caminho da Humildade, ou seja, nunca mostrar uma coragem que não tenho, havendo no homem corajoso este discernimento – forte é fraco; fraco é forte. A isca são os gostosos pecadinhos capitais, e aqui temos o da Gula, num doce que marca um momento especial, como numa torta de aniversário. Por este terreno no quadro, vemos montículos verdes, como cercas vivas podadas, meticulosamente podadas, frutos de um jardineiro dedicado, como uma pessoa que, ao produzir, toma cuidado no que faz, encontrando Amor naquilo que faz, pois que vida é esta na qual odeio o que faço? Os peixes mais longínquos estão de casaco abotoado com disciplina, apertados, rígidos. Já, o peixe em primeiro plano está mais à vontade, desabotoado, como se estivesse no conforto do lar, num estilo de vida mais relaxado, só tendo disciplina quando realmente tem que ter, numa pessoa que aprendeu que não vale a pena ser workaholic.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Vemos aqui um ataque aéreo, como no episódio de Pearl Harbor, num ataque implacável, nos terríveis barulhos de guerra, de bombas, neste talento humano em assassinar o próprio irmão, dando inveja a Caim. Podemos ouvir os zunidos das abelhas, num sopro primaveril, quando a Vida renasce em toda sua força, neste papel polinizador tão importante das abelhas, num misterioso processo que transforma o pólen em mel. É como no ataque terrorista mais infame da História, num momento em que os EUA se viram alvo da fome ditatorial por poder, em estados totalitários obcecados em manter o próprio cidadão sob controle. Vemos aqui uma abelha protagonista, ladeada por coadjuvantes, na hierarquia num set, com atores estelares sendo cumprimentados por jornalistas, os quais sequer olham para os atores menos estelares, neste jogo mundano de status, na fogueira das vaidades de egos, com pessoas obcecadas em se tornar algo, indo contra uma iluminada frase que ouvi recentemente: “Não se torne; seja”. Ou seja, tenho que ver aquilo que sempre fui e sempre serei, como uma pessoa descobrindo a si mesma, numa revelação, no patinho feio que se dá conta de que sempre foi cisne – o patinho não se tornou; o patinho passou a ser. Mais uma vez aqui temos esta indubitável paixão de Dan Craig por discretas luas quase novas, como numa casca de unha, num papel tão discreto, tão retirado, como se soubesse o valor da discrição, numa Lua que nunca tem as ambições mundanas de controlar tudo e todos, na metáfora do Anel: malícia, crueldade e desejo de controlar toda Vida. As flores aqui são altamente tentadoras às abelhinhas, e um grande jogo de sedução acontece, nos óvulos inertes sendo assediados pelos ensandecidos espermatozoides, no jogo de sedução entre passivo e ativo, como num gol sendo marcando, desvirginando a goleira tão bem guardada pelo goleiro – a passiva, a porta e a passagem são a Virgem Maria que, eroticamente inofensiva, precisa de um guerreiro para lhe proteger, na relação erótica entre guardacostas e guardado. As flores estão em seu auge, e são majestosas como se fossem renascentistas, claras, belas, definidas, neste sopro inédito que foi a Renascença. Como sabemos, as flores são as genitálias das plantas, num Tao que jamais tem vergonha do que ele próprio inventou, como na beleza do Corpo Humano – o que há de errado na nudez classuda e elegante? Uma das flores aqui é uma ovelha negra, pois não está aberta ou receptiva, mas arredia, arisca, fechada para a interação do cortejo sexual, talvez numa pessoa que não sabe ao certo seu lugar no Mundo, com dificuldade para se encontrar, como uma pessoa antipática, complicada, a qual tem dificuldade e até medo para interagir socialmente, uma pessoa que, apesar de fazer um bom trabalho, tem a reputação de ser difícil e árdua para se relacionar. É uma exceção, numa pessoa muito excepcional, a qual não quer se encaixar em indistintos padrões, talvez numa busca por identidade, por diferenciação, num triste caminho por um intrincado labirinto, num fundo de poço tamanho que faz com que esta pessoa não curta os seus próprios atributos, e como posso ser feliz se não estou de bem comigo mesmo? É um jogo de diferenciação. Darei um exemplo. Na arrebatadora cena final de Titanic, na qual os espíritos se reencontram no Plano Metafísico, uma multidão de espíritos bondosos aplaudem Rose e Jack e, assim que a câmera desliza e mostra todas as pessoas aplaudindo, o comandante do navio começa a bater palmas só quando a câmera lhe mostra, ou seja, ficou distinto e diferenciado, marcante, no caminho de cada pessoa em se tornar digno de tal diferenciação, pois Tao nunca cria dois espíritos iguais, dotando-nos de uma infinita individualidade – somos todos muito especiais. A flor fechada é a promessa de um dia melhor, numa flor que se abrirá no momento oportuno, fazendo uma linda revelação, no Grande Plano Divino para conosco, num espírito que encara a realidade de que nunca podemos ficar improdutivos.

