quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Adoro Doran (Parte 11 de 11)

 

 

Falo pela última vez sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). As ciclovias numa cidade de pedra e poluição, dando alternativas de saúde ao cidadão, num prefeito que pensa no povo, ou seja, num líder de compaixão, que se coloca nos sapatos de outrem, ao contrário de um certo senhor, o qual, em arrogância, pouco ouvia as pessoas da própria cidade. Aqui é uma certa competição por espaço, em urbes populosas, como no número de pessoas espremidas numa ilha de Manhattan. Essa competição me remete a um evento ao qual compareci, com três ou quatro senhores fotógrafos simplesmente acotovelando-se para tirar as fotos, em uma cena um tanto degradante, mas é a competitividade, numa agressividade, como nos esportes, sempre vendo quem é o melhor e quem é digno de uma taça, que é o receptáculo feminino, sendo conferindo ao homem que tem mais Yang no torneio, o macho alfa, como numa religião que promete a um homem mulheres virgens no pós vida, no Céu. É a moça bonita na plateia, sempre coadjuvante, sendo do toureiro o protagonismo, no Homem sempre sendo a primeira e prima obra de Deus, Adão, fazendo de Eva um arremedo para uma utilidade, que é a procriação, ou seja, fazendo da mulher uma escrava, como uma prima minha, uma menina bela de olhos azuis, a qual, ao viajar para um país patriarcal oriental, foi assediada por um senhor, o qual propôs casamento ao pai de minha prima, ou seja, arranjos que pouco se importam com a felicidade da mulher, fazendo desta um instrumento, uma ferramenta, num senhor que queria misturar seu próprio sangue com sangue de imigrante italiano. O fundo aqui é discreto, numa cor sóbria. As rodas das bicicletas são a passagem do tempo, no modo como as marés do tempo vão levando certas coisas embora, como traumas e decepções, nas palavras de Barbra: “É possível sobreviver aos desapontamentos da Vida”. Aqui é um corpo saudável, fazendo aquilo para o qual foi feito, que é se mover e se exercitar, na campanha da então primeira dama americana Michelle Obama, com o slogan “Vamos nos mover!”, num empenho para diminuir os índices de obesidade infantil no país. São doces memórias de infância, com os amigos no verão se reunindo para pedalar pelas ruas de alguma praia de veraneio. As rodas aqui são como mandalas, ou relógios marcando a passagem das estações, numa angulação que vai de zero a 360 graus, retornando ao ponto inicial, como no retorno ao lar metafísico, o Lar para o qual todos retornaremos, fazendo da Terra um lugar de passagem, mas um lugar que devemos amar e cuidar, como num cidadão que não joga lixo na calçada ou na areia na beira da praia, como nas fotos de uma atriz carioca certa vez, com a mulher que, na beira da praia do Rio de Janeiro, ficava indignada e catava da areia objetos descartados como espigas de milho e latas de cerveja, no modo como é tão repulsiva uma praia cheia de tocos de cigarro pela areia, pois temos que dar voz aos ecologistas, nesse problema que é o descarte de lixo, um problema que não existe a nível metafísico, fazendo com que uma cidade material se pareça ao máximo com as cidades apolíneas metafísicas, na busca humana por elevação espiritual. Aqui vemos uma igualdade entre os gêneros, e tanto eles quanto elas pedalam de forma igual, no modo como o espírito não tem sexo, como os anjos, os quais são espíritos desencarnados, de alto apuro moral, sempre guiando os humanos pela jornada destes pelos meandros desafiadores da Terra, a terra de Eva. Aqui é como uma estampa, no aconselhamento de estilistas para que nunca vistamos duas peças de roupa que sejam estampadas, evitando o excesso e primando pela harmonia cromática, numa pessoa que, ao desenvolver estilo próprio, fica imune aos apelos consumistas de lojas caras – quando a simplicidade de Tao se perde, a confusão reina. Aqui vemos uma concórdia, com pessoa rumando pela mesma direção, numa harmonia, como alunos aplicados passando de ano, encarando uma nova bateria de desafios, no poder imprescindível da Intelectualidade, sempre exigindo que usemos aquilo que nos foi dado, que é a Razão.