quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 3 de 7)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Sra. Symons. Os abastados, que tinham dinheiro para bancar uma pintura de Zorn. A aristocrata aqui veste um luxuoso traje de pele de animal, na época em que tais peles não eram consideradas antiecológicas, num traje que era símbolo de status e privilégio. É como no estágio humano primitivo, no qual os seres humanos deixavam de andar nus e vestiam peles de animais abatidos, como no filme Dança com Lobos, com peles de búfalos extraídas impiedosamente em solo selvagem americano, algo absolutamente impensável nos dias de hoje, na era do lixo reciclável, em trunfos como o Alumínio, o qual pode ser reciclado inúmeras vezes, num Mundo que acredita na sobrecarga sobre o Meio Ambiente, em lugares tão sujos como as águas cariocas da Baía da Guanabara. A mulher aqui está aprumada para um evento solene de luxo, para o qual as pessoas se arrumam muito, buscando ter a melhor aparência possível, imitando os eventos de gala lindos do Plano Metafísico, no lugar atemporal em que todos são belos, jovens e vigorosos para sempre, na metáfora do filme Vanilla Sky, no indivíduo que repousa num “sonho lúcido”, como se desencarnado, rejuvenescendo e vivendo jovem por toda a Eternidade, sobre a qual não é possível de se falar, no conceito espírita: Deus é o infinito, nas vastidões cósmicas, muito além da compreensão humana, num Cosmos no qual a velocidade da luz é para lá de vagarosa, apesar de que, com ela, seja possível das sete voltas ao redor da Terra em apenas um segundo. Symons aqui está enjoiada, enfeitada, em privilégios sociais como pedras preciosas, remetendo à revolução de Chanel, para a qual o que importa é o efeito do adereço, e não o valor comercial de tal adorno, como uma linda mulher adornada com flores no cabelo, num enfeite de flores silvestres primaveris, num enfeite que não custou um só centavo – estilo vem de dentro, vem da cabeça da pessoa, vem de critérios, os quais a pessoa tem que aprender por si mesma, pois não há livro ou faculdade que nos ensine a ter estilo, em figuras fashion como Madonna, num charme e num estilo de arrebatar o Mundo inteirinho, ao contrário de uma Celine Dion, a qual, apesar de ter uma voz de anjo, não tem um só pingo de estilo – na Vida não se pode ter tudo, como Charles III, o poderoso rei que não tem um único pingo de carisma, ao contrário de Diana, uma bomba atômica de carisma que perdeu o título oficial de Sua Real Alteza. O casaco aqui é um recato, e pouco podemos ver do corpo da modelo, como numa imagem de Nossa Senhora, pudica, praticamente toda coberta por roupas e mantos, na metáfora: Quando sou respeitado, as pessoas não estão nem aí se estou acima ou abaixo do peso, nas palavras de uma canção de Britney Spears, não se sentindo muito respeitada: “Eu sou aquela que ou está muito magra, ou muito gorda!”. Ao fundo vemos suntuosas cortinas de veludo, como nas cortinas da devastada casa de Scarlet em ...E o vento levou, numa miséria de devastação bélica, com a forte personagem tecendo um vestido a partir das cortinas que sobreviveram aos horrores bélicos de destruição, pois as guerras são isso: Fome, destruição e privação, em cruéis terroristas retendo reféns inocentes – é um horror. O vestido aqui é fino, de festa, suntuoso, como no tapete vermelho do evento de gala novaiorquino Met Gala, com as mulheres concorrendo entre si para ver qual delas tem o vestido mais maravilhoso, nas fogueiras de vaidades do ego, no modo como o Ser Humano pode ser fútil e alienado dos problemas do Mundo, ao contrário de celebridades que fazem trabalho voluntário em zonas de guerra, fome e privação, numa Terra que é tão dura, cheia de sociopatas deselegantes, nos versos de uma canção da deusa negra Tina: “A Vida é dura, mas há uma razão para isso”, no grande sentido da Vida, que é o crescimento, numa pessoa que, em meio a vicissitudes, vai crescendo como espírito, depurando-se moralmente, tornando-se um espírito de paz, verdade e luz, como no “banho de luz” do passe espírita, na luz divina de nosso anjo da guarda, o qual sempre quer nos levar pelo bom caminho – ninguém está sozinho. O cabelo de Symons está ajeitado e domesticado, por assim dizer, no glamour de um bom cabeleireiro.

 


