quarta-feira, 10 de abril de 2024

Depois de Desportes (Parte 3 de 7)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o pintor francês Alexandre-François Desportes. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Natureza morta. A alimentação é uma das necessidades mais básicas de um ser vivo. Os animais abatidos são o sacrifício, como um certo senhor famoso, o qual vê o seu próprio casamento como um sacrifício, não tendo felicidade sexual em tal relacionamento, nessa tendência do Ser Humano em fazer suas escolhas sem visar a felicidade, ao contrário de uma grande amiga que tenho, a qual se casou visando a felicidade, tendo casado com um homem o qual ela amava de fato. A luz entra suave na cena. O receptáculo prateado é a reflexão, no olhar para si mesmo, como um consultório psiquiátrico, no lugar e no momento propício para que a pessoa olhe para si mesma, sob os cuidados de um terapeuta, remetendo a um sociopata que conheci, o qual estava estudando para ser psiquiatra, numa espécie de “dr. Morte”, como no psiquiatra sociopata Hannibal Lecter, brincando com as cabeças das pessoas, uma pessoa a qual DEFINITIVAMENTE carece de apuro moral, neste “nó” que os sociopatas querem fazer em nossas cabeças, como se todos fossem sociopatas e como se tal sociopata fosse a única pessoa boa do Mundo, como um Jesus Cristo, numa cautela muito simples: Nunca dê informações pessoais a um sociopata. Aqui é um silêncio, como na questão espírita da mortificação, numa pessoa se desprendendo de ilusões e de tolos sinais auspiciosos, como um senhor que conheci, o qual dizia sonhar em estar numa festa a qual tivesse como anfitriã Gisele, ao ponto de eu quase dizer a este senhor: “É apenas uma festa, rapaz!”, no modo como as festas não marcam época; trabalhos marcam época, num senhor inativo, vago, inoperante, um senhor que só produzia uma coisa: fezes, e a vida sem trabalho é insuportável. O coelho é a fofura, num animal adorável, como menininhas com bichinhos de pelúcia, na magia de um quarto de menina, com suas belezas, como bonecas e unicórnios, num ponto de reviravolta hormonal na vida da menina: Quando criança, acha desinteressante o mundo e as brincadeiras dos meninos; quando adolescente, começa a se interessar pelos meninos, no símbolo que é o baile de debutantes, deixando a infância para trás e abraçando a vida social. Aqui é na noção taoista, numa pessoa saudável, a qual está farta de estar doente; farta de ser vítima da sociedade de consumo, pois se não estou o tempo todo querendo, posso ter paz, como numa casa muito decorada, saturada de tranqueiras, num excesso, quando a simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação, parafraseando da Vinci, o maior astro da Renascença, no poder transformador da Arte, assinalando a chegada de novos tempos, em sopros de renovação como a Revolução Impressionista, num impacto como Madonna nos anos 1980, trazendo toda uma verve charmosa e transgressora, ditando moda em tal época revolucionária, rompendo com a disco music dos anos 1970. As frutas aqui estão no ponto ideal de consumo, doces, tenras, perfumadas, suculentas, deliciosas, como uma vida cheia de trabalho e significância, no modo como a pessoa desencarnada, ao desencarnar, percebe a imperial necessidade de se manter produtiva, no modo como o Plano Metafísico é o oásis para quem gosta de trabalhar, estudar e manter-se produtivo, na delícia que é cursar uma faculdade, esforçando-se para fazer muito bem feitos os trabalhos que os professores exigem, num aluno brilhante, que enche o professor de orgulho e satisfação. Aqui é a força do trabalho, no trabalho de caça e coleta, na divisão sexual do trabalho: Aos homens cabem as atividades mais agressivas, como caça e pesca; às mulheres, as tarefas menos agressivas, como coleta e guarda de crianças, como no divertido personagem misógino televisivo Sheldon Cooper, o qual disse a uma cientista que esta deveria abandonar a Ciência e se tornar mãe e cuidadora de crianças, mantendo uma casa limpa e organizada, dando conta dos serviços de lavar e passar roupa, num Sheldon enfurecendo tal cientista! Aqui é uma mesa farta, nos privilégios de rei, talvez num rei insensível em relação aos flagelos de seu próprio povo, nas sábias palavras de Obama: “Um presidente tem que governar para todos!”, contradizendo um certo senhor infame, o qual dizia que governaria apenas para a classe média.

