Francês de 1966, Thierry
Guetta, radicando-se nos EUA, adotou o nome artístico de Mr. Brainwash, algo
como Sr. Lavagem Cerebral. Tornou-se
artista de Rua de Los Angeles e já fez nove grandes mostras. BW é discípulo de
Andy Warhol, o monstro sagrado da Pop Art. Os textos e análises semióticas a
seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Cavalo de Tinta. Aqui, temos uma forte irreverência, pois temos o
tradicional com jovial – o cavalo é a tradição, o garbo, a beleza clássica, a
elegância de um dos bichos mais majestosos que Tao já fez; as tintas quebram
com essa tradição, e trazem todo um novo frescor, quebrando barreiras e
aparando sisudas arestas. O cavalo é possante e forte, como o possante Gato
Guerreiro, o amigo de He-Man. O cavalo é a força, numa pessoa com muita vontade
de viver e produzir. É como uma pessoa que se deparou com a inevitável
vicissitude, tendo que tirar força do fundo da alma para empreender um esforço
enorme e sair de tal fossa, num paciente e persistente trabalho de
reconstrução, assim como a Festa da Uva de Caxias teve que se reerguer depois dos
horrores da II Grande Guerra, como persistentes formiguinhas, tendo que
reconstruir o formigueiro depois de alguma destruição ou desolação, como num
trabalho de restauro arqueológico, tentando reconstruir eras há muito
destruídas pela simples passagem do Tempo. Aqui, MB nos traz a inevitável
sujeira das ruas, com rebeldes pichações, numa terra de ninguém, em que todo
mundo quer deixar uma marca, havendo no vândalo tal frustração, numa pessoa
que, definitivamente, não está sabendo se expressar para o Mundo, sendo
altamente incompreendido por este, pois como o Mundo pode gostar de sujeira, de
desnecessidade? As latas estão jogadas, num artista que, depois de fazer a
obra, não quis colocar ordem no próprio atelier, numa bagunça onde só o próprio
artista sabe se orientar. As cores são a diversidade, a alegria do arco-íris,
num momento colorido de festa, de congregação, num momento em que o labor sério
dá espaço a um momento de descontração, tendo que haver, na Vida, um balanço
ponderado entre trabalho e diversão, pois, como diz Stephen King em O
Iluminado: “Muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack
um bobão”. É uma pessoa que já passou por umas de workaholic, tendo que aprender
que a Vida não é só feita de siso, de sacrifício, numa pessoa que simplesmente
não se dá aos gostosos pecadinhos, como Gula e Preguiça, ou Luxúria. Podemos
imaginar MB jogando as tintas aleatoriamente. É como se uma bomba atômica
tivesse caído sobre uma fábrica de tintas, numa espécie de destruição positiva.
O cavalo é uma pessoa forte, que quebrou a cara várias vezes e que teve que se
reerguer depois de um inacreditável e miserável fundo de poço. Aqui, a obra de
MB se mescla com as ruas, e as pichações não deixam de ser coloridas, numa
pessoa querendo demarcar território, como um cachorro urinando aqui e ali, como
no instinto de se perseguir uma fêmea no cio, como numa cachorrinha que tive, a
qual, no cio, atraiu olfativamente um macho, que pulou a cerca e copulou com a
fêmea. Aqui, temos uma bonita sujeira, num artista que, depois de “vandalizar”
o cavalo, não se deu ao trabalho de jogar fora as latas vazias, como numa casa
de acumulador compulsivo, com montanhas de objetos inúteis ou insalubres, numa
casa que é o retrato do Inferno, numa pessoa enterrada viva, envolta em seus
apegos materiais. Esta obra de MB me remete ao inesquecível Coringa de Jack
Nicholson, quando o vilão entrou num museu e simplesmente vandalizou
inestimáveis obras de Arte, como pintar um busto romano imitando as cores do
vilão, numa cena de violação, num vilão disposto a destruir tudo e todos, no
desejo do sociopata de simplesmente trazer o Mundo ao fim, numa obsessão
apocalíptica, pois, se só o Amor constrói, como pode haver Amor num coração que
quer só destruir? Podemos ouvir o som das latas sendo jogadas ao chão, e ouvir
o relinchar do cavalo. Aqui, é como num degradante trote universitário, num
momento em que os sádicos veteranos mostram ter, de modo nu e cru, toda a
patetice e deselegância humanas.