Acima, Sra. Valter Rathbone Bacon. O cão é a disciplina e a lealdade, no ponto em que o Ser Humano começou a domesticar canídeos selvagens, em mutações genéticas que geraram o cachorro atual, na intervenção humana sobre a Natureza, desbravando terras e cultivando plantações, como no pobre imigrante italiano na Serra Gaúcha, o qual recebia um lote de terra selvagem, puro mato, num colono de grandes calos nas mãos, encarando uma vida dura, na qual o colono, no início de residência, quase passava fome, gerando a fartura absurda das galeterias, no sonho do imigrante com uma mesa farta, de rei. Aqui são essas mulheres que se arrumam muito para posar para Zorn, vestindo suas melhores roupas, como uma mulher estilosa, que ama roupas e moda, resultando em mulheres elegantes, que levam muito a sério o se aprumar na hora de vir a público, como na aparência impecável de uma Evita Perón, sabendo que, na vida pública, a aparência da pessoa é essencial, ao contrário de uma certa mulher da política brasileira, qual já poderia ter sido eleita presidente se arrumasse-se mais, numa mulher que precisa ter design de sobrancelha, tintura de cabelo, maquiagem, joias e manicure, talvez numa mulher que crê que, se arrumar-se demais, não será levada muito a sério, no modo como uma dondoca improdutiva não é muito respeitada. As pinceladas aqui de Zorn são vigorosas e apaixonadas, como nas meninas de Renoir no MASP, o quadro que é uma das estrelas do lindo museu, numa burguesia que tinha dinheiro para tais encomendas, numa burguesia moderna, antenada com a onda impressionista, nessas vogues que geram comoções, como na chegada do som ao Cinema, no filme O cantor de Jazz, fazendo do Cinema uma arte e não apenas uma distração curiosa, até chegar na Nouvelle Vague, quando o Cinema mostrou todo o seu peso de pensamento e protesto, no modo como as artes não são futilidades, e sim uma forma de expressão humana – os macacos não produzem Arte. A senhora olha para o espectador, como num artista querendo dizer algo, querendo se comunicar, no desafio que é a pessoa se expressar com clareza, em artistas que vão tão longe em termos de expressão, como nos grandiosos Christo e Jeanne-Claude, em instalações absurdamente grandiosas, impossíveis de ser ignoradas, no momento em que o artista “coloca o pau na mesa”, com o perdão do termo chulo, em artistas que se esforçam ao máximo para proporcionar ao público o espetáculo mais grandioso de todos os tempos, como nas palavras de Michael Jackson pouco antes de ter uma parada cardíaca sob efeitos de um forte tranquilizante, querendo proporcionar uma experiência única ao fiel fã, em fãclubes tão volumosos, como no clipe do megahit I will always love you, com mais de um bilhão de acessos no Youtube. O vestido aqui é leve e floral, como num bom vinho branco frutado, num perfume de salada de frutas, com notas florais, com notas de goiaba, laranja, um vinho que deixa na boca tal sabor perfumado – sim, sou grande apreciador de vinhos! O piso aqui é luxuoso, confortável e acarpetado, digno de uma casa de elite social, em crianças que nascem e crescem em meio a tais privilégios, estudando em instituições particulares de ensino, nesse esforço de um pai e de uma mãe em prover tal status aos filhos, remetendo ao brutal caso de Suzane, a menina rica que tramou o assassinato dos próprios pais, nesta capacidade sociopática de absolutamente faltar com o apuro moral, num assassino que não dá valor algum à Vida, um espírito miserável que vaga pelas terras inóspitas e infernais do Umbral, a dimensão em que perdemos a noção de tempo e espaço; a dimensão dos que subestimam o poder supremo do Amor. Aqui é uma doce cena de verão, pois o decote do vestido é aberto, arejado, no glorioso momento de férias, nas quais nos desligamos temporariamente do Mundo, na hora de encerrar o veraneio e voltar à Vida, como acordar de manhã cedo para encarar a Vida, ao contrário de um morador de Rua, o qual mora na Rua porque quer, com todas as suas forças, fugir da seriedade da Vida, no modo como a esmola só incentiva a pessoa a permanecer mendigo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica. Podemos sentir aqui o frescor da vida ao ar livre, com uma água silvestre, selvagem, fresca, em minhas memórias de infância, em passeios por terras rurais, selvagens, em um rio caudaloso, paradisíaco, sem ser tocado pela devastadora mão humana, com girinos nadando pela água, na explosão de Vida, na força da Vida, sempre encontrando um meio para fluir e brotar, numa árvore lutando pela Vida, crescendo por um lugar ao Sol, nas palavras de um certo sábio psiquiatra: “Tens que ter mais agressividade, pois vives num Mundo competitivo”, na forma como já na escola a competição acontece, com o aluno estudioso que é o queridinho da professora, até chegar à outra extremidade do leque, com os alunos mal comportados e pouco estudiosos, fazendo metáfora com a fila de aquisição de apuro moral, estando no fim da fila os que mentem descaradamente, acabando rechaçados pelo corpo social, como num Clinton, o qual está até hoje pagando por ter mentido em relação à sua infame amante Monica Lewinsky, ao contrário de Hillary, a qual tinha tudo para sair humilhada, mas acabou vitoriosa, encarando o “bicho” de frente, sempre ciente das inclinações sexuais do marido – “meu marido não é perfeito, mas eu o amo”. Aqui é a inocência da nudez, com mãe e filho nus no rio, no Éden antes da serpente, quando os sexos eram destapados, havendo então a advento da malícia, no mito misógino de Eva, a mulher responsável por todos os males da Humanidade, num ser que era um mero arremedo da obraprima de Deus, que é Adão, surgindo o mito feminista da Mulher Maravilha, a mulher da verdade, blindada, forte, de presença séria no corpo social, rechaçando balas de canhão, numa mulher independente, que tem autonomia de voo, numa sociedade que vê com maus olhos da mulher que não está sob a sombra de um homem – é muito machismo, meu irmão. Aqui é o glorioso momento de banho, no ritual diário de purificação, resultando no senso comum baiano, no qual é perfeitamente normal tomar dois banhos por dia, quiçá três, ao contrário do padrão cultural do Sul do Brasil, que é apenas um banho diário, como uma pessoa que desencarna e vai para a sujeira do Umbral, sendo resgatada por um espírito de luz, que leva tal pessoa a um banheiro ensolarado para um bom banho, num sacro ritual de purificação, no ato de autoestima que é o se banhar e perfumar-se, no caminho do amor próprio, como uma pessoa que se arruma antes de sair de casa, como numa Elizabeth I, totalmente arrumada na hora de aparecer perante o súdito, conquistando a fé deste. Aqui são as agradáveis águas uterinas, no receptáculo primordial, no Útero Sacrossanto de Nossa Senhora, o mito que nos ajuda a compreender o sagrado e o metafísico, numa dimensão tão nobre e pacífica, num lugar onde ninguém quer enganar ninguém; um lugar que é a vitória do amor, da bondade e da verdade, o recreio justo dos que dão valor à Vida. A mãe aqui é um guia, cuidadosa, cuidando para o filho não se deparar com águas muito profundas, nas palavras de zelo a um filhinho na beiramar: “Não vá no fundo!”. Aqui é como no primeiro banho da vida do indivíduo, lavado dos resquícios orgânicos uterinos, no ritual do batismo, no qual o indivíduo é “perdoado” por ter nascido de uma relação sexual. Aqui temos esta pincelada tão talentosa de Zorn, no reflexo na água, na fluidez, e podemos ouvir o agradável som de água fluindo, num processo intermitente, eterno, no presente da Vida Eterna, um imensurável presente, no poder absurdo que faz com que jamais findaremos, inconcebível para a pequena mente humana. Aqui é como na inocência de uma praia de nudismo, num espaço pré serpente do Éden, com a nudez sendo vista como algo natural, inocente, como uma professora freira que tive, a qual, ao ver que os jovens alunos estavam muito maliciosos em relação a Sexo, resolveu dar semanalmente aulas de Educação Sexual, pois Tao não pode ter vergonha de algo que Ele mesmo criou.

