quarta-feira, 27 de abril de 2022

Claramente Claes (Parte 2 de 4)

 

 

Volto a falar sobre o escultor americano Claes Oldenburg, o qual fixou parceria com a esposa Coosje van Bruggen. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Binócolos Gigantes. Aqui é como uma pessoa com visibilidade, que vai longe em seus pensamentos, como uma pessoa visionária, que enxerga longe, no modo como nem todas as pessoas têm tal dom, tal capacidade, numa pessoa que pensa grande, como na grandiosa concepção da Internet, interligando o Mundo todo, numa grande invenção que está plena e assim por muito tempo permanecerá. Aqui remete ao termo Miopia em Marketing, que são aquelas pessoas cujo pensamento não vai “além da esquina”, com pessoas que acabam nunca indo muito longe na Vida, nunca conquistando o respeito de outrem. Os binóculos são a grande e simples invenção das lentes de vidro, na revolução dos óculos, no modo como o vidro tanto mudou o curso da Humanidade. São as potentes lentes dos supertelescópios, observando confins do Universo, na vastidão inegável do Cosmos, com dois universos – o observável e o inobservável –, com corpos tão longínquos que sua respectiva luz ainda não nos chegou na Terra, num ponto em que precisamos acreditar numa Inteligência Suprema que concebeu isso tudo. Os binóculos são os potentes e perfeitos olhos de elfos de Tolkien, no termo “olhos de lince”, num consultório de Oftalmologia, no médico fazendo os cuidadosos exames, em tecnologias como a cirurgia a laser, corrigindo Miopia, no modo como se vai chegando à idade em que a pessoa tem que ter óculos de leitura. Aqui é como na pujante economia de vidro mexicana, como na formidável loja Cristais de Gramado, na qual há demonstrações ao turista visitante sobre a fabricação dos objetos de vidro, com tantos objetos como vasos, copos, pratos, bijuterias etc. Aqui são as lentes dos exploradores das Navegações, na observação em uma era na qual considerava que a Terra era plana, na revolução de Colombo, o qual achou que a América era o flanco oriental da Índia, havendo só em Américo a concepção de que se tratava de um gigantesco novo continente. Aqui temos a fragilidade das peças de vidro, e de tempos e tempos algum copo é quebrado dentro de casa, na superstição de que dá sorte a um casal a quebra de algum copo na festa de casamento. Os binóculos são essa visão privilegiada, na imortal curiosidade humana em saber como é Tao e como este funciona, numa Humanidade a qual, de tanto evoluir, chegará um nível de excelência moral e tecnológica, e quem sabe um dia as guerras estarão erradicadas da Terra, remetendo à insana guerra sem sentido de Putin, num senhor que perde douradas oportunidade de permanecer quietinho no seu canto, num rei que nunca está feliz dentro do próprio território, sempre querendo anexos. Os binóculos são este instrumento de caça, no modo como tal esforço e dureza excitam os homens que caçam, numa tarefa agressiva, de homens, existente até em tribos amazônicas, na universalidade do modo humano em dividir as tarefas entre de homens e de mulheres. O falo do telescópio é tal pênis desbravando a vagina, com o Yang se debruçando sobre o Yin, num jogo de sedução entre atividade e passividade. Os binóculos são uma extensão do Ser Humano, um instrumento de uso, como uma pá ou um computador, fazendo do Telefone, por exemplo, uma extensão da voz humana. Os binóculos são uma cautela, um cuidado, com alguém observando possibilidades, sempre procurando prever percalços ou perigos, na metáfora do rei sob a luz de Tao, cruzando com muito cuidado um rio caudaloso, como se soubesse que neste há perigo. Os binóculos aqui formam um portal, num momento de reviravolta, como no caso, repito, do advento do Vidro para a Humanidade, no modo como a Vida Humana é tão repleta de rituais, como casamentos, formaturas, aniversários etc. Os binóculos são este privilégio de tecnologia, em homens tão iluminados que causam o crescimento do Mundo, fazendo com que enxerguemos através de tais “binóculos”, que são os olhos de tais homens visionários, como meu querido bisavô Lisboa, o Pai da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul, um homem respeitado, que inspirou a comunidade inteira.

