quarta-feira, 29 de março de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 3 de 8)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o artista americano Winslow Homer. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A advertência da neblina. O homem aqui está por si, independente, no menino que virou homem, sedento por tal autonomia. Os peixes enormes são a riqueza do dia, num lar com pratos fartos, nas responsabilidades de um homem em prover um lar, num pai zeloso, o qual nunca deixou algo faltar dentro de casa, como meu pai, o Dr. Mascia, cardiologista, um pai de nobre coração. O mar revolto é o desafio da instabilidade, no desafio de ondas para um surfista, ou na montanha para o alpinista, ao contrário da pessoa depressiva, uma pessoa que não está centrada, e não é um inferno a vida de uma pessoa que não tem norte? Como posso ajudar uma pessoa que está sem norte? Como posso empurrar tal “cadeira de rodas”? Nos versos de canção das Spice Girls: “Quero um homem e não um menino presunçoso!”. Aqui remete a um senhor que vi na praia Mole, em Florianópolis, vendendo sanduíches à beiramar, numa vida dura, como qualquer vida, mesmo havendo em Santa Catarina tais santuários de Natureza exuberante, numa ilha um tanto mágica para quem vem de fora, havendo neste homem tal fato: Apresar de eu trabalhar em tal lugar belo, minha vida, ainda assim, é difícil. Aqui é uma luta, e o homem luta com os remos, num emprego de força e esforço, como em disse uma querida médium espírita: “Quando você beija o fundo de poço existencial, você tem que fazer um esforço ENORME para se reerguer”, como no astro Axl Rose, o qual, depois do boom da banda Guns n’ Roses por volta do limiar entre os anos 1980 e 1990, foi um astro que conheceu tal fossa pós sucesso, empreendendo enorme esforço para se reerguer, já tendo várias vezes passado por Porto Alegre para shows da icônica banda – Axl está na estrada; Axl é guerreiro; Axl tem meu respeito, apesar de eu não ser exatamente fã ardoroso da banda em questão. O peixe aqui é a tradição da Sexta Feira Santa, com as feiras de peixes vivos, os mais fresquinhos possíveis, na universalidade de tal iguaria, como no sushi, ou como no monstrinho carismático Gollum de Tolkien, devorando peixes vivos, como num faminto urso pós hibernação, abocanhando salmões que nadam rio acima para reprodução da espécie aquática. Aqui é uma vida dura, como qualquer outra vida, sendo tão ilusória e insuportável a vida de uma pessoa improdutiva, a qual desencarna, vai ao Plano Superior, e lá se dá conta de que a vida continua, e que o labor continua também, num lugar maravilhoso, onde não há desemprego e onde os trabalhos são nobres e interessantes, nunca meros trabalhos subservientes – o Céu está longe de ser um encantado lugar com anjinhos dourados tocando harpas! O homem aqui é solitário, num quadro de solidão degradante, de uma pessoa que passa sozinha o próprio aniversário – triste, não? Aqui é ganhar o pão de cada dia, na responsabilidade de colocar comida na mesa e alimentar os filhos, na responsabilidade de um pássaro em nutrir os filhotes no ninho, num ato de dedicação e zelo, como na logomarca da marca Nestlé, num ninho provido por um pai pássaro zeloso. Bem ao fundo, de forma muito distante, vemos um barco, mas aqui a concorrência é nula, num homem que se dá conta de que o Mundo é uma esfera competitiva, sendo necessário que a pessoa tenha agressividade para encarar tal âmbito concorrido, num artista que percebe que não é o único artista do Mundo, no modo como as competições esportivas atraem tantas multidões ardorosas, num entretenimento para as massas, em esquemas de patrocínio nacional pela televisão, com tanto dinheiro correndo solto em tal propaganda, em marketings ardilosos como no Hard Rock Café de Gramado, no qual o cliente só pode acessar o restaurante se passar por uma sedutora loja de souvenirs, com bonés, canecas e moletons, numa loja cara, tendo que pagar os elevados aluguéis de uma cidade tão competitiva como Gramado. O homem aqui está tranquilo, pois a lida do dia já rendeu frutos, numa sensação de alívio, na grande piada que é o orgasmo, numa sensação de alívio e de descarrego, pois como Deus pode ter vergonha de algo que Ele mesmo criou? Aqui é uma sisuda Quarta Feira de Cinzas, no momento em que a alegria colorida carnavalesca retorna à vida laboriosa, nas palavras de Jô Soares ao chamar o convidado para a entrevista: “Vamos trabalhar!”.

 


Acima, As três pescadoras. Aqui é um quadro um tanto feminista, pois as mulheres reunidas não estão submetidas a um poder patriarcal, no qual a mulher é Eva, um arremedo de Adão, sendo este a obraoprima de Deus, fazendo de Eva tal arremedo, na Eva que trouxe todas as desgraças ao Mundo – que machismo, Jesus do Céu! O vento da orla é um tanto frio, numa pessoa que viveu tal doce Verão à beiramar, vendo o Verão dar lugar ao frio, numa praia erma, deprimente, desolada, fria, cinzenta, na vida que se revela em toda a sua seriedade. O terreno é inóspito, em rochedos inférteis e áridos, como nos campos infernais do Umbral, que são como uma cidade fantasma, sem uma viva alma para nos fazer companhia, no plano infeliz que abriga os que zombam da necessidade de aquisição de apuro moral, pois a verdade é eterna; a mentira, não, na frase emblemática de minha mãezinha: “A mentira tem pernas curtas!”. As moças estão conversando, e vestem-se da mesma forma, nas identificações grupais, num grupo no qual, por afinidade, as pessoas se vestem mais ou menos da mesma forma. O vento corta inclementemente, como num inclemente sol de Verão, num apartamento frente oeste, sofrendo com os calores da estação, numa pessoa sábia, que avalia a posição solar antes de adquirir um imóvel, na ironia de nosso planeta: No Hemisfério Sul, o melhor é frente norte; no Hemisfério Norte, o oposto, na grande piada que é o Mundo redondo, como na abertura do seriado Third rock from the Sun, com astros espaciais dançando ao sabor de uma canção alegre e contagiante, no poder da irreverência, no senso de humor tão humano, como nas comédias teatrais universais. Aqui é um tanto miserável, pois os cestos das moças estão vazios, num dia duro, sem muitos frutos, como um humilde vendedor de flores na Rua, havendo dias em que tal vendedor nada ganha de dinheiro, num espírito que decidiu encarnar num contexto social duríssimo para, assim, em meio a tais vicissitudes, crescer e evoluir como espírito, fazendo de tal crescimento o sentido de qualquer encarnação – a Vida vai fazendo de nós pessoas melhores e mais depuradas. Os lenços nas cabeças são tal proteção, numa dona de casa, a qual amarra um lenço sobre a cabeça e encarar mais um dia de duras atividades do lar, “matando-se” para manter uma casa limpa e organizada, talvez desiludida com um marido grossão e pouco romântico, no modo como a magia da Lua de Mel pode se dissipar, no modo como, para se manter um casamento sólido por décadas, é necessário que eu, todos os dias, dê uma reconquistada na pessoa casada comigo, como eu já disse a uma grande amiga psicóloga: “Os relacionamentos amorosos são difíceis, não importando se são heterossexuais ou homossexuais”. Os barcos ao fundo são outra história, outra vida, na universalidade da divisão de tarefas entre homem e mulher, na conveniência do casamento: Nós nos unimos e cada um faz uma parte do trabalho, como num imigrante italiano na Serra Gaúcha, vendo no casamento uma necessidade e não propriamente um ato de exclusivo amor, numa pessoa séria, pés no chão, centrada, evocando aqui, novamente, a necessidade de se levar uma vida centrada. Aqui é esta paixão de Winslow Homer pelos espaços abertos, ao ar livre, querendo fazer com que sintamos tal brisa de cheiro de mar, na Mãe Primordial que trouxe Vida à Terra, fazendo da Terra uma esfera tão única em sua biodiversidade, causando “inveja” a todos os outros planetas de nosso sistema solar. Aqui é uma pausa para um colóquio, como um colono papeando com seu vizinho, na construção de relacionamentos sociais, num colono o qual, de tão laborioso, odiava o dia de Domingo, sendo proibido de trabalhar pelo padre católico local. Aqui é o fato de que nem tudo são flores douradas de perfeição, na metáfora da bela rosa com seus espinhos, na canção Autumn in New York, regravada pela mestre Diana Krall: “O outono em Nova York é frequentemente mesclado com dor!”. Aqui são tempos de “vacas magras”, na dependência humana por água, em estiagens que dizimam plantações inteiras.

