quarta-feira, 28 de julho de 2021

Artista da Nata (Parte 4)

 

 

Falo pela quarta vez sobre o ilustrador americano Nathan Fox. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Aqui não temos uma virginal donzela ameaçada por um vilão, mas uma menina dona de si, com uma certa agressividade, feminina com seus saltos altos, mas incisiva nesta figura que não me canso de evocar – a Mulhergato. A mulher é muito bela e formosa, mas não facilita a entrada de rapazes mal intencionados, numa pessoa que aprendeu a se defender sozinha, nunca facilitando para o perigo. Seus seios são a opulência, a suntuosidade, em momentos de engajamento comunitário como a Festa da Uva de Caxias, com comerciantes decorando tematicamente suas vitrines; com a imagem das soberanas intensamente veiculadas no jornal da cidade. A moça aqui é banhada por uma luz intensa, que é o esclarecimento, a certeza, numa pessoa que se encontrou, decidindo o que quer fazer da Vida, na escolha de sua vida, algo cobrado por um psiquiatra num consultório, como no filmão Garota Interrompida, com a personagem Suzana parando numa clínica psiquiátrica, confrontada a decidir o que quer fazer da Vida, numa época em que distúrbios como Esquizofrenia não tinham drogas específicas – como é glorioso o avanço científico! A moça é enfrentadora, e seu sorriso é frio como a avenida portenha Nove de Julho. Seus olhos estão focados, desafiadores, numa pessoa com um olho frio de psicanálise, num terapeuta fazendo um diagnóstico doloroso porém preciso, num remédio amargo que surte doces efeitos, no modo como as vicissitudes vão fazendo que a pessoa evolua como espírito, aproximando-se do apuro moral do Espírito da Verdade, a Mulher Maravilha, até chegar a um ponto em que a pessoa odeie mentir. A cintura da moça aqui é delgada, elegante, atraindo o olhar de quem gosta de mulher, e até de quem não gosta! Seu cabelo é curto e rebelde, moderno, numa mulher que esbanja charme, estilo e atitude, plugada nos novos gritos da Moda, fazendo da Moda tal excelente meio de expressão pessoal, no modo como temos que respeitar o estilo uns dos outros, pois que mundo é este no qual somos todos idênticos? Somos iguais, mas diferentes, todos filhos de Tao, o Pai da diversidade, num Pai que nunca faz dois filhos idênticos – você é único, raro e maravilhoso, pois Deus é perfeito no que faz. No chão aqui, um facão fincando, numa atitude agressiva, numa abrasiva estrutura piramidal, pontuda, como uma agulha de vacina da Covid, na sorte que eu, Gonçalo, tive ao tomar recentemente a vacina de dose única, sem precisar voltar à fila na UBS... A faca é a atitude agressiva americana de fincar a bandeira na Lua, num empoderamento digno de Império Romano, no modo como os impérios ascendem e descendem, no jogo de cadeiras das vaidades humanas, persistindo, na figura do Menino Jesus, o homem que permanece incólume como o centro sobrenatural da História, em meio a tantas vaidades que vão e vêm. No chão vemos pincéis atômicos, na agressão do vandalismo, da agressão, nesta praga urbana que tanto enfeia as cidades. É a atitude do jovem querendo encontrar seus espaço no Mundo, na luta pela identidade, numa idade em que a pessoa ainda está longe de adquirir a tão almejada maturidade. O fundo branco virginal aqui é esta página querendo ser preenchida, como num bom ator, que desaparece perante o personagem, tornando-se uma página em branco sobre a qual o personagem é escrito e construído, na capacidade do bom ator em sumir perante tal personagem. A moça aqui veste roupas jovens e coloridas, cheias de atitude e contestação, nessa busca por diferenciação, como numa Gisele competitiva, aparecendo nas passarelas, não querendo ser boa, mas querendo ser a melhor, numa competitividade, como num concurso de Beleza, com tantas participantes ficando frustradas ao perder o concurso. A moça aqui é segura de si mesma, muito longe de uma princesinha indefesa, tendo que ser salva do dragão pela lança fálica de São Jorge. “Não tente me sacanear”, avisa a moça.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Uma divertida cena feminista. A mulher, reduzida a uma sensual coelhinha da Playboy, dá uma surra no home misógino, numa mulher se afirmando no Mercado de Trabalho, exigindo ter um salário igual ao de um homem na mesma função. O vestido da mulher aqui é extrassensual, com lindos seios e uma fenda provocante no vestido mostrando as pernas, mas a mulher parece não estar muito à vontade em tais trajes e sapatos de salto alto, nessa linha tênue: ela quer se sentir sexy mas não quer se sentir covardemente assediada. É como no filme Legalmente Loira, numa linda moça loira californiana que decide mostra ao Mundo que não é apenas mais um ínfimo rostinho bonito, na força das lésbicas feministas, essas mulheres que querem provar que uma mulher pode ser tão boa quanto um homem, como na figura de Hatshepsut, a primeira feminista da História, uma mulher que reinou no Antigo Egito numa época em que tal país só podia, na teoria, ser regido por homens, os faraós – não havia “faraóa”. Hatshepsut usava um cavanhaque postiço, símbolo dos regentes egípcios homens, e tratou de impor respeito no império todo, no modo como foi uma pena Hillary Clinton ter perdido as eleições para aquele senhor que vocês todos conhecem... A mulher aqui está numa posição absolutamente agressiva, como mulheres em estado bruto num ringue, como na agressividade do desenho animado As Meninas Superpoderosas, personagens que, apesar de aglutinar conceitos femininos agradáveis, têm superforça para dar uma bela surra nos vilões, no modo como cada um de nós, individualmente, tem que desenvolver tanto Yin quanto Yang, ou seja, feminino e masculino, pois um erro enorme é acreditar que posso projetar, em outrem, meu próprio Yin ou Yang, pois cada pessoa tem que assumir o controle sobre sua própria vida e, além disso, tem que desenvolver sensibilidade, num equilíbrio interior. Os cabelos da mulher são bem ondulados, como um mar revolto, na revolta feminista que vemos aqui, como nas