quarta-feira, 29 de março de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 3 de 8)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o artista americano Winslow Homer. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A advertência da neblina. O homem aqui está por si, independente, no menino que virou homem, sedento por tal autonomia. Os peixes enormes são a riqueza do dia, num lar com pratos fartos, nas responsabilidades de um homem em prover um lar, num pai zeloso, o qual nunca deixou algo faltar dentro de casa, como meu pai, o Dr. Mascia, cardiologista, um pai de nobre coração. O mar revolto é o desafio da instabilidade, no desafio de ondas para um surfista, ou na montanha para o alpinista, ao contrário da pessoa depressiva, uma pessoa que não está centrada, e não é um inferno a vida de uma pessoa que não tem norte? Como posso ajudar uma pessoa que está sem norte? Como posso empurrar tal “cadeira de rodas”? Nos versos de canção das Spice Girls: “Quero um homem e não um menino presunçoso!”. Aqui remete a um senhor que vi na praia Mole, em Florianópolis, vendendo sanduíches à beiramar, numa vida dura, como qualquer vida, mesmo havendo em Santa Catarina tais santuários de Natureza exuberante, numa ilha um tanto mágica para quem vem de fora, havendo neste homem tal fato: Apresar de eu trabalhar em tal lugar belo, minha vida, ainda assim, é difícil. Aqui é uma luta, e o homem luta com os remos, num emprego de força e esforço, como em disse uma querida médium espírita: “Quando você beija o fundo de poço existencial, você tem que fazer um esforço ENORME para se reerguer”, como no astro Axl Rose, o qual, depois do boom da banda Guns n’ Roses por volta do limiar entre os anos 1980 e 1990, foi um astro que conheceu tal fossa pós sucesso, empreendendo enorme esforço para se reerguer, já tendo várias vezes passado por Porto Alegre para shows da icônica banda – Axl está na estrada; Axl é guerreiro; Axl tem meu respeito, apesar de eu não ser exatamente fã ardoroso da banda em questão. O peixe aqui é a tradição da Sexta Feira Santa, com as feiras de peixes vivos, os mais fresquinhos possíveis, na universalidade de tal iguaria, como no sushi, ou como no monstrinho carismático Gollum de Tolkien, devorando peixes vivos, como num faminto urso pós hibernação, abocanhando salmões que nadam rio acima para reprodução da espécie aquática. Aqui é uma vida dura, como qualquer outra vida, sendo tão ilusória e insuportável a vida de uma pessoa improdutiva, a qual desencarna, vai ao Plano Superior, e lá se dá conta de que a vida continua, e que o labor continua também, num lugar maravilhoso, onde não há desemprego e onde os trabalhos são nobres e interessantes, nunca meros trabalhos subservientes – o Céu está longe de ser um encantado lugar com anjinhos dourados tocando harpas! O homem aqui é solitário, num quadro de solidão degradante, de uma pessoa que passa sozinha o próprio aniversário – triste, não? Aqui é ganhar o pão de cada dia, na responsabilidade de colocar comida na mesa e alimentar os filhos, na responsabilidade de um pássaro em nutrir os filhotes no ninho, num ato de dedicação e zelo, como na logomarca da marca Nestlé, num ninho provido por um pai pássaro zeloso. Bem ao fundo, de forma muito distante, vemos um barco, mas aqui a concorrência é nula, num homem que se dá conta de que o Mundo é uma esfera competitiva, sendo necessário que a pessoa tenha agressividade para encarar tal âmbito concorrido, num artista que percebe que não é o único artista do Mundo, no modo como as competições esportivas atraem tantas multidões ardorosas, num entretenimento para as massas, em esquemas de patrocínio nacional pela televisão, com tanto dinheiro correndo solto em tal propaganda, em marketings ardilosos como no Hard Rock Café de Gramado, no qual o cliente só pode acessar o restaurante se passar por uma sedutora loja de souvenirs, com bonés, canecas e moletons, numa loja cara, tendo que pagar os elevados aluguéis de uma cidade tão competitiva como Gramado. O homem aqui está tranquilo, pois a lida do dia já rendeu frutos, numa sensação de alívio, na grande piada que é o orgasmo, numa sensação de alívio e de descarrego, pois como Deus pode ter vergonha de algo que Ele mesmo criou? Aqui é uma sisuda Quarta Feira de Cinzas, no momento em que a alegria colorida carnavalesca retorna à vida laboriosa, nas palavras de Jô Soares ao chamar o convidado para a entrevista: “Vamos trabalhar!”.

