quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Stanley é Show (Parte 4 de 4)

 

 

Falo pela última vez sobre o artista inglês Stanley Chow. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A comoção que foi o blockbuster Parque dos Dinossauros, de Spielberg, com filas intermináveis de gente para se deliciar com a película. Aqui é o termo “monstro”, naquele artista que vai mais além de ser estrela, deixando o Mundo perplexo, como na monstruosa Gisele, com seus cabelos naturalmente ondulados sendo imitados, há vários anos, por mulheres ao redor do nosso planeta. Isto remete à épica cena de um massacrante tiranossauro rex desejando devorar uma indefesa família dentro de um veículo, numa cena digna de Oscar de Efeitos Especiais, com todas as “bolas dentro” que Spielberg deu em sua brilhante carreira. Aqui é uma cena selvagem, de dias há muito idos, nos sonhos de Ciência em ressuscitar animais há muito extintos, como na polêmica da clonagem, num ponto em que Ética e Ciência se encontram, com uma certa tensão em pontos de vista, na questão do apuro moral, numa pessoa honesta que, ao encontrar perdida na rua uma carteira cheia de dinheiro, devolve o objeto intocado ao proprietário – não há esperança para uma alma que falta com tal apuro, restando-lhe o Umbral, a dimensão dos que não querem desencarnar, ou seja, a dimensão dos presidiários que não querem sair da prisão – é loucura. O rex é a fome, a ambição saudável, o tesão pela Vida, numa pessoa com tesão, produzindo, encontrando sentido na Vida, a qual, aos olhos do depressivo, parece tão opaca, desinteressante e sem sentido, numa prostração, como um surfista que não vê graça em um mar cheio de ondas, no jargão popular: “Sem tesão não há solução”. Aqui é a fome de consumidor, numa pessoa assediada pelos apelos da Sociedade de Consumo, a qual inventa inutilidades para arrancar dinheiro do cidadão trabalhador. Ao rex aqui é oferecido um doce, um chocolate, uma guloseima, no gostoso pecadinho da Gula, pois no Plano Metafísico há doces deliciosos para serem devorados sem culpa, no trecho da oração: “Rogai por nós pecadores”. O rex tem uma fome titânica, e quer, com todas as suas forças, o item alimentício. O chocolate são as tentações, os apelos, no modo como uma inocente criança é tal vítima desses técnicos de mercado, fabricando capciosamente brinquedos que se tornam a obsessão de um infante, no modo como o personagem Sheldon Cooper, o nerd impagável do famoso seriado The Big Bang Theory, é, por um lado, um gênio de inteligência descomunal; por outro lado, é vítima dos marqueteiros que inventam de tudo, até um jarro de biscoitos com a forma de Batman, na mentira consumista: “Se você não adquirir este produto ou serviço, você vai morrer. Você não quer morrer? Então consuma!”. Ou seja, Sheldon é uma vítima, tal qual uma criança querendo obter todos os brinquedos de um determinado super herói. O rex é a agressividade necessária para a lida, a luta, numa pessoa que passa a observar que a Vida só é dos que não fogem a tal luta. Aqui temos uma explosão de Vida, com vegetais e animais em harmonia num ecossistema vibrante, com herbívoros servindo de alimento aos carnívoros, nos modos da Dimensão Material funcionar, com problemas básicos como o descarte de lixo ou o direcionamento de rede de esgotos, na divertida Fernanda Young numa beira de praia no Rio: “Vamos tomar um banho de esgoto?”. Aqui temos o desejo, a motivação, na maravilhosa Vida Metafísica, na qual temos uma sensação enorme e indescritível de preenchimento existencial, num tesão pelo Labor e pela Vida, num plano que é o Éden para os que não gostam de ficar improdutivos – que desinteressante vida insubstanciosa de indolência! Os dentes afiados são a tenacidade, numa pessoa que escala uma montanha num sonho de conquista e realização, como num grande amigo que tenho, o qual está, com muito trabalho, realizando-se na Vida – parabéns, guerreiro! A aposentadoria é triste, portanto, nunca pare. Aqui temos uma isca, num inocente peixinho fisgado, numa tentação. O dinossauro é como se referir à pessoa no termo aumentativo, como “Carlão” ou “Paulão”, no termo “fera”, numa pessoa que sabe que Beleza não põe à mesa – é o Yang se impondo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui temos uma candura infantil, no modo como o adulto jamais deve se desfazer de um pontinha infantil de si mesmo, evitando se tornar uma pessoa amarga e empedernida, no modo como a vinda de um neto ao Mundo pode “derreter” o coração de um avô ou avó. Aqui remete à foto antiga da banda de pop disco Pet Shop Boys, ou seja, Garotos da Pet Shop, com a dupla de artistas segurando carinhosamente um chiuaua. É este link imortal do Ser Humano com bichinhos de estimação, domesticando e condicionando lobos até estes se tornarem seres dóceis e obedientes, domesticados, adaptados à polidez da Vida em Sociedade, longe do caos natural da cadeia alimentar, caos este necessário para o funcionamento da Terra. Aqui é como brincadeiras de menina, brincadeira sensíveis e delicadas, longe das brincadeiras agressivas dos meninos, ou seja, um menino vê pouca graça no mundo das meninas, até, então adolescente, começar a achar as meninas extremamente interessantes, na explosão hormonal, como ouvi um adolescente na Rua: “Ai, eu quero Sexo!”. O pano de fundo é caloroso, quente, vibrante, num lar acolhedor, em que ao morador se sente tão bem e confortável, muito longe de um ambiente de prisão, no qual o indivíduo condenado tem que suportar uma vida muito, muito longe de um aconchego do Lar, e isto não é infernal? Não é o Umbral esta ausência de Lar? Aqui temos uma empatia, no modo como há décadas se tornaram muito populares as tatuagens do Smiley, que era uma carinha sorridente – são as vogues, as ondas, as modas, as quais estão fadadas a passar, sempre, na canção célebre: “O novo sempre vem”. E não é Tao este mestre das novidades, como num artista que nos deixa perplexos a cada novo lançamento? O grande artista não é um enigma formidável? Arte é um mistério. Aqui os bichos estão absolutamente domados, como um navegador europeu “domando” as terras virgens americanas, habitadas por estágios primitivos do desenvolvimento humano, como tribos brasileiras canibais. Aqui é o lema imortal “O cão é o melhor amigo do Homem”, como na cena inicial de uma das melhores comédias dos anos 1980, que é Um Vagabundo na Alta Roda, com um mendigo que, ao ser abandonado por seu fiel companheirinho, tenta o suicídio. É um trabalho de dedicação, como levar o bicho diariamente para passear e fazer suas necessidades, levando um saco plástico para catar as fezes, num bicho que, por menor que seja, dá trabalho e custos financeiros. Os cães aqui parecem estar alimentados e saciados, entretidos num passeio por um jardim ou mato, cheios de odores interessantes, numa Disney para cães. É como a utilidade de cães farejadores em aeroportos para a detecção de drogas camufladas em bagagens, ou como cães em auxílio em caçadas. Os cãezinhos aqui parecem recém ter saído da petshop, cheirosos, contentes em reencontrar o dono depois do banho, pelo qual o bicho não necessariamente ama passar. É como um cão numa sacada com o dono fora de casa, no bicho uivando, crendo que foi abandonado pelo dono, numa carência, numa dependência, havendo para pobre viralata nada mais do que lixo para comer, com pessoas de boa alma, deixando pela Rua potes com ração para matar a fome dos bichos amargamente abandonados. Neste conjunto há uma hierarquia, como no Monumento Nacional ao Imigrante, em Caxias do Sul, nos eternos preconceitos do Patriarcado, com o Homem eternamente num nível acima da Mulher, havendo em Adão a obraprima de Deus, fazendo de Eva, a fêmea, um mero arremedo, num ser condenado a servir ao Homem, sempre, ou seja, algo que dá verdadeiro pavor às inteligentes feministas. Aqui, o cão da esquerda é mais comportadinho, “organizadinho”, por assim dizer, aprumado, num homem polido; o da direita, mais rebelde, agressivo. Como num homem que age diferentemente se cercado por homens ou mulheres. Aqui temos uma afetuosidade, como duas pessoas casadas que se amam muito, com um aturando os defeitos do outro – é uma pitada imprescindível de Paciência.