quarta-feira, 30 de junho de 2021

Cometa Hadley (Parte 3)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o ilustrador inglês Sam Hadley. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Hadley adora essas releituras irreverentes, impondo irreverência ao clássico, como nesta paródia de Michelangelo, com Deus concebendo o Homem, a obra prima de Deus, reduzindo Eva, as mulheres, a meras cadelas reprodutoras, o pavor das feministas, essas mulheres que provam que uma mulher pode ser tão boa quanto um homem, no poder libertador do Pensamento Crítico, como no livro de uma célebre feminista, o Contra o Vento, ou seja, criticar é trafegar na contramão, no modo como a Filosofia não muda o Mundo; só muda o modo particular de um indivíduo ver o Mundo. O majestoso manto de Deus aqui é rubro, da cor dos bordéis, cheirando a Sexo, como numa cadela excitando o macho no cheiro do Cio, numa libidinosa Primavera, com a Vida brotando com toda a sua força, deixando tudo e todos em Cio, como na implacável Adolescência, quando a pessoa é escrava de seus próprios hormônios, com estes em pleno ponto de ebulição. O vermelho é a sedução feminina, na grife sedutora Victoria’s Secret. O Adão aqui é tão corpulento como o de Michelangelo, como nos homenzarrões corpulentos de Aldo Locatelli, com homens no auge de seu condicionamento atlético, como num halterofilista dotado de uma enorme disciplina, treinando e levando a sério tal condicionamento físico, na dor da musculação, quando o indivíduo exige o máximo de seu próprio corpo. O Adão aqui parece ser negro, no fato de que as pessoas negras são tão filhas de Tao quanto as brancas, algo um tanto esquecido no Racismo endêmico da Vida em Sociedade, como grande figuras como Obama, o grande homem o qual não me canso de enaltecer, fazendo do Racismo uma futilidade enorme, como diz uma canção cantada por Tina: “Realmente não há diferença quando você olha além da pele”, como na futilidade do antissemitismo, equivalendo a dizer que dobermann, por exemplo, não é cachorro. O Adão negro veste jeans, esta peça de roupa tão típica do Século XX, na simplicidade de uma Diana comprando jeans em uma loja da grife Banana Republic, nesta grande figura carismática que marcou o fim do século passado, num carisma mágico e arrebatador, para sempre lembrada por súditos encantados com uma mulher que apenas desejava ser feliz, conquistando com simplicidade a simpatia dos súditos, uma mulher que se sentia – ela mesma disse em entrevista televisiva – um mero útero reprodutor a serviço de uma coroa. Aqui, Deus e Adão se cumprimentam de forma jovial, como nos dias atuais de Pandemia, no qual não podemos fazer um simples aperto de mãos, nas vicissitudes da Matéria que nos mostram que a Terra é uma mesa cópia do Céu, esta dimensão perfeita em que todos gozam de plena e absoluta Saúde, nos sonhos de Medicina em erradicar ao males das doenças mundanas. Deus aqui ouve Música em fones de ouvido, algo tão jovial e contemporâneo, midiático, nos avanços das mídias digitais, revolucionando tudo de forma tão rápida, fazendo do CD e do DVD tecnologias obsoletas, num galgar tão frenético em busca de Perfeição, como na corrida espacial. O Adão negro aqui fita o espectador, e é jovem, barbeado, aprumado. Deus aqui veste um chapeuzinho cônico, agressivo, abrasivo como numa grande pirâmide pontiaguda, na ambição fálica do grande herói em ser útil ao Mundo, no caminho da Dignidade, pois como posso me sentir útil se não sei meu lugar no Mundo? É a busca existencial, e cada um faz a sua própria. Esta sátira de Hadley é inofensiva, inocente, e não ofende de forma alguma a Religião ou a Religiosidade. Deus tem um rosto de boneco de neve, simpático, infantil e inocente, como simpático Deus vivido por Alanis Morissette no precioso filme Dogma, num Deus brincalhão, lamentando o sofrimento das guerras, com um poder imenso, infinito, na forma como o Ser Humano pouco pode compreender o que é a Eternidade, esta força que é tempo para qualquer perdão ou reconciliação, no galgar de crescimento moral, espiritual, no modo como a Vida vai fazendo de nós pessoas melhores.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). O atleta mostrar ser rápido e exímio, na construção pública de grandes atletas que se revelam ídolos, com fãs ao redor do Mundo, com ícones imortais como Pelé e Maradona, no costume humano em fazer excitantes torneios, para ver quem é o maior merecedor da glória, numa cópia fiel da glória metafísica, no espírito desencarnado que se encontra com uma vida maravilhosa, cheia de significado e produtividade. O atleta aqui vai na velocidade da luz, como no carismático personagem de desenho animado Papaléguas, em contraponto com o azarado Coiote, o qual sempre, sempre se ferra, sendo este um personagem muito humano, pois existe algo mais humano do que se ferrar? É como em carismáticos anti heróis como Chapolin, cheio de defeitos humanos, muito além da figura idealizada e perfeita do Super Homem, ou como na Mulher Maravilha, a qual não é uma mulher humana, mas um ser divino, apolíneo e incorruptível, blindada com sua armadura, na capacidade da pessoa em saber dizer não, evitando que sua própria vida seja controlada por outrem, num ícone feminista de independência, numa figura feminina que nada deixa a desejar frente ao duro e excludente mundo de homens no qual vivemos. Aqui, o atleta está num teatro, com luzes da ribalta, na espetacularização do desporto, num atleta brilhando tal qual um artista de Hollywood, na construção midiática de grandes ídolos, na capacidade de certas pessoas em desenvolver carisma, algo que não acontece com pessoas menos simpáticas, menos abertas ao Mundo – carisma é um dom, um dom que não é dado a todos, como numa bela mulher que conheço, a qual já tentou se vender de várias formas, mas nunca deslancha, sendo antipática, ou seja, nojenta e arredia, apesar de portar tamanha beleza, pois não diz o dito popular que beleza não põe à mesa? Aqui estamos na velocidade da luz, e as luzes iluminam o astro, num talento, numa destreza, inspirando muitos jovens a alcançar tal glória, no aspecto saudável de positivo do desporto – não são todas as pessoas que têm perfil atlético. Aqui podemos ouvir o glorioso bradar das multidões, enlouquecidas, aclamando um talento, num ídolo que, dentro de si, tem que ter uma estrutura psicológica muito sólida para não deixar que o sucesso lhe suba à cabeça, no caminho realista da humildade, dos pés no chão, como uma certa comediante jovem brasileira, a qual, se manter-se humilde, vai longe; do contrário, nem tão longe. É como o ídolo Romário, o qual, depois da glória federal do Tetra, estava bem humilde jogando no estádio caxiense Alfredo Jaconi. É como um jogador que, ao “entrar de salto alto” em campo, acaba considerando a partida muito dura e difícil, pois se a lebre não tivesse subestimado a tartaruga, teria vencido a corrida. O atleta aqui se esforça ao máximo, como num Guga Kuerten, o qual sofreu de lesão grave em seu corpo, num atleta que exige o máximo de si mesmo, nunca entrando na cancha achando que a vitória está garantida – se considero que vai ser moleza, acabarei achando tudo muito duro. Aqui temos uma revelação, como numa miss ganhando um concurso, nas ritualizações humanas em torno do sucesso mundano, fazendo metáfora com a glória de uma vida metafísica, num paraíso para quem gosta de trabalhar e estudar, pois que vida estagnada é esta na qual não presto para nada? Fora do trabalho não há salvação, meus queridos. Aqui é como uma foto precisa, no momento exato da captura da bola de beisebol, como num fotógrafo de destreza, dominando a técnica de tirar a foto, em talentos tão evidentes como o fotógrafo Sebastião Salgado, o qual, antes de alcançar tal maestria, teve que tirar muitas e muitas foto até atingir o ponto de mestre no ofício, no modo como a Fotografia libertou a Arte da função retratista, numa revolução técnica, assim como hoje em dia o processo de captação de imagens está tão fácil e simples, longe da era dos filmes em laboratórios de revelação. Aqui é um júbilo, um momento de revelação e consagração, no modo como um artista quer ser tal astro, é claro. Quem não tem sonhos?