 


Acima, Garrafa em Notas. Aqui remete ao pujante enoturismo do Vale dos Vinhedos, no município gaúcho de Bento Gonçalves, com levas intermináveis de turistas fazendo compras nas renomadas vinícolas, na universalidade das bebidas alcoólicas, como no saquê japonês ou na vodka russa, no glorioso momento do happy hour, com gravatas sendo afrouxadas e chopes sendo servidos geladinhos, no chefe de família que chega em casa e coloca seus chinelos no lugar dos apertados sapatos de executivos, advogados e médicos. As notas aqui são as memórias, com pessoas fazendo confidências em seus diários, fazendo do diário um amigo, uma comadre, uma companhia ou um psicoterapeuta, no modo como todos temos que ter momentos a sós com nós mesmos, apesar de Claes tanto ter trabalhado com a esposa. A garrafa aqui está propositalmente inclinada, como na famosa Torre de Pisa, nos percalços que acabam por ajudar, deixando as coisas mais irônicas e interessantes. Aqui é uma charmosa imperfeição, uma irreverência. A garrafa é este retiro, no seriado de Jeannie é um Gênio, com a personagem feminina se refugiando em seu mundinho interior, num momento de retiro, talvez num momento de autoestima, como cortar as unhas, num momento que pertence somente à pessoa em questão. A garrafa é oca e translúcida, como um amigo verdadeiro, o qual conhecemos tão bem, num alto grau de intimidade, no dom de certas pessoas em conversar por telepatia, sabendo o que o outro fala sem este falar propriamente, como no menininho prodígio de O Iluminado, na clarividência de prever um brutal assassinato. A rolha é a contenção, numa pessoa buscando ter ponderação e juízo, aplacando certos impulsos, num caminho de disciplina, como conter palavras que possam magoar outrem. A rolha é a preparação, o acondicionamento, num produto pronto para a comercialização, na rotina de uma fábrica, como na indústria química de meu tio, fabricando produtos de limpeza, em um ato de Marketing, de Mercado, querendo penetrar com competitividade, num ato desafiador, desafiando gigantes como a Unilever, nesses gigantes de mercado. Aqui é como uma ocasião especial, num aniversário, numa virada de ano, recebendo amigos com intermináveis garrafas de trago, no divertido modo como a ingestão de vinho vai fazendo com que as pessoas façam coisas as quais não fariam sóbrias, no termo “No vinho, a verdade”. Aqui é como uma pressurização de um espumante, numa alta pressão interna, como uma pessoa sofrendo pressão profissional, numa pobre Whitney Houston, a qual, a partir do momento de glória do álbum de O Guardacostas, passou a sofrer esmagadoras pressões para se manter para sempre em tal doce momento, fazendo com que a diva recaísse nas drogas como válvula de escape, as quais arruinaram a voz da diva negra. Aqui é um bem de mercado, e não é grátis, no modo como o brasileiro em geral não toma vinho por este ser tão caro nas gôndolas de supermercado, pois a cerveja é gerada industrialmente, com colheita automatizada; já, o vinho é feito artesanalmente, com colheita à mão. Aqui, esta escultura monumental ficaria linda em frente a uma vinícola, e podemos imaginar os turistas tirando fotos frente à obra de Arte, como os turistas adoram tirar fotos no pórtico de entrada de Gramado, ou na inevitável Torre Eiffel. Aqui temos um talento de designer, numa imaginação tão rica, fazendo coisas as quais jamais foram pensadas antes, abrindo espaços de percepção, fazendo com que mergulhemos na mente de tal artista, como entrar na casa de outra pessoa, sentindo o “hálito” do lar de outrem. Aqui é a revolução que o vidro e a cortiça trouxeram à Enocultura, deixando para trás e era dos vinhos em jarras grandes, numa poesia tradicional, que resiste ao advento de uma coisa tão prática que é a tampa rosca. Esta escultura está fixada na terra, como se tivesse raízes, nas raízes dos vinhedos, num produto da terra, das entranhas dos vinhedos. A inclinação aqui é tal jovialidade e irreverência, nos feitos do Álcool, num momento de festa e descontração.

