quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A América de Andrea (Parte 1 de 3)

 

 

Americana de 1986, do Meio Oeste do país, Andrea Kowch é reconhecida por seu realismo mágico, até usando amigos como modelos. Multipremiada nos EUA e no Mundo. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Em minha mente. O sisudo homem é a dedicação ao labor, num homem sério e centrado, centrado no labor, talvez decepcionando a esposa, a qual tinha expectativas românticas em relação ao marido, o qual deixou que esfriasse o calor na relação, na metáfora de Dona Flor e seus dois maridos: a mulher gosta de duas coisas no mesmo homem: estabilidade e romantismo, havendo no romance de Amado o homem do dinheiro e o homem do sexo, e, entre eles, a Flor satisfeita. A vela apagada é tal esfriamento, fazendo do casamento um frio acordo – nós nos casamos e cada um faz uma parte do trabalho, fazendo do casamento mais uma conveniência do que um romance tórrido. A vela apagada é a fé que murcha, numa pessoa com, dificuldade em ter fé, no modo como, ao entrar num centro espírita, a pessoa tem que ali entrar com fé, pois, do contrário, o ritual do passe espírita não surtirá efeitos, nas palavras do Oráculo ao fim da saga Matrix: “Eu nunca soube, mas que acreditei”. O suspensório do homem é tal flexibilidade, numa pessoa que sabe se adaptar às situações, no caminho sábio do camaleão, sempre sobrevivendo, ficando invisível aos predadores e às presas, na importância da discrição e da humildade, pois quem é humilde não quebra a cara, como numa humilde Fernanda Montenegro, a qual, num momento de evidência profissional ao ser indicada a um Oscar, disse ser uma “fodida”, com o perdão do termo chulo, e discordo da deusa atriz: Naquele momento, ela era tudo, menos uma fodida – o Mundo pertence àqueles que têm os pés no chão, pois o trabalho é a única coisa que pode manter sã a mente da pessoa. A cintura do homem é delgada, num condicionamento atlético, como num juiz de Futebol, tendo que estar muito bem condicionado para correr durante mais de noventa minutos. O homem aqui é discreto, quase oculto, como se soubesse tal valor de discrição, como uma certa senhora que conheço, discretíssima, tanto no modo de se vestir quanto no modo de falar, numa pessoa que nasceu assim, com essa sabedoria, sendo tão desinteressante pessoas que dirigem pelas ruas com o volume musical a toda intensidade, perturbando todos em volta, numa pessoa desinteressante, que pouco discernimento tem. A mulher aqui está tramando algo, sem eu aqui querer ser misógino. A torta é o resultado do labor, num pessoa que, ao se casar com um bom cozinheiro, casou bem, como ter em casa um Jamie Oliver para cozinhar para você, neste ato de amor que é cozinhar para outrem, ou assar um bom churrasco para família e amigos num domingo, nas delícias de ser brasileiro, nos versos de uma certa canção: “Pé na areia, a caipirinha, água de coco, a cervejinha, beira do mar”, em um estilo musical tão brasileiro como o Pagode, nas delícias de ser brasileiro, num país tão pobre mas tão maravilhoso, fascinando o Mundo com os mistérios da selva tropical. Ao fundo no quadro, um grande furacão, numa comoção, como na primeira Playboy de Adriane Galisteu, fazendo todo mundo babar: Gays e héteros, ricos e pobres, homens em mulheres, negros em brancos, na ironia de que, a segunda Playboy de Galisteu, apesar de ter sido um belo ensaio fotográfico, não fez tanto sucesso assim, no modo como ninguém está por cima o tempo todo, como na infame Framboesa de Ouro, o prêmio deboche que zomba de quem está por baixo em Hollywood, como Tom Hanks, o qual, depois de ganhar dois Oscars consecutivos, foi indicando ao infame troféu, pois todos estamos no Mundo para errar, tropeçar, reerguer-se e aprender. O furacão inclemente é como no atual conflito em Israel, no Hamas condenado por toda a comunidade internacional, num conflito tão sem sentido, nessa especialidade do Ser Humano em ser o mais cruel possível, como no insano Putin, o ditador cruel disfarçado de homem digno e pacífico, como eu, ainda criança, disse a meu querido avô Ibanez: “Guerra já tem demais no Mundo, vô!”. O trigal é a fartura de um reino próspero, nuns EUA tão ricos e vastos, com extensão territorial ainda maior do que a do Brasil. O boi é o destino do abate, como já testemunhei certa vez o abate de uma ovelha – pobre do bicho!