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). No serviço de Hadley para a Propaganda, é inevitável a pitada Pop Art, quando a Cultura de Massa sofreu tal boom no Século XX, com sua Indústria Cultural, na construção de grandes mitos de consumo, com astros que arrastam milhões aos cinemas, significando altos lucros – nada mais americano ou capitalista. A garrafa de Coca Cola aqui é a sedução de tal indústria, com lançamentos anuais de produtos que prometem ser a resolução de todos os problemas das pessoas, remetendo aos tempos em que ainda eram permitidos anúncios de cigarro que linkassem ao vício a ideia de saúde, jovialidade e esperteza, no modo como os tabagistas estão cada vez mais acuados pelas leis antifumo, remetendo às épocas em que era permitido fumar dentro de aviões. A garrafa aqui é a ilusão da Matéria do tangível, do palpável, produzindo os acumuladores compulsivos, pessoas que são escravas da obsessão em ter, em possuir, abarrotando casas com montanhas de objetos inúteis e até insalubres, como numa pessoa que fica varando no lixo seco da vizinhança, trazendo para casa mais e mais tranqueiras. É como uma pessoa que, desencarnada, tem que aceitar que perdeu todas as duas possessões materiais, sendo complicado o desencarne de uma pessoa materialmente apegada, viciada no ter, no possuir, ou como num amor obsessivo e fixado, doentio, muito longe do Amor Fraternal que une todos os espíritos, os filhos de Tao, o Útero Imaculado que é nossa proveniência eterna, indestrutível. Vemos na porção superior do quadro aves voando livres, nas promessas da Sociedade de Consumo de que um produto vai nos libertar de dores e desconfortos, na sedução das Drogas, as quais acabam por acorrentar almas no submundo do vício, com espíritos sofredores, passando todo o tipo de necessidade psíquica, na ilusão de que um novo cachimbo de Crack vai lhes libertar – é um horror. As aves são esta promessa de libertação, e tal dia de soltura só chega para o espírito que desenvolver nobreza, pois elegância está nas ações, e não numa peça de roupa – é a completa contramão do Estilo achar que só posso estar bem com roupas carésimas, nas futilidades consumistas, tal qual uma droga, a qual nunca é o suficiente, havendo nesta eterna insatisfação humana o motor para manter engrenada tal sociedade de sinais auspiciosos consumistas. Vemos aqui um robô feminino, fazendo metáfora com a plenitude desencarnada, com espíritos que são como robôs, só que cheios de Amor e Racionalidade, na inteligência que liberta e que rejeita as seduções, as ilusões consumistas – é como constituir um escudo protetor. A robô aqui é perfeita, bela, saudável, sem qualquer resquício de enfermidades mundanas, na maravilhosa vida metafísica na qual, em meio a tal perfeição de Saúde, tudo o que nos resta é procurar um trabalho, algo de nobre para fazer. A robô é a constituição de tal racionalidade, numa construção espiritual, como passar por cadeiras numa faculdade, fechando o ciclo de estudos e formando-se, nas histórias tristes de pessoas que largaram os estudos, subestimando estes. A robô é bem feminina e, ao mesmo tempo, dura e masculina, na junção cósmicas dos opostos Yin e Yang, os quais namoram e se complementam eternamente. A robô tem uma sedutora boca vermelha, em harmonia com as cores da Coca Cola, a eterna e indestrutível logomarca vermelha e branca, num símbolo tão forte do Consumismo, no modo como eu próprio, todos os dias após o almoço, tomo uma Coca Zero com café – é “sagrado”. Atrás da robô, uma abertura branca se revela, num túnel de passagem, numa luz no fim do túnel, na esperança de que há um mundo melhor, sem os vícios mundanos, num mundo mais nobre, onde todos somos amigos, num mundo onde não há a necessidade de grades. A robô aqui está seduzida pela Coca, havendo nas crianças tal vulnerabilidade, com infantes que ainda não atingiram a sofisticação adulta, a qual é dotada de senso crítico – sou escravo de mim mesmo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Este monstro faz metáfora com alguns artistas, os quais extrapolam o status de estrela e transformam-se em monstros, como numa Gisele, ditando, há vários anos, moda capilar ao redor do Mundo. É como no deslumbrante blockbuster Parque dos Dinossauros, com a cena arrebatadora do Tiranossauro Rex querendo devorar uma família de humanos dentro de um carro. É como no divertido episódio do desenho South Park, em que Barbra Streisand era retratada como um monstro, um Godzila que queria destruir Nova York. É como nos seriados japoneses de super heróis, em episódios em que gigantescos monstros malévolos que querem destruir Tóquio, sendo combatidos por robôs gigantes do Bem, na luta entre irracionalidade do Caos versus a pureza do Pensamento Racional, na Mente domando a Carne, no modo como, citando Santo Agostinho, somos feitos de carne e espírito, sendo a carne finita e o espírito infinito, fazendo da carne uma morada provisória, um presídio no qual sempre chega o dia de soltura, havendo em nossos corpos carnais uma espécie de prazo de validade, como num glorioso último dia de aula do ano, com os alunos bons passando de ano e abraçando merecidas férias; com os alunos relapsos repetindo de ano, tendo que cursar o ano novamente, em busca do tempo perdido. O monstro aqui é bem agressivo, carnívoro, como uma pessoa ambiciosa, a qual quer muito da Vida, como num empresário visionário, vislumbrando oportunidades de negócios, como um empresário abrindo um negócio na cidade de Gramado, sabendo da alta competitividade do mercado gramadense – a lei é simples: quem não tem competência não se estabelece. É como uma pessoa que passou por vários hospitais, sabendo que alguns são bons; outros, nem tanto. A competitividade é esta agressividade atlética, como um rapaz pobre negro que conheci, o qual era gandula em um clube privado no qual eu treinava Tênis – o negrinho tinha uma garra enorme, e não entrava em quadra para jogar; entrava em quadra para vencer, com muita garra e vontade, deixando para trás muitos meninos mais ricos e socialmente privilegiados. Podemos ouvir aqui o furioso rugido do monstro, remetendo ao célebre seriado Elo Perdido, transmitido no Brasil pelo SBT nos anos 80, numa família que foi parar na Terra Pré Histórica, tendo que lidar com um furioso e ameaçador Rex, como uma tribo africana com receio de que um faminto leão entre na tribo, na incrível força e resistência de tais comunidades primitivas, como os indígenas na Serra Gaúcha, suportando, quase sem roupas, todo o frio que faz no Sul do Brasil, na alta capacidade de adaptação humana. Aqui é uma cena de uma era há muito passada, na teoria mais aceita, a qual conta que um meteoro caiu na Terra e, cobrindo esta de trevas com o impacto, permitiu que os animais de sangue quente sobrevivessem, ceifando as vidas de animais de sangue frio, os quais dependem do Sol para se aquecer, remetendo a um lagarto que morou por um tempo no jardim de minha casa em Caxias do Sul, com o réptil inclinando a cabeça e tomando banho de Sol, na origem do termo “lagartear”. Aqui são as leis selvagens da cadeia alimentar, com os mais agressivos no topo, num mundo de homens, de agressiva competição, no contraponto da doce figura da gueixa, uma mulher bela e agradável, sem agressividade, no mito de Nossa Senhora, a mulher sem história e sem sexualidade, no modo misógino de condenar as mulheres que vivem intensamente suas próprias sexualidades, num mundo em que uma mulher, no máximo, pode ser uma líder de torcida, girando em torno do que importa, que é o jogo dos homens, no modo altamente frequente das mulheres sendo retratadas eternamente num nível abaixo dos homens, sempre menor, sempre mais fraca, sempre menos relevante, fazendo de Eva uma escrava de Adão, numa mulher que personificou o Mal – quanto machismo, Jesus. O Rex aqui é a vontade de viver, a fome de ambição, numa pessoa trabalhadora, que ergue a cabeça e é digna, batalhando pela Vida, sempre produtiva, sempre otimista, sempre guerreira.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Aqui remete inevitavelmente à figura feminista e libertadora da Mulher Maravilha, uma mulher, apesar de ser bela e feminina, tem superforça e é blindada como um tanque de guerra. E como na figura de uma rainha da Festa da Uva, uma moça que, apesar de personificar a feminilidade da mulher caxiense, tem muito poder, representatividade, na força da pujança econômica do enorme polo metalmecânico que é Caxias do Sul, na reforma agrária bem sucedida que foi a Imigração Italiana. Esta vibrante mulher mostra o bíceps com força, na mulher batalhadora, que não se esconde na sombra de um homem, no modo como a sociedade vê com maus olhos a mulher independente, a mulher que não está submetida a um homem, pois, na sociedade patriarcal, a mulher não pode ser livre, estando sempre sob a custódia de um homem – seu pai, seu marido, seu patrão, o Papa etc. A mulher aqui é jovem, bela e vibrante, animada para mais uma jornada de trabalho, no verso de uma canção do saudoso artista Chorão: “Ela é guerreira; ela é uma deusa; ela é mulher de verdade”. Pois a agressividade não é um privilégio estritamente masculino, como uma diva pop que esbanja estilo e atitude, marcando épocas com estilo e modas, numa artista que leva muito a sério o que vestir na hora de vir a público, neste excelente canal de expressão individual que é a Moda, nesta capacidade de certas pessoas em esbanjar atitude, posicionamento, em uma revolução sexy, instigante, no poder da Arte em se tornar esta força cósmica de sensualidade, na grande Internet cósmica, ligando todos numa sensual piscina térmica, deliciosa. O Pulso aqui da mulher é firme, como nos braceletes blindados da MM, rechaçando tiros de fuzil, mostrando o quão longe uma mulher pode ir, como em ícones como Di e Jackie O, mulheres que deixaram o Mundo deslumbrado com tal carisma, com tal classe, obtendo mais evidência do que muitos, muitos homens, no modo como é complicada a vida de uma mulher bem sucedida, pois, no Mundo, o homem, o marido, sempre tem que ser mais bem sucedido do que a esposa, como num marido que, ao ver a própria esposa ganhar uma reconhecimento glorioso, sente-se muito aquém da esposa, sentindo-se diminuído, com sua masculinidade sendo ferida. Atrás desta moça superpoderosa vemos um glorioso Sol nascendo, na aurora de novos tempos, na deusa grega Eos da Aurora, pintando o Mundo de dourado, no verso arrebatador da famosa ária Nessum Dorma: “Tu pura, ó princesa. A Aurora venceu! Venceu!”. E mais uma vez aqui tem o machismo de só achar digna a mulher sem experimentação sexual, entregue pura e casta o marido na Igreja. É como na casta Arwen de Liv Tyler, entregue pura como leite ao marido cheio de experiências de Vida, este com marcas de expressão que contam uma história, ao contrário da mulher, a qual não pode ter rugas... A mulher aqui é muito bela, linda como a pintura de Eos, numa Vênus se revelando na Aurora, assinalando um momento de mudança, como no Sol amanhecendo nas percepções de uma pessoa, fazendo esta enxergar o Mundo com clareza e sabedoria. É como no desenho animado das Meninas Superpoderosas, as quais, além de atributos femininos inofensivos e agradáveis, têm agressividade para dar grandes surras em vilões diabólicos, na dosagem entre Yin e Yang, como nos seios cônicos de Gaultier para Madonna, mostrando que uma mulher pode ser sexy e forte ao mesmo tempo, numa mulher adulta, que aprendeu a sobreviver e a ter brilho próprio, apoiando o próprio marido, mas nunca sendo escrava deste. Este mulherão aqui não pode ser administrado por qualquer homem, e só os homens de fibra, coragem e força podem dar conta de tal mulherão, mostrando a diferença entre meninos e homens. A MM aqui está muito bem disposta para o labor, para a luta, com espírito olímpico, conquistando o pódio, como uma bela tenista na quadra, lutando por um título, gritando em quadra em raquetadas vigorosas, na beleza de uma pessoa batalhando por seus sonhos.