 


Acima, As três pescadoras. Aqui é um quadro um tanto feminista, pois as mulheres reunidas não estão submetidas a um poder patriarcal, no qual a mulher é Eva, um arremedo de Adão, sendo este a obraoprima de Deus, fazendo de Eva tal arremedo, na Eva que trouxe todas as desgraças ao Mundo – que machismo, Jesus do Céu! O vento da orla é um tanto frio, numa pessoa que viveu tal doce Verão à beiramar, vendo o Verão dar lugar ao frio, numa praia erma, deprimente, desolada, fria, cinzenta, na vida que se revela em toda a sua seriedade. O terreno é inóspito, em rochedos inférteis e áridos, como nos campos infernais do Umbral, que são como uma cidade fantasma, sem uma viva alma para nos fazer companhia, no plano infeliz que abriga os que zombam da necessidade de aquisição de apuro moral, pois a verdade é eterna; a mentira, não, na frase emblemática de minha mãezinha: “A mentira tem pernas curtas!”. As moças estão conversando, e vestem-se da mesma forma, nas identificações grupais, num grupo no qual, por afinidade, as pessoas se vestem mais ou menos da mesma forma. O vento corta inclementemente, como num inclemente sol de Verão, num apartamento frente oeste, sofrendo com os calores da estação, numa pessoa sábia, que avalia a posição solar antes de adquirir um imóvel, na ironia de nosso planeta: No Hemisfério Sul, o melhor é frente norte; no Hemisfério Norte, o oposto, na grande piada que é o Mundo redondo, como na abertura do seriado Third rock from the Sun, com astros espaciais dançando ao sabor de uma canção alegre e contagiante, no poder da irreverência, no senso de humor tão humano, como nas comédias teatrais universais. Aqui é um tanto miserável, pois os cestos das moças estão vazios, num dia duro, sem muitos frutos, como um humilde vendedor de flores na Rua, havendo dias em que tal vendedor nada ganha de dinheiro, num espírito que decidiu encarnar num contexto social duríssimo para, assim, em meio a tais vicissitudes, crescer e evoluir como espírito, fazendo de tal crescimento o sentido de qualquer encarnação – a Vida vai fazendo de nós pessoas melhores e mais depuradas. Os lenços nas cabeças são tal proteção, numa dona de casa, a qual amarra um lenço sobre a cabeça e encarar mais um dia de duras atividades do lar, “matando-se” para manter uma casa limpa e organizada, talvez desiludida com um marido grossão e pouco romântico, no modo como a magia da Lua de Mel pode se dissipar, no modo como, para se manter um casamento sólido por décadas, é necessário que eu, todos os dias, dê uma reconquistada na pessoa casada comigo, como eu já disse a uma grande amiga psicóloga: “Os relacionamentos amorosos são difíceis, não importando se são heterossexuais ou homossexuais”. Os barcos ao fundo são outra história, outra vida, na universalidade da divisão de tarefas entre homem e mulher, na conveniência do casamento: Nós nos unimos e cada um faz uma parte do trabalho, como num imigrante italiano na Serra Gaúcha, vendo no casamento uma necessidade e não propriamente um ato de exclusivo amor, numa pessoa séria, pés no chão, centrada, evocando aqui, novamente, a necessidade de se levar uma vida centrada. Aqui é esta paixão de Winslow Homer pelos espaços abertos, ao ar livre, querendo fazer com que sintamos tal brisa de cheiro de mar, na Mãe Primordial que trouxe Vida à Terra, fazendo da Terra uma esfera tão única em sua biodiversidade, causando “inveja” a todos os outros planetas de nosso sistema solar. Aqui é uma pausa para um colóquio, como um colono papeando com seu vizinho, na construção de relacionamentos sociais, num colono o qual, de tão laborioso, odiava o dia de Domingo, sendo proibido de trabalhar pelo padre católico local. Aqui é o fato de que nem tudo são flores douradas de perfeição, na metáfora da bela rosa com seus espinhos, na canção Autumn in New York, regravada pela mestre Diana Krall: “O outono em Nova York é frequentemente mesclado com dor!”. Aqui são tempos de “vacas magras”, na dependência humana por água, em estiagens que dizimam plantações inteiras.