 


Acima, Natureza morta com prata. No topo temos a face maliciosa do deus do vinho, nessa bebida de tradição milenar, existindo desde a Antiguidade, numa bebida que é para ser degustada gole a gole, em notas complexas de sabor e aroma, no deus da orgia, da diversão, num momento de desligamento, como no happy hour, quando a sisudez do dia é deixada para trás e os drinques tomam conta do momento, na sabedoria popular: Ninguém é “de ferro”. As frutas ornadas em um cone, numa pirâmide, são a estratificação social, na era pré democrática na qual a forma mais digna de governo era a sucessão monárquica, atacada pela Revolução Francesa, pois vivemos no auge do paradigma democrático – não existe forma de governo mais legítima, em sopros de renovação, num presidente que será destituído, numa simples questão de tempo. Aqui as pratarias são complexas e belas, dignas de mesa de rei, em privilégios, como na elite burocrática comunista, gozando de privilégios, como no insano déspota nortecoreano, numa Coreia do Norte miserável, sem escolas, hospitais ou estradas, num ditador insensível, quiçá sociopático, que mal se sensibiliza com os flagelos do próprio povo, investindo tudo em armistício, como num Putin, querendo assustar o Mundo com ameaças de fazer uso de tal tecnologia bélica atômica, nessa grande especialidade humana que é o Ódio, o qual é menor que o Amor, havendo tal paz santa no Plano Metafísico, num plano em que somos todos amigos; um plano em que ninguém quer se sobrepor a ninguém. Aqui é uma cena altamente aprumada por um decorador, como um senhor que conheço, o qual é decorador de festas de casamento, arrumando mesas glamorosas e ricas, dignas de rei, em festas ritualísticas, no poder implacável do mundo heterocentrado, com tudo girando em torno da união homem/mulher, como em sociedades neolíticas indígenas brasileiras, verdadeiros fósseis vivos do passado da Humanidade, remetendo às tribos ianomâmis sofrendo com intoxicação por Mercúrio, tudo culpa da ganância dos garimpeiros, na metáfora do Anel: Acima de tudo, o Ser Humano quer poder, como um certo senhor o qual, em posição de poder interceder a serviços de tais tribos, foi omisso e nada fez, no caminho da insensibilidade, do tipo “Não vou me preocupar com um bando de índios no meio do mato!”. As flores são a beleza feminina, a delicadeza, na flor na lapela de um homem, oferecendo a flor a uma donzela, nas palavras de uma certa senhora, a qual muito respeito: “Não se fazem mais cavalheiros como antigamente!”. A cena aqui parece uma loja de decoração, ou um antiquário, cheio de relíquias, talvez num colecionador, como o senhor meu cunhado, já falecido, o qual tinha uma grande coleção de ornatos que ele foi colecionando ao longo da vida, remetendo ao infame sítio de Atibaia de Lula, no qual estavam guardados todos os objetos que o casal presidencial foi recebendo ao longo dos mandatos do petista, remetendo à casa de uma certa senhora, cheia de penduricalhos: o que fazer com tudo isso quando o dono desencarnar? É como no museu de Jorge Amado em Salvador, no escritor dizendo sobre seus ornatos: “Não posso viver sem minhas desnecessidades!” Aqui é como na feira do Parque da Redenção nos domingos de Porto Alegre, com antiguidades sendo vendidas, como minha família doou a um brique caxiense uma espada que meu tio avô teve quando militar, no hábito americano das garage sales, ou seja, das vendas de garagem, quando uma família vende coisas as quais não mais quer possuir, no típico ato americano de faturar uma graninha – o que pode ser mais americano? Neste quadro temos uma forte metalinguagem, pois ao Desportes retratar tais obras de arte e prataria, é arte falando de arte, como atriz interpretando atriz – é uma ironia. Aqui são os excessos decorativos de uma Versalhes frívola e afetada, no modo como no Antigo Egito tudo girava em torno do faraó, o sonho de qualquer déspota atual, numa fome napoleônica por poder, como no jogo de tabuleiro War, num líder insaciável, um inimigo da Paz.