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A capciosa boca do urso faminto atrai os peixes para a ruína destes, numa isca sedutora, no modo como os ardilosos sociopatas armam tais arapucas, e, infelizmente, sempre há alguém para morder a isca, vítimas que creem que sociopata é algo que só existe em filmes com Anthony Hopkins – cuide-se, cidadão de bem! Os peixes são a alimentação, os insumos, como insumos para um trabalho acadêmico, de faculdade, com excelentes professores exigentes, que acabam marcando a vida do aluno. Este quadro é a força da Vida, do tesão, do caçador que vê tesão em caçar, em ganhar a lida, pois o Mundo não é dos guerreiros, que lutam com vontade de vencer? O Sol aqui é brando, clemente, muito longe de um Sol desértico, como o do Saara, como um regente benevolente, como o formidável Papa Francisco, o qual agrega e não segrega, ao contrário de outras pessoas, cujos nomes não mencionarei. O Sol é a perfeição redonda, no culto egípcio ao Sol, a estrela sem a qual a Terra seria uma esfera de gelo inóspita. O Sol é como Tao, alimentando seus filhos ao redor, na capacidade de certas pessoas em distribuir, em igualar os filhos em torno de uma fogueira numa noite gelada, na deliciosa sensação de pertencimento do Plano Metafísico, o lugar em que nos deparamos com uma carreira espiritual indescritivelmente deliciosa, como um trem perfeitamente nos trilhos, no prazer dos que gostam de trabalhar e construir carreira, até o espírito chegar, depois de um looongo esforço, ao nível de arcanjo, numa espécie de formatura, deixando o Pai cheio de orgulho da evolução e do crescimento do filho. A água aqui é o ecossistema, num ser perfeitamente adaptado, como pinguins suportando o inclemente frio antártico, glorificando a teoria de adaptação de Darwin, pois a Vida, em sua força, sempre encontra um caminho, assim como uma pessoa desbravando seu próprio caminho, como água, sempre encontrando uma frestinha para fluir, como numa pessoa, que começou fazendo qualquer coisa e acabou se encontrando, pois lá existe manual que nos ensine o autoencontro? A pessoa não tem que ser autodidata? Ao fundo vemos pinos cortantes, abrasivos, fálicos, como nas abrasivas pirâmides, testemunhas dos gloriosos dia de império do Egito, num aviso expresso: se você não se meter com o Egito, fica tudo bem para você. Então, impérios ascendem e descendem, na dança das cadeiras do Poder, num Ser Humano absolutamente viciado em obter tal poder, no verso da canção da banda Tears for Fears: “Todos querem mandar no Mundo”. É o Anel de Tolkien, capaz de corromper até o homem mais íntegro, numa espécie de ópio sedutor, traiçoeiro, numa presa que acaba devorando o próprio predador. O urso aqui não faz esforço algum, e tudo o que tem que fazer é abrir a boca, como um nenê sendo alimentado pela mãe, numa vida fácil, talvez numa criança que, ao sair debaixo da asa dos pais, depara-se com a dureza mundana, como num jovem que saiu da casa dos pais para morar sozinho, num “choque térmico”, tendo que fazer coisas antes feitas pela mãe, como colocar e tirar roupa da máquina de lavar – é um “desmame” necessário. O urso aqui é gordo e bem mantido, satisfeito, farto como os tesouros de países ricos, na contradição chinesa, numa China rica cujos cidadãos não são ricos, num estado opressor, fedendo a ecos totalitários soviéticos, no modo como há ditadores disfarçados de presidentes democráticos – preciso citar o nome? Jesus do Céu, como o Ser Humano é mundano. Aqui é um dia estável, de céu limpo, naqueles dias gloriosos de Céu de Brigadeiro, quando olhamos para o Céu limpo, enchemos nossos pulmões de ar e agradecemos a Deus pela saúde e pela oportunidade de contemplar tal dia aberto. O urso aqui se prepara para a hibernação, na sabedoria de fazer um estoque de gordura, na sabedoria da formiguinha, trabalhando para nada lhe faltar depois. Podemos ouvir o som agradável de água fluindo, como risos deliciosos numa plateia, fazendo da Comédia algo tão humano, tão nosso, tão único, pois Tao coloca ironia no que faz, como na dança de sedução entre opostos do Cosmos.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos uma candura, no modo como certos animais podem ser tão adoráveis, no hábito humano em ter pets, animais de estimação, no Ser Humano depositando ímpetos de carinho, fazendo de tal serzinho uma companhia. É um bálsamo para os ouvidos um canto de pássaro, num barulho tão reconfortante, num perfume auditivo, como num saxofonista que ouvi recentemente nas ruas de Gramado, enchendo de perfume sonoro a cidade turística, nesta luta do artista em ser reconhecido e valorizado devidamente, no triste modo como tais artistas de Rua se deparam com tanta indiferença e frieza pelos passantes, como no conto da cigarra, a qual sofreu ao não se preparar par ao Inverno, na vida dura de Showbusiness, com um cantor tendo que estar o tempo todo na estrada, apresentando-se, no Circo, indo de cidade em cidade, no caráter nômade e “cigano” do mambembe. Aqui é na candura das brincadeiras de menininhas com adoráveis bichinhos de estimação, no modo como a criança faz o transferencial, depositando afeto em tal brinquedo, como nas minhas doces memórias de Infância, com meus adoráveis brinquedinhos que não mais pertencem a mim adulto, como no Rosebud de Cidadão Kane, num brinquedo que remete a uma fase da Vida na qual tudo é mais simples, como “surfar” por montes de neve, num Rosebud que, no fim das contas, acaba sendo incinerado, restando apenas memórias de dias felizes. É como na simplicidade das amizades infantis, as quais não têm os interesses das amizades adultas. Podemos ouvir aqui o som do pássaro, na imagem de pássaros tomando banho alegremente em uma fonte ou chafariz, como no canto dos pássaros em uma bela colônia espiritual no bem produzido filme Nosso Lar, contando a história de crescimento de um espírito que, em uma encarnação egoísta e mundana, dá-se conta da necessidade de se adquirir apuro moral, nobreza, discernimento, sabedoria, pois a dureza da Vida vai fazendo de nós pessoas melhores, mais finas e mais depuradas, numa espécie de “sangue azul metafísico”, o único sangue que existe – os sangues azuis mundanos são meras cópias grotescas da divindade de Tao. As linhas aqui são aquosas e deliciosas, prazerosas, num útero quentinho, como numa lareira acesa em um dia úmido e frio do lado de fora, recebendo amigos e tomando um quentão perfumado com cravo e canela – as coisas boas da Vida são simples, como sentar num gramado de parque e conversar com os amigos, numa jovialidade que jamais pode ser perdida, pois todos viveremos jovens para sempre, havendo na Eternidade o poder descabido de Tao, o ente que nos deixa perplexos. O pássaro aqui está num momento plácido e solitário, mas não numa sensação de carência e abandono, mas na necessidade de todos termos alguns momentos de solidão consigo mesmo, e Tao respeita amplamente estes momento de retiro de qualquer pessoa, como num casamento saudável, no qual os cônjuges não estão grudados o tempo todo. O bico do passarinho é um prego de cortante, feito para perfurar a terra e catar minhoquinhas, nos eternos versos de Ticotico no Fubá: “Que vá comer umas minhocas no pomar!”. O pássaro aqui é um espírito feliz, que aceita, numa boa, estar onde está, como se soubesse que a pessoa, antes de mais nada, tem que SER, independente do onde ESTÁ, fazendo, assim, as pazes com o Mundo e com as pessoas. O pássaro aqui está gordo e satisfeito, descobrindo a necessidade da pessoa em desenvolver Disciplina, nessa disciplina que desde tão cedo é imposta à criança, a qual desde sempre recebe regras dos pais e dos professores, dos mais velhos, como na hierarquia espiritual – os mais finos e mais honestos regem os menos, numa hierarquia que nunca é imposta de forma brutal. No exato momento em que redijo esta postagem, ouço canto exótico de uma ave sazonal, a qual não canta o ano todo. O pássaro é a Paz que enche de alegria profunda o coração de uma pessoa que parou de ter Raiva, num líder sábio que não interfere no dia a dia pacato do cidadão.