divertidas sovas que Dona Florinda dá no coitado do Seu Madruga, numa supermãe cheia de instinto protetor, gerando o nome do popular sabão em pó OMO, que quer dizer Old Mother Owl, ou seja, Velha Mãe Coruja. Os óculos do homem estão esfacelados – é a cegueira do preconceito e da misoginia, numa pessoa que crê, em seu íntimo, que a Mulher é um cidadão de segunda categoria e que, assim, precisa ser representada, respaldada e controlada por um homem, seja um pai, um marido, um patrão etc. Podemos ouvir aqui o som de tal porrada, na sensação gloriosa de descarrego de agressividade, como socar um saco de areia, como me descreveu certa vez uma atriz, a qual se sentiu gloriosamente bem ao interpretar uma personagem que quebrou tudo o que via pela frente. É como nos brinquedos de He-Man, com o Príncipe Adam, o alterego fracote do herói musculoso, virando um saco de pancadas, só impondo respeito a partir do momento em que tal príncipe se transformava em He-Man, o homem mais poderoso do Universo – nostalgia aqui, pois remete à minha infância. Apesar de aparentemente frágil, aqui não temos uma frágil bonequinha, mas uma mulher forte e viril, não necessariamente lésbica, numa mulher que encara a lida e esfrega um chão muito bem esfregado, como na pragmática personagem Pierina de O Quatrilho, uma mulher que definitivamente não tinha medo de arregaçar as mangas e “ralar”, encarando a luta do dia a dia. Aqui é uma afirmação feminina, numa mulher que, apesar de ter adotado o sobrenome do marido, deixa a este muito claro como é ser mulher e como é manter uma casa limpa e organizada, cuidando de bebês e cozinhando, lavando as cuecas do marido, como me disse minha falecida avó, a qual, ao mostrar as própria mãos, dizia: “Estas mãos foram úteis ao Mundo, pois com elas lavei, passei, cozinhei e costurei”. É o caminho da Dignidade, pois que vida vazia é esta, sem labor algum? O homem aqui vê estrelas, na agressividade de um hit, de uma canção de sucesso, marcando épocas e “entupindo” as rádios. Aqui, a mulher não quer ser nem santinha nem diabinha, mas um cidadão.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A bola de chiclete é uma situação se agravando, até estourar em chegar num ponto de insustentabilidade, como num quadro do Programa do Ratinho, do SBT, no qual uma bola é gradualmente preenchida, até estourar sobre a cabeça de um dos participantes do quadro. O chiclete é a doçura da Feminilidade, no fascínio de uma mulher perfumada, deixando no ar seu rastro de sedução, dando título ao filme Perfume de Mulher, na arrebatadora cena de Al Pacino como um homem cego que dança tango com uma bela mulher. A menina aqui está absolutamente à vontade, em casa, num momento longe das exigências da interação social, como sair de casa arrumado ou cumprimentar formalmente as pessoas na Rua. A moça aqui lê - é a erudição, no prazer de uma boa leitura, no prazer de ler um bom gibi, fazendo com que a cabeça da pessoa viaje por outros planos, como dizia o inesquecível mestre Tatata Pimentel, que dizia que na Internet se pode adquirir informação, mas só nos livros se pode adquirir Cultura. Será que um dia a mídia papel vai acabar? Será que o dinheiro em espécie vai acabar também? Perguntas dignas de serem feitas ao megaescritor Harari, autor com seus prognósticos. O guardachuva ao lado, num balde, é a proteção, o resguardo, numa pessoa que aprendeu os benefícios da Discrição. É como na logomarca de uma seguradora – uma pessoa com um guardachuva aberto. O divã aqui é o repouso, o relaxamento, como numa pessoa que confia piamente em seu psicoterapeuta, abrindo para este todas as gavetas da mente do próprio paciente, numa relação de confiança, pois se não confio em meu próprio terapeuta, estarei perdendo duas coisas – tempo e dinheiro. As modernas botas da moça são a atitude, como num artista que esbanja charme, atitude e estilo, ao ponto de ditar modas que marcam décadas de comportamento, como no genial David Bowie, o qual trouxe o paradigma capilar dos anos 1980 – desbastado na frente e comprido atrás, como no divertido personagem Guilhermino, do ultratalentoso cartunista gaúcho Carlos Iotti. O quadro aqui tem uma restrição de tons, e na prática só podemos ver azul, amarelo e branco, numa escolha, numa opção, num artista que topou trabalhar com tal limitação. Vemos aqui uma pilha de livros, que são o acúmulo de experiência e conhecimento, num espírito que vai evoluindo moralmente no decorrer de uma dolorida encarnação, no modo como o sentido das vicissitudes da Vida é fazer com que cresçamos em tal caminho de depuração, até nos tornarmos pessoas melhores, como no crescimento do personagem Oscar Schindler em A Lista de Schindler, numa película que causou comoção, num filme que eu mesmo vi por três vezes. A jovem tem uma tatuagem no braço, A tatuagem é um registro de passagem, numa pessoa acumulando etapas de Vida, como vários carimbos num passaporte, no modo como a pessoa já passou por muitas encarnações, no exemplo do sociopata, que é um espírito ainda muito tosco e inexperiente, sem depuração, e a Eternidade é tempo para qualquer crescimento ou regeneração, pois tudo acaba bem, até chegar ao topo de arcanjo, os espíritos que gozam da suprema felicidade. O ambiente aqui parece um maquinário industrial, na “fabricação” de espíritos, no modo como Tao está sempre produtivo e criativo, como num artista com décadas de carreira, sempre surpreendendo a todos com seus novos lançamentos, criando fãclubes esmagadores, como no clipe de I Will Always Love You, de Whitney Houston, o qual no Youtube já foi acessado mais de um bilhão de vezes – isso mesmo, b de bola. O maquinário é o passo decisivo da segunda onda de progresso da Humanidade – a Indústria, com países tão ricos e pioneiros como a Inglaterra, em jornadas desumanas de labor, numa época em que não havia sensibilidade em relação a direitos trabalhistas, no modo como eu próprio já tive uma fase workaholic. Aqui é um momento de pausa, numa pessoa que sabe que “muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão”, parafraseando Stephen King, o Rei do Terror. Aqui, moça deixa o Mundo lá do lado de fora.