 


Acima, Fugir. O homem ceifando é a metáfora da Morte, nas teias tecidas pela Divina Providência, fazendo com que passemos uns pelas vidas dos outros, com amizades sendo feito e lições sendo aprendidas. O homem é a força e o vigor, numa pessoa que encara a lida, sabendo que não há vitória sem luta, como artistas com décadas de carreira, sempre tendo a força para virar a página, pois o sucesso é algo bom e ruim – é bom porque é um doce momento de êxito, em frutos dourados da vitória; é ruim porque, quando vem, precisa ser superado, e os exemplos são vastos, como no seriadão Friends: Até hoje, cada um dos seus protagonistas está tentando sobreviver  a tal esmagador sucesso, como em Mathew Perry, o eterno Chandler, um homem que, ao que se sabe por hoje, está recluso, deprimido e improdutivo, numa merda existencial sem tamanho, com o perdão do termo chulo. Aqui são os homens corpulentos de Aldo Locatelli, homens entalhados na dureza da Vida, como meu tataravô Felice Veronese, colono italiano que se radicou no Brasil, um homem que, ao chegar na Serra Gaúcha, encarou uma vida duríssima, quase passando fome nos primeiro momentos de colono, numa dureza que acometeu o colono em geral em tal região, gerando a fartura das mesas de galeterias, surpreendendo uma certa senhora italiana, a qual, na mesa da supergaleteria Di Paolo, exclamava perplexa: “Meu Deus, quanto comida!”. Aqui, o homem deixa um rastro de ceifadas, construindo uma carreira, como num Paul McCartney, na estrada, na batalha, lutando pela carreira, vindo, no fim deste ano, apresentar-se no Brasil, em guerreiros como o roqueiro ídolo Axl Rose, o qual já se apresentou QUATRO vezes em Porto Alegre, sabendo que o Mundo é dos fortes, dos que não abandonam a lida, no lamentável modo como há artistas talentosos que abandonam a luta, desaparecendo no ringue da Vida, nas sábias palavras de uma certa médium espírita: “Deus não quer que nos atiremos nas cordas!”, como no Desencarne, quando a pessoa nota a necessidade de seguir trabalhando, estando ou não encarnada. O altivo cavalo ao fundo é a liberdade, em democracias livres como os EUA, numa contradição, pois é um país em que o cidadão não é livre se quiser se prostituir, ou seja, o americano nasce sem ter controle sobre seu próprio corpo, ao contrário do Brasil, no qual o cidadão é livre para se prostituir, mas é obrigado a votar – cada um com sua cruz. O homem aqui está barbeado, pronto para mais um dia de labor, no laboroso colono, o qual só não trabalhava no Domingo porque o padre não permitia. Ao fundo, num papel bem mínimo e coadjuvante, a mulher cuidando da casa, numa mulher sem protagonismo, no machismo de se viver sob a asa do marido, recebendo uma pensão depois da morte do marido, na tarefa de anônima dona de casa, no lamentável modo como há mulheres que abandonam a carreira para se tornar mães, esposas e donas de casa – ser apenas do lar não vai dizer quem você é! A casa aqui está arejada, com cortinas esvoaçantes, como uma pessoa de cabeça arejada, aberta para novas percepções, receptiva, nos versos do imortal Raul Seixas: “Prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. A mulher ao fundo tenta fugir de tal vida anônima, talvez sonhando em ter uma vida profissional, no machismo que enfrentou Margareth Thatcher, a qual era questionada: Quem vai cuidar da casa e dos filhos? Num papel que tanto seduziu a deusa Meryl Streep, a qual adora interpretar mulheres poderosas, tendo todas as condições de interpretar o ícone Elizabeth I, uma das maiores feministas da História, na prova de que talento não tem gênero. O cavalo cavalga majestoso, na beleza da liberdade, como numa pessoa optando por um curso universitário, como um amigo meu, o qual largou o curso de Medicina para fazer Jornalismo, ou seja, um homem que se cansou de ouvir do Mundo como tal homem deve viver, na importância de se mostrar ao Mundo o dedo do meio, meu irmão.