 

Referência bibliográfica:

 

Sam Hadley. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 2 jun. 2021.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Cometa Hadley (Parte 2)

 

 

Volto a falar sobre o ilustrador inglês Sam Hadley. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). O sabor cítrico aqui é picante e provocador, abrasivo, ácido, por que não dizer agressivo. É uma sensação de refrescância, como recém sair de um banho, este bendito ritual que nos aproxima da limpeza, do frescor e do perfume do Plano Metafísico, em torno do qual a Terra gira. O réptil aqui é sinuoso e sensual, tortuoso, na sedução de uma supermodelo rebolando como uma deusa na passarela, na fascinante frivolidade do Mundo da Moda, fazendo com que frescuras se transformem em atitude estilísticas que ganham o Mundo, como num popstar estiloso, cheio de charme e estilo, lançando modas que marcam épocas, como na incrível sinergia estilística dos anos 1980. A esperteza do camaleão está em se dissolver e passar despercebido, subestimado, para, assim, surpreender a todos. Neste cenário reina a cor verde, numa harmonia cromática, numa pessoa que sabe combinar as peças de roupa que veste, numa prova de inteligência emocional, esta força sensível que faz com que a pessoa seja uma espécie de feiticeira, deixando todos perplexos com suas investidas de magia e inteligência, pois, já ouvi dizer, tudo o que você precisa mostrar é a sua própria inteligência, ao contrário de uma pessoa obtusa e desinteressante, a qual pouco tem a mostrar de fato. O cenário aqui é tropical e paradisíaco, numa praia perfeita, sem nocivos raios solares nem águas geladas e desconfortáveis, num lugar feito de pensamento, longe desta grande escola de vicissitudes que é a Terra. O camaleão é o instinto de sobrevivência, no modo como as baratas são seres que sobrevivem às hecatombes nucleares, numa força de resiliência, no modo como um artista consegue sobreviver a décadas de carreira, nestes grandes casamentos sem Sexo que são as bandas de Música, com o desafio da pessoa não se repetir muito em meio a tantos anos de estrada. Aqui temos um por do Sol intenso e corado, laranja, cítrico, num quadro todo delicioso, cítrico, no prazer de se comer uma pokan bem docinha, no irresistível slogan de supermercado: “Economizar é comprar bem”. Podemos ouvir aqui a sedução das ondas indo e vindo, respirando, com Céu fazendo amor com a Terra, no vaivém dos quadris da Garota de Ipanema, a canção brasileira mais célebre de todos os tempos, vendendo ao Mundo a sensualidade brasileira, em terras tão belas como a cidade do Rio de Janeiro, remetendo-me a um amigo meu carioca, o qual, depois de beijar o fundo poço por causa de drogas, passou a surfar e ter um estilo de vida saudável, neste esforço enorme que temos que fazer para o autorreerguimento, no desafio da pessoa reflorestar uma floresta devastada pelo fogo, no modo como a Vida vai exigindo que criemos força interna, como numa Scarlet O’hara, a qual, de menina fútil e mimada, aprendeu, na marra, a amadurecer, tirando do fundo da alma as forças para reconstruir uma fazenda destruída pela Guerra Civil Americana, no modo com as guerras deixam rastros de destruição e fome, como uma Scarlet jurando para si mesma: “Jamais sentirei fome novamente!” – são personagens que crescem durante a trama, como o playboy Oscar Schindler que acaba se compadecendo com as dores do Mundo. Podemos aqui ouvir o sensual farfalhar das folhagens, neste fascínio que os trópicos exercem sobre países mais gélidos, como na Escandinávia, com invernos que duram a metade de um ano inteiro. O camaleão aqui está em casa, completamente à vontade, totalmente adaptado, nesta capacidade da Vida em se adaptar às adversidades, no modo como a Água corre para baixo, precisando aceitar onde ela mesma está, pois como posso ser feliz se odeio a cidade na qual resido? É o caminho da aceitação, pois se quero sair do fundo do poço, tenho que, antes de mais nada, admitir que estou no fundo do poço. O camaleão possui este limão, numa atitude de propriedade, no refúgio inviolável do Lar, este lugar no qual nos sentimos tão adaptados.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). O caubói é símbolo de masculinidade, algo que entra em cômica harmonia com o filme em que dois caubóis machões se apaixonam. O alvorecer aqui é majestoso, digno da deusa grega Eos, responsável pela Aurora, com carruagens douradas trazendo a luz e o conhecimento ao Ser Humano, no poder científico do esclarecimento, da dissolução de mistérios, como no final de um romance de Agatha Christie, trazendo a resolução final de um obscuro assassinato, pregando formidáveis peças na mente do leitor, desafiando a inteligência deste, no modo como existiu uma rara leitora de AC a qual sempre adivinhava, antes do final, quem era o assassino. Aqui é um espaço ao ar livre, saudável, arejado, nos odores de campo, de cavalos, de bosta de boi, remetendo-me a acampamentos que minha família fazia comigo em terras devolutas, com majestosas cachoeiras, algo muito inusitado para uma criança da cidade como eu, da selva de pedra, no prazer de se mudar de ares e contemplar uma mata virgem, remetendo ao formidável cheiro de bosta do museu rural dos Irmãos Bertuzzi, ícones da música gauchesca. O apelo aqui é bem mercadológico, com o vaqueiro bebendo sua Coca-Cola, este símbolo supremo do capitalismo americano, o qual acabou por engolir o Mundo inteiro, até mesmo a comunista China, a qual, na prática, é capitalista e globalmente competitiva, no sonho de Smith em relação à ausência de Estado. O refresco aqui é a renovação, o prazer de se balancear frio com calor, buscando a temperatura ideal do Plano Metafísico, no qual os dias são agradáveis e as noites são amenas, numa eterna Festa da Uva, numa vindima perfumada, cheia de Vida e frescor. O cavalo aqui, domado, é a disciplina, numa pessoa que passou a perceber o grande poder da Disciplina, esta força racional que faz com que organizemos nossas vidas em torno de algo nobre e produtivo, como um artista absorto em seu atelier, numa bagunça na qual somente o artista consegue se encontrar, fazendo da oficina uma cópia de como a Mente se organiza. O quadro aqui é plácido, e o cavalo está bem calmo, leal e domesticado, esperando pelo comando do cavaleiro, como a Mente é o que deve reger o Corpo. Então, aqui temos tal metáfora – a Mente é o caubói e o Corpo é o cavalo. É a espada precisa e certeira do Pensamento Racional, frio, matemático, contrabalanceado com o Amor e a Afeição, unindo todos os irmãos em torno de Tao, tais quais paparazzis perseguindo Diana, como insetos em torno de uma lâmpada acesa à noite. O Sol ao fundo é belo e onipresente, na beleza minimalista da Bandeira Nacional Japonesa, com um Sol rubro nascendo em meio a brumas alvas, no poder de anúncios publicitário minimalistas, conquistando a atenção do consumidor, num publicitário que, junto a Tao, sabe que é a Simplicidade o que dá poder e penetração a uma mensagem, ao contrário de anúncios confusos e carregados, os quais provam ser fracos, de pouca penetração – menos é mais, como uma sala decorada com simplicidade, com limpeza, com somente aquilo que é essencial. A transparência da garrafa é a Verdade, a coisa autêntica, como numa pessoa nobre, de apuro moral, nunca querendo mentir ou enganar as pessoas; nunca querendo, em malícia, passar os outros para trás, no personagem de DiCaprio, um medalhão do mercado financeiro que resulta num espírito mundano, enganoso, desonesto, ganancioso e perdido em meio aos apelos auspiciosos da Sociedade de Consumo, tornando-se um escravo de sua própria ganância materialista, fazendo da Matéria esta grande ilusão, como na ilusão da morte do corpo físico, na incapacidade humana em entender o Metafísico. O caubói aqui é solitário, tendo como amigo um animal, como numa pessoa que optou por ter um bicho como companhia. Aqui temos uma amizade, uma lealdade, numa confiança mútua, e podemos ouvir os paladinos cavalgares destes bichos tão majestosos como os cavalos, uma das provas da maestria de Tao, o grande projetista, a força criadora em criar coisas novas, como num artista disciplinado, com uma longa estrada de bom sucesso. Aqui temos um momento de pausa, no modo como a Vida precisa de pausa.