quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Axel Rose, digo, Törneman (Parte 2 de 2)

 

 

Antes de ler esta postagem, saiba que, depois desta, o blog entra em férias e volta entre fevereiro e março de 2023.

 

Falo pela última vez sobre o artista sueco modernista Axel Törneman. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Algot com urso de pelúcia. Aqui é o termo psicológico “transferencial”, na fase de vida da criança em que esta realmente vê algo vivo em um bichinho de pelúcia. Aqui remete a um dos mais bem sucedidos empreendimento de Gramado, RS, que é uma loja que faz bichinhos customizados, à escolha da pessoa, seja infante ou adulta, como já disse uma certa turista na cidade serrana: “Aqui nós viramos crianças novamente!”. O bichinho remete a um certo gravíssimo atentado a  bomba nos EUA que matou muitos e brutalmente, como o  presidente fazendo parte de uma homenagem na qual cada parente das vítimas ganhava um urso de pelúcia, um ideia repleta de sensibilidade, não? Aqui é a doce infância do Cidadão Kane, com seu adorado trenozinho Rosebud, no trauma do menino ser arrancado de sua doce infância e de seu doce brinquedo, dizendo ao leito de morte uma única palavra: “Rosebud!”, numa época infantil da Vida em que tudo é simples, sem os critérios e as exigências sisudas dos adultos, numa época infantil em que as amizades são puras e sinceras, como no filme em que um menininho judeu, prisioneiro em um terrível campo de concentração – qual centro de concentração não é terrível? –, ficou amigo de um menininho nazista, na pureza que não entende as crueldades do Ser Humano, no modo como o maldito Anel do Poder corrompe até o mais nobre homem, no fascinante personagem Gollum, na eterna obsessão de uma pessoa: PODER, nas palavras de um certa canção pop: “Todo mundo quer mandar no Mundo!”. Aqui é tal traço modernista, simples, cândido, transgredindo deliciosamente os ranços caretas, como uma amiga minha, a qual, ao arrumar o cabelo para uma festa, fez um coque tradicional, mas desistiu do penteado, dizendo para si mesma no espelho: “Olhe como estou careta!”. O ursinho é tal amizade incondicional, num amigo fiel, confiável, para o qual podemos nos abrir sem receio, numa relação de profunda intimidade. Aqui é o desafio de se criar uma criança, impondo limites e incutindo valores na cabeça do infante, mesmo que, para tal, um pai ou uma mãe precisem ser muito duros de vez em quando, nas palavras de minha prima psicóloga, falando de seu próprio lar, com três filhos: “Aqui nesta casa as regras são rígidas!”, e no fundo a criança gosta de receber limites, pois dá a esta a sensação de lar e de envoltório, proteção. O ursinho é fofo, afável, sem qualquer tensão, é uma companhia ideal para dormir, remetendo a uma professora que tive na Pré Escola, pois eu adorava abraçar as coxas fartas da professora, em um ato de puro carinho, no modo como devemos tudo a cada professor pelo qual passamos em vida, pois não se sabe que um país é feito de homens e livros? Não faz falta no Brasil a Cultura Erudita e Civilizatória? Aqui remete ao eterno companheiro do personagem Mr. Bean, o Teddy, no modo como um bichinho pode ser uma companhia, no modo como um rádio ligado também nos dá tal sensação de companhia, numa comunicadora em uma certa estação de rádio, dizendo: “A partir de agora eu te faço companhia!”. Aqui é a hora do recolhimento, quando temos que nos deitar para abraçar mais um dia de deveres e tarefas, no modo como gostamos de estar “nos braços de Morfeu”, dormindo, num ato de extremo prazer, sendo tão duro o momento de sair da cama e entrar no embalo de mais um dia – é um pequeno sacrifício, não? Aqui é um principezinho em um lar de grandes confortos e privilégios, como numa Lady Di, a qual nasceu, cresceu, casou, separou-se e morreu sempre cercada de luxos e privilégios, numa verdadeira aristocrata, na mulher cuja morte “virou o Mundo de cabeça para baixo”, ao ponto de gerar o filmão A Rainha, inclusive com um Oscar merecido para Helen Mirren, uma deusa de atriz, diga-se de passagem. O menino aqui está esperando por uma ordem, no processo do menino virando homem, assumindo o controle de sua própria vida.

 


