quarta-feira, 15 de março de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 1 de 8)

 

 

Falo pela primeira vez sobre o artista americano Winslow Homer (1836 – 1910), um dos mais importantes pintores dos EUA, filho de mãe aquarelista, de quem sofreu influência decisiva. WH pintou cenas da Guerra Civil Americana e cenas litorâneas, sendo uma pessoa reservada, não dada a badalações ou exposições midiáticas, tendo vivido na Inglaterra e em Paris. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A visita da velha senhora. Aqui temos um choque entre classes sociais, na mulher rica na casa de mulheres pobres, do povo, as quais levam uma vida duríssima, no termo “comer o pão que o Diabo amassou”. São os abismos sociais, de favelas em frente a prédios suntuosos, como no Brasil, um país tão desigual e contrastante. A senhora são os valores tradicionais, como na personagem de Maggie Smith em Dowton Abbey, numa senhora incômoda com avanços culturais, cultuando fervorosamente as tradições britânicas, dizendo a uma americana no seriado: “Vocês americanos não sabem o valor da tradição!”. Aqui é um quadro sombrio, fechado, escuro, no negror da culpa católica em relação ao qual é natural no Ser Humano, que é o sexo, nas decepcionantes palavras de Papa Francisco: “Homossexualidade não é crime, mas é pecado”, remetendo-me a uma grande amiga psicóloga, a qual rechaça amplamente os valores conservadores papais, como nas famílias finas de realeza, nas quais homossexualidade é absolutamente impensável, como num certo príncipe, o qual se viu obrigado a desposar uma pessoa do sexo oposto – é muita obtusidade. As senhoras aqui, negras, são a complicada questão racial nos EUA, no qual não há a miscigenação que existe na sociedade brasileira. É como na Bahia, um lugar em que preto tem que sempre trabalhar para branco, remetendo ao recente passado escravocrata, nos terríveis acessórios de tortura e maus tratos escravocratas expostos no suntuoso museu paulista, o Museu do Ipiranga, um local que é uma pérola paulistana, ao lado do imponente MASP, na riqueza do estado de São Paulo. Os lenços nas cabeças são esta devoção ao trabalho, à dura vida de mulher negra, na questão racial da modelo negra Naomi Campbell barrada na entrada da primeira classe de um voo internacional, com a modelo, furiosa, cuspindo na cada da aeromoça racista, num episódio que acabou condenando legalmente Naomi, no avanço que foi a presidência de Obama, numa família negra vivendo na Casa Branca, na grande e longa caminhada da Humanidade para eliminar qualquer traço racista social. Aqui remete à grande telenovela brasileira Sinhá Moça, na cruel senzala, em seres humanos sendo tratados como burros de carga, animais, subseres humano, nesta eterna inclinação humana para com a crueldade, como terrível caso recente de trabalho escravo nos majestosos vinhedos de Bento Gonçalves, RS, numa vergonhosa mácula antimarketing ao setor na Serra Gaúcha, pois nunca canso de dizer: Nada mais humano do que ser desumano, no eterno egoísmo humano denunciado por Tao, o livro que mudou minha vida (para melhor). Aqui é como no filmão antigo Os Dez Mandamentos, numa luxuosa e suntuosa princesa egípcia visitando plebeus pobres numa casa modesta, como uma pessoa que conheço, a qual faz questão de se sentar para comer com a respectiva empregada sentada à mesa, numa tentativa de neutralização dos estigmas raciais brasileiros, pois as classes sociais são ilusões, pois somos todos filhos do mesmo Útero Metafísico, filhos do mesmo Pai, na nobre intenção da urna eleitoral democrática, à frente da qual somos todos iguais, fazendo a força do paradigma democrático – existe forma de governo mais legítima do que a Democracia? Aqui temos a inocência de uma criancinha pobre, num espírito que decidiu reencarnar num contexto social paupérrimo, para que, assim, evolua como espírito e passe pelas necessárias mortificações existenciais, num espírito que passa a ter os pés no chão, não mais se levando pelos tolos sinais auspiciosos, num processo de crescimento e depuração, até chegar ao ponto da pessoa em não mais “acreditar em Papai Noel”.

