quarta-feira, 31 de agosto de 2022

C de chic; C de competente

 

 

É com orgulho que anuncio a marca de 300 (trezentas) postagens em meu blog, somando este com o “Blog desde 2015 por Gonçalo Mascia”. A você que acessa, o meu muito obrigado.

 

Falo pela única vez sobre o artista americano Edmund C. Tarbell (1862 – 1938), um grande impressionista, pertencendo a numerosas coleções, como a do queridinho novaiorquino Met, sendo um mestre multipremiado e multimedalhado. Integrou o movimento “Dez Pintores Americanos”, o qual foi sucesso de público e crítica, num grupo primando pela originalidade e pela imaginação. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A Carta. A carta é uma revelação, algo sério. É algo que a Vida vai revelando, no modo como a passagem do Tempo faz com que tais fatos fiquem claros de ser observados, como no grande plano divino de Tao, que quer que vejamos que somos todos irmãos, no incansável intuito do padre na missa, sempre nos lembrando de tal irmandade, desejando que o fiel saia do templo sem esquecer do que ouviu no sermão. Os livros empilhados são a erudição, como num certo prédio que é sede do Ministério da Educação de um país, numa arquitetura corajosa e vibrante, num prédio com o aspecto de vários livros empilhados, como numa escada, no esforço das instituições de Ensino em incentivar o jovem, desde criança, a ler, na construção de um país, como num Brasil ainda tão carente de abundância de produção de Cultura Erudita, a cultura que forma cidadãos de bem, letrados, polidos, como no impecável povo japonês, um povo polido, rico e limpo, no incrível modo como o Japão tem os maiores índices de suicídio do Mundo, no fato de que dinheiro, apesar de útil e necessário, não traz muita felicidade. A moça aqui está completamente absorvida pela leitura, séria, alienada de tudo ao redor, numa capacidade de concentração, como ler um jornal em um ambiente barulhento mas, no momento da leitura, simplesmente esquecer-se do barulho ao redor, como no sofisticado jogo de luzes de Martin Scorcese em A época da Inocência, com os personagens totalmente absortos na leitura de algo ou na percepção de algo, no personagem iluminado e com o ambiente atrás escurecido, na capacidade de certos diretores em atingir efeitos tão belos e contundentes, num diretor que se revela mestre no ofício, merecendo os tão ambicionados e disputados Oscars, numa Hollywood obcecada por sucesso e dinheiro, no modo protestante de crer que Deus quer que sejamos ricos, ao contrário do voto católico de pobreza de padres e freiras, no momento de rompimento entre Catolicismo e Protestantismo, na arrebatadora cena inicial do filme Elizabeth, com protestantes sendo executados da forma mais cruel possível, que é ser queimado vivo, pois, não canso de dizer, NADA MAIS HUMANO DO QUE SER DESUMANO. A janela aberta é tal abertura e esclarecimento, num fato sendo revelado, talvez um fato não tão doce ou agradável, como uma pessoa que descobriu ter Câncer, encarando as vicissitudes as quais acabam por ocasionar um grande crescimento e uma grande depuração ao espírito encarnado, como um aluno cursando os semestres de uma faculdade, tendo que empreender um esforço de anos para chegar ao cobiçado diploma, na coroação de muitos anos de esforço, desde a Pré Escola, com inúmeros dias de aula. As flores são a beleza da Vida, numa explosão primaveril, numa promessa de renovação, de desencarne, como numa aposentadoria, a qual só pode ser vista de forma metafórica, pois absolutamente ninguém pode parar de lutar pela Vida, sendo tediosa e enfadonha a vida de uma pessoa improdutiva. O abajur é o esclarecimento, num fato sendo revelado pela tal carta, como no quadro similar de Rodolfo Amoedo, na mesma revelação de uma carta. As cortinas são os lábios vaginais, como um artesanato de renda, da feminilidade do receptáculo, como na reclusão de Jeannie é um Gênio em sua garrafa introspectiva, na reserva plácida do lar. A cadeira é o descanso depois de um esforço muito grande, numa pessoa que sabe que não pode trabalhar demais. O pescoço da moça aqui está dolorido, tal a dedicação à leitura, num trabalho um tanto árduo, como qualquer outro.

 


Acima, As Irmãs. As moças são o glorioso modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, no modo como nos encontramos lá em cima com nossos entes falecidos, como uma bisavó, a qual, mesmo não tendo nos conhecido na Terra, ilumina-nos a todos com amor incondicional, numa pessoa com o coração generoso, que considera o próprio sobrinho neto como neto, num coração generoso e agregador, no talento de certas pessoas em manter coesa uma família. As irmãs são o ponto de intimidade, em relacionamentos que perduram pela Vida toda, mesmo com irmãos estando morando em cidades diferentes, no modo como o psicológico se sobrepõe ao espacial, ao contrário de uma pessoa que foi minha vizinha no mesmo andar do prédio onde moro, uma vizinha a qual, apesar de estar a dois passos de distância, estava, naquele momento, espiritualmente distante de mim, no discernimento de uma certa psicóloga, a qual não considerava a passagem do Tempo, mas os eventos psicológicos na minha vida. As moças são a educação, a disciplina e a espera, na famosa passagem em que Evita Perón fez, de propósito, com que senhoras da Aristocracia Rural Argentina esperassem por Eva por várias horas, numa Evita bem controversa: uma deusa virgem para o proletariado argentino e uma puta filha de uma puta para o resto do país, com o perdão do termo chulo, numa figura que, apesar de tão polêmica – amada e odiada –, segue como a figura mais emblemática de toda a História da Argentina, numa Evita que não conseguia imaginar a Vida sem inimigos, neste talento humano para a desavença. As moças aqui são a espera, numa pessoa que aprendeu a esperar pelo momento propício, num exercício de disciplina e de paciência, como ter a paciência numa sala de espera de algum consultório médico, num médico o qual, além de nos fazer esperar bastante, sequer pede desculpas por nos fazer esperar, na arrogância de Luizinho em crer que a agenda de todos tem que girar em torno da agenda de Luizinho – é muita grosseria, meu irmão, com o perdão do desabafo aqui! As moças são a introspecção, numa reflexão, numa aula de Filosofia, remetendo a uma professora de Filosofia que tive na minha faculdade, uma professora extremamente dura e exigente, que exigia que os alunos dessem provas de que entenderam o pensamento de um determinado filósofo – em toda minha faculdade, foi a única cadeira na qual passei raspando, com nota mínima, e foi Tao que me salvou no exame final da cadeira, mostrando à professora que há todo um ramo taoista e budista de Filosofia. A camisa de uma das moças é azul, num glorioso Céu de Brigadeiro, no modo como em Londres, na cinzenta e úmida Inglaterra, tem poucos dias assim, de tanto Sol, numa Barbra cantando a canção On a clear day, ou seja, Em um dia claro, numa pessoa que sabe quem é, e dá graças a Deus por ter nascido de tal forma, no caminho do Amor, que é a pessoa amar quem é e amar onde está, no caminho do contentamento, talvez numa pessoa que finalmente conseguiu alta num consultório de Psicologia, no modo como é sofrida a vida de uma pessoa que não aceita a si mesma, querendo estar em outro planeta, querendo ser outra pessoa. Uma das irmãs esta e chapéu; a outra, não. É o modo como todos temos dois olhos – um moderno e um clássico, como uma certa popstar, a qual, apesar de ser uma mulher muito religiosa e espiritual, agride os preconceitos do Patriarcado. O chapéu é o garbo e a elegância, numa pessoa com autoestima, que se arruma para sair de casa, numa pessoa que faz questão de se aprumar muito bem antes de ir trabalhar, preparando-se para mais um dia de labor, ao contrário de uma pessoa sem autoestima, a qual sai de casa de qualquer modo, como uma certa atriz americana, a qual vai desarrumada a premiações e eventos de gala, talvez com o intuito inconsciente de agredir o Mundo – vai saber? Aqui é o nível de intimidade de duas pessoas que podem conversar telepaticamente, sem proferir uma palavra. As irmãs são a crença de que todos viemos da mesma “barriga”.