Acima, Hora da história. Aqui é uma nudez absolutamente inocente, natural, como numa praia de nudismo, na constituição natural, como viemos ao Mundo. O seio é ao órgão nutritivo, na tarefa básica de amamentar. A história é o entretenimento antes de dormir, nas páginas se desdobrando, como uma amiga minha aficionada pelo universo de Harry Potter, na magia de um bom livro, levando-nos a viajar em nosso próprio sofá. A nudez é a naturalidade inocente do Éden, no paraíso para os que gostam de se manter ativos e trabalhadores, havendo no Umbral tal inutilidade, numa pessoa que nada faz de seus dias na Terra, sentindo esta, assim, como uma prisão, no inferno que é a vida de uma pessoa improdutiva, imersa em fofocas sobre as vidas dos outros, numa pessoa que só produz merda na privada, com o perdão do termo chulo. O seio, a teta, é a particularidade mamífera, provendo o filhote, no vínculo entre mãe e filho, um vínculo que, entre os animais, desfaz-se com o tempo, mas entre os humanos dura para sempre, naquela mãe à qual devemos nossa eterna gratidão, uma mãe sem a qual não estaríamos vivendo tal encarnação, na mãe zelosa que trocou nossas fraldas, numa coisa que devemos dizer a um machista: Não se esqueça de que sua mãe também é mulher! O seio é o abrigo do lar, no conforto de um lar com o qual a pessoa está acostumada, havendo o “choque térmico” quando a pessoa sai de casa e abandona os dias de atenção materna, num processo de “desmame”, por assim dizer, sentindo falta dos pequenos zelos maternais, como colocar em cima de nossas camas a roupa quentinha, perfumada com amaciante, recém saída da secadora. O cabelo solto da mulher é tal naturalidade, em algo espontâneo, natural, no zelo de uma cadelinha alimentando a prole, como uma cadelinha mãe que tive, a qual começou a ficar raquítica por amamentar as crias, tendo eu quer prover a cadelinha de suplemento alimentar, tal a dedicação do bichinho. O menino aqui está absolutamente absorvido pela leitura, encantado, como na mãe de Sheldon no seriadão The Big Bang Theory, esfregando Vaporub no peito do filho e cantando uma musiquinha acalentadora de ninar, em pequenas delicadezas que fazem toda a diferença, numa sensação de estrutura de lar, tendo que existir, num casal que mora junto, tal zelo e dedicação, no modo como as melhores coisas da Vida residem em aspectos tão simples, que não custam um só centavo, no modo como não sei quem é mais triste – quem acha que pode vender Amor ou quem acha que pode comprar Amor! O cabelo masculino mínimo do menino contrasta com o cabelo longo da mulher, no jogo de sedução entre masculino e feminino, numa Vênus hipnotizando Marte, trazendo paz aos espíritos conflitantes, na vitória do delicado sobre o bruto. É como um amigo meu, o qual conservou, em sua secretária eletrônica, a mensagem com a voz de sua mãe. É como num episódio de Friends, no qual Ross pediu à irmã chef Mônica que fizesse um molho empelotado, ou seja, mal feito, para que Ross se sentisse comendo o molho que sua velha mãe fazia. É como um senhor que conheci, o qual, ao ver a estrela Dalva no Céu, dizia: “Mamãe!”. Aqui é o momento de entretenimento antes de dormir, como numa casa de meus amigos de infância, na casa em que havia um saco cheio de revistinhas, ideais para o momento de ir ao leito, no modo como eu, um quarentão grisalho de meia idade, gosto de ler revistinhas da Disney, num breve momento de se mergulhar novamente na infância. Aqui é o ato natural dos pais em tomar banho na frente dos filhos, mostrando que nada há de malicioso na nudez, como em tantos artistas que fazem inocentes retratos de nudez, na inocência nua do Éden, antes da serpente trazer as cargas de malícia à Humanidade. O seio é tal maciez, tal delicadeza, num órgão frágil, no costume das amazonas em decepar o seio direito para, assim, poder puxar melhor a corda do arco. É na coragem de uma Sônia Braga, aparecendo em uma cena de filme recente com um dos seios extirpados – a Vida continua, meu irmão.

 


Acima, Madeira flutuante. Aqui é uma sociedade, como no convívio num navio, como em Moby Dick, num convívio forçado, como dentro de um presídio – não morro de amores pelos meus companheiros de cárcere, mas tenho que lidar com estes. Aqui é uma intempérie, num mar revolto e traiçoeiro, exigente, selvagem, na coragem dos desbravadores navegadores, na corrida entre potências europeias para ver de quem seriam tais terras selvagens, com indígenas canibais, em estágios primitivos de Humanidade, muito longe de preceitos civilizatórios europeus, no caminho de depuração civilizatória, como na depuração moral espírita, em espíritos elevados, que odeiam mentir ou dissimular. Podemos ouvir aqui os gritos dos homens, num líder que atravessa um rio cautelosamente, como se soubesse que ali pode ter perigo, como numa cadeira de cursei em minha faculdade, uma cadeira na qual quase rodei, numa professora exigente, de Filosofia, mestre para a qual mostrei que há todo um ramo oriental de Filosofia, que é o Taoismo. Os remos retos aqui são o falo racional, numa simplificação, num caminho reto minimalista entre pontos, numa limpeza mental, como parar de ficar postando tantas e tantas coisas em redes sociais, numa frase de sabedoria popular da qual não esqueço: O que é pouco, aparece; o que é muito, aborrece. Os homens aqui são crescidos, fortes e corpulentos como nos homens fortes de Aldo Locatelli, homens entalhados na dureza da Vida, como nas mãos fortes do colono italiano, “domando” um lote de terra selvagem, numa vida dura, na qual o colono quase passava fome, nas palavras de uma certa intelectual caxiense, a qual muito respeito: “Nós devemos tudo ao colono, e, hoje, chamar uma pessoa de ‘colona’ é considerado uma ofensa!”. Aqui são tais empreendimentos ambiciosos, como na construção das grandes pirâmides do Egito, nos ambiciosos sonhos de Engenharia, na tentativa humana de se aproximar das cidades metafísicas perfeitas, os lugares em que nos deparamos como o fato de que a Vida continua e de que não podemos ficar inativos ou improdutivos, pois qualquer trabalhinho conta e faz parte da construção da Grande Carreira Espiritual, a qual se desdobra infinitamente, havendo na Eternidade tal presente descomunal de Tao, havendo dignidade até no humilde labor de um gari varrendo ruas de uma cidade – nada é em vão. Aqui não há espaço para meninos, mas só para homens, encarando com muita seriedade a instrução das crianças, num menino se fazendo homem, como num certo ator transformista, o qual saiu de casa, aos dezesseis anos de idade, porque, em sua casa, estava insuportável o convívio com seu pai homofóbico, num certo trauma de rompimento, numa questão que deve acarretar mágoas em tal ator. Aqui parece um colapso, com as tábuas se quebrando frente à fúria do Mar, na coragem de desbravadores que vão a terras duras e cruéis como na Antártida, num espírito de “gincana”: Quanto mais difícil, sofrido e áspero, melhor! É como uma pessoa que conheço, a qual, definitivamente, ama tal clima de gincana. Aqui é um sharing, um compartilhamento, um trabalho em conjunto, numa equipe esportiva, trabalhando em equipe, como no processo de criação dentro de uma agência de Propaganda, na qual qualquer um na sala de criação pode dar pitacos e ter opiniões, num trabalho grupal, indo contra os grandes gênios como da Vinci, o qual odiava interferência externas, num trabalho solitário de concepção. Podemos ouvir aqui a fúria das ondas do Mar, na crença antiga de que os confins oceânicos eram cheios de feras marinhas esfomeadas, monstruosas, até o Ser Humano compreender que vivemos numa esfera, entre muitas outras esferas no Universo, na vastidão incrível no Cosmos: Há mais estrelas no Universo do que grãos de areia na Terra – não é um absurdo? As roupas dos homens são de azul marinho, em harmonia cromática com o impiedoso Mar, na questão da harmonia, numa pessoa estilosa, a qual aprendeu, por si mesma, a ter critérios e bom gosto, fazendo da Moda tal meio de autoexpressão, numa pessoa que não gosta de receber ordens para se vestir deste ou daquele modo. Aqui é um trágico naufrágio, como uma pessoa se frustrando e fracassando, no gosto amargo de tal golpe da Vida.