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Companheiros de jornada, de caminhada, nos esforços dos padres nas missas, sempre nos dizendo que somos companheiros, iguais, irmãos. O sociopata está o tempo todo em busca de vantagens em relação aos seus companheiros de caminhada, sempre querendo vantagens, no modo como deve ser insuportável ao sociopata ser socialmente oprimido, sendo pobre, negro ou homossexual, num sociopata em cujo coração não há lugar para qualquer pitada de Amor, pois o sociopata considera Tao uma piada, rindo como um idiota, um idiota de baixo apuro moral, uma pessoa que está lá, na rabeira da fila de apuro moral. O céu aqui é limpíssimo, na sedução do vibrante sol californiano, na terra das ilusões a qual os tolos acreditam ser um lugar perfeito, sem as vicissitudes das cidades terrenas. Podemos ouvir aqui os fortes ruídos, sendo um desafio a um passageiro conseguir dormir dentro de um avião à noite. Aqui também pode ser uma competição, como numa linda corrida de Fórmula 1, nas gerações de brasileiros que ouviam a célebre música da vitória de Senna, um dos brasileiros mais notáveis da História do Brasil, como na famosa capa da revista Veja com uma Gisele indiscutivelmente despontando: “Depois de Pelé e Senna, agora é Gisele”, sendo um grande desafio a pessoa se manter humilde e modesta, com os pés no chão, pois o humilde vai longe, pois nunca é prisioneiro de seu próprio sucesso, e o sucesso é algo complicado, pois todos trabalham visando obtê-lo, e quem não obtém, frustra-se; quem obtém, adquire um problema, como pressões, numa Whitney Houston ou um Michael Jackson, com brilhos tão vertiginosos que acabam escravizando a pessoa bem sucedida. É o sumo desafio da humildade, numa Gisele pés no chão, dizendo aos fãs num set de filmagem de comercial de TV: “Desculpa, gente, mas tenho que trabalhar”, no poder do Labor, a única coisa que dá dignidade a uma pessoa – como pode se realizar alguém improdutivo? Não é o trabalho algo que faz com que a pessoa erga a cabeça e seja digna? Aqui é a ironia de que os aviões têm formato fálico, como caralhos voadores, com o perdão do termo chulo, na imposição masculina de poder, como no falo do Código de Hamurabi, na verdade, a vera, a vara do obelisco que traz a liberdade conferida pela verdade, pois como pode ser meu amigo uma pessoa que quer me enganar e ludibriar? Não é a palavra de um homem o maior patrimônio deste mesmo homem? Aqui é a séria responsabilidade de um piloto, com centenas de vidas em suas mãos, num piloto covardemente rendido nos atentados de 11 de Setembro, uma das provas de como a crueldade é uma especialidade humana – imagina-se em que estado fica a consciência de uma pessoa que detonou as bombas atômicas no Japão, sentindo-se responsável por tanta morte e sofrimento, em sequelas inevitáveis, sequelas que só poderão ser lentamente curadas após o desencarne, o glorioso dia de libertação – vamos em frente, gente! Aqui há corpos mais próximos e corpos mais distantes, na infinitude do Cosmos, com galáxias cuja luz sequer chegou até o telescópio na Terra, num Universo que, de tão vasto, não traz serventia em catalogar todas as estrelas que existem. Os aviões aqui estão bem estáveis, tranquilos, como na consciência de uma pessoa que foi desenvolvendo apuro moral, adquirindo, assim, Paz em seus dias na Terra, ensinando ao Mundo que Tao nada tem a ver com guerras, como num líder que rege sob a luz de Tao, jamais recomendando violência. Neste claro dia, vemos ao longe, como num paciente de Psicoterapia, o qual, depois de inúmeras sessões, recebe a alta do terapeuta, observando a si mesmo, sem projeções. Aqui é como pessoas que vão longe no horizonte, pessoas que, tendo sido subestimadas, tomam todos de surpresa, como Jô Soares, o qual, sepultando a carreira de humorista, surpreendeu a todos tornando-se o monstro entrevistador que se tornou. E Tao vai assim, invisível, subestimado, tornado-se a cola invisível que une toda a Grande Família Metafísica, à qual todos pertencemos em indestrutível dignidade e beleza.