O pintor francês Alexandre-François Desportes (1661 – 1743) serviu à corte francesa, tendo esta feito a ele várias encomendas. Bem remunerado, amava os animais e as caçadas. Original e sem rivais, seus quadros são complexos, inspirando até tapeçarias. Obras suas integram o supremo Louvre. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Quatro estudos de gatinhos. O fascínio dos gatos é a combinação entre garras agressivas e suavidade de veludo, como na icônica Mulhergato da deusa Michelle Pfeiffer, sedutora, independente, brincalhona, agressiva, batendo em marmanjos mal intencionados, fascinando Batman, numa mulher que não queria ser a mera dondoca do milionário Bruce Wayne, machucando este com suas garras ferinas, dizendo a uma mulher que se fazia de vítima: “Você facilita tanto as coisas, não? Sempre esperando por um Batman para salvar você!”, numa mulher que não mais crê em contos de fadas, sabendo ser uma ilusão a imagem do príncipe encantado perfeito indefectível, no modo como menininhas adoram as boybands, como Basckstreet Boys, em rapazes não ofensivos, muito longe de homens agressivos como Eminem, mostrando para tudo e todos os dedos do meio, numa agressividade de um homem que visa sobreviver às durezas do Mundo, numa espécie de proteção, de resguardo, numa defesa. Os gatos aqui brincam e arranham, no modo como há muitas pessoas fascinadas por gatos, tendo em casa um ou mais bichanos, num bicho enigmático, o qual nunca deixa claro o que quer, ao contrário do cão, um animal que deixa muito claro o que quer e o que pensa, sendo denunciado por seu rabo abanando, numa autenticidade, em bichos que se tornam tais fiéis companheiros, como um amigo solteirão que tenho, o qual tem dois cães em casa, no modo como é complicado cuidar de tais animais, em matéria de custo de rações e banhos, vacinas e tosas na petshop; em matéria de levar o cão diariamente para passear para o bicho fazer as necessidades fisiológicas, no cuidado de se levar um saco plástico para recolher o dejeto fisiológico. Ao que sei, os gatos eram muito bem vindos em Versalhes, pois tais felinos, em seu instinto, caçavam ratos pelos salões luxuosos dos reis sóis, no modo como a Humanidade tanto evoluiu nesse termo, havendo, hoje em dia, um total controle sobre os ratos, ao contrário da Idade Média, uma era insalubre, cheia de doenças, como na avassaladora Peste Negra, ceifando milhões e milhões, algo muito mais grave do que a Covid há poucos anos, mesmo com hospitais exauridos. Aqui é o repulsivo modo como em presídios precários como o portoalegrense Central, em que detentos comem carne de gato, repulsivo para o Ocidente, mas creio que nem tanto para os chineses, os quais comem tranquilamente carne de cachorro, entre outros bichos, remetendo a um caso recente em Caxias do Sul, em que restaurantes da cidade serviam carne de cavalo, sem o cliente saber, é claro, em imagens brutais como nos hábitos canibais das tribos indígenas brasileiras, fascinando a Europa com as selvagerias exóticas de terras selvagens virgens, no choque que foi a europeuzação das Américas, num ato destrutivo, como usar os indígenas como mão de obra escrava, tudo em nome das ambições do Ser Humano, o qual nunca está satisfeito, no discernimento taoista: Se não estou o tempo todo querendo e desejando, posso ter paz! Podemos ouvir aqui os miados, na sacação pertinente do grande compositor hollywoodiano Danny Elfman ao compor o tema da Mulhergato, com violinos arranhados imitando os miados dos gatos, em artistas felizes em iluminações criativas, ganhando o respeito da Indústria de Hollywood. Aqui é o milagre da Vida, numa ninhada de felinos, no problema que pode ser uma ninhada chegando ao Mundo, como certa vez em um parque caxiense, quando alguém colocou uma ninhada inteira dentro de uma caixa de sapatos, deixando os bichinhos ao sabor da própria sorte. Aqui é como os dois tipos de gato – o de Rua e o de Lar: O de Rua é mais arisco e agressivo; já, o de Lar é mais dócil e manso. É como no processo longo de domesticação canina, numa ramificação dos lobos selvagens, resultando em raças tão dóceis domésticas, nas enigmáticas mutações genéticas, numa Natureza em constante processo de evolução e reformulação.