 


Acima, Crianças de Winslow Homer sob uma palmeira. Aqui são como as crianças que viram as aparições da Virgem Maria, em revelações de segredos de interesse da Humanidade. Aqui é a época da Vida em que a criança é pura em suas amizades, em uma criança que não vê interesse, mas puro carinho e amizade. O vaso ao fundo é a exuberância natural, em luxuriantes paisagens, na irresistível mescla carioca entre urbe e natureza, na cidade mais linda do Mundo, no fascínio que os trópicos exercem sobre países de clima mais frio, no modo como podem ser deprimente os longos invernos ao Norte do Mundo, num escandinavo que sonha com um dia de Sol, no modo como em Londres os dias de intenso Sol são tão raros, fazendo com que o londrino tenha uma pele pálida, que pouco Sol recebe durante o ano. As crianças vestem roupas exóticas, no exemplo do fascínio que a Índia exerce sobre o europeu, nas rotas mercantis de especiarias, na magia de um tempero tão incrível como cravo ou canela, na magia culinária dos grandes chefs de cozinha com seus programas televisivos, no modo como tanto me sinto entretido em ver alguém cozinhar, nas palavras de um famoso chef gaúcho: “A Gastronomia é uma arte feita paras ser destruída!”, fazendo da Culinária tal prova da universalidade humana, no exemplo do cuzcuz, que conquistou os EUA. As plantas são a Vida, talvez em um escritório deprimente, sem vida, no qual só há labor, no modo como eu próprio já tive uma fase workaholic, na qual eu só trabalhava e não vivia, e isso não é saudável! A menina tem um diferencial, com um véu sobre a cabeça, no modo humano de diferenciar homens de mulheres, como num templo em que cada gênero fica de um lado do conjunto de bancos. É na polêmica frase de uma certa senhora: “Menino tem que usar azul e menina tem que usar rosa!”, numa declaração que muita reação causou, como no movimento Rainhas usam azul, mostrando monarcas e consortes com vestidos da cor azul. A menina está principal, ao centro, como numa foto de Tina Turner cercadas de homens cantores, com a diva negra sentada ao centro, enquanto os senhores ficavam de pé. A moça, com sua roupa, lembra a tradicional fantasia carnavalesca de cigana, fazendo do povo cigano um povo tão marginal e mal quisto, fazendo dos ciganos que, além de paupérrimos, sofrem um grande estigma e preconceito, pois nossas mães não nos assustavam quando éramos crianças dizendo que, se não nos comportássemos, seríamos levados pela cigana? Aqui é uma ocasião especial, com roupas especiais, em momento em que saímos um pouco do cotidiano e celebramos a Vida, no momento de baile, no qual nos esforçamos para estarmos com a melhor aparência possível, como num filme com um ator interpretando o mestre jazzista Cole Porter, com CP em frente a um espelho, de smoking e cabelo impecavelmente arrumado, dizendo para si mesmo: “Como eu gostaria de ser assim para sempre!”. É o momento em que ao físico encontra o metafísico, na Estrela da Manhã triunfante sobre as sombras, trazendo o Lar Primordial ao qual todos retornaremos, o lugar onde tudo tem beleza e sentido, numa sensação enorme de saúde e bem estar. Aqui é um momento plácido, com crianças comportadas, entretidas, ao contrário de uma criança chorando e comportando-se mal, testando ao máximo a paciência de seus próprios pais, na máxima popular: “Ser mãe é padecer no paraíso!”. Aos pés da menina vemos uma pluma luxuriante, num pavão cortejando a fêmea, na magia do cio primaveril, quando a Vida renasce e a libido invade os hormônios de adolescentes, remetendo a um professor que tive no Ensino Médio, quando o mestre, irritado com a inquietação dos adolescentes, expulsou todos estes da sala de aula! A pluma é essa suavidade, sedutora e romântica como lençóis de cetim, numa pessoa infeliz, que leva vida dupla, estando eternamente “em cima de um muro”, fazendo com que eu queira lhe dizer: “Qual é o problema com você? Você não consegue ser digno, uno e íntegro?”.

 


Acima, Floração dos pêssegos. A magia da floração, como na floração dos vinhedos, dando origem ao cacho de uva, na magia das vindimas, como em Decameron, a comédia do sexo, na libido da vida veranil, gerando o filme homônimo, com freiras transando com um mesmo homem, com uma das freiras, já tendo transado, dizendo para a freira que estava para transar: “É como o Céu, irmã!”. A menina aqui é chic, e não uma humilde e esfarrapada camponesa com trabalhos duros na lavoura, na beleza de uma mulher bem arrumada, aprumada, com autoestima, só saindo de casa se estiver impecavelmente arrumada, como uma professora que tive no Ensino Médio, a qual, de manhã bem cedo, estava impecavelmente arrumada e maquiada, numa mulher bem feminina e sensível, no fascínio de um perfume doce no ar. Podemos sentir o perfume do pêssego, na grande invenção de Tao que foram as frutas, em sabores tão diversos e exóticos, na manga indiana que ganhou o Brasil, em perfumes como o de melão ou laranja, no uso frequente de cascas de limão e laranja em receitas, no frescor cítrico como um drink geladinho no Verão. A moça aqui parece estar esperando algo, no caminho da esperança, numa pessoa que, num fundo de poço existencial, diz a si mesma: “Calma! Você vai dar a volta por cima!”. As flores são tal magia, como nas exuberantes sakuras japonesas, identificando as mulheres com a beleza da Natureza, como moças havaianas enfeitadas com flores no cabelo, como na personagem Rosinha, de Tolkien, dançando com flores no cabelo, deixando apaixonado o jardineiro Sam; como numa moça fotografada no evento Woodstock, com esta tendo flores enfeitando o cabelo, no modo como a feminilidade está em coisas simples, e não em joias milionárias, na revolução das bijus de Chanel – o que importa é o efeito da peça, e não o preço desta. O muro aqui é tal limiar, numa moça indecisa se aceita ou não um pedido de casamento, como numa mulher belíssima que conheço, a qual, já quarentona, nunca casou, talvez eternamente esperando por um príncipe encantado, guardando-se indefinidamente para o homem perfeito, no modo incrível como uma mulher tão bela possa estar sem homens aos seus pés! A bolsa aqui é tal garbo, na bolsa mágica do personagem Tinky Winky, na febre do televisivo infantil Teletubbies, numa bolsa mágica, como no personagem Gorpo, do universo de He-Man, fazendo mágicas que nem sempre dão certo, num toque de irreverência em torno da guerra universal Bem versus Mal. O fino vestido farfalha ao vento fresco de meia estação, esta época agradável do ano, quando não temos que nos agasalhar intensamente e, ainda assim, não suamos excessivamente, em torno de temperaturas tão clementes, sem o tórrido Vênus e o gélido Marte, os “irmãos” que cercam a Terra, estando nosso planetinha na distância ideal do Sol, numa biodiversidade tão única. A moça olha para o lado, talvez esperando por um rapaz num encontro, no momento em que a menina começa a entrar na adolescência, desinteressando-se pelas bonecas e pelos ingênuos contos de fadas, numa mulher madura, que não acredita em príncipes perfeitos e indefectíveis. O sapato novo e belo da moça denota dinheiro, posição social, no modo tradicional de um vendedor de loja, o qual olha para os nossos sapatos para avaliar se somos pessoas de bom poder aquisitivo, na crueldade capitalista na qual um pobre é um pedaço de merda, como o perdão do termo chulo, em cidades como Nova York, a qual pulsa duas coisas: Arte e dinheiro. A flor é tal milagre da Vida, como na Rosa Mística de Maria, em tal feminilidade, tal sensibilidade, como na flor da rosa, a qual é plantada junto ao vinhedo para que, na sensibilidade da flor, pragas sejam detectadas e devidamente combatidas com recurso de agrotóxicos. É como na abertura do filmão A Época da Inocência, com flores desabrochando e amantes se apaixonando, na libido de borboletas ensandecidas polinizando, havendo no desabrochar uma revelação, como numa estrela sendo revelado ao redor do Mundo, numa Lady Gaga tão talentosa e transgressora.