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). A sedenta escalada humana por Progresso, eterna, num Ser Humano disposto a desafiar limites, mordendo a ambiciosa maçã do Éden, como na Torre de Babel, quando o Homem quis desafiar os Céus, num Deus impiedoso, punindo os responsáveis, havendo Jesus neste ponto decisivo de reviravolta religiosa, no qual nos traz o conceito inédito de que Deus é Amor, distante da figura de um patriarca desconfiado, duro e impiedoso, como ditadores como Saddam Hussein, dizendo: “Eu não estou lhe pedindo isto; eu estou lhe mandando!”, no modo como é difícil “desencarnar” do Poder, num espírito que, de tão embriagado por Poder, desencarna e vai direto para o Umbral, a dimensão dos infelizes que não aceitam o dia de soltura que é o Desencarne. O astronauta é a evolução, a depuração científica humana, com avanços incessantes em Tecnologia, com dispositivos móveis cada vez mais espertos e funcionais, no modo como a Internet, esta invenção humana, faz metáfora com a Grande Rede Universal Metafísica, num poder que une a todos em qualquer canto do Universo, em qualquer dimensão, nesta deliciosa sensação de unidade, sexy como as fotos do telescópio Hubble de confins inexplorados do Universo, numa interminável sopa de galáxias, na incapacidade humana em compreender o Infinito, no poder de Tao, no presente da Vida Eterna, a força lógica que faz com que nunca nos morramos – não é Poder demais? A Terra ao fundo é o nosso lar, este esfera tão ínfima e única, a qual, dizem os ufólogos, desperta o interesse observador de civilização alienígenas mais avançadas, desejando apenas, por hora, observar nossa vida e nossos progressos, num Universo tão vasto, infinito, com galáxias tão antigas que suas luzes ainda não nos chegaram na Terra. A escada é a evolução, o passo a passo, numa pessoa galgando aos poucos seu caminho, com calma, sabendo que Roma não foi feita num dia só, sabendo que a Vida precisa de pausa. É a comoção da ida do Homem à Lua em 1969, na corrida espacial de rivalidade com os soviéticos, como na competição de um jogo de videogame, num campeonato para ver quem merece a beleza de jardins eternos e perfumados. O astronauta aqui pisa impositivo, fincando em solo lunar a bandeira dos EUA, nesta nação tão patriótica, com cidadãos que, em seu hino nacional, cantam sua liberdade e sua bravura, dando um exemplo universal de Liberdade, mostrando a infelicidade de regimes que buscam controlar o próprio cidadão. O astronauta aqui pisa numa tela de computador, e a tela é líquida, na liquidiscência da Vida em Sociedade, onde uns se comunicam com os outros. O computador é esta ferramenta poderosa, numa tecnologia que se revela absolutamente essencial à Humanidade, ao ponto de não podermos imaginar nossas vidas sem a Tecnologia Digital, na chamada “Terceira Onda”, a terceira de três grandes revoluções técnicas humanas, com tal onda sendo antecedida pelo surgimento da Agricultura e, depois, pela Revolução Industrial, dando à Inglaterra tal papel desbravador civilizatório, havendo, depois, a revelação dos EUA como superpotência, nessa dança global de impérios ascendendo e descendendo, nesta fogueira de vaidades onde um quer devorar a tripas do outro, numa crueldade digna de Caim matando Abel, na eterna inclinação humana pelo gosto pelo Poder. A Água aqui é a Vida, numa esfera tão rica biologicamente, nesta busca humana por “vizinhos”, por formas de Vida, talvez tentando aplacar o sentimento humano de solidão no Cosmos. O Universo aqui é profundo, escuro e gelado, inóspito, como diz no início do filme Gravidade: “A Vida é impossível no Espaço”. O traje do astronauta é a proteção e o resguardo, com missões espaciais altamente planejadas, contando com todos os detalhes, visando a segurança dos viajantes, com enormes times de geniais astrônomos imaginando as missões espaciais. O solo lunar aqui é assim, morto, inóspito, num Espaço Sideral tão desafiante, tão hostil ao Homem, numa vizinhança tão misteriosa, cheia de lacunas a ser preenchidas pelo Pensamento Humano.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Os museus são estes espaços em que o Ser Humano mostra como é diferente de todos os outros seres da Terra, na celebração da expressão artística, em espaços tão ricos, cheios de poder simbólico, como o famoso busto de Nefertiti, o qual, sendo uma peça de gesso sem valor econômico, tem um poder simbólico esmagador e gigantesco, como no poder simbólico de uma coroa de rainha da Festa da Uva – uma simples bijuteria que tem valor simbólico inestimável. Aqui são como os espíritos de elevado valor moral, regendo seus “irmãos mais novos”, que são espíritos tão primários que ainda se debatem entre Bem e Mal, confusos, havendo na Terra o equívoco hierárquico em torno de Dinheiro, e não em torno de Apuro Moral. A luz aqui é o esclarecimento, o poder do Conhecimento, com mistérios sendo revelados, revelando-se na Vida Metafísica, no plano em que o Trabalho se revela tal força libertadora, ao contrário do bon vivant, uma pessoa vazia, que se acha sexy demais para arregaçar as mangas e fazer algum trabalho – fora do Labor não há salvação, pois que vida é esta, na qual só contemplo e nunca participo? Aqui temos gigantes, como pessoas grandiosas, que foram conquistando respeito e admiração, no homem que reina sob a luz de Tao, a eterna humildade, pois está no centro do Universo aquele que precisamente não se acha o centro do Universo, no discernimento da modéstia, antiarrogante. É como na humildade de um Papa Francisco, o papa da simplicidade e da clemência. Ouvimos aqui o burburinho dos visitantes do museu, como num gigantesco Louvre, o qual não pode ser totalmente apreendido nem se vivermos o resto de nossas vidas lá dentro, fazendo de Paris tal epicentro do Mundo Civilizado, na cidade mais charmosa do Mundo, num lugar tão visitado por turistas dos quatro cantos do Globo, num poder imenso de popularidade e charme, na sedução de perfumes e no glamour da Alta Costura. A grande obra de Arte aqui remete à Antiguidade Clássica, com suas túnicas de santos em imagens de Igreja, no poder da Civilização Grega, trazendo valores inabalavelmente universais como a Filosofia e a Democracia, com deuses gregos que personificavam virtudes e defeitos humanos, na tentativa de mapear a Mente Humana e os vícios desta. Nesta peça vemos um tanto da irreverência de Sam Hadley, numa divertida junção entre passado e futuro, pois a três figuras clássicas aqui empunham a logomarca da Warner Brothers, a logomarca da Amazon e uma placa dizendo: “Possuir”. A Amazon é este mercado mundial, esta rede mundial que, no sonho liberal de Smith, ignora barreiras estatais, com rotas de Comércio ao redor do Globo, com início nas Navegações, trazendo à Europa a sedução oriental de especiarias deliciosas, com coisas tão finas e delicadas trazendo tal força revolucionária. A Warner é a poderosa indústria de Entretenimento, com filmes e seriados sendo vendidos ao redor do Mundo, trazendo aos EUA tal papel de grande potência mundial, com ícones culturais tão fortes como Elvis Presley e Frank Sinatra, como toda uma indústria cultural vendendo o american way a todos no Mundo. A placa ao centro é esta corrida pelo domínio do Mundo, numa China entrando de forma tão forte no Mercado Mundial, num país rico que, em uma ditadura, faz com que o cidadão chinês não seja tão rico, com a maior parte dos lucros recolhida por um estado totalitário, na contradição chinesa no Socialismo de Mercado. A figura central aqui é feminina, e das três imagens só há um homem, ao lado, escanteado, relegado a um papel sutil, no sonho feminista de destruir os preconceitos do Patriarcado, esta força que faz com que tenhamos Deus como o Patriarca Mor, havendo em Adão uma obra prima e em Eva um arremedo que só serve para reprodução. Ao redor desta obra suntuosa, cordões impedem que cheguemos mais perto, num respeito sendo imposto, como num enérgico diretor de Escola, quase assustando os estudantes com rigor e firmeza, havendo na Escola esta força que faz com que a criança, antes de se tornar adulta, entenda a importância do bom comportamento.