sexta-feira, 29 de maio de 2020

Um Giro pela Arte



O pintor japonês Jiro Yoshihara (1905 – 1972) foi um vanguardista minimalista, tendo herdado um negócio de família – uma indústria de óleo de cozinha. Suas obras podem custar centenas de milhares de dólares cada. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, À Memória de Martha. Aqui, é como uma pessoa no fundo de um poço, olhando para cima, vendo que o poço está tapado, só sobrando uma nesga de luz ao redor de tal tampa, no termo “luz no fim do túnel”. Então, a pessoa, em meio a uma crise existencial sem precedentes, tem que empreender um esforço enorme e uma paciência titânica para contornar tal vicissitude, havendo nisto a suma necessidade de trabalho, pois trabalhar é o que coloca no chão os pés de uma pessoa sonhadora – não estou dizendo que não se pode sonhar; estou dizendo que os pés têm que estar ancorados. Aqui, é um grande anel, no famoso anel de Tolkien, fazendo metáfora com as patéticas ambições humanas, na incessante busca por mais e mais poder, como o Merovíngio de Matrix – um homem que tem poder quer ainda mais poder. É um vício, uma obsessão, como num amor apegado e obsessivo, no tal uma pessoa está irremediavelmente fixada em outra pessoa, tendo que haver aí um desapego, num exercício de disciplina, como num escritor, que sabe que tem que sentar e produzir. Aqui é uma mesa redonda, democrática, sem hierarquia, na qual cada um tem peso igual, como uma roda que gira, na roda da Economia, tão debilitada por causa das complicações do infame vírus mundial. Aqui, a intenção de Jiro é estabelecer um contraste, marcante, no termo “preto no branco”, numa pessoa que está buscando esclarecimento, clareza explícita, no sensual jogo de contrastes entre Yin e Yang, fazendo com que as Ciências Exatas e as Ciências Humanas sejam gêmeas na mesma barriga, ou lados da mesma esfera. Aqui, é um grande olho onisciente, num olho que observa o Mundo sem expectativas, sempre sabendo que o Ser Humano foi feito para errar, na metáfora da borracha apagando o lápis, num eterno recomeço, numa pessoa que, ao ver a própria vida devastada, desvirtuada e empobrecida, tem que recomeçar do zero, num trabalho de terapia, pois o primeiro passo para se sair do fundo do poço é abraçar o fato de que se está no fundo deste poço. Aqui, temos o contorno de um objeto oco, num vão, como no vão do MASP, sempre respirando, sempre deixando o ar passar, alimentando os seres vivos ao redor do globo, na grande máquina autônoma que é o planeta Terra, tão rico em Vida, tão contrastante com as inóspitas esferas do nosso pequeno sistema solar, numa singularidade, numa particularidade, com pessoas que creem que estamos cercados, no Cosmos, de muitos alienígenas, os quais nos observam discretamente, numa espécie de zoológico. Aqui, é a sensação de uma pessoa que chegou à conclusão de que está andando em círculos, como nas prisões de um submundo, um mundo que promete libertar, mas que acaba apenas aprisionando, numa ironia que até tem graça. Aqui, são as ondas propagadas por uma explosão, como num megahit musical estourando nas rádios do planeta, no poder que a Arte tem em unir pessoas tão heterogêneas, fazendo com que tal magia faça com que nos esqueçamos de que o Mundo é tão duro, como nos alegres filmes de Carmen Miranda em plena sombra bélica de uma guerra mundial. Aqui, é como um olho mágico, que nos diz quem está batendo na porta, e que proíbe que quem está lá fora veja quem está dentro, num contraste que visa proteger a privacidade, a reserva, numa pessoa discreta, empenhada em trabalhar e em aparecer o mínimo possível, com o discernimento de que tudo o que tem que ficar exposto é meu próprio trabalho, nunca minha própria pessoa, no modo como é complicado o aparecer midiático, num Luis Fernando Veríssimo que mal pode caminhar na rua sem ser abordado por pessoas querendo tirar selfies com ele – deixem o cidadão em Paz! Esta obra é a marca de um copo úmido sobre uma mesa de bar, num momento de descontração, com gravatas afrouxadas.