 


Acima, Crianças de Winslow Homer sob uma palmeira. Aqui são como as crianças que viram as aparições da Virgem Maria, em revelações de segredos de interesse da Humanidade. Aqui é a época da Vida em que a criança é pura em suas amizades, em uma criança que não vê interesse, mas puro carinho e amizade. O vaso ao fundo é a exuberância natural, em luxuriantes paisagens, na irresistível mescla carioca entre urbe e natureza, na cidade mais linda do Mundo, no fascínio que os trópicos exercem sobre países de clima mais frio, no modo como podem ser deprimente os longos invernos ao Norte do Mundo, num escandinavo que sonha com um dia de Sol, no modo como em Londres os dias de intenso Sol são tão raros, fazendo com que o londrino tenha uma pele pálida, que pouco Sol recebe durante o ano. As crianças vestem roupas exóticas, no exemplo do fascínio que a Índia exerce sobre o europeu, nas rotas mercantis de especiarias, na magia de um tempero tão incrível como cravo ou canela, na magia culinária dos grandes chefs de cozinha com seus programas televisivos, no modo como tanto me sinto entretido em ver alguém cozinhar, nas palavras de um famoso chef gaúcho: “A Gastronomia é uma arte feita paras ser destruída!”, fazendo da Culinária tal prova da universalidade humana, no exemplo do cuzcuz, que conquistou os EUA. As plantas são a Vida, talvez em um escritório deprimente, sem vida, no qual só há labor, no modo como eu próprio já tive uma fase workaholic, na qual eu só trabalhava e não vivia, e isso não é saudável! A menina tem um diferencial, com um véu sobre a cabeça, no modo humano de diferenciar homens de mulheres, como num templo em que cada gênero fica de um lado do conjunto de bancos. É na polêmica frase de uma certa senhora: “Menino tem que usar azul e menina tem que usar rosa!”, numa declaração que muita reação causou, como no movimento Rainhas usam azul, mostrando monarcas e consortes com vestidos da cor azul. A menina está principal, ao centro, como numa foto de Tina Turner cercadas de homens cantores, com a diva negra sentada ao centro, enquanto os senhores ficavam de pé. A moça, com sua roupa, lembra a tradicional fantasia carnavalesca de cigana, fazendo do povo cigano um povo tão marginal e mal quisto, fazendo dos ciganos que, além de paupérrimos, sofrem um grande estigma e preconceito, pois nossas mães não nos assustavam quando éramos crianças dizendo que, se não nos comportássemos, seríamos levados pela cigana? Aqui é uma ocasião especial, com roupas especiais, em momento em que saímos um pouco do cotidiano e celebramos a Vida, no momento de baile, no qual nos esforçamos para estarmos com a melhor aparência possível, como num filme com um ator interpretando o mestre jazzista Cole Porter, com CP em frente a um espelho, de smoking e cabelo impecavelmente arrumado, dizendo para si mesmo: “Como eu gostaria de ser assim para sempre!”. É o momento em que ao físico encontra o metafísico, na Estrela da Manhã triunfante sobre as sombras, trazendo o Lar Primordial ao qual todos retornaremos, o lugar onde tudo tem beleza e sentido, numa sensação enorme de saúde e bem estar. Aqui é um momento plácido, com crianças comportadas, entretidas, ao contrário de uma criança chorando e comportando-se mal, testando ao máximo a paciência de seus próprios pais, na máxima popular: “Ser mãe é padecer no paraíso!”. Aos pés da menina vemos uma pluma luxuriante, num pavão cortejando a fêmea, na magia do cio primaveril, quando a Vida renasce e a libido invade os hormônios de adolescentes, remetendo a um professor que tive no Ensino Médio, quando o mestre, irritado com a inquietação dos adolescentes, expulsou todos estes da sala de aula! A pluma é essa suavidade, sedutora e romântica como lençóis de cetim, numa pessoa infeliz, que leva vida dupla, estando eternamente “em cima de um muro”, fazendo com que eu queira lhe dizer: “Qual é o problema com você? Você não consegue ser digno, uno e íntegro?”.