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos uma grande revelação, em algo sendo desvelado, como num artista célebre, em um doce momento de sucesso, pois não canso de dizer que o sucesso é um amante infiel – hoje, está comigo; amanhã, não sei se estará. É a figura do Super Homem, com seus superpoderes, na esmagadora imposição patriarcal, a qual não mudará, sinto dizer. Aqui é o macho alfa, deixando as donzelas suspirando de paixão, fazendo com que tais donzelas projetem seus próprios Yangs nesta figura de machão, no modo como no casal heterossexual é inevitável que a mulher coloque seu próprio Yang nas mãos do marido. Aqui é um estouro, como no estouro do Big Bang, a explosão que gerou tudo no Universo, num momento de concepção de Tao, o Todo Poderoso, no modo como é difícil – quiçá impossível – para o Ser Humano entender que Tao sempre aqui esteve e sempre estará. Aqui é como nas antigas embalagens do sabão em pó Omo, com uma explosão de luz e limpeza, purificando milagrosamente um lar, fazendo de tal estouro este superpoder masculino no auxílio dos afazeres das doces e delicadas donas de casa, na figura feminista da Mulher Maravilha, uma mulher independente que gravita acima dos meandros de sensibilidade feminina. Aqui vemos que se arrebentam os botões do paletó do homem, numa explosão tsunâmica de uma supernova, num túnel de luz, como num anjo, um espírito amigo, guiando-nos por tal túnel para que eu, desencarnado, possa reingressar no Divino Plano Metafísico, o lugar que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, numa profunda sensação de pertencimento, como numa pessoa na Terra, aprendendo o valor da disciplina e do espírito de batalhador, de trabalhador. Aqui é uma luz no fim do túnel, no caminho da Esperança e da Fé de que algo muito bom nos aguarda, numa festa de volta ao Lar, cheia de espíritos que nos amam, como uma falecida avó, por exemplo. Aqui, a capa vermelha de heróis é o sangue da batalha, como num ringue de MMA, com cenas “punks” de córregos de sangue derramados no chão, na cor de Marte, o deus da Guerra, no espírito esportivo, brincalhão, no modo como Tao não quer que nos “atiremos nas cordas” do ringue da Vida. Aqui, Nathan Fox nos traz, no peito do herói, alguma logomarca, vendendo alguma marca, no esforço mercadológico de vender produtos e serviços, sempre querendo atiçar sentimentos que já existem na mente do consumidor, do receptor da mensagem, rechaçando a ideia (falsa) de que os publicitários são manipuladores da mente da “vítima” consumidora. A gravata listrada é a sucessão de dias e noites, no modo como ninguém está no topo o tempo todo, havendo momentos de vacas magras e vacas gordas, como nos elegantes e aristocráticos listrados dos adornos de cabeça dos faraós, neste modo humano em projetar coisas divinas em realezas, fazendo com que os sangues azuis mundanos sejam meras e toscas cópias do sangue estelar metafísico que nos une a todos, pois Tao nunca ama um filho mais do que ama outro filho, no caminho democrático da Igualdade. O homem astro aqui está no topo de um rochedo, num momento de ápice, como num cantor que acabou de lançar um álbum que adquire índices estratosféricos de popularidade, num ponto em que é difícil para e pessoa não deixar que o sucesso lhe suba à cabeça, no caminho realista da humildade – quem é humilde não quebra a cara e nem se frustra; quem é humilde está bem. Aqui é um descortinamento, no momento mágico teatral em que o palco é revelador ao espectador, fazendo da Arte este instrumento pelo qual o artista entra na mente das pessoas, num diálogo de ser humano para ser humano, na universalidade dos anseios humanos, principalmente me relação à Morte e ao sentido da Vida. Aqui vemos um traje de executivo, na vitória do Labor sobre a ilógica da improdutividade. Aqui é um astro rei reinando implacavelmente num Egito Antigo, no modo humano de enxergar divindades, como astros de Cinema, no fato de que não há deuses, mas espíritos de alto apuro, nossos “irmãos mais velhos”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Aqui temos um convívio harmonioso, na Bela e na Fera, como a Vênus de Botticelli entorpecendo e domesticando o deus da Guerra, Marte. Aqui temos Yin e Yang, numa pessoa que resolveu buscar dentro de si aquilo que lhe faltava, numa pessoa que decidiu não mais se projetar em outrem, no caminho da mulher independente, a qual, apesar de ser mulher e querer um homem, não se contenta com um mero papel coadjuvante, na nobreza transgressora do Feminismo, chamando a atenção para os eternos e indestrutíveis preconceitos do Patriarcado, no pesadelo encarnatório que divide as pessoas entre homens e mulheres, numa cisão infeliz, numa segregação, tal qual judeus assassinados no Holocausto. O gramado aqui é aconchegante, num conforto de lar, em portoalegrenses num gramado de parque da capital, tomando chimarrão e curtindo os espaços verdes desta cidade que tanto amo – minha “filha adotiva”. O tigre é um feroz guardião, rechaçando qualquer pessoa que tenha más intenções, na relação erótica do guardacostas, na relação entre protetor e protegido. O tigre é a agressividade nua e crua, num atleta entrando num ringue para ver qual dos dois tem mais fibra e mérito, como numa amiga minha que conquistou um título de beleza, dizendo-me: “Quando tu queres uma coisa, tu consegues se tu quiseres. Mas tem que querer”. Aqui é como um pai protegendo a filha, querendo entregar esta pura e casta ao marido na Igreja, ao contrário dos meninos, cuja agressividade e independência são estimuladas pelo Corpo Social em geral – homem tudo pode; mulher nada pode. É um horror; um pesadelo. A moça aqui confia profundamente em seu guardião, posando de santinha, no modo patriarcal de reprimir a sexualidade feminina, havendo em figuras como Madonna tal forte transgressão, com mulheres que se identificam com tal expressão artística, provocadora, numa mulher que não aguenta mais ser