 


Acima, O caçador indiano. As linhas retas são o falo racional, na advertência fálica do Código de Hamurabi: Se você não quer sentar em cima disso aqui, comporte-se! É a iluminação do pensamento racional, fazendo atalhos e indo direto ao ponto, numa objetividade, nas palavras de um filme de Allen: “Subjetivo é objetivo”, ou seja, por mais sutil que algo possa ser, sempre acaba de forma clara e objetiva, na sabedoria popular de que a verdade vem à tona, como num dia amanhecendo lentamente, mostrando-nos a verdade clara, num submundo escuro que vai se esvaindo, como num episódio do desenho animado da Pantera Cor de Rosa, quando esta foi a um castelo à noite, num castelo mal assombrado, cheio de assombrações, monstros, fantasmas e vampiros, só que o dia amanheceu, e as assombrações se dissiparam no poder de Eos, a deusa dourada da Aurora, no poder implacável da beleza e da verdade, no subtítulo da Mulher Maravilha – o Espírito da Verdade, com seu laço mágico, o qual, ao enlaçar alguém, faz com que este só diga a verdade, na verdade eterna de Tao, na Vida Eterna, sendo Deus tal infinito, sempre, no poder descabido da Eternidade, no fato de que jamais findaremos! A árvore com frutas é a fartura, numa cornucópia, numa mesa farta, num reino rico, em países ricos como o Canadá, limpo, organizado, fazendo com que a cidade de Nova York pareça um terceiro mundo! Aqui temos uma rica diversidade biológica, na força da Vida, sempre lutando para sobreviver, como num artista sobrevivendo a décadas de carreira, no modo como o sucesso pode ser um problema, pois a pessoa bem sucedida tem que saber virar a página e superar tal sucesso, e os eventos são vastos, como num Michael Jackson, buscando sobreviver ao esmagador do superálbum Thriller, no início dos anos 1980, a era dos cabelos arrepiados e da gíria “chocante”, na noção taoista – o sucesso é um problema, como um Oscar, o qual é uma bênção e uma maldição, num artista que tem que ter a força para tocar a carreira para frente após tal momento doce de sucesso dourado. Aqui é como na biodiversidade da Arca de Noé, cheia de bichos, no modo como a flora e fauna americanas encantaram a Europa na Era das Navegações, catalogando tais seres diferentes, exóticos, selvagens, fascinantes, no modo como a Terra é tão ínfima e maravilhosa, com astrônomos com dificuldade para encontrar esferas ricas em Vida como a Terra, na Astronomia que está tão aquém de desvendar os segredos do Universo. Os peixes nadando são a deliciosa sensação de liberdade, como na beira do mar, no ímã sedutor do vazio da orla, uma página em branco na qual podemos viver e escrever, no fato de que a sensualidade reside exatamente nos espaços vazios, pois esses são úteis ao Mundo, como um copo, útil em seu vazio, como um artista servindo para inspirar as pessoas, em filmes arrebatadores, causando comoções ao redor do Mundo, no poder da Arte em inspirar as pessoas, num artista que se sente digno em tal missão de inspirar. O indiano está anônimo, de costas, numa pessoa que não gosta muito de aparecer, ao contrário de uma Gisele, a qual, se quiser passear por algum lugar no Brasil, tem que se disfarçar para não ser reconhecida, no lado B da fama, a qual pode ser uma prisão, como uma Xuxa, a qual só pode sair de casa munida de uma penca de seguranças. Aqui é uma explosão de Vida, numa exótica Índia, na paixão de Desportes por tal exotismo, na beleza da cidade do Rio de Janeiro, com uma mescla sedutora de urbe com natureza, em aves exóticas cantando, num clima quente, com pessoas praticando esportes ao ar livre, numa cidade que exala Vida, muita Vida, no fascínio que os trópicos exercem sobre regiões de clima mais frio, como na Escandinávia e seus invernos longos e deprimentes. O indiano usa um adorno floral na cabeça, no modo do Homo Sapiens de fabricar tais adornos, numa Arte que tanto nos faz humanos, no momento de reviravolta humana, quando o Homem passou a pintar cavernas, em encantamentos, no modo como a Arte pode ser mágica.