 


Acima, Nordeste. As talentosas pinceladas de WH, dando movimento, ação. É a indiferença das ondas, as quais quebram queiramos ou não, quebrando no Verão e no Inverno, com ou sem turistas na orla. Aqui é um cenário de desolação, talvez num Winslow fazendo a catarse de um sentimento de abandono e carência, num estilo de vida tão solitário, carente, numa pessoa inativa, que está se escondendo da Vida, topando dormir numa calçada fria, suja, úmida e dura, expondo-se à violência urbana, tal o desejo de um mendigo em querer fugir da séria Vida. Podemos ouvir aqui o som do mar requebrando, nas curvas sedutoras do calçadão beiramar carioca, ao som de Garota de Ipanema, serpenteando como uma talentosa top model, no modo como, já ouvi dizer, o Mundo da Moda é frívolo e superficial – sei lá. Aqui é algo extremamente ermo, numa solidão infernal, como me disse meu tio, que viajou à orla no Inverno: “É deprimente”, disse ele. Aqui remete a um professor meu da faculdade, o qual contou que, quando gurizote, bateu o martelo e decidiu que queria ser ratão de praia em Florianópolis. Então, ele acabou o Ensino Médio e foi de mala e cuia para a mágica ilha de Floripa, encontrando extremo prazer em tal estilo de vida “pé na areia”, na vida em que tal gurizote pedira a Deus. Porém, há uma canção do A-Ha chamada Summer moved on, ou seja, O Verão se foi, e foi isso que aconteceu: os dias foram ficando mais cinzentos, frios e chuvosos, cada vez menos veranistas passeando na beiramar, cada vez menos surfistas pegando ondas e, um a um, os bares da orla começaram a fechar. Então, este meu professor se viu numa praia fantasma, sozinho, enquanto todas as outras pessoas reiniciaram suas atividades sisudas, fechando definitivamente o veraneio, na canção célebre: “São as águas de março fechando o Verão, e a promessa de Vida no teu coração!”. Ou seja, não dá para fugir da Vida. Este meu professor, ao ver tal situação de desolação, “colocou o rabo entre as pernas”, voltou para casa, tratou de encarar a Vida e ingressar em algum curso universitário, pois lençóis de cetim são muito românticos, mas o que acontece quando você não está na cama? Aqui os rochedos duros vão sendo, aos poucos, desgastados pela mole água, no ditado popular: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!”. É a questão da persistência, numa pessoa que, ao ter certo talento, tem que persistir se quiser obter o respeito do Mundo, pois como posso ajudar e auxiliar uma pessoa que não está centrada? Aqui sentimos o olor do Mar, a Mãe Primordial que trouxe a Vida à Terra, a Mãe Iemanjá que abençoa as redes de pescadores, no ato sincrético de associar tal divindade pagã à Nossa Senhora de Navegantes, fazendo da religião algo tão universal, no modo como discordo de Marx – temos que respeitar as religiões, pois a URSS ateia não “caiu de podre”? É nas palavras de Osho: “O rebelde, antes de tudo, tem que respeitar a tradição!”. Aqui nos convida a um momento de contemplação da Natureza, a Mãe Terra que veste roupas majestosas nos campos e florestas, num Ser Humano mundano, obcecado por joias mundanas, as quais nada significam metafisicamente: Matéria é nada; pensamento, tudo. E a riqueza da passagem de Jesus pela Terra não reside nos pensamentos que o Salvador propagou? Não é o pensamento a força que marca a passagem de qualquer pessoa pela Terra? Tudo que temos que mostrar ao Mundo é nosso próprio talento – só puxar ferro e ter músculos não é talento, sinto em dizer. Aqui é tal processo intermitente, nos modos da Natureza em se desenvolver, em mecanismos ainda tão misteriosos, pois, nas entranhas da Terra, a água salgada do Mar vira água doce em rios, numa esfera autossustentável, perfeita, impecável, no modo como temos que dar ouvidos aos ecologistas: Temos que cuidar da Terra, pois esta é nosso único lar, no modo como o espaço, fora da Terra, é absolutamente hostil ao Ser Humano, como diz no início do filme tecnicamente impecável Gravidade, nessa competência hollywoodiana em produzir tais efeitos, deixando o Mundo perplexo.

 


Acima, O fluxo do golfo. Aqui temos um grande perigo, pois o indefeso bote está cercado de tubarões famintos e agressivos, remetendo a um take sutil no filmão O Advogado do Diabo, numa tapeçaria que mostra lobos furiosos caçando uns aos outros, nas palavras irônicas de um certo professor que tive, o qual dizia que, na prática, o lema do Mundo é: “Devorai-vos uns aos outros!”, num Mundo que tão contra vai às palavras de Amor de Jesus. É num Mundo competitivo, o qual exige que o indivíduo adquira agressividade para se destacar em tal cenário competitivo, como de disse um certo psiquiatra, um homem que aprendi a respeitar, um homem duro, porém competente. O negro aqui é um náufrago, talvez o último sobrevivente. O mastro quebrado é tal desolação, numa situação difícil de ser contornada, talvez sendo só questão de tempo até o homem virar almoço de tubarão. O homem se dá conta de tal situação, e as ondulações são extremamente perigosas, num frágil barco que ameaça virar a qualquer momento, num destino que está selado, como no destino genético, o qual está selado a partir do momento em que o óvulo se junta ao espermatozoide – relaxe e curta a viagem, pois você nasceu assim, meu irmão, mas palavras da canção de Lady Gaga, a prova de que os novos talentos sempre afloram, no novo que sempre vem. Aqui é no filme blockbuster Tubarão, num Ser Humano vulnerável aos poderes da Natureza, num Homo sapiens que se tornou a espécie dominante no planeta, com a incumbência de controlar as forças naturais, no processo de domesticação, no qual o lobo deu lugar ao cachorro; a pantera, ao manso gato de lar. Entre esses tubarões há uma grande competição, como numa final de Copa do Mundo, atraindo a atenção de praticamente todos os cidadãos do Brasil, nesses grandes espetáculos públicos como os gladiadores no Coliseu, no sonho em se tornar tal astro, tal pessoa excepcional, no sonho de uma menininha em ser Rainha da Festa da Uva, em sonhos de infância frente à dureza do Mundo, este terreno em que boa parte de nossos sonhos não se concretizam – é assim mesmo. O rapaz negro é a questão da escravização, na semelhança dos EUA e o Brasil, países americanos que lançaram mão da brutal forma de exploração do trabalho humano, tratando seres humanos como se estes fossem cachorros num canil, na ironia da feijoada, um prato que hoje, servido como deliciosa iguaria, surgiu dos restos de carne e feijão nas senzalas, ou no modo como o fondue, hoje chic, nasceu de camponeses pobres europeus, nas reviravoltas do Mundo. O rapaz nada mais tem a fazer, e sabe que sua morte é questão de curto tempo, num momento em que a pessoa reza, desesperada, como num infeliz condenado a ser queimado vivo numa fogueira, no início violento e arrebatador do filme Elizabeth, num Europa Contra Reforma, na capacidade humana em se desentender, dizendo agir em nome de Jesus mas fazendo coisas que Ele jamais faria, como Caim matando Abel – as guerras são isso. Mas espere! Há um sinalzinho de esperança! Muito ao fundo no quadro, de forma apagada e quase imperceptível, há um navio, numa esperança, como no filme Lagoa Azul, na moça que, no fundo, não quer sair da ilha deserta, com o moço desesperado para sair de tal ilha, nos desentendimentos de casais, num homem que acha que as mulheres são loucas. Mas este socorro é remoto, pois o barquinho à deriva fica muito longe da nau gigante, e tudo o que resta ao rapaz negro é rezar, rezar muito, no costume de se rezar antes de pegar a estrada, pedindo a proteção de Nossa Senhora da Boa Viagem, na imagem desta na rodoviária de Caxias do Sul. O rapaz, de rosto amargo, parece não notar o navio ao fundo. É como no abandono do personagem de Leonardo DiCaprio no filme contundente O Regresso, um homem que fomenta o desejo de vingança para com o que lhe abandonou covardemente, num Leo que, geralmente, faz escolhas muito boas em matéria de projetos, pois a Vida é feita de escolhas. Aqui é um quadro amargo, num filme anticatártico, o qual não faz com que saiamos de alto astral da sala de Cinema.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

quarta-feira, 22 de março de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 2 de 8)

 

 