 


Acima, Uma família musical. Aqui é como uma reunião de sarau, e podemos ouvir o perfume melódico pairando no ar, como num pobre artista de Rua, tocando para sensibilizar insensíveis transeuntes que passam indiferentes, num artista tão fino e tão pobre, na dureza da Vida, inevitável dureza, sendo invejadas as pessoas que obtém sucesso. Este quadro é incerto e sem um centro, e vemos uma grande porção do quadro como um vazio, que é o vazio de Tao, no vazio da orla, a página em branco na qual podemos escrever, numa pessoa que é útil e pertinente ao Mundo, como um vazio copo de água, vazio em sua dignidade, servindo para servir bebidas, numa pessoa útil ao Mundo, encontrando-se existencialmente, encarando o sisudo e pacato labor diário, numa pessoa privilegiada, que encontrou sossego em seus dias na Terra, produzindo, trabalhando e mantendo a mente ocupada com algo nobre e produtivo, ao contrário de uma pessoa que faz do Sexo um leilão, sem construir algo e sem chegar a algum lugar, como numa pessoa não muito inteligente, que acha que precisa fazer filmes pornôs, sem eu aqui querer ser moralmente contra tais filmes, pois cada um faz o que quiser de sua própria vida, havendo o momento da verdade, no desencarne, quando a pessoa se debruça sobre a própria vida e observa tal débito, como uma pessoa que conheço, uma pessoa fina, inteligente, sofisticada e de bom gosto, mas uma pessoa que se escondeu sempre do Mundo, nunca mostrando a este algo de bom, numa pessoa que esperou demais, sendo, hoje, tarde demais – espero que na próxima encarnação você não perca tanto tempo, meu querido amigo! Os instrumentos musicais são tal produto fino e artesanal, diferentes de instrumentos sintéticos, de fabricação numa esteira industrial, na diferença entre a colheita de uva e a colheita de soja, sendo esta mais fácil, totalmente mecanizada, fazendo do vinho tal produto caro, numa bebida que exige muito trabalho e investimento para ser produzida. O cenário aqui é simples, não luxuoso ou aristocrático, como um grande amigo meu, o qual me ensinou que, na Vida, podemos ser felizes com pouco, no modo como uma pessoa rica só pode se manter mentalmente sã se trabalhar, no poder do trabalho, nas sábias palavras de um DiCaprio: “Realmente, não pode faltar trabalho!”. A luz aqui é fraca, talvez de uma lareira à noite, numa casa que, apesar de humilde, é acolhedora, na sofisticação da simplicidade, fazendo do simples pão com vinho um jantar excelente. Aqui temos uma harmonização, com cada um tocando seu instrumento, numa concórdia, como numa banda, em fenômenos longevos como o U2, sobrevivendo a décadas de vida pública, com a mesma formação original dos anos 1980, numa espécie de casamento sem sexo. Aqui é o momento de descanso e entretenimento do proletário, numa pausa em meio a uma vida dura, de árduo labor, nas mãos calejadas do colono italiano no Sul do Brasil, só não trabalhando no Domingo porque o padre e a religião não permitiam, no modo como a Vida não pode ser apenar labor, labor e labor, como um senhor workaholic que conheci, o qual não se dava ao respeito, só trabalhando, nunca vivendo, chegando ao ponto de ficar quarenta e oito horas ininterruptas sem dormir ou descansar – dê-se ao respeito, homem de Deus! O chão aqui é simples, talvez de terra, numa casa humilde, longe dos aristocratas pintados por Zorn, talvez num pintor nunca obcecado em pintar os retratos de ricos, encontrando na simplicidade a sofisticação, nas sábias palavras de da Vinci: “A simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação”, como nas linhas limpas e simples de Brasília, na busca por uma identidade nacional, neste grande desafio do Cinema Nacional Brasileiro, que é encontrar uma identidade, não sofrendo tanto com a influência de Hollywood, na expectativa para ver qual será o primeiro brasileiro da História a ganhar um Oscar. Aqui é um momento de interação social, talvez com os vizinhos, como numa recente festa de confraternização de meus vizinhos de porta, num talento de uma pessoa que une o corpo social.

 