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Aqui temos uma elevação, numa alma se esforçando em nome de depuração moral, como num aluno esforçado na Escola, enchendo de orgulho o professor. Aqui são os sonhos, numa pessoa que sonha em conquistar o respeito alheio, numa pessoa digna e batalhadora, que não tem vergonha de arregaçar as mangas e fazer algum trabalho, numa pessoa que, demitida por causa da crise do Corona, teve que se reinventar e trocar de ramo de atuação, como um garçom que conheci, o qual acabou virando entregador de tele. Aqui temos uma ambição estratosférica, numa pessoa que tem que ter uma estrutura psíquica muito forte para não se deixar levar pelo deslumbramento, no desafio da pessoa em se manter com os pés no chão, humilde. Aqui temos o famoso conto do pé de feijão, como nas gigantescas árvores de mallorn de Tolkien, árvore nobres, dos nobres elfos da Terra Média, numa genial Cate Blanchett encarnando majestosamente a linda e terrível Galadriel, numa terra tão bela, numa cópia tão fiel dos jardins metafísicos, gigantescas florestas que são como salas de estar acarpetadas, limpas e perfumadas, com um anfitrião fino, de nobreza irresistível, na superioridade dos espíritos nobres e polidos, sabendo que a força da grosseria seja uma ilusão; fazendo das guerras tais eventos de desarmonia, os quais só deixam rastros de fome e destruição. Este pé é todo colorido, como cabos de eletricidade ou computador, numa alegria carnavalesca, no modo como o povo brasileiro sofreu no último Carnaval, sem poder comemorar este, nas vicissitudes da Dimensão Física, este plano inevitavelmente imperfeito o qual acaba por ocasionar enormes progressos espirituais da parte dos encarnados, dos prisioneiros da Carne, na boa notícia de que o “dia de soltura” sempre chega, como no último dia de aula na Escola, num espírito abraçando tal recreio e descanso, para, depois das energias estarem reconstituídas, abraçar novamente o labor em novos desafios, no modo como, encarnado ou desencarnado, o labor não pode faltar. Aqui é uma implacável explosão de Vida, numa inclinação, como as pirâmides são esses monumentos de elevação, como escadarias que levam ao topo, à depuração, num desapego material, pois, quanto mais subo, menos coisas quero e menos coisas me seduzem, como uma pessoa passeando por um sedutor shopping e resistindo às tentações, aos apelos auspiciosos da Sociedade de Consumo, esta força consumista que faz com que nunca estejamos satisfeitos, pois se estou o tempo todo querendo e ambicionando, como posso ter Paz? Aqui é como um grande redemoinho, numa pessoa causando comoções públicas, no poder de um artista em unir as pessoas em torno de uma obra, como grandes sucessos de bilheterias, filmes que lotam salas de Cinema, como na comoção mundial que foi Titanic, um manifesto contra a insensibilidade do Mundo, com meninas e mulheres ao redor do Mundo chorando por Jack, o artista impetuoso e sensível vivido por Leo. Lá longe no quadro vemos uma desesperada mulher dependurada, apegada – é a ganância, numa pessoa que não quer se desapegar, ingressando num intrincado processo de Desencarne, numa pessoa que tem que ser convencida de que “vão-se os anéis e ficam o dedos”, no modo como é complicado para o avarento rico desencarnar, sem compreender que a Vida Meatafísica é mais maravilhosa do que qualquer riqueza mundana, num mundo espiritual em que estamos entre amigos. Ao pé do pé de feijão explosivo, vemos uma mulher abismada e chocada com tal explosão, perplexa, mal crendo no que vê, como uma pessoa que fica abismada com a psique de certas pessoas avançadas, pessoas “feiticeiras”, as quais resistem bravamente aos apelos da Matéria; vemos também um homem carregando um laptop – é o Labor, a responsabilidade do escritório, num horário de dedicação ao ofício, no momento de turno de trabalho, no maravilhoso momento em que nossas mentes estão absorvidas pela produtividade, por uma rotina positiva – como são tristes os improdutivos!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). É claro que aqui temos uma sátira do controverso ex presidente Donald Trump, um homem que, dizem muitos, não se esforça muito em nome do garbo e da elegância, resultando no infame episódio em que Trump enraiveceu uma multidão, a qual invadiu o Congresso dos EUA em agressões e quebra quebras, num político que “comprou briga” com várias pessoas e instituições como a respeitada emissora de notícias CNN. Aqui, a TV é este poder midiático, esta penetração em telespectadores ao redor do planeta, como num Clinton, o qual mentiu, chegando nos televisores do Mundo Todo dizendo que jamais fizera sexo com a infame Monica Lewinsky. É como no poder de grandes figuras midiáticas como Diana, adorando aparecer em todos os televisores, nesse vício estelar por aparências, no stablishment das celebridades, o qual é desprezado por Whoody Allen, um diretor com grande comprometimento artístico e intelectual, numa das maiores cabeças da História do Cinema. Aqui são as cores do arco-íris, num Trump que nunca demonstrou muito respeito para com os não heterossexuais, contrastando com um grande líder como Obama, o qual, absolutamente seguro de sua própria masculinidade, manifestava simpatia para com a população LGBT. A TV aqui é este poder, muito temido por líderes ditadores, como uma certa instituição religiosa, a qual teme muito o poder de uma grande rede midiática brasileira, num jogo de Xadrez para ver quem tem mais poder, numa queda de braço. O topete aqui é a arrogância, num homem decidido a disfarçar desesperadamente a calvície, num homem que acorda todo santo dia na companhia de um cabeleireiro, pois a vaidade não é um traço exclusivamente feminino, apesar do espelho ser símbolo de Feminilidade. O presidente aqui segura um celular, talvez tuitando, no modo como as contas de Trump foram desligadas em tais redes de Internet, talvez estas temerosas em relação às consequências dos devaneios de tal líder, o qual não teve a elegância de admitir a derrota para Biden, num mau perdedor – se sou perfeito, como posso perder uma eleição? Atrás de Trump aqui, uma janela iluminando – é a clareza dos fatos, o esclarecimento, no modo como a Verdade é a filha do Tempo, com verdades sendo expostas, impostas, esclarecidas perante a opinião pública. Vemos aqui um pequeno dado, aleatório, talvez num líder tomando decisões tortuosas, num estadista do lema “A América em primeiro lugar”, demonstrando incapacidade em ser um diplomata que observa além das fronteiras do Tio Sam, com propostas populistas como construir um infame muro entre México e EUA. Uma das mãos de Trump faz um sinal de Ok, achando que está tudo uma maravilha, talvez numa negação, com cidadãos enfurecidos desrespeitando uma casa nobre como o Congresso, num equívoco, pois forte é fraco e fraco é forte. Atrás do presidente vemos as bandeiras que tanto simbolizam a nação potência, com princípios universais de Liberdade, talvez algo bem compreendido por uns e incompreendido por outros, em pleitos eleitorais tão equilibrados, com praticamente uma metade indo contra a outra, no aspecto quantitativo democrático, buscando dizer que somos todos filhos de Tao, apesar de cada um ser um ser único. Aqui, uma folha em branco com uma caneta ao lado, talvez num momento de indecisão, como um líder em profunda ponderação e pensamento, como um médico pensando no que será melhor para o paciente, como uma junta de psiquiatras se debruçando sobre o mesmo caso de um paciente narcodependente, chegando a um consenso: este paciente não pode mais sair da clínica psiquiátrica, ou seja, é numa sentença de “prisão perpétua” – a Vida é um troço sério. Na lapela de Trump, uma pequenina bandeirinha, quase imperceptível, quase e oculta, talvez em meio a conceitos que possam ferir a boa intenção de Liberdade Democrática, no modo como não são todos os homens do Mundo que são grandiosos e nobres, citando aqui novamente Obama, um grande homem.