 


Acima, O caçador indiano e pescador. A mulher ao centro é mais um adorno, relegada a tal função fútil pelo Patriarcado, como uma dondoca improdutiva, uma pessoa desinteressante que nada faz de construtivo, ao contrário de uma certa senhora que conheci em Porto Alegre, a qual eu julgava ser uma mera perua, uma senhora que nas últimas eleições municipais se elegeu vereadora, mostrando e provando que eu estava muito, muito equivocado em relação a ela, no modo como, se sou subestimado, posso agir, como Jesus Cristo, cuja importância só foi sentida séculos após sua morte terrível, sendo Jesus nosso irmão depurado, perfeito em seu avanço moral, talvez um espírito que nem se lembre de sua própria crucificação. O caçador aponta ao alto sua flecha, num objetivo, numa meta, como uma pessoa que encontrou sentido na Vida, sabendo quem é e para onde vai, como no processo cognitivo do Patinho Feio, o qual descobriu que nunca foi pato, mas cisne, um lindo cisne que, após atravessar melancolicamente um lago sombrio, acabou se encontrando, na questão da pessoa saber quem ela é, como no processo de identidade de Mulan, da Disney, a menina que vai à guerra para saber qual é o seu lugar no Mundo, como num colega que tive no Ensino Fundamental, um homem que se tornou padre pare saber qual é o seu lugar no Mundo. A flecha fálica aqui é o líder, o macho alfa, no rei leão que rege o grupo pela selva, na figura do leão medroso de O Mágico de Oz, o leão que queria ter coragem de rei, como no universo de He-Man, quando o tigre trêmulo e assustado chamado Pacato torna-se o paladino e corajoso Gato Guerreiro, adquirindo a força e a coragem para entrar na cena da batalha e derrotar as destrutivas e malévolas forças malignas do vilão Esqueleto, o vilão que destruiu o World Trade Center, no episódio de que os EUA jamais se esquecerão, numa espécie de cicatriz na identidade coletiva, num corajoso Obama mandando executar oficialmente Bin Laden, na questão taoista: A execução tem que ser oficial, pois, do contrário, você só manchará suas mãos de sangue! A mulher faz a colheita de flores, como numa linda vindimista, colhendo a uva na vindima, inspirando o traje da rainha da Festa da Uva, no traço talentoso de uma certa estilista, a qual faz uma grande pesquisa ao conceber tais trajes, neste excelente modo de expressão que é a Moda, como num artista para o qual é visceral escolher o que vestir na hora de ir a público. A grande e forte palmeira no quadro é o sustentáculo, como num governante sólido e respeitado, como numa impositiva Elizabeth I, conseguindo se vender tão bem perante os olhos do próprio súdito, gerando lendas reverenciais, com a pele branca como neve e o cabelo vermelho como fogo, nessa rara capacidade da pessoa em inspirar o corpo social em torno de algo válido, que é a regência sábia. No pé do quadro, dois homens estão coadjuvantes, observando o trabalho do exímio caçador, numa masterclass, nos conhecimentos passados oralmente de geração para geração, num estágio anterior ao momento decisivo da Humanidade, que foi o advento da Escrita, quando o Ser Humano conseguiu perenizar o conhecimento, em livros tão fascinantes como Tao, um livro que, apesar de ter sido escrito há milênios, permanece atual em pleno século XXI – é um mistério. As aves aqui voam livres, desafiando as habilidades do caçador, como no filme A Lagoa Azul, um tanto misógino, mostrando a mulher zombando das tentativas do homem em se libertar de tal ilha deserta, na mulher se recusando a sair da ilha e voltar para o Mundo, no mito de Eva, a qual trouxe a serpente da malícia a Adão, destruindo este. Vemos aqui uma diversidade de frutas, em frutas deliciosas da Índia como a manga, num perfume tão peculiar, deliciosa, sedutora, na grande invenção de Tao que são as frutas em seus sabores, como num colorido buffet de café da manhã de hotel, com seus sucos e frutas coloridas, numa refeição que faz com que nos sintamos reis – é uma delícia. A flecha aqui é uma produção de carreira, numa pessoa ambiciosa, que quer chegar longe, encontrando significado nobre na Vida.