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). O simpático galinho remete à logomarca da Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUCRS, a Famecos, aludindo à rotina do jornalista varando madrugada adentro para se assegurar de que o jornal será impresso direitinho. O galo é esta virilidade, desbravando a escuridão, trazendo a luz, anunciando um novo dia, como na função de um obelisco agressivo e pontudo, com sua pontinha iluminada anunciando uma nova alvorada, nos versos da famosa ária de Ópera: “A Aurora venceu! Venceu! Venceu!”. O galo é essa autoridade, esse poder, no Mundo dos Homens, machista, no qual uma mulher independente não é muito bem vista, no macho tomando conta de seu galinheiro, de suas fêmeas, como numa menina homossexual que conheci, a qual considerava seu “galinheiro” seu grupo de amigas heterossexuais, na capacidade de carisma de certos homens, no machismo de um harém, num mundo em que, definitivamente, não é permitido que uma mulher tenha vários maridos, sendo esta vista como puta, com o perdão do termo chulo. É o harém do faraó, para assegurar que o rei colocasse no Mundo um filho varão que sobrevivesse à grande mortalidade infantil no Egito da época, num império que não podia ser governado por mulheres, até chegar à excepcional Hatshepsut, a mulher que se impôs no Egito e governou como homem, usando até um cavanhaque postiço em aparições públicas, numa personalidade impositiva, na mensagem feminista de que uma mulher pode ser tranquilamente tão boa quanto um homem, no pavor que as feministas têm do termo conservador “bela, recatada e do lar”. Podemos ouvir aqui o canto potente do galo, na passagem bíblica do galo gritando no momento em que Judas traiu Jesus. É um duro despertador, dizendo-nos que é hora de ter disciplina e sair da deliciosa cama de repouso, eliminando assim os impulsos de prazer do Id, saindo dos sedutores braços de Morfeu e encarando uma nova lida. O galo é o tesão de se encarar mais um dia de labor e realização, na cultura workaholic trazida pelo imigrante italiano no Sul do Brasil, num colono absolutamente dedicado ao labor, trabalhando de Sol e Sol, num colono que achava excruciante o dia de Domingo, um dia em que o padre e a religião proibiam o colono de trabalhar, pois até Deus descansou no último dia, não? O rabo do galo tem um aspecto de ventilador, numa forma dinâmica, que parece estar em movimento, nos moinhos de vento enfrentados por Dom Quixote, no modo como, às vezes, a pessoa pode encontrar guerra onde não é necessário haver guerra, como na Guerra das Malvinas, num momento em que Inglaterra e Argentina deveriam ter encontrando um acordo de Paz e Concórdia, pois que família é esta na qual irmão mata irmão? O ventilador é a ventilação de ideias, numa pessoa sem verdades absolutas, no modo dialético como tudo é processo, no processo infinito de depuração, no poder imensurável da Eternidade, a força que é a prova de que nós, os filhos, nunca desvendaremos completamente nosso Pai, pois Tao é como a Arte – um mistério sem fim e, por isso, excitante. O galo aqui é este tesão, esta vontade de sair da cama e se aprontar para o dia, indo divertidamente contra ao fato de que a Preguiça foi a responsável por grandes invenções da Humanidade, como o Telefone e a Roda – caro galo, nada de errado em ter uma preguicinha! Aqui é a Racionalidade, numa pessoa que sabe que já repousou por horas o suficiente na cama, fazendo uma conta de quantas horas se passaram desde a pessoa cair no sono. O galo é este poder, na figura patriarcal do cacique, num Ser Humano que vê tal poder masculino como uma compensação, visto que os homens não podem trazer Vida ao Mundo. O galo é como um professor, impondo disciplina a infantes, os quais ainda sem o juízo adulto. O galo é um diretor de colégio, duro, terrível, quase amedrontador, impondo respeito, como uma senhora que conheci, a qual dirigiu, com punho de ferro, um colégio, com punho digno de Thatcher.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). O unicórnio é este sucesso de popularidade entre menininhas, num ser mítico, que não pode ser encontrado na Natureza. Qual o porquê de tanta adoração? Deve ser porque o corno pontudo é o falo, a precisão cirúrgica, a espada do Pensamento Racional, abreviando frivolidades e indo direto ao ponto. Deste modo, a menininha projeta seu próprio Yang neste ser, num ser que, apesar de tal corno fálico e amedrontador, é dócil, como no fenômeno de popularidade do ator Antônio Fagundes, naquele papai que, apesar de viril, é muito doce com sua própria filha. Aqui é como um topo de arranhacéu, na competição fálica para ver qual país do Mundo é responsável pelo prédio mais alto do planeta, remetendo ao vertiginoso desenvolvimento imobiliário de Balneário Camboriú, com o recente empreendimento de torres gêmeas de oitenta andares cada, numa orla em que, às duas da tarde, já não há luz solar direta na areia! O unicórnio tem beleza e graciosidade, combinando Yin e Yang como nas famosas e populares Meninas Superpoderosas, as quais, apesar de superforça, têm graciosidade feminina, como na figura da Mulher Maravilha, a qual, bela como uma deusa, dá uma surra em qualquer marmanjo mal intencionado. As estrelinhas aqui são o glamour, como num baile de debutante, na menina se despedindo de suas bonecas e entrando na fase de interação social, talvez encontrando para si o tão sonhado príncipe encantado de historias infantis, no modo como a mulher mais madura sabe que tais príncipes indefectíveis não existem e jamais existirão, no caminho da mortificação espiritual, numa pessoa que abraça o Pensamento Racional, sintetizado aqui pelo cortante corno do ser mítico, como na espada de She-Ra, dando independência à Mulher, como na boneca Barbie, a qual deixa a menina livre para a mesma menina ser o que quiser ser na Vida. A crina e o rabo do animal mítico estão garbosos, impecavelmente escovados e tratados, como se tivesse recém saído do Salão de Beleza, neste momento feminino da mulher cuidar de si mesma, no caminho da autoestima, pois a primeira pessoa que devo amar é eu mesmo, na questão da pessoa se sentir bem consigo mesma, sentindo-se sexy, interessante, talvez com um atraente perfume. As pernas aqui são bem delgadas, fininhas, elegantes, no discernimento de uma pessoa minimalista, a qual só faz o que é necessário, numa atitude limpa, minimalista, um tanto preguiçosa e saudável, só tomando ação quando é necessário fazê-lo, na versão feminina do machão, o homem sem frescuras – caminhos diferentes que levam ao mesmo ponto, que é Tao. O unicórnio aqui é doce e domesticado, e é muito fiel, levando a menininha a cavalgar por lindos bosques, até a menina atingir a maturidade sexual e a sonhar em fazer sexo com meninos. O corno pontudo é tal independência, tal pujança de Yang, como no grande mastro pontudo no monumento caxiense aos Irmãos Bertussi, ícones da Música Gauchesca. É como no nome da cidade Pau Grande, com uma claríssima referência fálica, no termo “colocar o pau na mesa”, ou seja, numa personalidade forte e impositiva, como num formidável vizinho que tenho, o qual impõe respeito. A cavalgada com este ser é o coito sexual, nas expectativas da adolescente em ter uma noite inesquecível de Sexo com o rapaz mais bonito da escola, nesta fase da Vida em que os hormônios estão à flor da pele. O corno aqui é a agulha de seringa, numa injeção cientificamente comprovada como eficaz para alguma enfermidade, no modo como algumas moças relatam terem sentido alguma dor durante sua primeira vez sexual, naquela picadinha que exige coragem. O unicórnio é a Liberdade, numa cavalgada mítica, e o corno fálico é a chave que abre as portas para que a princesinha seja libertada do dragão e, assim, viver feliz para sempre com seu príncipe herói, como na Carrie Bradshaw, do sucesso Sex and the City, contando uma história infantil para sua afilhada, dizendo à garotinha no final: “Você sabe que estes finais felizes não são de verdade, não sabe?”. O corno é o orgulho da vitória, num império agressivo, longe da ponderação do diplomata, como numa hesitante Angela Merkel, cuidadosa.