 

Referência bibliográfica:

 

Dan Craig. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 12 mai. 2021.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Dan Calabresa (Parte 2)

 

 

Volto a falar sobre o ilustrador americano Dan Craig. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Um momento privado de solidão e introspecção, no modo como é importante que cada pessoa tenha um momento de solidão, de companhia consigo mesmo, como num casal que conheço, os quais não estão o tempo todos “grudados” – uma pitada de solidão é positiva. A moça paquera a Maçã do Éden, a Caixa de Pandora que tanto mal espraiou pelo Mundo, na arrogância e na malícia de um sociopata. A maçã é a vida saudável, na alimentação balanceada, no modo como os costumes alimentares norteamericanos causam tanta obesidade mórbida na população daquele país. A moça está desviando os olhos da leitura para fitar a maçã, em dúvida se deve comer ou não, ponderando, talvez avaliando os riscos, numa pessoa hesitante em se apaixonar e mergulhar num relacionamento amoroso, talvez num amor impossível, cheio de dificuldades e percalços para acontecer, no modo como é triste uma pessoa que leva vida dupla, nem cem por cento feliz aqui, nem cem por cento feliz ali. É numa irresolução, uma dúvida perene, talvez numa pessoa que quer tomar uma decisão radical em sua vida, como abandonar uma carreira, como num homem que conheço, o qual, frustrando-se como ator em quinze anos de infrutífera carreira, resolveu virar advogado, “dar uma sacudida na poeira” e ver se, assim, leva uma vida mais feliz e realizada – todos temos o direito de sonhar com uma vida melhor. Como numa artista plástica que conheci, a qual, decepcionada em suas expectativas, largou a carreira, e o segredo para não se frustrar é não construir expectativas, no caminho da mortificação espírita, num ponto em que a pessoa não mais crê em fúteis sinaizinhos auspiciosos, observando o Mundo da forma mais realista e “fresquinha” possível, no modo como, depois de desencarnada, a pessoa se depara com o fato de que segue a necessidade de trabalhar e ser produtiva. Vemos uma taça de vinho quase vazia, nos pequenos prazeres mundanos, em pecadinhos tão gostosos como o da Gula, na carga do pecado, o que levou Niemeyer, em Brasília, a construir uma igreja sem as camadas de escuridão do pecado mundano. Esta moça deita num divã numa majestade de uma Cleópatra, a mulher infeliz ao ponto de se suicidar – Poder e Dinheiro trazem felicidade? As vestes da moça são grecoclássicas, dignas de uma deusa grega, na fabulosa Eos, a deusa dourada que traz os raios de renovação da Aurora, resolvendo mistérios e revelando Tao, o grande plano divino para conosco. O vaso de flores aqui é perfeito, vivo, gracioso, como na beleza de um buquê de rosas sem os espinhos, no espírito abraçando uma vida tão distante da inevitável dor encarnatória, uma dor com a qual temos que aprender a conviver. A paisagem aqui é um tanto romana, italiana, fazendo da Itália tal país de gastronomia que ganhou o Mundo. Aqui temos um fim de tarde ou um início de manhã, numa luminosidade transitória, nem negra, nem iluminada. É uma cidadela com traços antigos e medievais, e estrelas se pronunciam no Céu, na beleza de joias metafísicas, no poder revolucionário da bijuteria, libertando a mulher da obrigação de, para ser bela, ter que usar joias caras. Ao fundo vemos a Lua da qual Craig tanto gosta, numa discreta casca de unha, nos ciclos lunares insanos que regem a fertilidade na Terra, na dureza que é ser mulher e conviver com cólicas, algo que os homens não entendem. A grade da sacada da janela é bela, clássica, com linhas tortuosas de hera, nesse processo que vai se desenrolando lentamente, em passos de bebê, como um dia amanhecendo lentamente, como um disco de vinil que, com seu espiral, vai lentamente se aproximando do ponto vazio, que é Tao, o sensual vazio pelo qual podemos passear. A moça aqui passa por um momento de distração de desconcentração, atordoada talvez por um belo rapaz, ponderando se deve ou não construir expectativas em relação a ele, numa pessoa que aprendeu a proteger o próprio coração, evitando sofrimentos, na metáfora da Paixão de Cristo, o calvário encarnatório.