 


Acima, Cão de Luís XIV. Mais um indicativo da frivolidade de Versalhes, num rei gastando dinheiro à toa, para retratar um animal, enquanto o povo francês sofria com preço do pão, resultando num inevitável golpe de estado, remetendo a um certo episódio infame, numa turba raivosa invadindo e desrespeitando. O cachorro é a fidelidade, num animal que faz uma festa quando chegamos em casa, num animal tão autêntico, que deixa claro quando gosta ou não de algo, ao contrário do gato, o qual é mais enigmático e imprevisível. O cão fareja uma ave, num olfato tão aguçado, como nos cães treinados para detectar drogas em bagagens em aeroportos, numa eterna luta contra as drogas, remetendo ao episódio recente da legalização da Maconha em um país europeu, numa droga que pode anuviar o pensamento do usuário e trazer este para um quadro de sequela, ao contrário do Brasil, no qual a Maconha segue proibidíssima, havendo certas pessoas crendo que deveria haver uma linha divisória clara entre usuário e traficante, numa cadeia de narcotráfico desesperada para vender droga, imaginando muitas formas de burlar a fiscalização, como envolver a droga com café para despistar o faro dos cães de inspeção. Aqui é o momento de luta, numa pessoa lutando para trazer algo para casa no fim do dia, como na responsabilidade de um pai caçador, com a incumbência de trazer comida para casa no fim do dia, como pais pássaros alimentando os filhotes no ninho, como um pai sustentando um lar, certificando-se de que nada em casa faltará, neste grande peso de responsabilidade, havendo pessoas as quais simplesmente jamais terão filhos, exatamente para escapar de tal pesada responsabilidade, nas palavras de um certo senhor para mim: “Se tu quiseres continuar a tua vida do jeito que esta está, não tenha filhos! Se tiveres filhos, tua vida jamais será a mesma!”. Temos aqui um grande paisagista que é Desportes, retratando a flora francesa, numa função pictórica, retratista, muito antes do advento da Fotografia, numa época em que Fotografia custava muito, muito caro, como na brasileira princesa Isabel bancando tais luxos na corte brasileira, chegando até os dias de hoje, quando a Fotografia é algo absolutamente comum e banal, na revolução da Digitalização, democratizando tecnologias Mundo afora, numa era em que qualquer pessoa tem acesso a tal tecnologia, definitivamente libertando a Arte da função retratista, sofisticando-se até o advento do Cinema numa nova forma de Arte, no modo como as novas tecnologias sempre virão, nesse terreno tão vasto que é a Internet, com tanta informação democratizada, como em meu trabalho aqui no blog, encontrando muitas imagens de obras de Arte, numa facilitação e numa conveniência como nunca antes na História da Humanidade, numa digitalização sem freios ou fronteiras, nos sonhos liberais de Smith de um Mundo desprovido de governos estatais, sonhando com uma Economia Global autorregulada. O dia aqui ou amanhece ou entardece, e não sabemos. É num limiar sexy entre claro e escuro, como no contraste barroco entre luz e sombra, no advento inevitável de novas ondas de Arte, como na formidável transgressão do Modernismo Brasileiro, ou como no Impressionismo, com formas inovadoras de se fazer Arte, “aposentando” a tradicional Arte Pictórica Acadêmica, havendo nos museus tal prova de épocas marcadas por estilos próprios e peculiares, como num certo senhor, o qual AMA o movimento Art Nouveau, talvez um espírito o qual, em uma encarnação passada, viveu em tal época, talvez em cidades vibrantes como Paris, com suas ruas movimentadas, com teatros, cinemas e cafés, como nos sonhos de vida citadina da personagem sensível Teresa, de O Quatrilho, uma mulher que não gostava da vida árdua campesina que levava, apaixonando-se por um homem que, aos olhos de Teresa, personificava o que esta queria para si, numa história livremente baseada em fatos reais. O cão aqui se sobressai exatamente por que é o branco em contraste com o escuro, como na majestosa Primavera de Botticelli, com os deuses da Primavera destacados, claros, sobre um fundo enegrecido, profundo, no discernimento taoista simples: Se digo que algo é escuro, é porque conheço o oposto, que é claro.