 

Referência bibliográfica:

 

Stanley Chow. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 28 ago. 2021.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Stanley é Show (Parte 3 de 4)

 

 

Falo novamente sobre o artista inglês Stanley Chow. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A paixão das mulheres por sapatos. O sapato é o Yang, o respaldo, a garantia, como num homem de palavra, macho em sua autenticidade, simples em sua honestidade, num homem bom e ético. Na letra de uma canção pop: “Você precisa de uma mão grande e forte para erguer você a um patamar mais alto”. É num homem “negociando” o casamento com uma mulher, no fato de que, além de afeição e carinho, é preciso que haja cabeça, pés no chão, numa proposta consistente, palpável, de dar orgulho ao sogro e à sogra, ganhando a confiança destes, num homem que tem que se revelar centrado no trabalho, sério, digno de ser devidamente acompanhado por uma moça que foi tão bem criada pelos pais, uma moça que merece o melhor, fazendo da mulher não uma cadela, mas uma rainha. É a cena icônica de O Diabo veste Prada, com a assustadora Miranda chegando calçando pelos sapatos de salto alto para mais um dia de labor e “terror” no escritório. É universal a obsessão feminina por Beleza, com mulheres que, apesar de sofrer de dores com tal calçado, aguentam firmes como bons machos, sabendo que toda existência tem dores psíquicas – o que muda é se nos permitimos ou não a sofrer por tais dores inevitáveis. Podemos ouvir aqui o toctoc dos sapatos, como disse uma certa modelo, a qual disse que a modelo, ao entrar triunfante numa passarela, tem estar com o próprio coração nos sapatos, até a menina aprender a levar majestosamente tais calçados tão difíceis de ser “domados”. O sapato é o status numa mulher que se sente poderosa com tais calçados, remetendo-me às peruas – desculpe pelo termo vulgar e coloquial – batendo perna em Gramado de salto alto, dando-me o desejo de lhes dizer: “Salto alto não foi feito para se bater perna. Se for bater perna, calce um tênis ou um sapato de salto baixinho. Depois, ao sair de noite para jantar nos restaurantes maravilhosos da cidade serrana, aí sim coloque salto alto”. O salto aqui é como um pilar, numa mulher que se sente importante e respaldada, protegida por um marido grande e forte, no envolvimento erótico entre defensor e defendido, como num trabalho de guardacostas, ou um Aragorn prometendo proteger o portador do Anel do Poder, num juramento, uma garantia, na garantia de que o Sol sempre renascerá no outro dia, na garantia do Yang, assegurando algo, no modo como um homem sem palavra vai se destruindo socialmente, até acabar ignorado, rejeitado e desprezado, no triste caminho do sociopata, o qual, no Desencarne, só tem um lugar para ir – o Umbral, e, acredite em mim, você não vai gostar de ir para lá, numa situação infernal como estar no mal falado Presídio Central de Porto Alegre. O salto aqui é um príncipe dando garantias à mulher que quer desposar, na figura do Príncipe Encantado, o qual personifica este Yang, esta garantia, numa menininha inexperiente a qual, ainda não sendo mulher madura, grita histérica pelos rapazes das boybands como Backstreet Boys, até a mulher chegar à conclusão de que os príncipes perfeitos não existem, pois a história não conta como foram as coisas depois da Cinderela desposar o seu príncipe. É como numa Grace Kelly, a qual, ao receber uma proposta inegável de casamento, abandonou uma carreira brilhante para se tornar, no frigir dos ovos, uma dona de casa de luxo, nas palavras de uma pessoa cuja inteligência respeito: “Mulher quer mesmo é casar! Se tiver carreira ou filhos, melhor. Se não, está casada”. É o sapatinho da Cinderela sendo legado como uma pista ao príncipe, calçando o pé da menina oprimida e alçando esta ao status de Alteza, deixando rastros de inominável inveja a outras moças. É o fascínio do Feminino, como perfume deixado no ar, num menino que, enquanto criança, rechaçava o Mundo das Mulheres e, ao virar adolescente, acaba considerando este mesmo mundo extremamente sexy. O salto é o momento de interação social, numa festa, num baile, longe das pantufas ou chinelos de dentro de casa. O sapato é a Gata Borralheira que se revela princesa, numa Gisele trabalhadora e batalhadora abocanhando o Mundo inteirinho.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). A gueixa aglutina todos os encantos femininos, como doçura e delicadeza, na origem do desenho animado das Meninas Superpoderosas, quando, num caldeirão de coisas femininas agradáveis – corações, arco-íris, flores etc. – é mesclado com uma gota o componente X, que é a Agressividade, resultando em super heroínas que, apesar de belas, têm superforça, num ícone feminista de libertação, impedindo que a Mulher seja vítima da Sociedade Patriarcal. Aqui, a gueixa e a Natureza formam um continuum, e a Vida se revela com esta força tão feminina e, ao mesmo tempo, delicada. Os galhos da árvore explodem como raios de trovoada, como artérias e veias no corpo, e a Vida pulsa em toda a sua força, no poder implacável da Beleza, brotando de forma irrefreável. A gueixa é este padrão de beleza tão almejado pelas mulheres, formando gerações de mulheres de baixa autoestima, buscando padrões semianoréxicos de beleza, numa sociedade cruel, na qual uma mulher de mais peso não pode se sentir sexy ou atraente, fabricando gerações de mulheres que só se acham belas se simplesmente não tiverem qualquer prazer gastronômico. A gueixa aqui acaba de sair de um salão de beleza, num local que seria para a mulher ter autoestima, mas num tiro que sai pela culatra, em mitos de beleza que acreditam no impossível, que é existir corpos perfeitos. A gueixa aqui se enfeita de flores no cabelo, como na prenda das tradições gaúchas, na mulher que personifica a beleza da Natureza, como flores, esses símbolos de feminilidade e delicadeza. A gueixa é feita para encantar os homens, os quais, em sua masculinidade, sentem-se tão longe desses valores delicados e femininos. O cabelo da gueixa, perfeitamente arrumado, é essa disciplina frente ao espelho, numa mulher que passa muito, muito tempo cuidando de si mesma, com todo um ritual de aprumação, desde a entrada no banho até a aprumação de cabelo e maquiagem, num verdadeiro ritual de beleza. As flores são a libido da Vida, como gatas em cio, loucas para o acasalamento, na estação de reprodução, quando a libido da Vida brota em toda a sua força, como borboletas ensandecidas em meios às flores, polinizando, como salmões que, ao fim da cópula na nascente de rios, morrem cumprindo o seu papel reprodutor sem sentido. Esta gueixa é jovem tal qual a Primavera, na explosão das delicadas flores de sakuras no Japão, e seu cabelo sequer tem um fio de cabelo branco, na capacidade da Natureza em se renovar e rejuvenescer a cada novo fôlego de estação. Seu decote é generoso e provocante, como strippers num palco, protegidas pelos seguranças, para garantir que nenhum homem abusadinho as apalpará impropriamente. É o jogo de sedução entre Dinheiro – o Yang – e a Beleza – o Yin –, evocando um colega de faculdade que tive, o qual disse: “Quem gosta de homem é veado! Mulher gosta mesmo é de dinheiro!”