 


Acima, Devaneio. A mão é um suporte, numa vida centrada em torno do trabalho, num homem realista e pés no chão, talvez decepcionando sua própria esposa, a qual acreditara que tudo estava centrado no casamento e na relação romântica, talvez num casamento em que o calor da relação esfriou, numa mulher cujas expectativas foram sendo frustradas uma a uma. Aqui é uma mulher sendo sustentada, nesta fria que é a ser obrigado por lei a sustentar uma ex esposa a qual não mais faz parte da vida do homem. O pescoço aqui está atado e disciplinado, num caminho de disciplina, numa mulher que “domou” um homem e colocou este na linha, na Mulhergato domando Batman com chicotadas, na seriedade por trás de um casamento, o qual só perdura se houver paciência mútua entre os cônjuges, como numa banda de Música, a qual é um casamento sem Sexo, sendo difícil manter coesa, por décadas, uma banda, como num longevo U2, ao contrário do violento desfalque que foi a saída de Slash dos Guns and Roses, numa pessoa que passa a perceber que a Vida tem que continuar sendo tocada para frente, num artista forte, que tem a força para virar as páginas, encarando o fato de que ninguém está por cima o tempo todo, como no brilho estelar monstruoso de Gisele, a qual não deslanchou na carreira de atriz, no fato de que todo mundo toma no cu, com o perdão do termo chulo. As vestes aqui são macias, virginais e sensuais, numa sedutora cama de lençóis de cetim, numa noite romântica, num dia o qual, inevitavelmente amanhecendo, traz a dureza de mais uma jornada de trabalho, numa Quarta Feira de Cinzas que sempre chega, não importando o quão colorido e alegre foi o Carnaval, na seriedade da Vida, numa pessoa que colocou a si mesma numa degradante situação de Rua; numa pessoa que quer, com todas as suas forças, fugir da seriedade da Vida, na sábia recomendação de que não se deve dar esmolas, pois estas só incentivam a pessoa a permanecer em tal situação patética, pois o Mundo pertence aos que encaram a luta, meu amigo. A moça aqui está imersa em pensamentos, ponderando, talvez tendo que fazer uma escolha, talvez selecionando um pretendente, avaliando os prós e contras, talvez com medo de que nunca algum homem vai propor casamento a ela, nesse “desespero” que as mulheres têm em se casar, no eterno exemplo de uma Grace Kelly, a qual abandonou uma carreira brilhante para virar dona de casa, no frigir dos ovos, talvez numa Grace que não soube conciliar carreira com a função (enfadonha) de princesa. A luz entra aqui suave, refletindo as belas vestes alvas, como brumas londrinas, ou como a cerração na Serra Gaúcha, no modo como temos que arranjar algo de nobre para fazer nesta tarde brumosa que é a Vida, na dúvida cinzenta que tanto testa e fé do ser humano, como no Castelo de Grayskull do universo de He-Man, um lugar que sofre a disputa entre as forças do Bem a as forças do Mal, no modo como só há um lugar para o espírito ir, e todo o resto são caminhos de carência e privação – não existe bipolaridade, pois só existe o Bem. A moça aqui está com os cabelos arrumados, talvez indo ou vindo de um evento social, no momento que exige que nos arrumemos, no caminho da autoestima, no caminho espiritual de perceber que somos todos filhos legítimos do mesmo Rei, e que as diferenças na Terra são ilusões as quais não sobrevivem ao Desencarne. A moça aqui é uma embalagem de Leite Moça, e sua pele é quase tão alva quanto o vestido, como numa pureza da Arwen de Liv Tyler, a donzela élfica que é a Estrela Vespertina de seu próprio povo, na capacidade de uma pessoa em atingir o nível estelar e sendo vista como uma estrela apolínea no Céu, sem gênero, sem nacionalidade. O semblante da moça aqui é um tanto triste, talvez levando um fora de um rapaz o qual ela amava, talvez tendo sonhado em casar com tal amado, num machucado sentimental o qual vai sarar; o qual fará desta moça uma mulher mais forte. O ambiente aqui é muito silencioso, e ouvimos o farfalhar das roupas finas desta jovem senhora.