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). O paraíso que eram as Américas antes da agressiva chegada do homem branco europeu, com indígenas que foram massacrados pela eterna sede humana por mais e mais poder, como nas calçadas de Caxias do Sul, com descendentes miseráveis de indígenas, pedindo moedinhas na Rua, com crianças pequenas, passando privações da miséria.  É o modo como tantas coisas levam nomes indígenas, como ruas, talvez numa forma de desculpas por tais massacres, com seres humanos que são tão Homo sapiens quanto o europeu, ou seja, não se trata de uma raça inferior, equivalente ao absurdo de dizer que dobermann é um cachorro de segunda categoria. Aqui é um paraíso, como no final do filme Contato, numa experiência interdimensional, dando uma amostrinha da glória de desencarnados que nos espera depois de tal dura encarnação, como no redentor último dia de aula, com alunos passando de ano, crescendo e mergulhando em deliciosas férias, na metáfora do nome de um clube caxiense, o Recreio da Juventude, num lugar onde os espíritos felizes descansam e recarregam energias, com espíritos jovens para sempre, muito longe das influências da Matéria, que nos fazem envelhecer, num espírito desencarnado que adquire a forma que quiser, como uma mulher que, na Terra, não era muito bela, mas a “borboleta” sai do casulo e tal mulher, no mundo real, o espiritual, que é o mundo dos desencarnados, é uma mulher absolutamente belíssima, no caminho da autoestima, do se sentir sexy e saudável, no modo como tudo na Dimensão Material gira em torno de Saúde e bem estar, na alta dignidade dos médicos, das pessoas da Medicina, no modo como o Espiritismo é amigo da Ciência, da fria luz da razão, no Yang que liberta e abrevia sofrimentos, acompanhado do Yin, ou seja, por mais evoluído que seja um de nossos irmãos, os arcanjos, eles sempre nos amarão como irmãos, desejando que cresçamos e atinjamos o ápice da Depuração Moral, que é a suprema felicidade – qualquer sociopata, de carência moral, tem um futuro de depuração e aperfeiçoamento, visto que tudo é processo, ou seja, tudo vai de encontro a Tao, a razão de tudo. Aqui as ondas da orla respiram sensualmente, ascendendo e descendendo, como nos egos mundanos, de líderes em insana fome do Poder, como Napoleão, uma pessoa que, tendo suas atitudes analisadas e desconstruídas, não apresenta lógica, no caminho insano da ambição, num rei que definitivamente não tem Paz em seus dias na Terra, pois como posso ter Paz se estou o tempo todo cobiçando o gramado do vizinho? O Anel do Poder, de Tolkien, não é uma grande metáfora por esta sede insana humana por Poder? Não tem o Anel o poder de corromper os homens mais nobres? E o Umbral é assim, absolutamente desprovido de paz ou reconforto, num espírito que vaga imundo como um mendigo, sem noção de tempo ou espaço, perdido, desnorteado, reduzindo a um estado deprimente, muito longe dos egos dourados de reis tiranos, cercados de palácios e privilégios mundanos. Aqui, aves exóticas exercem seu encanto, na flora e na fauna das Américas, numa vastidão de biodiversidade, numa esfera tão única, num sistema solar nosso tão inóspito e pobre de Vida. Aqui, deliciosos cocos caem na areia, propagando seus sabores maravilhosos, como uma manga indiana, trazida de navio à rainha Victoria, no fascínio exótico de terras distantes, hipnotizando o homem europeu, como o homem londrino, em sua cidade fria, cinzenta e de um Sol tão opaco, diferente dos esplendores tropicais e dos tambores africanos que tanto influenciaram nos ritmos, na farta herança afro em ritmos americanos, como o Funk, num EUA tão ricos em cultura negra, tão atacada pela segregação racial em um país que se diz o baluarte democrático de igualdade entre os cidadãos... Aqui é um cenário de Paz, numa pessoa que está contente consigo mesma, encontrando quietude em seu cotidiano, no modo como o bom líder jamais deve interferir e tamanho dia a dia pacato, dando aos súditos um exemplo de serenidade.