controlada por outrem, decidindo adquirir as rédeas de sua própria vida, pois que vida é esta na qual sou controlado por outra pessoa? Liberdade, sempre, nos conceitos espíritas de livre arbítrio – o espírito vai para onde quiser ir. As listras do tigre são providenciais, pois proporcionam que o bicho fique “invisível” para, assim, pegar sua presa, na irrefutável teoria da Seleção Natural, num ser que só pode passar seus genes para frente se for esperto. A moça aqui chupa um doce pirulito, que é o pênis, no termo chulo “mamar numa vara”. A moça aglutina aspectos femininos como candura e beleza, deixando para o tigre a parte de defensor do lar, numa mulher que quer ser respaldada por uma mão grande e forte, na incumbência de um homem em sustentar um lar, numa grande e séria responsabilidade, num homem que se pergunta se poderá prover totalmente tal lar, naqueles superpais, que nada deixam faltar dentro de casa. A moça ouve Música e está conectada com alguma rede de Wifi, e está entretida, indefesa sem a presença do feroz tigre. É no jogo de sedução em Uma Linda Mulher, num homem rico que se apaixona por uma mulher pobre porém bela, ao ponto do homem se tornar tal guardião, tal proteção, numa mulher que faz questão de adotar o sobrenome do marido – Jesus, que machismo. O tigre aqui remete a uma imagem de TV que vi certa vez, num casal japonês – ele, o marido, passava sério e carrancudo pela câmera televisiva; já, a esposa, vestida tradicionalmente de gueixa, saudava docemente tal câmera, ou seja, um representando o oposto do outro, no modo como, no livro de Tao, é dito que Tao, a Suprema Inteligência, se dividiu entre Yin e Yang para que, nesses opostos, o Universo pudesse ser criado. A moça tem hálito doce e puro; o tigre, bafo de homem, não tão doce... O tigre é um aviso para o espectador: “Não morro de amores por você. Portanto, comporte-se e respeite minha mulher”. É como um sogro que não necessariamente ama o próprio genro.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Aqui é um solitário momento de treino, de preparação, num atleta que leva tudo isso muito a sério, sabendo da competitividade no Mundo, este “ringue” no qual todos querem ser campeões. Aqui é como o divertido título do filme Homens Brancos não Sabem Pular, falando sobre a capacidade dos basqueteiros negros americanos em pular e fazer cestas fabulosas. Aqui é um ambiente técnico e frio, ou seja, glamour zero. É o campo de batalha, de jogo, fazendo dos esportes tal expressão de agressividade, mas sem a destruição das guerras, numa espécie de agressividade do bem. É como me disse certa vez um psiquiatra: “Tens que desenvolver agressividade, pois vivemos num mundo competitivo”, num doutor que, apesar de eu achá-lo pessoalmente insuportável, reconheço que é bom médico. Aqui, é como se o atleta, plenamente aquecido e suando, estivesse pegando fogo, num plano de objetivos, que é fazer a cesta, no termo inglês goal, que quer dizer objetivo, ou seja, gol. O atleta treina solitário, sabendo que ainda não é a hora de se revelar ao Mundo, como numa Susan Boyle, a cantora que arrasou num famoso programa televisivo de cantores amadores, numa Susan que foi subestimada por sua aparência pouco atraente, deixando todos surpresos e perplexos a partir do momento em que soltou o gogó, revelando toda uma beleza interior, pois diz o dito popular que beleza não põe à mesa. Aqui é como um arrebatador comercial de tênis esportivo, com uma estrela no calçado, nos sonhos desses meninos em escolinhas de Futebol, com os novos talentos sendo selecionados, no caminho da humildade, pois a arrogância precede a queda, ou seja, mesmo obtendo glórias mundanas, não posso deixar que isso afete meu caráter. Ouvimos o som das canchas esportivas. Isso me remete a um amigo meu de Infância, o qual, pela primeira vez que pegava numa raquete de Tênis, já queria, de saída, ser André Agassi, não observando que o treino é absolutamente indispensável. Aqui são os pés no chão, numa pessoa que se esforça ao máximo para se superar, no modo como tais superatletas podem desenvolver algumas sequelas corporais, tal o nível de autoexigência. É como o personagem Neo de Matrix, passando por uma bateria de treinamentos até alcançar a excelência, a qual só pode ser alcançada mediante muita seriedade. O atleta aqui tem “cara de mau”, sem um pingo de Yin, melhorando aos poucos, como um rapaz negro pobre que conheci, o qual era fera numa cancha de Tênis, entrando na cancha com muita fome de vitória, pois como posso obter algo se não tenho vontade? A cesta aqui está longe, remota, num sonho longínquo, com um longo caminho a ser percorrido, no modo como uma pessoa, ao passar por um momento de fundo de poço existencial, tem que empreender um esforço gigantesco para se reerguer. Aqui é o sonho de menino em se tornar um grande craque, querendo reproduzir nas quadras o talento de seus ídolos do Esporte, colecionando álbuns de figurinhas de jogadores de Futebol, álbuns estes considerados feios e monótonos pelas meninas, que preferem suas próprias bonecas. Aqui é um caminho solitário, realista, numa pessoa que precisa ser acompanhada por aliados para, assim, não se sentir tão solitária, pois não há crescimento sem ajuda, ou seja, tenho que ser humilde para aceitar um auxílio, ao contrário de um senhor que conheço, o qual rechaça qualquer pessoa que queira ajudá-lo de algum modo. Aqui temos uma forte angulação de perspectiva, no modo como os traços de perspectiva renascentista ditaram toda uma nova tendência nas Artes Plásticas Europeias, nas revoluções dos novos movimentos, num Mundo em constante processo de transformação. Aqui, temos uma musculatura fibrosa, forte, no termo “osso duro de roer”. O atleta flexiona um dos joelhos, talvez num sinal de humildade, no modo como o rebelde, antes de mais nada, tem que respeitar as tradições, dizia Osho. Aqui é a força de um ardoroso sonho, numa meta, mas com equilíbrio e sem exageros, pois que vida workaholic é esta, na qual não vivo e só laboro? Qual é o preço da vitória?