Acima, Valsa. O quadro aqui não tem um certo centro, e boa parte do chão do salão de festas está vazia, nesse poder gravitacional – a sensualidade reside, precisamente, nos espaços vazios, os quais ser ocupados, sendo úteis. Aqui é um mágico momento de evento social, na elegante valsa, nos casais fluindo pelo salão, e houve uma época, quando recém surgiu a Valsa, em que tal dança era considerada imoral e indiscreta, ao contrário de hoje em dia, quando a Valsa é considerada para lá de chic – a verdade é filha do tempo. Existe um choque entre masculino e feminino aqui: por um lado, as mulheres vestem trajes coloridos, diversificados, criativos e brilhantes; já, os homens vestem seus sisudos e discretos smokings, com todos os cavalheiros com o mesmo aspecto, no jogo de sedução entre loucura e razão, na ironia de que tudo traz em sai sua própria contradição, pois se dizemos que as mulheres são coloridas, é porque vemos o oposto, que é o bicromático masculino de preto e branco, no discernimento de que fácil e difícil são faces do mesmo trabalho. Uma lamparina luta para iluminar o espaço de baile, no poder do esclarecimento, como dois civilizados cavalheiros conversando e buscando uma saída pacífica, ao contrário de dois jogadores de Futebol brigando em campo, chocando suas frontes como machos competindo por uma fêmea, num estágio primitivo de vida humana, pré civilização, no choque no início do filme 2001, no contraste entre rude e sofisticado, num caminho evolutivo, como um civilizado psiquiatra, sentando para conversar cordialmente, num tato diplomático, sempre buscando por meios polidos de resolução, como num leão cruzando cuidadosamente um rio, como se soubesse que ali pode haver perigo, buscando saídas que evitem ao máximo o conflito bélico, no momento cruel em que, definitivamente, esquecemos que somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei, num Deus que não gosta do sofrimento causado pelas guerras, como no final do filme Dogma, quando Deus, representado por Alanis Morissette, restabelece a ordem e a harmonia, num filme que pode parecer deboche, mas que acaba reforçando a respeitando a fé em uma Inteligência Suprema. A mulher de costas veste um traje absolutamente deslumbrante, elegantíssimo, fino, talvez a mais linda mulher do baile, como na canção pop dos anos 1980 Lady in red, ou seja, Mulher de vermelho, numa letra que narra o impacto de tal mulher avassaladora no salão de baile, como na canção Maria do Socorro, de Maria Rita: “Ela vai pro baile funk (...) E no baile só dá ela! Já foi Miss Comunidade da favela”. Aqui é como no primor de produção do estonteante A época da inocência, num mundo abastado de privilégios, no caso tórrido de dois amantes que sofriam com a fria lógica do Mundo, num amor impossível, que prejudicaria a vida de ambos os amantes, com a mulher, ao fim do filme, caindo em si mesma e mandando o amante à merda, com o perdão do termo chulo, na questão de que, antes de romantismo, tem que haver cabeça, razão, fria razão, como uma mulher avaliando a consistência de uma proposta de casamento, sabendo que não pode faltar razão em um relacionamento. Aqui sentimos o odor de tabaco no baile, combatendo o perfume dos bailantes, como uma pessoa voltando da balada, fedendo a cigarro, nas sábias palavras do senhor meu pai a mim e minha irmã, ainda infantes: “A melhor época para parar de fumar é antes de começar a fumar!”. Depois do suntuoso baile, há os vestígios da festa, num salão repleto de lixo, num deprimente fim de festa, quando a sisudez cinzenta da Vida retorna a nossos olhos, fazendo da festa um momento breve de nos desligarmos da dureza de tal Vida, como num fim de Carnaval. Aqui é um mundo heterocentrado, no qual homossexualidade é um inominável mal que vem do Inferno, no modo como faz muito pouco tempo que a Homossexualidade foi oficialmente retirada da lista de enfermidades psíquicas, levando um longo tempo até o Senso Comum absorver tal noção. Aqui é o momento de flerte, como numa missa, na interação social ao fim do culto, com uma mulher que espera interagir com algum rapaz.

 


Acima, William Howard Taft, 27º Presidente dos EUA. Aqui é esta paixão de Zorn pelos EUA, tendo viajado várias vezes para tal país, num país que se tornou o que melhor entendeu os valores democráticos da Revolução Francesa, nas palavras do hino nacional de lá: “Terra dos livres! Lar dos valentes!”. Taft posa como um rei num trono, mas sabendo que não é presidente – ele está presidente, como meu falecido cunhado, o qual construiu carreira e se tornou presidente nacional da Caixa Econômica Federal, sendo, posteriormente, exonerado do cargo pelo presidente da república em exercício. O bigode aqui é digno do personagem Hercule Poirot, de Agatha Christie, no detetive belga que esclarecia misteriosos assassinatos, numa escritora que tanto mexeu com a percepção do leitor, levando este por pistas falsas, que dificultavam a detecção do assassino, sendo uma mulher um dos maiores vendedores de livros do da História do Mundo, na prova de que inteligência não tem gênero. O homem aqui é digno, servindo a seu país, no discurso de posse de Elizabeth II: “Juro que minha vida, seja curta ou longa, será devotada a servir o povo da Inglaterra”, num enorme peso de responsabilidade, até um JFK ser alvo de um atirador, um assassino em busca de reconhecimento, como num atentado terrorista, num Bin Laden buscando tal evidência internacional, produzindo o dia em que a Terra parou, tendo a Casa Branca escapando por um triz de também ser atingida. Aqui é como na altivez de uma face numa moeda ou num selo de correio, no perfil do regente, como no paradigma estético do Antigo Egito, com as faces humanas de perfil sempre, numa “norma” artística transgredida por Aquenáton, o faraó “louco” e herege que produziu um momento tão peculiar na história de seu país, negando todas as tradições artisticorreligiosas, num momento que é por muitos considerado a aurora do Monoteísmo, produzindo, depois, os três grandes ramos: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, num Mundo tão aguerrido, num Ser Humano incapaz de respeitar o próprio irmão, em guerras nas quais o diálogo cortês é ignorado e subestimado. Taft aqui está sisudo, engravatado, formal, sentindo as pressões do dia, no irônico modo como um homem obtuso como Trump pode ter sido eleito para tal cargo de suma importância, com o líder que, ao responder a uma pergunta de um âncora da CNN, fez este dizer: “Isso é um argumento de uma criança de cinco anos de idade!”, como uma certa popstar altamente bem sucedida, a qual é mais esperta do que inteligente, no modo como a sensualidade existe na cabeça, e não no corpo, produzindo pessoas vazias por dentro, apenas com boa aparência. Taft aqui vislumbra o futuro para o Povo Americano, num país tão vasto e heterogêneo, como o Brasil que é feito de pequenos brasis, no desafio de unificação da Itália, um país heterogêneno, no “abismo” que existe, por exemplo, entre o Vêneto e a Sicília. A cadeira aqui é tal posição de poder, num privilégio, como num FHC “destronado”, sentindo saudades da linda e ampla piscina da residência presidencial, nas doces regalias do poder, como meu cunhado que já citei nesta postagem, o qual, certa vez, como presidente da Caixa, ganhou um panetone de “apenas” cinco quilos, ou seja, o equivalente a dez panetones de tamanho tradicional, tendo que “sambar” para distribuir o alimento para outras pessoas, pois quem vai comer de uma vez só um pão de cinco quilos? Aqui é como cada país tem suas próprias tradições, como na Festa da Uva, no poder das tradições em girar em torno da infinitude metafísica, dando-nos a impressão de que o tempo não passa, como na eleição de uma nova rainha a cada edição da Festa, girando em torno da juventude eterna da regente da colônia espiritual. Aqui é um país construído patriarcalmente, nos grandes pais da república, como Lincoln, sentado eternamente em sue trono de poder, eternizado pela dignidade de serviço a seu amado país, no modo como nada há de errado no patriotismo, mas no chauvinismo, que é um patriotismo “xiita”, radical, cego.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 2 de 7)