 


Acima, Educando os Cavalos. O cavalo é a combinação entre ímpeto e elegância, num ímpeto de avassalar a Mundo, numa chama interior que nunca esfria, na beleza de um sonho que vai sobrevivendo às intempéries da Vida, na vitória da beleza sobre o horrível; na vitória da verdade sobre os sinais traiçoeiros da mentira. O cavalo é um ser selvagem que foi condicionado à Vida em Sociedade, no sentido da canalização da energia, numa pessoa que tem que encontrar um modo de canalizar sua própria energia criativa, ao contrário de uma pessoa desajustada, que vive ao sabor do vento, sem se centrar, pois a Vida dá uma deliciosa recompensa aos centrados e ajustados, numa pessoa que manteve o foco, mantendo tal “fome”, tal vontade, tal sonho, “temperando” a Vida com deliciosas especiarias, num surfista que tem tesão por um mar cheio de ondas e desafios, ao contrário de um prostrante mar sem ondas, como no alpinista com tesão pela montanha a ser escalada, no modo como a pessoa tem que ter tal força para se encontrar, no caminho da identidade, da pessoa saber quem ela é. Aqui temos um machismo social, pois só ao homem é permitida tal aventura, no claro modo como a Seleção Masculina de Futebol do Brasil ganha muito mais atenção do que a Feminina. Aqui é o machismo de que a mulher não pode montar um cavalo tal qual um homem, na moça que se vê obrigada a sentar na sela com as pernas na mesma direção, castrando assim a sensação de excitação e aventura que é montar um cavalo com uma perna de cada lado da sela. Aqui a mulher assiste tal privilégio masculino, relegada à vida de dona de casa, tendo que cuidar das crianças aqui, no termo machista hitlerista: “Igreja, Cozinha e Crianças”, num Hitler ínfimo ao ponto de trazer vergonha aos membros da sua própria família. A mulher olha para os cavalos querendo fazer tal montaria, no caminho feminista em que uma mulher pode ser exatamente tão boa quanto um homem, numa menina que se identifica com o masculino, como numa altiva Berenice Azambuja, um ícone da Música Gauchesca, rechaçando o doce e coadjuvante papel da donzela vestida de prenda, com pessoas que acham que Elis Regina, por ser de origem gaúcha, tinha que cantar dentro de CTGs vestida de prenda, ignorando o fato de que, acima de tudo, Elis foi brasileira. A moça está sem o chapéu, que é a proteção e o resguardo, querendo se libertar num dia tão ensolarado e belo, cheio de luz e energia, talvez numa doce cena de Verão, na época em que a Vida está em seu auge, num adolescente escravo de seus próprios hormônios, querendo, acima de tudo, Sexo, nas palavras imponentes de uma Martha Suplicy: “A Adolescência é uma época em que se masturbar dez vezes por dia é perfeitamente normal!”. Aqui os campos farfalham na doce brisa morna, e flores silvestres brotam gratuitamente, sem precisar que sejam cultivadas pela mão humana. As crianças aqui ainda são muito pequenas e muito dependentes, na mãe pato seguida de uma fila de filhotes, até o menino “desmamar” e virar o homem que aqui monta altivamente o cavalo, talvez num menino sonhando em ser tal homem viril, aventureiro, forte, corajoso, como em jogadores de Futebol conquistando a admiração do menino pequeno, como num super herói com superpoderes e superforça, nos apelos da Sociedade de Consumo, apelos que seduzem a criança, apelos dizendo que tal produto alimentício fará do menino um grande homem crescido, como um achocolatado, como num Sheldon em The Big Bang Theory, um homem nerd o qual, apesar de ter uma gigantesca inteligência, é vítima de marqueteiros de super heróis, como vender um pote de biscoitos em forma de Batman, um artigo o qual, definitivamente, não é de suma importância, na capacidade de ardilosos marqueteiros vendedores. A cena aqui é bem campestre, na saúde do ar livre, numa sensação de liberdade, com a advertência taoista: Cavalgar pelos campos é libertador e excitante, mas vai enlouquecer você se você cavalgar demais! A corrida aqui são as competições que tanta audiência captam, em competições assistidas ao redor do Mundo.

 


Acima, Mãe e uma Criança no Barco. A mãe é o zelo e a proteção do lar, num ambiente seguro, como vedar com fitas adesivas tomadas elétricas, na enorme responsabilidade que é criar uma criança e colocar valores na cabeça desta. O barco é o invólucro do lar, no modo como, no fundo, a criança gosta de receber ordens e proibições dentro de casa, pois isso dá à criança a sensação de lar e de pertencimento. A água aqui é deliciosa, e nas ondulações vemos todo o talento impressionista de Tarbell, como no doce e plácido mar de Botticelli revelando Vênus, num mar doce e feminino, muito longe do mar agitado que tanto excita um surfista, na questão da pessoa encontrar o tesão na luta pela Vida, havendo na pessoa deprimida tal alpinista que se prostra diante da montanha, numa doença tão perniciosa, o “fantasma do meio dia”, numa pessoa que simplesmente não vê propósito algum na Vida. A criança é a inocência, numa pessoa que teve que aceitar o modo como veio ao Mundo, como um menor abandonado, o qual se viu sem família, sem pais, sem proveniência, num árduo processo de identidade, como um rapaz órfão que conheci, o qual, em seu processo de identidade, resolveu se dedicar à sua religião, que é a Umbanda, a religião dos socialmente excluídos, numa religião que permite o casamento gay, num nobre Papa Francisco, o Pata agregador, o Papa do povo, um senhor o qual, infelizmente, está dando sinais de doença e de tendência à renúncia, o que seria uma pena, pois Francisco será insubstituível. A cena aqui é doce, de Verão, numa deliciosa sombra nas árvores, num delicioso convite a uma piscina ou uma orla, num Verão cujo Sol pode ser tão raro em cidades setentrionais como Londres, no Norte do Mundo, com suas brumas e seu frio úmido que “penetra nos ossos”, no fascínio exercido por cidades como Salvador, a cidade do calor agradável, muito longe dos tórridos verões portoalegrenses, no divertido termo “Forno Alegre”! Podemos ouvir aqui o som da aquosidade, na Vida que habita as águas no planeta, no lugar de onde veio a Vida, na origem de formas simples e primárias de Vida, até a sofisticação da Humanidade, os símios racionais. Aqui remete aos pedalinhos do Lago Negro de Gramado, num ponto turístico, nessa Meca turística que são Gramado e Canela, em um destino que está começando a se tornar internacional, e um exemplo disso é o fato de que em frente a todos os hotéis da poderosa rede Lagheto há uma bandeira nacional brasileira, uma uruguaia e uma argentina, ou como brasileiros de todos os cantos do Brasil, num lugar de sinergia, onde tudo é feto para encantar e emocionar o turista. O barco aqui parece ondular, num líquido amniótico delicioso e morno, numa deliciosa piscina térmica, no acalento materno, no trauma que é sair do útero quentinho e confortável para o frio e duro Mundo dos Homens, num Mundo que exige que cresçamos e sejamos fortes, nos versos de uma certa canção, que diz que, mesmo você estando farto de tudo, você será um homem, meu filho, no verso do hino nacional: Verá que filho teu não foge à luta! Aqui é um retorno às origens e às raízes, num caminho de identidade, até chegar a um ponto em que a pessoa gosta de ser ela mesma, não querendo ser outra pessoa ou estar em outro lugar, no caminho da paz e da aceitação, no caminho de Tao, o Rei que a todos nós gerou, nessa gigantesca família que é a Humanidade, mas num Ser Humano que sempre se esquece de tal Pai em comum, nos esforços dos padres na missa em dizer que estamos todos conectados, na metáfora da Internet, o ambiente que todos temos uma participação, como numa pessoa popular, com vários milhares de amigos no Facebook. A cena aqui é plácida e acalentadora, e o bebê parece estar calmo e à vontade, sob o infalível zelo materno, como numa pessoa que cuida da própria vida e da própria carreira, num trabalho de devoção e dedicação, numa pessoa com tesão pela Vida, ao contrário de um refratário morador de Rua, o qual nada quer da Vida – é muito prostrante. Os galhos aqui são os ramos de família em entrelaces.