 


Acima, Artistas esboçando nas montanhas brancas. Aqui temos essa paixão de Winslow Homer por cenas litorâneas, na indagação de um professor que tive na faculdade de PP na UCS: “Porque será que praia é uma coisa tão boa?”. Talvez porque a praia nos dê uma sensação deliciosa de liberdade, e aqui o artista nos traz para tal cena, entrando em nossa mente, fazendo com que possamos sentir a brisa do olor do mar, em um ar tão puro, tão longe do cheiro de óleo diesel de Manhattan. Aqui é um aprendizado, em artistas estudando para que se tornem grandes artistas, com artistas como Pedro Américo, contando com mecenas ricos que banquem estudos na Europa. Aqui temos a ironia de metalinguagem, pois é pintor falando de pintor; pintor retratando pintor. Os guardassóis são a proteção e o resguardo, numa pessoa que encontra um escudo, uma defesa no carinho de outra pessoa, na indescritível entrega existencial nos braços de outrem, numa entrega, num grau de intimidade, até chegar ao ponto de duas pessoas poderem se comunicar por telepatia, sem precisar proferir uma só palavra, como no menininho sensível de O Iluminado, pressentindo o surto psicótico do próprio pai, num filme tão interessante para quem é psicoterapeuta, num terror psicológico, sem banhos de sangue gratuitos como no Jason da franquia Sexta-Feira Treze. Vemos ao fundo pássaros da costa, livres, leves, soltos, numa sensação de liberdade e alívio após um vômito catártico, numa pessoa colocando para fora algo que não esteja lhe fazendo bem, numa sensação de libertação. Os pintores aqui são a calma e a dedicação, num artista disciplinado, dedicando horas de seu dia ao labor, num artista tão prolífico como Homer, no desafio de um artista em colocar o próprio talento para o Mundo, em nomes tão grandiosos como Andy Warhol, construindo um estilo atemporal, indestrutível e característico, no grande desafio que é em um artista provar ao Mundo que tem valor, pertinência e majestade, no modo como, todos os dias no Mundo, tantos e tantos sonhos são despedaçados, como um ator que conheci, o qual, frustrado, abandonou a carreira artística para se tornar advogado – o bonitão ficou frustradão, na prova de que beleza e talento são coisas diferentes, na máxima popular: “Beleza não põe à mesa”. Aqui é uma tarde vagarosa e quieta, mansa, num lugar longe das loucuras de uma urbe movimentada, num momento de contemplação à Natureza, na ambição de sondas especiais, varrendo as paisagens marcianas, nessa sede humana por conhecimento, num galgar incessante de avanços tecnológicos, remetendo à época em que não se imaginava forma mais insuperável de tecnologia como a mídia CD, trazendo a era do Download – o que virá depois desta? O chão de terra é a simplicidade, numa mesa farta, com uma grande travessa de comida ao centro, num sol iluminando seus filhos planetas, na capacidade de distribuição de Tao, o qual está sempre produzindo e imaginando, na ironia de que, depois do desencarne e do retorno ao Plano Superior, permanece, incólume, a necessidade de se trabalhar e ter algo de bom e produtivo para fazer, na construção da Grande Carreira Espiritual, na qual qualquer trabalho conta, até o espírito chegar ao ponto de perfeição de arcanjo, os espíritos que gozam da suprema felicidade, deparando-se com o poder inacreditável da Eternidade, a prova do poder de Tao, o infinito. Aqui é o modo como uma tarde preguiçosa pode se tornar uma tarde produtiva, numa pessoa a qual, sendo preguiçosa, tem uma atitude limpa e minimalista, só tomando ação quando necessário, na força da simplicidade, como na onda de Arte Moderna Brasileira, tradição secular hoje, em quadros de uma simplicidade de candura infantil, em um gesto de rompimento com tradições até então imutáveis, como na época em que não se via tecnologia mais avançada do que as fitas de videocassete. O chão aqui é terroso, simples, como nas estradas de chão de terra em regiões rurais, na liberdade dos campos, das florestas, no cheiro de bosta de gado ao ar livre, algo sedutor e inusitado para pessoas que nasceram e cresceram na cidade, na selva de pedra. Aqui é a calma produtiva, sem pressas, num galgar lento e incessante, numa pessoa que, de passo a passo, vai conquistando o seu espaço.