Acima, Círculo (1). Um prato que traz os vestígios de uma luxuriante refeição italiana, num espaguete feito por quem sabe fazer direitinho, remetendo-me a um maravilhoso restaurante portoalegrense especializado em pastas e antepastos. É como no sensual apetite de uma prostituta no filme Poderosa Afrodite, de Whoody Allen, devorando um prato de massa ao molho vermelho, como dizia Dercy Gonçalves: “Você não vai morrer de fome se você for ator, pois ninguém alguma vez vai negar a você um prato de comida”. Aqui, o molho vermelho são as sanguinolentas vísceras de um herbívoro sendo devorado por um carnívoro, como na terrível Mary Tudor, autorizando a pior forma de execução, que é queimar uma pessoa viva na fogueira, no talento que o Ser Humano tem em ser o mais cruel possível, fazendo inveja ao Diabo. Aqui, temos um Sol dourado e majestoso, na magia de um alvorecer dourado, amarelo, no prazer de se acordar cedo e encarar um novo dia, uma nova lida, pois, sendo doce ou amarga, a atual página será virada, e uma nova página virá, como na canção de Elis: “Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar”. Aqui, é o rubro Sol japonês nascente, envolto por alvas brumas, como num gongo mágico, anunciando o passar das horas, trazendo Ordem e Disciplina a um reino, como numa rainha controlando os semáforos e a fluidez no trânsito, numa soberana que está nas notas de dinheiro e nos selos postais, na intenção de trazer unidade e estabilidade a tal domínio, a tal reino. Este trabalho de cerâmica traz uma rotação, um movimento circular, numa roda sempre girando, sempre funcionando, sempre trazendo fluidez às marés, no modo como Tao está sempre respirando, sempre criando, nas expectativas que um fã tem em relação ao novo trabalho de seu ídolo, no frescor de novidade, num artista em processo de crescimento e aprimoramento, fazendo com que o atual trabalho seja melhor do que o anterior, no termo as good as it gets, ou seja, cada vez melhor. Então, o artista vai deixando este rastro, esta carreira, mas nunca se apegando ao passado, pois não é melancólico e desinteressante um artista que simplesmente não soube sobreviver a uma determinada época? Aqui, temos uma cena de crime, de assassinato, com o sangue jorrado na cena, como na impactante sequência inicial de Instinto Selvagem, com a loira fatal assassinando o parceiro sexual com golpes de picador de gelo, no momento do orgasmo, numa viúva negra, no filme que fez de Sharon uma estrela, caindo nas graças de célebres críticos como Rubens Ewald Filho, o crítico que tinha uma bagagem cultural enorme, num verdadeiro cinéfilo. Este prato está dependurado, como elemento decorativo, como minha mãe, que adora usar lindos pratos como elementos decorativos, no modo se ver um uso alternativo ao prato, fazendo com que este não seja apenas um elemento de copa e cozinha, em cima de uma mesa. Aqui, é como o ato de, depois de se comer alguma comida rica em molho, raspar o prato com um pedaço de pão, como num amigo meu de Infância, o qual gostava de, depois de comer um estrogonofe que sua mãe fazia no aniversário dele, raspava o prato com um pedaço de pão, num ato de aproveitar ao máximo o prato, numa ocasião especial. Aqui, é uma máquina de lavar roupas, sempre em ciclo, sempre girando, nessas grandes invenções que fazem com que a vida fique mais simples, como na genial invenção de algo tão simples como a Roda. Aqui, as pinceladas são contornos, como numa mulher maquiando a área ao redor dos olhos, deixando o centro exposto e intocado, no modo como a maquiagem tem a função de realçar a beleza natural da mulher, como numa moldura, a qual tem que fazer jus à obra emoldurada. Aqui, é como uma letra O, deixando um espaço vago no meio, assim como é Tao, sempre discreto, nunca se apoderando por completo, como numa pessoa subestimada, a qual acaba por surpreender a todos, numa pessoa se reinventando, procurando novos modos de se expressar frente ao Mundo, este Mundo que por vezes pode parecer tão duto e insensível – não tenha medo.