Volto a falar sobre o artista americano Winslow Homer, um dos mais importantes pintores dos EUA. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A colina verde. Aqui é um saudável momento de solidão, na necessidade de uma pessoa em ter tais momentos a sós consigo mesma. É como na cena do filmão A Rainha, na qual a monarca está sozinha num campo, e, ali, envolta em extrema privacidade, faz seu choro oculto pela morte da ex nora, a monstruosa Diana. O cabelo arrumado em trança é tal garbo e autoestima, no modo como cada pessoa tem que ter amor próprio, ao contrário de um amigo depressivo que tenho, cuja autoestima está lá, no fundo do poço, por assim dizer, numa pessoa que sequer curte seus próprios predicados. A moça aqui parece se espreguiçar, saindo de um profundo sono, nos misteriosos códigos oníricos, partes de nosso self projetadas, na análise de sonhos em consultórios de Psicologia, neste importante acompanhamento existencial terapêutico, como já ouvi dizer: Uma psicóloga é uma comadre bem paga! O campo aqui é um majestoso carpete, num conforto de andar de pés descalços dentro de casa, em terras deliciosas como a Bahia, sem o risco de pegarmos resfriados ao andarmos de pés descalços, em particularidades baianas em se tomarem de dois a três banhos diários, diferente do padrão cultural gaúcho, que é apenas um banho diário. A menina é jovem, e não parece ter maturidade para tomar decisões importantes, como decisão de carreira profissional, como um jovem rapaz que conheço, o qual está meio perdido, sem saber se quer de fato cursar o curso universitário que está cursando. As nuvens brancas aqui são os sonhos, como num sonho de uma menininha em ser rainha da Festa da Uva, no momento de celebração social, num momento especial, de garbo e beleza, unindo toda uma comunidade em torno de algo nobre, que é a celebração da Vida, da vindima, fazendo da Itália o país das vindimas, com inúmeras festas municipais de norte a sul do país em forma de bota. O chão aqui é selvagem, sem pavimento, num chão de terra, selvagem, numa região campeira, longe da poluição asfáltica das urbes grandes, num Homer que viveu em grandes centros urbanos, sempre preferindo as cenas campestres, praianas, Aqui, parece que nada abalará tal paz, nos anseios da canção de Elis: “Eu quero uma casa no campo, onde eu possa compor!”. É um desejo por paz e sossego, num líder que sabe que tem que respeitar o sossego do cidadão comum, nunca interferindo no dia a dia pacato do cidadão, num líder que respeita o povo e por este é respeitado, na máxima popular: “Respeito é para quem tem!”. As árvores ao fundo fincam fundo suas raízes, numa segurança, como num marido sério e centrado no trabalho, na firma, sendo uma rocha firme que dê à própria esposa a sensação de segurança e estabilidade, mas numa mulher que gosta, no mesmo homem, de um pouco de romantismo e cavalheirismo, como nos sermões que a personagem Genoveva dá no marido grossão Radicci, no talento do cartunista gaúcho de Carlos Iotti, o cartunista genial que, não sei por quê, foi desligado de suas funções no Grupo RBS – vai entender? Aqui é o maravilhoso silêncio do campo, muito longe dos barulhos urbanos, ao contrário da personagem Teresa de O Quatrilho, a qual, camponesa, ansiava em morar em grandes urbes como São Paulo, apaixonando-se por um homem que passou a representar todos os anseios da sensível sonhadora Teresa, a qual se desiludiu com um marido pouco romântico. O vestido da moça e o chão formam um continuum, talvez numa pessoa que nasceu e cresceu em tal ambiente rural, remetendo ao excelente restaurante gramadense Sabor Rural, num buffet de comidas campeiras, dentro de uma casa de madeira, ao modelo das antigas casas de imigrantes italianos. As colinas aqui se mostram majestosas, no conceito taoista de que os campos e florestas vestem roupas majestosas, como numa suntuosa fantasia carnavalesca, no momento em que a cidade do Rio de Janeiro se torna o maior espetáculo da Terra, em meio a tanto esplendor tropical que tanto seduzia o compositor lendário americano Cole Porter.

 


Acima, Menina na rede. Que deliciosa languidez, no gostoso pecadinho capital da Preguiça, pois até Deus descansou ao sétimo dia, num colono italiano que só não laborava nos domingos porque o padre e a religião não permitiam. Aqui é este modo indígena de repouso, numa rede balançando como no delicioso e morno líquido amniótico, com conforto do lar da barriga materna, na particularidade mamífera em nutrir de leite as crias, no prazer de se mamar numa caixinha de leite condensado, rechaçando o pecadinho da Gula, no modo como no Plano Metafísico há doces deliciosos para serem degustados, no perfume de chocolates ao entrarmos numa chocolataria gramadense, num Éden para os gulosos, que sabem o valor de tal pecadinho, rechaçando a culpa religiosa. Aqui é um momento de absoluta paz, de leitura tranquila, e podemos ouvir o gostoso canto dos pássaros e talvez das cigarras, numa cena de agradável Verão, a estação das férias e do descanso, em brincadeiras aquáticas no mar e na piscina, agregando os amigos em lindas recordações, como me disse uma amiga de adolescência: “Nós éramos felizes e sabíamos!”. Aqui é um vaivém de respiração, de vida, como nas ondas do mar indo e vindo, respirando, como no calçadão de estampa tortuosa da beiramar carioca, ao som do mestre Tom Jobim, nesta grande invenção que tomou o Mundo – a Bossa Nova, num casamento sofisticado com o Jazz, em gênios jazzísticos como a canadense Diana Krall, tranquilamente combinando os dois estilos numa voz discreta e minimalista, como manda a Bossa Nova. As árvores fortes, que sustentam a rede, são tal força de sustento, na responsabilidade de um pai em nada deixar faltar dentro de casa, nessa enorme responsabilidade de formar uma família, pagando mensalidades escolares e vacinando direitinho os filhos, querendo prover de carinho os filhos mas também não querendo mimar estes demais, numa certa senhora que tem um neto, nela dizendo: “Este vou mimar bastante porque vejo que será meu único neto!”. É a imortalidade dos vínculos de família, os quais não se desfazem com o desencarne, como num certo finado ator pornô, o qual levou uma vida de descaminho, sem construir algo de positivo e talentoso, morrendo de AIDS, sendo sepultado junto do próprio pai num cemitério, no bom filho que à casa retorna. Aqui é uma pessoa que conhece o valor da reserva, do retiro, encontrando paz numa leitura, como num Luis Fernando Veríssimo, meu ídolo, sedento por leitura, numa pessoa que, apesar de discretíssima, sofre assédios na Rua, com pessoas querendo tirar selfies com o escritor que tanta reserva tem – temos que respeitar a privacidade de qualquer cidadão. Nenhuma outra vida humana há aqui, na virtude da quietude, em ironia rímica. Podemos ouvir aqui o aveludado farfalhar das folhas na brisa de Verão, num ruído tão delicioso, num processo intermitente de renovação, no mistério da Vida Eterna, onde tudo é processo, no modo como no Plano Metafísico o desencarnado se depara com o fato de que temos sempre que nos manter produtivos, estando ou não encarnados, no modo como a tal Plano Espiritual não existe a palavra “aposentadoria” – sempre mostre ao Mundo teu talento! É como um Pelé, mostrando tal talento monstruoso, num homem que transcendeu cor e raça. Aqui são os necessários momentos de descanso, na importância em uma nação desenvolver Cultura Erudita, a qual começa nos disciplinados bancos escolares, num país formando suas elites, pois para qualquer do Mundo em que vamos, e ali entramos em contato com os intelectuais locais, damo-nos de que a Ser Humano é tão universal, na necessidade da pessoa em mostrar ter talento artístico, científico ou desportivo, na universalidade olímpica. Aqui é uma saudável vadiagem passageira, com a rede ondulando ao sabor do vento, como num saco plástico na Rua, ao sabor do vento, num surfista que sabe surfar na onda, numa pessoa que aprendeu a tarefa de “surfar”, fazendo da vicissitude uma delícia, num surfista prostrado perante um mar sem ondas. Aqui precisamos respeitar tal momento de retiro, pois a moça está absolutamente inofensiva, sem fazer mal a uma mosca. “Deixe-me em paz”, diz a moça.

 