 


Acima, Floração dos pêssegos. A magia da floração, como na floração dos vinhedos, dando origem ao cacho de uva, na magia das vindimas, como em Decameron, a comédia do sexo, na libido da vida veranil, gerando o filme homônimo, com freiras transando com um mesmo homem, com uma das freiras, já tendo transado, dizendo para a freira que estava para transar: “É como o Céu, irmã!”. A menina aqui é chic, e não uma humilde e esfarrapada camponesa com trabalhos duros na lavoura, na beleza de uma mulher bem arrumada, aprumada, com autoestima, só saindo de casa se estiver impecavelmente arrumada, como uma professora que tive no Ensino Médio, a qual, de manhã bem cedo, estava impecavelmente arrumada e maquiada, numa mulher bem feminina e sensível, no fascínio de um perfume doce no ar. Podemos sentir o perfume do pêssego, na grande invenção de Tao que foram as frutas, em sabores tão diversos e exóticos, na manga indiana que ganhou o Brasil, em perfumes como o de melão ou laranja, no uso frequente de cascas de limão e laranja em receitas, no frescor cítrico como um drink geladinho no Verão. A moça aqui parece estar esperando algo, no caminho da esperança, numa pessoa que, num fundo de poço existencial, diz a si mesma: “Calma! Você vai dar a volta por cima!”. As flores são tal magia, como nas exuberantes sakuras japonesas, identificando as mulheres com a beleza da Natureza, como moças havaianas enfeitadas com flores no cabelo, como na personagem Rosinha, de Tolkien, dançando com flores no cabelo, deixando apaixonado o jardineiro Sam; como numa moça fotografada no evento Woodstock, com esta tendo flores enfeitando o cabelo, no modo como a feminilidade está em coisas simples, e não em joias milionárias, na revolução das bijus de Chanel – o que importa é o efeito da peça, e não o preço desta. O muro aqui é tal limiar, numa moça indecisa se aceita ou não um pedido de casamento, como numa mulher belíssima que conheço, a qual, já quarentona, nunca casou, talvez eternamente esperando por um príncipe encantado, guardando-se indefinidamente para o homem perfeito, no modo incrível como uma mulher tão bela possa estar sem homens aos seus pés! A bolsa aqui é tal garbo, na bolsa mágica do personagem Tinky Winky, na febre do televisivo infantil Teletubbies, numa bolsa mágica, como no personagem Gorpo, do universo de He-Man, fazendo mágicas que nem sempre dão certo, num toque de irreverência em torno da guerra universal Bem versus Mal. O fino vestido farfalha ao vento fresco de meia estação, esta época agradável do ano, quando não temos que nos agasalhar intensamente e, ainda assim, não suamos excessivamente, em torno de temperaturas tão clementes, sem o tórrido Vênus e o gélido Marte, os “irmãos” que cercam a Terra, estando nosso planetinha na distância ideal do Sol, numa biodiversidade tão única. A moça olha para o lado, talvez esperando por um rapaz num encontro, no momento em que a menina começa a entrar na adolescência, desinteressando-se pelas bonecas e pelos ingênuos contos de fadas, numa mulher madura, que não acredita em príncipes perfeitos e indefectíveis. O sapato novo e belo da moça denota dinheiro, posição social, no modo tradicional de um vendedor de loja, o qual olha para os nossos sapatos para avaliar se somos pessoas de bom poder aquisitivo, na crueldade capitalista na qual um pobre é um pedaço de merda, como o perdão do termo chulo, em cidades como Nova York, a qual pulsa duas coisas: Arte e dinheiro. A flor é tal milagre da Vida, como na Rosa Mística de Maria, em tal feminilidade, tal sensibilidade, como na flor da rosa, a qual é plantada junto ao vinhedo para que, na sensibilidade da flor, pragas sejam detectadas e devidamente combatidas com recurso de agrotóxicos. É como na abertura do filmão A Época da Inocência, com flores desabrochando e amantes se apaixonando, na libido de borboletas ensandecidas polinizando, havendo no desabrochar uma revelação, como numa estrela sendo revelado ao redor do Mundo, numa Lady Gaga tão talentosa e transgressora.