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Impossível aqui não remeter à franquia Frozen, da Disney, um grande sucesso principalmente entre meninas, na cosmogonia de Yin e Yang fazendo amor e gerando o Universo – temos a feminilidade da beleza virginal da donzela e, ao mesmo tempo, a prática agressividade efetiva da flecha, como num médico fazendo um diagnóstico preciso. O cenário é gélido, frio como a maravilhosa Razão Matemática, esta ciência tão subestimada pelos alunos na Escola, havendo na Matemática toda a beleza e o senso de humor de Tao, como nos números primos, havendo por toda a eternidade de números os números que só são divisíveis por um ou por si mesmos, para sempre – não é irônico? Aqui temos a tão esperada neve por turistas no Sul do Brasil, com fenômenos como a geada, numa manhã de Sol dourado na qual o gramado parece ser feito de cristal, nas belezas de cada estação climática, na ironia dos círculos em ciranda, numa mandala de eterno retorno, sempre voltando ao ponto primordial, que é Tao, a referência que mantém unido o Reino dos Céus tão prometido por Jesus. A moça aqui tem um agudo olhar gélido, focado, concentrado, na definição de um escopo de pesquisa, buscando aprender tudo relativo ao escopo, até se tornar uma expert no assunto, como numa médica dermatologista que conheço, a qual, antes de se tornar médica, teve a doença Lúpus e, depois de tanto pesquisar sobre a enfermidade, passou a se interessar pelo campo de Dermatologia. Ao fundo vemos um majestoso castelo, e talvez aqui haja uma princesa, talvez na responsabilidade de herdar um trono, numa enorme carga, no áureo desafio de conquistar a confiança e o respeito de seu próprio povo, num príncipe que, de jure, encara o desafio de ser príncipe de facto, no discernimento entre teoria e prática, como numa verdade sendo revelada no frigir dos ovos, pois, não canso de dizer, somos todos príncipes filhos do mesmo Rei, havendo, de certa forma, sangue azul em todos nós, muito além das crueldades mundanas. As vestes esvoaçantes da donzela revelam um vento cortante, num dia de Inverno bem rigoroso, numa situação adversa, como numa Thatcher encarando um distúrbio em território britânico, as Malvinas, trazendo um gostinho das crueldades da II Grande Guerra, num eterno cabo de guerra, ao ponto de, no comercial dos anos oitenta do jogo de tabuleiro War, ou seja, Guerra, haver uma sósia de Margareth. Esta moça é muito independente, com uma espada em sua cintura, numa mulher que, ao deixar de ser menininha, observa que os contos de fadas não condizem muito com a realidade, como no mito do príncipe encantado, numa menina projetando seu próprio Yang, na ilusão de que há algo fora de mim, em outra pessoa... A moça paladina aqui parece pouco ser afetada pela adversidade do frio rigoroso, e parece produzir calor dentro de si, com coragem, não aceitando provocações de reinos vizinhos, nesta ancestral sede humana por Poder, como num Antigo Egito, sempre impondo, por meio da força, extensões territoriais imperialistas – esta sede humana é atemporal, realmente, com tantos egos mundanos inflando e desinflando todos os dias, esbarrando na simplicidade de Jesus, nunca cobiçando o lote do outro cidadão, do irmão. Bem ao fundo vemos aves majestosas em plena liberdade de voo, em estados felizes, que não oprimem o próprio cidadão. É a liberdade proporcionada pela espada do Pensamento Racional, com este medo que os ditadores têm em que o seu próprio povo adquira conhecimento e, assim, adquira liberdade. É a liberdade metafísica, numa mente imaginativa, vibrante e criativa, imitando Tao, o artesão que está sempre criando em perfeição e notoriedade, como num fã esperando ardorosamente pelo próximo álbum de seu popstar favorito. Esta moça tem beleza de princesa, e sua aparência faz metáfora com a beleza de seu reino. Sua delgada flecha é minimalista, fazendo só o que é necessário, evitando a “sujeira” de ações desnecessárias, como numa pessoa lavando a louça após o almoço, sabendo que não precisa esfregar demasiadamente o prato sujo. Aqui, temos uma pessoa que está acertando em cheio, ganhando o respeito de outrem.