Acima, Senhora da corte de Luís XIV. Aqui são as tantas encomendas que ricos e reis faziam ao mestre Desportes, num artista tão prestigiado ainda em vida, ao contrário de casos tristes de reconhecimento estritamente póstumo, como num Van Gogh. Aqui são os esforços do Ser Humano em se parecer o mínimo possível com símios em geral, em retratos que visam a imagem de deuses, de santos, de rostos de uma raça estelar, superior, no modo como o espírito não tem raça, nas palavras de uma canção da deusa Tina Turner: “Realmente não há diferença quando você abaixo da pele”. O vestido é ousadinho, com um peitoral mostrado, longe das machistas burcas das mulheres islâmicas, no modo como a própria mulher aceita tais limitações, num Mundo o qual não permite que a mulher tenha pleno prazer sexual, irritando profundamente as feministas, pois o Feminismo é como caminhar contra os ventos do Patriarcado, numa espécie de contramão, como nascer homossexual, na sensação de se ter nascido “de cabeça para baixo”. Aqui o rosto está em ângulo, não totalmente de frente como numa foto de carteira de identidade. Aqui são os privilégios da corte, bancando os serviços de tal artista badalado, como certos fotógrafos badaladíssimos, como o brasileiro Sebastião Salgado, com suas fotos majestosas, em mestres como Mario Testino, requisitado só por quem tem o dinheiro para bancar os serviços de tal mestre das lentes. A mulher é jovem, sem um único fio de cabelo branco, como disse eu a um certo rapaz esses dias, mais jovem do que eu: “Tu és jovem, sem um único fio de barba branca!”. A moça aqui é um tanto insinuante, sexy, talvez num sonho de se tornar artista, como numa Gisele devorando câmeras fotográficas, vindo de uma diminuta cidadezinha para conquistar o globo inteiro, com seus cabelos ondulados imitados por mulheres por toda a face da Terra, no modo como não me canso de dizer: Gisele conquistou tudinho, e ninguém se dá conta! Aqui a luxuosa roupa é de festa, de pomposos acontecimentos sociais, com joias bordadas, num claro sinal de status e elevação social, no modo como uma proletária francesa jamais teria acesso a tal vestimenta, neste bolha de privilégio que foi Versalhes, despertando a ira do povo francês, no famoso episódio em que, reza a lenda, Maria Antonieta disse ao povo faminto que este comece pão de luxo. O tecido aqui é gentil ao toque, fazendo metáfora com as maneiras de uma pessoa polida, agradável e gentil, mostrando ao Mundo homens formidáveis como Papa Francisco, um homem simples, humilde e clemente, que quer unir as pessoas, agregar as pessoas, na luz do grande líder, tornando-se uma figura em torno da qual as pessoas possam se unir, numa figura em que o povo deposita suas esperanças, na figura do sábio homem: Visto, amado e respeitado, ao contrário de outro papa, do qual eu tinha pavor, sinto em dizer. O cabelo aqui é de festa, de ocasião solene, nas loucuras de autoestima feminina, passando horas se arrumando, numa espécie de “ritual” de arrumação, pois, para a mulher, a diversão não é somente o momento do evento, mas uma diversão que já começa nos preparativos em frente a um espelho, como um senhor extremamente vaidoso que conheci, absolutamente fixo em seu próprio reflexo, um homem que acreditava que tal estampa dar-lhe-ia o Mundo, num equívoco que levou tal senhor a trocar de carreira, na máxima popular de que beleza não põe à mesa, no modo há muitos rostinhos lindos por aí e muitos corpões por aí que jamais serão astros, no mistério daquilo que é necessário para se brilhar, como uma certa popstar, a qual, apesar de desafinada, arrasta muitos milhares de espectadores para seus shows – é um mistério. O fino tecido aqui parece ser vaporoso, impossível de se conceber na Dimensão Material, em valores como luz, luxo e leveza, na mente de uma pessoa nobre e polida, recebendo-nos tão polidamente em uma sala do mais fino cristal, onírico, na contradição das famílias de realeza: Por um lado, algo tão fino e belo; por outro, algo obtuso e grosso, no conceito de que mulher é para e homem, viceversa, ponto final. Aqui são as fogueiras de vaidades de Versalhes, com uma mulher querendo ser a mais linda de todas – como o Ser Humano é fútil!