Acima, sem título (1). Um
bom arquiteto para projetar um bom museu, com um jogo complexo de escadas e
níveis, como as místicas escadas errantes de Harry Potter, num MB que soube
preencher tal espaço, quebrando a neutralidade branca das paredes. Uma
gigantesca lata vândala de tinta se derrama pelo espaço, como num acidente, num
momento breve de descuido que acabou por detonar tal “bomba”. Podemos ouvir o
som do líquido sendo derramado, na cândida cor pink de Barbie, um arquétipo
feminino poderoso, na busca por Beleza e Felicidade, buscando fazer metáfora
com o Nível Metafísico, a dimensão onde as enfermidades cessam para sempre, no
grande e inestimável presente que é a Eternidade, a prova da indefinição
enigmática de Tao, o inesgotável. Mais ao fundo, vemos um grande pincel fálico,
derramando tinta amarela no chão, como se fosse o dedo divino, caído do Céu, no
modo como muitos creem que a Humanidade foi instruída e educada por alienígenas
no passado, numa espécie de colonização, de empurrãozinho, no modo como é
complicado contemplar as estrelas e duvidar de que há outras formas de Vida
orgânica ou inteligente. O Pincel pingando é como uma fonte incessante de Vida,
assim como o Bem é eterno, contrastando com a medíocre finitude das intenções
malévolas, como todos nós vamos conhecer muitos e muitos psicopatas em nossas
encarnações, pessoas que serão visitadas no Umbral por espírito bons, que
querem tirar essas almas sofredores de tal ambiente degradante e odioso, na
questão do Livre Arbítrio – se quero estar no Inferno, ninguém pode me tirar
dali. Mais ao fundo vemos um colorido cavalo pulando, nos ímpetos artísticos,
na coragem de se fazer ver, de se expressar com coragem, quebrando barreiras e
trazendo novos tempos, novas percepções, como no pioneirismo de Coco Chanel,
aniquilando rançosos paradigmas, substituindo joias por bijuterias e fabricando
os famosos taileurs encurtando saias, numa marca que se tornou, simplesmente,
símbolo de Feminilidade, no modo como dá gosto de se ver uma mulher elegante e
bem vestida. O cavalo é a força da imaginação, como diz Madonna em na icônica
canção pop Vogue: “Tudo de que você
precisa é da sua própria imaginação. Então use-a – é para isso que ela serve”.
O cavalo é o tesão a vontade de viver, num momento em que a pessoa dá tudo de
si, dedicando-se ao labor, ao prazer de se fazer coisas boas, coisas
pertinentes, coisas legais. A lata derramando é o vômito catártico, num momento
em que a pessoa tira de dentro de si mesmo algo que lhe estava fazendo mal, num
alívio, numa limpeza de pele, extirpando acnes e impurezas. A lata é o líquido
de placenta trazendo um bebê ao Mundo, como no excruciante parto de uma mãe
brasileira, a princesa Isabel, com 48 horas de trabalho de parto – Jesus do
Céu, como é duro ser mulher. Aqui, vemos um vazamento, talvez no infame site
Wikileaks, expondo escandalosamente segredos de alta confidencialidade, como
entrar numa cozinha, acender a luz e ver baratas passeando pelo chão,
assustadas pela luz, como no escândalo de corrupção na Parmalat, numa
revelação, como um formigueiro sendo violado, revelando o intenso movimento de
formigas dentro. Aqui, temos uma certa metalinguagem, pois é tinta falando de
Arte, ou seja, MB nos traz os materiais de trabalho para fazer destes o motivo
da obra, ou seja, Arte falando de Arte, mostrando o pezinho de MB na Pop Art,
um movimento que pega coisas já concebidas e as transformam novamente em Arte,
numa releitura, fazendo menção à Cultura de Consumo, num Mundo que os não
endinheirados são simplesmente invisíveis aos olhos de tal cultura, na
crueldade humana em maltratar quem pouco tem. A tinta é como um corte na pele,
numa cascata de sangue, revelando o que há no interior de nossos corpos. Aqui,
temos uma espécie de cascata seca, nas forças naturais, incessantes, possantes,
assustadoras, como na força das cataratas de Foz do Iguaçu.