 


Acima, Nordeste. As talentosas pinceladas de WH, dando movimento, ação. É a indiferença das ondas, as quais quebram queiramos ou não, quebrando no Verão e no Inverno, com ou sem turistas na orla. Aqui é um cenário de desolação, talvez num Winslow fazendo a catarse de um sentimento de abandono e carência, num estilo de vida tão solitário, carente, numa pessoa inativa, que está se escondendo da Vida, topando dormir numa calçada fria, suja, úmida e dura, expondo-se à violência urbana, tal o desejo de um mendigo em querer fugir da séria Vida. Podemos ouvir aqui o som do mar requebrando, nas curvas sedutoras do calçadão beiramar carioca, ao som de Garota de Ipanema, serpenteando como uma talentosa top model, no modo como, já ouvi dizer, o Mundo da Moda é frívolo e superficial – sei lá. Aqui é algo extremamente ermo, numa solidão infernal, como me disse meu tio, que viajou à orla no Inverno: “É deprimente”, disse ele. Aqui remete a um professor meu da faculdade, o qual contou que, quando gurizote, bateu o martelo e decidiu que queria ser ratão de praia em Florianópolis. Então, ele acabou o Ensino Médio e foi de mala e cuia para a mágica ilha de Floripa, encontrando extremo prazer em tal estilo de vida “pé na areia”, na vida em que tal gurizote pedira a Deus. Porém, há uma canção do A-Ha chamada Summer moved on, ou seja, O Verão se foi, e foi isso que aconteceu: os dias foram ficando mais cinzentos, frios e chuvosos, cada vez menos veranistas passeando na beiramar, cada vez menos surfistas pegando ondas e, um a um, os bares da orla começaram a fechar. Então, este meu professor se viu numa praia fantasma, sozinho, enquanto todas as outras pessoas reiniciaram suas atividades sisudas, fechando definitivamente o veraneio, na canção célebre: “São as águas de março fechando o Verão, e a promessa de Vida no teu coração!”. Ou seja, não dá para fugir da Vida. Este meu professor, ao ver tal situação de desolação, “colocou o rabo entre as pernas”, voltou para casa, tratou de encarar a Vida e ingressar em algum curso universitário, pois lençóis de cetim são muito românticos, mas o que acontece quando você não está na cama? Aqui os rochedos duros vão sendo, aos poucos, desgastados pela mole água, no ditado popular: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!”. É a questão da persistência, numa pessoa que, ao ter certo talento, tem que persistir se quiser obter o respeito do Mundo, pois como posso ajudar e auxiliar uma pessoa que não está centrada? Aqui sentimos o olor do Mar, a Mãe Primordial que trouxe a Vida à Terra, a Mãe Iemanjá que abençoa as redes de pescadores, no ato sincrético de associar tal divindade pagã à Nossa Senhora de Navegantes, fazendo da religião algo tão universal, no modo como discordo de Marx – temos que respeitar as religiões, pois a URSS ateia não “caiu de podre”? É nas palavras de Osho: “O rebelde, antes de tudo, tem que respeitar a tradição!”. Aqui nos convida a um momento de contemplação da Natureza, a Mãe Terra que veste roupas majestosas nos campos e florestas, num Ser Humano mundano, obcecado por joias mundanas, as quais nada significam metafisicamente: Matéria é nada; pensamento, tudo. E a riqueza da passagem de Jesus pela Terra não reside nos pensamentos que o Salvador propagou? Não é o pensamento a força que marca a passagem de qualquer pessoa pela Terra? Tudo que temos que mostrar ao Mundo é nosso próprio talento – só puxar ferro e ter músculos não é talento, sinto em dizer. Aqui é tal processo intermitente, nos modos da Natureza em se desenvolver, em mecanismos ainda tão misteriosos, pois, nas entranhas da Terra, a água salgada do Mar vira água doce em rios, numa esfera autossustentável, perfeita, impecável, no modo como temos que dar ouvidos aos ecologistas: Temos que cuidar da Terra, pois esta é nosso único lar, no modo como o espaço, fora da Terra, é absolutamente hostil ao Ser Humano, como diz no início do filme tecnicamente impecável Gravidade, nessa competência hollywoodiana em produzir tais efeitos, deixando o Mundo perplexo.