Acima, Círculo (2). Uma gota caindo incessantemente, aos poucos, em passinhos de bebê, num processo se desenrolando de forma silenciosa, discreta, ao ponto da pessoa não perceber isso em andamento, só se dando conta no último momento, em que o quadro está irreversível, numa pessoa que precisou cair e reerguer-se. É como a gota na sessão de tortura, caindo incessantemente sempre no mesmo ponto da cabeça do torturado, numa das inúmeras manifestações da crueldade humana, numa pessoa que, definitivamente, não sabe o que é compaixão nem o que é se colocar nos sapatos do outro, do irmão, do igual. Aqui, temos um quadro vibrante, colorido, como na flora e na fauna de um ecossistema tropical, luxuriante, encantando as nações de clima temperado, menos exuberantes, como ouvi falar de uma mulher americana que, ao desembarcar do avião no Brasil, o fez de botas de cano alto, temendo que imensas cobras tropicais estivessem andando tranquilamente pela pista de ouço e decolagem, no modo como Carmen Miranda se tornou essa espécie de embaixadora das terras latinoamericanas. Aqui, temos uma ilha no centro, bem isolada, cercada de água, como uma pessoa que foi se fechando aos poucos, entristecendo-se aos poucos, chegando a um ponto de ter uma vida solitária, digna de um lobo solitário uivando sozinho numa noite enluarada. Aqui, um grande olho contempla o espectador, desafiando este, desnudando este, como no inclemente olho onisciente do Big Brother, invadindo privacidades, como no filme Invasão de Privacidade, com câmeras secretas bisbilhotando a vida íntima de um condomínio inteiro, no redentor final, em que os monitores do voyeur são destruídos, numa libertação, como numa pessoa fofoqueira, que leva uma vida desinteressante ao ponto de nada produzir, só lhe restando cuidar da vida dos outros, enquanto ninguém está cuidando da vida do fofoqueiro... Aqui, o azul traz um Sol majestoso, algo raro como um país brumoso e gélido como a Inglaterra, com a raridade que são lá dias de Sol vibrante, acalentador. Então, a pessoa se refugia nesta ilha, talvez numa rotina disciplinada de produtividade, na “bagunça organizada” que é o atelier de um artista, num microssistema em que só o próprio artista consegue se encontrar e organizar-se, num ambiente orgânico, em que a pessoa tem intimidade de irmão para se encontrar em algo que, aos olhos dos outro, é puro caos. Aqui, é como o planeta Vênus passando pelo Sol causando um insignificante eclipse na Terra, na louca dança de planetas, satélites e planetas anões em tantos e tantos sistemas solares, numa vastidão que dá uma ideia do poder imensurável de Tao, o Pai que nos deu o presente da Vida Eterna, pois, na finitude da Matéria, nada tem sentido. Aqui, é como aqueles castelos medievais, como em desenhos animados de Pica Pau, com ávidos crocodilos nadando ao redor da edificação, tratando de espantar quaisquer bárbaros saqueadores, na avidez humana por riqueza, com túmulos de faraós sendo saqueados aos poucos, anos ou meses depois do enterro no Vale dos Reis, a Disneylândia dos arqueólogos, no modo como me excita visitar o novo Grande Museu Egípcio, no Cairo, nesta terra tão árida, tão dependente das águas do Nilo. Aqui, é como um anel, tentador como o anel de Tolkien, seduzindo o caráter dos homens mais íntegros, seduzindo pelo Poder, esta droga que ceifa tantas almas íntegras, num Getúlio Vargas, poderoso e infeliz ao ponto de ceifar a própria vida, numa Cleópatra suicida, lendária, no exemplo de como o Ser Humano ignora Tao, que é a razão de tudo. Aqui, é o ânus pelo qual sai o que é dispensável, num trabalho diário, numa rotina, no termo “enxugar gelo”, como na repressão da drogadição e do tráfico, no modo como a Cocaína, por exemplo, tem o poder de destruir vidas, como um senhor que conheci, sequelado, condenado a viver o resto de seus dias numa clínica psiquiátrica. Aqui, temos um círculo querendo se impor ao outro, numa competição, nos jogos que tanta audiência televisiva dão, no prazer de se assistir um embate de titãs, nas feias carnificinas que são os concursos de Beleza.