 

Volto a falar sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Hins Anders. Podemos ouvir aqui o som do violino. O músico está concentrado e absorvido pelo ato, como num monstruoso talento de Yamandú Costa, como num ator em uma assombrosa interpretação, digno de um Oscar, no divisor de águas na carreira de Brendan Fraser: Antes do Oscar, um mero ator de blockbusters; depois do Oscar, parte da nata de Hollywood. O longo instrumento retilíneo é o falo racional, no modo como uma mente fria e racional serve para deixar o coração tranquilo, como num consultório de Psicologia, num terapeuta que faz com que nos sintamos melhores, como numa visita a um centro espírita, com um médium benevolente e fraternal, deixando-nos mais calmos, desobcecando algum “encosto”, algum espírito fixado em nós, com este perturbando-nos, no modo como a pessoa tem que entrar com fé dentro do centro espírita, pois, do contrário, a visita não surtirá efeitos, no modo como a fé não é garantia, mas é esperança, na esperança de que nada em nossas vidas é em vão. O senhor aqui está no inverno da Vida, bem idoso, mas continua atuante, como um casal que eu conheço, o qual, em terceira idade, está muito envolvido com o museu de sua cidade, participando de reuniões frequentes, ao contrário de outro certo casal, o qual está inoperante e inativo, e isso não é bom, pois em qualquer fase da Vida o trabalho é visceral, ou seja, não podemos crer no termo “aposentadoria”, pois se Tao nos deu uma mente, é para exercitarmos esta. O chapéu aqui é a proteção, como na logomarca de uma certa seguradora, com uma pessoa se protegendo embaixo de um guardachuva, como num homem sólido e sério, dando à esposa a sensação de garantia e estabilidade, no modo como as mulheres gostam de tal homem provedor, que dá sensação de segurança. O quadro aqui é um tanto escuro, quase barroco, no jogo entre claro e escuro, num futuro incerto, numa pessoa que, sem fé, fica preocupada em relação ao futuro, sem garantias, nas palavras do personagem Oráculo ao fim da saga Matrix: “Eu nunca soube, mas eu acreditei! Eu acreditei!”. Aqui é um quadro solitário, no modo como cada pessoa precisa de alguns momentos a sós, reservada consigo mesma, numa vida discreta, retirada, longe das loucuras do cotidiano mundano, nas palavras de Barbra em um show, dizendo que, na maior parte do tempo, quer deitar sob uma árvore e nada mais fazer, na questão da preguiça taoista, numa pessoa que, ao fazer só o necessário, fica próxima da atitude limpa e perfumada, no modo como já ouvi dizer que o médium Chico Xavier tinha um perfume metafísico deslumbrante, fino, elegante, saudável, nobre, chic, na sofisticação dos espíritos depurados, os anjos que batem suas asas de liberdade, na figura de esperança do Espírito Santo: O dia de soltura vai chegar, meu irmão, e as assombrações se desfazem com a vitória da Aurora, na vitória da luz sobre a morte. O quadro aqui remete à canção de Bossa Nova, com os versos “Um cantinho, um violão”, no modo como tal gênero musical ganhou o Mundo, na imposição de sofisticação de Tom Jobim, um dos maiores talentos da História do Brasil, vendendo o Brasil com fineza e classe, nessa cidade mágica do Rio de Janeiro, com as inevitáveis vicissitudes materiais, como narcotráfico, pobreza e violência, nos versos da canção de Fernanda Abreu: “Rio quarenta graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos!”. O quadro aqui não nos traz uma decoração rica ou aristocrática, mas um ambiente simples, no modo como há certos artistas que só foram reconhecidos postumamente, no triste Oscar de Heath Ledger, num momento da noite que deveria ser de vitória e alegria – é uma pena, meu irmão. Aqui é o modo como devemos respeitar as barbas brancas de um homem mais velho, pois não é bom ser jovem demais, pois a pessoa jovem demais não tem juízo ou responsabilidade, na tendência de certas pessoas em idealizar uma juventude que nunca foi tão ideal assim. O falo reto atravessa o quadro, numa imposição, como no falo do Código de Hamurabi, num recado ao cidadão: Comporte-se, pois, do contrário, as coisas ficarão difíceis para você. Aqui é uma cena de dedicação, numa pessoa absorvida pelo saudável labor.

 