Acima, No estilo. Aqui é o momento transitório entre infância e maturidade sexual, quando a criança naturalmente começa a se desinteressar pelos brinquedos, até o momento em que a mãe decide guardar tais brinquedos para talvez encaminhar os objetos para doação – pelo menos foi assim comigo. A paisagem é de um doce verão, na gloriosa época de férias, em brincadeiras com amigos junto à água, numa época em que a vida é mais simples, pois a criança se contenta com pouco, longe do leque de exigências de um adulto. Os garbosos chapéus são não só a elegância, mas a proteção, como na logomarca de uma certa firma de seguros, com uma pessoa protegida por um guardachuva, no ditado popular: “O seguro morreu de velho!”. A delicada fita do chapéu da moça é tal frágil feminilidade, numa mulher que gosta de homens românticos e cavalheiros, que abrem a porta do carro para uma dama, ou carregam as sacolas de compras desta no shopping, numa passividade: A dama tem que ter um papel passivo, inspirando o homem a fazer a gentileza, pois a partir do momento em que a dama impõe o tratamento de dama, deixa de ser dama! É como numa gentileza que fiz hoje na Rua, quando eu, ao observar uma senhora bem idosa, ela com bengala, com sacolas de lixo na mão, ofereci-me para colocar tais sacolas no container de lixo, um gesto que me deu prazer em fazê-lo, numa pessoa que quer ser generosa, gentil. Aqui, o casalzinho pula uma cerca, que são os limites, as normas e as regras de convívio social, no imprescindível papel do transgressor, chocando uma sociedade e fazendo esta evoluir, na máxima de Dalí: “Feliz daquele que provoca o escândalo!”. A cerquinha aqui é um ato oculto, longe dos olhos dos pais da menina, numa confidência erótica, talvez num caso secreto, o qual, por ser secreto, é cálido. As mãos dadas são tal confiança, tal liga, em uma amizade sólida, cheia de intimidade, talvez no primeiro namoro da vida dos dois jovens aqui, na letra de uma canção de Laura Fygi, que diz que a infância da menina acaba quando esta arranja seu primeiro namoradinho, neste limiar transitório, numa meia luz, luar, quando a pessoa começa a sentir os próprios hormônios ferverem, numa época da vida em que é normal se masturbar dez vezes por dia, conforme ouvi em uma palestra da imponente Marta Suplicy, uma mulher que, definitivamente, não é tola nem simplória, imponente como um prédio elegante em estilo neoclássico, em construções que nos fazem “cair o queixo”. Aqui o casal está isolado do resto do Mundo. Talvez o rapaz queira levá-la para um lugar oculto, onde possam se beijar e talvez fazer algo mais, numa confidencialidade, numa cumplicidade, como num casal que, em segredo, decide experimentar maconha, só por curiosidade, e não com intenções perenes de puxar tal fumo. As rendinhas da roupa da moça são a feminilidade, a fragilidade que excita o menino, como uma princesa criada “debaixo de sete chaves”, resguardada, sendo entregue pura e casta ao marido na igreja, o qual pode, tranquilamente, iniciar a vida sexual com uma prostituta – são os preconceitos do patriarcado, no qual a mulher não pode ser livre, irritando as intelectuais feministas, que lutam para ir contra tal vento patriarcal. É como no final feminista do filmão Thelma e Louise, com as duas se jogando em um precipício, rechaçando os preconceitos misóginos do patriarcado. Podemos aqui sentir o delicado perfume da moça, nos encantos de feminilidade, no encanto de uma mulher perfumada, dando título ao filme Perfume de Mulher, como um rapaz homossexual que certa vez conheci, o qual usava perfume de mulher, no ícone máximo de Marilyn Monroe, a qual dizia dormir nua, apenas usando duas gotas da fragrância Chanel número cinco. As mãos dadas são tal link, tal ligação, tal intimidade, e a moça confia no menino, o qual a leva para um lugar desconhecido, reservado longe de um pai autoritário, que acha que as mulheres não podem ter sexualidade. Aqui é uma superação de obstáculos e de percalços.

 


Acima, O trevo de quatro folhas. Aqui é um momento de espera, de resguardo, numa pessoa esperando por um momento propício para agir, pois, se você esperar, você poderá agir, nas sábias palavras de que Deus não fez tudo num dia só. A janela é o vislumbre, numa contemplação, numa pessoa num momento de folga e espairecimento, não querendo ficar o dia inteiro dentro de casa, na pessoa que quer si de casa e relacionar-se com o Mundo, cumprimentando as pessoas, em relações que fazem com que nossa vida não seja tão solitária, ao contrário de uma pessoa ociosa, a qual não usa os atributos que Deus lhe deu, o que é um grande desperdício, pois cada um tem que encontrar a si mesmo, no patinho feio que se descobriu cisne, num processo cognitivo, no grande desafio existencial que é o autoencontro, como uma pessoa perdida, sem autoestima, sem força para viver, no desperdício que é a vida de uma pessoa financeiramente rica e espiritualmente vazia, como uma senhora improdutiva que conheço, a qual perde tempo fazendo fúteis fofocas, uma senhora a qual, ao desencarnar, vai se dar contar de tal vazio, topando reencarnar para levar uma vida produtiva e construtiva, “partindo em busca do tempo perdido”, pois uma nova vida é sempre uma nova chance e uma nova folha em branco, no aluno que aprende e cresce, num eterno recomeço, como na fabulosa comédia Feitiço do Tempo, na qual o personagem de Bill Murray acorda todos os dias no mesmo dia, só se libertando ao aprender a fazer tudo direitinho, no modo como o poder imenso e infinito de Tao sempre dá novas chances aos seus filhos, numa paciência inesgotável, sabendo que a Eternidade é tempo para qualquer reencontro, em laços de amizade desapegada, ao contrário do amor doente, fixado e obsessivo, pois somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, ou seja, não há motivo para idealizações ou demonizações de pessoas, pois atire a primeira pedra quem nunca pecou. Aqui as flores são tal vida e beleza, na natureza lasciva reprodutiva, no cio primaveril de recomeço, de renovação renascentista, no sopro de frescor renascentista, remetendo a Europa a novas dimensões e percepções, pois os novos movimentos sempre vêm, e cada geração tem seus ídolos, como para mim, por exemplo, Mulhergato é Michelle Pfeiffer, com o respeito a todas as outras Mulhergatos. Aqui, o gramado é como um carpete, como numa sala de visitas ao ar livre, fresca, saudável, bela e viva, na vitória da vida primaveril que recomeça, rechaçando as pessoas grossas, vazias e obtusas, as quais não têm como entender, sem malícia, o que é classe e sensibilidade, em ícones colossais como uma Jackie O., envolta na vida artística de Manhattan, numa mulher que sabe que classe vem de dentro, pois a Arte é o que há de humano, pois qual macaco pinta ou esculpe? Nesta cena tão plácida, podemos ouvir os “colírios” sonoros que são os cantos de pássaros, como nas arborizadas ruas de Porto Alegre, com o canto plácido de bem te vis, em um momento de paz nos quais temos uma amostrinha da paz inabalável do Plano Superior Metafísico, na letra do músico gaúcho Duca Leindecker: “Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor!”, e é para lá que vamos, meu irmão. A menininha segura um singelo trevo de quatro folhas, o símbolo da sorte, algo tão raro de ser encontrado, como um artista de raro talento como Barbra, remetendo à ocasião em que minha irmã, em nossa casa de Caxias do Sul, encontrou no gramado um trevo de quatro folhas, algo realmente inusitado. A menina aqui é delicada e comportada, contente com seu trevo, no modo como paisagens campestres exercem tanto fascínio sobre crianças da cidade, como nos passeios campestres que eu fazia com minha família em propriedades rurais nos Campos de Cima de Serra, RS, em pastagens que vestem roupas tão bonitas, na contemplação do gaúcho frente tal riqueza, num homem simples, o qual não fica contemplando só os palácios, na majestade de Tao, o indecifrável e, assim, maravilhoso. O vestidinho branco é tal paz.

 


Acima, Ponto de luz ao leste. Aqui é a magia que a Lua exerce sobre o Ser Humano, no alinhamento dos ciclos menstruais, num símbolo de feminilidade e de loucura, por assim dizer, no termo “ser de Lua” algo imprevisível. É como em uma cena de Os Dez Mandamentos, com uma linda princesa egípcia com o Rio Nilo ao fundo à noite, banhado da luz prateada de uma Lua tão sexy, no símbolo dos enamorados. É como no monumental quadro A Noite, de Pedro Américo, na deusa enluarada, vestida pelas lingeries sexy da grife feminina Victoria’s Secret, num símbolo de feminilidade, sedução, numa Cleópatra seduzindo grandes homens, num filme com Liz Taylor que quase quebrou o estúdio, como se a rainha tivesse seduzido tais executivos! Vou falar algo que parece ser óbvio, mas não deixa de ser irônico: Não importa para qual lugar do Mundo você vai – a Lua sempre será a mesma, fazendo da Lua tal símbolo da universalidade humana, na sedução de um lobo uivando, solitário, sexy no seu caminho solitário, na pele macia em contraste com os dentes afiados, numa Mulhergato, que combina suavidade de veludo com agressividade. Os solitários barcos aqui estão em suas missões pelo Mar, em marinheiros desbravando terras virgens, tomadas de selvagens canibais, em um choque de civilizações, no homem europeu dizimando os indígenas, cujos descendentes paupérrimos ficam nas calçadas de Caxias do Sul pedindo esmolas, indígenas descendentes de quem foram, no passado, donos e senhores das terras das Américas, na capacidade humana em se impor da forma mais brutal e cruel possível, resultando na escravidão, ou seja, irmão chicoteando irmão, e isso não é horrível? O quadro aqui é praticamente bicromático, apenas com um azul marinho profundo e um luar branco, num azul tão profundo, na cor da discrição, da seriedade, em discretos ternos de executivos e congressitas em Brasília. Muito ao fundo, quase imperceptível, vemos um paladino farol rubro, guiando os navegadores, tendo que ter listras contrastantes que atraiam tal visão dos marinheiros, num símbolo de resistência, como na icônica fotografia de um militar beijando ardorosamente a namorada ao fim do conflito, numa paz mundial restabelecida, numa paz tão frágil, incapaz de solucionar conflitos resistentes, como no atual embate Rússia/Ucrânia, na prova de que o Ser Humano é infeliz, num rei nunca contente dentro de seu próprio reino, pois se sei que tenho o suficiente, tenho sabedoria, no caminho do contentamento, na pureza das crianças, as quais se contentam com pouco, crianças que têm muito a ensinar aos considerados “adultos”, nas eternas palavras de Jesus: “Vinde a mim as criancinhas, pois é delas o Reino dos Céus!”, como na doce infância em Cidadão Kaine, no trenó Rosebud que lembrava de tempos mais simples, com brincadeiras na neve, numa época da Vida em que a pessoa traz um residual do Plano Metafísico, o reino da paz eterna, delicioso para quem gosta de produzir de alguma forma. Os barcos aqui lembram a canção de Bossa Nova: “Um barquinho a deslizar no profundo azul do mar”, numa geração que tanto sofreu com a Ditadura Militar, como a geração de meus pais, pontuada por gênios artísticos que eram a vitória da classe sobre a obtuosidade, numa resistência elegante e silenciosa, prometendo uma reabertura democrática e uma volta do exílio. Aqui é o reconfortante barulho do mar, incessante com suas ondas indo e vindo, acalentando o sono, como dormir ao som do mar, aos braços de Mãe Iemanjá, a deusa poderosa e sensual que traz fartura às redes dos pescadores, como no milagre cristão da multiplicação dos peixes, na fartura de um reino rico, onde o cidadão é feliz, na contradição japonesa, num Japão economicamente rico e, ainda assim, detentor de altos índices de suicídios entre os cidadãos japoneses. Aqui é a independência e a soberania da Lua, a qual tem suas fazes sui generis, ao contrário do sisudo Sol, o homem trabalhador que acorda todos os dias, na infalibilidade do Yang, a garantia diária do labor. Aqui, a Lua é a mãe, e os barcos são seus filhos, guiados pelo caminho do Amor, numa Madona com o filho.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 1 de 8)