 


Acima, Plantação. Aqui é a força do trabalho, na dura vida do imigrante italiano, deparando-se com um lote devoluto, selvagem, tomado de mato alto, nos inevitáveis calos nas mãos do laboroso imigrante, que veio da Itália com o sonho de ter um pedaço de terra para chamar de seu. Aqui há uma atitude e um estabelecimento, e a pá é fincada com força e agressividade, como num time agressivo, derrotando ferozmente o adversário, num agressivíssimo Mike Tyson, resolvendo a luta em alguns segundos, em nocaute arrebatador, na prepotência de um antigo lutador, dizendo: “Sou o maior!”, num lutador com graves sequelas neurológicas depois de tanto lutar na juventude – tudo tem seu preço, não? A pá é tal símbolo de labor e esforço, no fato de que o trabalho é essencial para qualquer pessoa, estando encarnada ou desencarnada, mas um labor que, apesar de esforçado, não pode fazer com que a pessoa abrace o estilo de vida degradante de workaholic, numa pessoa que só trabalha e não vive, no sagrado dia de descanso dominical, pois até Deus descansou no sétimo dia, não? Aqui é algo impositivo, numa atitude, na capacidade de certos popstars em desenvolver tal atitude, mostrando que, no Mercado Fonográfico, apenas a voz não garante o estrelato, pois há grande popstars os quais, donos de muita atitude, têm vozes medíocres... Mas isso não se aplica a Lady Gaga, a qual, além de ter uma ENORME atitude, tem uma voz muito boa. E a Moda, por exemplo, vive de tal atitude, numa imposição corajosa, no talento de grandes designers em impor tal atitude a nível global, fazendo da Moda tal meio de expressão, como no ultra bem sucedido seriado Sex and the City, com quatro mulheres estilosas, modernas, despojadas, libertando a mulher da castração sexual da Sociedade Patriarcal, no poder do feminismo em caminhar contra o vento, com mulheres independentes, as quais não têm patrão; não estão abaixo da figura patriarcal do macho alfa, como uma certa popstar, uma mulher que simplesmente não tem patrão – nem o Papa. A pá é este tesão e esta vontade, numa pessoa apaixonada, que mergulha no trabalho. Aqui é o ato agressivo da bandeira americana sendo fincada na Lua, na legitimação de uma nova potência mundial, emergindo poderosíssima após a II Grande Guerra, no jogo de cadeiras do poder mundial, no jogo de tabuleiro War, na guerra insana de Putin, num rei que nunca está feliz dentro de seu próprio reino, mesmo sendo este reino o país com a maior extensão territorial do planeta – a ambição é insana. Aqui é o primeiro passo, o passo derradeiro, numa “batida de martelo”, numa decisão, numa pessoa que, por exemplo, quer dar uma guinada na vida e mudar de carreira, como um artista que ingressou para a política, num investimento inicial, marcando o início de algo sendo feito e construído. Aqui é como um lote sendo preparado, no modo como, diz o mestre intelectual Harari, a Revolução Agrícola fez com que o Homem se deparasse com o árduo trabalho agrícola, num momento em que, apesar de haver então o controle da produção de alimentos, surgiu um trabalho pesado, que consome o dia do agricultor de Sol a Sol, no mesmo modo como o boom da Revolução Industrial trazia cruéis jornadas de trabalhos aos trabalhadores das fábricas londrinas, numa época anterior ao advento dos nobres e necessários direitos trabalhistas, como nos direitos no Brasil, com férias remuneradas, décimo terceiro e seguro desemprego. Aqui é um certame, uma data especial, como numa festa comunitária, no momento em que a comunidade se debruça sobre si mesma, sentindo-se projetada por alguma festividade, na celebração do fruto do trabalho, como nas inúmeras vindimas italianas. Aqui é um marco, como a passagem de Jesus pela Terra, dividindo a História em duas. É um ponto de reviravolta, no bravo início de algo que, após tal esforço inicial, foi crescendo, como num aspirante a cantor, subindo bravamente nos palcos para lutar contra o anonimato e batalhar pelos seus sonhos na carreira, num ato de atitude e bravura, começando pequeno e então crescendo.