 

Referência bibliográfica:

 

Nathan Fox. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 30 jun. 2021.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Artista da Nata (Parte 3)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o ilustrador americano Nathan Fox. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Aqui é aquele universo de adolescente, trancado em seu quarto, nas palavras da imponente Marta Suplicy: “A Adolescência é uma época em que se masturbar dez vezes por dia é perfeitamente normal!”. Os papéis estão amassados e caoticamente jogados no chão, num momento da vida da pessoa em que o adolescente não sabe administrar certas coisas, como administrar os estudos, “enlouquecendo” os próprios pais, no divertido termo aborrecente. A discreta tatuagem na moça é uma marca, um registro, na paixão de uma pessoa por tais tatuagens, tatuando-se por inteiro, talvez, mais tarde na Vida, arrependendo-se, no doloroso e custoso processo de se deletar tatuagem, como disse a atriz ex tatuada Megan Fox. A cabeleira é a fertilidade, a criatividade, num jovem querendo se impor e encontrar seu espaço no Mundo, numa busca por identidade, na lacuna adolescente entre criança e adulto, nesta inevitável rebeldia, num jovem de atitude enfrentadora, não querendo ser mandando ou tolhido, no nome da série televisiva Anos Rebeldes, passada nos anos 1960, num momento em que o jovem se deparava com toda uma crueldade ditatorial. Os papéis amassados são os erros, os deslizes, numa pessoa que está crescendo e aprendendo muito, numa pessoa que quer retroceder no tempo e corrigir tais erros, em lições sendo aprendidas, nesta grande escola de intenso aprendizado que é a Terra, no modo espírita de crer que uma vida na Terra tem um valor curricular espiritual enorme, como numa pessoa que passou por uma experiência em uma dada empresa. A cama é o refúgio, no doce pecadinho da Preguiça, fazendo desta a mãe de tantas invenções, como a Roda e o Elevador, em invenções que visam ajudar e fazer com que o Ser Humano cresça e depure-se moralmente, até chegar a um ponto de depuração em que a pessoa simplesmente tenha pavor de mentir, como no laço mágico da Mulher Maravilha, o qual faz com que o enlaçado diga somente a verdade. Aqui é um atelier bagunçado no qual só o artista consegue se encontrar. Vemos um laptop, símbolo da evolução tecnológica, superando a era dos computadores com telas em tubo, como da TV. A jovem (ou o jovem, pois a figura aqui é um tanto andrógina,) toma nota de algo, querendo fazer mil coisas ao mesmo tempo, numa inquietude, num jovem que quer se expressar mas ainda não sabe como exatamente, num processo de identidade, na pessoa querendo se afirmar perante o Mundo, como li certa vez que é na Adolescência em que a pessoa começa a dar sinais de interesse profissional, e, realmente, foi a Adolescência em que comecei a escrever... O quarto aqui é musical, barulhento, e podemos ouvir o som, talvez de Rock ou Pop, numa barulheira que não é compreendida pelos pais adultos. É a época da galera, em que o indivíduo coloca acima de tudo a sua turma de amigos, só havendo na idade adulta a noção da importância dos laços de família. Vemos um pôster de uma banana enorme, fálica, que é esta autoafirmação, no termo “colocar o pau na mesa”, no jovem querendo transgredir a autoridade dos pais e dos adultos em geral, achando estes muito monótonos e sem sentido. A guitarra é a produção de Arte, fazendo da guitarra histriônica tal símbolo de rebeldia, de transgressão. Vemos aqui instrumentos como teclado e bateria eletrônica, numa explosão de criatividade, no desejo de inventar e fazer coisas novas, nesta tarefa primordial do artista plástico, que é pegar elementos dissociados, associá-los e produzir algo novo. É uma fertilidade, numa criatividade “em cio”. A luminária é tal iluminação, num momento em que a pessoa é guiada por espíritos bons conselheiros, no modo como Alan Kardec se disse iluminado por vários espíritos depurados ao escrever O Livro dos Espíritos. A roupa do jovem aqui é bem colorida, jovem, na explosão de Som e Imagem na estreia da MTV Brasil, com VJs despojados, apresentando os clipes que a gurizada ama assistir. Aqui é um Nathan Fox jovial, brincalhão, sem teias de aranha conservadoras.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui temos a imbatível e indestrutível imagem do patriarca, do acho alfa, no eterno machismo humano, fazendo de Adão a grande obraprima de Deus. Aqui é a figura do herói, da pessoa repleta de dignidade, em atos heróicos, salvando as pessoas, no super herói musculoso que é coberto de prêmios e gratificações, na figura do Super Homem, defendendo o Mundo de horríveis vilões destrutivos, na prestatividade masculina, como num lenhador com seu poderoso machado, cortando heroicamente a lenha para que a casa e a família fiquem aquecidas, no pai herói que nada deixa faltar dentro de casa, nessa enorme responsabilidade que é sustentar uma casa, num homem que, dentro de casa, é tratado como um rei, voltando do trabalho no fim do dia e encontrando a casa em ordem, com o jantar já encaminhado. Aqui, o homem tem essa superforça, fascinando menininhos, com criancinhas querendo crescer e ficar tão fortes quando o ídolo, nos apelos mercadológicos de produtos para crianças, fazendo essas acreditar que se tornarão um grande herói um dia. Aqui, a poderosa e possante pá é tal serventia e dignidade, no instrumento de trabalho, no falo da caneta, este instrumento que faz um presidente assinar importantes documentos, na responsabilidade em representar todo um povo, no modo como o Poder pode facilmente corromper o caráter de um homem, pois se quero conhecer alguém, tudo o que tenho a fazer é dar Poder a este alguém, na eterna sede humana por Poder e Dinheiro, coisas mundanas que perecem e desaparecem no Plano Metafísico, no qual tudo gira em torno de Apuro Moral, e não de Dinheiro... Aqui, vemos uma cidade de pedra construída por tal virilidade, na força de homens aos erguer prédios, nas tarefas do labor diário, num Ser Humano que se esforça ao máximo para que as cidades físicas, cheias de vicissitudes, fiquem as mais parecidas possíveis com as perfeitas cidades metafísicas, as quais são feitas de Pensamento, e não de pedra. O homem aqui está contemplando com valentia tal empreendimento, e sua mão na cintura conota Poder, força, na frase de He-Man, o homem mais poderoso do Universo: “Eu tenho a força!”