 


Acima, Atravessando o pasto. Aqui é o senso de responsabilidade, como numa personagem do filme Sex and the City: “Eu sou a mais velha de vários irmãos. Acredite em mim, eu posso dar conta de qualquer coisa!”. É talvez numa pessoa que passou a encarnação passada muito ao léu, ao sabor do vento, sem responsabilidades, como um morador de Rua, o qual refrata tudo o que a vida em sociedade tem a oferecer. Aqui é esta paixão de Homer pelo campo, pelo ar livre, na frase taoista: “Os campos e florestas vestem roupas majestosas”. A lata é talvez leite; é a nutrição, numa lembrança de infância que tenho, num dia em que, num sítio, tomei o leite quentinho direto da teta da vaca, nessa característica mamífera, com variedades comestíveis como queijo de búfala e de cabra, na perfeição da obra divina, no modo como o leite materno protege a cria ou o bebê de doenças, no ato de amor de uma ama de leite negra, nutrindo os filhos da senhoria, como tomar na veia uma transfusão de sangue de um doador caridoso, como uma pessoa que conheço, a qual doa sangue periodicamente, num ato de devoção e dedicação de uma Madre Teresa, dedicando uma encarnação a serviço do Mundo, talvez numa pessoa que foi muito egocêntrica e egoísta numa vida anterior, querendo reparar tais erros e correr em busca do tempo perdido, pois crescimento é o sentido da Vida. O menino, de pés descalços, é a simplicidade, como nos pés nus da Galadriel de Tolkien, no conforto de casa, a muvuca, como dizem os cariocas, o lugar em que estamos à vontade, nus ou seminus, no sentimento de lar e de pertencimento, pertencendo ao Plano Superior, no qual matéria é nada e pensamento é tudo, fazendo de caras joias uma ilusão, a ilusão de que a Matéria é infinita, como na cena da colher retorcida em Matrix: “Não existe colher!”, e tudo de material está fadado à danação, mesmo preciosas joias de realeza, na contradição das famílias de realeza: Por um lado, tão finas, belas e oníricas; por outro, uma obtuosidade, na qual mulher é fêmea e homem é varão, sendo heresia tudo o que escapar disto, numa pessoa que está deixando que o Mundo diga como tal pessoa deve viver, sendo muito importante mostrar o dedo do meio ao Mundo – que vida é esta na qual sou um prisioneiro do Mundo, ora bolas? O gravetinho frágil é a vida lutando para prosperar, na luta por um lugar ao Sol, fazendo da Natureza tal âmbito competitivo, em machos disputando uma fêmea, na inevitável competitividade humana, a qual já começa cedo, da Pré Escola, havendo os queridinhos dos professores, os alunos estudiosos, que enchem de orgulho e sentido a vida docente, no modo como por um breve tempo eu fui professor – é um sentimento de realização, como uma colega que tive, a qual só tirava notas excelentes, as melhores da turma. O campo aqui é salpicado de flores silvestres, as quais não tiveram que ser plantadas por mãos humanas, nesses presentes primaveris, na Primavera majestosa de Botticelli, no sopro de frescor, beleza e renovação da Renascença, numa Europa se abrindo para o novo, para a inovação, em deliciosas transgressões como o Impressionismo, expostos numa Nova York que tanto venera a cultura europeia, no modo como a Academia de Hollywood adora filmes sobre tradições britânicas, na contramão de Partis, a qual, ouvi dizer, é provinciana, ou seja, o Ser Humano é provinciano, no fato de que a Vida é dura e difícil em qualquer lugar. Ao fundo vemos uma mureta, que são os limites estabelecidos, como num colono italiano na Serra Gaúcha, ganhando seu demarcado lote arrendado, no sucesso de tal reforma agrária. Aqui, o irmão mais velho vislumbra o horizonte, enquanto que, ao mais jovem, cabe acreditar no mais velho, numa questão de hierarquia, como numa certa mãe psicóloga, a qual cria com rígidas regras os próprios filhos, dando à criança uma sensação de invólucro, proteção e lar, numa criança que, no fundo, gosta de receber limites. Aqui remete às paisagens musicais de A Noviça Rebelde, num ícone tão poderoso como Julie Andrews.