 


Acima, Prendedor de Roupa. Aqui é um símbolo do trabalho de dona de casa, na briga de um certo casal, com a mulher dizendo: “Eu me matando para manter esta casa limpa e organizada!”. É a rotina, o dia a dia, na minha mãe dizendo ao me acordar de manhã: “Hora de encarar a vida, Gonçalo!”. Aqui é a dignidade ereta do trabalho, da dignificação da pessoa que ergue a cabeça e vai ser digna de respeito, como se soubesse que qualquer trabalhinho faz áurea parte da Grande Carreira Espiritual, a qual dura para sempre, fazendo da Eternidade o símbolo do poder imensurável de Tao, o ilimitado, neste incompreensível presente que é a Vida Eterna, num Ser Humano que não pode compreender que nunca findaremos – é muito poder. O prendedor é reter algo, apreender algo, como um escopo de pesquisa científica, ou de tese de conclusão de curso universitário. É pinçar algo, numa amostra empírica, como numa pesquisa de intenção de voto, tirando uma amostra que nos dá uma noção próxima da totalidade do conjunto, como colocar um espaguete para cozinhar, tirando da panela um mínimo fiozinho para ver se todos os fiozinhos estão prontos e aldentes. O prendedor é uma clipagem, na origem do termo videoclip, que é captar várias imagens e compor um vídeo, nas mãos de um artista plástico, o qual pega coisas separadas, une-as e produz algo novo, num poder transformador, criativo, brilhante, num artista que nos faz “babar” perante tanto talento, bom gosto e verve. O altivo prendedor aqui tenta competir com os altivos prédios capitalistas, como falos numa floresta, na competição para ver quem tem o prédio maior e mais potente, no termo “competição palmo e palmo”, como numa corrida de Fórmula 1, numa classificação por ordem de chegada, num corredor tenso, atento, nunca subestimando a capacidade de ultrapassagem do adversário, ao contrário da fábula da Lebre e da Tartaruga, na qual a lebre, ao subestimar enormemente a tartaruga, acaba perdendo a corrida, como num jogador que entra na quadra “de salto alto”, arrogante e prepotente, achando que o jogo já está ganho. Aqui temos a dignidade da pessoa trabalhadora, no modo como até um simples trabalho de capina é digno de respeito, sendo tão vazia e desinteressante a vida de uma pessoa que não produz, dedicando-se à maliciosa “tarefa” de fofocar e de cuidar da vida dos outros, como uma certa pessoa que conheço, uma pessoa que, ao desencarnar, vai se dar conta da vida vazia que levou na Terra, tendo que reencarnar, partir em busca do tempo perdido e abraçar uma vida de labor e dignidade – todos temos o direito de cometer equívocos, e Tao é o perdão que sempre nos dá uma nova oportunidade. O prendedor aqui está à disposição, solícito, numa pessoa que gosta de ser útil e de fazer favores, como uma senhora idosa do prédio onde moro, a qual, ao carregar um saco de lixo para botá-lo na lixeira, ouviu de mim a frase: “Faço questão de levar tua sacola na lixeira!”, no glorioso sentimento de ser útil; na luz de pequenas gentilezas; no amor entre irmãos. Aqui é como se o prendedor estivesse à venda, numa loja bonita, que expõe as mercadorias de forma elegante, no modo como a paginação do ponto de venda é tão importante para vender as coisas, sabendo que uma loja bonita atrai as atenções dos consumidores. O prendedor aqui é impávido colosso, como na tradicional estatura portoalegrense do Laçador, erguendo-se altivo e representando a história da terra que, clamando por liberdade, desafiou o Império, num episódio o qual, já ouvi dizer, foi a tragédia fundadora do Rio Grande do Sul. Aqui é como um marco, pronto para ser admirado, como na peça mais valiosa de um museu, no modo como o famosíssimo busto de Nefertiti é “a Monalisa” do Museu de Berlim – todos vão lá para, principalmente, contemplar a bela e poderosa rainha egípcia, altiva como este prendedor. Aqui é o fálico gesto do “dedo do meio”, como no jogador Ronaldo Nazário, o qual mostrou o dedo do meio a um torcedor que lhe disse: “Vá pegar um travesti!”. É o modo como, de certo modo, para a pessoa ser feliz, tal dedo do meio tem que ser mostrado de vez em quando ao Mundo – assumir o controle da própria vida.