 


Acima, Sedutoras. Aqui temos algo inusitado na obra de Axel, pois se trata de uma imagem em preto e branco. As senhoras cortesãs mostram um pouco de suas roupas de baixo, como na lingerie de Renné Russo no filme The Thomas Crown affair, na sedução entre mulheres insinuantes e machões tradicionais como os da família Kennedy, num arquétipo de masculinidade, como numa Monroe no mais famoso Parabéns a Você da História, instigando a imaginação do público, no modo como numa família tradicional pode haver o máximo de fineza e o máximo de grossura, numa família em que mulher é fêmea e homem é varão, sendo heresia qualquer coisa que se desviar disso. Aqui é como no pudor do Teatro Colón, em Buenos Aires, com arquibancadas tapadas para evitar que as senhoras tivessem suas pernas indevidamente expostas publicamente, no jogo provocante entre pudor e despudor, num jogo de sedução num striptease. Os chapéus são exuberantes, exóticos, no estilo das damas inglesas, em contraste com o siso dos trajes dos cavalheiros, no jogo de sedução entre feminino e masculino, na junção erótica dos opostos que geram o Cosmos, sendo que cada pessoa tem que ter tanto Yin quanto Yang – apenas ter um deles não basta. O cachorrinho no colo é tal domesticação, no homem hipnotizado na plateia do palco de nudez. O cachorro é o lobo mau, aqui domesticado e submetido aos encantos de um Chanel número cinco, na eternidade de tal símbolo de feminilidade, como um senhor que conheci, o qual usava perfume de senhoras – cada um com seu estilo... Aqui podemos ouvir o tradicional cancan, no momento da dança em que o pudor dá lugar ao exibicionismo, no momento em que pudicas senhoras se mostram, num dos trabalhos mais antigos do Mundo, no Showbusiness, ou seja, no Negócio de Mostrar, na crítica mordaz de Allen ao stablishment das celebridades: normalmente, a mulher celebridade é uma mulher vulgar, a salvo exceções. Os trajes aqui são elegantes, como uma certa dama caxiense, apaixonada por Moda e Estilo, desenhando suntuosos vestidos, como nos figurinos de Lucélia Santos no novelão Sinhá Moça, da Globo, com um guardarroupa suntuoso, digno de um aristocrata dos cafezais escravocratas paulistas, numa novela que tanto mostrava a dura realidade dos escravos, tratados como cães num canil, condenados a uma vida duríssima, pois há algo mais brutal do que a situação de escravidão? As damas aqui estão extremamente aprumadas, enfeitadas, na beleza das prostitutas, como vi certa vez, na Rua, um senhor com sua amante, sua mulher número dois, uma mulher tão bela, tão arrumada, na magia das prostitutas, nas ditas “mulheres de vida fácil”, num senhor que levava vida dupla, ou seja, uma vida triste, na qual não estou nem aqui, nem ali. Aqui é um momento de dança, no modo como as Artes abraçam umas às outras – o que seria da Dança sem a Música? Os sapatos aqui são tal alvo de desejo feminino, encantando mulheres em vitrines luxuosas, fazendo do sapato tal forte suporte, como um homem forte, que provê um lar, no salto como o falo que ergue uma mulher à condição de rainha, no mito do sapatinho de cristal de Cinderela, no casulo feio que revela a borboleta bela, no modo como não devemos subestimar as pessoas, porque é exatamente quem subestimamos quem nos surpreende no final, como num certo ator, o qual era tido como superficial e, depois, acabou arrebatando um Oscar, o troféu que zilhões de atores jamais chegarão perto de receber. Aqui é o garbo de uma mulher com autoestima, a qual só sai na Rua se estiver completamente aprumada, no ato de autoestima que é o se perfumar, saindo na Rua inebriando as pessoas. Aqui é um local chic, elegante, no qual a pessoa só entra se estiver arrumada, como no antigo passeio da Rua da Praia em Porto Alegre, com elegantes senhoras clicadas pelos fotógrafos na via elegante, como na foto de minha falecida avó, uma linda moça nos anos 1940, no modo como, ao desencarnar, escolhemos qual aparência queremos ter na Nova Vida.

 


Acima, Sombras. Os galhos são pobres, cadavéricos, talvez numa catarse de um sentimento de solidão, carência e abandono, no poder terapêutico da Arte, na oportunidade do vômito catártico, numa pessoa que expeliu algo que não estava lhe fazendo bem. Vemos duas formas incertas, talvez pessoas, numa relação de companheirismo, como experimentar maconha com o companheiro, numa cumplicidade e numa intimidade. Aqui, são borrões incertos, como em testagens de consultório de Psicologia, com imagens em que o paciente vê o que quer ver, dando ao terapeuta uma visão do momento psíquico de tal paciente, como contemplar as nuvens e ver formas disso ou daquilo. Na extrema direita, vemos algo que parece ser uma casa, numa porta, na abertura vaginal para o conforto uterino, no termo chulo “racha” para chamar as mulheres, em menção ao aspecto da genitália feminina, num aspecto de rachadura. A casa é o eterno retorno, como no fim de O Senhor dos Anéis, com o pacato Sam voltando ao lar para a esposa e filhos, numa vida despretensiosa, quieta, simples, gostosa, na metáfora de Clark Kent e Super Homem: seja uma pessoa pacata e serás um herói. É como no amigo tigre de He-Man: antes da transformação, o tigre Pacato é um medroso trêmulo, incerto, frágil, como em machos sensíveis como Woody Allen; depois da transformação, Pacato vira Gato Guerreiro, o paladino tigre rosnando, num bravo coração de rei, corajoso, enfrentando os inimigos, num ser majestoso e destemido, ganhando a confiança do povo. Aqui pode ser uma paisagem de Inverno, com os galhos nus permitindo a passagem do Sol, no prazer de uma lareira em um dia úmido e frio, recebendo família e amigos em casa, no prazer de receber, servindo café ou birita aos convidados, ao contrário de maus anfitriões, os quais sequer servem um copo de água da torneira à visita – é necessário aprender a receber bem. O quadro aqui, apesar de melancolia invernal, é bastante colorido, como num belo baile de Carnaval. As árvores nuas são tal nudez, tal fragilidade, como numa atriz criando coragem para posar nua, em Playboys majestosas como a de Marisa Orth, Maitê Proença ou Galisteu, causando fenômenos de vendagens, ao contrário da Playboy de Fernanda Young, que Deus a tenha – ninguém está por cima o tempo todo. O céu aqui é rubro, poente, prometendo um belo dia de Sol no dia seguinte, num presságio, um prelúdio, nos ardentes crepúsculos de Los Angeles, a cidade do sucesso e a cidade do fracasso, como num Mel Gibson, até hoje pagando caro pelo controverso filme sobre Jesus Cristo, numa Hollywood que pode ser tão dura e cruel, despedaçando diariamente toneladas de sonhos de sucesso, num negócio em que carisma é essencial, como em bombas carismáticas como Leonardo DiCaprio, ganhando o Mundo. As árvores contorcidas podem ser de um vento, e podemos ouvir o uivo do vento, sentindo no rosto o vento, em atos simples como olhar para um céu azul, encher os pulmões de ar e agradecer a Deus por termos saúde – o melhor da Vida é grátis. As árvores parecem dançar juntas, num continuum, na união cósmica, na Grande Internet Metafísica, à qual estamos todos conectados, para sempre, no absurdo de poder que é a Eternidade, pois passaremos esta toda tentando compreender o incompreensível, que é Tao – não é poder demais saber que jamais findaremos? Aqui é uma paisagem um tanto campestre, como no interior da Inglaterra, com pacatos camponeses fazendo o labor diário, numa vida sossegada, assim como deve ser o líder, uma pessoa que tem que manter a cabeça humilde, respeitando o dia a dia pacato do cidadão comum. É como no estilo de vida pacato de uma Meryl Streep, numa pessoa que sabe que, dentro de nós, temos que ser mais Yin do que Yang, deixando fama e sucesso lá, no Mundo lá fora, como numa humilde Maria Bethânia, curtindo a vida simples baiana, no modo como o estado da Bahia é um país à parte, muito singular, na máxima: Na Bahia é proibido ficar triste!