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). É claro que aqui temos um quadro de aprisionamento, com correntes que prendem, na “prisão” dos corpos carnais, na boa notícia de que chegará o dia de soltura, na canção de Freddy Mercury: Quem quer viver para sempre? É como num dia de frio, vento e umidade, no modo como somos todos prisioneiros de tais intempéries climáticas, numa ilusão, pois acima das nuvens o Sol brilha majestosamente, na ilusão que é a morte do corpo carnal, em horrendos rituais fúnebre, com aquele caixão sendo impiedosamente enterrado, na ilusão de que jamais veremos aquela pessoa novamente, no modo como os espíritas lidam de modo mais arejado e tranquilo em relação à Morte Física, como diz Tao: Se o seu corpo físico morrer, não tem problema. O cavalheiro aqui espera pacientemente, sabendo que tem que fazer algo para que o tempo não passe tão lentamente, no modo como é excruciante a vida de uma pessoa inativa, que se acha sexy demais para arregaçar as mangas e fazer algum trabalho. Podemos ouvir o tilintar das correntes, como fantasmas vagando. As correntes também são a segurança, no modo como Jesus nos prometeu tal Reino Metafísico, o único reino de fato em todo o Universo, fazendo das dinastias mundanas meras cópias de tal divindade imaterial. Estas impiedosas e restritivas correntes remetem à franquia de filmes de terror Hellraiser, com um deus infernal que rasga a carne de espíritos sofredores, os quais não sabem (nem querem saber) amar, no modo como não há espaço para Amor no coração podre de um sociopata, numa pessoa que simplesmente não tem amigos de fato, ao contrário do espírito de bondade e humildade, o qual desencarna para ingressar num mundo onde há somente amigos, numa dimensão absolutamente bloqueada para corações insensíveis. Em contraponto, temos uma bela borboleta dourada – é a Esperança, na luz de um dia novo que nasce, num mundo que se revela em toda sua plácida beleza, num lugar onde, acima de tudo, há Paz. As asas da borboleta são essa liberdade, este livre arbítrio, na metáfora das asas dos anjos, as quais representam o fim da etapa em que o espírito esteve encarnado em sua prisãozinha de carne. A borboleta é a Vida da Primavera brotando com toda sua força e beleza, numa explosão de cor de Vida. A borboleta é a Fé, esta força que passa por tantas privações, no desafio que é não deixar o coração se embrutecer. O cavalheiro aqui veste roupa garbosa, no modo como o desencarnado pode escolher que roupa usar, que cabelo ter, rejuvenescer e ser jovem e vibrante para sempre etc., longe das vicissitudes da Matéria, nas quais temos que abraçar o que nos é colocado nas mãos, no modo como não há vítimas: antes da reencarnação, todos selecionamos as privações pela quais passaremos, como um universitário se matriculando para mais um semestre, selecionando as cadeiras que cursará. O cavalheiro aguarda pacientemente, na Fé de quem sabe que a Matéria é finita, limitada, submetida a um prazo de validade, na ilusão das pedras preciosas, as quais, definitivamente, não são eternas – apenas o Metafísico é eterno. A borboleta é bela e graciosa, dando uma pitada de beleza e leveza a um quadro tão pesado e escuro. Este contraste é a necessária base de comparação, pois quando digo que algo é belo, é porque sei o oposto, que é feio, no modo dialético no qual tudo traz em si sua própria contradição, como duas faces para a mesma moeda, numa prova do senso de humor de Tao, o lógico. O rapaz aqui tem um mínimo esboço de sorriso, muito discreto, sutil, talvez acalentado pela borboleta esperançosa, na vitória da Beleza sobre a Morte, numa festa de volta ao Lar, na oportunidade de abraçarmos aqueles que imaginávamos mortos e enterrados. A frágil borboleta é forte, no discernimento taoista: Quanto mais arrogante, mais fraco. A borboleta é um recomeço, no caixão sendo aberto e invadindo