 


Acima, Brisa. Aqui é o prazer dos desafios, num surfista excitado com um mar revolto, repleto de ondas indomáveis e avassaladoras, ao contrário da pessoa deprimida, que é como um alpinista prostrado perante a montanha, numa pessoa “de pau mole”, por assim dizer, com o perdão do termo chulo. Aqui remete ao romance Moby Dick, num ponto em que o leitor se sente ondulando dentro do barco pesqueiro, no continuum de fluxo, nos altos e baixos da Vida, no modo como ninguém está por cima o tempo todo, fazendo do sucesso tal amante infiel. Aqui são as desafiadoras forças da Natureza, no prazer da caça, atirando em aves no céu, na luta pela Vida e pelo pão nosso de cada dia, no erro de se pensar que em determinado lugar minha vida será fácil, como numa pessoa cagona, com o perdão do termo chulo, uma pessoa que foge da Vida, querendo se mudar de cidade sem uma razão concreta e forte, numa pessoa que infelizmente foge de si mesma, escondendo-se do Mundo – na próxima encarnação, não perca tanto tempo! Aqui sentimos tal brisa do Mar, na sensação de libertação à beiramar, em gaivotas livres, leves e soltas, numa sensação de orgasmo e descarrego, fazendo do Sexo tal piada, como num momento de clímax de um filme, num grand finale, numa revelação suma, a de que somos todos irmãos, numa relação indestrutível de igualdade, no paradigma democrático, ao contrário do Antigo Egito, no qual o rei não era considerado um homem comum, mas um deus em carne e osso, quando que, nos dias de hoje, não cremos em tal divindade, ao contrário da barbárie cruel de sepultar um faraó com seus servos vivos, neste talento humano em igual ferir igual, e isso não é Tao! Ao fundo vemos outro barco, numa competitividade, como em mares cheios de piratas ladrões, espalhando terror pelos mares, como na exploração das terras virgens americanas, terras selvagens de ninguém, cheias de indígenas que ainda não atingiam o nível europeu de civilização racional, ao contrário de tribos indígenas servindo divindades com o sangue de seres humanos sacrificados, ou, pior ainda, canibalismo, num Ser Humano que tanto ainda tem a crescer e depurar-se, em doutrinas amorosas como o Espiritismo, na igualdade entre irmãos, em mensagens de amor fraternal como Chico Xavier, crendo numa dimensão superior onde o Amor se revela entre irmãos, num Xavier que fez com que um brasileiro se tornasse o maior médium de todos os tempos, em todo o Mundo, num Brasil que tanto ainda tem por vir em sua história, fazendo do Amor esta “cola” que mantém uma família unida, como em planetas orbitando o mesmo sol. Aqui é um trabalho em equipe, como num processo de criação publicitária, num sharing, ou seja, num compartilhamento de criação, ao contrário de um gênio renascentista, o qual odiava sofrer influências externas. Aqui as responsabilidades são compartilhadas, e cada ator tem seu papel nesta firma, com cada setor com uma função, na metáfora de Matrix: Programas sem função são deletados, no termo “razão social”, ou seja, a razão de um negócio existir para servir a Sociedade de algum modo, no processo de identidade de um Patinho Feio, o qual se descobriu algo que sempre fora, um cisne, num caminho de autoencontro e autocognição, na luta de uma pessoa em se encontrar na Vida. Aqui é um trabalho que demanda muita força e virilidade, na mão forte de um colono italiano, cheio de calos, fecundando a terra e trazendo os frutos de tal árduo trabalho, num colono que enche de orgulho os seus descendentes, como no casarão de pedra de meu tataravô num distrito de Flores da Cunha, RS, o Casarão dos Veronese. Aqui não é um doce feminino passeio por águas plácidas, mas um momento de esporte, de glamour zero, sem espaços para a feminilidade agradável e perfumada de uma boneca Barbie, um brinquedo absolutamente desprovido de Yang, de agressividade. Aqui é o prazer do Esporte, em atletas entrando em campo e quadra para que mostrem seus próprios talentos, no modo como tudo o que temos que mostrar ao Mundo é nosso próprio talento – não existe mérito em só ter músculos e deixar de exercitar o “músculo” principal, que é o cérebro.