 

 

Falo pela primeira vez sobre o artista americano Winslow Homer (1836 – 1910), um dos mais importantes pintores dos EUA, filho de mãe aquarelista, de quem sofreu influência decisiva. WH pintou cenas da Guerra Civil Americana e cenas litorâneas, sendo uma pessoa reservada, não dada a badalações ou exposições midiáticas, tendo vivido na Inglaterra e em Paris. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A visita da velha senhora. Aqui temos um choque entre classes sociais, na mulher rica na casa de mulheres pobres, do povo, as quais levam uma vida duríssima, no termo “comer o pão que o Diabo amassou”. São os abismos sociais, de favelas em frente a prédios suntuosos, como no Brasil, um país tão desigual e contrastante. A senhora são os valores tradicionais, como na personagem de Maggie Smith em Dowton Abbey, numa senhora incômoda com avanços culturais, cultuando fervorosamente as tradições britânicas, dizendo a uma americana no seriado: “Vocês americanos não sabem o valor da tradição!”. Aqui é um quadro sombrio, fechado, escuro, no negror da culpa católica em relação ao qual é natural no Ser Humano, que é o sexo, nas decepcionantes palavras de Papa Francisco: “Homossexualidade não é crime, mas é pecado”, remetendo-me a uma grande amiga psicóloga, a qual rechaça amplamente os valores conservadores papais, como nas famílias finas de realeza, nas quais homossexualidade é absolutamente impensável, como num certo príncipe, o qual se viu obrigado a desposar uma pessoa do sexo oposto – é muita obtusidade. As senhoras aqui, negras, são a complicada questão racial nos EUA, no qual não há a miscigenação que existe na sociedade brasileira. É como na Bahia, um lugar em que preto tem que sempre trabalhar para branco, remetendo ao recente passado escravocrata, nos terríveis acessórios de tortura e maus tratos escravocratas expostos no suntuoso museu paulista, o Museu do Ipiranga, um local que é uma pérola paulistana, ao lado do imponente MASP, na riqueza do estado de São Paulo. Os lenços nas cabeças são esta devoção ao trabalho, à dura vida de mulher negra, na questão racial da modelo negra Naomi Campbell barrada na entrada da primeira classe de um voo internacional, com a modelo, furiosa, cuspindo na cada da aeromoça racista, num episódio que acabou condenando legalmente Naomi, no avanço que foi a presidência de Obama, numa família negra vivendo na Casa Branca, na grande e longa caminhada da Humanidade para eliminar qualquer traço racista social. Aqui remete à grande telenovela brasileira Sinhá Moça, na cruel senzala, em seres humanos sendo tratados como burros de carga, animais, subseres humano, nesta eterna inclinação humana para com a crueldade, como terrível caso recente de trabalho escravo nos majestosos vinhedos de Bento Gonçalves, RS, numa vergonhosa mácula antimarketing ao setor na Serra Gaúcha, pois nunca canso de dizer: Nada mais humano do que ser desumano, no eterno egoísmo humano denunciado por Tao, o livro que mudou minha vida (para melhor). Aqui é como no filmão antigo Os Dez Mandamentos, numa luxuosa e suntuosa princesa egípcia visitando plebeus pobres numa casa modesta, como uma pessoa que conheço, a qual faz questão de se sentar para comer com a respectiva empregada sentada à mesa, numa tentativa de neutralização dos estigmas raciais brasileiros, pois as classes sociais são ilusões, pois somos todos filhos do mesmo Útero Metafísico, filhos do mesmo Pai, na nobre intenção da urna eleitoral democrática, à frente da qual somos todos iguais, fazendo a força do paradigma democrático – existe forma de governo mais legítima do que a Democracia? Aqui temos a inocência de uma criancinha pobre, num espírito que decidiu reencarnar num contexto social paupérrimo, para que, assim, evolua como espírito e passe pelas necessárias mortificações existenciais, num espírito que passa a ter os pés no chão, não mais se levando pelos tolos sinais auspiciosos, num processo de crescimento e depuração, até chegar ao ponto da pessoa em não mais “acreditar em Papai Noel”.

 


Acima, Artistas esboçando nas montanhas brancas. Aqui temos essa paixão de Winslow Homer por cenas litorâneas, na indagação de um professor que tive na faculdade de PP na UCS: “Porque será que praia é uma coisa tão boa?”. Talvez porque a praia nos dê uma sensação deliciosa de liberdade, e aqui o artista nos traz para tal cena, entrando em nossa mente, fazendo com que possamos sentir a brisa do olor do mar, em um ar tão puro, tão longe do cheiro de óleo diesel de Manhattan. Aqui é um aprendizado, em artistas estudando para que se tornem grandes artistas, com artistas como Pedro Américo, contando com mecenas ricos que banquem estudos na Europa. Aqui temos a ironia de metalinguagem, pois é pintor falando de pintor; pintor retratando pintor. Os guardassóis são a proteção e o resguardo, numa pessoa que encontra um escudo, uma defesa no carinho de outra pessoa, na indescritível entrega existencial nos braços de outrem, numa entrega, num grau de intimidade, até chegar ao ponto de duas pessoas poderem se comunicar por telepatia, sem precisar proferir uma só palavra, como no menininho sensível de O Iluminado, pressentindo o surto psicótico do próprio pai, num filme tão interessante para quem é psicoterapeuta, num terror psicológico, sem banhos de sangue gratuitos como no Jason da franquia Sexta-Feira Treze. Vemos ao fundo pássaros da costa, livres, leves, soltos, numa sensação de liberdade e alívio após um vômito catártico, numa pessoa colocando para fora algo que não esteja lhe fazendo bem, numa sensação de libertação. Os pintores aqui são a calma e a dedicação, num artista disciplinado, dedicando horas de seu dia ao labor, num artista tão prolífico como Homer, no desafio de um artista em colocar o próprio talento para o Mundo, em nomes tão grandiosos como Andy Warhol, construindo um estilo atemporal, indestrutível e característico, no grande desafio que é em um artista provar ao Mundo que tem valor, pertinência e majestade, no modo como, todos os dias no Mundo, tantos e tantos sonhos são despedaçados, como um ator que conheci, o qual, frustrado, abandonou a carreira artística para se tornar advogado – o bonitão ficou frustradão, na prova de que beleza e talento são coisas diferentes, na máxima popular: “Beleza não põe à mesa”. Aqui é uma tarde vagarosa e quieta, mansa, num lugar longe das loucuras de uma urbe movimentada, num momento de contemplação à Natureza, na ambição de sondas especiais, varrendo as paisagens marcianas, nessa sede humana por conhecimento, num galgar incessante de avanços tecnológicos, remetendo à época em que não se imaginava forma mais insuperável de tecnologia como a mídia CD, trazendo a era do Download – o que virá depois desta? O chão de terra é a simplicidade, numa mesa farta, com uma grande travessa de comida ao centro, num sol iluminando seus filhos planetas, na capacidade de distribuição de Tao, o qual está sempre produzindo e imaginando, na ironia de que, depois do desencarne e do retorno ao Plano Superior, permanece, incólume, a necessidade de se trabalhar e ter algo de bom e produtivo para fazer, na construção da Grande Carreira Espiritual, na qual qualquer trabalho conta, até o espírito chegar ao ponto de perfeição de arcanjo, os espíritos que gozam da suprema felicidade, deparando-se com o poder inacreditável da Eternidade, a prova do poder de Tao, o infinito. Aqui é o modo como uma tarde preguiçosa pode se tornar uma tarde produtiva, numa pessoa a qual, sendo preguiçosa, tem uma atitude limpa e minimalista, só tomando ação quando necessário, na força da simplicidade, como na onda de Arte Moderna Brasileira, tradição secular hoje, em quadros de uma simplicidade de candura infantil, em um gesto de rompimento com tradições até então imutáveis, como na época em que não se via tecnologia mais avançada do que as fitas de videocassete. O chão aqui é terroso, simples, como nas estradas de chão de terra em regiões rurais, na liberdade dos campos, das florestas, no cheiro de bosta de gado ao ar livre, algo sedutor e inusitado para pessoas que nasceram e cresceram na cidade, na selva de pedra. Aqui é a calma produtiva, sem pressas, num galgar lento e incessante, numa pessoa que, de passo a passo, vai conquistando o seu espaço.