 

Referência bibliográfica:

 

Sam Hadley. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 2 jun. 2021.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Cometa Hadley

 

 

O ilustrador inglês Sam Hadley começou sua carreira no ano de 1995 trabalhando em Propaganda, Design de embalagens e publicações, tendo clientes como Coca-Cola, Adidas, Sony Music e o jornal The Washington Post, tendo participado de mostras coletivas em lugares como Berlim e México. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A menina aqui está dura e impositiva, como um rígido agente da Polícia Federal em aeroportos, procurando por drogas em bagagens. A menina aqui rejeita insultos e assédios, e tem uma pose feminista, numa mulher dona de si, sem deixar a própria vida nas mãos de um homem, no machista modo como as mulheres independentes são mal vistas pelo Corpo Social – como uma mulher ousa ser como um homem? Atrás da moça está uma forma que lembra uma coroa, um cargo, um trono, como num jovem e tímido monarca recém empossado, tendo muito a aprender na arte de governar, no modo como são inatos os talentos de estadistas, com pessoas que simplesmente nascem com tal capacidade, talvez num conhecimento e uma expertise adquirida em uma encarnação anterior, pois, como diz o ditado, quem já reinou jamais perde a majestade. Esta “coroa” carrega formas de pílulas de remédios, que são os avanços científicos, ao ponto de darmos graças aos Céus por hoje existirem drogas como antibióticos, analgésicos, antidepressivos etc. As pílulas são os remédios para os males, como na apara de arestas existenciais, numa pessoa que, durante a encarnação, vai se esbarrando em percalços e, crescendo, vai superando tais percalços, num caminho de crescimento do espírito, no modo como tudo gira em torno do apuro moral, ao ponto da pessoa não mais se submeter às seduções mundanas de Poder e Dinheiro, essas “drogas” que tanto corrompem o caráter do Homem, um ser tão suscetível a tais apelos da Sociedade de Consumo, esta força cruel que constrói hierarquias em torno de Dinheiro, e não de Apuro Moral, o que é um grande equívoco. A moça aqui é a seriedade, a mortificação, a dissipação de tolas ilusões, e a moça está absolutamente séria, sem esboçar qualquer sinalzinho de sorriso, num dia sisudo, cinzento, sem alegrias carnavalescas, talvez numa pessoa encarando um momento sério de fundo de poço existencial, como uma amiga que tenho, a qual beijou o fundo do poço por causa de vício em Cocaína, esta droga tão destrutiva e sedutora, a qual dá ao usuário a ilusão de que está tudo extremamente bem, fazendo um usuário se sentir, no momento da euforia da droga, o suprassumo no topo do Mundo, num momento seguido de depressão, ao ponto da pessoa sequer querer sair da cama – é um horror. A moça aqui nos encara firmemente, como se soubesse que estamos tentando desrespeitá-la ou enganá-la, e a moça aqui exige que respeitemos a inteligência. Ela é jovem, mas, ainda assim, com uma seriedade adulta, e é forte e saudável. É a menina que se desinteressou pelas bonecas e começou a menstruar. Talvez aqui a moça esteja em pleno momento de cólicas menstruais, como numa lembrança de adolescência que tenho, de uma colega minha no Colégio chorando de tantas dores uterinas que sofria – como eu já disse aqui no blog, como é duro ser mulher! O fundo do quadro está dividido, como dois times em competição, com torcedores eufóricos, sofrendo pelo time do coração. Aqui, nesta divisão, há uma dúvida, e a moça aqui quer solucionar tal dúvida. É um limiar entre dia e noite, no caráter do Homem servindo de quadra de competição entre o Bem e o Mal, no discernimento taoista: “A Paz é melhor e maior do que a Raiva”. Eu digo mais: A Paz é infinita; a Raiva é transitória. A moça está começando a sentir a seriedade da Vida, num momento de crescimento, como a adolescente Sarah no filmão clássico Labirinto, uma moça que assumiu a enorme responsabilidade de libertar seu irmãozinho bebê das mãos do malévolo e impiedoso Rei dos Duendes, o deus David Bowie, um gênio, diga-se de passagem. A menina aqui não está com paciência, e está a um passo de se irritar. Portanto, não devemos mexer com ela. É a questão do respeito à Inteligência.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui as sereias são sedutoras, e sérias. O mar revolto é o desequilíbrio e a instabilidade, como numa pessoa num momento depressivo forte e desnorteante, no qual a pessoa não tem a mínima pista se está no caminho certo. Podemos ouvir o som do mar revolto, talvez numa personalidade tempestuosa de uma Scarlet O’hara, apimentada, intensa, tendendo a perder a compostura, na metáfora do nome “escarlate”, num vermelho de sangue, vibrante, num belo show de dança flamenca, ou numa bela pizza de calabresa picante, num restaurante com paredes rubras, da cor de um bordel, como no famoso Moulin Rouge, na sedução do tapete vermelho que abriga as celebridades, no modo como a cidade de Gramado fica “de cabeça para baixo” em dias de Festival de Cinema, com tietes histéricas, no vermelho do pomo do Éden aqui segurado por estas sereias. As sereias são o mito misógino do Éden, no qual a mulher é culpada por todos os problemas da Humanidade, havendo em Adão o retrato idealizado de um homem perfeito e inocente, que foi malignamente seduzido por Eva. A sereia aqui em primeiro plano tem um rosto malévolo, malicioso, mau, como uma certa mulher caxiense, cujo nome não mencionarei, uma mulher com “cara de diabo”, gostosona, assediada, numa mulher sem muito carisma, antipática, como se todos os homens do Mundo a desejassem, como espermatozoides frenéticos competindo pelo passivo óvulo, a goleira deflorada num gol agressivo, humilhando o time opositor, estuprando a mãe alheia. As sereias aqui são o cheiro primordial do Mar, a Mãe da Vida na Terra, onde as formas mais primárias de Vida milagrosamente foram se originando, numa lenta evolução que chegou nos mamíferos e, depois, no Homo sapiens. As sereias aqui são de caráter duvidoso, e não são confiáveis, num jogo de sedução, num homem resistindo ao máximo, só se rendendo quando realmente não há escapatória, como na viúva negra devorando o parceiro após a cópula, no instinto selvagem do homem, no momento do orgasmo, ser assassinado com um picador de gelo. Uma das sereias segura um tridente, talvez roubado de Netuno, o deus dos mares, num roubo, uma apropriação, talvez num pulso feminista, da mulher querendo igualdade no mercado de trabalho, protestando contra o machismo do homem sempre fazer mais dinheiro do que a mulher, como já ouvi pessoas reclamando do seriado Sex and the City, dizendo que se tratam de dondocas que, no fundo, vivem na sombra de um homem, no machismo residual que faz com que a mulher seja obrigada por lei a adotar o sobrenome do marido, no homem eternamente acima da mulher, como no Monumento Nacional ao Imigrante de Caxias do Sul, com o casal de imigrantes trazendo o homem como o que realmente importa, relegando a mulher a um eterno papel secundário. Neste tridente vemos uma sedutora hera, avançando lentamente, sedutora, apropriando-se do homem, como num homem que entrou numa fria, sendo obrigado por lei a sustentar uma ex esposa que não mais faz parte da vida deste homem. Aqui temos o cheiro de Mar da vagina, na sedução primordial da Vida, num impiedoso Mar engolindo marinheiros, como no mito misógino de Os Piratas do Caribe, com as sereias malévolas arrastando os homens para o fundo do Mar, destruindo estes, com sereias com dentes de vampiro, de sociopatas – Jesus, que machismo. E por que Jesus tem que ser homem? Ao fundo do quadro, vemos sonhos de esperança, com lugares plácidos e positivos, como uma floresta apolínea, uma organizada cidade metafísica, um rochedo paradisíaco e uma doce cachoeira, numa promessa, como na promessa do Reino dos Céus, o lugar onde todos temos a inabalável certeza de pertencermos à Grande Família Metafísica, na qual amamos uns aos outros, pois somos todos príncipes filhos do mesmo Rei, algo longe das incertezas encarnatórias, fazendo da Fé tal motor que direciona o Ser Humano ao Metafísico, ao que importa. É o Caos e a Ordem, em duelo pelo Ser Humano, no desafio de se manter a Fé.