Acima, sem título (2). MB
gosta deste aspecto de tinta derramada, como se fosse fresca, no frescor que
cada artista tenta trazer ao Mundo, como no sopro renascentista de renovação,
num(a) cantor(a) que se esforça para fazer um videoclipe maravilhoso, digno de
marcar época, pois existe artista que não deseja se destacar? Como diz na
canção da banda Tears for Fears: “Todo mundo quer dirigir o Mundo”, no modo
como tal obsessão por sucesso e êxito inspirou o nome da famosa fragrância
internacional, o perfume Obsession. Aqui, temos um aspecto de lixão, pois
muitas arcaicas máquinas de datilografar estão amontoadas, jogadas fora,
desprezadas, descartadas, símbolos de uma época que, definitivamente, passou,
como na longeva firma de produtos químicos de minha família me Caxias do Sul,
uma firma de mais de cem anos de idade, que passou por uma época em que
máquinas de datilografar eram o último grito vanguardista de Tecnologia. As
máquinas são a passagem do Tempo, na incessante fome humana por inovações e
novas tecnologias, num futuro em que o telefone celular terá apenas um
milímetro de espessura. Podemos ouvir o som das máquinas sendo datilografadas,
no som de encerramento das antigas edições do televisivo Jornal Nacional, um
som que era a identidade da vida de jornalista, no som das redações em TVs,
rádios, jornais etc., pois a Ciência não tem limites, sempre conduzindo o Ser
Humano, esperando que este desenvolva o tão necessário apuro moral. Na minha
infância, eu muito datilografei, numa época pré Word, sendo este o recurso
inteligente de se editar um texto antes de ser devidamente publicado, quando
que nas remotas máquinas um erro de ortografia era impiedosamente perene na
folha de papel. As máquinas desprezadas são as pessoas desprezadas pela
impiedosa Sociedade de Consumo, num Mundo cruel no qual os ricos são vistos
como felizes, indo contra a crença espírita, para a qual os ricos ficam
reduzidos a um estado de infelicidade inacreditável. As máquinas são como um
monte de fezes, nos trabalhos diários de evacuação intestinal, havendo nos
lixões as brutas arestas do Mundo Físico, um mundo cheio de suas vicissitudes,
com limitações como tomar banho, dormir, alimentar-se, quando que, a nível metafísico,
o espírito está livre de tal influência orgânica, libertando-se em uma vida
plena, como na metáfora do filme Elysium,
no qual uma máquina era capaz de curar toda e qualquer doença. Aqui, temos um
cenário de descarte, como amigos esquecíveis, amigos fúteis, os quais só
existem na hora do oba-oba, desaparecendo quando a situação fica mais séria – é
bom olhar nos olhos de um velho amigo de verdade, aquela pessoa que será por
nós plenamente reconhecida no Plano Metafísico. Acima desta descarga de resíduos,
um quadro cheio de letras, no modo como foi a Letra que tirou o Ser Humano da
Pré História, trazendo a era das civilizações, como escrivões em caravelas
portuguesas, tomando notas para prestação de contas ao Rei, no ponto de guinada
universal que é a democratização da Letra e do Conhecimento, proporcionando que
todo Ser Humano entre para a Civilização. As letras aqui são como os painéis de
Pré Escola, nos princípios da alfabetização da criança, no papel essencial de
professor, como uma professora que tive na Pré, que é inclusive minha amiga no
Facebook: Obrigado, professores, pois vocês são importantíssimos. As letras são
a ânsia por Comunicação, por trocar ideias, na capacidade de um grande escritor
em se comunicar com clareza, como meu ídolo Luis Fernando Verissimo, um homem
discreto, apesar de célebre. Esta obra é abrigada por uma grande parede negra,
na cor do submundo, num lugar infeliz e sujo, cheio de malícia, de
desnecessidades, de frescura e de futilidade. O preto é a cor do Umbral, do
nada, da privação, como uma pessoa tateando num quarto escuro, sem noção de
Tempo ou Espaço. As máquinas abandonadas são os dentes de leite caídos, na
memória de Infância que tenho, na “formiguinha” me dando dinheiro quando eu colocava
meu dente caído atrás da porta de meu quarto!