pela luz dourada da Terra da Estrela da Manhã – todos os encarnados têm um anjo da guarda exclusivo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). O balão são os sonhos, no modo como a Vida não é só árduo labor cotidiano, mas a possibilidade da pessoa em ter sonhos, sonhando se tornar uma pessoa sábia, a qual é vista, amada e respeitada pelas pessoas em geral. Neste balão, há a ilusão da Matéria, na qual estamos todos de corpo presente na mesma dimensão, tanto pessoas boas quanto pessoas más, na letra dos Beatles: Todos nós vivemos num submarino amarelo, ou seja, é o palco da Vida em Sociedade, e em tal prisão nos vemos obrigados a nos relacionar com as pessoas, tendo que construir tolerâncias para com as inevitáveis divergências, como no célebre seriado de Chaves, o qual fala, sobretudo, de convivência. O balão inflado, cheio de ar, é uma pessoa cheia de vida, encontrando simplicidade em seus dias na Terra, numa pessoa que passou a rechaçar os sinais auspiciosos da Matéria, não mais se deixando seduzir pelos apelos da Sociedade de Consumo, este mundinho capitalista no qual jamais estamos satisfeitos, pois se o que tenho não julgo ser o suficiente, então nunca terei o suficiente! Aqui, no plano de fundo, vemos uma pessoa brincando com o balão, como na Divina Providência cuidando de nós na Terra, sempre com lições essenciais sendo aprendidas, numa tecelã, tecendo as vidas, fazendo com que uns passem pela vida dos outros, construindo assim amizades e amores fraternais que duram para sempre, na invencibilidade do Amor, esta força que mantém unida a grande família de Tao, na qual somos todos nobres, belos e eternos – há um grande plano divino para conosco, numa vida que vai se revelando após o Desencarne, este glorioso dia de soltura, como no último dia de aula do ano, com as crianças brincando esfuziantemente, encerrando mais uma série de estudos, num recreio, um refúgio, um clube maravilhoso e plácido ao qual todos pertencemos, num lugar onde o teatro das classes sociais se encerra e perece, só havendo castas em relação ao apuro moral de cada espírito – os finos regem os grossos. Na porção bem inferior do quadro vemos uma escadinha de acesso, numa pessoa que quer muito ingressar em tal sociedade, como numa pessoa trabalhando e batalhando para conquistar o respeito de outrem, num caminho cheio de excitantes obstáculos, os quais temos que vencer com elegância olímpica, sempre com vontade, sempre com tesão, no modo como as hierarquias espirituais nunca são impostas por meio da força, ao contrário do eterno talento humano em impor as coisas do modo mais brutal possível, como num rei ambicioso, que cobiça o reino vizinho – existe algo melhor do que morar num lugar onde não há mundanas ambições? A pessoa por trás disso tudo brinca delicadamente, como se não quisesse ferir ninguém, numa forma de governo tão sutil a qual tem, na Terra, um representante, que é o homem de Tao, o cavalheiro que brilha em polidez e sensibilidade, sempre se colocando nos sapatos do outro e entendendo com este se sente, havendo então a definição de Amor, que é entender como o outro se sente. No plano mais à frente no quadro, vemos um balãozinho, num subconjunto, como num submundo, o qual é apenas um pequeno setor do quadro geral, havendo nos submundo essas ilusões delimitadoras, como numa pessoa que, ao contemplar a Monalisa, só consegue enxergar as mãos da Monalisa, perdendo o contato com algo essencial, que é o Senso Comum, esta força soberana de conhecimento, a qual vai absorvendo outras formas de Conhecimento, como o Científico. Neste balãozinho, um homem toca uma corneta, anunciando algo, como nas cornetas anunciando o Apocalipse, no momento crucial do Desencarne – para onde vou: Céu ou Inferno? Este homem ainda segura um lampião, que é a luz do Conhecimento, com doenças sendo tratadas e curadas, como no advento da Radioquimioterapia, tendo hoje curado Evita. Vemos várias cordas tensas aqui, que são a segurança, os pés no chão, na realidade, pois como posso conquistar o Mundo se vivo num mundinho marginal; num subconjunto?