. É como uma Marilyn Monroe escandalosa, obcecada por diamantes, os melhores amigos de uma mulher, como diz a canção. São homens num palco com tesão contido, vendo a stripper tirando a roupa lentamente. Os dedos desta gueixa são delgados, finos, com frágil toque, como na delicadeza de Tao, num homem que jamais recomendará violência, havendo no encanto feminino esta promessa de um mundo melhor, sem todas as vicissitudes violentas do Mundo. Aqui podemos ouvir o som de música japonesa, delicada, minimalista, num povo tão polido e discreto, na bandeira nacional mais simples bela do Mundo, com um sol rubro nascendo em meio a brumas brancas. Esta gueixa não chegou aqui de um momento para o outro, mas passou por um longo processo de preparação e aprumação, como numa mulher de harém se preparando par uma noite de sexo com o faraó, na obrigação de trazer ao Mundo um herdeiro varão. A gueixa nasce triunfante como uma Vênus anunciando um novo dia, como a deusa grega Eos, trazendo o ouro da Aurora, na promessa do renascer em uma dimensão mais bela e pacífica. Aqui é um ato teatral, no qual o palco e a diva são o centro do Universo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). O laço é a virtude da Verdade, pois quem com ele é enlaçado fica forçado a falar apenas a Verdade, sofrendo se mentir. É como um laçador laçando um animal feroz e agitado, no ícone gaúcho da Estátua do Laçador, no modo humano e viril de domar a Natureza, exigindo que o rapazote se faça homem feito. Esta imagem é este poderoso ícone pop da Mulher Maravilha. Criada por um psicólogo, MM tem beleza feminina e superforça viril, dando uma surra em qualquer marmanjo fortão, num ícone feminista de libertação, numa mulher que não se deixa aprisionar pelos preconceitos machistas patriarcais, como no machismo de Hitler, o maior sociopata de todos os tempos, o qual dizia que a vida de uma mulher só pode girar em torno de igreja, cozinha e filhos – Jesus do Céu, o vilão assim PEDE para levar uma surra de MM. A heroína é o princípio americano de Liberdade, libertando os EUA do jugo europeu, como num filho crescidinho, que não mais quer viver sob a asa dos pais. O busto de MM é blindado, à prova de qualquer tiro de canhão ou de qualquer impacto de bomba atômica. MM não é uma mulher humana com sentimentos humanos, mas um ser divino criado por Zeus, numa menininha que, ao nascer e crescer entre as destemidas amazonas da mítica Ilha Paraíso, decidiu ser útil ao Mundo e lutar contra qualquer atentando contra a Liberdade. Gal Gadot está muito bem como a MM dos anos 2020, mas sou muito fã da MM de Lynda Carter, numa MM que, apesar de aparência frágil, é um colosso desmedido, inspirando ser subestimada para, assim, triunfar sobre o cruel mundo machista, inspirando as mulheres à libertação. Esta imagem elegante de Chow me remete a uma memória afetiva, quando eu era bem criancinha e vi, no vidro da janela do quarto de prima, um adesivo de MM, com seu poderoso laço dourado, terrível como raios de tempestade, como numa rainha da Festa da Uva, poderosa em seu papel simbólico, aglutinando beleza com força, na força da mulher imigrante, numa soberana com as mãos sobre a cintura, dona de si, numa mulher que resolveu adquirir o controle sobre da própria vida, não mais ficando abaixo hierarquicamente, como uma certa popstar feminista, a qual é absolutamente dona de si mesma – nem mesmo o Papa manda nela. Aqui temos uma MM delgada e elegante, com corpinho de menininha adolescente, num espírito que, apesar de desencarnar velho, vai, desencarnado, rejuvenescendo aos poucos, até adquirir a aparência que quiser e assim viver por toda a Eternidade, no poder da escolha, da Liberdade, pois não é privilegiado um país no qual a liberdade do cidadão é amplamente respeitada? Não são infelizes os regimes opressores? Não é glorioso o dia de soltura, depois da pessoa cumprir toda uma missão na Terra? Não é insano o suicídio, este interrupção de algo sério? É como largar uma faculdade no meio, como numa cópula sem orgasmo. Aqui, temos a feminilidade do salto alto, num ser livre, desencarnado, com superpoderes, remetendo à doce Infância, a época em que todos queremos ter superpoderes, como na arrebatadora canção recente de Robbie Williams: “Eu amo minha vida! Sou belo, poderoso, mágico e livre! Eu sou eu!”. Não são felizes nossos entes queridos desencarnados? Um futuro glorioso não nos espera após esta travessia cinzenta da Encarnação? A tiara da MM é aristocrática, na beleza das mulheres finas, educadas, elegantes. Um filme da Liga da Justiça, sem MM, é como uma torta de maçã sem canela – perde o it. Seu “biquíni” estrelado é o desejo humano de contemplar as estrelas e perguntar-se dos segredos do Universo, neste planetinha tão ínfimo e maravilhoso como a Terra. É a herança pagã de cultuar deuses e superheróis, espíritos evoluídos, nossos “irmãos mais velhos”, superiores em apuro moral, os quais, apesar de tão superiores, nos amam incondicionalmente, pois que família é esta na qual os membros não se amam nem cuidam uns dos outros? A MM é uma guerreira, com tesão de cumprir tarefas e missões, num surfista com tesão pela onda.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). A maçã é a tentação dos sinais auspiciosos, nas ilusões que são refutadas e desprezadas pelos espíritos mortificados, realistas, imunes aos apelos da Sociedade de Consumo. Aqui é o pomo da discórdia do Éden, num divisor de águas na Humanidade, do antes e depois de alguma tragédia, como no incremento de medidas de seguranças nos aeroportos após o Onze de Setembro. A Branca de Neve aqui é pura e até ingênua, e ficou com pena da mendiga, que nada mais era do que a rainha má disfarçada, uma rainha que aglutina todos os defeitos humanos, como orgulho, vaidade e inveja, no modo como é a falta de Humildade o que tanto flagela o Ser Humano, ao contrário da humildade de um Chico Xavier, o qual teve um desencarne tranquilíssimo, indo diretinho para o Céu. A rainha é a ambição de ser a mais bela do Mundo, nas ambições humanas na dança de cadeiras do Poder, como num Trump, que mostra como é difícil “desencarnar” do Poder; como num FHC, o qual disse sentir muita falta da majestosa piscina da residência presidencial em Brasília, nos doces privilégios do Poder, num ator que, após um Oscar, fica frustrado em não mais ganhar outro Oscar. Desta infame maçã diabólica caem gotas de sangue, no sangue das guerras, esses terríveis eventos que trazem sequelas inapagáveis aos rapazes e homens em combate, sequelas que só podem ser neutralizadas após o Desencarne, o dia glorioso que nos diz que está findada nossa missão na Terra, missão esta adquirida pela vontade própria do indivíduo ainda desencarnado – cada um faz sua própria “faculdade”, e os percalços que enfrento são os que eu mesmo selecionei previamente. Portanto, não se deve reclamar da Vida! O sangue são as gotas de sangue na cabeça de Cristo, na transubstanciação da missa, no momento em que o vinho é o sangue Dele, num jantar simples e maravilhoso, como um bom pão e vinho, na beleza da simplicidade, longe de vidas sobrecarregadas de pretensão e vaidades fúteis – simples é sofisticado; pretensioso é pobre. Branca de Neve aqui está hesitante, tentada frente a um fruto tão belo e aparentemente irresistível, talvez numa inocência de juventude, num jovem que ainda não passou por muitas vicissitudes, no glorioso modo como a idade vai trazendo sabedoria e libertação, nas palavras da diva imortal Fernandona Montenegro: “A idade vai nos libertando”. Nesse veneno malicioso todo, num submundo escuro, fétido e sem sentido, vem o Amor Verdadeiro, do príncipe que ama e respeita Branca, querendo tratá-la muito bem, como uma rainha. E lá dentro deste labirinto, onde a pessoa se sente perdida e solitária, virá uma Lua de Cristal, maravilhosa, no poder de cura do Amor, a única força que perdura por toda a Eternidade, pois a Mentira tem “pernas curtas”, ou seja, não é eterna. Aqui é o esmagador apelo mercadológico das princesas de Disney, encantando menininhas ao redor do Mundo, com talentosos marqueteiros, sempre vendendo produtos para encantar o público infantil, nesta idade em que a menininha não vê sentido nas brincadeiras dos meninos, na inevitável cisão entre o “Clube do Bolinha” e o “Clube da Luluzinha”. A palidez de Branca é sua inocência, sua ausência de malícia, na arrebatadora imagem dos alvos pés de Nossa Senhora esmagando a Serpente da Malícia, no modo como o Mal traz em si a própria ruína, como todos os sociopatas que vamos conhecendo durante a Vida, os quais, ao desencarnarmos, visitaremos no Umbral, estendendo-lhes a mão para os tirarmos de lá – mas como posso ajudar uma pessoa que não tem a humildade para pedir ajuda? Como posso ser feliz se não quero amar meus irmãos? Os anões são a afetividade, no modo de nos dirigirmos às pessoas de forma carinhosa diminutiva, como chamar “Zé” de “Zezinho”. Este conto de fadas tem a intenção de alertar as crianças sobre os perigos do Mundo, sempre na noção de que a Bondade prevalece e que a Carne perece. Aqui é a inocência, como num inocente rapaz que conheci, o qual foi estupidamente assassinado em um assalto, no milagre da ressurreição do desencarnado – a Vida é vitoriosa.