Acima, sem título (3). Aqui,
temos algo titânico, como num imponente Michael Jackson pisando no palco, muito
além da personalidade doce e gentil do artista. Aqui, é como uma aberração de
Frankenstein, num assemblage, numa
mistura de partes de cadáveres, no modo como a Sociedade vê os transgêneros
como aberrações, em não como pessoas. MB gosta de aspectos vintage, trazendo às suas obras aparelhos tecnologicamente
obsoletos, como as televisões de tubo aqui, remetendo-me à minha infância, numa
época em que tínhamos que levantar do sofá para trocar de canal, numa época
simples, em que éramos felizes com apenas alguns canais da TV aberta, na
simplicidade infantil, longe das sisudas exigências adultas. Aqui, temos uma
congregação, e cada televisor transmite o que quiser, numa pluralidade em que
as diferenças precisam ser respeitadas, como num regime democrático, em que o
cidadão tem que ser respeitado em suas escolhas, no modo como plano da Política
é marcado por tanta intolerância, algo muito fora das nobres intenções de
Democracia e Liberdade. Aqui, é como o ícone do Cinema, o Robocop, um ser
apenas cuja cabeça foi preservada, sendo substituído por um corpo robótico,
fazendo metáfora com a construção técnica do espírito, no caminho da mortificação,
em que a pessoa fica livre das dores emocionais, aprendendo a observar, sem
expectativas, o Mundo, pois este não muda, só mudando o modo como me relaciono
com tal Mundo, pois Tao observa o Mundo sem expectativas, consciente das
limitações de cada um de seus filhos, desejando que estes cresçam e se tornem
arcanjos, os espíritos evoluídos e perfeitos, que gozam da Suprema Felicidade.
Aqui, o colosso analógico ameaça caminhar e esmagar tudo e todos à sua frente,
como nos gigantescos robôs de seriados de aventura japoneses, como os Changemen, com robôs guiados por super
heróis, fazendo da máquina uma extensão do Corpo Humano, como o Telefone e a
Internet são extensões da voz e do intelecto humanos, com robôs que simbolizam
a vitória do Pensamento Racional, dos remédios da Medicina, num robô titânico
enfrentando horrorosos monstros, que são os vampiros psicopatas, as forças
animalescas que ameaçam a Paz Inabalável Metafísica, ou seja, a pessoa de má fé
está “dando murro em ponta de faca”, pois o Bem sempre, sempre acaba
triunfando, antes ou depois do Desencarne. Aqui, temos uma democrática
diversidade de opiniões e de posicionamentos, e podemos ouvir o som de tal
pluralidade, com cada monitor falando e se expressando, talvez na inevitável
competição entre os veículos de Comunicação, com emissores concorrendo pela
atenção do telespectador durante o Horário Nobre, como na divertida rivalidade
entre Globo e SBT, no episódio célebre o qual presenciei, quando a Globo, na
última hora, resolver transmitir dois episódios de uma telenovela, para, assim,
bater de frente com a emissora de Silvio Santos, a qual não arredou pé enquanto
a novela da Globo não terminasse naquela fatídica noite, e a competitividade, o
embate, não são divertidos para quem observa e assiste? Aqui, é como a
empregada robótica Rose do desenho futurista Os Jetsons, num futuro em que a Tecnologia representa tudo no
Mundo, na intenção positivista científica em promover a evolução e o
aprimoramento da Humanidade, no conceito de Ordem
e Progresso. Imaginamos a trabalheira que deve ter dado a MB construir esta
obra, num gesto de pura dedicação, como nuns dos artistas plásticos mais
maravilhosos da História – Christo e Jeanne-Claude. E esta é a função áurea da
Arte – causar admiração, comoção e inspiração, fazendo da Arte algo muito
distante da desnecessidade, pois Arte é uma questão de Saúde Mental. A Ciência
tem que servir ao Ser Humano, e não ser usada para guerras, como na cruel Bomba
Atômica. Aqui, o robô está à disposição, como o traiçoeiro robô Bishop na
franquia Alien, ou o sorrateiro robô
de 2001, mostrando que, sem um bom
coração, não há tecnologia que faça milagre, como num inteligente cientista
querendo trazer ao Mundo a cura do Câncer.