Acima, sem título (1). Algo aqui a ser assinalado, delimitado, como num trecho importante num texto, ressaltando um momento importante, uma parte representativa. É como um monitor de televisão, no modo como é desinteressante ficar zapeando ao léu, buscando pequenas drogas de pura distração, no posicionamento espírita: Televisão é só para que eu assista a algo que eu realmente quero assistir, pois, quando este programa acaba, tenho que desligar o aparelho e ir fazer outras coisas. Aqui, é uma metalinguagem, com retângulo falando de retângulo, ou seja, retângulo acolhendo retângulo, como a mar, digo, a mãe com o bebê, na poderosa imagem do binômio Virgem & Jesus. É como na logomarca da Rede Globo, com um grande globo abrigando um globinho, sendo este emoldurado pelo formato da tela de TV. Aqui, a linha é incerta, humana, talvez infantil, no modo como a personagem Phoebe de Friends, a qual se sentiu acariciada ao ouvir que sua letra se parecia com letra de criança, no encanto da Ciudad de los Niños, na Argentina. Este retângulo vazado pulsa inquieto, nunca perfeito, nunca presunçoso, ciente de que as imperfeições são o canal para que se aprenda, no eterno perdão de Tao, que sabe que seus filhos estão crescendo, num filho que almeja, um dia, tornar-se um espírito perfeito, um arcanjo, para, assim, gozar da suprema felicidade intergalática, no modo como o trabalho, o labor, jamais cessa, pois qual seria o objetivo de uma eterna aposentadoria? Ou seja, você pode se aposentar, mas não pode ficar improdutivo, pois a vida improdutiva é um sofrimento. Aqui é um plano todo negro, denso, sem permitir que o vejamos muito além, como observar o Mundo com um véu na cabeça, impedindo que façamos juízo preciso, no modo como o Desencarne é a remoção deste véu, num espírito que pode, então, ver tudo do modo mais realista e pés no chão possível, e só o trabalho traz tal lucidez, no modo como só o trabalho é o que pode fazer uma pessoa dar a volta por cima, como num ator, que ficou por anos ocioso, tendo que se reencontrar com o velho mercado, voltando a produzir com seriedade e disciplina. Aqui, é como uma letra O, no modo como as letras permitem que haja um vazamento, para que possamos ver através da letra, na sabedoria da letra, que é nunca se opor ao plano de fundo, sempre deixando este respirar, como numa pessoa que sabe que ninguém, absolutamente ninguém pode mudar o Mundo, pois nem Jesus Cristo, nosso Supremo Senhor, soube varrer as guerras da face da Terra. O que pode (e deve) mudar é o modo como me relaciono com tal Mundo. Aqui, é uma espécie de planeta quadrado, com suas quinas esperando para ser aparadas, como nos cantos de mesas de vidro, polidos, para que o usuário não se machuque, numa pessoa que decidiu amar o Mundo, poupando este de se ferir, como jogar cacos de vidro no lixo seco – sempre coloco os cacos numa caixa fechada, com um expresso bilhete na tampa, sinalizando de que se tratam de perigosos cacos cortantes, pois amar é se colocar nos sapatos do outro. Aqui, a dura perfeição matemática é desafiada pela tortuosidade humana, na relação irônica de continuidade entre racional e fluidio, no modo como apolíneo e dionisíaco são extremos da mesma corda, pois o Universo, com todas as suas dimensões, é um só, numa suprema Internet, interligando os confins eternos do ventre de Tao, nossa Mãe Fina, Virtuosa e Eterna. Aqui, é como um fantasminha, como na divertida mansão assombrada no parque de Disney, na Flórida, um lugar sombrio e, ao mesmo tempo, divertido, como na turma de Penadinho, do genial cartunista Mauricio de Souza, no tato de se falar de assombrações sem assustar as crianças, no dom que Walt Disney teve em tocar as mentes e os corações das crianças, um dom divino de amar e compreender as crianças, pois dizia Jesus: “Vinde a mim as criancinhas!”. Aqui, é um rascunho, como num designer, um publicitário rasurando algum anúncio, alguma inteligente manobra de Mercado, empenhado em encantar as crianças, como criar o universo de um super herói, no modo infantil e inocente de se acreditar em magia, longe dos adultos empedernidos.