 


Acima, Preparando-se para a Matinê. Claro que aqui é um momento de aprumação para a interação social, num gesto de autoestima, numa pessoa que se importa em estar bela e elegante para o Mundo. O chapéu é a Moda, no modo como cada lugar e época têm suas vogues, suas modas, no modo como a Nouvelle Vague deu todo um novo norte à Sétima Arte, em filmes de forte protesto antinazista como o contundente A Lista de Schindler, na impactante cena dos corpos carbonizados, tratando um ser humano como não se trata um animal, no modo como na Alemanha ainda existem focos de neonazismo, no mesmo absurdo de se dizer que pastor alemão não é cachorro, no caminho da ignorância e da crueldade. O chapéu tem uma singela flor, que á a Vida lutando para sobreviver. A flor é a simplicidade das flores silvestres, as quais brotam na Primavera sem necessidade de serem cultivadas pela mão humana, na simples diversão de se mordiscar um pequenino caule de flor Azedinha, no modo como a felicidade está nos aspectos mais simples da Vida, como olhar para um Céu de Brigadeiro, encher os pulmões de ar e agradecer a Deus por termos saúde e lucidez. O espelho é autoimagem, numa pessoa que resolveu olhar para si mesma, numa reflexão, como uma pessoa que adquire o controle sobre sua própria vida, talvez olhando para um quadro de devastação existencial, dizendo para si mesma: “Calma – você vai se reerguer!”. A poltrona é o conforto, numa pessoa confortável dentro de sua própria pele, cuidando de si mesma, como consultar um dentista quando alguma dor no dente aparece. A poltrona é o conforto do lar, num lugar de aconchego, como numa pessoa que mora sozinha, fazendo do interior da casa ter um visual que é somente de tal morador, no modo como tem que haver paciência ao se morar com outra pessoa, pois, desse modo, nem tudo ali dentro é a nossa cara... A poltrona é o resguardo, numa pessoa que é rei de si mesma, nos versos de uma famosa canção: “Que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem!”, na altivez de uma pessoa na qual ninguém manda, ao contrário de um amor doente, possessivo e obsessivo, num amor fixado que tem que ser exorcizado, talvez sob os cuidados de um bom médium espírita, num trabalho de desobsessão. A roupa aqui é de festa, de evento social, e não uma roupa descuidada para se usar dentro de casa de forma privativa. Esse mágico momento de interação social remete à antiga Rua da Praia, em Porto Alegre, ao redor dos anos 1940, quando as pessoas se arrumavam muito para passear por tal via da cidade, sendo surpreendidas por fotógrafos que clicavam as pessoas para vender estas fotos. É o modo como já se foram os glamorosos tempos da Aviação Civil Brasileira, nos áureos tempos da Varig, quando as pessoas se arrumavam para voar, com aquela aeromoça oferecendo aquela deliciosa bandeja de almoço ou jantar. A roupa é aqui é fresquinha e veranil, no olor de mar e de liberdade na orla, num ambiente tão propício ao Reggae, o estilo musical praiano. Aqui é o fato como, para a mulher, a diversão não acontece no momento de tal mulher chegar ao evento, mas numa diversão que começa já em todo o longo processo de aprumação, como no primeiro passo, que é entrar num banho, num processo que pode até levar horas, no caminho saudável da autoestima, em respeito às regras de interação social, como respeitar um baile de gala, indo a este devidamente elegante, num momento em que buscamos nos aproximar da beleza da agenda social metafísica, num lugar que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, ao contrário de uma pessoa que está “aprisionada” em um submundo, fomentando o desejo de estar em outro planeta, pois qual prisioneiro gosta de estar preso a tal submundo? É uma relação viciosa de amor e ódio. Aqui são aquelas alvas moças de Tarbell, puras como leite, numa embalagem de leite condensado, na gloriosa sensação de mamar num leite tão delicioso, no gosto pecadinho da Gula, pois que Vida é esta na qual não há prazer? É positivo carregar tanta culpa? Não somos todos humanos?