. É um menininho querer um dia ser tão forte e musculoso como He-Man, havendo na espada tal símbolo de empreendimento, impondo respeito, como um vizinho que tenho, um homem que impõe respeito com coragem, sabendo que o Mundo só pertences àqueles que são respeitados, e quanto mais subestimando sou, mais vou surpreender a todos, na lição primordial de Tao – nunca subestime; seja sempre subestimado. Os fios elétricos atrás são as interconexões da Vida em Sociedade, no poder de comunicação da Internet, este âmbito digital que se esforça ao máximo para se parecer com algo metafísico, abstrato, como no Software, o intangível. As nuvens acima no Céu são tal poeira de labor, como num metal sendo polido e aperfeiçoado. As nuvens são essa aproximação do Mundo Imaterial, a dimensão que é o paraíso para quem gosta de trabalhar e manter-se produtivo, pois que vida é esta na qual nada contribuo para o Mundo? Ninguém merece ser improdutivo, havendo no sujo e escuro Umbral a dimensão dos que subestimam a dignidade do labor. O homem aqui está sem o paletó, talvez para ganhar mais agilidade. A gravata é a disciplina, numa pessoa que sabe que tem que sentar e produzir, não se deixando levar pelos traiçoeiros ventos do impulso, pois que vida é esta na qual sou um saco de plástico ao vento, sem ter controle sobre minha própria vida? Que vida é esta na qual não sou o protagonista? O homem protagonista aqui sorri com satisfação, vendo o abono da dedicação. A careca é a experiência, é o tempo passando, muito longe de um franzino adolescente. Aqui é a responsabilidade, o percalço sendo superado com elegância e virilidade. Aqui é uma pessoa que descobriu que, fora do labor, não há salvação, até chegar a um ponto organizacional em que a pessoa centra tudo no Trabalho, na carga de sustentar uma casa, tendo que pagar a mensalidade do colégio dos filhos.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Temos aqui uma frustração, uma pessoa que leva um tombo na Vida, pois a decepção é um sentimento altamente humano, pois a ilusão precede a queda, ou seja, para não me frustrar, não devo tecer expectativas, pois o Ser Humano está o tempo todo construindo expectativas, seja em termos amorosos, seja em termos profissionais. Aqui é um tombo, numa pessoa tomando um tufo da Vida, pois a arrogância precede a queda. Os tombos vão fazendo com que a pessoa cresça e se torne mais realista e humilde, havendo na juventude aquele momento em que nos sentimos acima de deslizes, pois ainda não tomamos muitos tufos, na ingenuidade de “acreditar em Papai Noel”. O arcoíris é a magia das cores, em lustres luxuosos de cristal, num suntuoso salão de festa, num evento elegante e belo, com pessoas bonitas e corteses, havendo nas festas terrenas este momento humano de tentar se aproximar, momentaneamente, da beleza de tais eventos metafísicos, na beleza de uma Vida melhor, longe das vicissitudes materiais, nas quais tudo gira em torno de poder mundano, de ambição e, consequentemente, infelicidade. O corno do unicórnio é fálico, mágico, numa criatura mística, como no unicórnio alado mágico de She-Ra, na liberdade do pensamento racional, materialmente desapegado, na imaterialidade dos números, que são a prova da beleza lógica de Tao, o claro, o lógico, na construção de toda a sofisticação racional em torno dos números, partindo da pura e absoluta lógica – um mais um, dois; dois mais dois, quatro... O cavalo aqui é forte, imponente e majestoso, num animal tão elegante e paladino, com seus saltos garbosos, livres, elegantes, fortes, na vitória da elegância sobre a grosseria. Este quadro remete ao terrível acidente do ator americano Christopher Reeves, que ficou tetraplégico ao cair de um cavalo. Os óculos do cavalo são a força da Intelectualidade, da erudição, na importância de uma nação em produzir muita Cultura Erudita, esta chave para a resolução de países tão problemáticos, cheios de cidadãos obtusos e vazios, burros, desculpe o termo. O cavalo se sustenta firmemente num rochedo, no cume de uma montanha, num esforço, numa pessoa se esforçando para ter o máximo de disciplina possível, como num professor, o qual, depois de breves vinte minutos de intervalo, tem que voltar à sala de aula e “tocar o barco”, encarando mais uma jornada do desafio de transformar crianças em cidadãos de bem. O rochedo é a referência, no modo como a Catedral de Caxias do Sul foi erguida sobre uma rocha, tornando-se o ponto mais alto da cidade na época, num recado bem nítido do Vaticano: “Aqui quem manda sou eu!”. É no termo hierárquico “Sua Alteza”, fazendo metáfora com a altura dos espíritos depurados, os quais não mais se debatem entre Bem e Mal, aceitando que, fora do Bem, não há salvação, ao contrário de um professor sociopata que tive, o qual dizia, em alto e bom som, que o Mal é mais interessante... O arcoíris é este símbolo de alegria e diversidade, no modo como a Comunidade Psiquiátrica Mundial não considera Homossexualidade uma doença, no modo como as luzes da Cultura Erudita vão, aos poucos, sendo absorvidas pelo Senso Comum, no qual ser gay, ainda, é degradante – tenha fé no futuro. O corpulento cavalo aqui é uma fera a ser domada e domesticada, num condicionamento, como numa pessoa que se vê obrigada a se comportar, buscando respeitar seus irmãos, seus companheiros de caminhada, no modo como um desprezível sociopata está o tempo todo em busca de vantagens em relação a tais companheiros, tais irmãos. Podemos ouvir o furioso relinchar do cavalo, o qual, com o poder fálico do Código de Hamurabi, busca impor respeito, pois como pode haver um rei que não é respeitado pelos cidadãos em geral? A mulher aqui está desconstruída, analisada, com luzes focando os mistérios do feminino, nos ritmos lunares ditando cólicas menstruais. Aqui, temos uma pessoa aprendendo uma importante lição, aprendendo a ter mais cautela e ponderação – a Vida precisa de pausa.