Acima, sem título (2). É como a visão aérea de uma bomba, nos incríveis genocídios dos quais o Homem é capaz. É a visão aérea de um furacão, na contradição de que, no olho dele, no centro, está tudo calmo e estável, como dizia o slogan de uma fragrância de Jennifer Lopez: “No olho do furacão, estou estável”. É uma roda que nunca para de funcionar, como Tao, sempre funcionando, sempre produtivo, tirando também momentos de lazer, no inferno que é a vida de um desencarnado que não quer trabalhar, como num filme espírita, num espírito indolente que disse: “Já estou há seis longos anos desencarnada”, e um espírito, buscando auxiliar, indagou: “Mas minha filha, não há um trabalho aqui, no Plano Metafísico, que desperte teu interesse?”. É como uma pessoa de minha família, uma pessoa que vivia ao sabor do vento, e que nada construiu em vida, contando ainda com um grande percalço – o Alcoolismo. Tudo que eu quero é que esta pessoa, lá em cima, esteja tendo uma vida produtiva, pois é maravilhosa a sensação de se sentir útil ao Mundo, no modo como, quando vou à casa de alguém para jantar ou almoçar, faço questão de ajudar a lavar os pratos. Aqui, é um biscoito, ou um donut, o lanche preferido do personagem gordinho Homer Simpson. É um disco de long play ou um CD, na revolução que está acometendo a indústria fonográfica mundial, pois se foram os tempos do fetiche, do material, do ir a uma loja e adquirir um produto, chegar e casa e colocar o negócio para tocar – hoje é tudo download, e é uma coisa muito louca, pois uma discoteca inteira cabe num pequeno pendrive. Aqui, é um círculo, uma aldeia indígena, com uma fogueira ao centro, o astro rei, o regente aquecendo e iluminando um sistema inteiro, num pai zeloso, que nunca nada deixou faltar em casa, ou como uma mãe zelosa, que sempre deixou a casa na mais completa ordem, dando conta do serviço de lavar e passar as roupas da família inteira, na loucura do dia a dia de uma casa com vários filhos, como me dizia minha mãe ao me acordar cedo: “Acorde e vá enfrentar a vida!”. Então, entra em cena a Disciplina, e o Id, o princípio do Prazer, tem que ser derrotado por tal fator disciplinador, como numa professora de balé que conheci, uma pessoa de uma disciplina espartana, mas, em compensação, uma pessoa com pouco senso de humor, como diz Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Aqui, é algo circular que protege o que está no meio, talvez numa mulher grávida, talvez numa embalagem para proteger um frágil instrumento musical, no instinto do bom pai e da boa mãe, que é proteger o filho e, ao mesmo tempo, nunca sufocar o mesmo, pois a pessoa tem que se relacionar com o Mundo lá fora. Aqui, é como o buraco da gola, na pessoa enfiando a cabeça para se vestir. É o princípio do vazio de Tao, pois temos que entender que ser vazio é ser útil ao mundo, pois Tao é um Pai que jamais sufoca ou reprime o filho, sempre deixando respirar, funcionar e viver, pois sabe que Liberdade, Felicidade e Amor andam juntos, ao contrário dos estados totalitários ditatoriais, os quais, simplesmente, proíbem que o cidadão se expressar com Liberdade. Aqui, Jiro quer fazer um contraste entre o vibrante laranja e o denso preto. O preto é a cor da Discrição, entrando em plena moda nos Anos 90, numa pessoa divertida que conheci, a qual, quando via alguém vestido de preto dos pés à cabeça, perguntava: “Onde é o enterro?”. Aqui, este anel é imperfeito, pois as perfeições podem ser maçantes. Como ouvi certa vez um astrônomo brasileiro: “São exatamente as imperfeições o que faz o Universo funcionar”. Aqui, é como um achado arqueológico, numa peça que sofreu erosão com o passar do tempo, como na descoberta da intacta tumba do rei Tut, a tumba que sobreviveu ao apetite impiedoso de saqueadores, como no personagem de cartum Hagar, o bárbaro que saqueava reinos da Europa. Aqui, é uma pérola barroca, imperfeita, interessante em sua despretensão, na ilusão que é buscar a perfeição, numa Vida que não foi feita para ser perfeita.