 

Referência bibliográfica:

 

Edmund C. Tarbell. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 24 ago. 2022.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Xul é show! (Parte 3 de 3)

 

 

Falo pela última vez sobre o artista argentino Alejandro Xul Solar. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Alegre. 1926. Aqui temos uma cena urbana, citadina, em urbes tão grandes e vibrantes como Buenos Aires, com suas demandas diárias de pessoas indo e vindo, cuidando de suas vidas, no conceito liberal de Estado Zero, no qual o indivíduo pertence a si mesmo, no violento contraste ideológico entre as Coreias, fazendo com que o nortecoreano refugiado passe por uma desintoxicação mental, libertando este do estado total, no qual o cidadão pertence a um déspota insano, obcecado em produzir armistício, querendo concorrer com potências ocidentais, num insano jogo de tabuleiro, na confusão fálica, na qual a virilidade é confundida com banditismo – ser homem não é ser bandido; ser homem é caçar bandido. Aqui temos uma tranquila cena, com uma energia de trabalho e produtividade, nas palavras da comunicadora gaúcha Tânia Carvalho sobre a cidade de Caxias do Sul: “Que cidade com uma energia de trabalho!”. Aqui é como na atroz competição publicitária na novaiorquina Time Square, com anúncios competindo para ver quem atrai mais a atenção do consumidor, no modo como, na Sociedade de Consumo, que não tem dinheiro, ninguém é. Aqui é oposto da Avenida Paulista, a qual foi submetida a uma lei de limpeza visual, banindo qualquer anúncio na avenida icônica, cujo maior e mais nobre atrativo é o Museu de Arte da São Paulo, em homens visionários como Assis Chateubriand, querendo colocar o Brasil na sinergia mundial da Arte Fina, em contraste quantitativo com o Louvre, o qual exigiria que você passasse um ano inteiro no museu francês para poder apreender tudo o que lá dentro existe – é muita riqueza. Na rua desta urbe vemos um busto, uma homenagem, de homens dignos, os quais muito bem fizeram à vida e sociedade, em homens que adquirem tamanha grandeza, destacando-se dos medíocres, como na Broadway, na qual os medíocres não têm vez, fazendo com que sejam excepcionais os que arranjam emprego na Broadway, fazendo do troféu Tony um sinal de alta qualificação, ou seja, o ganhador não é a nata, mas a nata da nata, em troféus tão cobiçados, numa Academia de Hollywood que pouco gostou da interpretação que deu a Madonna um Globo de Ouro – que Mundo duro, Madonna! O busto aqui é fálico, como no amedrontador Código de Hamurabi, como em cruéis execuções de pessoas queimadas vivas numa fogueira, num aviso ao cidadão comum: Comporte-se ou você acabará como este infeliz na fogueira! É o terror de um ditador, o qual não quer ser respeitado, mas temido, fazendo com que um ditador morra de medo da liberdade de expressão, pois tal liberdade libertaria a mente do cidadão, num ditador que quer nos aprisionar – é um horror. A cidade aqui é apolínea, perfeita, plácida, sem problemas de congestionamento ou criminalidade, nas maravilhosas cidades metafísicas, nas quais as pessoas boas vivem em um mundo de amor, no alto respeito para com nosso semelhante, nos esforços dos padres em nos dizer que todos viemos do mesmo Útero Imaculado, em figuras como a Virgem Maria, figuras nas quais as pessoas depositam esperanças, como em grandes líderes como um nobre Obama, o horror de neonazistas racistas, no absurdo de se dizer que siamês não é gato... Aqui temos uma intensa produtividade, num lugar mágico onde não há desemprego, com cada sala e apartamento ocupados, num lugar onde se dissipam as tolices dos meros sinais auspiciosos, como nas tediosas alas vip de boates, no maravilhoso modo como uma pessoa, de tanto sair na noite, acaba se enjoando, como uma criança que acaba se desinteressando pelos brinquedos, no caminho de crescimento e mortificação espiritual, como Tao, aquele que observa tudo sem expectativas, pois as expectativas são as mães da frustração. Aqui tudo parece estar em seu devido lugar, e os homens usam elegantes chapéus, que são a proteção e o resguardo, a reserva, numa pessoa que sabe que não estará na Terra para sempre, no modo como clínicas psiquiátricas se intitulam “Lares de passagem”. Aqui, temos um gari impecável, em uma cidade limpa e bem administrada, na organização e na riqueza de nações como a canadense.

 


Acima, Casa colonial. 1924. Aqui temos um acúmulo, como numa pessoa que há tempos não limpa seu apartamento, protelando. Aqui é um maço de papéis informativos, em arquivos vastos, alvos de pesquisas, num centro de cultura, na tragédia do incêndio que consumiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro, na Cleópatra de Liz Taylor, possessa pelos romanos terem incendiado a Biblioteca da Alexandria, chamando estes de “bárbaros”. Aqui é a construção de uma obra, página por página, nas inúmeras manhãs da Globo em que Xuxa tanto entreteve o público infantil brasileiro, num trabalho de formiguinha, passo a passo, na paciente construção da rica galeria de personagens de mestres como Chico Anysio, ou na obra do recém falecido Jô Soares, nessas grandes mentes que nos deixam perplexos em tamanha inteligência e talento. Aqui temos uma pressão, numa pessoa trabalhando, infelizmente sob tal pressão, num ambiente de trabalho nocivo e doente, no qual o funcionário se vê um escravo de todos os tipos de assédio, no modo como eu próprio já senti na pele os efeitos do assédio moral numa empresa, ou como nos infelizes trotes universitário, cuja face mais grave é a seguinte: o reitor da instituição, em sua posição de sumo poder no corpo acadêmico, nada faz para vetar o trote, ou seja, o reitor está nos recebendo na instituição dessa forma estúpida e grosseira, ou seja, isso é uma vergonha, parafraseando Boris Casoy, pois o mais grave disto é que respeito é para quem tem – como posso respeitar uma pessoa que me trata com tamanha grosseria? Aqui são aspectos os quais, reunidos, revelam um conjunto e um sentido, como num intercruzamento de informações, na resolução de um mistério policial, num quebracabeça que vai fazendo sentido, com cada peça sendo encaixada, no caminho da lógica matemática de Tao: parece-se com um cachorro, cheira como um cachorro e late como um cachorro, é um cachorro, no modo como a passagem do tempo nos revela essas verdades no termo latino: A verdade é a filha do tempo. Como num filme, o qual, no momento do lançamento, fracassou nas bilheterias e não agradou o público, em películas como Blade Runner, que, com o passar das décadas, vão acumulando dignidade de filme cult, como num artista sendo postumamente reconhecido, não podendo estar no Mundo para desfrutar de tal realização póstuma – é uma pena. As camadas aqui, como num delicioso doce de mil folhas, revela figuras humanas e uma paisagem de cidade. É como uma história sendo contada página a página, num mistério que vai se desenrolando, como ao ler Moby Dick, chegando um momento em que o leitor tem a sensação de estar num barco ondulado sob as águas marinhas – é mágico. Aqui é um momento áureo de engajamento comunitário, em torno da construção de uma identidade coletiva e de cultura popular, num momento doce de engajamento, no qual cada membro da comunidade quer fazer sua parte em prol da coletividade, no modo como cada carioca se sente um pouquinho dono do Carnaval do Rio, no momento em que a festa busca se assemelhar à alegria e à beleza metafísica, a dimensão onde há duas coisas: alegria e produtividade. Aqui é como uma persiana sendo aberta e revelando algo além, num novo dia, no milagre do Desencarne, no momento em que Jesus volta ao Plano Superior, na maior figura na qual os humanos depositam esperanças, numa esperança em meio a uma encarnação tão construtiva, a qual acaba ocasionando um crescimento espiritual enorme ao vivente, no modo como não me canso de dizer: O crescimento é o sentido da Vida, pois que utilidade teria uma vida perfeita, na qual não cresço frente a percalços? É como me disse uma grande amiga psicóloga: As crises são positivas. Aqui é um paciente trabalho de incorporador imobiliário, num processo de construção que leva anos, entregando finalmente os apartamentos e salas, num homem que vai se construindo na Vida, na paciência para juntar tijolo e tijolo, como um grande amigo meu, o qual é centrado no trabalho – centre-se, meu irmão!