Acima, sem título (4). Aqui,
temos uma ironia irreverente, pois é um ponto turístico, em que os turistas
gostam de tirar foto, e há, concebida por MB, uma pessoa como se estivesse
tirando foto! Temos uma candura, no modo como a pessoa não pode permitir se
tornar amarga, empedernida e insensível, como uma amiga que tenho – ou tive –,
a qual está se tornando dura como pedra! Saia dessa, mulher! Aqui, MB diz que o
Amor é lindo, e que o Mundo precisa menos de Ódio e menos de Guerra. O vermelho
é a cor dos enamorados, no gostoso pecadinho da Luxúria, num casal em plena intimidade
na cama, deixando o Mundo lá fora enquanto fazem amor entre quatro paredes. O
vermelho é o sangue vibrante que pulsa, no vigor de um artista sedento por
produzir e ser destacado, no modo como todos temos que ter alguns sonhos, pois
a Vida não é só árduo labor – você pode cuidar de uma casa, mas não precisa
fazê-lo o tempo todo, como no NAVI, o Núcleo de Artes Visuais de Caxias do Sul,
uma instituição na qual artistas se reúnem no período da tarde para produzir;
ou como num centro espírita que conheço, o qual só funciona na parte da tarde,
ou seja, ninguém precisa mais do que uma manhã para cuidar de uma casa. O vermelho
intrauterino é da cor dos bordéis, cheirando a Sexo, no termo “abajur cor de
carne”, ou na famosa Casa da Luz Vermelha, de Jorge Amado. É a cor de frutas
deliciosas como morango e framboesa, num perfume doce e sedutor, numa mulher
que se apruma ao máximo para sempre reconquistar o namorado ou o marido, afim
de que o relacionamento não entre numa mesmice destrutiva. Aqui, temos um lindo
dia de Sol, como nos casais que querem fazer uma viagem romântica a Paris, com
sonhos de Lua de Mel. Aqui, são irresistíveis lábios doces, como numa canção em
Inglês: “Lábios como açúcar, beijos açucarados”. É na linha clara linha
divisória entre fazer Sexo e fazer Amor, sendo este baseado na intimidade, mais
doce, menos animalesco, como na personagem Tereza, de José Clemente Pozenato,
uma mulher que, com seu marido, só sabia o que era Sexo, e que, com o amante,
finalmente descobriu o que é fazer Amor, na questão de que grana compra tudo,
menos Amor, cumplicidade e intimidade – o melhor da Vida não está à venda.
Aqui, este fotógrafo em vermelho é a curiosidade, o ímpeto de um fotógrafo,
como no mestre Sebastião Salgado, viajando em aventuras ao redor do Mundo,
clicando imagens de incrível apuro técnico, no charme elegante das fotos em
preto e branco, na cor das telas nos primórdios do Cinema, quando astros e
estrelas passaram a seduzir tudo e todos, fazendo metáfora com a beleza dos
espíritos desencarnados, entes para sempre jovens, belos, vigorosos, produtivos
e divertidos, pois, após a vírgula do Desencarne, a Vida continua, e tomos
temos que sair em busca de algum trabalho, de alguma ocupação nobre. Aqui, a
caligrafia é doce, no aspecto de um cuidar do outro, como num casal em minha
família, com um parente que enfrentou um câncer, e foi, o tempo todo no
tratamento, acompanhado pela devota e amorosa esposa, numa lição aprendida na
Igreja: “Na Saúde e na Doença”. O fotógrafo aqui é um jovem rapazinho, no modo
como certas pessoas se sentem muito jovens, ainda com tanto por descobrir. O
fotógrafo é o desejo de conhecer e desbravar o Mundo, desvirginando trilhas em
“matas virgens”, no modo como cada pessoa tem que ser autodidata e desbravar
seus próprios caminhos, podendo até de inspirar em Fulano, mas nunca querendo
ser exatamente igual a Fulano, na dádiva inspiradora de grandes artistas,
chamando a atenção do Mundo para a magia da Arte. Este pequeno e rubro
fotógrafo é o tesão pela Vida, numa pessoa que encontra prazer em fazer o que
faz, num expediente que passa voando, de forma leve, pois que trabalho é este
que me faz sofrer? Podemos ouvir aqui o rapazote pedindo atenção do casal, e o
momento do som do clique é o que é capaz de eternizar momentos, fazendo metáfora
com o Nível Metafísico, no quase o Tempo não existe, pois é a Eternidade, como
num Albert Einstein, o qual não tinha noção de Tempo no seu dia a dia.