 


Acima, O fluxo do golfo. Aqui temos um grande perigo, pois o indefeso bote está cercado de tubarões famintos e agressivos, remetendo a um take sutil no filmão O Advogado do Diabo, numa tapeçaria que mostra lobos furiosos caçando uns aos outros, nas palavras irônicas de um certo professor que tive, o qual dizia que, na prática, o lema do Mundo é: “Devorai-vos uns aos outros!”, num Mundo que tão contra vai às palavras de Amor de Jesus. É num Mundo competitivo, o qual exige que o indivíduo adquira agressividade para se destacar em tal cenário competitivo, como de disse um certo psiquiatra, um homem que aprendi a respeitar, um homem duro, porém competente. O negro aqui é um náufrago, talvez o último sobrevivente. O mastro quebrado é tal desolação, numa situação difícil de ser contornada, talvez sendo só questão de tempo até o homem virar almoço de tubarão. O homem se dá conta de tal situação, e as ondulações são extremamente perigosas, num frágil barco que ameaça virar a qualquer momento, num destino que está selado, como no destino genético, o qual está selado a partir do momento em que o óvulo se junta ao espermatozoide – relaxe e curta a viagem, pois você nasceu assim, meu irmão, mas palavras da canção de Lady Gaga, a prova de que os novos talentos sempre afloram, no novo que sempre vem. Aqui é no filme blockbuster Tubarão, num Ser Humano vulnerável aos poderes da Natureza, num Homo sapiens que se tornou a espécie dominante no planeta, com a incumbência de controlar as forças naturais, no processo de domesticação, no qual o lobo deu lugar ao cachorro; a pantera, ao manso gato de lar. Entre esses tubarões há uma grande competição, como numa final de Copa do Mundo, atraindo a atenção de praticamente todos os cidadãos do Brasil, nesses grandes espetáculos públicos como os gladiadores no Coliseu, no sonho em se tornar tal astro, tal pessoa excepcional, no sonho de uma menininha em ser Rainha da Festa da Uva, em sonhos de infância frente à dureza do Mundo, este terreno em que boa parte de nossos sonhos não se concretizam – é assim mesmo. O rapaz negro é a questão da escravização, na semelhança dos EUA e o Brasil, países americanos que lançaram mão da brutal forma de exploração do trabalho humano, tratando seres humanos como se estes fossem cachorros num canil, na ironia da feijoada, um prato que hoje, servido como deliciosa iguaria, surgiu dos restos de carne e feijão nas senzalas, ou no modo como o fondue, hoje chic, nasceu de camponeses pobres europeus, nas reviravoltas do Mundo. O rapaz nada mais tem a fazer, e sabe que sua morte é questão de curto tempo, num momento em que a pessoa reza, desesperada, como num infeliz condenado a ser queimado vivo numa fogueira, no início violento e arrebatador do filme Elizabeth, num Europa Contra Reforma, na capacidade humana em se desentender, dizendo agir em nome de Jesus mas fazendo coisas que Ele jamais faria, como Caim matando Abel – as guerras são isso. Mas espere! Há um sinalzinho de esperança! Muito ao fundo no quadro, de forma apagada e quase imperceptível, há um navio, numa esperança, como no filme Lagoa Azul, na moça que, no fundo, não quer sair da ilha deserta, com o moço desesperado para sair de tal ilha, nos desentendimentos de casais, num homem que acha que as mulheres são loucas. Mas este socorro é remoto, pois o barquinho à deriva fica muito longe da nau gigante, e tudo o que resta ao rapaz negro é rezar, rezar muito, no costume de se rezar antes de pegar a estrada, pedindo a proteção de Nossa Senhora da Boa Viagem, na imagem desta na rodoviária de Caxias do Sul. O rapaz, de rosto amargo, parece não notar o navio ao fundo. É como no abandono do personagem de Leonardo DiCaprio no filme contundente O Regresso, um homem que fomenta o desejo de vingança para com o que lhe abandonou covardemente, num Leo que, geralmente, faz escolhas muito boas em matéria de projetos, pois a Vida é feita de escolhas. Aqui é um quadro amargo, num filme anticatártico, o qual não faz com que saiamos de alto astral da sala de Cinema.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

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