 


Acima, Cidade e abismos. 1946. Aqui remete ao clássico Metropolis, do Cinema Mudo, na revolução que foi a chegada do som aos filmes, inaugurando a assim chamada Sétima Arte, fazendo do Cinema tal ícone cultural que marcou definitivamente o Século XX. Aqui vemos vias e pontes que são como links entre as pessoas, num artista poderoso, que penetra fundo na mente do espectador, fazendo tais pontes de ser humano para ser humano, num filme de esmagador sucesso, como Jurassic Park, numa Humanidade a qual, quem sabe, poderá futuramente trazer à vida animais há muito extintos, trazendo a famosa sequência do T-Rex, o dinossauro de extensa agressividade, pronto para estraçalhar suas presas herbívoras, na capacidade de um artista em se tornar tal monstro, com tal brilho avassalador, como numa Evita, a atriz medíocre que surpreendeu a todos ao se tornar tal monstro político, ou como num Jô Soares, o qual, depois de trilhar uma carreira de humorista, surpreendeu a todos ao se tornar tal monstro entrevistador, na morte de um mestre que talvez poderá ser tema de enredo de alguma escola de Samba carioca – é esperar para ver, no maior espetáculo da Terra, num país tão pobre e tão belo como o Brasil, um país que devemos amar na saúde e na doença, como num torcedor de algum time de Futebol, nos versos do hino gremista: “Até a pé nos iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos com o Grêmio, onde o Grêmio estiver!”. Aqui temos um sonho de engenharia futurista, como no desenho de Os Jetsons, com suas moradas apolíneas, que tocam o mínimo possível no chão, numa moderna cidade futurista metafísica, no caminho positivista de que a razão fria é o que salvará a Humanidade, numa pessoa que aprendeu a tomar decisões ouvindo a cabeça, e não o coração, num coração o qual, apesar de aparentemente maravilhoso, revelar-se-á traiçoeiro, enganando-nos sempre em caminhos de atalhos duvidosos, no modo como o Pensamento Racional serve para que nos sintamos melhor, sem tanto sofrimento por dores, na tarefa de um psicólogo ou psiquiatra em fazer com que o paciente saia feliz e estável do consultório após a sessão de Psicoterapia. Nesta cidade do futuro não vemos as vicissitudes terrenas como bandidagem, como uma amiga minha que se mudou para Portugal, dizendo que em tal país há uma enorme qualidade de vida, fazendo com que um morador possa caminhar na Rua a qualquer hora do dia ou da noite sem medo de ser assaltado, distante do outro lado do Atlântico, no Rio de Janeiro, a cidade bela e problemática, nas palavras de Fernanda Abreu: “Cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”. Aqui cada cidadão caminha cuidando de sua vida, pagando suas contas e sentando para tomar um café com um amigo, no prazer de amizades profundas, as quais são inoxidáveis, nunca expostas à passagem do Tempo, um amigo no qual olhamos nos olhos e vemos uma pessoa próxima e íntima, mesmo se até o fim da Vida nunca mais vejamos tal amigo. Aqui é um sonho de Niemeyer numa Brasília futurista, com suas linhas retas, simples e racionais, numa identidade brasileira arquitetônica, no caminho da Cultura Modernista no rompante da Semana de Arte Moderna, na transgressão impressionista que trouxe todo um frescor jovial a uma arte tão tradicional e rançosa, nas palavras de Osho: O rebelde, antes de tudo, tem que respeitar a tradição. Ou seja, para conquistar, tenho que, antes de tudo, curvar-me, no caminho da humildade. Quase ao centro do quadro vemos uma ponte, em sonhos de engenharia para que as pessoas possam atravessar lagos e rios, na impecável engenharia da estrada gaúcha Rota do Sol, ligando a Serra Gaúcha ao Litoral Norte Gaúcho, desafogando, assim, a Freeway, que liga tal litoral a Porto Alegre. Os prédios aqui são como paladinos falos, na revelação de uma verdade clara, num dia que vai amanhecendo e dissipando as dúvidas, na magia da passagem do Tempo, num romance policial chegando ao fim, como no final do filmão redentor O Gângster, com levas de policiais corruptos sendo presos.