 


Acima, Atravessando o pasto. Aqui é o senso de responsabilidade, como numa personagem do filme Sex and the City: “Eu sou a mais velha de vários irmãos. Acredite em mim, eu posso dar conta de qualquer coisa!”. É talvez numa pessoa que passou a encarnação passada muito ao léu, ao sabor do vento, sem responsabilidades, como um morador de Rua, o qual refrata tudo o que a vida em sociedade tem a oferecer. Aqui é esta paixão de Homer pelo campo, pelo ar livre, na frase taoista: “Os campos e florestas vestem roupas majestosas”. A lata é talvez leite; é a nutrição, numa lembrança de infância que tenho, num dia em que, num sítio, tomei o leite quentinho direto da teta da vaca, nessa característica mamífera, com variedades comestíveis como queijo de búfala e de cabra, na perfeição da obra divina, no modo como o leite materno protege a cria ou o bebê de doenças, no ato de amor de uma ama de leite negra, nutrindo os filhos da senhoria, como tomar na veia uma transfusão de sangue de um doador caridoso, como uma pessoa que conheço, a qual doa sangue periodicamente, num ato de devoção e dedicação de uma Madre Teresa, dedicando uma encarnação a serviço do Mundo, talvez numa pessoa que foi muito egocêntrica e egoísta numa vida anterior, querendo reparar tais erros e correr em busca do tempo perdido, pois crescimento é o sentido da Vida. O menino, de pés descalços, é a simplicidade, como nos pés nus da Galadriel de Tolkien, no conforto de casa, a muvuca, como dizem os cariocas, o lugar em que estamos à vontade, nus ou seminus, no sentimento de lar e de pertencimento, pertencendo ao Plano Superior, no qual matéria é nada e pensamento é tudo, fazendo de caras joias uma ilusão, a ilusão de que a Matéria é infinita, como na cena da colher retorcida em Matrix: “Não existe colher!”, e tudo de material está fadado à danação, mesmo preciosas joias de realeza, na contradição das famílias de realeza: Por um lado, tão finas, belas e oníricas; por outro, uma obtuosidade, na qual mulher é fêmea e homem é varão, sendo heresia tudo o que escapar disto, numa pessoa que está deixando que o Mundo diga como tal pessoa deve viver, sendo muito importante mostrar o dedo do meio ao Mundo – que vida é esta na qual sou um prisioneiro do Mundo, ora bolas? O gravetinho frágil é a vida lutando para prosperar, na luta por um lugar ao Sol, fazendo da Natureza tal âmbito competitivo, em machos disputando uma fêmea, na inevitável competitividade humana, a qual já começa cedo, da Pré Escola, havendo os queridinhos dos professores, os alunos estudiosos, que enchem de orgulho e sentido a vida docente, no modo como por um breve tempo eu fui professor – é um sentimento de realização, como uma colega que tive, a qual só tirava notas excelentes, as melhores da turma. O campo aqui é salpicado de flores silvestres, as quais não tiveram que ser plantadas por mãos humanas, nesses presentes primaveris, na Primavera majestosa de Botticelli, no sopro de frescor, beleza e renovação da Renascença, numa Europa se abrindo para o novo, para a inovação, em deliciosas transgressões como o Impressionismo, expostos numa Nova York que tanto venera a cultura europeia, no modo como a Academia de Hollywood adora filmes sobre tradições britânicas, na contramão de Partis, a qual, ouvi dizer, é provinciana, ou seja, o Ser Humano é provinciano, no fato de que a Vida é dura e difícil em qualquer lugar. Ao fundo vemos uma mureta, que são os limites estabelecidos, como num colono italiano na Serra Gaúcha, ganhando seu demarcado lote arrendado, no sucesso de tal reforma agrária. Aqui, o irmão mais velho vislumbra o horizonte, enquanto que, ao mais jovem, cabe acreditar no mais velho, numa questão de hierarquia, como numa certa mãe psicóloga, a qual cria com rígidas regras os próprios filhos, dando à criança uma sensação de invólucro, proteção e lar, numa criança que, no fundo, gosta de receber limites. Aqui remete às paisagens musicais de A Noviça Rebelde, num ícone tão poderoso como Julie Andrews.

 


Acima, Brisa. Aqui é o prazer dos desafios, num surfista excitado com um mar revolto, repleto de ondas indomáveis e avassaladoras, ao contrário da pessoa deprimida, que é como um alpinista prostrado perante a montanha, numa pessoa “de pau mole”, por assim dizer, com o perdão do termo chulo. Aqui remete ao romance Moby Dick, num ponto em que o leitor se sente ondulando dentro do barco pesqueiro, no continuum de fluxo, nos altos e baixos da Vida, no modo como ninguém está por cima o tempo todo, fazendo do sucesso tal amante infiel. Aqui são as desafiadoras forças da Natureza, no prazer da caça, atirando em aves no céu, na luta pela Vida e pelo pão nosso de cada dia, no erro de se pensar que em determinado lugar minha vida será fácil, como numa pessoa cagona, com o perdão do termo chulo, uma pessoa que foge da Vida, querendo se mudar de cidade sem uma razão concreta e forte, numa pessoa que infelizmente foge de si mesma, escondendo-se do Mundo – na próxima encarnação, não perca tanto tempo! Aqui sentimos tal brisa do Mar, na sensação de libertação à beiramar, em gaivotas livres, leves e soltas, numa sensação de orgasmo e descarrego, fazendo do Sexo tal piada, como num momento de clímax de um filme, num grand finale, numa revelação suma, a de que somos todos irmãos, numa relação indestrutível de igualdade, no paradigma democrático, ao contrário do Antigo Egito, no qual o rei não era considerado um homem comum, mas um deus em carne e osso, quando que, nos dias de hoje, não cremos em tal divindade, ao contrário da barbárie cruel de sepultar um faraó com seus servos vivos, neste talento humano em igual ferir igual, e isso não é Tao! Ao fundo vemos outro barco, numa competitividade, como em mares cheios de piratas ladrões, espalhando terror pelos mares, como na exploração das terras virgens americanas, terras selvagens de ninguém, cheias de indígenas que ainda não atingiam o nível europeu de civilização racional, ao contrário de tribos indígenas servindo divindades com o sangue de seres humanos sacrificados, ou, pior ainda, canibalismo, num Ser Humano que tanto ainda tem a crescer e depurar-se, em doutrinas amorosas como o Espiritismo, na igualdade entre irmãos, em mensagens de amor fraternal como Chico Xavier, crendo numa dimensão superior onde o Amor se revela entre irmãos, num Xavier que fez com que um brasileiro se tornasse o maior médium de todos os tempos, em todo o Mundo, num Brasil que tanto ainda tem por vir em sua história, fazendo do Amor esta “cola” que mantém uma família unida, como em planetas orbitando o mesmo sol. Aqui é um trabalho em equipe, como num processo de criação publicitária, num sharing, ou seja, num compartilhamento de criação, ao contrário de um gênio renascentista, o qual odiava sofrer influências externas. Aqui as responsabilidades são compartilhadas, e cada ator tem seu papel nesta firma, com cada setor com uma função, na metáfora de Matrix: Programas sem função são deletados, no termo “razão social”, ou seja, a razão de um negócio existir para servir a Sociedade de algum modo, no processo de identidade de um Patinho Feio, o qual se descobriu algo que sempre fora, um cisne, num caminho de autoencontro e autocognição, na luta de uma pessoa em se encontrar na Vida. Aqui é um trabalho que demanda muita força e virilidade, na mão forte de um colono italiano, cheio de calos, fecundando a terra e trazendo os frutos de tal árduo trabalho, num colono que enche de orgulho os seus descendentes, como no casarão de pedra de meu tataravô num distrito de Flores da Cunha, RS, o Casarão dos Veronese. Aqui não é um doce feminino passeio por águas plácidas, mas um momento de esporte, de glamour zero, sem espaços para a feminilidade agradável e perfumada de uma boneca Barbie, um brinquedo absolutamente desprovido de Yang, de agressividade. Aqui é o prazer do Esporte, em atletas entrando em campo e quadra para que mostrem seus próprios talentos, no modo como tudo o que temos que mostrar ao Mundo é nosso próprio talento – não existe mérito em só ter músculos e deixar de exercitar o “músculo” principal, que é o cérebro.