 


Acima, Prisioneiros do front. Aqui são as tristezas da Guerra, deixando rastros de fome e destruição, num infeliz Vladimir Putin, filho da Putin, um rei que nunca está feliz em seu próprio território, sempre querendo conquistar os lotes vizinhos, num alastramento agressivo do Império Romano, na brutalidade humana, sempre impondo tudo à força, desrespeitando o mandamento: Não cobiçarás a mulher do próximo, como no adultério erótico e transgressor de um certo filme feito na Serra Gaúcha. As espingardas e a espada são tal agressividade, em Caim matando Abel, numa experiência de vida que deixa o rapaz sequelado, brutalizado, traumatizado, num homem que se tornou frio como o Mundo, como no menininho de O Império do Sol, começando a guerra menino e terminando homem, finalmente se reencontrando com a família, no terno e eterno retorno ao lar, como no feto ao fim do filme 2001, no túnel o qual atravessamos após desencarne, na vagina que nos leva ao Imaculado Útero que gerou a todos nós, como no sopro divino de Zeus criando a Mulher Maravilha, com um Deus que nos criou perfeitamente, de forma única, no modo como as pessoas são únicas, inconfundíveis, no incrível poder da Vida Eterna, no sopro que jamais cessará – não é um absurdo sabermos que jamais morreremos? É um poder que até nos deixa tontos, por assim dizer. Os homens aqui são de várias idades, alguns com poucas primaveras; outros com muitas. É como numa estadista agressiva como Elizabeth I, convocando o povo para derrotar a inderrotável Espanha, numa época em que o Vaticano era tudo na Europa, no momento de transgressão protestante, numa rainha inglesa que consolidou tal reforma em seu próprio país, criando a Igreja Anglicana, totalmente desmembrada do Papa em seu trono de poder medieval, como num Davi versus Golias, na ascensão econômica da ditadura chinesa, desafiando de forma global as superpotências, numa China aliada do infeliz regime nortecoreano, como um certo senhor, o qual idolatra o ditador Fidel Castro, no modo como Tao denuncia tais ditaduras, as quais funcionam amedrontando o cidadão comum – é um horror. O cenário aqui é desolado, devastado, miserável, e parece que nada aqui pode prosperar, num cenário infeliz, como na terra negra de Mordor, de Tolkien, sob o domínio do terrível e esmagador Sauron, o Senhor do Escuro e da Destruição, como em aviões destruindo arranhacéus novaiorquinos, nos sociopatas que viram vilões em filmes e livros, em corações podres, nos quais só há espaço para o ódio. Aqui um comandante está dando ordens, exigindo respeito, como nas rígidas hierarquias militares, muito diferentes da hierarquia espiritual, a qual nunca ocorre de forma forçada ou brutal, quando recebemos ordens de um espírito moralmente superior, de forma delicada e pacífica, ao ponto de fazermos questão de obedecer, até o ponto em que o espírito atinge o nível de arcanjo, deixando Tao orgulhoso como um pai na formatura do filho, na coroação de todo um esforço, em inúmeras manhãs acordando cedo para ir è Escola, especialmente em manhãs geladas de Inverno, nas quais queremos, com todo o nosso coração, permanecer debaixo das cobertas, precisando que tenhamos coragem para sair da cama e ir à luta! Os cavalos aqui são a obediência e a fidelidade, num animal que tanto se alia ao Homem, como num cão fiel, no ato de amor de colocar a coleira no bicho para este defecar na calçada na Rua, num ato de atenção, carinho e dedicação, na tristeza de uma pessoa em sacrificar um bicho sofredor o qual não tem chances de sobreviver a determinado mal. Aqui é um breve momento de paz e trégua, talvez num cavalheiresco cessarfogo, nos esforços diplomáticos em nome da Paz, sempre com delicadeza, como um líder que sabe que a travessia de um rio pode trazer perigos, num estadista que respeita o dia a dia pacato do cidadão. Aqui é a indagação de uma canção pouco conhecida, cujo verso é: “Quem é o vencedor na Guerra?”. É como numa queda de braço – quem vence, entra em inferno astral; quem perde, é sábio e adulto.