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). A Monalisa é uma das maiores provas do mistério que é a Arte, desse algo que nos faz tão humanos – a Arte, algo que “persegue” o ser humano desde a Pré História, como no artesanato de tribos amazônicas. A grande obra de Arte é assim, rendendo inúmeras interpretações, na máxima: “O algo de que pode ser falado não é o algo verdadeiro”, havendo nas interpretações um “pano” que limpa a obra, para esta ser vista da forma mais clara e pura possível. A própria Monalisa foi um objeto de grande estima de da Vinci, o qual não queria ficar longe do quadro, talvez num Édipo renascentista, como um Dalí retratando a própria mãe, no poderoso mito de Nossa Senhora, o Útero Imaculado que nos criou da forma mais pura possível, pois, como diz a grande diva Gaga, “Deus não comete erros”, numa figura pop muito impositiva, cheia de atitude, calando a boca dos miseráveis preconceituosos, pois, não canso de dizer, qualquer preconceito é burro, na imagem dos cachorros latindo enquanto a carruagem segue incólume, voltando a parafrasear a cantora: “Sou linda ao meu próprio modo”. Aqui é uma releitura, pois a Monalisa está de perfil, como uma deusa egípcia, no modo humano de ver divindades nas forças da Natureza, como o deus nórdico do trovão, com um poderoso martelo cheio de atitude, na imposição poderosa de uma grande obra de Arte. A Monalisa é este mistério calmo e estável, e simplesmente não sabemos o que a modelo pensa, num sorriso arrebatador, parecendo que está testando nossa percepção e nossa inteligência. Seus dedos são finos, delgados e aristocráticos, na beleza de mãos de uma mulher bem cuidada, que tem autoestima, na primordial questão psicológica da autoestima – como posso ser amado pelo Mundo se não amo a mim mesmo? É a questão da cautela, na imagem do homem de Tao, que atravessa o rio cuidadosamente, como se soubesse que há perigo abaixo da misteriosa água. A Monalisa é a grande queridinha do Louvre, com multidões diárias de turistas querendo ver a Grande Mãe da Arte, a deusa poderosa cuja influência dificilmente nos deixará, dando inveja a outras raças alienígenas – será que há Arte nessas civilizações alienígenas? Seria a Arte algo exclusivamente humano? Aqui temos uma pitada de Cubismo, com módulos compondo o quadro, mas não com as linhas tensas cubistas, mas curvas sensuais e aquosas, fluindo junto com as montanhas e vales na paisagem atrás, no continuum entre Monalisa e a Natureza, a força de fluidez de um passe espírita, no momento em que sentimos o calor fraternal de alguém que está ali para nos ajudar e nos libertas de maus fluídos, pois que família é esta na qual não nos amamos? Esta Monalisa está alheia ao público e ao espectador, distraída com outra coisa, testando o artista na hora de tal feliz concepção, na lenda de um Aldo Locatelli, o qual fumava um cigarro atrás do outro – além da igreja caxiense de São Pelegrino, que é a obraprima de Aldo, confira um painel deste artista no subsolo do Museu do Ipiranga, SP. O véu sobre a cabeça da modelo é muito, muito fino, esvoaçante, de uma sofisticação sublime, vaporosa, no fascínio de uma mulher elegante e arrumada, como numa Eva Perón, a qual levava mais de meia hora aprumando-se na frente de um espelho, numa espécie de ritual de preparação para o momento da interação social. O nariz da modelo é suave, nas inúmeras mulheres ao redor do Mundo que até hoje fizeram cirurgia plástica no nariz, nessa busca insana por uma perfeição que não existe. As cores aqui são sóbrias e discretas, de marrom sofisticado, como numa médica que conheço, uma pessoa discretíssima, tanto no modo de se vestir como no modo de falar, e não é a discrição o que dá força a um camaleão, o qual vence passando despercebido? A pele da Monalisa aqui é alva como a Lua, como na obraprima de Pedro Américo, da Noite emoldurada pelo véu do luar, no mistério sexy da marca Victoria’s Secret, excitando homens ao redor do Mundo, no fascínio de uma fragrância fina no ar – o Bem é sempre agradável; o Mal, desagradável.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Em meio à dureza de uma selva de pedra, com tantos sonhos despedaçados a cada dia, uma mulher lépida e faceira dança com a delicadeza de uma bailarina de balé. A mulher carrega uma sacola de compras, no modo como compras podem levantar o astral de qualquer menina, na universalidade do Ser Humano, como numa certa indígena ianomâmi, a qual, ao se mudar para o Mundo Civilizado com o marido civilizado, via nas compras uma atividade que lhe dava muito prazer, assemelhando-se à função da mulher na tribo, que é o trabalho de Coleta na mata, deixando aos homens as tarefas que exigem mais agressividade, como Caça e Pesca, no modo universal de homens e mulheres dividirem tarefas, como a mulher que cuida da casa enquanto o marido sai para trabalhar. Aqui é como o bem sucedido seriado Sex and the City, com quatro mulheres femininas e belas enfrentando as vicissitudes deste terreno instável que são os relacionamentos amorosos, na paixão feminina pro sapatos, roupas etc., querendo dar um toque de feminilidade a um mundo tão duro e competitivo como é o Mundo dos Homens. Esta moça segue os fascistas padrões de Beleza, nos quais uma mulher só é considerada bela se for semianoréxica, em padrões que atingem em cheio a autoestima da Mulher, numa sociedade misógina na qual uma mulher não pode ser ver livre de tais “espartilhos”. É um dia ameno de meia estação, e podemos sentir no ar o delicioso perfume que esta moça deixa no ar, como numa gata no cio, enlouquecendo parceiros em tal inebriante aroma de reprodução, como na explosão de Vida na Primavera, com adolescentes ensandecidos, desejando Sexo, na força dos hormônios no jovem, numa Elke Maravilha, a qual disse que, com a velhice, há uma libertação, pois o idoso já não é tão libidinoso como o foi na adolescência. Uma nuvem fina e feminina, com curvas, cruza os céus, como num véu fino e elegante, nos maravilhosos tecido vaporosos metafísicos, roupas as quais fazem com que a mais fina roupa na Terra seja um arremedo desinteressante. Podemos ouvir aqui o barulho do tráfego, nas demandas diárias de uma cidade vibrante. Neste cenário temos uma amostra das cidades metafísicas perfeitas, longe das vicissitudes terrenas, como arranjar o meio de descarte de lixo e de esgoto, ou como resolver o problema dos cocôs de pombos no chão. Aqui é uma cidade onde há depuração moral, ou seja, somos todos uma família perfeita, na qual nos respeitamos mutuamente, como no famoso espírito Patrícia, o qual, ao desencarnar, perguntou: “Onde estou?”, e um espírito amoroso lhe disse: “Entre amigos”. E os amigos não são a maior delícia da Vida? Não sentimos saudades daqueles grandes amigões? Não é maravilhoso o fato de que a Eternidade é tempo para qualquer reencontro? Não é saudável o Amor desapegado, leve, “fresquinho”, por assim dizer? A cabeça da moça aqui é emoldurada por uma aureola, como na retratação de divindades, de mentes iluminadas, cheias e apuro moral, na elucidação de mistérios, como num abajur sendo ligado, na iluminação dos espíritos que não se deixam seduzir por sinais auspiciosos. É como um capacete de astronauta, nas ambições humanas e explorar o Cosmos. Aqui, a urbe funciona perfeitamente, com uma boa prefeitura amorosa, num lugar onde não há ladrões de bustos de bronze em praças públicas, no termo italiano “Tutti buona gente”, ou seja, “Só gente boa”. E não é maravilhoso o lugar onde não há as vulgares ambições mundanas, nessa obsessão humana em obter o sucesso mundano, finito? Ayrton não saiu de cena? Na cena vemos postes iluminados – são a luz própria, numa pessoa que nasceu autodidata, aprendendo Tao por si mesma, na capacidade de certas pessoas em desenvolver atitude, como numa Gisele avassaladora numa passarela – ninguém ensinou Gisele a ser Gisele. Aqui é o fim do dia de labor e produtividade, num lugar maravilhoso, onde não há desemprego, e, realmente, há esperança fora do Trabalho? Não é Tao um trabalhador?