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). A menina aqui parece estar grande demais para a casinha de boneca, como numa criança que vai desenvolvendo a sexualidade e se desinteressando pelos brinquedos, no inevitável advento do Tempo. Aqui é um quadro extremamente feminino, remetendo à capa de um álbum da banda Helmet, do gênero heavy metal, com uma feminina moça colhendo flores em um campo ensolarado, num premeditado contraste, na resposta masculina agressiva à sedução delicada feminina, numa relação de provocação – o Yin provoca, o Yang responde. A mocinha ensaia para uma carreira de dona de casa, nos termos machistas “bela, recatada e do lar”, talvez ensaiando para uma carreira de socialite, vulgo perua ou dondoca, numa anfitriã chic, promovendo elegantes festas pomposas, no doloroso fato de que festas não marcam época; trabalhos marcam época. É como uma mulher que abandonou uma promissora carreira brilhante para se tornar dona de casa e passar o resto da vida sob a sombra de outra pessoa, ou seja, o marido, no machismo religioso que priva a mulher de ter prazer, no modo como a Sociedade cobre o gênero feminino de expectativas puras e castas, no mito de Nossa Senhora, uma mulher que nunca teve prazer sexual, na busca de fazer com que o Ser Humano entenda a Imaculada Conceição sob a qual todos fomos gerados, como Zeus animando um pedaço de barro e criando a Mulher Maravilha. A menina aqui é sexualmente tolhida desde sempre, em contraste aos meninos, cuja sexualidade é encorajada, sendo mal vistos os rapazes femininos; sendo mal vistas as moças de libido. São os eternos e indestrutíveis preconceitos do Patriarcado, na universalidade do cacique neolítico, num machismo que nasceu muito antes do advento da Escrita. Aqui a casa é o refúgio, num lugar gracioso e delicado, como num aconchegante interior de uma casa quentinha no Inverno. A moça não ousa cruzar as pernas, como na icônica cena da vulva de Sharon Stone, fazendo da Arte este instrumento transformador de provocação, de transgressão, e, por que não, de agressão, atingindo em cheio preconceitos tão atemporais, no fato de que o espírito não tem sexo – o sexo é uma condição dos espíritos encarnados e, a sexualidade, também, na enorme força de influência da Matéria sobre o espírito acorrentado e encarnado. A saia da moça também é recatada, e sequer mostra os joelhos, sendo malvistas as mulheres que posam nuas, com exceção da revista Playboy brasileira, num nu de bom gosto, sem expor a mulher a uma agressão – Jesus, o que há de errado com uma mulher nua? As estampas florais aqui são a Vida brotando, como numa araucária fêmea sendo polinizada por uma araucária macho, na dança de sedução da Natureza, no advento implacável da Vida, como salmões nadando obstinadamente contra a correnteza e, ao chegar ao destino, o orgasmo é o ponto final no ciclo, num salmão que morre logo após cumprir sua obrigação biológica de reprodução, como uma viúva negra devorando o próprio parceiro, na impactante cena inicial de Instinto Selvagem, num orgasmo implacável em meio a um brutal assassinato com um picador de gelo. Podemos aqui sentir um doce perfume, feminino, delicado, floral, numa mulher que tem um enorme prazer em se aprumar para a interação social, no caminho da autoestima, pois idade não é pretexto para a pessoa para de se arrumar, como na elegante socialite idosa novaiorquina vivida por Maggie Smith. Aqui é o refúgio do lar, num pai de família que chega em casa no final do dia, cansado, querendo se sentar, tomar um drinque a colocar pantufas nos pés. Esta casinha é a felicidade, numa pessoa que faz escolhas visando sempre a felicidade. É a realização, a felicidade numa escolha, num casamento que, além de conveniência, tem que ter afeto, pois, do contrário, que inferno de casamento! Esta menina é bela como uma boneca, na competitividade das baladas de adolescência, nas quais as meninas querem ser a mais bela de todas.