 


Acima, Serra Serrando. Realmente, Claes é muito suntuoso e grandioso, num artista pedindo para ser reconhecido devidamente. Aqui a serra intervém, e quase podemos ouvir o som da ferramenta trabalhando, na divertida figura de linguagem de quadrinhos com um personagem dormindo, no som de serra indo e vindo, no barulho da respiração de um dormente. A serra é o esforço do labor, na mão forte do homem trabalhador, no momento de dedicação e devoção, numa pessoa tão centrada no trabalho, fazendo do casamento uma conveniência e não exatamente um ato de puro amor, como uma pessoa pragmática que conheço, a qual é centrada na própria firma, fazendo do casamento uma conveniência, uma sociedade: Nós nos unidos e cada um faz uma parte do trabalho. É um trato. Os dentes do serrote são tal fome, numa boca esfomeada, cheia de sonhos e metas, nas dolorosas frustrações, com sonhos sendo despedaçados, tal qual uma noiva batendo no noivo com o buquê, despedaçando as pétalas, no verso da cantiga: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada. O cravo ficou ferido; a rosa, despedaçada”. Na questão: Quem é o vencedor na guerra? É como nos rastros de destruição inútil na indefesa Ucrânia, num Putin sem qualquer pingo de compaixão ou diplomacia, numa estupidez e numa grosseria próprias das guerras, esses eventos que causam sequelas psíquicas na cabeça do inocente soldado combatente, numa experiência tão traumática que faz com que a pessoa não consiga se ressocializar completamente após tal trauma. Aqui é uma vontade, uma meta, num esforço de artista plástico em produzir coisas novas, no mágico momento da exposição, da mostra dos trabalhos numa galeria, no momento em que o artista interage com o Universo, trocando ideias com os espectadores, no sentimento melancólico do fim da mostra, quando o artista tem que recolher suas obras para dar espaço ao próximo artista expositor, como num melancólico fim de Feira do Livro, a qual causa uma energia tão boa na comunidade. A alça do serrote é a conveniência, uma facilidade, como uma pessoa que se coloca útil ao Mundo, servindo este, distribuindo, na capacidade de uma estrela em distribuir num complexo sistema solar, como numa família, no talento patriarcal ou matriarcal de unir as pessoas, na farta mesa de ceia de Natal, um momento em que se celebra a fartura e a riqueza da Dimensão Metafísica, o lugar onde as dúvidas cinzentas se dissipam e o Mal vai por água abaixo, como me disse uma amiga e ex professora: Apenas as coisas boas perduram e têm força. Aqui é a indústria de utensílios, num vendedor que sabe que, se quiser obter sucesso, tem que servir ao Mundo, sendo algo prático, funcional, como um técnico que vem consertar uma máquina de lavar roupa. A alça vermelha aqui é o sangue da dedicação, no termo “A ferro e fogo”, narrando a epopeia alemã em terras gaúchas, numa vida tão dura e desafiadora, dando orgulhos aos descendentes de tais imigrantes. Os dentes aqui são abrasivos, como um creme dental branqueador, numa agressividade, como num time entrando em campo sem cometer o erro de subestimar o adversário, no termo entrar em campo “de salto alto”. Os dentes são essa vontade, essa gana e essa fome, numa pessoa com décadas de estrada, mantendo-se com tal tesão pela vida, como um professor universitário que tive, um grande publicitário portoalegrense, o qual deu um “puxão de orelha” nos alunos, dizendo: “Vocês não podem ficar assim tão quietos! Vocês tem que tomar notas, fazer observações e ter tesão pela tarefa à frente!”. E não estava certo o mestre? Aqui temos uma penetração, no ato de cosmogonia do pênis na vagina, gerando o Universo, no arquétipo rainha fraca e rei forte, sendo um a contradição do outro, no modo como Tao coloca ironia em tudo o que faz, nas divertidas contradições, grandes piadas observadas num quadro geral, contemplando o conjunto da situação. Aqui é uma imersão numa pesquisa, girando ao redor do escopo, da meta, do gol.