Acima, Um interior de cozinha com natureza morta de caça, fruta e carne. Aqui é uma cozinha farta de rei, em privilégios, como no Antigo Egito, quando pato assado era comida de rei, algo tão chic que há representações do faraó herege Aquenáton comendo tal prato fino, nos abismos sociais onde poucos têm muito e muitos têm pouco, como nos moldes do Brasil Colônia, com o preto pobre escravo abaixo do branco rico, num molde que perdura até hoje neste país, nas favelas habitadas por descendentes de mão de obra escrava, na ironia de que pouco mudou desde então, ao contrário dos EUA, nos quais os cidadãos negros superaram tal molde colonial, ao ponto de uma família negra habitar a Casa Branca, ao contrário da Argentina, um país racista, sinto em dizer, como num Hitler recusando-se a aplaudir um atleta olímpico negro. A luz aqui entra suave na cena, e podemos sentir o odor delicioso de comida, de comida boa, numa cozinheira atarefada, como minha falecida avó Carmen, a qual, no dia 24 de dezembro, tirava o dia INTEIRO dentro da cozinha fazendo os preparativos da ceia, num ato de dedicação e carinho, numa época em que a mulher tinha que ser mãe, esposa e dona de casa, nos termos machistas: “Bela, recatada e do lar”. Aqui são os frutos de luta, de colheita, de caçada, em frutos dourados de árduo trabalho, em homens que tanto amam a aventura de caçar, entrando em matas e florestas, numa tarefa ancestral, como nas tribos amazônicas, nas quais a caça e a pesca são tarefas masculinas, em tarefas agressivas, na universalidade do Ser Humano, no modo como em tais tribos as artes marciais são exclusividade masculina, conferindo à mulher a tarefa de criar filhos e fazer coletas na floresta, na função análoga a fazer compras, no modo como as diferenças culturais são ilusórias, num Ser Humano igual no globo todo, talvez em espíritos que já encarnaram em várias culturas e países diferentes, como uma pessoa que já encarnou japonesa, tornando-se, em vida posterior, fã da Arte e da Cultura Japonesa, no modo como o sushi ganhou o Mundo. Os animais abatidos e fisgados aqui são tal sacrifício da Vida, enfurecendo os veganos, pessoas que simplesmente se negam a comer qualquer coisa de origem animal, como primos meus, os quais não posso presentear com chocolate, pois este contém leite! Aqui é a mesa farta de galeteria, num colono italiano que sonhava com tal mesa farta de rei, com muita carne, massa, polenta e vinho, na cornucópia dos países ricos, como o Canadá, um lugar o qual, já ouvi dizer, de tão organizado e desenvolvido, faz com que a cidade de Nova York pareça ser um terceiro mundo! Ao fundo no quadro vemos recipientes translúcidos, como numa amizade verdadeira, num amigo no qual podemos confiar, como num psiquiatra, o qual é uma espécie de comadre bem paga, no trabalho de terapia, onde o paciente abre todas as gavetas de sua mente, confiando no terapeuta, num nível de grande intimidade, até chegar ao ponto de duas pessoas poderem conversar por telepatia, sem precisar proferir uma só palavra, como no menininho clarividente de O Iluminado, pressentindo uma tragédia, um brutal assassinato, num ato de loucura pura, sem vínculos com a realidade e a racionalidade, como tantos sociopatas que já conheci em minha vida, pessoas dissimuladas, mestres em manipular os outros, havendo uma forma simples de não se deixar influenciar por estes bandidos mentais: Nunca dê informações pessoais a um sociopata! As frutas aqui são de um pomar fértil, feliz, fecundo, na metáfora cristã das sementes, com tudo dependendo em que contexto e semente entrou, fosse um terreno fértil e aprazível, fosse num terreno inóspito e cruel. Aqui é tal cozinha de rei, nos privilégios da corte, frente ao humilde francês pobre, tendo que se contentar a comer apenas um ovo de jantar, num espírito que resolver reencarnar em tal vida miserável para, assim, evoluir enormemente como espírito, no sentido da Vida, que é o crescimento.