Acima, Homem e menino em Algiers. O cigarro aqui é como uma pessoa não fumante precisa de paciência para viver com um cônjuge fumante, como um casal idoso que conheço, pois casamento é isto: Um suportando os defeitos do outro. A paisagem aqui é bela, como numa paisagem grega, com céu e mar azuis e construções brancas, em belezas que atraem tantos turistas, como neste “ímã” que é a cidade de Gramado, onde tudo é feito para encantar o visitante, ao contrário de Caxias do Sul, na qual o único turismo de fato é o executivo, no modo como dizem que São Paulo é a cidades cinza dos negócios, longe da exuberância carioca, o maior destino turístico brasileiro. O dia aqui é aberto, como na Califórnia, na qual nebulosidade e chuvas não são via de regra, num terroir que favorece a fabricação de ótimos vinhos, na universalidade do trago, como o saquê, a vodca, o rum, a cachaça etc. O homem aqui é a responsabilidade, pois tem que tomar conta de um moleque, no modo como pode haver pais ou mães ausentes, que simplesmente não fazem parte da vida do próprio filho, como um senhor que conheço, o qual em nada contribuiu para pagar a mensalidade universitária dos filhos, talvez numa fuga de responsabilidades, como no filme cult Labirinto, na menina que se torna mulher, encarando a responsabilidade de tirar seu irmão bebê Toby das garras do tirano Jareth, rei de um traiçoeiro labirinto, no modo como tal película, de tão sui generis, faz com que seja difícil imaginar uma refilmagem, no modo como o genial David Bowie é tão insubstituível, esses talentos avassaladores que nos tomam por assalto, como no talento de uma Gisele, uma mulher forte que venceu as vicissitudes e que sabe que, se parar de trabalhar, virará “peça de museu”. O menino debruçado é o sonho, num artista querendo ser muito respeitado, ao ponto de ser como uma estrela assexuada no Céu, brilhante, vibrante, no modo como a Vida é o nervo da Arte, em batidas de tambores como o coração, no modo do antigo egípcio em crer que a mente, o pensamento, estava no coração, considerando o cérebro um mero preenchimento, na bênção que foi a chegada da Era Científica, trazendo coisas tão simples e geniais como um analgésico, remetendo à católica sanguinolenta Mary Tudor, a qual tinha crises homéricas de enxaqueca, numa época em que não havia uma única aspirinazinha – como é bom viver nos dias de hoje! O negro é o abismo social, como na estrutura social do estado da Bahia, na qual o preto pobre trabalhava para o branco rico, nas heranças culturais escravocratas, na reviravolta que foi termos uma família negra da Casa Branca, em talento estadistas como Obama, este, sim, um grande homem, ao contrário de um certo senhor, cujo nome não mencionarei – há homens grandes e homens não tão grandes. As roupas brancas aqui formam um continuum com o branco na cena, como na cor dos jalecos de médicos, ou como na cor dos cultos afro, num branco que é a limpeza minimalista preguiçosa, atendo-se somente ao que é essencial, num líder que sabe que, se tiver que tomar alguma ação, deve fazer somente o que é necessário, fazendo com que as desnecessidades se tornam sujeiras dispensáveis, como no termo “vaca de presépio”, usado para falar de algo que não é extremamente importante ou necessário. Um majestoso oceano se desenrola aos nossos olhos, num planeta que é mais água do que terra, no modo como a Vida veio do mar, da mãe água, do ventre fértil de Iemanjá, enchendo de peixes as redes dos pescadores, no milagre cristão da multiplicação dos peixes, num reino rico e farto, com qualidade de Vida, no modo como eu, em relação a moradores de Rua, nego esmola mas não nego um pão, na recomendação taoista: Não seja mesquinho em relação a comida. Aqui é um vislumbre, como no personagem Chaves ao se deparar com o oceano em Acapulco, México, com o menino pobre dizendo que nunca na vida havia visto tanta água. O branco aqui é o vazio da lacuna da beiramar, num espaço atraente, que nos convida a caminhar pelo vazio de Tao, a folha em branco na qual escrevemos, com crianças brincando em tal vastidão de vazio.

 


Acima, Hugo Reisinger de chapéu cinzento. Aqui temos um senhor altivo e digno de respeito, no modo como classe e beleza vêm de dentro. O senhor está formalmente vestido, elegante, como se preparado para um importante evento social, como uma pessoa que se prepara para um baile de Carnaval, como um senhor que conheço, o qual gosta muito de brilhar no Carnaval, num espírito festivo, que gosta de eventos sociais. O cômodo aqui é chic e aristocrático, num homem que tem condições financeiras de bancar o trabalho do artista, num artista feliz, que recebe muitas encomendas, como um Andy Warhol começou a brilhar mundialmente, recebendo muitas encomendas, ao contrário do artista triste, que só é reconhecido postumamente. O assento aqui é como um trono, no desafio de uma pessoa recém entronada, buscando conquistar o respeito do povo, em grandes líderes como Dom Pedro II, mantendo unido um país tão vasto e heterogêneo, esmagando focos rebeldes como na Revolução Farroupilha, a tragédia fundadora do Rio Grande do Sul, no modo como um homem de Tao jamais recomendará violência, sempre recorrendo ao tato diplomático e à conversa civilizada, de cavalheiro para cavalheiro, sempre em busca de paz e concórdia, havendo no Plano Metafísico tal mundo de paz inabalável, eterna, num lugar onde ninguém quer subjugar ninguém, sem as ambições humanas de anexar os territórios vizinhos, como no insano Putin, condenado pela comunidade internacional, numa guerra tão desnecessária como na guerra de Israel versus Hamas, destruindo hospitais e deixando rastros de destruição, fome, privação, sofrimento e morte, na mania humana de ver beleza na guerra, como eu, ainda criancinha, disse a meu avô: “Guerra já tem demais no Mundo, vô!”. O bigode aqui é fino, moldado com cera, como no personagem garboso Massimo em O Quatrilho, um homem galanteador e refinado que conquistou a sonhadora e sensível Teresa, estando esta apaixonada por um homem que poderia lhe dar uma vida citadina, longe das durezas rurais, no modo como a pessoa tem lá seus sonhos, muitas vezes despedaçados pela dureza da existência, na célebre canção Boulevard dos sonhos despedaçados. A luz aqui entra majestosa no quarto, uma luz de neblina, de nevoeiro, longe de exuberâncias tropicais na Arte Moderna Brasileira, num rompante em relação aos moldes ultrapassados acadêmicos, em vogues de renovação, como no Cinema, em películas de crítica tão contundente como A Lista de Schindler, nas cenas arrebatadoras mostrando levas intermináveis de cadáveres queimados, no momento em que um notório psicopata tentou destruir o Mundo inteirinho, um espírito fadado a vagar pelas terras desoladoras do Umbral, a dimensão dos que não ama nem respeitam a Vida, na sabedoria espírita: Pobres diabos sofredores que causam mais mal do que imaginam! A gravata aqui é tal sisudez, uma certa disciplina, chegando ao momento redentor do happy hour, quando gravatas são afrouxadas e drinks são tomados, num merecido descanso depois de um dia de labor e responsabilidades, pois diz a sabedoria popular: Ninguém é de ferro! O anel no dedo aqui conota tal poder, talvez num homem rico, de vastas posses, no modo como pode ser ruim a vida de uma pessoa rica e improdutiva, havendo, para cada um de nós, a necessidade do labor, pois cada trabalhinho conta, e nada é em vão, mesmo no humilde trabalho de um gari varrendo ruas, com tudo fazendo parte da construção da Grande Carreira Espiritual, cujo ápice é num espírito de depuração suprema, tornando-se arcanjo e gozando da suprema felicidade, como um pai orgulhoso no dia da formatura do filho, na coroação de um grande esforço de muitos anos entre os ensinos Fundamental, Médio e Superior. Aqui temos um civilizado cavalheiro, polido, que sabe que fino é forte e que grosso é fraco, como um frágil cálice de vinho, num brinde sutil, sem quebrar o copo, num homem que conquistou o respeito do povo, gozando da felicidade dos que são levados a sério, num desafiador caminho de evolução.