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos a amizade e a lealdade, nesta parceria tão milenar como a dos cachorros com humanos. É um compartilhamento, na delícia da Vida que está no compartilhamento, pois de nada serve eu ter as coisas se não compartilho, pois que felicidade há no Egoísmo? O cachorro e o dono sorriem similarmente, num momento de prazer, de vitória, de superação, chegando por primeiro na linha de chegada, na vitória que é o Desencarne; que é o retorno ao Grande Lar Metafísico, numa festa de retorno, cheia de amigos, de entes queridos, na vitória da Vida sobre a Morte, num plano em que o Apuro Moral jamais é subestimando, bem pelo contrário – tudo gira em torno de tal apuro, como nas noções norteadoras morais dos Dez Mandamentos, pois como pode um bandido ser feliz? Aqui temos a glória da vitória, desculpe a rima! A neve fria é a frieza de tais desafios, na frieza do Pensamento Racional, na frieza de um psicoterapeuta, sempre fazendo com que os pés do paciente fiquem no chão o mais possível, no modo como é capital que tal terapeuta seja neutro, frio, sempre chamando a atenção àquilo que o paciente, por si só, não consegue enxergar, ou seja, amigos não podem ser terapeutas, pois um amigo é um vínculo caloroso. O rapaz aqui mal acredita na vitória, como num Senna berrando ensandecido no fim de uma corrida vencida: “Eu não acredito!”. As vitórias mundanas fazem forte metáfora com a vitória que é o Plano Imaterial, no qual nos sentimos com uma vida absolutamente brilhante, nos trilhos, organizada, na glória que é uma pessoa se manter produtiva, antes ou depois do Desencarne, pois tudo o que desejo a meus entes queridos desencarnados é que estes estejam produtivos, úteis, trabalhando, pois não existe “aposentadoria” – a luta continua, até chegar ao ponto dos espíritos elevados, os quais recebem as ordens diretamente de Tao, aquele sem nome. A fita dourada da chegada é rompida, numa virgem sendo desbravada, na sensação gloriosa de violação que é um gol, no princípio passivo feminino sendo “estuprado”, havendo na figura do goleiro tal defesa, defendendo uma donzela indefesa, a qual precisa de proteção, como uma princesa que cresceu num contexto protetor e alienador, ao contrário das mulheres fortes, como na Mulhergato, a qual, ao salvar uma mulher de ser estuprada, disse-lhe em desdém: “Você facilita tanto, não? Sempre esperando por um Batman para lhe salvar!”. O cão usa em torno do pescoço uma coroa natalina, com suas mágicas bolas coloridas, na magia de Natal, com uma árvore colorida, com cores pulsantes, mágicas, nas minhas doces lembranças de Infância, quando eu arrumava, na lareira de minha casa, um presépio com chão de serragem tingida de verde. Até com um espelho que servia de laguinho para patos, e com uma estrela guia dourada no topo de tudo, no mito da Estrela de Belém, este ente positivo que visa guiar a mente da pessoa pelos meandros da Vida, muitas vezes meandros escuros, no valor da Esperança, no modo como a beleza dos sonhos acaba sobrevivendo milagrosamente, na promessa da Estrela da Manhã, despontando em meio à escuridão, anunciando uma nova página. Aqui, o agasalho do rapaz é a proteção, o resguardo, na formiguinha trabalhando durante o Verão, para, assim, nada lhe faltar no Inverno, no modo como a Vida vai se desdobrando em toda a sua seriedade, na criança que vai naturalmente se desinteressando pelos brinquedos, guardando estes numa caixa, produzindo, depois, doces memórias, como no trenó Rosebud do Cidadão Kane, um homem que, ao morrer rico e poderoso, clamou em leito de Morte o nome do estimado trenó, remetendo à doce Infância, uma época em que a vida era simples, e tudo o que lhe restava era andar de trenó pela neve aqui neste quadro de Nathan Fox, no prazer onírico de plainar, como nos personagens de O Tigre e o Dragão. O Céu aqui está límpido, claro, revelando as montanhas nevadas atrás, na clareza do triunfo, com o dia “amanhecendo” na cabeça da pessoa, num processo cognitivo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). A boca escancarada é a expressão, numa pessoa que encontrou algum canal para mostrar algo, num ímpeto. É a liberdade de expressão, este bem tão negado pelas ditaduras, como num Vladimir Putin proibindo na Rússia a exibição do filem sobre Sir Elton John. Aqui é como uma pérola numa ostra, numa revelação, como na ascensão da Vênus de Botticelli, numa estrela sendo revelada, nas explosões de novos astros, no fato de que o novo sempre vem, e cada geração tem seus ídolos. Nesta língua temos a silhueta de uma bomba, neste poder da Arte em “estourar” e causar comoções, com artistas que definitivamente não podem ser ignorados, tendo que ser, no mínimo, respeitados, no modo como respeito bandas de Rock como Rush – não sou fã, mas reconheço que é uma baita banda. Aqui é uma ânsia de vômito catártico, nestas purificações da alma que são as catarses, na gloriosa sensação de levar o lixo ao container e ouvir o caminhão levando embora. O cidadão proibido de se expressar vira um símio, um mero macaco sem razão ou opinião, sem vida intelectual, num mero tijolo indistinto numa medíocre parede, no modo como as grandes democracias produzem artistas tão maravilhosos, filhos de um país livre, que jamais oprime o próprio cidadão, evocando aqui a trilogia Matrix, num ponto em que um governo esmagador e tirano transforma o cidadão em um escravo de um sistema sem sentido, pois a Vida não tem sentido sem Liberdade, na liberdade do espírito, no sonho de Smith do indivíduo ser dono de si mesmo, sem qualquer controle estatal, uma utopia que gerou o oposto, que foi o esmagador estado comunista, na falta de sentido em transformar o cidadão em uma bateria alcalina, na perversidade sádica humana em produzir escravos, na estupidez de arrancar escravos negros da África, gerando sequelas sociais para os descendentes de tais escravos. A língua aqui é rubra e lasciva, libidinosa, numa lambida de Mulhergato, numa domadora, uma mulher adulta e sexy, mantendo os homens em seu devido lugar, no caminho da disciplina, no modo como o indivíduo tem que se disciplinar, sabendo que tem que sentar e produzir algo, mostrar algo, como disse minha falecida avó poetisa, professora aposentada: “Sem a poesia, o que faria eu desta tarde brumosa?”