 


Acima, O banquete. As trigêmeas são a fartura, como numa certa edição da Playboy, com trigêmeas, numa edição que fez bastante sucesso, como nas três vampiras de Drácula de Bram Stoker, uma primorosa produção que mereceu o Oscar de Figurinos, no modo como moda e estilo são excelentes modos da pessoa se expressar, como na terrível Miranda de O Diabo veste Prada, intimidadora em seu bom gosto e atitude, em poderosas indústria de Moda como em Paris, a cidade a qual todos querem conhecer, no modo como eu gostaria de morar um ano inteiro dentro do Louvre, o que infelizmente não é possível. Aqui temos frangos mortos e vivos, como nas casas de antigamente com seus galinheiros, como um frango sendo sacrificado no Domingo para o majestoso almoço do dia de descanso, no surgimento do coração de frango, o qual virou cobiçada iguaria, remetendo à China, o país no qual se come de tudo, até cachorros e aranhas, num país que tem que enfrentar a possibilidade do cidadão passar fome, no repulsivo modo como presidiários do Presídio Central de Porto Alegre comem churrasco de gato – Deus Jesus do Céu, que degradante, numa instituição de cárcere que dizem ser uma sucursal do inferno, e eu acredito. Aqui é o mágico e necessário momento de reunião da refeição, na reunião de família, no talento de um patriarca ou uma matriarca em manter a família unida, nas fartas mesas de ceia de Natal, com cada um da família encarregado de levar um prato diferente, como num belo frango num almoço de Domingo, no vergonhoso modo como no Brasil dezenas de milhões de cidadãos passam fome – é muita pobreza. Esta mesa é vida que pulsa, na básica necessidade de alimentação, na necessidade de qualquer ser vivo, num restaurante o qual, apesar de tão fino, traz uma simples necessidade, que é comer. Nesta farta mesa existe todo um trabalho por trás, na árdua vida rural, como na feira de produtores rurais todas as sextas-feiras no centro de Caxias do Sul, com os agricultores vendendo seus produtos orgânicos, de alta qualidade, por preços tão módicos, em famílias pobres, que vivem com o mínimo, famílias que não podem se dar ao luxo de pedir uma pizza no fim de semana ou se ir a um restaurante para comer um belo filé, muito menos tomar vinhos finos. O salmão aqui é tal nobreza, num peixe nobre, caro, na divertida situação de ursos famintos, recém saídos da hibernação, abocanhando no ar peixes que sobem correnteza acima para copular, nas regras da Natureza, pois, no início, não era a Natureza; no início, era Tao, o qual sempre esteve aqui – é muito poder! Aqui são essas paisagens americanas de Andrea Kowch, apaixonada pelo país, patriota, orgulhosa de suas raízes, na magia dos verões americanos, no doce momento de férias em que nos desligamos um pouco da sisuda vida de labor e estudo, num merecido momento de descanso, como uma pessoa se aposentando, mergulhando numa vida desinteressante de fazer nada, quando que o trabalho nunca deve faltar, como disse sabiamente Leonardo DiCaprio, um grande ícone de minha geração, na capacidade de certas pessoas em atingir tal glória icônica, regendo gerações inteiras, como na majestade de um Sinatra ou Streisand. A sopa quente é o calor do lar, num zelo materno, cuidando da casa, fazendo as camas dos filhos, ano após ano, num labor pesado, mesmo recebendo o auxílio de uma empregada doméstica, como uma certa senhora, a qual, por muitos anos, teve que lavar as cuecas de quatro homens, num homem que, ao sair de casa, precisa muito de uma mulher em sua vida para, assim, não ter a sensação de ter perdido tal zelo. Ao fundo vemos cachorros brincando, que são a ludicidade, em fiéis companheiros, no modo como pessoas solitárias encontram o alento de bichos de estimação, na paixão que faz uma pessoa se tornar veterinária. Muito, muito ao fundo, uma casinha, numa possibilidade remota, mínima, na teoria econômica de Keynes, na qual o Estado tem que ser mínimo, regulando pouco a autonomia da Economia Global, longe do Estado Total de Karl Marx e longe do Mercado Soberano de Adam Smith, num sábio caminho de ponderação e conciliação. Aqui é a felicidade de um lar farto.

 


Acima, Ordem bicando. Os ovos são a fertilidade, numa mente tão fértil quanto à de Andrea, apaixonada pelas cenas rurais americanas. Os ovos são a magia de uma cesta de Páscoa, com ovos coloridos doces, encantando uma criança como eu, com minha zelosa mãe arrumando tais cestos para mim e minha irmã. Aqui é uma demanda, como muitos e muitos ovos sendo diariamente fornecidos a confeitarias e padarias. Aqui remete à metáfora do Marketing: Ambas galinhas e patas botam ovos deliciosos, só que a galinha, ao botar seu ovo, faz muito mais barulho do que a pata, fazendo do ovo de galinha algo mais bem vendido do que o de pata, no modo como eu próprio, que já trabalhei como publicitário, sempre terei um lado marqueteiro, na importância de se divulgar um trabalho, como num popstar, ciente de tal necessidade mercadológica, querendo se sobressair num cenário tão competitivo, sendo necessário que a pessoa tenha agressividade, como num agressivo Eminem, ciente da competição tensa entre rappers. Aqui é o milagre da Vida, como tartarugas botando seus ovos na beiramar, nos percalços da seleção natural, sendo poucos os filhotes que chegam ao mar, com vítimas de predadores, na simples questão: Os mais espertos passam seus genes adiante; os menos esperto, nem tanto. O lenço na cabeça é o sangue da menstruação, nas inclementes cólicas menstruais, numa memória de adolescência que tenho, com uma colega chorando de tanta dor, naquela instabilidade feminina, num dia duro, de dor, estragando o humor da moça e da mulher. O avental é a seriedade do serviço, do labor, da jornada de trabalho, pois o trabalho está por todos os cantos, com gente e mais gente trabalhando, na questão de que, realmente, não pode faltar trabalho, pois as pessoas ricas improdutivas vivem em qualquer mundo, menos no Mundo real, e o Mundo não é daqueles que vivem de forma realista e pés no chão? Aqui é um prolífico atelier de artista, na necessidade de dar vazão a suas obras, doando ou vendendo as obras, num atelier forçado a fazer tal desova, no modo como eu próprio já fui presenteado por uma amiga artista plástica, a qual me deu uma bela pintura a óleo de uma gueixa triste, no modo como cenas japonesas me cativam tanto, fazendo-me suspeitar se, em uma encarnação anterior, encarnei no Japão, na construção da carreira espiritual, pois já passamos por muitos lugares e ainda passaremos por muitos mais outros. Podemos ouvir aqui o barulho das galinhas, numa memória de infância minha, quando visitei um aviário, com um “mar” de pintinhos amarelinhos se alimentando, havendo no grupo um pinto com deficiência física, com dificuldade, nas inevitáveis vicissitudes, no modo como não há encarnação perfeita, pois, se fosse perfeita e facílima, não nos causaria crescimento, e o objetivo da Vida é o crescimento, na necessidade da pessoa em ter um espírito olímpico para pular sobre obstáculos com galhardia e elegância. Os ovos aqui são a população como a chinesa, com seus muitos cidadãos, em cidades populosas, poluídas, cheias de gente atravessando ruas e calçadas, na contradição chinesa: De jure, Comunismo; de facto, Capitalismo. Podemos sentir aqui o inevitável cheiro de cocô de galinha, nas vicissitudes da Vida material, na necessidade de se sentar uma privada e fazer as necessidades, remetendo a um Brasil tão pobre, com milhões de cidadãos sem acesso ao esgoto tratado, tendo que suportar um horrível esgoto a céu aberto. Aqui, a moça é rica de algum modo, com muito dinheiro, numa pessoa que, com dinheiro, tem que saber o que fazer com a grana, talvez fazendo investimentos, como comprar obras de Arte, no modo como ter dinheiro demais pode ser um problema, na mensagem espírita: Você não tem ideia a que ponto fica reduzida mentalmente uma pessoa rica. Os ovos são a magia da culinária, com tantas receitas sendo feitas, num ingrediente tão humano, talvez causando nojo a algum extraterrestre que nos observa – na incrível e inconcebível vastidão cósmica, existe Vida só na Terra?