 


Acima, Madame Ashley. A mulher rica aqui tem ar de diva, de deusa, no modo como uma rainha da Festa da Uva tem que ter tal ar, tal majestade, pois não é toda rainha que consegue se destacar e entrar para a história da comunidade, no poder das tradições, as quais nos dão uma sensação atemporal, girando em torno da dimensão acima da nossa, na qual não há tempo – é a Eternidade. A moça se espraia majestosa em seu traje suntuoso, como numa Patrícia Abravanel, a qual capricha nos figurinos, querendo encantar o povo com luxo e elegância, numa Patrícia a qual, acima de tudo, quer ter cara de rica, como numa Evita Perón, a qual levava extremamente a sério o se arrumar na hora de vir a público, sabendo que o proletariado gosta de luxo e elegância, como numa Elizabeth I, arrumadíssima na hora de vir a público, no modo como há mulheres que não vão longe na vida pública porque não se arrumam, mulheres equivocadas, que acham que, se arrumarem-se, não serão levadas muito a sério, como uma certa senhora já falecida, a qual, definitivamente, não se arrumava, como um certo senhor sociopata, o qual conquistou o povo porque era um senhor de uma aparência impecável. Aqui é a magia de um vestido suntuoso, de luxo, para ocasiões especiais, num evento solene de gala, ao contrário de uma certa atriz de Hollywood, uma senhora que não se arruma, crendo que, assim, gravitará acima da futilidade do stablishment das celebridades, quando que a autoestima é essencial, como numa talentosa Glenn Close, uma senhora a qual, apesar de ser uma atriz seríssima, arruma-se na hora de ir a uma entrega do Oscar, sabendo que evento de gala não é reunião de condomínio. A moça aqui está bem vendida, diva, deslumbrante, no desejo de uma mulher aristocrática em brilhar socialmente, como numa socialite, caprichando em suntuosos figurinos, querendo arrasar e destacar-se, como numa Paris Hilton, uma mulher socialite que não é levada muito a sério como modelo, atriz ou cantora, ao contrário de Gisele, a menina comum, de família comum, que se tornou princesa de facto, ao contrário de Paola de Orleans e Bragança, a mulher de sangue azul que não deslanchou como estrela – como é a Vida, não? Aqui é como uma noiva, esforçando-se ao máximo para ser a noiva mais linda do Mundo, no humor arrebatador de Barbra em Funny Girl – musical e filme –, com uma mulher claramente grávida cantando a canção A noiva mais linda do Mundo. Aqui são os rituais humanos, desde o Neolítico, com os rituais de tribos indígenas brasileiras, encantando a Europa com histórias de canibalismo, num estágio primitivo de vida humana, no caminho de depuração, até o Ser Humano considerar bruto e inaceitável ser canibal, no caminho de evolução da Humanidade, no contraste no filmão 2001, quando um rústico instrumento que é um osso usado para abater animais, indo direto ao futuro sofisticado humano, com estações espaciais ao som de música erudita fina, em pontos de reviravolta como o advento da Escrita, fazendo com que o conhecimento e as tradições não sejam transmitidos de forma estritamente oral, no modo neolítico de contar o tempo de forma cíclica, e não linear, no vaivém das estações do ano, havendo, no Verão, o ponto de retorno ao zero, ao contrário do modo civilizado egípcio, registrando a história de faraós, em tradições fortes como a inglesa, contando altivamente a história das sucessões monárquicas, num poder atemporal que conquista a fé do cidadão comum, o qual se sente parte da família de realeza, num líder que sabe que não pode desprezar o povo, pois o líder que se afasta de seu próprio povo deixa de ser líder, como na deposição dos Romanov na Rússia, em rompantes como a Revolução Francesa, em golpes de estado como a Proclamação da República do Brasil, expulsando para a Europa o ramo inteiro de Petrópolis. O cenário aqui é de conforto extremo, numa pessoa se sentindo bem, confortável, talvez numa mulher confortável dentro de si mesma, não querendo ser outra pessoa, mas sem narcisimo, na dádiva que é a pessoa gostar de ser ela mesma.

 