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). É claro que temos aqui uma libertação, uma ânsia por libertação, remetendo-me a uma empregada doméstica que minha família teve, numa empregada que, com pena de um passarinho na gaiola, libertava este! Aqui a vida nasce graciosamente em ramos que vão se envolvendo, tortuosos, no ditado popular de que Ele escreve reto por linhas tortas, no fato de que nunca podemos observar claramente as ações da Divina Providência, esta força metafísica que sempre coloca o espírito acima do corpo, no discernimento de Santo Agostinho entre carne e alma, sendo esta eterna e aquela finita, num dos pilares da Doutrina Espírita, a doutrina do futuro, nas nobres intenções democráticas em igualar todos os cidadãos, independente de sexo, classe social, raça etc. Podemos ouvir aqui o canto alegre dos pássaros, festejando a glória libertadora. A gaiola aberta não mais prende, e, aberta, parece linda, toda feita de ouro, como nos cabelos de Gisele, este monstro global que simplesmente engoliu tudo e todos como um tsumani de talento e instinto, pois não há livro ou faculdade que nos ensine a brilhar, no caminho do autodidata, que aprende por si mesmo. Mais uma vez aqui temos a paixão de Dan Craig por uma tímida lua crescente ou minguante, transitória, como numa pessoa que sabe que o “dia de soltura” chegará, e não demorará séculos. Aqui são como raminhos espirais de vinhedo, na força dos vinhedos em ressuscitar no Verão, na doce vindima, na celebração da vida e do labor, no modo como o Plano Metafísico é assim, uma terna Festa da Uva, com beleza, graça e bondade, mas num mundo que, apesar de tão belo e apolíneo, segue cobrando do indivíduo a questão de se manter produtivo, pois Tao é este criador incessante, sempre ativo, sempre absorvido pelo labor prazeroso. Aqui, flores douradas explodem nesta aurora, nos órgãos sexuais das plantas, nesta libido primaveril, com adolescentes que simplesmente são escravos de seus próprios hormônios. Aqui temos um céu de baunilha, mencionando o filme de Tom Crise Vanilla Sky, numa doce memória, havendo nas crianças este aspecto inocente, de um espírito que há pouco encarnou, fazendo com que a inocência infantil traga um residual da glória metafísica, com desenhos animados que buscam dar à criança o discernimento entre Bem e Mal, apesar de algumas crianças sociopatas se identificarem com os vilões. Aqui é a etapa da floração antes das uvas virem ao vinhedo, como em generosas azaleias anunciando os tempos finais de Inverno, no modo como a Primavera Nórdica pode ser tão gélida, ainda fazendo a transição para o Verão, como disse uma amiga minha que mora hoje na Alemanha. Estes elegantes ramos tortuosos fazem uma caligrafia fina, artistocrática, como no boom estético da Art Nouveau, com seus ramos sedutores pulsando em Vida, como numa hera que vai, aos poucos, despercebida, tomando conta do muro, sempre avançando silenciosamente, sempre subestimada, dando o bote da cobra, conquistando seu espaço. Vemos uma singela e pequenina borboleta, no modo como a diva Mariah Carey passou vários anos de sua carreira trazendo borboletas, este ser que, depois de ser um feio casulo opaco, explode como uma supernova, cheia de Vida e Beleza, na graciosidade feminina, num animalzinho tão silencioso e delicado, vulnerável a gotas de chuva, morrendo ao ter suas asas encharcadas, na melancólica marchinha de Carnaval: “Foi a camélia que caiu do galho, que deu dois suspiros e depois morreu”. Aqui temos uma terra formidável, dando um contentamento tamanho ao ponto da pessoa, que mora ali, não querer estar em qualquer outro lugar, na deliciosa sensação de Paz e pertencimento, num lugar que tem apenas um nome: Lar. Os pássaros são coloridos e carnavalescos, no fascínio de um prisma dividindo a luz branca em luzes coloridas, no fascínio de objetos cristalinos, como a cristalina Galadriel de Tolkien, estranha, bondosa e intimidante, muito diferente de uma fadinha de Disney, no modo como O Senhor dos Anéis é uma história sombria, para adultos.

 

Referência bibliográfica:

 

Dan Craig. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 28 abr. 2021.