 


Acima, Permanência. Os ventos são a mudança, com mudanças em constante processo de desdobramento, na máxima dialética: Tudo é processo. As borboletas são a explosão da Vida em toda sua força, em borboletas ensandecidas fazendo a polinização, num ato que serve para começar explicar às crianças o que é Sexo, tirando a malícia de jogo e mostrando que sexualidade é natural no Ser Humano, só havendo a libertação no momento do Desencarne: Tudo de físico e mundano fica para trás, e, ao desencarnar, a pessoa deixa de ser hétero ou homo, na esperança do Espírito Santo, no Lar Primordial que nos espera, como disse minha tia avó no leito de morte, momentos antes de desencarnar: “Tenho que receber meus convidados!”. As moças aqui catam as borboletas, no divertido Roberto Benigni, numa cerimônia do Oscar, numa pessoa querendo capturar o furtivo italiano com uma rede similar às que vemos no quadro. As redes são a tarefa de caça e pesca numa tribo neolítica, pré civilização, nas tradições sendo todas transmitidas oralmente, na revolução da Escrita, codificando o pensamento, na esmagadora descoberta Pedra da Roseta, a qual permitiu a tradução da língua morta que é o antigo egípcio. As flores silvestres explodem em libido primaveril, na beleza da Primavera de Botticelli, numa beleza tão fina, tão rara, num perfume de frescor, no modo como a Renascença varreu a Europa com frescor e novidade, nas vogues, nas modas, nas ondas, como no momento decisivo da Nouvelle Vague, dando ao Cinema toda uma importância sociocultural, como essas flores silvestres, as quais não precisaram ser plantadas pela mão humana – o melhor da Vida é grátis, como se entregar existencialmente nos braços amorosos de alguém, pois o Dinheiro compra tudo, menos o principal, que é Amor, pois não se quem é mais triste, se é que acha que pode vender Amor ou alguém que acha que pode comprar Amor, como na Prostituição, na qual há sexo, mas não há intimidade. A moça em primeiro plano, ruiva e pálida, remete ao mito de Elizabeth I, uma das maiores estadistas do Homo sapiens, numa regente que tanto fez pela soberania inglesa, em talentos de estadista, como num digníssimo Obama, um dos maiores homens da História dos EUA, no ineditismo de uma família negra na Casa Branca, nuns EUA que viram o assassinato de outro grande homem, que foi Martin Luther King, talvez em fascistas que temiam que tal homem negro se tornasse presidente, no talento humano em relação à grosseria racista, no modo como, na Festa da Uva, três moças já concorreram ao cargo de princesa ou rainha, mas nenhuma das três obteve êxito, infelizmente. A galinha aqui vive livre, em prazer de soltura, nos versos de uma certa canção pop: “Não há amor sem liberdade; não há liberdade sem amor”, em infelizes cidadãos de ditaduras, como na infame Coreia do Norte, num líder insano que, ao investir tudo obsessivamente em armistício, rege um país paupérrimo, sem escolas, hospitais ou estradas, num líder cruel, o qual pouco se importa com o próprio cidadão – é um horror. Aqui é como a vasta terra da lendária fazenda Tara, de ...E o vento levou, numa Scarlet que, de patricinha fútil, virou mulher forte e adulta, no modo como são interessantes personagens que crescem durante o desenrolar de uma história, num romance que mostra o horror bélico, deixando rastros de fome e destruição, num Ser Humano que se esforça para ser tão cruel, como iniciar guerras desnecessárias. Ao fundo, a casa é a proveniência, algo que todos temos em comum, no nome de uma colônia espiritual, Nosso Lar, para nos dar a ideia de pertencimento, de que viemos de algum lugar nobre, de que somos profundamente especiais, príncipes filhos do mesmo Rei Supremo, remetendo-me a um rapaz paupérrimo que conheci, o qual veio ao Mundo sem qualquer família, crescendo num orfanato, um espírito que resolver encarnar num contexto tão pobre e sofrido, árduo, difícil, encontrando na religião da Umbanda um acalento para suas dores psíquicas. Aqui o campo é como um carpete luxuoso, estendendo-se além do alcance de nossos olhos.