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Aqui temos o Yang nu e cru, como no Gato Guerreiro de He-Man, num rei paladino, rugindo, num coração corajoso, como numa Elizabeth I, desafiando a então insuperável Espanha, trazendo vitória aos ingleses, numa rainha com estômago de rei. Aqui é como o emblemático personagem Wolverine, macho, absolutamente desprovido de frescuras, num homem cru, extremamente simples, no lobo mau assediando a sedutora Chapeuzinho Vermelho, no jogo de sedução entre Masculino e Feminino, nos opostos se unindo e gerando o Universo, como num ovo sendo quebrado, separando-se entre gema e clara, na junção erótica dos opostos, no sensual modo como o Universo é todo unificado, como numa gigantesca Internet Metafísica, ligando todos, numa rede, numa piscina, como mercadorias diversas sendo todas colocadas dentro da mesma sacola de supermercado, na simplificação trazida pela união, formando uma só família, num talento patriarcal ou matriarcal em manter uma família unida, como numa noite de Natal – não são todos os que têm talento para manter uma família unida. Aqui o lobisomem é gerado pela Lua que rege os ciclos menstruais, e o lobo aqui consegue farejar as mulheres, num instinto selvagem de cópula. Aqui é como num show de heavy metal, o gênero musical que mais tem atitude, como cânticos guturais, com homens com cara de maus, assustadores, masculinos, excitando-se perante o perfume e a beleza de Chapeuzinho, como num rastro de Chanel número cinco, a emblemática fragrância de Marilyn Monroe, o ícone feminino que seduziu o presidente dos EUA, no “Parabéns a Você” mais sexy e famoso da História, neste eterno jogo de sedução, como oponentes numa tabuleiro de Xadrez, numa intrincada negociação, num envolvimento entre partes, até chegar ao sexy ponto orgasmático de união e conciliação. Temos aqui algo divertido, pois, ao invés de uma Lua ao fundo, num lobo uivando selvagem, vemos uma rodela de laranja, que é a irreverência, a cultura alternativa, criativa, quebrando ranços conservadores, numa atitude agressiva tal qual o monstro aqui. O Lobo é a força de vontade, a agressividade, numa pessoa com tesão pela Vida, trilhando bravamente seu caminho, numa pessoa guerreira, que não é passiva, que corre atrás das coisas, sabendo que as coisas não caem do Céu, no caminho do mérito, numa pessoa que colhe os doces frutos da vitória após um esforço, um empreendimento, como numa família empreendedora que conheço, um clã que investe pesado em empresas ambiciosas e diferenciadas, entrando num plano tão competitivo que é a cidade de Gramado. Aqui é como um lutador no ringue, ultraagressivo, sabendo que só pode vencer se não subestimar o oponente, pois é exatamente a pessoa subestimada que acaba surpreendendo a todos, como na tartaruga que ganhou a corrida da lebre, tendo esta subestimando a oponente, achando que o jogo já estava ganho antes mesmo deste começar, como num jogador que entra em campo “de salto alto”, não compreendendo a seriedade da situação. A neve aqui é a fria razão, na verdade nua e crua, numa frieza matemática que mortifica o espírito, matando tolas expectativas, no caminho da mortificação para que a pessoa tenha os pés fincados no chão, neste lobo tão pragmático e realista, na total ausência de glamour de uma quadra de Esporte, num lugar onde tudo gira em torno do jogo dos homens, trazendo a figura feminina da cheerleader, da líder de torcida, a moça que faz um show no intervalo do jogo, girando em torno do Yang, neste cabo de força com meninos puxando de um lado e meninas do outro, como no arquétipo do Clube do Bolinha e do Clube da Luluzinha, no advento da sexualidade tradicional adolescente, quando meninos passam a se interessar pelas meninas e viceversa, ao contrário da Infância, quando meninos e meninas dificilmente se entrosam. As garras do lobo aqui são a tenacidade, a força e a persistência, numa pessoa que sabe que precisa lutar para obter algo da Vida, na meritocracia.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Temos aqui uma divertida releitura, com o icônico personagem Indiana Jones, só que não atuando na área do personagem, que é a Arqueologia, mas manuseando equipamentos eletrônicos, remetendo aos filmes do herói vivido por Harrison Ford, caçando tesouros há muito escondidos e mantidos debaixo de sete chaves, colocando em risco a vida de algum saqueador ambicioso, no modo como quase todas as tumbas do Vale dos Reis, necrópole de faraós do Egito, foram saqueadas ao decorrer dos milênios, nesta fome, nesta avidez humana por coisas de valor, com bandidos furtando tudo, até cabos elétricos ou letreiros em metal cromado, pois quanto mais tesouros tenho, menos seguro estou. O cenário aqui é todo sombrio, no interior de alguma tumba ou câmara escondida, remetendo à cena em que Jones, para levar embora alguma relíquia, tem que colocar um peso qualquer no lugar da relíquia para que, assim, não acione o sistema de segurança da tumba, numa franquia de filmes que tanto fascinou o espectador ao redor do Mundo, em filmes vibrantes de aventura e excitação, com perigos mortais e o capcioso Jones, guerreiro, sobrevivendo às provações diversas, deixando apaixonadas suas alunas na universidade em que Indiana leciona. Ao invés do famoso chicote do personagem, vemos um mouse com um cabo longo, remetendo ao sádico chicote da Mulhergato de Pfeiffer, uma atriz que acabou se revelando a única coisa boa de fato no filme em que a atriz interpretou a personagem sensual e agressiva. O mouse é a independência, num rato correndo livre, em contraste com sistemas de governos totalitários, os quais transformam um cidadão em um escravo, em um prisioneiro a serviço incondicional de um governo tirano, que assusta e aterroriza o próprio cidadão, visando manter este sob controle. Esta cena remete ao excelente filme de ação Missão: Impossível, com o astro Cruise, na cena em que este penetra num sistema de segurança altamente seguro, com o agente Ethan Hunt – hunt, do inglês, caçar – visando roubar dados sigilosos. Jones aqui está altamente concentrado na operação, como num cirurgião altamente debruçado sobre o paciente anestesiado, alheio a quaisquer distrações, sentindo sobre os ombros o peso da responsabilidade adulta, sisuda e séria, num momento em que a distração pode ter efeitos terríveis, como numa cirurgia mal sucedida – é o Peter Pan crescendo. O computador aqui é a facilidade atual de tecnologia, numa tecnologia que está cada vez mais acessível a todos, ao contrário do início da Internet, quando era caro o acesso online, neste incrível galgar técnico, irrefreável, com tecnologias ficando rapidamente obsoletas, algo inimaginável nos anos 1980, como conversar, em tempo real no Face, com alguém que está em Tóquio, com a obsolência de mercadorias impressas como enciclopédias e dicionários, num caminho que visa frear o esbanjamento de papel. Os cabos aqui manuseados por Jones são como serpentes, algo que fazia o personagem tremer de medo – cada um com suas fobias. Os cabos são envolvimento das pessoas, no talento de certas pessoas em unir o Mundo, sabendo distribuir, tornando-se como Tao, o núcleo vazio em torno do qual todos giram, num Tao sempre humilde, sempre subestimado, abrindo mão de egos vaidosos e, assim, sendo nobre e imaterial, metafísico, no modo como tudo de Físico está abaixo do Metafísico, nesta hierarquia entre dimensões. O suporte sobre o qual Jones deposita os cabos é a base, a referência, como no teste de Psicologia, no qual o terapeuta pede que o paciente desenhe numa folha uma pessoa da chuva – se desenho um chão sob os pés da pessoa desenhada, é porque estou com os pés no chão, realista, sem embarcar em auspiciosas ilusões. Os óculos aqui são a capacidade da pessoa em observar o Mundo com clareza, com lentes limpas e translúcidas, na dádiva que é a pessoa, mortificada espiritualmente, observar o Mundo da forma mais clara possível, ficando, assim, privada da sedução de sinais auspiciosos como joias ou carros caros.