 


Acima, Ramo longo. A libertadora brisa praiana! As senhoras aqui são o garbo e a elegância, no modo como dá gosto de se ver uma mulher arrumada, perfumada e bem vestida, no ato de autoestima numa pessoa que se apruma antes de sair de casa, como uma pessoa que aprendeu que, na vida pública, a aparência da pessoa é capital, ao ponto do Brasil ter eleito um certo senhor para presidente, um senhor que não tinha um só fio de cabelo fora do lugar, ganhando, assim, a confiança do povo, no modo como “belas violas” podem enganar meio Mundo. O mar aqui é doce e plácido, como no entorno da Vênus de Botticelli, como na praia paradisíaca e deliciosa no fim do filme Contato, numa astronauta que teve uma experiência espiritual, tendo um gostinho rápido da glória metafísica que nos aguarda, no local que é o Éden para gosta de estudar, trabalhar e manter-se produtivo, no título do filme espírita E a vida continua, na vida que se mostra constante em sua seriedade, pois que esperança há fora do trabalho e do talento? É como um Pelé entrando em campo e mostrando seu talento, transcendendo raça e cor, no modo como tudo o que temos que mostrar é nosso próprio talento – ficar malhando e ter corpão não é, por si só, um talento, naquela pessoa que só mostra os músculos porque mais nada tem a mostrar. O pequeno penhasco é o limite, como no fim do filme gaúcho Anahy de las Missiones, com o óbito que nos espera, como fui testemunha dos berros de uma moça que sofreu um acidente de moto na garupa da moto da amiga, estando esta morta no asfalto, com aquela gritando: “Eu vou morrer!”. Os guardachuvas aqui são o resguardo e a proteção, numa época em que não havia filtros solares, e numa época pudica, em que roupas de banho não eram decentes, no garbo das senhoras no filmão A Época da Inocência, nos avanços estilísticos da Humanidade, na coragem chic e transgressora de uma Chanel, um feminista que libertou as mulheres de muitas maneiras, na impiedosa Coco dizendo numa entrevista: “Os jovens de hoje em dia não têm coragem; são uns medrosos”. É como na transgressão estilística de Lady Gaga, trazendo sopros de jovialidade a um sisudo tapete vermelho, na competitividade inevitável do Mundo – as mulheres competem para ver quem temo vestido mais deslumbrante, como no baile da revista Vogue Brasil com plumas e lantejoulas, especialidades femininas, num Fábio Jr. dizendo que cansou de TENTAR entender as mulheres, achando estas loucas, disse o cantor em entrevista. O vento aqui rege a cena, num dia de Verão, em férias escolares, no deleite infantil de só se divertir, no prazer que eu tinha em receber meus amigos em casa, para juntos brincarmos na piscina, no prazer que existe no compartilhamento – de nada adianta eu ter as coisas se não posso compartilhar. As casas de madeira aqui são a simplicidade, na simplicidade de se estar na beira do Mar, num lugar tão anônimo, numa sensação de vazio e liberdade, vazio como Tao – a sensualidade reside, precisamente, no vazio, como num grande vão construído na beiramar da praia gaúcha de Capão da Canoa, um espaço livre para, por exemplo, crianças pedalarem em bicicletas, no talento de um anfitrião em agregar as pessoas, apresentando uns aos outros, no prazer da socialização, em tudo o que a Vida em Sociedade tem a oferecer, ao contrário de um morador de Rua, o qual refrata tal Sociedade, querendo fugir da Vida, no modo como a instituição de caridade de Caxias do Sul orienta que não devemos dar esmolas, as quais só incentivam a pessoa a permanecer em tal situação degradante. O dia aqui é glorioso, ensolarado, como nos raros dias londrinos de Sol, numa capital de cidadãos tão pálidos, carentes de banhos de Sol. A bandeira branca ao fundo é tal paz, em nações vizinhas amigas, como no Mercosul, com tantos argentinos e uruguaios visitando o eixo gaúcho Gramado-Canela. Aqui remete à sensação de liberdade quando nadei nu no mar da praia catarinense da Galheta, sentindo-me um peixe livre, rechaçando esta culpa católica em relação ao prazer, fazendo do pecado da Preguiça um autor de grandes invenções da Humanidade.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

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