 


Acima, Trabalho na prefeitura de Kiruna – título não fornecido na referência bibliográfica. Aqui é um rei vislumbrando seu reino, numa extensão territorial tão majestosa, na tendência humana de admirar os palácios mas ignorar os campos, os quais vestem roupas maravilhosas. Aqui é todo um trabalho sendo feito, num arquetípico Ramsés II, tocando obras por todo o Egito, exigindo o máximo de seus súditos, em ambições de Engenharia, nas palavras em Matrix: “O que um homem com poder quer? Mais poder!”, num ser humano que nunca está satisfeito, sempre querendo anexar os territórios vizinhos, ferindo o mandamento: “Não cobiçarás a mulher do próximo!”. Aqui é como na vista da Bahia da Guanabara, em tal poderoso cartão postal, numa Madonna em visita ao Corcovado, disfarçada, passeando rapidamente, no lado amargo da fama, que é a falta de privacidade, numa pessoa que simplesmente não pode sair em paz na Rua, tendo que evitar shopping centers no fim de semana. Podemos ouvir aqui o som do labor, das máquinas, num prefeito dinâmico, tocando obras pela cidade, no modo como as cidades metafísicas são tão limpas e bem administradas, dando inveja a qualquer cidade sobre a face da Terra. Aqui é o amanhecer de mais um dia de produtividade, no Sol galo acordando o galinheiro, na pontinha do obelisco iluminada, nos princípios de um novo dia, nos barcos de O Senhor dos Anéis, levando-nos às praias brancas metafísicas, nos versos da linda canção Into the West: “Os navios vieram para carregar você de volta para casa!”, numa metáfora bela da morte, o momento em que vamos a um lugar maravilhoso, no qual há amizade e produtividade, nos versos de Duca Leindecker: “Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor, e acordei neste mundo marginal”, falando no Plano Físico dos encarnados. Ao fundo no quadro vemos uma urbe, uma cidade, um lugar de moradia, como cristais encravados na terra, numa igrejinha, numa “cidade de boneca”, um lugar aconchegante, cheio de prazer e amor, onde cada um dorme em uma cama confortável, sem passar sérias necessidades, no charme de uma cidade como Gramado, parecendo ser uma cidade doce de chocolate, encantando levas intermináveis de turistas, no poder de tal Meca turística. O Sol aqui nasce majestoso, banhando tudo e todos com luz, anunciando mais uma jornada de labor e dignidade. Os homens aqui são fortes, entalhados nos percalços do labor, num menino o qual, desde cedo, deparou-se com a obrigação de se fazer homem, saindo debaixo da asa dos pais, num menino que está farto de ser menino, querendo ser homem, num rompimento e num “desmame”, por assim dizer, no “choque térmico” que é sair de casa e afastar-se do zelo materno, numa pessoa que aprendeu a cuidar da própria casa, colocando a roupa para lavar e varrendo o chão. Vemos um rio, um lago majestoso, veículo de navios que vêm e vão carregando bens e riquezas, no modo como as cidades litorâneas acabam se tornando capitais, em exceções como São Paulo, a cidade sem mar. Aqui há um grande desafio, que é trazer a civilização a terras selvagens, numa missão civilizatória, na teoria dos antigos astronautas, os quais vieram à Terra para trazer noções civilizatórias a um Homo sapiens ainda muito primitivo e ignorante, algo não tão difícil de se aceitar: se um dia o Ser Humano pisar em Marte, nós, lá em Marte, seremos os alienígenas. Aqui o dia começa cedo, no termo latino Carpe diem, ou seja, aproveite o dia, num bom aluno, que aproveita as lições na Escola, levando a sério os estudos, como uma colega que tive no Ensino Médio, a qual simplesmente não tirava notas abaixo de nove vírgula cinco, num caminho espartano de disciplina, talvez vindo de uma encarnação anterior por sua vez sem foco e sem disciplina, no modo como a Vida vai exigindo que façamos algo de bom com nossos dias aqui na Terra. Aqui as máquinas e os homens formam um continuum de potência e força, num país sendo erguido, como na corrida para construir Brasília, no lema famoso: “Cinquenta anos em cinco”. Aqui ouvimos os sons do labor, com máquinas trabalhando e perfurando, na intervenção humana sobre a Natureza, impondo ordem ao caos.