 

Referência bibliográfica:

 

Stanley Chow. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 28 ago. 2021.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Stanley é Show (Parte 2 de 4)

 

 

Volto a falar sobre o artista inglês Stanley Chow. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). O fio é o elo, a força que nos une, na capacidade de um grande líder em unir o país e o Mundo, num líder que jamais recomendará guerra ou violência. Mas o caminho é humano, sempre optando pela ruptura, pela violência, com pessoas adultas que se comportam como crianças, numa eterna briga por territórios, como sempre na História da Humanidade, com um rei que, nunca feliz com o seu próprio território, quer sempre anexar os reinos vizinhos, na loucura ambiciosa, no parâmetro dos Dez Mandamentos: Jamais cobice a “esposa” do outro. A guitarra é a revolução promovida pelo Rock and Roll, numa febre de juventude, em rupturas saudáveis como o Modernismo Brasileiro, numa mente que, mesmo velha, mantém a jovialidade, pois conheço pessoas de terceira idade que têm a cabeça mais arejada do que muita meninada, no infeliz modo como a ignorância do Preconceito é passada de geração para geração, numa perpetuação que chega a desrespeitar até a Ciência. Aqui temos uma formidável e deliciosa simplicidade de traços, como na Arquitetura Modernista, com suas linhas retas, simples, limpas e minimalistas, na sabedoria de uma pessoa “clean”, a qual sabe que menos é mais, como num atitude viril de um homem, atendo-se somente ao que é necessário e indispensável, dispensando a sujeira das frescuras e das inutilidade, as “vacas de presépio”. Podemos ouvir aqui os acordes, como numa passagem de som antes de um concerto, nessa cultura jovial, moderna, simples, com jeans rasgados e desbotados, como se soubéssemos que a Perfeição é utópica, ou seja, devemos abraçar as imperfeições, pois, como eu já disse aqui no blog, nada de errado em errar, como numa grande professora que tive, a qual dizia aos alunos: “Não deixe o fracasso lhe subir à cabeça”, como numa pessoa talentosa qual precisa de persistência, na luta que é provar ter valor frente ao Mundo. O quadro aqui é bicromático, no charme de filmes em preto e branco, fazendo metáfora com os códigos binários, os quais têm apenas preto ou branco, ou seja, zero e um, até um espírito chegar num nível de sofisticação acima de qualquer pessoa na Terra, espíritos os quais, na sua superioridade psíquica e moral, só respondem “sim” ou “não” às perguntas que lhes fazemos. É como nas glamorosas fotos em preto e branco de estrelas hollywoodianas, nesta arte do Cinema o qual se tornou a casa e a cara do Século XX. As cordas aqui esticadas e afinadas são a disciplina, como numa rígida professora de Dança que conheci, a qual sempre primava pela disciplina e pelo bom aproveitamento do tempo de aula, ou como numa rigorosa professora de Filosofia que tive, a qual quase me reprovou, e hoje sou grato a esta mestra, a qual me apresentou Santo Agostinho, um dos pilares da Doutrina Espírita, esta doutrina que busca ver da forma mais pura possível a relação entre Inferno, Terra e Céu. O fio aqui é uma aquosa serpente sensual, como numa dança do ventre, num culto de fertilidade, sensualidade, numa sensação de prazer em estar num útero quentinho e confortável, na experiência dramática de vir ao Mundo frio e desolado, na promessa do retorno ao Grande Lar do Útero Imaculado, ao qual todos, sem exceção, pertencemos, com os incansáveis esforços de padres em púlpitos, sempre nos dizendo que somos irmãos, no modo humano cruel de Caim matando Abel... O instrumento aqui tem uma bela sinuosidade feminina e de formosura, na capacidade de uma top model em “arrasar” numa passarela, encantando o Mundo, remetendo à modelo mais bem sucedia da História, cujo nome, de tão célebre, é desnecessário mencionar! É como na letra divertida banda Mamonas Assassinas: “Mina, seu corpão violão!”. Aqui é a sensação de intimidade entre artista e instrumento, até chegar ao ponto de plena proximidade, no caminho da prática, na incrível técnica dos artistas do Cirque Du Soleil, na magia do Circo de do Showbusiness, um trabalho que, além da remuneração em si, tem o aplauso da plateia, no modo como é difícil não deixar o Ego se apoderar da mente do artista bem sucedido.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Os discos dispostos são a organização, numa vida centrada, girando em torno de algo válido e positivo. Aqui, temos uma organização quase perfeita, no modo como uma casa só pode ter, no máximo, uma limpeza quase perfeita. Alguns discos aqui são rebeldes e transgressores, como dizia o mestre Osho: O rebelde, antes de mais nada, tem que respeitar a tradição. Os discos coloridos aqui são a diversidade, numa alegria de receber amigos em casa, recebendo estes com boa bebida e comida, na alegria que dá no coração em ver um amigão há muito não visto em carne e osso, no modo como as grandes amizades são assim – resistentes à passagem do Tempo. Os discos aqui são como uma mente organizada, lúcida, catalogando os assuntos, organizando os assuntos em sua própria mente, trazendo aqui, novamente, a necessidade de qualquer pessoa em se centrar na Vida, pois que vida é esta na qual vivo ao sabor do vento, nunca tendo o controle de meu próprio “carro”? É na ruptura da criança virando adulta, como no filmão O Império do Sol, no qual um menino americano se perde da família no Japão no início da II Grande Guerra, só reencontrando os pais no fim do conflito, num menino que, com tal dureza, virou homem muito rápido, no absurdo que é um planeta inteiro em guerra, na eterna pequenez humana frente ao Poder, ao maldito Anel do Poder de Tolkien, poderoso ao ponto de corromper boas almas. Os discos aqui são como uma coleção de experiências de Vida, nas experiências que vão moldando a mente da pessoa, como num passaporte cheio de carimbos, numa pessoa que passou por muitas experiências existenciais, tudo em nome do aperfeiçoamento moral, num espírito que, mortificando-se mentalmente, fica altamente resistente às tentações humanas, rejeitando a dança dos poderes mundanos, e não são infelizes os dedos que não querem se desfazer dos anéis? Não entram na Colônia Espiritual apenas os de mente humilde, sem soberba? Airton não sai de cena? Em oposição a esta ordem limpa dos discos, vemos um confuso emaranhado de fios, que são a Loucura, em oposição à Ordem e à Razão, no modo dialético como tudo traz em si mesmo a própria contradição. Darei um exemplo, de inúmeros exemplos: Um certo time de futebol resolveu pintar de cor de rosa o vestiário dos times visitantes, para que este time visitante se sentisse considerado um bando de mulherzinhas ou veadinhos, mas é um tiro que sai pela culatra, pois a leitura de contradição que pode ser feita é a de que quem é cor de rosa como um veadinho é o time anfitrião, recebendo o visitante em tal vestiário feminino. É o senso de humor de Tao, com uma leitura racional e a outra irracional, ou seja, uma que faz sentido e a outra que não faz, num casamento entre os opostos que formam o grande senso de humor da Inteligência Suprema que nos rege. Temos aqui um contraste entre clássico e novo, pois vemos um tocadiscos de vinil, algo impensável para a geração que nasceu nos anos 2000. Ao mesmo tempo, vemos um moderno celular acoplado, neste diálogo entre tecnologias, neste casamento entre antigo e novo, como na famosa pirâmide de vidro do Louvre, no antigo abraçando novos tempos, no modo como todos temos dois olhos – um progressista e outro conservador, ou seja, a rigidez do Patriarcado por conviver em harmonia com os sopros de renovação, desde que, evocando novamente Osho, as pessoas respeitem uma às outras, pois que família é esta na qual irmão mata irmão? Os fios desorganizados aqui são essa saudável loucura, no gesto altamente transgressor do roqueiro quebrando no palco sua própria guitarra, no modo como o Rock tradicional acabou gerando todo um leque de gêneros, como na agressiva atitude do Rock Pesado chegando a roqueiros que têm um pé na Pop Music, numa das provas dialéticas de que tudo é processo, tudo é curso, tudo é transformação, ou seja, tudo é crescimento, o motivo da Vida. Aqui é a revolução trazida pelos altofalantes, na era dos megashows, com até um milhão de espectadores nas areias da orla carioca.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Como todas as grandes invenções da Humanidade, o Controle Remoto nasceu da Preguiça, na preguicinha de se levantar do sofá e trocar de canal ou controlar o volume, no modo como hoje, em 2021, definitivamente, não há televisores sem tal aparelho movido a pilha, ou seja, nada de mal em uma pitadinha de pecado, refutando àquele clima sombrio religioso sobre o Pecado, pois não somos todos feitos de espírito e carne, Santo Agostinho? Aqui é uma família, no modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, e a Eternidade é tempo de resolução para qualquer briga de família, pois tudo acaba bem, sob a luz da Dimensão Metafísica, nosso Lar Eterno e Imaculado. Aqui, o controle é, claro, o aspecto controlador, como certas pessoas que, em falta de Tao em suas mentes, ficam obcecadas em obter controle sobre outrem, como num líder déspota, no cidadão de Matrix, ou seja, um indivíduo que é escravo de um sistema, como na obrigação do rapaz brasileiro em se apresentar para o Exército, num resquício de ditadura, remetendo a um estado controlador, seja fascista ou comunista, gerando a contradição: os militares em golpe de estado garantiram que o tenebroso estado controlador comunista não abateria o Brasil e, ao mesmo tempo, esses mesmos militares geraram um estado controlador tal qual um sonho marxista, ou sejam, os opostos se assemelham. Aqui, o Controle Remoto é um cenário de libertação, num país em que o rapaz só se apresenta ao Exército se assim desejar. O aparelho aqui é o protagonista, tal qual o supremo disco solar Áton iluminando os sonhos religiosos de Aquenáton, o faraó louco e herege. Aqui é o endeusamento dos produtos da Sociedade de Consumo, criando bens que vendem a ilusão de que a Dimensão Material pode ser perfeita e livre de vicissitudes, na mentira consumista que quer empurrar bens e serviços para dentro da mente das pessoas, fazendo do indivíduo um escravo de tal cultura de Mercado, como numa China – na teoria, consumista; na prática, capitalista. Aqui até temos um cenário de concorrência para ver quem adquire o aparelho, num lar onde há o compartilhamento, este aspecto delicioso da Vida que reside no ato de compartilhar as coisas – de que adianta eu ter se não posso compartilhar com minha família e amigos? Aqui é um cenário futurista, como em Os Jetsons, num cenário tecnocrata em que as maravilhas evolutivas da Ciência reinam num mundo de sonho, sem as amargas vicissitudes terrenas. A família é a raiz e a proveniência, como num menor abandonado, num processo de identidade, no modo como o espírito desencarna e se depara com uma acalentadora sensação de pertencimento, de lar, no mito da Nossa Senhora acolhendo cada um de seus filhos, como na Virgem Maria acolhendo no Céu o Negrinho do Pastoreio, a lenda gaúcha do menininho negro que foi cruelmente punido por seu patrão, o qual amarrou o negrinho num feroz formigueiro, deixando a criança morrer lenta e dolorosamente, num retrato exato da crueldade humana, como queimar uma pessoa viva na fogueira, no modo como o Amor é tão subestimado. No topo do quadro, um singelo coração, que é, claro, o Amor, num lar de compreensão, dentro do qual a pessoa angaria as forças para encarar os preconceitos do Mundo lá fora. É como um crucifixo no topo do lado inferior da porta de entrada de uma casa, protegendo esta, no talento de patriarcas e matriarcas em manter o clã coeso e unido, como numa mágica noite de Natal, numa mesa farta, cheia de tesouros gastronômicos. Aqui, os membros da família estão elegantes e arrumados, talvez num casamento de alguém da família, no mágico momento de interação social elegante, imitando o garbo dos salões metafísicos, nos quais reinam a gentileza e a polidez, pois que festa é esta na qual as pessoas agridem umas às outras? Isso não é festa; isso não é Tao. Aqui, o Controle Remoto é como um novo superstar sendo revelado ao Mundo, na explosão de uma Lady Gaga, acalentando os fãs, dizendo que somos todos superestrelas, belos, no caminho da autoestima – eu nasci desse jeito.