 


Acima, Disparidade entre o longo e o baixinho. 1924. Aqui é a questão da base de comparação, no discernimento taoista: Quando digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio. É como num casal heterossexual: vemos que o homem é alto porque ele está ao lado da mulher, que é mais baixinha. Ou seja, nesse discreto papel coadjuvante da mulher, esta se torna imprescindível, no poder dos papéis coadjuvantes. É o mesmo em uma logomarca, por exemplo, do Jornal da Pampa, de uma rede de TV gaúcha: as palavras “jornal” e “pampa” são grandes, próximas à palavra “do”, que é pequenina, ou seja, há uma base de comparação, nas palavras de um certo senhor pensador: o Bem é sempre agradável; o Mal, desagradável. E o Mal existe exatamente para que saibamos quando nos deparamos com uma pessoa boa, com uma pessoa honesta, com uma pessoa agradável e construtiva, como um grande amigo que tenho, de uma energia muito boa e construtiva, em amigos que tanta alegria trazem a nossos corações, no ouro da Vida, que brilha exatamente em tais relacionamentos saudáveis, que dão sentido à Vida. Aqui há um sistema complexo de listras, em retilinidades aristocráticas, disciplinadas, num cavalo domado, dócil, cavalheiresco, no poder de um cavalheiro em ser cordato e agradável, perfumado, na vitória da virtude sobre a vulgaridade, num nu artístico que foge do vulgar. Aqui temos um binômio mãe/filho, na poderosa imagem da Madona com o filho, no poderoso mito de Nossa Senhora, mito que foi construído para que as pessoas entendam a Imaculada Conceição que a todos nós gerou, numa concepção limpa, apolínea, racional, impecável, num Tao que dota de tanta singularidade cada um de sue filhos, jamais fazendo dois filhos iguais, no mito de Zeus criando a Mulher Maravilha, a paladina amazona que se tornou o Espírito da Verdade, um dos poderosos espíritos que ajudaram Kardec a escrever O Livro dos Espíritos, o baluarte inicial de toda a Doutrina Espírita, fazendo com que um diamante mundano seja uma mera cópia de um espírito autêntico e verdadeiro, brilhando em seu impecável apuro moral, numa pessoa que simplesmente odeia mentir, no modo como a palavra de um homem é o maior bem de tal homem, num homem que definitivamente não quer enganar ou ludibriar as pessoas, passar para trás os irmãos a sua volta – não engano quem amo. No boneco de tamanho menor, vemos um coração no peito, como o coração de Dom Pedro I, relíquia que veio ao Brasil para comemorar o Bicentenário da Independência do Brasil, em restos mortais que tanta reverência causam, na exigência católica de que tais restos sejam obrigatoriamente sepultados, mesmo que em forma de cinzas. O coração é a Vida que pulsa, na pulsante natureza da cidade do Rio, nessa deliciosa mescla de urbe com Natureza, nos encantos que os trópicos exercem sobre as partes mais invernais do Mundo. As figuras aqui são de perfil egípcio tradicional, com os olhos desenhados de forma frontal, em paradigmas artísticos que por tantos milênios permaneceram intocados no Antigo Egito, com exceção da breve transgressão do faraó herege Aquenáton, lançando uma arte realista, distante da academia egípcia de então, no poder transformador das transgressões. Aqui é o padrão patricarcal de superioridade masculina, o que é uma alta ofensa para as feministas, como num baixinho Tom Cruise, o qual, reza a lenda, exige que suas esposas ou namoradas apareçam publicamente a seu lado com um sapato de salto baixinho, no homem eternamente num nível acima da mulher, na supremacia do falo, da espada, do pênis, da verdade fálica do obelisco, relegando a mulher a tal eterno papel coadjuvante, o qual, em seu minimalismo, revela-se grandioso, na máxima popular: O que seria a luz sem a sombra? A Terra não tem dias e noites? Aqui é uma coleção colorida de fitinhas do Senhor do Bonfim, símbolos da Bahia, na cultura colorida tropical de uma terra tão singular, de uma culinária tão única, maravilhosamente mesclada com a Cultura Afro, a cultura que definitivamente tanta singularidade trouxe ao Brasil, como o Samba e os tambores em geral. A figura maior aqui tem um pescoço delgado de Nefertiti, um ícone de beleza e elegância.

 


Acima, Jura por sua cruz. 1923. A cruz é a passagem, a travessia, num caminho que é o único caminho, numa hierarquia – todos temos que passar por Jesus e Sua perfeição de apuro moral. A cruz é a religiosidade, como uma certa popstar, a qual, apesar de ser uma figura provocadora, agressiva e transgressora, é uma mulher extremamente careta e religiosa, no modo como tudo traz em si sua própria contradição, na diferença entre o agressivo e tenaz Yang e o quieto e confortável Yin, pois há dois lados para cada moeda. A figura humana aqui é a articulação, na capacidade de uma pessoa de liderança, que une o corpo social em torno de algo nobre, num cidadão que merece o respeito da comunidade, numa comunidade que busca por uma identidade, no modo como as festas comunitárias se espraiaram no Rio Grande do Sul, sendo a Festa da Uva de Caxias do Sul a mãe de todas essas festividades. Aqui temos algo característico de Xul Solar, que é o jogo de transparências e sobreposições, na magia das cores, num mágico prisma se desdobrando num leque de cores, na magia de luxuosos lustres de cristal, numa sala agradável, com um anfitrião fino, que nos deixa à vontade, na capacidade de um psicoterapeuta em fazer com que nos sintamos bem em relação a nós mesmos, no caminho da autoestima, numa pessoa que gosta de ser quem é, sem querer ser outra pessoa ou estar em outro lugar, na questão da pessoa se aceitar, no caminho do amor incondicional, no modo como Tao ama cada um de seus filhos, mesmo os sociopatas, espíritos toscos que estão na rabeira da fila de aquisição de apuro moral – é um crescimento lento e gradual, num futuro maravilhoso que espera cada um de nós. A pessoa aqui está livre, leve e solta, numa deliciosa sensação de liberdade, como na beira da praia, no olor de oceano, a Mãe da Vida na Terra, nessa incrível biodiversidade da Terra, de fazer inveja a qualquer outro planeta do Cosmos. Acima no quadro vemos uma ponta de círculo, que é o Sol, a fonte da Vida, o calor que nos dá a Vida, num espaço sideral tão escuro e frio, longe do acalento metafísico, em cidades com clima ameno e agradável o ano inteiro. Vemos uma serpente tortuosa e insinuante, no modo como o sugestivo, o subjetivo acaba sendo objetivo e claro, no poder da sutileza e da sugestão, no modo como a passagem do tempo vai colocando “os pingos nos is”, na sabedoria popular: A verdade vem à tona. A serpente é a força da vida, na luta pela vida, numa pessoa com fome e tesão de viver, embarcando na poderosa onda do Yang, no estilo dos guerreiros, que sabem que Tao não quer ver seus próprios filhos “atirados nas cordas”, num Pai que tem infinito amor por nós, seus filhos preciosos e divinos, cheios de beleza e virtude, num Pai que quer o melhor para nós, na revelação do grande plano divino ensolarado, no qual vemos que somos todos irmãos. A serpente tem uma língua insinuante, vermelha, na cor da maçã do pecado do Éden, culpando a mulher pelos males do Mundo, num Adão pueril, ingênuo, que se deixou levar por Eva, na imagem de Botticelli com Vênus entorpecendo Marte, no Yin do conforto de dentro de casa, deixando do lado de fora os ímpetos olímpicos e furiosos de Yang, a vontade de viver e de lutar pela Vida. O cabelo da pessoa aqui é ralo e desbastado, é pouco, é o mínimo, no modo como certos homens, mesmo jovens ainda, estão completamente calvos, um problema que não acomete as mulheres. O cabelo é a criatividade brotando, numa energia criativa que precisa muito ser canalizada para algo nobre e produtivo, fazendo dos desajustados as pessoas cujas energias não estão canalizadas – a mente foi feita para ser usada e exercitada, fazendo com que as pessoas laboriosas tenham os pés no chão, como num humilde gari varrendo uma calçada, pois não há trabalho em vão, e tudo faz parte de nossa grande carreira espiritual, num Pai que quer nos ver numa pomposa formatura, tendo orgulho de nós. A figura aqui se joga em ímpeto, numa provocação destemida, numa pessoa que sabe provocar o público, no poder da Arte em causar comoções, unindo as pessoas em torno da concepção de um artista feliz.