Acima, Um jogo de guarda de cães. O cão farejando é a excitação, como em cães farejadores em aeroportos buscando por drogas escondidas em bagagens, numa atividade que o cão não vê como trabalho, mas como diversão, neste animal de faro tão aguçado, o melhor amigo do Homem, como diz a frase célebre. Aqui são essas naturezas mortas que Desportes tanto gosta de retratar, no fruto de uma caçada árdua, numa atividade tão dura, porém excitante, como um leão caçando na selva, numa necessidade tão básica do Ser Humano. Aqui é o lado b na gastronomia, quando comemos um belo filé em restaurante, sequer imaginando no sofrimento do bicho sendo abatido, numa memória de infância que tenho, num sítio, numa zona rural, em que testemunhei o abate brutal de um cordeiro, ou algo que o valha, no bicho gritando em sofrimento até dar o último suspiro, como numa empala sendo abatida por felinos selvagens, na vítima gritando em desespero, até finalmente morrer, nas leis da Dimensão Material, no plano em que temos que nos preocupar com o que comer, o que vestir e onde morar, na libertação do Desencarne, no momento em que deixamos para trás todas essas necessidades materiais, livres de nossos corpos carnais, não mais sentido fome, sede, frio, calor etc., ao contrário do Umbral, a dimensão da loucura dos que não querem se libertar, vagando por terras inóspitas e cruéis, lamacentas, desoladas, pois o que pode-se dizer sobre um prisioneiro que, em dia de sua soltura, não quer sair do presídio? Não é insano? É o fato de que somos todos prisioneiros, e a diferença reside no que decidimos fazer em tais tempos de cárcere, numa pessoa iluminada, que leva uma vida produtiva, nobre, ao contrário de uma vida de prostituição, sem eu aqui ser careta, numa vida em que a pessoa faz do Sexo um leilão, como esses rapazes michês, desperdiçando suas respectivas juventudes, dando-me a vontade de lhes dizer: “Vá procurar um emprego decente, rapaz! Vá trabalhar numa loja, supermercado, restaurante etc. Vá erguer a cabeça e ser digno! Vá se dar ao respeito!”, pois a primeira pessoa que devo respeitar é eu mesmo. A sólida árvore é a força da Vida, em raízes profundas, que dão estabilidade, como um homem sério e centrado, pés no chão, com sua firma e seu trabalho, uma rocha firme que dê à respectiva esposa uma sensação de segurança e estabilidade, nas divertidas palavras de um certo colega meu de faculdade: “Quem gosta de homem é veado! Mulher gosta mesmo é de dinheiro!”, na metáfora de Dona Flor e seus dois maridos: De um lado, o homem do dinheiro; do outro, o homem amante romântico, ou seja, faces de um mesmo homem, remetendo a um certo senhor, o qual já foi rejeitado por mulheres exatamente por ter se tornando um homem não muito romântico, vendo a própria esposa como uma servente com a responsabilidade de manter uma casa limpa e organizada, no modo como apenas ser dona de casa não vai dizer à mulher quem esta é. Ao fundo no quadro, um alvorecer ou entardecer, na parte ambígua do dia, onde noite e dia se fundem, como na sedutora luz do luar, romântica, erótica, tanto mostrando quanto escondendo, nos versos da balada romântica Beijos sob o luar. As aves abatidas são o sacrifício, como acordar de manhã cedo e ir à luta, como em gélidas manhãs de Inverno, no termo popular de que Deus ajuda e quem cedo madruga, no termo latino Carpe Diem, que é aproveitar o dia desde manhãzinha, num momento em que temos que mandar o Id à merda, com o perdão do termo chulo, este Id que é a instância do prazer morfético, no gostoso pecadinho da Preguiça, o pecado que tantas invenções originou, como o Telefone: Por que sair de minha casa para conversar com o Fulano se posso fazer isso dentro do conforto de minha casa? É como o boom da Internet nos anos 1990, na época em que era chic falar no celular e chic perguntar a alguém: “Qual é o seu e-mail?”. Aqui é a hierarquia da cadeia alimentar, no modo como os répteis pereceram com a queda de um grande meteoro na Terra na Idade Jurássica, escurecendo os céus, fazendo perecer os animais de sangue frio, sobrevivendo os mamíferos, de sangue quente.