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui é como a montagem de um grande espetáculo, como num Rock in Rio ou um Planeta Atlântida, atraindo multidões enlouquecidas para ver seus ídolos no palco. É como na montagem de grandes shows internacionais, a qual pode durar dias, tal qual o circo que vai de cidade em cidade, como na ruptura de uma Dercy Gonçalves, a qual ainda muito jovem fugiu de casa para aderir à trupe de um circo, numa Dercy dizendo: “Eu sou mambembe”. Então, a magia e a beleza do circo são transitórias, pois o circo levanta a lona e vai embora, com a Vida voltando a toda a sua seriedade cinzenta. Aqui é um grande trabalho, um grande empreendimento, tudo feito para encantar, na vocação de uma cidade como Gramado, cidade empenhada e encher os sentidos do turista. Aqui o arcoíris é montado, querendo, pelo menos por algum momento, trazer cor e alegria à vida de uma pessoa, na missão do Entretenimento, que é inspirar as pessoas, o espectador. Cada cor aqui representa um determinado tipo de pessoa, de tribo, numa convivência harmônica, como numa família na qual as diferenças são respeitadas, como no televisivo infantil Teletubbies, com um personagem de cada cor e personalidade, talvez buscando abranger todos os tipos de identificação, trazendo a criança para o mágico Mundo da Televisão, esta babá eletrônica que constrói memórias afetivas, no modo como minha geração cresceu assistindo ao matutino Balão Mágico, com seus álbuns musicais e desenhos animados, numa época em que a Vida é mais simples. O arcoíris aqui é a promessa, a bonança, a fé de que a tempestade findará, trazendo as cores diversificadas de um novo dia de muita luz e alegria, num lugar em que há respeito e amizade, carinho fraternal, pois que família é esta na qual todos se odeiam? Aqui, os fragmentos do megapalco são trazidos das mais diversas formas, desde carro até helicópteros, num trabalho paciente de formiguinha, no fato de que Roma não foi construída num dia só. Aqui é um trabalho paciente e persistente, com calma, na paciência para montar tudo e, depois, deparar-se com o duro processo de desmontagem, colocando tudo em aviões fretados para a turnê ir para outros cantos do Mundo – é uma trabalheira danada, mas, como me disse um amigo baterista, apesar da trabalheira de montar e desmontar o aparato de bateria, tudo vale a pena, no modo como liso e áspero, ou seja, fácil e difícil, são parte do mesmo trabalho, pois, como diz Caetano, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Aqui é uma vida feliz no trabalho, num lugar com uma energia de labor, como disse a comunicadora portoalegrense Tânia Carvalho sobre Caxias do Sul: “Que cidade com uma energia de Trabalho!”. Aqui, é uma alma de artista, querendo fazer que as pessoas sejam felizes, pelo menos por alguns instantes, na magia de um momento de celebração, numa festa olímpica que une os povos da Terra, num momento em que o Ser Humano busca se assemelhar ao máximo à agregação inabalável metafísica, no poder da Paz em uma vizinhança amorosa, respeitosa – como é bom ter amigos! Que tesouros estes são! Aqui o dia é branco, num sonho de Jardim de Infância, diferente de um dia sisudo e cinzento. O branco é a clareza, a resolução, no mistério da Fé sendo desvendado, recompensando os que, na Terra, não abriram mão da Fé, pois esta não está sob a alçada da Ciência, pois nada de humano pode se igualar a Tao, o inimitável. Aqui é um dia de alta produtividade, num dia que valeu a pena ser vivido, um dia proveitoso, no termo latino Carpe Diem, ou seja, aproveite o dia. Podemos ouvir aqui o som do labor, de engenhos e ferramentas, na fábrica hollywoodiana de ilusões, querendo fazer com que nos aproximemos da glória dos espíritos moralmente superiores, esses arcanjos impecáveis, humildes, que recebem as ordens diretamente de Tao, o patriarca matriarca.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). O palhaço é a ludicidade, a diversão, a graça, numa memória de aniversário de criança, no divertido fato de que há pessoas que têm medo de palhaços, numa fobia. O palhaço é esta grande inclinação do Ser Humano para com o humor, a brincadeira e a piada, no modo como o próprio Tao é assim, divertido e irônico, como num anjo no filme Dogma dizendo: “Deus é engraçado; extremamente bem humorado!”. O palhaço é o apelo infantil da cadeia global Mc Donald’s, com o icônico palhaço Ronald, para a simplicidade da criança, a qual não tem todas as exigências dos adultos, como num Jamie Oliver rechaçando sanduíches de carne reconstituída. O balão são os sonhos, uma meta, algo almejado, como numa Madonna dizendo em entrevista que não achava que ela própria chegaria tão longe. E os sonhos são assim, frágeis, sensíveis e qualquer alfinetezinho, com tantos e tantos sonhos sendo frustrados todos os dias no Mundo, no clássico do Jazz Boulevard dos Sonhos Despedaçados, num momento desnorteante, pois, na frustração, a pessoa fica sem noção e não sabe para onde ir ou olhar, como num alpinista que se prostra perante uma montanha, nos terríveis sintomas de Depressão, numa pessoa que simplesmente perde o tesão pela Vida, tornando-se um pobre arremedo de si mesma. O caubói xerife é a Lei, a disciplina, no respeito às normas, como num treinador de time, tendo que ser respeitado, ou num inflexível e rigoroso juiz de Futebol, na frase: “Deus não joga, mas fiscaliza”. O xerife é a esperança do Corpo Social, querendo livrar o Mundo da falta de apuro moral dos bandidos, esses pobres diabos sofredores que, ao Desencarne, não tem outro lugar a ir se não o Umbral, a dimensão onde não temos noção de nós mesmos, com espíritos arrogantes, que não querem receber auxílio ou ajuda, como um mendigo que conheço, o qual simplesmente rechaça qualquer pessoa nobre que queira ajudá-lo. O xerife é a esperança da regra, da norma, nas noções morais norteadoras dos Dez Mandamentos, até chegar ao ponto em que a pessoa não mais se identifica com o mundanismo, com as ambições vulgares humanas, diferente de um esfomeado Napoleão Bonaparte, sempre querendo mais e mais, ou de um Hitler, almejando destruir o Mundo inteirinho, num sonho diabólico do Onze de Setembro, a amostra de até onde o Ódio humano pode chegar, na alcunha do vilão Esqueleto: “O senhor malévolo da destruição”, nas sábias palavras deste grande homem, Obama: “Você será lembrado pelo que construiu; não pelo que destruiu”. O diabo aqui tem um charme aristocrático, nos deliciosos pecadinhos capitais, pois que vida é esta na qual não aceito minha própria natureza humana? Que mal há na masturbação? Que mal há numa bela fatia de torta doce? O diabo aqui é de uma cor de calabresa forte, num bom tempero para sacudir uma receita, como uma feiticeira que conheci certa vez, uma bela mulher de vermelho, vibrante, bela, na eterna beleza de uma hera verdejante. Linda. Provocante. Segura de si. Vemos aqui dois robozinhos, que são o pensamento racional, matemático, no modo como a Mente abrevia etapas e vai direto ao ponto, como num cirurgião perspicaz e focado, ou como uma gentil psicoterapeuta que conheço, uma psicóloga capaz de fazer diagnósticos de uma precisão aguda. Os robozinhos aqui são macho e fêmea, ou seja, Yang e Yin, na beleza de um casal que se ama, que se cuida mutuamente, no jogo de sedução entre os opostos do Universo, com Tao se bipartindo e gerando Eles e Elas, no ritual social de fazer banheiros públicos separados, ou nos costumes de um colégio de padres para moços e de um colégio de freiras para moças, como na divisão egípcia entre Vale dos Reis e Vale das Rainhas, numa organização que busca sanar o Caos da existência humana. Aqui, esses bonequinhos são simpáticos e adoráveis, infantis, como desenho animado, nesta doce fase da Vida em que sonhamos ser super heróis. Aqui temos uma diversidade entre membros da mesma família, com cada agente tendo seu papel no Corpo Social, no modo como cada pessoa tem que descobrir seu próprio espaço no Mundo, num caminho autodidata.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Claro que temos aqui uma neo Nefertiti, uma das figuras mais emblemáticas do Antigo Egito, fazendo do famoso busto de Nefertiti um dos dez maiores artefatos dentre todos os milhões de artefatos produzidos durante os milênios da Era dos Faraós. Nefertiti é um ícone de Beleza e Feminilidade, uma verdadeira bisavó das bonecas Barbie. Seu pescoço é fino e firme, mostrando que grosso é fraco e que fino é forte. Seu pescoço é firme como os fundamentos da Terra, numa pedra capaz de suportar tudo e todos, como num Atlas sustentando o Mundo. Aqui temos uma imposição, numa figura que exige respeito, numa figura digna de adoração, quase assustando com sua austeridade e dignidade, na mulher mais importante dentre todas as centenas de mulheres do harém do faraó, numa Nefertiti causando inveja ao ser retratada publicamente ao lado do rei, numa mulher que quer simplesmente o melhor. Aqui temos um total equilíbrio, num busto que se sustenta, num artefato que, apesar de ser uma peça barata de gesso, tem um poder simbólico esmagador e inesquecível, grande ao ponto de ser um pomo de discórdia entre Egito e Alemanha, com os egípcios querendo trazer a rainha de volta para casa e com os alemães não querendo que ela deixe sua casa atual, que é o Museu de Berlim, com legiões de visitantes que vão ver Nefertiti, a Monalisa do museu germânico. Aqui é uma imposição hierárquica, mostrando quem é que pode mandar, e, se tivermos juízo, obedeceremos piamente, nunca questionando o poder egípcio baseado no sangue divino, havendo no faraó simplesmente um descendente dos deuses, num rei que não quer “sujar” o próprio sangue ao se casar com uma plebeia, no perturbador modo como havia incesto no Antigo Egito, acarretando em enfermidades geneticamente transmitidas. Esta neo Nefertiti tem uma beleza afro, cheia de orgulho, na humilhação de negros arrancados da África para um labor imposto, na loucura que é irmão escravizando irmão, tudo em nome das ambições humanas, num rei obcecado em anexar os reinos vizinhos, no desrespeito para com o que é do outro, ou seja, desrespeitando a autoridade da pessoa sobre si mesma, pois aqui temos uma Nefertiti cheia de autoridade sobre si mesma, e ela realmente não vai gostar se quisermos nos apoderar dela, na máxima: “Ninguém manda em mim”. Esta Nefertiti manda em si mesma, autossuficiente, como uma cidade estado autossuficiente, ou fazendo metáfora com a soberania de uma nação, numa Inglaterra de reviravoltas de Elizabeth I, partindo de um país pobre e exaurido ao país mais rico e poderoso da Europa. Esta Nefertiti quer ganhar a confiança do povo, fazendo com que este se sinta orgulhoso e seguro, não temendo investidas militares de reinos vizinhos. Aqui temos uma extrema disciplina, pois o penteado da mulher ícone é impecável, sem qualquer fio de cabelo fora do lugar, numa aprumação, como numa Evita, a qual, reza a lenda, demorava mais de meia hora frente a um espelho para se arrumar, conquistando a confiança do povo mediante tal aparência irrepreensível, no modo como, na vida pública, a aparência do líder é fundamental. Aqui é a terrível Miranda de O Diabo veste Prada, numa figura amedrontadora, forçando o subalterno a ser o mais competente possível, passível de dura punição mediante incompetência. Aqui temos uma perfeita e clássica simetria, no padrão egípcio de beleza equilibrada. Os brincos de esferas são como ovos sendo colocados, numa rainha que se tornou uma extensão do próprio território do reino. Aqui, não temos o mínimo esboço de sorriso, contrastando com a Nefertiti original, a qual sorri discretamente, talvez querendo conquistar a simpatia do plebeu, como numa Elizabeth II, a qual, desde muito jovem, aprendeu que deve sempre sorrir em público. Aqui temos uma figura exigente, como num bom professor, fazendo com que o aluno mostre o melhor de si, com professores aos quais acabamos respeitando. Esta Nefertiti quer respeito – comporte-se perante ela.

 

Referência bibliográfica:

 

Stanley Chow. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 28 ago. 2021.