Falo pela última vez sobre o artista inglês Stanley Chow. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A comoção que foi o blockbuster Parque dos Dinossauros, de Spielberg, com filas intermináveis de gente para se deliciar com a película. Aqui é o termo “monstro”, naquele artista que vai mais além de ser estrela, deixando o Mundo perplexo, como na monstruosa Gisele, com seus cabelos naturalmente ondulados sendo imitados, há vários anos, por mulheres ao redor do nosso planeta. Isto remete à épica cena de um massacrante tiranossauro rex desejando devorar uma indefesa família dentro de um veículo, numa cena digna de Oscar de Efeitos Especiais, com todas as “bolas dentro” que Spielberg deu em sua brilhante carreira. Aqui é uma cena selvagem, de dias há muito idos, nos sonhos de Ciência em ressuscitar animais há muito extintos, como na polêmica da clonagem, num ponto em que Ética e Ciência se encontram, com uma certa tensão em pontos de vista, na questão do apuro moral, numa pessoa honesta que, ao encontrar perdida na rua uma carteira cheia de dinheiro, devolve o objeto intocado ao proprietário – não há esperança para uma alma que falta com tal apuro, restando-lhe o Umbral, a dimensão dos que não querem desencarnar, ou seja, a dimensão dos presidiários que não querem sair da prisão – é loucura. O rex é a fome, a ambição saudável, o tesão pela Vida, numa pessoa com tesão, produzindo, encontrando sentido na Vida, a qual, aos olhos do depressivo, parece tão opaca, desinteressante e sem sentido, numa prostração, como um surfista que não vê graça em um mar cheio de ondas, no jargão popular: “Sem tesão não há solução”. Aqui é a fome de consumidor, numa pessoa assediada pelos apelos da Sociedade de Consumo, a qual inventa inutilidades para arrancar dinheiro do cidadão trabalhador. Ao rex aqui é oferecido um doce, um chocolate, uma guloseima, no gostoso pecadinho da Gula, pois no Plano Metafísico há doces deliciosos para serem devorados sem culpa, no trecho da oração: “Rogai por nós pecadores”. O rex tem uma fome titânica, e quer, com todas as suas forças, o item alimentício. O chocolate são as tentações, os apelos, no modo como uma inocente criança é tal vítima desses técnicos de mercado, fabricando capciosamente brinquedos que se tornam a obsessão de um infante, no modo como o personagem Sheldon Cooper, o nerd impagável do famoso seriado The Big Bang Theory, é, por um lado, um gênio de inteligência descomunal; por outro lado, é vítima dos marqueteiros que inventam de tudo, até um jarro de biscoitos com a forma de Batman, na mentira consumista: “Se você não adquirir este produto ou serviço, você vai morrer. Você não quer morrer? Então consuma!”. Ou seja, Sheldon é uma vítima, tal qual uma criança querendo obter todos os brinquedos de um determinado super herói. O rex é a agressividade necessária para a lida, a luta, numa pessoa que passa a observar que a Vida só é dos que não fogem a tal luta. Aqui temos uma explosão de Vida, com vegetais e animais em harmonia num ecossistema vibrante, com herbívoros servindo de alimento aos carnívoros, nos modos da Dimensão Material funcionar, com problemas básicos como o descarte de lixo ou o direcionamento de rede de esgotos, na divertida Fernanda Young numa beira de praia no Rio: “Vamos tomar um banho de esgoto?”. Aqui temos o desejo, a motivação, na maravilhosa Vida Metafísica, na qual temos uma sensação enorme e indescritível de preenchimento existencial, num tesão pelo Labor e pela Vida, num plano que é o Éden para os que não gostam de ficar improdutivos – que desinteressante vida insubstanciosa de indolência! Os dentes afiados são a tenacidade, numa pessoa que escala uma montanha num sonho de conquista e realização, como num grande amigo que tenho, o qual está, com muito trabalho, realizando-se na Vida – parabéns, guerreiro! A aposentadoria é triste, portanto, nunca pare. Aqui temos uma isca, num inocente peixinho fisgado, numa tentação. O dinossauro é como se referir à pessoa no termo aumentativo, como “Carlão” ou “Paulão”, no termo “fera”, numa pessoa que sabe que Beleza não põe à mesa – é o Yang se impondo.
Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui temos uma candura infantil, no modo como o adulto jamais deve se desfazer de um pontinha infantil de si mesmo, evitando se tornar uma pessoa amarga e empedernida, no modo como a vinda de um neto ao Mundo pode “derreter” o coração de um avô ou avó. Aqui remete à foto antiga da banda de pop disco Pet Shop Boys, ou seja, Garotos da Pet Shop, com a dupla de artistas segurando carinhosamente um chiuaua. É este link imortal do Ser Humano com bichinhos de estimação, domesticando e condicionando lobos até estes se tornarem seres dóceis e obedientes, domesticados, adaptados à polidez da Vida em Sociedade, longe do caos natural da cadeia alimentar, caos este necessário para o funcionamento da Terra. Aqui é como brincadeiras de menina, brincadeira sensíveis e delicadas, longe das brincadeiras agressivas dos meninos, ou seja, um menino vê pouca graça no mundo das meninas, até, então adolescente, começar a achar as meninas extremamente interessantes, na explosão hormonal, como ouvi um adolescente na Rua: “Ai, eu quero Sexo!”. O pano de fundo é caloroso, quente, vibrante, num lar acolhedor, em que ao morador se sente tão bem e confortável, muito longe de um ambiente de prisão, no qual o indivíduo condenado tem que suportar uma vida muito, muito longe de um aconchego do Lar, e isto não é infernal? Não é o Umbral esta ausência de Lar? Aqui temos uma empatia, no modo como há décadas se tornaram muito populares as tatuagens do Smiley, que era uma carinha sorridente – são as vogues, as ondas, as modas, as quais estão fadadas a passar, sempre, na canção célebre: “O novo sempre vem”. E não é Tao este mestre das novidades, como num artista que nos deixa perplexos a cada novo lançamento? O grande artista não é um enigma formidável? Arte é um mistério. Aqui os bichos estão absolutamente domados, como um navegador europeu “domando” as terras virgens americanas, habitadas por estágios primitivos do desenvolvimento humano, como tribos brasileiras canibais. Aqui é o lema imortal “O cão é o melhor amigo do Homem”, como na cena inicial de uma das melhores comédias dos anos 1980, que é Um Vagabundo na Alta Roda, com um mendigo que, ao ser abandonado por seu fiel companheirinho, tenta o suicídio. É um trabalho de dedicação, como levar o bicho diariamente para passear e fazer suas necessidades, levando um saco plástico para catar as fezes, num bicho que, por menor que seja, dá trabalho e custos financeiros. Os cães aqui parecem estar alimentados e saciados, entretidos num passeio por um jardim ou mato, cheios de odores interessantes, numa Disney para cães. É como a utilidade de cães farejadores em aeroportos para a detecção de drogas camufladas em bagagens, ou como cães em auxílio em caçadas. Os cãezinhos aqui parecem recém ter saído da petshop, cheirosos, contentes em reencontrar o dono depois do banho, pelo qual o bicho não necessariamente ama passar. É como um cão numa sacada com o dono fora de casa, no bicho uivando, crendo que foi abandonado pelo dono, numa carência, numa dependência, havendo para pobre viralata nada mais do que lixo para comer, com pessoas de boa alma, deixando pela Rua potes com ração para matar a fome dos bichos amargamente abandonados. Neste conjunto há uma hierarquia, como no Monumento Nacional ao Imigrante, em Caxias do Sul, nos eternos preconceitos do Patriarcado, com o Homem eternamente num nível acima da Mulher, havendo em Adão a obraprima de Deus, fazendo de Eva, a fêmea, um mero arremedo, num ser condenado a servir ao Homem, sempre, ou seja, algo que dá verdadeiro pavor às inteligentes feministas. Aqui, o cão da esquerda é mais comportadinho, “organizadinho”, por assim dizer, aprumado, num homem polido; o da direita, mais rebelde, agressivo. Como num homem que age diferentemente se cercado por homens ou mulheres. Aqui temos uma afetuosidade, como duas pessoas casadas que se amam muito, com um aturando os defeitos do outro – é uma pitada imprescindível de Paciência.
Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A capciosa boca do urso faminto atrai os peixes para a ruína destes, numa isca sedutora, no modo como os ardilosos sociopatas armam tais arapucas, e, infelizmente, sempre há alguém para morder a isca, vítimas que creem que sociopata é algo que só existe em filmes com Anthony Hopkins – cuide-se, cidadão de bem! Os peixes são a alimentação, os insumos, como insumos para um trabalho acadêmico, de faculdade, com excelentes professores exigentes, que acabam marcando a vida do aluno. Este quadro é a força da Vida, do tesão, do caçador que vê tesão em caçar, em ganhar a lida, pois o Mundo não é dos guerreiros, que lutam com vontade de vencer? O Sol aqui é brando, clemente, muito longe de um Sol desértico, como o do Saara, como um regente benevolente, como o formidável Papa Francisco, o qual agrega e não segrega, ao contrário de outras pessoas, cujos nomes não mencionarei. O Sol é a perfeição redonda, no culto egípcio ao Sol, a estrela sem a qual a Terra seria uma esfera de gelo inóspita. O Sol é como Tao, alimentando seus filhos ao redor, na capacidade de certas pessoas em distribuir, em igualar os filhos em torno de uma fogueira numa noite gelada, na deliciosa sensação de pertencimento do Plano Metafísico, o lugar em que nos deparamos com uma carreira espiritual indescritivelmente deliciosa, como um trem perfeitamente nos trilhos, no prazer dos que gostam de trabalhar e construir carreira, até o espírito chegar, depois de um looongo esforço, ao nível de arcanjo, numa espécie de formatura, deixando o Pai cheio de orgulho da evolução e do crescimento do filho. A água aqui é o ecossistema, num ser perfeitamente adaptado, como pinguins suportando o inclemente frio antártico, glorificando a teoria de adaptação de Darwin, pois a Vida, em sua força, sempre encontra um caminho, assim como uma pessoa desbravando seu próprio caminho, como água, sempre encontrando uma frestinha para fluir, como numa pessoa, que começou fazendo qualquer coisa e acabou se encontrando, pois lá existe manual que nos ensine o autoencontro? A pessoa não tem que ser autodidata? Ao fundo vemos pinos cortantes, abrasivos, fálicos, como nas abrasivas pirâmides, testemunhas dos gloriosos dia de império do Egito, num aviso expresso: se você não se meter com o Egito, fica tudo bem para você. Então, impérios ascendem e descendem, na dança das cadeiras do Poder, num Ser Humano absolutamente viciado em obter tal poder, no verso da canção da banda Tears for Fears: “Todos querem mandar no Mundo”. É o Anel de Tolkien, capaz de corromper até o homem mais íntegro, numa espécie de ópio sedutor, traiçoeiro, numa presa que acaba devorando o próprio predador. O urso aqui não faz esforço algum, e tudo o que tem que fazer é abrir a boca, como um nenê sendo alimentado pela mãe, numa vida fácil, talvez numa criança que, ao sair debaixo da asa dos pais, depara-se com a dureza mundana, como num jovem que saiu da casa dos pais para morar sozinho, num “choque térmico”, tendo que fazer coisas antes feitas pela mãe, como colocar e tirar roupa da máquina de lavar – é um “desmame” necessário. O urso aqui é gordo e bem mantido, satisfeito, farto como os tesouros de países ricos, na contradição chinesa, numa China rica cujos cidadãos não são ricos, num estado opressor, fedendo a ecos totalitários soviéticos, no modo como há ditadores disfarçados de presidentes democráticos – preciso citar o nome? Jesus do Céu, como o Ser Humano é mundano. Aqui é um dia estável, de céu limpo, naqueles dias gloriosos de Céu de Brigadeiro, quando olhamos para o Céu limpo, enchemos nossos pulmões de ar e agradecemos a Deus pela saúde e pela oportunidade de contemplar tal dia aberto. O urso aqui se prepara para a hibernação, na sabedoria de fazer um estoque de gordura, na sabedoria da formiguinha, trabalhando para nada lhe faltar depois. Podemos ouvir o som agradável de água fluindo, como risos deliciosos numa plateia, fazendo da Comédia algo tão humano, tão nosso, tão único, pois Tao coloca ironia no que faz, como na dança de sedução entre opostos do Cosmos.
Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos uma candura, no modo como certos animais podem ser tão adoráveis, no hábito humano em ter pets, animais de estimação, no Ser Humano depositando ímpetos de carinho, fazendo de tal serzinho uma companhia. É um bálsamo para os ouvidos um canto de pássaro, num barulho tão reconfortante, num perfume auditivo, como num saxofonista que ouvi recentemente nas ruas de Gramado, enchendo de perfume sonoro a cidade turística, nesta luta do artista em ser reconhecido e valorizado devidamente, no triste modo como tais artistas de Rua se deparam com tanta indiferença e frieza pelos passantes, como no conto da cigarra, a qual sofreu ao não se preparar par ao Inverno, na vida dura de Showbusiness, com um cantor tendo que estar o tempo todo na estrada, apresentando-se, no Circo, indo de cidade em cidade, no caráter nômade e “cigano” do mambembe. Aqui é na candura das brincadeiras de menininhas com adoráveis bichinhos de estimação, no modo como a criança faz o transferencial, depositando afeto em tal brinquedo, como nas minhas doces memórias de Infância, com meus adoráveis brinquedinhos que não mais pertencem a mim adulto, como no Rosebud de Cidadão Kane, num brinquedo que remete a uma fase da Vida na qual tudo é mais simples, como “surfar” por montes de neve, num Rosebud que, no fim das contas, acaba sendo incinerado, restando apenas memórias de dias felizes. É como na simplicidade das amizades infantis, as quais não têm os interesses das amizades adultas. Podemos ouvir aqui o som do pássaro, na imagem de pássaros tomando banho alegremente em uma fonte ou chafariz, como no canto dos pássaros em uma bela colônia espiritual no bem produzido filme Nosso Lar, contando a história de crescimento de um espírito que, em uma encarnação egoísta e mundana, dá-se conta da necessidade de se adquirir apuro moral, nobreza, discernimento, sabedoria, pois a dureza da Vida vai fazendo de nós pessoas melhores, mais finas e mais depuradas, numa espécie de “sangue azul metafísico”, o único sangue que existe – os sangues azuis mundanos são meras cópias grotescas da divindade de Tao. As linhas aqui são aquosas e deliciosas, prazerosas, num útero quentinho, como numa lareira acesa em um dia úmido e frio do lado de fora, recebendo amigos e tomando um quentão perfumado com cravo e canela – as coisas boas da Vida são simples, como sentar num gramado de parque e conversar com os amigos, numa jovialidade que jamais pode ser perdida, pois todos viveremos jovens para sempre, havendo na Eternidade o poder descabido de Tao, o ente que nos deixa perplexos. O pássaro aqui está num momento plácido e solitário, mas não numa sensação de carência e abandono, mas na necessidade de todos termos alguns momentos de solidão consigo mesmo, e Tao respeita amplamente estes momento de retiro de qualquer pessoa, como num casamento saudável, no qual os cônjuges não estão grudados o tempo todo. O bico do passarinho é um prego de cortante, feito para perfurar a terra e catar minhoquinhas, nos eternos versos de Ticotico no Fubá: “Que vá comer umas minhocas no pomar!”. O pássaro aqui é um espírito feliz, que aceita, numa boa, estar onde está, como se soubesse que a pessoa, antes de mais nada, tem que SER, independente do onde ESTÁ, fazendo, assim, as pazes com o Mundo e com as pessoas. O pássaro aqui está gordo e satisfeito, descobrindo a necessidade da pessoa em desenvolver Disciplina, nessa disciplina que desde tão cedo é imposta à criança, a qual desde sempre recebe regras dos pais e dos professores, dos mais velhos, como na hierarquia espiritual – os mais finos e mais honestos regem os menos, numa hierarquia que nunca é imposta de forma brutal. No exato momento em que redijo esta postagem, ouço canto exótico de uma ave sazonal, a qual não canta o ano todo. O pássaro é a Paz que enche de alegria profunda o coração de uma pessoa que parou de ter Raiva, num líder sábio que não interfere no dia a dia pacato do cidadão.
Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). O simpático galinho remete à logomarca da Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUCRS, a Famecos, aludindo à rotina do jornalista varando madrugada adentro para se assegurar de que o jornal será impresso direitinho. O galo é esta virilidade, desbravando a escuridão, trazendo a luz, anunciando um novo dia, como na função de um obelisco agressivo e pontudo, com sua pontinha iluminada anunciando uma nova alvorada, nos versos da famosa ária de Ópera: “A Aurora venceu! Venceu! Venceu!”. O galo é essa autoridade, esse poder, no Mundo dos Homens, machista, no qual uma mulher independente não é muito bem vista, no macho tomando conta de seu galinheiro, de suas fêmeas, como numa menina homossexual que conheci, a qual considerava seu “galinheiro” seu grupo de amigas heterossexuais, na capacidade de carisma de certos homens, no machismo de um harém, num mundo em que, definitivamente, não é permitido que uma mulher tenha vários maridos, sendo esta vista como puta, com o perdão do termo chulo. É o harém do faraó, para assegurar que o rei colocasse no Mundo um filho varão que sobrevivesse à grande mortalidade infantil no Egito da época, num império que não podia ser governado por mulheres, até chegar à excepcional Hatshepsut, a mulher que se impôs no Egito e governou como homem, usando até um cavanhaque postiço em aparições públicas, numa personalidade impositiva, na mensagem feminista de que uma mulher pode ser tranquilamente tão boa quanto um homem, no pavor que as feministas têm do termo conservador “bela, recatada e do lar”. Podemos ouvir aqui o canto potente do galo, na passagem bíblica do galo gritando no momento em que Judas traiu Jesus. É um duro despertador, dizendo-nos que é hora de ter disciplina e sair da deliciosa cama de repouso, eliminando assim os impulsos de prazer do Id, saindo dos sedutores braços de Morfeu e encarando uma nova lida. O galo é o tesão de se encarar mais um dia de labor e realização, na cultura workaholic trazida pelo imigrante italiano no Sul do Brasil, num colono absolutamente dedicado ao labor, trabalhando de Sol e Sol, num colono que achava excruciante o dia de Domingo, um dia em que o padre e a religião proibiam o colono de trabalhar, pois até Deus descansou no último dia, não? O rabo do galo tem um aspecto de ventilador, numa forma dinâmica, que parece estar em movimento, nos moinhos de vento enfrentados por Dom Quixote, no modo como, às vezes, a pessoa pode encontrar guerra onde não é necessário haver guerra, como na Guerra das Malvinas, num momento em que Inglaterra e Argentina deveriam ter encontrando um acordo de Paz e Concórdia, pois que família é esta na qual irmão mata irmão? O ventilador é a ventilação de ideias, numa pessoa sem verdades absolutas, no modo dialético como tudo é processo, no processo infinito de depuração, no poder imensurável da Eternidade, a força que é a prova de que nós, os filhos, nunca desvendaremos completamente nosso Pai, pois Tao é como a Arte – um mistério sem fim e, por isso, excitante. O galo aqui é este tesão, esta vontade de sair da cama e se aprontar para o dia, indo divertidamente contra ao fato de que a Preguiça foi a responsável por grandes invenções da Humanidade, como o Telefone e a Roda – caro galo, nada de errado em ter uma preguicinha! Aqui é a Racionalidade, numa pessoa que sabe que já repousou por horas o suficiente na cama, fazendo uma conta de quantas horas se passaram desde a pessoa cair no sono. O galo é este poder, na figura patriarcal do cacique, num Ser Humano que vê tal poder masculino como uma compensação, visto que os homens não podem trazer Vida ao Mundo. O galo é como um professor, impondo disciplina a infantes, os quais ainda sem o juízo adulto. O galo é um diretor de colégio, duro, terrível, quase amedrontador, impondo respeito, como uma senhora que conheci, a qual dirigiu, com punho de ferro, um colégio, com punho digno de Thatcher.
Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). O unicórnio é este sucesso de popularidade entre menininhas, num ser mítico, que não pode ser encontrado na Natureza. Qual o porquê de tanta adoração? Deve ser porque o corno pontudo é o falo, a precisão cirúrgica, a espada do Pensamento Racional, abreviando frivolidades e indo direto ao ponto. Deste modo, a menininha projeta seu próprio Yang neste ser, num ser que, apesar de tal corno fálico e amedrontador, é dócil, como no fenômeno de popularidade do ator Antônio Fagundes, naquele papai que, apesar de viril, é muito doce com sua própria filha. Aqui é como um topo de arranhacéu, na competição fálica para ver qual país do Mundo é responsável pelo prédio mais alto do planeta, remetendo ao vertiginoso desenvolvimento imobiliário de Balneário Camboriú, com o recente empreendimento de torres gêmeas de oitenta andares cada, numa orla em que, às duas da tarde, já não há luz solar direta na areia! O unicórnio tem beleza e graciosidade, combinando Yin e Yang como nas famosas e populares Meninas Superpoderosas, as quais, apesar de superforça, têm graciosidade feminina, como na figura da Mulher Maravilha, a qual, bela como uma deusa, dá uma surra em qualquer marmanjo mal intencionado. As estrelinhas aqui são o glamour, como num baile de debutante, na menina se despedindo de suas bonecas e entrando na fase de interação social, talvez encontrando para si o tão sonhado príncipe encantado de historias infantis, no modo como a mulher mais madura sabe que tais príncipes indefectíveis não existem e jamais existirão, no caminho da mortificação espiritual, numa pessoa que abraça o Pensamento Racional, sintetizado aqui pelo cortante corno do ser mítico, como na espada de She-Ra, dando independência à Mulher, como na boneca Barbie, a qual deixa a menina livre para a mesma menina ser o que quiser ser na Vida. A crina e o rabo do animal mítico estão garbosos, impecavelmente escovados e tratados, como se tivesse recém saído do Salão de Beleza, neste momento feminino da mulher cuidar de si mesma, no caminho da autoestima, pois a primeira pessoa que devo amar é eu mesmo, na questão da pessoa se sentir bem consigo mesma, sentindo-se sexy, interessante, talvez com um atraente perfume. As pernas aqui são bem delgadas, fininhas, elegantes, no discernimento de uma pessoa minimalista, a qual só faz o que é necessário, numa atitude limpa, minimalista, um tanto preguiçosa e saudável, só tomando ação quando é necessário fazê-lo, na versão feminina do machão, o homem sem frescuras – caminhos diferentes que levam ao mesmo ponto, que é Tao. O unicórnio aqui é doce e domesticado, e é muito fiel, levando a menininha a cavalgar por lindos bosques, até a menina atingir a maturidade sexual e a sonhar em fazer sexo com meninos. O corno pontudo é tal independência, tal pujança de Yang, como no grande mastro pontudo no monumento caxiense aos Irmãos Bertussi, ícones da Música Gauchesca. É como no nome da cidade Pau Grande, com uma claríssima referência fálica, no termo “colocar o pau na mesa”, ou seja, numa personalidade forte e impositiva, como num formidável vizinho que tenho, o qual impõe respeito. A cavalgada com este ser é o coito sexual, nas expectativas da adolescente em ter uma noite inesquecível de Sexo com o rapaz mais bonito da escola, nesta fase da Vida em que os hormônios estão à flor da pele. O corno aqui é a agulha de seringa, numa injeção cientificamente comprovada como eficaz para alguma enfermidade, no modo como algumas moças relatam terem sentido alguma dor durante sua primeira vez sexual, naquela picadinha que exige coragem. O unicórnio é a Liberdade, numa cavalgada mítica, e o corno fálico é a chave que abre as portas para que a princesinha seja libertada do dragão e, assim, viver feliz para sempre com seu príncipe herói, como na Carrie Bradshaw, do sucesso Sex and the City, contando uma história infantil para sua afilhada, dizendo à garotinha no final: “Você sabe que estes finais felizes não são de verdade, não sabe?”. O corno é o orgulho da vitória, num império agressivo, longe da ponderação do diplomata, como numa hesitante Angela Merkel, cuidadosa.
Referência bibliográfica:
Stanley Chow. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 28 ago. 2021.