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Este colorido e alegre quadro dá água na boca de qualquer um que curte um vinho ou espumante. A rolha é a tradição, o costume, na conservadora personagem inglesa de Maggie Smith no seriado Dowton Abbey, dizendo a uma americana: “Vocês americanos não conhecem o valor da tradição!”, numa Inglaterra que se debate entre moderno e tradicional, na forte tradição monárquica, com inacreditável pompa no dia de posse de um monarca inglês, num país que produz, por exemplo, uma cultura tão moderna e cosmopolita como a Música Eletrônica, como se quisesse “ameaçar” o siso da Família Real Inglesa, no modo como todos temos dois olhos – um moderno e um tradicional, remetendo-me a um senhor que me disse recentemente que acha abominável a famosa pirâmide de vidro do Louvre, na junção do Moderno com o Tradicional, como na “agressão” formidável da Pintura Moderna Brasileira, desafiando jovialmente tantos séculos de Arte Acadêmica, no modo como o Antigo Egito, por milênios, manteve-se tradicional e apegado a antigos paradigma de beleza, como nas formas de rostos em perfil, havendo a transgressão do inédito realismo da Arte do governo Aquenáton, o faraó que, ao desafiar tantos séculos de imutável tradição, foi considerado maldito, só sendo descoberto por arqueólogos há pouco, num faraó que se tornou um indivíduo pensante e desafiador, acusado de “louco” por seus contemporâneos. Este estilo de sacarrolha lembra uma pessoa de braços abertos e voando, no doce efeito de estar moderadamente embriagado, como num homem que, chegado o final de um dia de labor, faz um happy hour com a gravata afrouxada, tomando cerveja com amigos. Doran foi muito feliz aqui em tal esplendor cromático, numa alegria, como num colorido salão de Carnaval, com os coloridos confetes fazendo uma adorável bagunça, resultando ao pobre faxineiro a tarefa de limpar o salão depois deste breve momento de euforia – você acorda no dia seguinte e a Vida continua em toda a sua seriedade de Quarta-Feira de Cinzas. Então, neste quadro, a tradicionalíssima champanha francesa, a Veuve Cliquot, exerce seu fascínio e chega aos supermercados brasileiros a seiscentos reais a tradicional garrafa de 750 ml, remetendo a um divertido episódio envolvendo meu falecido cunhado, com este colocando uma VC no compartimento de congelador da geladeira, para gelar mais rapidinho, com o meu cunhado se esquecendo do fato, fazendo com que a garrafa simplesmente explodisse no congelador! Então, a moderna tampa rosca se impõe sobre tal cenário tradicionalista, prática e fácil como abrir uma garrafa pet de Coca-Cola, numa rosca que faz com que a garrafa possa ser armazenada em qualquer posição, diferentemente da garrafa com rolha de cortiça, uma garrafa que precisa obrigatoriamente ser armazenada na posição horizontal, pois, a cortiça, em contato com o líquido, incha e, assim, veda a entrada de oxigênio da garrafa, impedindo o vinho de virar vinagre. Aqui ouvimos o barulho da rolha sendo sacada, numa ocasião especial, como numa virada de ano, na universalidade da birita, do trago, como o saquê japonês e a vodka russa, no modo como tudo em excesso é prejudicial, no slogan de bebidas alcoólicas: “Beba com sabedoria”, na sabedoria moderada de Tao: cavalgar nos campos é delicioso, mas vai enlouquecer você se você cavalgar demais! A rolha sendo sacada é a liberdade, como no advento da idade, fazendo com que a pessoa abandone certas limitações de juventude, como uma amiga minha quarentona, dizendo a mim, de idade similar à dela: “Estamos chegando numa idade maravilhosa, que é a idade do ‘foda-se’”, com o perdão do termo chulo, nas palavras sóbrias, que dizem que a idade vai nos libertando. Aqui é uma pujança industrial, como no vibrante Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, RS, com intermináveis levas de turistas fazendo compras nas grandes vinícolas, com opções glamorosas de hospedagem, entrando em harmonia com a excelência turística gramadense, na sedução do grande e adorável reino da Serra Gaúcha.