 


Acima, Testemunho de Maçã Geométrica. Aqui houve um consumo, e só temos uma carcaça, um vestígio, no modo como o Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre, foi revitalizado por uma administração municipal. Aqui é a maçã de Eva, na misoginia que coloca a Mulher como a causadora de todos os males do Mundo, fazendo de Adão o princípio perfeito de bondade e integridade, sendo Adão uma vítima da malícia feminina – é muito machismo. Aqui é a fome da Sociedade de Consumo, esta inspiração para a Pop Art, inspirando artistas e fazendo tal “casamento” entre Arte e Mercado, no doloroso modo como Propaganda não é arte, mas técnica de venda, ou seja, é um comercial que entremeia o que interessa, que é o filme transmitido pelo canal de TV, com as raras exceções de campanhas publicitárias que causam comoções de popularidade, como na antiga dobradinha Pipoca & Guaraná Antártica, no modo como tudo numa agência publicitária gira em torno do talento de vendedor, numa pessoa que sabe que nada mais se trata do que um mercado, uma “feira” na qual o vendedor tem que falar bem alto par atrair o comprador, anunciando condições e descontos, como o preço atraente de um abacaxi, por exemplo, como certa vez ouvi de um rapaz na porta de um restaurante de sushi: “Pode entrar porque aqui nosso peixe é fresquinho”, no talento de vendedor em observar as oportunidades, como colocar na porta da loja um balde com guardachuvas assim que alguma chuva começa a se insinuar na cidade. Aqui é o pomo da discórdia, no pomo de Adão, com a maçã entalada na garganta, como algo mau e venenoso, como a maçã da Branca de Neve, na inveja da rainha má, obcecada em ser a mais bela do Mundo, sentindo-se ameaçada por Branca, na beleza natural, que vem de dentro, sendo salva pela figura idealizada do príncipe encantado, um homem perfeito que não existe no Mundo Real, na figura idealizada do príncipe num cavalo branco, talvez numa menininha que ainda tem a ingenuidade para acreditar em tais milagres, no modo da mulher adulta em perceber que tais contos não entram em harmonia com a realidade. Aqui é um dejeto, uma rejeição, algo jogado fora, sendo desprezado, como um sociopata que vai assassinando sua própria vida social, indispondo-se com tantas pessoas, até chegar ao ponto de ser devidamente reconhecido publicamente como sociopata, numa pessoa que realmente acha que o Mal é mais belo e interessante, uma pessoa que, ao ser tolhida socialmente por tal inclinação maligna, constrói uma máscara e passa a levar vida dupla, num lobo disfarçado de cordeiro – é um horror. A maçã é esta figura de tentação, no formidável pecadinho da Gula, em doces maravilhosos, conquistando o gosto do Ser Humano, na universalidade das gostosuras gastronômicas. Aqui é um assunto sendo digerido, como num escopo científico, com um pesquisador torcendo ao máximo esta “toalha molhada”, extraindo ao máximo as informações para tal trabalho de pesquisa, como estudar e vida e a obra de um certo artista, num trabalho de biógrafo, como no biografista argentino que lançou a biografia Santa Evita, pesquisando tudo o que pode sobre a lendária atriz e política argentina, numa figura controversa: deusa para o proletariado; diaba para o resto da pirâmide social argentina. Aqui é um ato de fome, como no espectador digerindo uma obra. Aqui remete à personagem comilona Magali, numa pessoa com esta fome incessante, sobrevivendo a décadas de carreira, sempre com a humildade de virar a página e encarar um novo desafio, no modo como há tantos artistas talentosos que simplesmente não conseguiram sobreviver a um determinado momento, como os anos 1980. Aqui é lixo alçado a obra de Arte. É um descarte, no talento de uma pessoa em catar tal “lixo” e ver neste o potencial para algo pertinente. Aqui é como a atitude formidável do urinol de Duchamp, pegando algo socialmente rejeitado ou subestimado. Aqui é um aproveitamento, uma espécie de reciclagem, como um artista que em um primeiro momento foi subestimado e considerado lixo, surpreendendo a todos, no patinho feio que se revelou cisne.

 

Referências bibliográficas:

 

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.gettyimages.pt>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg obras. Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 13 abr. 2022.

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