Acima, Mulher no quarto. Como é belo o corpo humano! É no modo renascentista de louvar tal obra de Tao, pois como Ele pode ter vergonha do que Ele mesmo inventou? A modelo aqui está no auge de sua beleza, quase revelada, somente com os pés encobertos, fazendo com que isto realce ainda mais o erotismo, como Rose em Titanic, usando apenas um adorno de pedras preciosas, numa Rose que estava gritando por dentro, querendo se libertar, querendo ser atriz, artista, como a princesa de Mônaco sensível, com alma de artista, casando com um artista de circo, em espetáculos tão arrebatadores como o famoso Cirque du Soleil, na técnica impecável dos artistas, na magia circense, numa Dercy Gonçalves jovem, fugindo de casa para se juntar a uma trupe circense, num desejo de fazer Arte. Aqui é a revelação da beleza, na Vênus de Botticelli revelada de dentro de uma concha, no olor libertador de Mar, a Mãe Água que gerou a Vida na Terra, numa esfera tão ínfima e tão rica em Vida, sendo difícil encontrar vida tão rica em outras esferas do sistema solar, como na foto recente das lentes de um supertelescópio, num mar infindável de mais e mais galáxias, ao ponto de nos questionarmos: Por que o Universo é tão vasto? É na máxima islâmica: Alá é grande, na reviravolta cristã, mudando a imagem de Deus, de um patriarca duro e desconfiado para um Pai amoroso, que quer o melhor para cada um de seus filhos, no modo como não me canso de dizer que somos príncipes, filhos do mesmo Rei – cada um de nós é extremamente único e especial, no caminho da autoestima, quando gosto de ser eu mesmo. A moça olha para baixo, alheia ao espectador, como uma mulher distraída, com uma pitada de timidez, revelando tal corpo lindo, como numa foto de minha avó paterna quando mocinha nos anos 1940, uma mulher linda, de cintura delgada e elegante, no modo como o espírito, ao desencarnar, escolhe qual aparência quer ter, vivendo jovem e lindo para sempre, na vitória metafísica, o mundo real – a Terra é só um arremedo, uma escola na qual ninguém está para sempre. O lençol aqui é como uma suntuosa cortina, num cômodo nobre, agradável, numa penumbra, ideal para um agradável sono, como no famoso espírito Patrícia, em Violetas na Janela, uma moça que, ao desencarnar dormindo na Terra, acordou num cômodo na penumbra, numa cama com lençóis suavemente perfumados, numa Patrícia com muito sono, dormindo longamente em tal quarto, até fazer a pergunta: Estou sonhando ou desencarnei? O ambiente aqui é belo e luxuoso, com uma ponta de poltrona confortável, macia, fofa, no lado liso de um trabalho: O fácil e o difícil são faces do mesmo trabalho, no discernimento entre opostos, pois se digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio. Os seios aqui são ideais – nem muito grandes; nem muito pequenos. É a magia dos mamíferos, amamentando a prole, como uma cachorrinha que tive, a qual, ao parir e amamentar, começou a sofrer de desnutrição, no instinto de uma mãe em dar tudo e mais um pouco para um filho – tive que dar um complemento alimentar para ela. A pose aqui é casual, nem ser premeditada, como num furtivo clique de câmera fotográfica, nesse insano galgar de tecnologias, sepultando a Era Analógica, com minha geração ficando perplexa com tais avanços, ao contrário das gerações mais recentes, as quais nasceram e cresceram em meio à Era Digital – são gerações diferentes. Aqui é este talento de Zorn em captar a delicada luz natural, revelando tal corpo, como nos estudo de Anatomia de da Vinci, pioneiríssimo, dissecando cadáveres em uma época muito antes da Revolução Científica, num homem tão multifacetado, rico em talento e curiosidade, com uma obra que vale mais do que qualquer dinheiro, num da Vinci feliz, ainda reconhecido em vida. Aqui é como o momento mágico das cortinas de um palco se abrirem, revelando o cenário, no poder da Arte em nos convidar para uma imersão na mente do artista, com ser humano querendo falar com ser humano, no modo como a Inteligência Emocional é inacessível aos moralmente débeis.

 


Acima, Oscar II, rei da Suécia. Este retrato mostra como era caro o preço de uma encomenda a Zorn, com um rei com tal poder aquisitivo, neste grande retratista que foi Anders. O senhor aqui é sereno e austero, calmo, empoderado, como no líder sob Tao, indo cautelosamente, como se atravessasse cuidadosamente um rio, como se soubesse que ali há perigo, na sabedoria e na ponderação que vêm com o passar dos anos, no modo como a pessoa jovem demais carece de tal ponderação, num adolescente achando altamente monótono o mundo dos adultos, num jovem um tanto arrogante, que ainda não levou muitos tombos na Vida. O cômodo aqui é em dourado, na cor da vitória, no amarelo canarinho de Senna, na construção de um ídolo majestoso, trazendo orgulho ao Lar, numa morte tão emblemática, morrendo em plena pista de corrida, num espírito com a sensação de dever cumprido, voltando “nu” ao lar metafísico, a dimensão onde estou extremamente bem, como num espírito feliz, radiante, coberto de uma luz delicada e divina, no caminho da dignidade aqui deste senhor monarca, como um altivo senhor juiz de Direito que conheci, já falecido, um senhor digníssimo, austero, sabendo da importância do papel que exercia, numa pessoa com tal peso de responsabilidade, na coroa pesando sobre a cabeça, num príncipe recém entronado rei, aprendendo “na marra” a ter distinção e majestade, na máxima popular: Quem já reinou jamais perde a majestade, como num espírito que foi rei em uma encarnação anterior, levando para sempre consigo tal majestade, no modo como tais experiências encarnatórias permanecem para sempre, construindo um espírito de luz e bondade, no poder do Amor em interligar todos os filhos de Tao. O rei aqui tem muita, muita calma, e não parece se importar com o tempo que tal retrato levará para ser concluído, no modo como o espírito desencarnado tem tal paciência, sabendo esperar sua vez para ser atendido, sabendo que a passagem do tempo é uma ilusão, havendo tal ilusão no envelhecimento. O senhor aqui tem uma barriguinha, que é a passagem do tempo, numa construção de carreira e estrada, por assim dizer, como na peça Galileu Galilei, com Denise Fraga, com o homem que, a cada nova época de Vida, foi acumulando uma barriguinha, como na “carreira” da cascavel, trocando de pele muitas vezes, colecionando o chocalho característico, como numa banda longeva como o U2, com décadas de carreira com a mesma formação, no poder da reinvenção, ao contrário de outros artistas, os quais perecem e desaparecem porque não souberam se reinventar, como uma certa popstar, a qual, definitivamente, tem a força para virar a página e encarar um novo momento na carreira, na metáfora de As Horas, do talentoso Michael Cunningham: Doce ou amarga, esta página terá que ser virada, no modo como o sucesso pode ser complicado, pois a pessoa tem que saber sobreviver a tal doce momento de êxito, como na comediante Fran Drescher, até hoje buscando superar o sucesso televisivo de décadas atrás, na noção taoista: O sucesso é um problema. A poltrona aqui é tal majestade, num Brasil o qual, apesar de pobre, é riquíssimo, no nome da ong Brasil sem grades, pois o Plano Metafísico é isso, um Brasil lindo, só que sem grades, na concórdia de uma vizinhança pacífica, na qual temos a plena sensação de estarmos entre amigos, em doces memórias de amigos de Infância, numa época simples, na qual nos contentavam com pouco, como na TV aberta de tal época, sem controle remoto, com televisor de tubo, com poucos canais de TV aberta, no paradoxo atual, no qual, na TV por assinatura, temos centenas de canais à nossa disposição, mas ficamos zapeando sem algo que nos interesse – não é irônico? Apesar de aqui estar no Inverno da Vida, o senhor é forte e sadio, como nos heróis do Cinema Brasileiro, o casal Lucy e Luiz Carlos Barreto – estão idosos, mas estão muito bem. Aqui é um senhor que sabe que tem que se arrumar para vir a público, na lembrança de Infância que tenho, com meus pais saindo perfumados para um evento social.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.