 


Acima, Paisagem com cachorro e perdizes. A paixão de Desportes pelos animais e pelas caçadas. As aves fugindo são tal instinto de preservação da espécie, na dureza material, com os menos espertos sendo pegos, fazendo com que os mais espertos passem para frente sua genética, nas leis básicas naturais da cadeia alimentar, na teoria darwinista da lei do mais forte, na lei da seleção natural, uma espécie de liberalismo biológico, numa Natureza autorregulada, com suas próprias leis e parâmetros, no modo como o planeta Terra é tal mundo autossuficiente, renovando-se constantemente, com produção plena de água e oxigênio, num mecanismo perfeito, ainda um mistério para o conhecimento humano, num Cosmos estupidamente vasto, sendo inútil querer catalogar todas as estrelas que existem no Universo, na máxima islâmica, que diz que Alá é grande, na universalidade humana em busca de uma Inteligência Suprema, em revoluções como no monoteísmo herege transgressor de Aquenáton, derrubando o politeísmo, na noção de que não há deuses, mas nossos irmãos depurados, que gozam da felicidade suprema, na figura perfeita do arcanjo, o espírito que aprendeu tudo, sendo nós humanos pequeninos frente a tal apuro moral divino. Esta árvore aqui é uma videira, com vistosas uvas doces, em cachos perfumados, na ancestralidade da vinificação, no modo humano de se fabricar Álcool, desde o saquê de arroz até a cachaça de cana, na ironia de que, desde tempos imemoriais, a colheita da uva é feita estritamente à mão, encarecendo o custo final de uma garrafa de vinho, numa Humanidade a qual, talvez, daqui a séculos ou milênios, invente uma forma de colheita automatizada de uva, no modo como vinho não é para ser bebido, mas degustado em notas complexas, sem aqui eu querer ser pernóstico ou afetado! A uva é o árduo trabalho de vindima, na magia do Verão, a estação das férias e do descanso, nas desejadas férias escolares, no momento da orla, do mar, no duro momento de se encerrar o veraneio e voltar a encarar a dureza da Vida, como acordar cedo em gélidas manhãs de Inverno, no modo como a Vida exige que tenhamos tal espírito guerreiro, encarando novas páginas desafiantes, no modo como não importa se esta página é doce ou amarga; esta página tem que ser virada, num novo momento sendo encarado, na formidável metáfora de As Horas, de Michael Cunningham, o qual pude conhecer em Porto Alegre quando este veio para a Feira do Livro da capital gaúcha. O cachorro aqui está totalmente concentrado no momento da caça, como numa pessoa concentrada num trabalho, como na concentração de um cirurgião, o qual sabe que não pode se distrair, num peso de responsabilidade, como num cirurgião fazendo uma cesariana, num momento de enorme seriedade, numa pessoa que sente nas costas tal fardo de responsabilidade, no modo como a maturidade é um momento de divisor de águas na vida de uma pessoa, no glorioso advento do juízo e da sabedoria, no modo como não é bom ser jovem demais ao ponto de não se ter tal juízo, no maravilhoso modo como as fases da Vida passam, deixando rastros de aprendizado, num espírito que desencarnou sendo alguém melhor do que quando reencarnou, havendo na depuração o sentido para toda e qualquer encarnação, como num aluno cursando uma faculdade, na conquista do fálico canudo de diploma, na sabedoria de que a caneta é mais poderosa do que a espada. O bosque aqui é primaveril com flores douradas silvestres, na magia silvestre, com flores que não precisaram ser semeadas pela mão humana, nesta deslumbrante invenção de Tao que são as flores, na beleza de se dar ou receber um buquê farto e colorido, no costume de se presentear uma diva do teatro com flores, em atrizes que se tornam mais do que atrizes, tornando-se deusas reverenciadas. As aves aqui são espertas, pois se escondem do cão, como uma pessoa discreta e reservada, sabendo que a exposição midiática pode ser problemática, em celebridades que simplesmente não podem passear calmamente na Rua.

 

Referências bibliográficas:

 

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.

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