 

Referências bibliográficas:

 

Axel Törneman. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Axel Rose, digo, Törneman (Parte 1 de 2)

 

 

Falo pela primeira vez sobre o artista sueco modernista avant garde Axel Törneman (1880 – 1925), um pioneiro em seu país. Seu sucesso internacional iniciou em Paris em 1905. Pintou murais e decorou prédios públicos. Pinturas suas integram a Biblioteca Real da Suécia. Uma grande retrospectiva foi feita em 1965 no Museu de Arte Moderna de Estocolmo. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A bétula branca. É claro que temos aqui um Axel impressionista, no boom modernista que tanta formidável transgressão trouxe, libertando a Arte do “ranço” acadêmico, num sopro de renovação como a Renascença, numa Europa de absolutistas desbravando as selvagens terras americanas. A árvore é a firmeza, com raízes profundas, resistindo ao vento e às intempéries, como profundas raízes de um vinhedo, num solo cujo ph tanto influencia uma garrafa de vinho, no curioso modo como os tintos chilenos são tão intensos, fortes e escuros, no terroir chileno: solo + clima. Aqui temos cores douradas de Outono, na canção recentemente regravada dor Diana Krall, Outono em Nova York, numa música que fala que tanta beleza pode ter alguma dor, na inevitabilidade das dores psíquicas, como na canção célebre Porto Alegre é demais, elogiando a urbe dos gaúchos, mas dizendo “Porto Alegre me dói”. Podemos ouvir aqui o gentil farfalhar aveludado das folhas, na magia de uma noite amena de Verão, com o farfalhar de palmeiras hollywoodianas, na magia de uma amena noite enluarada, no romantismo dos enamorados, em jardins tropicais, nos versos da canção Aquarela do Brasil: “Nas noites claras de luar”. Aqui são pinceladas “furiosas”, por assim dizer, com ousadia e ímpeto, na coragem de um artista em encarar o desafio de se tornar célebre, como uma certa popstar, a qual, creio eu, só será devidamente reconhecida e valorizada postumamente, como num Van Gogh, no modo como a Humanidade levou algum tempo para valorizar devidamente o legado de Jesus Cristo, o homem o qual, em vida, deu-se muito mal, oficial e cruelmente executado pelo Código Penal do Império Romano, num homem que, em vida, nunca foi um rei de fato, ressuscitando majestosamente na fé das pessoas, tornando-se, assim, o Rei dos reis, nosso irmão evoluidíssimo, como em personalidades tão amorosas como Chico Xavier, o maior médium de todos os tempos, brindando o Brasil com tal iluminação. Aqui convida a um descanso, na canção Tarde Preguiçosa, de Barbra, pois esta já disse que, na maior parte do tempo, quer deitar sob uma árvore a nada mais fazer, na ironia do modo como foi da Preguiça que nasceram as grandes invenções da Humanidade: Por que me matar de carregar coisas se posso fazer isso numa carroça com rodas? Aqui as árvores sussurram umas com as outras, na Floresta Velha de Tolkien, com árvores míticas, que falam umas com as outras, decidindo punir aqueles dos quais as árvores não gostam muito, como num senhor inteligentíssimo que conheço, o qual sempre diz algo de interessante, dizendo ele: “Eu estou lendo as árvores!”. Aqui é um fértil pomar, no costume do colono italiano de, ao visitar o colono no lote vizinho, sempre levar de presente alguma coisa do próprio pomar, num gesto de cordialidade e de boa vizinhança, como no espírito Patrícia, a qual, ao desencarnar, perguntou onde estava, recebendo a resposta: “Entre amigos”. Aqui os troncos são fortes, remetendo ao alarmante índice de desmatamento na Amazônia, chegando a um ponto em que temos que ouvir os ecologistas, pois a Humanidade, realmente, não tem par aonde ir fora da Terra, ou seja, temos que cuidar de nossa casa, mas não de forma xiita, como certos ambientalistas jogando molho de tomate num quadro de Van Gogh, um inocente artista que nada tem a ver com questão de Ecologia, ou seja, é puro vandalismo. Aqui são os ciclos da Natureza, na genialidade ao redor das árvores como o plátano, dando refrescante sombra no Verão e Sol quentinho no Inverno. Aqui é um Central Park tomado de dourado, na hora de reforçar as cobertas na cama, no sábio homem de Tao, o qual vê a dança das estações, no eterno retorno, como no fim épico do filme 2001, com o feto retornando ao Imaculado Útero, na Grande Família Estelar, à qual todos pertencemos.

 


Acima, Bretons I. Aqui é uma certa vulnerabilidade, com uma idosa numa bengala. A bengala é tal suporte e respaldo, no inverno da vida. O xale é o abrigo, o resguardo, uma proteção em um dia frio. O xale é o trabalho de artesão, numa ironia de metalinguagem aqui – obra de artista falando de obra de artista. As cabeças cobertas são tal decência, tal reserva, como na dona de casa se arrumando com um lenço na cabeça, encarando mais um dia de obrigações no lar, na patroa gritando para o marido: “Eu me matando para manter esta casa limpa e organizada!”. Aqui é tal fragilidade, numa pessoa sentindo o peso da idade, tendo dificuldades de locomoção, como uma senhora que conheço, com um grave problema na coluna, sem poder caminhar com facilidade, nessas limitações de saúde – cada um de nós encara tais limitações, pois não há vida perfeita. Aqui é um quadro silencioso, como num prédio habitado por pessoas idosas, num glorioso e quieto silêncio, numa fase da vida em que temos a maturidade para enxergar as porcarias que fazemos quando éramos jovens demais, não sendo muito bom ser adolescente, numa fase da vida em que fazemos tantas merdas, com o perdão do termo chulo. Aqui são os furiosos traços modernistas, negando a fotografia acadêmica, num estilo que veio para transgredir, no modo como as novas ondas sempre vêm, trazendo sopros joviais de renovação, dando uma matiz para cada época, na jovialidade transgressora, como no estilo extravagante de uma Lady Gaga, trazendo tanta jovialidade ao tapete vermelho, como numa Sharon Stone em início de carreira, chegando coberta de joias numa entrega do Oscar, num momento em que Hollywood trazia estrelas tão sisudas e “nuas”, por assim dizer, no modo como esta desglamurização de Hollywood fez surgir uma febre em relação às supermodelos, no modo como o público sempre quer ver glamour e luxo, em povos antigos contemplando o glamour das estrelas no céu noturno, fazendo da Arte tal magia, tal luxo que tanto nos encanta, em objetos dotados de poderes mágicos, no modo como a adoração midiática deu a Diana tais poderes mágicos, num carisma de transcender em um reino em que o máximo ao qual uma pessoa pode chegar é à Realeza. A senhora aqui é tal vulnerabilidade, num corpo envelhecido, cheio de histórias para contar, como num homem experiente e viajado, encantando as donzelas com contos de viagens e aventuras, na sedução entre o Yin virginal com o Yang experiente. Aqui é uma reunião de senhoras, tricotando nos dois sentidos – literal e figurado, que é a básica fofoca. É uma pequena comunidade, numa identidade feminina, numa Margareth Thatcher, julgada pela misoginia social na qual uma mulher tem que dedicar exclusivamente aos filhos e ao lar, num mundo que vê com maus olhos a mulher independente – como ousa uma mulher se como um homem? Aqui é um beijo precursor entre Impressionismo e Modernismo, no poderoso advento da Fotografia, libertando a Arte da tarefa retratista. Aqui é tal caminhar frágil, com dificuldade, numa necessidade especial. Aqui é a imposição social do vestido à mulher, na transgressão de Chanel, trazendo o tailleur, num ícone de feminilidade, trazendo em Monroe uma das maiores tacadas de Marketing da História, quando a diva disse que nada mais usava para dormir do que duas gotas de Chanel número cinco, em tal ícone de feminilidade, numa artista de esmagador talento. Neste quadro não há comiseração, pois parece que ninguém está se preocupando com alguém aqui, numa indiferença, com cada pessoa cuidando de sua própria vida, sem sentir pena uns dos outros. A cena é um tanto escura, em momentos antes do abandono e da morte, numa pessoa que se vê desamparada, abandonada, solitária. A bengala é tal falo racional, na necessidade racional de se ouvir sempre a razão, e não só o coração, num coração que pode ser traiçoeiro e nos enganar tanto: se estou na fossa na cidade x, estarei na fossa na cidade y. Esta travessia traz uma certa dificuldade, num líder cruzando cuidadosamente um rio, como se soubesse que ali tem perigo, num líder que nunca expõe suas tropas ao perigo, num caminho de bondade.

 


Acima, Café noturno I. Um casal parece estar dançando Flamenco, essa dança tão sensual de sedução e vitalidade. Aqui o salão de baile arde com muita música, num contagiante salão de Carnaval, com furiosos tambores africanos, nesse blend tão único como a Música Brasileira. Um bom espumante repousa no gelo, na bebida de confraternização e brinde, em espumantes tão tradicionais como o Veuve Clicquot, custando 500 reais a garrafa, a bebida servida por Dom Pedro I na festa de comemoração da Independência do Brasil – bebida de rei. Os desenhos dos vestidos das senhoras são quadriculados, como pastilhas compondo uma parede, no Modernismo que tanto contesta o tradicional retratismo acadêmico. As senhoras vestem elegantes vestidos e chapéus, como uma extinta casa noturna de Caxias do Sul, com a anfitriã impecavelmente aprumada recebendo os fregueses, num salão de baile todo iluminado, sem chance para agarramentos em cantinhos escuros – uma casa de família. Os chapéus das senhoras são atrevidamente exóticos, como em damas inglesas num domingo, só tirando o chapéu ao fim do dia de folga, na tradicional aparição dominical ao balcão da Família Real Inglesa, numa recém desposada Kate Midleton dizendo “Uau” ao ver tal multidão de admiradores súditos, numa moça que aceitou uma proposta de casamento ao pensar: “Quando terei outra chance de ser uma rainha de verdade e reinar sobre um terço da Humanidade?”. As taças de espumante brindam um momento de festa e euforia, na ancestralidade da birita, partindo do saquê japonês, passando da vodka russa até chegar ao rum mexicano, nas palavras de um certo personagem de sitcom americana: “As pessoas não ligam para o gosto do Álcool; as pessoas gostam dos feitos do Álcool”. Os vestidos são elegantes e aristocráticos, luxuosos, numa mulher que muito se arruma para sair de casa, como uma certa dama caxiense, a qual só sai de casa se estiver absolutamente aprumada e enfeitada, num caminho de autoestima, como no hábito de se perfumar, saindo na Rua e deixando no ar tal odor agradável. Um senhor tira gentilmente o casaco de uma dama, num ato de cordialidade e cavalheirismo, como me disse certa vez uma menina: “As meninas gostam de meninos corteses e gentis!”, ou seja, as mulheres ODEIAM cantadas agressivas e ofensivas, sentindo-se um lixo ao receber tal cantada agressiva, na máxima popular: “Respeite as minas!”, ao contrário de um certo “intelectual” , o qual, em sua insanidade, dizia que as mulheres têm que aceitar tais desrespeitos. As moças formam um aquário multicolorido, na magia de cores e odores perfumados, encantando os cavalheiros, como na tradicional Rua da Praia, de Porto Alegre, a qual, nos anos 1940, abrigava tal endereço de elegância e garbo, com pessoas se arrumando para passear por tal via, no ato de autoestima que é uma pessoa se arrumar para ir a um café. Aqui é tal momento de descontração, numa festa em que o siso do dia a dia fica do lado de fora, como num baile de Carnaval, deixando para lá, por um certo tempo, as exigências sisudas da Vida, no direito do cidadão de ter um momento de diversão, contemplação e descontração, como numa Gisele passeando por um parque portoalegrense, clicada por cidadãos que não respeitaram o momento de lazer da modelo, no modo como pode ser complicada a vida de uma pessoa tão midiática, midiaticamente visada e exposta. Ao fundo do quadro vemos garbosos cavalheiros com cartolas, tais símbolos de elegância, num Winston Churchill de cartola recém eleito, com a rainha Elizabeth II lhe perguntando: “Você governará o povo em meu nome?”. Aqui remete ao hábito portenho de boemia: a festa começa só às três da manhã, indo até as oito horas da mesma manhã. As mulheres aqui não são prostitutas fáceis, e não estão a venda por um precinho pequeno, num caminho de autoestima, como se essas moças soubessem que respeito é para quem se dá ao respeito. Aqui é festa, longe das obrigações rotineiras.

 


Acima, Café noturno II. Os vestidos aqui são de uma impressionante suntuosidade, num sonho de designer de Moda. São o garbo e a elegância, em mulheres com autoestima, que se arrumam para eventos sociais. Podemos ouvir aqui o som da música que recheia o salão, no aroma de tabaco, como voltar de uma balada em uma boate, fazendo com que voltemos para casa fedendo a cigarro, na ironia de que chegamos a tais boates de banho tomado, roupas limpas e pele perfumada. Aqui é tal ambiente luxuoso, com pessoas que se arrumam para sair de casa, nesse ato de autoestima, ao contrário de uma certa senhora que conheço, a qual carece de tal autoestima, numa senhora que sai de casa com qualquer roupa, com o cabelo de qualquer jeito, e isso não é autoestima. Os espartilhos aqui são tal misoginia estilística, forçando a mulher a tal incômodo, como na Rose de Titanic, sufocada com seu espartilho, nas imposições sociais cruéis, em figuras libertárias como Coco Chanel, uma espécie de feminista, nos sopros de renovação da Moda, trazendo cidades como Paris, ditando Moda ao redor do Mundo, em uma urbe cheia de excitação e novidade, imitando as urbes metafísicas, nas quais cada momento é novo, cheio de frescor de novidade. Vemos aqui um elegante senhor de reluzente cartola, como num cabelo aprumado com gel, brilhando, num cavalheiro que sabe que, se quiser uma elegante dama, tem que ser um elegante cavalheiro, em casais contrastantes, nos quais a mulher se arruma e o homem nem tanto. O carpete aqui é de luxuoso vermelho, no luxo do tapete das celebridades, num ato de evidência, como num engarrafamento de estrelas no tapete vermelho do Oscar, com uma plateia ensandecida, gritando para Barbra Streisand, por exemplo. Os vestidos fartos se arrastam pelo chão, num luxo elegante, como em momentos especiais como um baile de gala, num momento em que a pessoa se esforça para ter a melhor aparência possível, imitando a plenitude de beleza dos espíritos desencarnados no Céu, o plano da eterna juventude e da inabalável beleza, a nossa verdadeira morada, fazendo da Terra tal mero lar de passagem, um lugar que é uma rigorosa escola, a qual cursamos, formamo-nos e retornamos ao lar ao fim de tal aprendizado. Um espumante repousa num balde de gelo, numa pessoa mantendo a cabeça fresquinha e despreocupada, em dias agradáveis e noites amenas, num sabor de refrescância, em sedutores comerciais de refrigerantes, dando-nos uma tosca amostra do frescor de juventude eterna, em espíritos livres e desencarnados, emoldurados por uma luz, nos belos versos de uma canção recente do astro pop Robbie Williams: “Eu amo minha vida! Eu sou belo! Eu sou poderoso! Eu sou livre! Eu amo minha vida! Eu sou maravilhoso! Eu sou mágico! Eu sou eu!”. É a importante questão da autoaceitação, do eu gostar de ser eu mesmo, nunca querendo ser outra pessoa, nesse grande desafio de autoestima. Realmente, este é um salão elegante, no qual não há espaço para feiura ou vulgaridade. Os elegantes chapéus das damas são tal coroação, como numa solene cerimônia de formatura, coroando anos de esforço, disciplina e dedicação. Aqui remete um pouco a Toulouse Lautrec, com suas damas prostitutas excitando os rapazes na cena de boemia parisiense, no grande filme Moulin Rouge, numa celebração de referência à Cultura Pop, cheio de canções que fizeram sucesso nas rádios, atravessando gerações. O vestido é tal sedução feminina, num homem travesti tão deslumbrado por tal plenitude feminina, em atos de travestismo em honra à Grande Mãe, a suma divindade feminina de As Brumas de Avalon, com altares de deusas pagãs sendo substituídos por imagens de Nossa Senhora, em todo o mito ao redor de Elizabeth I, conquistando a fé do súdito, regente considerada por este tal Rainha Virgem, no modo humano de tentar compreender a Imaculada Conceição que gerou a todos nós. Aqui é o saudável ato de boemia, no fervo da juventude, numa fase que tem que ser vivida e, depois, deixada para trás, em momentos sendo vividos em seu próprio tempo.

 