 


Acima, Prisioneiros do front. Aqui são as tristezas da Guerra, deixando rastros de fome e destruição, num infeliz Vladimir Putin, filho da Putin, um rei que nunca está feliz em seu próprio território, sempre querendo conquistar os lotes vizinhos, num alastramento agressivo do Império Romano, na brutalidade humana, sempre impondo tudo à força, desrespeitando o mandamento: Não cobiçarás a mulher do próximo, como no adultério erótico e transgressor de um certo filme feito na Serra Gaúcha. As espingardas e a espada são tal agressividade, em Caim matando Abel, numa experiência de vida que deixa o rapaz sequelado, brutalizado, traumatizado, num homem que se tornou frio como o Mundo, como no menininho de O Império do Sol, começando a guerra menino e terminando homem, finalmente se reencontrando com a família, no terno e eterno retorno ao lar, como no feto ao fim do filme 2001, no túnel o qual atravessamos após desencarne, na vagina que nos leva ao Imaculado Útero que gerou a todos nós, como no sopro divino de Zeus criando a Mulher Maravilha, com um Deus que nos criou perfeitamente, de forma única, no modo como as pessoas são únicas, inconfundíveis, no incrível poder da Vida Eterna, no sopro que jamais cessará – não é um absurdo sabermos que jamais morreremos? É um poder que até nos deixa tontos, por assim dizer. Os homens aqui são de várias idades, alguns com poucas primaveras; outros com muitas. É como numa estadista agressiva como Elizabeth I, convocando o povo para derrotar a inderrotável Espanha, numa época em que o Vaticano era tudo na Europa, no momento de transgressão protestante, numa rainha inglesa que consolidou tal reforma em seu próprio país, criando a Igreja Anglicana, totalmente desmembrada do Papa em seu trono de poder medieval, como num Davi versus Golias, na ascensão econômica da ditadura chinesa, desafiando de forma global as superpotências, numa China aliada do infeliz regime nortecoreano, como um certo senhor, o qual idolatra o ditador Fidel Castro, no modo como Tao denuncia tais ditaduras, as quais funcionam amedrontando o cidadão comum – é um horror. O cenário aqui é desolado, devastado, miserável, e parece que nada aqui pode prosperar, num cenário infeliz, como na terra negra de Mordor, de Tolkien, sob o domínio do terrível e esmagador Sauron, o Senhor do Escuro e da Destruição, como em aviões destruindo arranhacéus novaiorquinos, nos sociopatas que viram vilões em filmes e livros, em corações podres, nos quais só há espaço para o ódio. Aqui um comandante está dando ordens, exigindo respeito, como nas rígidas hierarquias militares, muito diferentes da hierarquia espiritual, a qual nunca ocorre de forma forçada ou brutal, quando recebemos ordens de um espírito moralmente superior, de forma delicada e pacífica, ao ponto de fazermos questão de obedecer, até o ponto em que o espírito atinge o nível de arcanjo, deixando Tao orgulhoso como um pai na formatura do filho, na coroação de todo um esforço, em inúmeras manhãs acordando cedo para ir è Escola, especialmente em manhãs geladas de Inverno, nas quais queremos, com todo o nosso coração, permanecer debaixo das cobertas, precisando que tenhamos coragem para sair da cama e ir à luta! Os cavalos aqui são a obediência e a fidelidade, num animal que tanto se alia ao Homem, como num cão fiel, no ato de amor de colocar a coleira no bicho para este defecar na calçada na Rua, num ato de atenção, carinho e dedicação, na tristeza de uma pessoa em sacrificar um bicho sofredor o qual não tem chances de sobreviver a determinado mal. Aqui é um breve momento de paz e trégua, talvez num cavalheiresco cessarfogo, nos esforços diplomáticos em nome da Paz, sempre com delicadeza, como um líder que sabe que a travessia de um rio pode trazer perigos, num estadista que respeita o dia a dia pacato do cidadão. Aqui é a indagação de uma canção pouco conhecida, cujo verso é: “Quem é o vencedor na Guerra?”. É como numa queda de braço – quem vence, entra em inferno astral; quem perde, é sábio e adulto.

 


Acima, Ramo longo. A libertadora brisa praiana! As senhoras aqui são o garbo e a elegância, no modo como dá gosto de se ver uma mulher arrumada, perfumada e bem vestida, no ato de autoestima numa pessoa que se apruma antes de sair de casa, como uma pessoa que aprendeu que, na vida pública, a aparência da pessoa é capital, ao ponto do Brasil ter eleito um certo senhor para presidente, um senhor que não tinha um só fio de cabelo fora do lugar, ganhando, assim, a confiança do povo, no modo como “belas violas” podem enganar meio Mundo. O mar aqui é doce e plácido, como no entorno da Vênus de Botticelli, como na praia paradisíaca e deliciosa no fim do filme Contato, numa astronauta que teve uma experiência espiritual, tendo um gostinho rápido da glória metafísica que nos aguarda, no local que é o Éden para gosta de estudar, trabalhar e manter-se produtivo, no título do filme espírita E a vida continua, na vida que se mostra constante em sua seriedade, pois que esperança há fora do trabalho e do talento? É como um Pelé entrando em campo e mostrando seu talento, transcendendo raça e cor, no modo como tudo o que temos que mostrar é nosso próprio talento – ficar malhando e ter corpão não é, por si só, um talento, naquela pessoa que só mostra os músculos porque mais nada tem a mostrar. O pequeno penhasco é o limite, como no fim do filme gaúcho Anahy de las Missiones, com o óbito que nos espera, como fui testemunha dos berros de uma moça que sofreu um acidente de moto na garupa da moto da amiga, estando esta morta no asfalto, com aquela gritando: “Eu vou morrer!”. Os guardachuvas aqui são o resguardo e a proteção, numa época em que não havia filtros solares, e numa época pudica, em que roupas de banho não eram decentes, no garbo das senhoras no filmão A Época da Inocência, nos avanços estilísticos da Humanidade, na coragem chic e transgressora de uma Chanel, um feminista que libertou as mulheres de muitas maneiras, na impiedosa Coco dizendo numa entrevista: “Os jovens de hoje em dia não têm coragem; são uns medrosos”. É como na transgressão estilística de Lady Gaga, trazendo sopros de jovialidade a um sisudo tapete vermelho, na competitividade inevitável do Mundo – as mulheres competem para ver quem temo vestido mais deslumbrante, como no baile da revista Vogue Brasil com plumas e lantejoulas, especialidades femininas, num Fábio Jr. dizendo que cansou de TENTAR entender as mulheres, achando estas loucas, disse o cantor em entrevista. O vento aqui rege a cena, num dia de Verão, em férias escolares, no deleite infantil de só se divertir, no prazer que eu tinha em receber meus amigos em casa, para juntos brincarmos na piscina, no prazer que existe no compartilhamento – de nada adianta eu ter as coisas se não posso compartilhar. As casas de madeira aqui são a simplicidade, na simplicidade de se estar na beira do Mar, num lugar tão anônimo, numa sensação de vazio e liberdade, vazio como Tao – a sensualidade reside, precisamente, no vazio, como num grande vão construído na beiramar da praia gaúcha de Capão da Canoa, um espaço livre para, por exemplo, crianças pedalarem em bicicletas, no talento de um anfitrião em agregar as pessoas, apresentando uns aos outros, no prazer da socialização, em tudo o que a Vida em Sociedade tem a oferecer, ao contrário de um morador de Rua, o qual refrata tal Sociedade, querendo fugir da Vida, no modo como a instituição de caridade de Caxias do Sul orienta que não devemos dar esmolas, as quais só incentivam a pessoa a permanecer em tal situação degradante. O dia aqui é glorioso, ensolarado, como nos raros dias londrinos de Sol, numa capital de cidadãos tão pálidos, carentes de banhos de Sol. A bandeira branca ao fundo é tal paz, em nações vizinhas amigas, como no Mercosul, com tantos argentinos e uruguaios visitando o eixo gaúcho Gramado-Canela. Aqui remete à sensação de liberdade quando nadei nu no mar da praia catarinense da Galheta, sentindo-me um peixe livre, rechaçando esta culpa católica em relação ao prazer, fazendo do pecado da Preguiça um autor de grandes invenções da Humanidade.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.