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Um cenário de cultivo, paciência, esperando que a terra faça o seu trabalho de fazer com que a lavoura cresça e produza os preciosos frutos agrícolas, na dureza inicial da vida do imigrante italiano no RS, deparando-se com o lote devoluto, virgem, selvagem em seu mato alto, num paciente e árduo trabalho de limpeza, para preparar a terra para o cultivo, num imigrante que passou perto de passar fome, gerando, como herança cultural, o sonho gastronômico de imigrante, que era uma mesa de galeteria, farta e farta, com muita carne, massa, vinho, polenta etc. Aqui é uma paz bucólica, campestre, no bálsamo para os ouvidos que é o silêncio de locais distantes da loucura urbana barulhenta, num silêncio acolhedor, pacífico, sóbrio, maravilhoso. Aqui é uma terra próspera, onde tudo que se planta dá certo, longe de pragas, como o joio entremeando e amaldiçoando o trigo, no modo como só recentemente o agricultor teve acesso a armas químicas para evitar tais perdas nas lavouras e vinhedos. Aqui é um hábito vegano, consumindo só os frutos da terra, rechaçando, por exemplo, produtos que levem leite de vaca ou búfala, numa escolha de vida, numa opção, como numa Xuxa Meneghel, a qual disse que recentemente se tornou vegana. Vemos aqui discretas joaninhas, belas, no termo em Inglês “lady bug”, ou seja, “inseto dama”, na força da Vida em propriedades rurais. As folhas desses repolhos, por assim dizer, têm nervos, seiva, dutos de alimentação, como numa dona de casa zelosa, abastecendo a casa com supermercado, no choque de uma pessoa que, depois de morar a vida inteira com sua própria mãe, sai de casa para morar sozinha, sentindo tanta falta do zelo materno! Esses dutos são como circuitos de computador, de produtos eletrônicos, como se fossem artérias digitalizadas, como na morte do corpo físico, na pessoa desencarnada se deparando com a maravilhosa simplicidade metafísica, a qual que tudo o que exige é que nos mantenhamos produtivos, pois que esperança há fora do Trabalho? Aqui é como uma selva abundante, repleta de alimentos para os animais herbívoros, na generosidade de Tao, um pai provedor que nunca deixou algo faltar aos filhos, no desafio que é uma pessoa se tornar pai ou mãe, deparando-se com as intermináveis carências de uma criança, com noites em claro por causa do choro incessante do bebê, no peso da responsabilidade, como uma colega que tive, a qual engravidou na adolescência, tendo aprender “na marra” a ter juízo, como na rainha Elizabeth II, a qual aprender “na marra” a ter majestade respeitável, no famoso episódio em que a monarca teve que ser humilde para enfrentar o momento do desencarne de Diana, a princesa de popularidade vertiginosa. Aqui tudo parece estar em Paz, e a terra está lavrada e “domesticada” para o uso da civilização, no modo como, já li de um respeitado escritor, a Agricultura acabou trazendo um incremento de trabalho à Humanidade, como nos esforços egípcios em cultivar a terra após esta ser banhada pela fertilizante cheia sazonal do Nilo. Aqui é como um cabelo penteado, arrumado e disciplinado, no modo como não há esperança aos que não adquirem disciplina, ou seja, sem esperança aos que vivem “ao sabor do vento”, que vão reencarnar um contexto árduo e duro, adquirindo, assim, tal imprescindível disciplina, pois que Vida é esta sem metas, sem fazer com que eu mostre ao Mundo minha inteligência? Bem ao fundo vemos uma casa, pacífica, como no lar de um padre, com um dia a dia tranquilo, como num produtivo dia a dia de Chico Xavier, iniciando os trabalhos do dia para trazer acalento aos que sofriam com a perda de entes queridos, num Chico de imensa humildade, a sábia humildade que impede que a pessoa humilde sofra. A casa é o porto seguro, a referência, no modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, e a Eternidade é tempo para a resolução de qualquer briga de família – só a Paz é eterna.