Acima, Fazendeiro britânico. É claro que aqui nos remete a Van Gogh, no inevitável modo como os artistas vão influenciando uns aos outros, em artistas importantes, que fazem escola, sendo gurus de jovens artistas iniciantes. Aqui também remete a Munch, no grito em uma ponte, que é a travessia existencial, nos desafios de se cruzar tal ponte, com o perigo de perecer no rio, numa pessoa sábia, que sabe que pode haver perigos em tal travessia, na questão da precaução sendo aprendida. Aqui é uma bucólica fazenda, no modo como a pacata vida rural encanta as pessoas da cidade, como Luiz Carlos Barreto, o famoso Barretão, falando certa vez, em uma fazenda de locação de um filme: “Coisa boa este cheiro de bosta!”. Aqui são terras vastas, num reino fértil e vasto, como na enorme extensão do rio Nilo, provendo um Egito em meio a tantas paisagens desérticas, nas estações de inundamento de tal rio, trazendo fertilidade a campos de trigo e outras culturas, na cerveja do Antigo Egito, a bebida que perdura soberana até hoje no Mundo, na atemporalidade humana, na canção da banda Propellerheads: “Ouço dizer que a revolução está próxima, mas, para mim, é a história se repetindo”. É no modo indígena de ver o Tempo não de forma linear, mas cíclica, com a pessoa nascendo, crescendo e morrendo, colocando na tribo crianças que seguirão o mesmo destino, na noção civilizatória de marcar o Tempo em registros lineares, entre ontem, hoje e amanhã. A cena aqui traz o encanto sonoro de pássaros, no farfalhar dos campos em meio ao vento, num cenário de tanta paz, numa pessoa centrada, objetivada, encontrando, assim, paz em seus dias, pois a Vida é um inferno para os que não têm norte, na delícia que é cursar uma faculdade, pois, nos anos de faculdade, a pessoa está centrada, com o objetivo de se formar, esforçando-se e dedicando-se para fazer muito bem feitos os trabalhos que os professores exigem, enchendo o mestre de orgulho. O senhor aqui é de meia idade, um homem vivido, numa vida de labor rural, na vida dura de colono italiano no Sul do Brasil, com as mãos tão calejadas, curtidas por anos de labor agrário, como nas mãos calejadas de uma Scarlet O’hara, a menininha mimada e fútil que, no horror da Guerra Civil Americana, viu-se forçada a reassumir o controle da fazenda de Tara, encarando o duro labor de colhedor de algodão no Sul dos EUA, numa história de força e superação, num personagem que cresce, como Oscar Schindler, o playboy fútil que acabou se sensibilizando com os problemas do Mundo; como o Dr. Ernest Menville de A Morte lhe cai bem, questionando a futilidade da poção mágica que dava a eterna juventude, no personagem dizendo: “Isto não é uma bênção; isto é uma maldição!”, nos versos de Freddy Mercury: Quem quer viver para sempre neste mundo complicado como a Terra?. Aqui remete ao pacato interior inglês, com suas chaminés combatendo um país tão frio e úmido, numa vida pacata e centrada, na lição de Tao: Entenda a força do Yang, mas seja mais Yin dentro de você mesmo. É como na pacata vida da respeitada Meryl Streep, uma pessoa discreta, que sabe o valor de uma vida sossegada e despretensiosa. Os campos cultivados são o esforço e o trabalho, numa terra “domesticada”, por assim dizer, na revolução que foi o advento da Agricultura, no momento em que a Humanidade passou a controlar a produção de alimentos, deixando para trás a era dos caçadores coletores. O homem aqui é sério, e representa a dignidade de seu lar e de seu labor, numa pessoa que vive com os pés no chão, sabendo que não pode haver luta e que não pode faltar trabalho, nas palavras do respeitado DiCaprio: “Realmente, não pode faltar trabalho”, pois como pode ser feliz e saudável uma pessoa que nada faz de seus dias aqui na Terra? Não é o Desencarne que nos mostra que, depois de morrer nosso corpo físico, continua, no Plano Metafísico, a questão de nos mantermos ativos e produtivos? O homem aqui é senhor de si mesmo, como no viril personagem Conan, negando-se a ser um coadjuvante príncipe consorte: Grande ou pequeno, meu reino será meu de mais ninguém.

 


Acima, Jovens. Aqui temos um forte traço modernista, desafiando a Arte Tradicional Acadêmica, no modo como a Renascença transgrediu a Arte Gótica, em inevitáveis sopros de renovação, nos versos cantados por Elis: “É você que é mal passado e que não vê que o novo sempre vem”, em grandes revelações como uma Lady Gaga, a estrela de trouxe de volta a jovialidade ao tapete vermelho das celebridades. O jovem aqui se encontra com uma moça, a qual está de costas, discreta, coadjuvante, como no casal em que o homem é patriarcalmente mais alto do que a esposa: A mulher, em seu discreto papel coadjuvante, é essencial para que, em comparação, consideremos o homem alto, no discernimento taoista: Se digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio. Os cabelos da moça são arrumados, domesticados, no garbo de interação social, numa pessoa que não pode sair de casa de pijama, no modo como, já ouvi dizer, a mulher se arruma não para os homens, mas para as outras mulheres, na competição para ver qual delas é a mais deslumbrante, na inevitável competitividade do Mundo, como na universalidade competitiva dos Esportes, reunindo toda essa juventude em tempos de Jogos Olímpicos. Aqui há um contato, uma intimidade, num nível de proximidade em que se esvaem quaisquer tensões, numa entrega existencial, no mágico momento em que abro, para outra pessoa, minhas tristezas, no nível de intimidade de duas pessoas, na privacidade do lar, comendo juntas da mesma panela, sem as formalidade formais de pratos individuais, em contraste com a interação social, na qual há a formalidade social da mesa de refeição, com cada um com seu prato. É num delicioso dia a dia, com ela tomando café da manhã no colo dele, trocando sempre beijinhos – a Vida não é boa quando é simples? A cor azul aqui é tal “blue”, tal tristeza, num gênero musical americano que tanto toca em nossas tristezas, nos versos de uma certa popstar: “Eu sei rir, mas não conheço a felicidade”, numa mulher a qual, por mais que sorri, tem sempre os olhos tristes, nos versos de outra canção dela: “O caminho é solitário”. É numa pessoa procurando por um amigo, um ombro, um respaldo, uma relação. O jovem está cabisbaixo, triste com algo, abrindo-se para a companheira, no modo como as dores existenciais são inevitáveis – o que pode ser evitado é o sofrimento por tais dores, como uma pessoa que acha que só para ela mesma a Vida é dura e difícil, no modo como não existe tal vitimização, pois Tao não faz diferença entre seus filhos, pois cada um destes é único, cheios da perfeição de Tao, o impecável. Aqui parece que os dois se banham juntos, no nível de intimidade em que me sinto à vontade para estar nu perante a mesma pessoa, no modo como já li que a mulher gay, extremamente masculina, não gosta de aparecer nua perante outra pessoa, pois tal mulher não se identifica com o seu próprio corpo feminino – é a questão das identificações. O corpo do rapaz é vigoroso, como nos homens corpulentos de Aldo Locatelli, homens entalhados no labor braçal, servindo de modelo para gênios como um da Vinci, um precursor de conhecimento, trazendo elucidação muito antes da Revolução Científica, num homem que viveu tanto à frente de seu próprio tempo, em pessoas subestimadas, como num Jesus, ressuscitando na fé do Mundo depois da brutal crucificação. Aqui a nudez é pura e inocente, como no Éden antes da maçã do pecado, quando a serpente da malícia fez com que Adão e Eva cobrissem suas próprias genitálias, no modo como a nudez em si nada tem de malícia, como nas genitálias mínimas dos homens de Michelangelo, como uma professora freira que tive, a qual dava aulas de Educação sexual para combater a malícia do jovem aluno. O homem aqui está acima da mulher, centrado no trabalho, na firma, ao contrário da moça, que está centrada no casamento, num choque de discordância, como num casal que conheço, o qual se separou, talvez num “príncipe” que virou “sapo”, e não o contrário; talvez num homem que deixou murchar a gentileza, o cavalheirismo e o romantismo – toda mulher quer se sentir uma rainha.

 

Referências bibliográficas:

 

Axel Törneman. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.