 


Acima, Quatro olás. 1923. As cabeças são como balões de festa, numa vila sendo enfeitada para um festival da boa vizinhança, num momento de engajamento em que as pessoas esquecem momentaneamente de suas diferenças, como no Brasil em época de Copa do Mundo. Aqui há uma assembleia, uma reunião de pontos de vista, num sharing, num compartilhamento, como numa agência de Propaganda, nas chamadas brainstorms, tempestades cerebrais cujo objetivo é encontrar um conceito para que se vendam produtos e serviços, ou, como disse certa um professor meu, surubas mentais(!). Os cabelos aqui são no estilo rastafári, com tranças disciplinadas que tentam “domar” os cabelos de ascendência afro, no modo como cada época tem suas modas capilares, como na duradoura moda dos cabelos ondulados de Gisele, a menina comum que, no frigir dos ovos, tornou-se a princesa do Brasil, na vitória do talento e da força de viver, pois, dos fracos, a história nada conta. Vemos uma mão aqui fazendo uma advertência, um aviso, como algo sendo negado, como uma porta sendo fechada, a qual acaba por ajudar a pessoa e a guiar esta, pois os momentos de crise antecedem uma renovação e um refôlego, fazendo das crises algo tão positivo e construtivo. A mão é alguém querendo se fazer expressivo, abanando, acenando, querendo chamar a atenção para algo, como fãs assediando um ídolo num show, querendo chamar a atenção deste, numa vida de astro que não deve ser tão glamorosa assim, num megastar o qual, infelizmente, não pode caminhar na Rua, como num Michael Jackson, um prisioneiro da própria fama, ou como uma Xuxa, a qual só pode sair de casa no Rio de Janeiro escoltada por um catatau de seguranças – a fama pode ser algo muito louco e insano. Nesse sofisticado jogo de transparências, ninguém ofusca ninguém, e há um engajamento entre partes, numa pessoa vendo através de mágicos vitrais de igreja, na magia das cores, numa riqueza tão grande, num plano o qual, apesar de imaterial, é tão riquíssimo, dando inveja a qualquer mansão sobre a face da Terra, no paradoxo do Plano Metafísico: Há riqueza, mas não há necessariamente dinheiro. Aqui é o lema “Amigos nunca são demais”, e tudo aqui respira numa leveza, e nada aqui é demais ou excessivo, como numa combinação harmônica de peças de roupa, no modo como uma pessoa com estilo, que tem nobres critérios dentro da cabeça, não precisa ser uma escrava de roupas caras, pois uma pessoa com estilo pode se vestir em lojas baratas e, ainda assim, parecer ter gasto milhões no look, e estilo é algo que só pode ser aprendido de forma autodidata, pois não há livro que nos ensine a ter estilo. Vemos aqui novamente uma corpulenta serpente, grossa, saudável, libidinosa, como numa gata em cio, louca para acasalar, na explosão de vida primaveril, com flores brotando e borboletas polinizando, como numa araucária cheia de pinhões, num sabor tão sulbrasileiro, nos altivos galhos de araucária, virados para o Céu. Vemos na porção superior um ziguezague, como índices de bolsa de valores, ou como dados estatísticos, na forma gráfica de mostrar com clareza dados escritos de forma textual. O ziguezague é os inevitáveis altos e baixos da Vida, no modo como não me canso de dizer que o sucesso é um amante infiel – hoje está com você; amanhã, não se sabe. É a liquidiscência da Vida com suas oscilações, num cantor com álbuns populares e outros álbuns não tão assim populares – é assim mesmo! Todos os olhos aqui estão abertos e despertos, numa pessoa consciente de seu próprio desencarne, encarando o retorno ao Plano Espiritual, Metafísico, o Único Lar Verdadeiro, numa dimensão na qual há um “filtro” – só entra quem tem apuro moral, ao contrário do Umbral, a dimensão de sofrimento e desolação, na questão do livre arbítrio, na qual o espírito vai para onde quiser ir, num espírito mundano, que se identifica com a Matéria e com o Mal. Aqui é um combo num serviço de televisão paga, com vários canais, no paradoxo atual: quanto mais canais tenho à minha disposição, menos programas de meu interesse encontro!

 

Referências bibliográficas:

 

Alejandro Xul Solar. Disponível em: <www.coleccion.malba.org.ar>. Acesso em: 27 jul. 2022.

Alejandro Xul Solar. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 27 jul. 2022.

Alejandro Xul Solar. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 27 jul. 2022.