Acima, Urna de flores com frutas e lebre. As flores são a beleza, num presente de um enamorado, numa diva recebendo flores em seu camarim, numa Fernanda Montenegro ostentando o título de Grande Dama do Teatro Brasileiro, em artistas que têm a capacidade de serem tais deusas no conceito do público espectador, no stablishment das celebridades, encantando as pessoas comuns, como na revista Caras, campeã de leitura em salões de beleza, no sedutor mundo das celebridades, um mundo que tem que ser observado à distância, pois, se eu me aproximar, decepcionar-me-ei, na metáfora do campo de Futebol: De longe, é lindo e imaculado; de perto, é cheio de feiuras e máculas. O coelho morto é a finitude do Ser Humano, no modo como para morrer basta estar vivo, como já ouvi dizer que é o Tango, o gênero que é o som do inevitável fim chegando, num teor dramático, latino, rico e fascinante, num ator saindo de cena, em monstros como Bette Davis, a qual sabia a hora de sair de cena, na capacidade de certos artistas em alcançar tais píncaros de efeito, em uma monstruosa Gisele, a qual é muito, muito mais do que uma mera modelo. Os pêssegos são a delícia doce da Vida, num pomar farto, com frutos perfumados, num bom vinho branco com olor de salada de frutas, na magia das flores, com um perfume delicado, fazendo metáfora com uma pessoa polida, de boas maneiras, num anfitrião fino, recebendo-nos em sua elegante sala de estar, no modo como tudo gira em torno da Dimensão Metafísica, onde as vicissitudes do Plano Material findam, no modo como, na Terra, tudo gira em torno de Saúde, na prioridade de um governo, que é garantir um sistema de Saúde digno ao cidadão, nos extremos do leque: Para Adam Smith, um paciente com Câncer só poderá se tratar se tiver dinheiro para tal; para Karl Marx, o Estado Total se encarrega de tal tratamento; para Keynnes, no meio termo, há o Estado Mínimo, no qual tenho a opção de me tratar na rede pública ou particular, ou seja, os “xiitas” extremistas não são muito sábios, pois, segundo Smith, se não tenho dinheiro para me tratar, tenho que morrer lenta e dolorosamente – é um horror. As flores são a libido primaveril, no renascimento da Vida, assim como a Europa renasceu na Renascença, com borboletas ensandecidas, no modo como a flor é o órgão sexual da planta, na sedutora abertura do filmão A Época da Inocência, com flores desabrochando na libido de amantes, no amor impossível de Ellen e Newland, num processo de crescimento, pois, no fim da trama, Ellen põe a cabeça no lugar e dá um chute em Newland, no modo como um relacionamento amoroso tem todo um lado sério, racional, num homem que tem que fazer uma proposta sólida e realista à mulher amada, nas palavras de uma certa canção pop: “Lençóis de cetim são muito românticos, mas o que acontece quando você não está na cama?”. O vaso aqui é o receptáculo feminino, na jarra prateada de Galadriel de Tolkien, numa bacia mágica onde um espelho mostrava coisas, na água fervendo frente ao diabólico Anel do Poder, promovendo tentações e destruindo o caráter dos homens, numa Galadriel que passou por um teste de humildade, rejeitando o Anel, no conceito taoista: Aquele que está enjoado de estar enjoado, está bem. É como rejeitar os tolos sinais auspiciosos, como tediosas alas vip de boates, num sinal auspicioso, ilusório, maçante, no modo como o Mundo só pertence àqueles que são dignos de tal respeito, nas sábias palavras da senhora minha mãe. Desportes nos traz uma pitada de Barroco, no jogo em claro e escuro, numa luz suave que entra no estúdio, em flores tão belas e finas, delicadas, em tal impecável pincelada, na magia de certos pintores, abrindo as percepções do espectador, como um filme campeão de bilheteria, causando comoções ao redor do Mundo, como no monstruoso Jurassic Park, na célebre cena do T-Rex querendo devorar uma inocente família, no modo como certas pessoas têm tal poder monstruoso, varrendo percepções.