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). A liberdade é este arbítrio universal, na liberdade do espírito, numa pessoa em controle de si mesma, como diz o Oráculo de Matrix: “Você não crê em bobagens como ‘destino’; você está no controle de sua própria vida”. Perfeita democracia, os EUA não obrigam o cidadão a votar nem a prestar serviço militar, numa democracia de dar inveja ao redor do Mundo, na deliciosa e acalentadora sensação de liberdade na EEC, a Experiência Extracoproral, quando o espírito se desliga por um instante do corpo físico, num momento em que temos a certeza de estarmos levitando deliciosamente, num ambiente técnico, de construção espiritual. Ao fundo no quadro, vemos o imponente prédio do Capitólio, que é o Poder, com cidadãos eleitos democraticamente, na saudável alternância no Poder, rechaçando regimes monárquicos, com um regente vitalício, indestronável. A estátua aqui tece o mapa do país americano, como nas “costureiras” da Divina Providência, tecendo as vidas das pessoas, fazendo com que umas passem pelas vidas das outras, construindo amizades que durarão para sempre, pois que amizade é esta que não é eterna? É o reencontro com nossos entes queridos, todos produtivos e belos na plenitude espiritual dos desencarnados. As agulhas do tricô são a agressividade abrasiva e penetrante, de um país potência, temido militarmente ao redor do Mundo, com o poder de enviar tropas para os quatro cantos do Mundo, nesta eterna competição fálica para ver quem é o macho alfa do Globo. As agulhas são o avanço científico, numa corrida para descobrir tratamentos e curas, com coisas tão simples como um analgésico, algo inimaginável em outros tempos, em dias idos em que, se com dor de cabeça, tudo o que cabia à pessoa era rezar, ou como em épocas sem a Radioquimioterapia – como é bom viver nos dias de hoje! E como a Humanidade ainda progredirá! A estátua aqui, animada e não na pose pétrea que conhecemos, pede silêncio, como nos aviso em hospitais. O silêncio é a Paz, a plenitude de um plano em que estamos coma certeza de estarmos entre amigos, como naquela turminha de pré escola, numa época em que a inocência da criança ainda não tem consciência das mazelas do Mundo, deste Mundo tão aguerrido e miserável, com irmão matando irmão. A coroa da estátua é bem pontiaguda e agressiva, como no formato de seringa do novaiorquino Empire State Building. É como na terrível coroa de Cristo, só que, aqui, os espinhos só saem, sem ferir a estátua. É a fria razão do pensamento matemático, na beleza fria dos números, como na gélida e bela Galadriel de Tolkien, uma personagem intimidante, terrível e bela, desafiadora, com olhos sábios e agudos, penetrando fundo, gelidamente, nas mentes dos homens, fazendo de Galadriel o personagem mais elevado e nobre da lendária Terra Média tolkiana. Este porco espinho dá um aviso e exige que mantenhamos respeitosa distância, pois se nos aproximarmos demais, vamos nos ferir. A estátua impõe respeito, e, segurando a tocha do Conhecimento, sabe que este traz Liberdade, no medo que os ditadores têm em o cidadão adquirir tais ferramentas de conhecimento libertador. Aqui, a tocha está de lado, aposentada, descansando. A tocha é a luz da plenitude, esclarecendo mistérios, numa terra cheia de nomes e graças, num país continental, gigantesco, o qual é a prova de que grandes territórios não precisam necessariamente de um regime ditatorial para que tal país fique unido. A estátua aqui é extremamente séria, sem qualquer esboço de sorriso, recebendo o imigrante seriamente, mostrando a este que é uma terra em que a pessoa é livre e tem que aprender a viver e prosperar por si mesma, derrubando a crença de que os EUA são um paraíso no qual não há vicissitudes. O tricô aqui é o labor, a atividade, a dignificação do Trabalho, esta força que faz com que a pessoa fique orgulhosa de si mesma, sentindo-se parte digna da Vida em Sociedade, pois, como disse Leonardo DiCaprio, “não pode faltar trabalho na Vida”. É um radiante Sol para o qual não podemos enxergar diretamente. Terrível, mas belo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). O ser alado é a liberdade dos sonhos, evitando o lema: “Vá lavar uma pilha de roupa suja!”. Ok, pilhas de roupa suja têm que ser lavadas, mas isso não quer dizer que não posso sonhar um pouco e desejar um pouco mais da Vida. O corno do unicórnio é o falo, penetrante, conquistando inconscientemente as menininhas, neste ser que combina beleza e graciosidade femininas com a agressão pontiaguda do falo, num ser completo, com Yin e Yang. É o ser alado Ventania que conduz ao alto a heroína She-Ra, com asas das cores do arco-íris, na beleza da diversidade, no fato de que Tao nunca faz duas pessoas iguais, havendo em cada um de nós algo tão puro e único, inconfundível, numa pessoa cheia de personalidade, com suas arestas a ser aparadas na rica experiência de encarnado na Terra, esta grande escola. She-Ra dizia: “Para o alto, Ventania!”. É a elevação do Pensamento Racional, esta força libertadora, libertando mentes, fazendo do labor psíquico esta força que faz com que nossas cabeças voem livres, muito além da dura Lei da Gravidade. É a soberania da Mente, acima do Corpo, acima da Carne, como dizia Santo Agostinho – somos feitos de duas coisas: carne e espírito, e estes “competem”, na lição de organização de uma vida quando a pessoa, em elevação, rejeita o que é mundano e abraça o que é nobre e metafísico. É como na luta do Bem contra o Mal, ensinando o discernimento à criança, fazendo esta identificar o que é nobre e o que é malicioso. Então, São Jorge, com sua lança fálica, mata o dragão da malícia e liberta a pureza da dama indefesa, nesse mito machista que impede que a mulher viva livre sua própria sexualidade, nesta castração patriarcal. Aqui temos um belo dia de Sol, numa apolínea terra metafísica, com sua impecável prefeitura, num lugar tão bom que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, na sensação de pertencimento, no paraíso para quem gosta de se manter produtivo – no Plano Espiritual, a ninguém falta trabalho, num lugar absolutamente livre da vicissitude do Desemprego. O cavalheiro ciclista é a energia limpa, o prazer da atividade física, do esporte, pois este corpo de carne que nos foi dado tem que se mexer um pouco. O ciclista é o labor, num rato hamster correndo numa roda. O capacete é a proteção e a segurança, num lugar de invejável qualidade de Vida; num lugar onde não há vez para qualquer ato que falte com o apuro moral. A mochila do ciclista é a responsabilidade, o estudo, as tarefas do dia, sendo feitas com prazer e dedicação carinhosa, como visitar no Umbral nossos irmãos sofredores, que de lá não querem sair. O outro homem, esperando um ônibus, é a paciência, a espera, numa pessoa que está aguardando por um momento oportuno para “a cobra dar o bote”. É a Esperança, na crença de que espera por nós um Mundo apolíneo e organizado, regido por irmãos depurados, que estão acima de nós na Santa Hierarquia Espiritual – tudo acaba se resumindo a Amor e Amizade. O ponto de coleta de correio é rubro, vibrante, num coração apaixonado, num amante apaixonado, levando flores à pessoa amada. É o sangue metafísico que nos une, o sangue estelar, numa dimensão onde nos sentimos tão estelares, tão bem, numa vida com tanto significado, havendo no veneno da Cocaína e impressão falsa de que, no momento de euforia da droga, estamos no topo do Mundo, nesta força absolutamente destrutiva que é a Droga, fazendo do submundo da drogadição uma sucursal do Inferno. O poste aqui está apagado, aposentado, descansando, pois é dia, e, no momento, não tem utilidade, esperando pelo momento propício para mostrar toda a sua serventia e utilidade. Esta cidade tem muito verde, muita Vida, num lugar que não parece ser poluído, com parques plácidos, na deliciosa sensação de Paz da Experiência Extracorporal. O unicórnio verde faz harmonia cromática com a vegetação, e sua elevação nos inspira a querer algo mais; a querer fazer algo mais nobre de nossas vidas. Podemos ouvir o relinchar deste ser tão belo e sobrenatural.

 

Referência bibliográfica:

 

About. Disponível em: <www.hadleyart.com>. Acesso em: 2 jun. 2021.

Sam Hadley. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 2 jun. 2021.

Sam Hadley. Disponível em: <www.directoryofillustration.com>. Acesso em: 2 jun. 2021.