Acima, sem título (5). Aqui,
temos uma das principais marcas registradas da Pop Art, que é a repetição
industrial, serial, como numa esteira de fábrica, fazendo bens de consumo, no
divertido modo de querer fazer da Arte tal comoção mercadológica, tal sucesso
de vendas, fazendo alusão à Cultura de Massa, com vinis e CDs sendo vendidos
loucamente nos anos 80 ou 90, por exemplo, num ponto em que Arte e Mercado tentam
se aproximar e se conciliar, na linha entre ser um genuíno artista e ser,
também, um mestre de vendas, como num certo artista, cujo nome não mencionarei,
uma pessoa que busca, num desafio, aproximar o comercial com o catártico. Aqui,
temos um sisudo senhor de óculos escuros – são os grandes executivos da
Indústria Cultural, como um diretor de empresa fonográfica, como a Virgin, por
exemplo, num mundo de homens, do “Clube do Bolinha”, no modo patriarcal de
centrar, no Homem, o poder e a influência fálica, com homens numa competição
para ver quem tem o falo maior e mais garanhão. Aqui, temos um MB um tanto poeta,
redator e citador, como nas seguintes mensagens nesta obra: “Nós temos três
vidas: a que vivemos, a que sonhamos e a da que nos lembramos. Viva hoje;
preocupe-se amanhã. A Imaginação é mais importante do que conhecimento (autor:
Albert Einstein). O que você for, seja bom (autor: Abraham Lincoln)”. Aqui,
temos uma claquete de Cinema – a claquete é o ordenamento, a organização,
orientando o diretor na hora deste fazer a edição de tal filme. Podemos ouvir o
som da claquete batendo, num momento de agressão e rompimento, avisando que
está na hora de filmar, de trabalhar, de produzir, no modo como o diretor, no
set, é tal figura patriarcal, o homenzarrão ao redor do qual tudo gira, num
patriarcado que existe até em grupos humanos neolíticos, como os caciques de
tribos. Aqui, este senhor está devidamente vestido e barbeado, e lembra um
pouco Alfred Hitchcock, o diretor inovador que conquistou o respeito em uma
indústria tão dura quanto a cinematográfica. Aqui, quem dita a regra são esses
homens que marcaram a História, como na poderosíssima figura de Jesus Cristo,
na imagem que todos temos de Deus – a de um velho patriarca. Aqui, temos um
topo de hierarquia, como no xixi que levei do querido diretor Fabio Barreto, o
qual me disse: “Quando eu falar algo, você tem que obedecer”. Ou seja, a
hierarquia tem a intenção de impor Ordem ao Caos desordenado. Os óculos escuros
são a proteção, talvez preservando os olhos do desenvolvimento de uma catarata.
Os óculos são as celebridades chegando ao tapete vermelho, com seus óculos
contra o forte Sol californiano. A gravata é o garbo, a aprumação, numa pessoa
que se apruma para um importante evento social, como um casamento, ao contrário
do momento de reclusão, dentro do lar, quando a pessoa sequer se preocupa se
está arrumada ou não. Aqui, a tinta preta escorre, como impiedosa lava num
vulcão – é a força da Natureza, amedrontando o Ser Humano, fazendo este ver
divindades, como Thor, o deus do trovão com seu agressivo martelo, demarcando
momentos agressivamente. As claquetes são a relação de continuidade que existe
entre todas as Artes, como me disse uma artista: “As Artes estão uma dentro da
outra”, ou seja, por exemplo, o que seria do Cinema sem a Música? Este senhor é
altivo, e tem imponência, presença, como um marcante perfume masculino, na
lembrança de infância que tenho, com meus pais saindo perfumados de casa para
algum evento social. Aqui, a repetição serial da imagem vai contra o texto, os
quais não se repetem, salvando a obra da monotonia. Os óculos escuros mostram
um olhar frio, na fria Razão científica, impondo a mortificação às dores
emocionais, como um dentista tirando a dor de um dente, no modo encarnatório
como é inevitável uma dorzinha aqui ou ali – é assim mesmo, rapaz! Aqui, este
patriarca não sorri, talvez por ter que administrar tantos sérios problemas em
seu reino.
Referências bibliográficas:
Artworks. Disponível
em: <www.mrbrainwash.com>. Acesso em: 24 jun. 2020.
Mr. Brainwash.
Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 24 jun. 2020.
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