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Uma prancha de surfe fluindo como um peixe, num esporte tão exótico que ganhou o Mundo, gerando até termos como a Surf Music. A prancha é desbravadora, como se cortasse as ondas, numa deliciosa sensação de plainar, numa sensação onírica em que a pessoa se sente leve como o vento. É o tesão do surfista, ficando decepcionado e prostrado frente a um mar tranquilo e sem ondas, num espírito de desafio, como num curso universitário, repleto de desafios que acabam por fazer com que o aluno cresça e dê orgulho ao professor, naqueles professores que nos dão a sensação de que a mensalidade é barata – não são todos os mestres que se destacam na mente do aluno. Aqui, nesta prancha, vemos a sedução do Mar, com seus frutos deliciosos, como numa exímia cozinheira que conheci, a qual fazia peixe vermelho, lagosta e bobó de camarão de se cair o queixo, no prazer de uma refeição bem feita, no ditado: “Barriga cheia, coração contente!”. Aqui é como entrar num restaurante de sushi, com o odor de Mar pairando no estabelecimento, no modo como, há tempos atrás, ninguém adivinhava que o sushi se tornaria tamanha vogue gastronômica mundial, numa onda que lavou o Mundo, no fascínio de se provar comidas de partes distantes do Mundo, fazendo com que viajemos sem sair do restaurante. Aqui é o trabalho de descamar um peixe, preparando o fruto do Mar, no personagem monstruoso Gollum, de Tolkien, comendo peixes crus, ainda vivos, em redes de pescadores em altomar, tirando o sustento das entranhas de Iemanjá, aquela que abençoa as redes de pescadores, como no milagre cristão da multiplicação dos peixes, num reino farto e próspero, como num Canadá, tão limpo e organizado, numa invejável qualidade de Vida, tendo tanto a ensinar a países mais pobres e problemáticos. Aqui a rodela de limão é tal tempero de chef, no prazer de se assistir programas de Culinária, com mãos milagrosas fazendo coisas saborosas, em supercelebridades como Jamie Oliver, um homem que, definitivamente, não tem medo de arregaçar as mangas e trabalhar, como no tesão de se trabalhar numa firma que remunera muito bem seus funcionários, no modo como, ao andar de táxi, faço questão de dar uma gorjeta gorda ao taxista, numa categoria que tanto tem que ralar para ganhar o seu – há virtude na generosidade, como numa estrela no centro de um sistema solar, provendo toda a “família” de planetas. Vemos aqui um cálice de vinho, num acompanhamento, numa bebida tão digestiva, tradicional ao ponto de ter sido servida da Última Ceia, transformando-se no sangue de Jesus, na canção “Vamos comer Caetano”, no sentido da obra, ou seja, debruçar-se sobre tal legado, analisando as palavras sábias de um homem pobre que nunca teve acesso a estudo e, ainda assim, tornou-se a maior mente da História da Humanidade. O fundo aqui é de um azul marinho, no modo como a Terra, do espaço, é tão azul, fazendo com que as águas marítimas sejam uma mera “película” de apenas alguns quilômetros de espessura, mas mares que cobrem a maior parte da crosta terrestre – o que é a Vida, afinal? Não seria um tesouro, um privilégio a Terra ser tão rica em Vida? Neste quadro, neste restaurante, sentimo-nos como baleias devorando cardumes, no hábito mais primevo de todos, que é a alimentação. É como um professor que tive, o qual, quando adolescente, queria ser ratão de praia em Florianópolis, frustrando-se com a chegada do Inverno e com o esvaziamento invernal das praias da linda ilha – não existe fugir da Vida. Aqui é um buffet, como nos privilégio de atores estelares, os quais podem se dar ao luxo de escolher o que fazer, ao contrário de um ator fodido, com o perdão do termo chulo, um ator que tem que agradecer a Deus quando ALGUM papel cai em suas mãos, na linha divisória entre pessoas comuns e pessoas estelares, uma linha bem mundana. O cálice de vinho aqui é como o coração da refeição, naquilo que dá graça à mesa, no simples banquete de vinho com pão, não me cansando de repetir as palavras de da Vinci: “A simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação”.

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.

Nenhum comentário: