quarta-feira, 18 de outubro de 2023

A América de Andrea (Parte 2 de 2)

 

 

Volto a falar sobre a pintora americana Andrea Kowch. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Chá. Aqui é o prazer de se desfrutar de uma área verde numa cidade, estendendo uma toalha no gramado e compartilhando um chimarrão com amigos. Aqui remete a uma lembrança que tenho dos escoteiros, como os iniciantes como eu almoçavam a pé de uma árvore e meus superiores na hierarquia almoçavam numa mesa com cadeiras – eu ali, na árvore, chic num piquenique, tal qual Audrey Hepburn comendo um croissant na vitrine de uma joalheria; já, meus superiores jecas, achando-se tão superiores a mim, na diferença abismal entre chic e rico, pois o melhor riso é aquele que temos por dentro. O chá é tal universalidade das bebidas, como o café, na poderosa rede Starbucks, com produtos caros, mas de excelente qualidade. Aqui temos um caos, com o cabrito, ou algo que o valha, tomando chá, numa cena irônica, onde todos têm tal hábito civilizador inglês, até chegar ao chimarrão gaúcho, uruguaio e argentino, o qual nada mais é o que chá, só que tomando de forma exótica, na cuia tradicional, na ironia de que o mapa do Rio Grande do Sul insinua um formato de cuia. Aqui temos as fortes imperfeições da Vida, com ratos caminhando pela pastagem, como ratos em esgotos, mostrando-nos que são as cidades terrenas que tentam imitar a plenitude perfeita das cidades espirituais, numa hierarquia – metafísico sobre o físico, na máxima taoista: Matéria é nada; pensamento é tudo. É no caos das coisas físicas, como pedras preciosas, as quais são meras imitações da eternidade a qual nos rege, pois o infinito sobre o qual podemos falar não é o verdadeiro infinito, na máxima espírita: Deus é o infinito. O pasto aqui ondula com o vento, assim como os cabelos das meninas, as quais parecem ser gêmeas, talvez com Andrea tendo uma só modelo para pintar tal cena, numa Andrea com um pincel tão talentoso, longe das formas “cruas” de Kahlo, sem aqui querer falar mal desta, por favor. Aqui temos um excesso, pois uma das moças derrama chá em demasia, fazendo a xícara transbordar, como numa apaixonada Dona Florinda, derramando café ao ficar hipnotizada com os charmes de seu pretende Girafalez, no triste modo como, no momento presente, só é possível assistir o legado de Chaves e Chapolin no Youtube, talvez porque os herdeiros do espólio do eterno Chespirito querem dar um gosto de “quero mais” na boca dos telespectadores, como um artista que pisa num palco deliberadamente atrasado, o que é, no frigir dos ovos, uma deselegância, desrespeitando o espectador que chegou ali pontualmente. O chá é um momento de socialização, como no jasmim chinês, uma das provas da universalidade do Ser Humano e de suas bebidas quentes, no tradicional chá das cinco, na tradição inglesa que tanto colonizou terras “selvagens” como na África, com as joias de realeza frutos originários de tais nações pobres, nas frases: “Como são ricos! E roubaram tudo dos pobres!”. É o modo português de exploração colonial, abocanhando as riquezas minerais da colônia tropical brasileira, como numa mesa de talheres de ouro maciço, na obsessão mundana humana, sempre ambicionado o maldito Anel do Poder, o qual só traz infelicidade, ficando reduzido e infeliz mentalmente um ganhador de loteria, nas palavras no filmão O Advogado do Diabo: “Eu achava que ter muito dinheiro seria bom, mas não é bom!”. Aqui é a predileção de Andrea por tais EUA rurais, na saúde e na liberdade do ar livre. Ao fundo vemos animais pastando, sempre se alimentando, na necessidade mais básica de um ser vivo, fazendo da Vida tal mistério, pois qual é o “combustível” que faz um coração bater? É o milagre da Vida, no modo como é uma bênção uma criança chegando ao Mundo, nas enormes responsabilidades de pai e mãe, cercando o filho de todos os cuidados necessários, como vacinar o filho em dia, ou alimentá-lo saudavelmente, na opção de certas pessoas em não ter filhos, opção que entendo. Bem ao fundo vemos uma árvore, que é a árvore da Vida, do código de DNA, nas raízes símias do Ser Humano, num ponto de reviravolta decisiva na História do Homo sapiens, trazendo noções de civilização e escrita, no acúmulo de conhecimento da Revolução Científica, num Cosmos tão enigmático que nos cerca.

 


Acima, Corte da rainha. Aqui é o poderoso e indestrutível mito de Elizabeth I, a Rainha Virgem, numa pessoa que sabia que, na vida pública, a aparência é capital, como um certo senhor sociopata, o qual, com sua aparência impecável, ganhou votos do povo, como pessoas como Marina Silva, a qual, se arrumasse-se mais, já teria chegado a presidente, em mulheres que acham que, se arrumarem-se muito, não serão levadas muito a sério, optando por um visual sem muito glamour – bobinhas. A rainha aqui empunha uma pena, no lema de que a caneta é mais poderosa do que a espada, na vitória do cavalheiro civilizado sobre o homem obcecado com guerra, como nos atuais horrores do Hamas sobre Israel, na ironia de que de lá vêm brasileiros repatriados e de que do Brasil saem os vão lutar lá, pessoas nativas israelenses, na “beleza” das guerras, as quais só trazem miséria e privação. As cortinas esvoaçantes são como um véu puro de noiva, na cor tradicional das noivas, ao contrário da tradição cigana, onde a noiva veste vermelho, num povo cigano que tanto preconceito sofre, sendo perseguido pelos nazistas, neste talento humano em irmão matar irmão, longe da revelação do dia que amanhece, mostrando-nos que somos todos irmãos, filho imaculados do mesmo Rei Supremo, na capacidade de certos homens em se tornar alguém amado e respeitado, numa imagem nobre que nos conecta com o metafísico que nos gerou, no eterno retorno a tal Lar Sacrossanto, no final do clássico 2001, com o feto voltando à barriga de Nossa Senhora, no modo como a Terra é só um lar de passagem, provisório, uma faculdade que tanto nos ensina e tanto nos faz crescer mentalmente, no modo como as vicissitudes terrenas vão fazendo de nós pessoas melhores, mais depuradas  moralmente, como na arquitetura depurada do Plano Espiritual, o lugar sem ambições pelo Anel do Poder, o qual é estritamente mundano, perecível, nas ilusões da Vida Terena, nas ilusões das classes sociais, as quais perecem com o Desencarne, havendo uma só hierarquia, que é a nobreza: Os mais depurados regem os menos, numa hierarquia irresistível, ao ponto de eu fazer questão de obedecer meu irmão superior, na imortalidade do laços de Amor, em irmão depurados que sabem que nos tornaremos grandes espíritos de luz e nobreza. Os cabelos da rainha queimam como fogo, nas cruéis execuções, queimando vivos em fogueiras protestantes, em ato de brutal desrespeito, como destruir publicamente imagens de Nossa Senhora, na máxima de Osho: O rebelde, antes de tudo, tem que respeitar a tradição. O cachorrinho é a fidelidade, como um amigo solteirão meu, o qual tem dois cachorros como companhia, num animal tão autêntico, que expressa com clareza se está gostando ou não de algo, ao contrário do gato, que é mais enigmático, num bicho tão idolatrado no Antigo Egito. As flores são a beleza e a delicadeza, em flores silvestres que não precisaram ser plantadas pela mão humana, na generosidade da Primavera na explosão de Vida, na libido da Vida, fazendo do Sexo algo necessário, nas divertidas palavras de Dercy Gonçalves: Se não houvesse o prazer sexual, ninguém faria filhos! Ao fundo, na janela reveladora, vemos um dia ou acabando ou começando, num ponto de limiar entre luz e sombra, na sabedoria popular de que Deus ajuda quem cedo madruga. A janela aberta, com sua brisa deliciosa, é a liberdade, no hino americano: “Terras dos livres! Lar dos bravos!”, num país em que o cidadão não é obrigado a votar nem a se apresentar para o Exército, ao contrário de Israel, onde o jovem é forçado a servir, ou seja, cada país com seus defeitos. Sobre a cabeça da rainha vemos muitos insetos ou borboletas, remetendo à famosa obra de Dalí no novaiorquino MoMA, com a boneca junto a formigas de milhos de fertilidade, nos milagres do solo de agricultura, na vida dentro de um formigueiro, num animal com tamanho instinto, como num sistema dentro de uma colmeia – até os insetos têm realeza! O espelho é tal símbolo de feminilidade, nas “loucuras” das quais é uma mulher em nome da beleza, como num dolorido processo de enxerto de silicone.

 


Acima, Maré alta. A Lua em seus enigmas de feminilidade, nos seus ciclos loucos, longe da sisudez garantida pelo Sol, no homem que sai de casa para sustentar um lar, gerando o termo “de lua”, que quer dizer “louco e desregrado”. Aqui são as ondas respirando, indo e vindo, no modo como tudo está repleto de Vida e trabalho. Os cachorros aqui estão sendo providos pela mão generosa da dona, pois, aos olhos do cão, seu dono é um ser mágico e maravilhoso, que põe ração num potinho, numa figura provedora, como na mãe gestante, compartilhando com o filho a alimentação, no modo como já ouvi dizer: A gestação e o parto são grandes piadas de Deus para com as mulheres, no ditado de que ser mãe é padecer no paraíso. Os cães aqui são tal fome por sucesso, num Mundo que tanto idolatra o sucesso mundano, fazendo do sucesso algo complicado, pois, quando este vem, torna-se um problema, pois a pessoa tem que saber sobreviver a tal momento áureo, e os exemplos são vastos, como este a seguir: Até hoje, todos os seis protagonistas do seriadão Friends estão procurando sobreviver a tal sucesso, como Matt Le Blanc, o eterno Joey, que fracassou ao tentar um seriado próprio do personagem, pois não canso de dizer que o sucesso é um amante infiel, pois, se hoje está com você, amanhã não se sabe. A canoa ao fundo são os sonhos, os quais tanto afundam, em sonhos despedaçados em frustrações, num sentimento depressor e desnorteante, como numa pessoa num labirinto traiçoeiro, mergulhado num submundo de solidão e desnorteamento, numa pessoa construindo uma enorme carência afetiva. Podemos ouvir aqui o som do Mar, em sonos embalados em tal canção de ninar, como nas plácidas canções de Enya, como eu durmo, em veraneio em Capão da Canoa, ouvindo o som do Mar, num som tão relaxante, fluidio. O gato aqui está reservado, só observando a cena, numa reserva e num recato comedido, numa sábia postura da figura folclórica do Preto Velho, quietinho no seu anônimo e humilde canto, só observando os egos ascendendo a descendendo, como se soubesse que o Mundo não tem conserto, e que o Ser Humano sempre cometerá as mesmas patetices de sempre. Aqui os cães lutam e competem entre si, como numa patética cena que vi certa vez num evento social, com três ou quatro fotógrafos registrando o evento, mas estes senhores fotógrafos acotovelando uns aos outros, numa ensandecida competição, na máxima anticristã: “Devorai-vos uns aos outros!”. A janela vermelha é o sangue da menstruação, sem nos esquecermos de que, além de artista, Andrea é mulher, sentindo as imperiosas cólicas menstruais, as quais podem arruinar o humor de qualquer mulher, em dias duros de dor, no modo como imagino que deve ser tão dura a vida de mulher, tendo que passar por dolorosas depilações, ao contrário dos homens, aos quais é permitido ter pernas peludas, como na tradição mexicana, na qual é considerada viril a “monocelha” no homem, ou seja, as sobrancelhas com pelos entre estas. Ao fundo vemos um lampião apagado, numa noite de mágico luar, nas “noites claras de luar” de Aquarela do Brasil, na sedução romântica de noites tropicais, como numa doce Lua de Mel num lugar exótico, em jardins noturnos cheios de Vida, na minha memória de infância com vagalumes à noite na paradisíaca praia catarinense de Jurerê, na beleza da Vida, a qual é uma dádiva, pois a Vida é um meio da pessoa crescer e depurar-se como espírito. À direita na janela vemos tortas deliciosas, feitas carinhosamente por uma nonna ou mamma, na expressão de carinho que é cozinhar para os outros, pois, o que é feito com carinho, fica mais gostoso, na magia de uma grande travessa de comida no centro de uma mesa, num rei Sol regendo os planetas, numa capacidade distributiva de patriarca, como nos poderosos patriarcas bíblicos, no machismo que faz com que tenhamos Deus como um patriarca, quando que o espírito não tem sexo, como um anjo, e tudo relativo ao corpo físico perece após o glorioso Desencarne, ou seja, sexo e sexualidade. A moça aqui espera por um príncipe na canoa ao fundo, um príncipe que não chegará, sinto em dizer...

 


Acima, Rajada. O carro ao fundo está em rota de fuga, talvez numa pessoa fugindo da Vida, como uma pessoa que conheço, um metido a valentão que é, no frigir dos ovos, um cagão, com o perdão do termo chulo, uma pessoa que vai fugindo de lugar em lugar, sem encarar uma brilhante carreira que teria no âmbito político. Podemos ouvir o som do motor do carro em fuga, talvez numa pessoa fugindo de um relacionamento, numa pessoa que, cagona, com o perdão do termo chulo, tem medo de intimidade, fazendo sexo mas nunca amor, pois o fazer amor é aquela coisa mansa, gostosa, com intimidade, na magia de um romântico beijo, pois, num relacionamento, todos os dia de casados têm que ter uma reconquistada, para não deixar murchar o calor da Lua de Mel. O céu é cinzento e duvidoso, numa cor de siso e discrição, como na selva de pedra de São Paulo, a cidade cinzenta dos negócios, muito longe da exuberância da cidade do Rio de Janeiro, na mágica mescla entre urbe e natureza, o coração do Brasil, no berço do Samba, uma poderosa manifestação de Cultura Popular, a qual vem de povo e a este pertence, como na Festa da Uva, no poder das tradições, que nos remetem a um plano atemporal e onírico, na nobreza de um rei amado e respeitado, remetendo o seu povo para tal plano fino e belo, na paz que existe na mortificação psíquica, na máxima espírita: Mortifique o espírito, não o corpo, no modo como o Espiritismo condena os fanáticos que topam ser crucificados numa cruel cruz, o que é uma enorme falta de autoestima, no modo como o masoquista sempre quer encontrar seu sádico, havendo paz na pessoa que não é sádica nem masoquista, reservando-se e evitando uma vida tóxica e sofrida. A menina nos olha desafiadora, duvidosa. A menina é o questionamento existencial, numa pessoa adquirindo o controle de sua própria vida e carreira, no poder feminista de uma mulher independente, não mais se submetendo a uma figura de papai, patriarcal, mostrando ao Mundo o dedo do meio, como um amigo meu, o qual, ao se ver infeliz no curso de Medicina, resolveu mandar tudo e todos à merda, com o perdão do termo chulo, e ingressar no curso de Jornalismo, ou seja, foi ser feliz. Num detalhe no quadro, vemos um agourento pássaro preto, em agouros que afetam o coração, as emoções, como ver a sua própria filha ser coroada rainha da Festa da Uva, num momento de emoção, no modo como é necessário que a pessoa tenha todo um lado frio e racional, para não ser refém ou prisioneira de emoções, no caminho da mortificação, na beleza fria lógica dos números, pois Tao é isto, é a lógica, no modo como a Vida Eterna é a única explicação lógica para nossas vidas, não havendo sentido tudo acabar no momento do Desencarne. A estrada aqui é o caminho existencial, como numa pessoa que passou por um grande empobrecimento existencial, tendo que encarar um esforço ENORME para devolver riqueza à Vida, como num Axl Rose, o qual, após uma fossa posterior ao boom fenomenal da banda icônica Guns n’ Roses, teve que empreender muita força para se reerguer, já tendo se apresentado quatro vezes em Porto Alegre, ou seja, Axl está na luta, na lida, na estrada, na seriedade da Vida, e o Mundo é dos guerreiros. A menina aqui tem um recato, com roupas decentes, de menina de família, no modo como o Patriarcado tolhe a sexualidade feminina, enfurecendo as feministas, as quais pregam a noção de que entre homem e mulher não há diferença no frigir dos ovos, como eu em meu blog, falando tanto de artistas homens quanto de artistas mulheres, pois a mente, o espírito, é assexuado, como na assexualidade dos anjos, batendo suas asas de liberdade, na felicidade dos que pairam acima do mundano e do vulgar. Aqui é tal zona rural de Andrea, no modo como as pessoas da cidade, da urbe de pedra, concreto e asfalto, encantam-se com as paisagens rurais, no cheiro de bosta ao ar livre, no contato com a Mãe Natureza. A menina é uma renúncia, negando-se a embarcar no carro, fazendo uma escolha, talvez fugindo de um namoro, talvez rechaçando um namorado possessivo e doente, fixado, viciado, infeliz.

 


Acima, Sarau de altares. Aqui temos uma explosão de Vida, como na movimentada cidade encantadora de Gramado, com levas intermitentes de milhões de turistas passando anualmente na cidade, numa cidade muito cheia de Vida, num mercado tão desenvolvido, seduzindo pessoas de todos os cantos do Brasil. A moça aqui é permissiva, deixando os pássaros se banquetearem, na inevitável emissão ao clássico de Hitchcock, no caos se impondo sobre a Vida em Sociedade, nas inevitáveis vicissitudes e imperfeições do Plano Material, fazendo que tais obstáculos façam de nós pessoas melhores, mais depuradas, com maior apuro moral, pois a verdade é infinita; a mentira, finita, nas sábias palavras da senhora minha mãe para mim: “A mentira tem pernas curtas!”. Aqui é como um grande evento, como um grande show de um grande astro, comovendo multidões, arrastando multidões para um espetáculo, numa alma de mambembe, circense, como no circo do artista Marcos Frota, como no privilégio que tive em ver o internacional Cirque du Soleil, na técnica impecável dos artistas, na magia quando a cortina se abre e o palco decorado é revelado ao espectador, o qual senta numa poltrona com expectativas, percebendo perfeitamente quando um filme se mostra aquém do esperado, em fracassos de filmes que, décadas depois, são alçados à categoria de filme cult, na máxima em latim: A verdade é a filha do tempo, ou seja, o tempo coloca os pingos em seus devidos is, em filmes tão sui generis, impossível de terem um remake, tal a originalidade, em pérolas únicas, na “vingança” de um filme obtendo apreciação retardada. A moça aqui é fina, e toma elegantemente seu chá, numa polidez civilizatória, no valor dos bons modos, como noções de etiqueta, no fino se sobrepondo ao brutal, no choque em 2001, partindo de toscas ferramentas de ossos para entrar depois na era da exploração espacial, em estações espaciais de altíssimo apuro, ao som de música erudita, no modo como um país se faz com os bancos escolares, em países tão pobres como o Brasil, com tanta evasão escolar, num Brasil que paga um alto preço pela falta de produção de Cultura Erudita, em cidadãos ignorantes e obtusos, quiçá vulgares, pobres em alcance mental, fazendo das elites intelectuais o verdadeiro tesouro de um país, na excelência do pensamento se sobrepondo à brutalidade da ignorância, na universalidade das Ciências. Os pássaros aqui se banqueteiam, como em grandes liquidações em lojas, cheias de filas de consumidores ávidos por preços baixos, na tradição da Black Friday nos EUA, estrategicamente perto do Natal, na principal data do comércio, na época do ano em que topamos ser mais generosos, como na lei do Décimo Terceiro Salário, no legado de Vargas, o Pai dos Pobres, num fim de vida trágico, num suicídio, num ato de desespero, pois sinto em dizer: Uma pessoa feliz, contente com a Vida, não se suicida, havendo o trágico destino das almas suicidas, indo para um setor do Umbral chamado Vale dos Suicidas, na dimensão dos que não amam a Vida, a qual é uma dádiva, um presente de Tao, numa oportunidade de depuração e crescimento, ou seja, suicidar-se é como rejeitar um presente que nos foi dado com muito amor e carinho. Aqui são essas paisagens rurais de Andrea, como na paisagem arrebatadora dos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, na estrada Rota do Sol, com vastos campos de pastagens que se estendem até onde a vista pode alcançar, também com matas virgens de pinheiros de araucárias, o altivo pinheiro que nos traz o delicioso pinhão, uma iguaria de outono, delicioso de se comer, quentinho, nas araucárias se estendendo até Curitiba. Aqui é como numa casa cheia de vida, de pessoas, como na casa de infância de minha mãe, numa casa cheia de vida e movimento, em épocas em que Porto Alegre não tinha a violência criminal que tem hoje, épocas que nos remetiam à paz do Plano Superior. Vemos um adorável cachorrinho na cena, divertindo-se com os pássaros, num intervalo de aula no Ensino Fundamental, com a gritaria de crianças no momento de folga.

 


Acima, Vigilância noturna. A moça está tensa e vigilante, no modo como os sumérios eram fascinados pelos céus, com esculturas sumérias de figuras humanas olhando para o céu, no modo como há muitos os que creem que a Humanidade foi visitada e civilizada por raças alienígenas, as quais nos deram um empurrãozinho civilizatório, num Cosmos muito vasto, sendo lógico que há Vida fora da Terra, pois seria assustador demais se, na vastidão cósmica, só houvesse Vida na Terra. A torre do farol é tal vigilância, guiando marinheiros, remetendo ao clássico Moby Dick, um livro genial o qual, em certo ponto, faz com que nos sintamos nas ondulações dentro do navio em altomar, como na paisagem noturna em Capão da Canoa, com barcos pesqueiros em alto mar, emitindo luzes tênues, no milagre da multiplicação dos peixes, num país próspero, rico, como num Canadá, o qual, de tão desenvolvido, limpo e bem administrado, faz com que Nova York se parece com o Terceiro Mundo, ouvi dizer. A torre é a firmeza, como numa rocha sólida à qual podemos nos agarrar, como num homem sério e centrado, pés no chão, sério com seu trabalho e sua firma, um homem que dá à mulher a sensação de segurança e estabilidade, no homem do dinheiro, mas no modo como a mulher, nesse mesmo homem, quer um homem romântico e carinhoso, da metáfora de Dona Flor – o homem do dinheiro e o homem do pau, com o perdão do termo chulo. Andrea gosta de cenas esvoaçantes, na liberdade rural, em ventos puros, longe da poluição das urbes, nuns EUA tão vastos, cheios de tais paisagens rurais, fazendo com que os EUA sejam feitos de pequenos EUA, com cada área com seus próprios traços culturais, no modo como o estado brasileiro da Bahia é um país à parte, com seus próprios padrões culturais, como, por exemplo, ser perfeitamente normal na Bahia tomar dois, quiçá três banhos diários, ao contrário do sul do Brasil, no qual o padrão é somente um banho diário. É como na Itália, no norte italiano tão diferente da região sulista da Sicília. A casa aqui está arejada, com janela aberta, como num relacionamento saudável, arejado, num casal que se respeita mutuamente, no modo como nossos amigos de verdade, nosso amigões, torcem por nós e querem que sejamos felizes, ao contrário do conhecido, que não é amigo, mas um relacionamento menos profundo, no modo como somente um amigão é capaz de enxergar dentro de nós e saber pelo que passamos existencialmente. A casa fantasma é como na casa de Esqueceram de Mim, nesse esmagador sucesso de bilheteria, alçando o ator mirim Culkin, o qual está, até hoje, tentando superar tal momento de doce sucesso, pois quando a pessoa tem sucesso, este acaba sendo um problema, pois é necessário que a pessoa sobreviva a tal momento, ou seja, o sucesso é uma merda, com o perdão do termo chulo. A moça aqui está fascinada e hipnotizada pelo céu noturno, no Ser Humano desde sempre olhando para um céu estrelado, perguntando-se do que a Vida é feita, com os grandes astros de Hollywood, os quais imitam a superioridade dos espíritos elevados, aperfeiçoados, nosso irmãos evoluídos, belos, arrebatadores, excelentes, em grau apurado de excelência moral, fazendo do panteão hollywoodiano uma mera cópia de nossos irmãos superiores, até chegar a um ponto de esclarecimento lógico: Não há deuses, mas espíritos elevados, e Tao é um só, o qual sempre esteve aqui e sempre estará. A janela é uma possibilidade e uma libertação, como numa pessoa se esclarecendo, numa saída para uma situação complicada, nas sábias palavras de uma médium espírita para mim: Tudo em tua vida depende de ti! O céu aqui é mágico, como na magia colorida de uma Aurora Boreal, num show de luzes na Natureza, como na magia de um caleidoscópio, nas rosetas da Rainha Virgem, no Lar Sacrossanto que nos gerou, e é para lá que vamos, na explosão de cores de vitrais, no Útero Imaculado da Grande Mãe, o único caminho, a única família. Aqui algo extraordinário se revela, como numa órfã que se descobre uma princesa, como em O Código da Vinci, na família de Jesus Cristo, à qual todos pertencemos.

 

Referências bibliográficas:

 

Andrea Kowch. Disponível em: <www.artymag.ir>. Acesso em: 4 out. 2023.

Andrea Kowch. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 4 out. 2023.

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