Acima, sem título (3). É o teste antidrogas feito pela Polícia Federal nos aeroportos do Brasil, num reagente químico rosa que, pingado no pó branco, fica azul e prova que aquilo é cocaína, nas tristes histórias dos “mulas”, as pessoas aliciadas pelo Tráfico para fazer o transporte clandestino internacional. Aqui, é uma flor rubra lutando para sobreviver num mundo frio e inóspito, na luta pela Vida, por um lugar ao Sol, no modo como só o Trabalho é que pode fazer uma pessoa dar a volta por cima, como numa pessoa que conheço, uma pessoa que está deprimida e desnorteada, sem saber um norte para sua vida, como me dizia uma pessoa que me ama: “Tu vais dar um norte para a tua vida”. Aqui, é como uma grande esfera azul, com vastos oceanos, e um tímido e pequenino continente no meio de tudo, como num reino isolado, numa ilha, como o Havaí, produzindo uma cultura popular única no Mundo, no modo humano em imaginar o que vem depois de tudo, como no Homem Europeu de outrora, na crença de que a Terra era plana e de que, num certo ponto, os mares caíam num precipício infinito. Aqui, é como a foto aérea do continente gelado, a Antártida, um lugar que dá uma amostra da inospitabilidade das esferas de nosso sistema solar. Aqui, o vermelho é como uma infecção crescendo e tomando corpo, num processo que vai tomando forma, até condenar por completo tal organismo, numa deficiência imunológica, numa doença perniciosa que ceifa lentamente uma vida. É um embrião se desenvolvendo lentamente, dia após dia, na polêmica do aborto: A partir de qual ponto o embrião é um ser humano? Aqui, é como uma panela sendo mexida com um fundo predominante e uma pitada de algum ingrediente, num processo de incorporação, de mistura, como numa pessoa que vai lentamente se entrosando com colegas do colégio ou faculdade, num processo absorvente. É a mancha de sangue no absorvente da mulher, mostrando à menina que ela não mais é menina, no ato espontâneo que é a criança, ao se desinteressar pelos brinquedos, guardar estes, entrando na pré adolescência e começando a se interessar por Sexo. Aqui, é um pingo de exceção, num pingo minimalista, nunca querendo se apoderar do quadro inteiro, num recato discreto, na forma como, num baile de gala, os vestidos mais simples são os mais belos, pois a simplicidade de Tao é limpa, na gloriosa sensação de se sair de um banho bem tomado, na sensação de renovação, de revigor, como cortar o cabelo, sentindo-se de volta ao status de ser civilizado, na gloriosa sensação de se ir a Porto Alegre e visitar os museus da capital gaúcha. O traço de Jiro é trêmulo e incerto, infantil, como em Basquiat, com traços que trazem essa deliciosa imaturidade, no modo como é importante que todo adulto conserve, dentro de si, uma porção infantil, brincalhona. Aqui, é um bombom com recheio, cortado ao meio, no modo científico de cortar e analisar, como na exposição de cadáveres dissecados, revelando os segredos do complexo Corpo Humano. Aqui, o tímido rosa é como um cachorro recém chegado numa casa nova, com novos donos, e é necessário um período de adaptação, para que o cachorro comece a ter afeto pelo dono, confiando neste. É como no ato de se fazerem novos amigos, como numa criança, no primeiro dia de aula, encarando novos amiguinhos, novas pessoas, até atingir o ponto do entrosamento, com amigos que começam a ser uma parte tão importante da vida da criança. Jiro traz este minimalismo japonês, esta elegância polida nipônica, num povo limpo, polido, recatado. Aqui, é o nenê no colo da Virgem, na nutrição do leite materno, no modo como, já disse neste blog, é gloriosa a sensação de se chupar uma caixinha de leite condensado, na magia dos lanches da tarde, assistindo desenhos animados. É como um bolinho recheado, ou um churro, recheado de doce de leite, no divertido episódio de Chaves, às voltas com churros, no fascínio que os doces exercem sobre o Ser Humano, no modo como, no Plano Metafísico, há confeitarias!

Referências bibliográficas:

Jiro Yoshihara. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara. Disponível em: <www.inavaluable.com>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara. Disponível em: <www.phillips.com>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara. Disponível em: <www.wikiart.org>. Acesso em: 19 mai. 2020.
Jiro Yoshihara Obras. Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 19 mai. 2020.

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