Acima, Zerbine and Jemite, os cães do rei Luís XIV. Aqui, sinto em dizer, é a frivolidade do mundinho de Versalhes, num rei bancando muito dinheiro para fazer um retrato de seus cachorrinhos, enquanto o povo francês sofria com o alto preço do pão, em turbas raivosas invadindo Versalhes num golpe de estado, guilhotinando uma rainha que personificava tal indiferença da corte em relação aos súditos. As aves são as asas da liberdade, do pensamento racional, no modo como a fria razão serve para deixar o coração tranquilo, como num consultório de Psicologia, no qual a função do terapeuta é nos mostrar o Mundo da forma mais fria possível, fazendo com que deixemos o consultório nos sentindo bem e estáveis, na fria razão dos números, mostrando a infinitude de Tao, o Eterno, na ironia de que há números primos por toda a eternidade dos números, no poder imensurável da Vida Eterna, no fato de que jamais findaremos, fazendo com que a morte do corpo físico seja uma ilusão, nos terríveis rituais fúnebres, naquele caixão entrando numa cova, dando-nos a impressão de que jamais voltaremos a ver aquela pessoa, o que é um equívoco. O cenário aqui é perfeito e idealizado, num belo dia de caça e atividades ao ar livre, nos cães se divertindo ao auxiliar uma caçada, como na raça pointer, com o instinto de apontar onde está a caça em potencial. A ave rubra é a Vida pulsando em vasos venosos e arteriais, na fome do vampiro por sangue, no fato de que os vampiros existem, mas, ao contrário de sugar sangue, sugam almas, nos sociopatas manipuladores, no simples fato: O sádico busca por um masoquista, e viceversa, e o importante é não ser nem sádico, nem masoquista, no impactante filmão O Silêncio dos Inocentes, no sociopata frio e ardiloso, manipulando mentes, como um certo sociopata que conheci, o qual conseguiu manipular um grande número de pessoas. As aves aqui são exóticas, como em anotações botânicas de Darwin, catalogando as formas de plantas em terras exóticas, como na mágica flor de maracujá, exótica, estranha, luxuriante, na magia de terras tropicais, em frutos tão exóticos como o Guaraná, conquistando há muito tempo o gosto do brasileiro, numa bebida considerada exótica ao redor do Mundo. O laguinho na parte inferior da cena é a reflexão, o olhar para si mesmo, sob os cuidados de um bom terapeuta, na questão da pessoa encontrar a si mesma, sabendo o quer fazer da Vida, como me disse uma psicóloga: “É indescritível a sensação de se encontrar consigo mesmo”. Um dos cães abateu um pássaro, divertindo-se com o prêmio da caçada, na obrigação de um pai em manter uma casa farta, com comida sobre a mesa, como meu falecido avô Ibanez, o super pai que sustentou uma esposa e seis filhos, um pai que nunca deixou algo faltar dentro de casa, mesmo não tendo sido um homem riquíssimo, nessa responsabilidade que é ser pai ou mãe, incutindo valores nobres na mente do filho, como numa Dona Florinda decepcionada com a mentira do próprio filho Quico. O dia aqui luta para ser produtivo, nos deveres do dia se desenrolando, nas tarefas, no labor, chegando ao fim do dia na gloriosa happy hour, o momento redentor de relaxar e injetar um pouco de álcool na corrente sanguínea, pois até Deus descansou no sétimo dia, num colono italiano gaúcho que só não trabalhava no Domingo porque o padre não permitia. Aqui, a cena é um parque de diversões para o cachorro, num ambiente excitante, cheio de cheiros interessantes, no instinto canino da caça, do lutar para viver, na força de pessoas guerreiras, que sabem que têm que merecer o doce sabor da conquista, em pessoas de carreiras longevas, que sabem que não podem parar completamente, ao contrário de uma pessoa a qual, ao se aposentar, nada faz no lugar, numa insossa vida vazio de aposentado – não dá para ser assim, meu irmão! As flores são a beleza de um jardim fértil, como uma mente fértil de artista, na criatividade de uma Agatha Christie, testando nossas inteligências em tramas ardilosas e geniais, sendo uma mulher um dos autores mais populares do Mundo.
Referências bibliográficas:
Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.
Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.