 


Acima, Visitantes. Andrea gosta dessas cenas esvoaçantes, de arejamento, frescor, na delícia da vida ao ar livre. Aqui os pássaros negros e agourentos remetem ao clássico Pássaros, na força da Natureza, como nas recentes inundações no estado do RS, deixando rastros de lamentável destruição, na luta contra tais forças naturais, como furacões nos EUA, ou terremotos, nas palavras de Barbra no célebre show The Concert, nos anos 1990: “Será que sempre precisamos de uma catástrofe para nos lembrar de que somos pessoas que precisam de pessoas?”. É como num acidente de carro que tive há anos com minha família, quando recebemos ajuda de pessoas caridosas, que nos auxiliaram no terrível evento, em atos simples, como ajudar um cego a atravessar a rua, na máxima: Gentileza gera gentileza. Aqui o vento é tal instabilidade, tal revolução, como nos aristocratas franceses guilhotinados, causando repulsa na Inglaterra, um país que sempre cultuou suas raízes monárquicas, em coroações pomposas, fascinando o Mundo com tal tradição apolínea, encantando a Academia de Hollywood, a qual ama as tradições inglesas. Aqui é um momento de culinária, em coisas tão aprazíveis como uma torta de maçã ou de cereja, no ato de amor que é cozinhar ou assar um churrasco, como na minha avó materna, a qual, na manhã de 24 de dezembro, entrava na cozinha para se dedicar aos afazeres da ceia natalina, só parando de trabalhar na noite da data, dizendo à família: “Vou me arrumar para a ceia e já volto!”. O café derramado é um azar, uma tragédia, como na boate Kiss, num réu que, apesar de não ser uma pessoa de má fé, foi responsabilizado, dizendo desesperado aos jornalistas num tribunal: “Eu não sou assassino!”. O café são os acidentes inevitáveis, nas imperfeições, como em qualquer curso universitário, no qual sempre haverá cadeiras das quais não gostamos muito, no modo como sempre haverá algo em nosso dia de que não gostaremos – é assim mesmo. As frutas silvestres são tal fineza, tal delícia natural, como num vinho com nuances aromáticas, como goiaba ou pêssego, num vinho que não é para ser bebido, mas degustado gole a gole, ao contrário de um desafortunado alcoólatra, o qual só quer injetar álcool em seu próprio sangue, numa doença que tem tratamento, como num senhor alcoólatra que conheço, numa pessoa com uma enorme força de vontade, estando há muitas décadas sem ingerir uma só gota de álcool. Os cabelos das moças são o caos, a desordem, como num orgasmo que explode em caos, como na metáfora de um diretor de Cinema nos anos 1990, quando ele comparava o orgasmo a uma casa caindo ao chão e se espatifando em mil pedaços, no modo como uma pessoa que abandona um curso universitário é como uma transa sem orgasmo, e são tristes as histórias de pessoas que se desencaminham na Vida, como mergulhar em um submundo, com suas sub-regras e subvalores, afastando-se de algo essencial, que é o Senso Comum. Os pássaros aqui invadem a cena, e temos aqui algo que atrapalha, como num percalço, o qual, mais tarde, vai se revelar uma ajuda, com portas fechadas que acabam por nos guiar. Aqui é como numa casa bagunçada por crianças, numa casa sempre bagunçada, no enorme encargo que é criar um filho, incutindo valores nobres na cabeça deste, numa frase da qual não me esqueço: “A maior riqueza da Vida é contentar-se com pouco”, como na inocência da criança, a qual se contenta com pouco, longe das extensas exigências do gosto adulto. A farinha na mesa é tal caos, no labor de sovar a massa, numa mãe zelosa que sova a massa do pão, como no Oráculo de Matrix ao sovar uma massa de biscoitos: “Biscoitos precisam de amor, como qualquer outra coisa precisa de amor”. Uma das espaçosas aves bica direto num bolo, no clássico samba Ticotico no fubá: “Que vá comer umas minhocas no pomar!”. Aqui é a mão firme de um diretor de escola, mantendo na linha indisciplinadas crianças, numa imposição de autoridade, como numa sanguinária Mary Tudor, queimando pessoa vivas em fogueiras, tal como os cristãos, no início do Cristianismo, eram usados como tochas em arenas romanas, até chegar ao ponto, séculos depois, do césar máximo se tornar cristão – ironia, não?

 

Referências bibliográficas:

 

Andrea Kowch. Disponível em: <www.artymag.ir>. Acesso em: 4 out. 2023.

Andrea Kowch. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 4 out. 2023.

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