. Esta pérola é como um piercing, colocado dolorosamente, neste órgão tão sensível como a língua, no modo como cada um é livre se quiser ou não quiser furar a língua, remetendo a uma grande amiga minha, “louquinha”, com um piercing na língua – coisa boa ter amigos tão distintos! Aqui, os óculos escuros são a proteção e o resguardo, numa pessoa que quer evitar a Catarata. Aqui é uma mulher jovem e moderna, extremamente antenada nas tendências mundiais de Música, Comportamento, Moda etc., neste modo do jovem de se sentir parte de um todo global, numa geração que nasceu em plena era digital, em plena Internet, numa geração que já considera o DVD algo perfeitamente obsoleto. Aqui é como uma consulta no dentista, no frio olho científico, numa pessoa se colocando nos braços de outra, numa relação de confiança, no modo como um senhor, há um tempo, perdeu minha confiança, pois, ao ter minha confiança num primeiro momento, usou tal poder para “me passar par atrás”, perdendo, assim, tal confiança. Aqui é como um túnel, num hálito de caverna, como uma sepultura sendo descoberta no Vale dos Reis do Egito, no desbravamento da tumba do rei Tut, o maior achado arqueológico da História. Aqui, temos um prazo de validade, e a bomba, cedo ou tarde, explodirá – é só questão de tempo, no modo como qualquer encarnação tem tal prazo de validade, pois a boa notícia é a de que não seremos prisioneiros para sempre, com entes queridos nos esperando para uma grande festa de Retorno ao Lar Metafísico, o lugar que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, no caminho da Felicidade. A pérola aqui é uma raridade, uma exceção, tão rara que é apresentada como fenômeno, numa avassaladora Gisele sendo revelada aos quatro cantos do Mundo, na vitória do Trabalho.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Aqui temos uma divertida explosão de personagens Pop Art, de cultura de massa, com personagens altamente impressos na memória afetiva de nossas infâncias. Aqui temos um grande combate, e não sabemos quem é vilão e quem é herói. A Rainha Má da Branca de Neve é esta soberba, servindo de inspiração à diva atriz Tereza Raquel quando esta interpretou a inesquecível rainha histérica do novelão histórico Eu Rei Sou Eu?, da Globo, um dos maiores momentos de toda a História da Teledramaturgia Brasileira, conquistando merecidos píncaros de audiência e popularidade. O espelho da rainha é o narcisismo sociopático, numa pessoa louca que se acha perfeita, acima de tudo e todos, resultando em personalidades arrogantes, odiosas e insuportáveis, com bandidos se achando Deus, o centro de tudo, algo que o sociopata, definitivamente, não é, ou seja, tome cuidado com esses vampiros de almas! A rainha está obcecada em ser a mais bela, numa doentia competitividade, numa obsessão, uma fixação, numa pessoa “cega”, que quer sucesso a qualquer custo. As pontas da coroa da rainha são cruéis, inóspitas, pois não há lugar para qualquer amor no coração podre de um sociopata, num homem que odeia até os próprios netos. O Super Homem é a vitória dessa hipermasculinidade, conquistando a simpatia dos meninos, os quais querem ser, um dia, tão fortes e poderosos como o ídolo, no contraste do pacato, discreto e subestimado Clark Kent, um homem acima de qualquer suspeita, guardando o segredo de sua identidade heróica. Desafiando o herói, a figura forte de Darth Vader, um homem que um dia fora feliz, mas cujo coração começou a se deixar seduzir pela Ira, pela Raiva e pelo desejo de ter Poder, muito Poder, no modo como o Anel de Tolkien tem o poder de corromper as mais inocentes almas, no caminho da escuridão, num Vader que foi mortificando qualquer sensibilidade em seu próprio coração, num vilão que acaba se arrependendo, decidindo, por fim, a defender o próprio filho Luke Skywalker, num Vader pagando com a própria vida para se regenerar em seus últimos instantes de vida, na vitória da Sensibilidade sobre a Crueldade. A respiração de Vader é abafada, difícil e doente, num espírito que sofre muito ao se deixar cercar pelas trevas da ambição, num caminhar sem sentido, num homem poderoso que, nunca estando contente, quer mais e mais Poder, como num insaciável buraco negro, devorando tudo, num caminho sem sentido, pois a Vida é boa quando é simples, em momentos tão simples e mágicos como uma menina tomando o café da manhã no colo do namorado, na singela vitória do Amor sobre a Ambição. Vemos o personagem machão de Duro de Matar, do inesquecível Bruce Willis, num personagem que enfrenta tudo o que é tipo de vicissitude para sobreviver e vencer, no modo como não há sentido numa vida sem vicissitudes, tal qual um surfista se prostrando frente a um mar sem ondas, sem desafios, sem a deliciosa sensação de plainar. Vemos o assombroso Coringa de Heath Ledger, num triste Oscar póstumo, no modo como a Academia de Hollywood ama esses atores que desaparecem perante o personagem, ao chegar a um ponto em que deixamos de ver o ator para ver apenas o personagem, no caminho sábio do camaleão em desaparecer perante algo, numa pessoa que abriu mão das vaidades mundanas. A rainha má agride uma moça com o espelho, e há um corte sangrando na face da déspota, como numa dolorosa cólica menstrual, no modo como os homens não fazem ideia do que é estar em tensão pré menstrual, pois a Vida vai se revelando dura para a Mulher. A moça loira leva um baque fenomenal, talvez numa pessoa enfrentando uma grande perda, como uma senhora amiga minha, a qual perdeu a netinha de quatro anos de idade de uma forma brutal e horrível, no modo como há coisas que a pessoa leva ao túmulo, sem superar completamente. Aqui temos um embate de titãs, com altos índices de audiência, para ver quem é o melhor, como num jogão numa final de Futebol, num Brasil unido pela torcida em tempos de Copa.

 

Referência bibliográfica:

 

Nathan Fox. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 30 jun. 2021.