quarta-feira, 5 de maio de 2021

Dan Calabresa

 

 

Americano de 1957, Dan Craig faz carreira como ilustrador de anúncios publicitários e capas de livro, além de ser colecionador de antiguidades, músico, colecionador de Bonsais e amante da Natureza, algo claro na Natureza em sua obra. Dan Craig ganhou por duas vezes o prêmio Clio Award como melhor ilustrador de anúncio publicitário. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Craig tem senso de humor, e este quadro não deixa de ser engraçado, com um polido peixe literato e retratos de peixes aristocráticos na parede. Estes peixes me remetem às pescarias em minha infância, pescando lambaris e fritando-os depois. O peixe é a sensualidade do mar mãe, no hálito puro que nos convida a voltar ao lar primordial, numa bela massa à putanesca espalhando pela casa o odor de peixe fresquinho. O peixe, movimentando-se na água, é esta liberdade, fugidio, como Tao, o qual, se confrontado, jamais pode ser decifrado ou decodificado, numa eterna brincadeira de escondesconde. O jornal é a fome por informação, como num rei, absorvido pelas notícias em seu reino e nos reinos vizinhos, num talento de estadista, assumindo um estado fraco e fortalecendo este, num raro talento, como numa Elizabeth I, transformando uma nação pobre em uma nação rica e poderosa, no líder que age sob Tao, primando pela Paz e pela Prosperidade. A lareira é o calor da Vida, na Vida que pulsa, numa receptividade, numa pessoa sentindo estar entre amigos, numa pessoa que, desencarnada, pergunta ela mesma está, e uma voz lhe diz: “Entre amigos”, numa grande festa de retorno ao lar, cheia de espíritos amigos amorosos, na alegria de reencontro com, por exemplo, um avô ou uma avó, todos jovens, belos e produtivos no Plano Imaterial, a nossa casa verdadeira. Esta sala é bem elegante e aristocrática, num lugar agradável e aconchegante, onde passamos momentos de lazer e privacidade, na sensação gloriosa de se chegar em casa, tirar os sapatos e calçar confortáveis pantufas, ou simplesmente ficar de pés descalços. Este peixe, num elegante robe de príncipe, olha para cima, para um anzol, numa isca, numa tentação, como num sociopata querendo aplicar golpes em pessoas desavisadas. O anzol é este perigo, numa pessoa que tem que aprender a “farejar” tais sociopatas, protegendo-se destes, pois os “vampiros” estão entre nós, e em plena luz do dia! Aqui temos os pequenos prazeres mundanos, como num cachimbo ou num drinque, num momento de se curtir um pouco os prazeres mundanos, deixando para lá a carga dos pecados capitais, como no delicioso pecadinho da Gula, devorando um belo brigadeiro de panela. A garrafa de brandy é o receptáculo feminino, como na garrafa do seriado Jennie é um Gênio, na mulher se refugiando no seu mundinho íntimo, em momentos de prazer como fazer as unhas ou trocar confidências com a comadre. Estes três peixes retratados no quadro olham para cima, para o Reino dos Céus, para a promessa de uma dimensão onde simplesmente não há guerras ou desavenças, num lugar onde as pessoas são boas em um Mundo de Amor, muito distantes das terrenas fogueiras de vaidades da Terra, esta esfera tão especializada em propagar o Mal e a desavença entre irmãos, entre seres de mesmo sangue azul metafísico, na espera pelo útero de Nossa Senhora, na Terra da Estrela da Manhã, onde o amanhecer finda todas as dúvidas e incertezas, na estrela luxuosa em meio à luz que vem, num lugar onde se dissipam as vicissitudes da Matéria. O criadomudo é a serventia, como numa pessoa que leva uma vida dura, limpando as casas dos outros para receber um salário irrisório, como na vida dura de um gari – cumprimente o gari na Rua. Nesta cena de delicioso deleite de descanso no lar, ouvimos os estalares do fogo aconchegante e ouvimos o farfalhar das páginas do jornal. O jornal é a comunicação, esta forma fundamental da Civilização, com pessoas trocando informações, numa troca, num relacionamento. O anzol são os traiçoeiros sinais auspiciosos, como na metáfora dos Pântanos Mortos de Tolkien, num lugar em que não podemos seguir as luzes, pois elas vão nos enganar e nos levar para o afogamento no lúgubre pântano – ouça a Mente, e não somente o Coração.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). A bela e a fera, no jogo de sedução entre masculino e feminino, como na sensual Chapeuzinho Vermelho Chanel sendo perseguida implacavelmente pelo lobo, pelo tigrão, pelo agressor, pela ponta de faca do pênis penetrando na vagina, no beijo que une Yin e Yang na totalidade do Universo, com um único regente, que é Tao. Aqui a floresta é densa, tropical, exuberante e implacável, na força da Natureza, nas maravilhosas roupas vestidas pelas árvores, com seus belos animais famintos em busca de alimento e sexo. Aqui temos toda a paixão de Craig pela Natureza, numa alma de biólogo. Vemos uma pequenina e discreta joaninha, num bicho tão simpático, identificado com os encantos femininos, na incapacidade humana em imitar Tao, num cientista incapaz de construir uma formiguinha nanorrobótica. Vemos uma borboleta perfeitamente simétrica, num equilíbrio, num capricho de Tao, como na perfeição de uma folha de plátano, na folha rubra caindo da árvore, na dança das estações climáticas, na Natureza dançando sensualmente nos seus ciclos, como nos ciclos menstruais lunares, havendo na mulher todo esse mistério do Mundo, do Cosmos, da Matéria, num Universo feito por uma infinidade de galáxias, como na galáxia de Star Wars, um lugar com as questões da Terra, como rotas de comércio e a guerra pelo Poder, sempre pelo Poder, esta força que corrompe os reis mais nobres. Ouvimos aqui todos os sons furtivos da floresta, como grilos à noite, e a onça aqui se locomove com todo seu instinto, lenta, silenciosa, para, assim, abocanhar a vítima e garantir a refeição do dia, na luta diária humana pelo pão nosso de cada dia, com todas as vicissitudes terrenas, como na crise do Corona, afetando em cheio a economia até das menores e mais remotas cidades. A vegetação aqui faz seu farfalhar, num perene processo de transformação, de transição entre fases, no sopro da Vida que faz com que o bom artista permaneça sendo um mistério, na força de um artista de tocar décadas de carreira, sempre lutando para se reinventar e nunca se repetir obviamente, com tantos talentos na Terra, talentos sem a força para sobreviver às épocas. A menininha aqui é inocente e está perdida, carente, num sentimento de abandono, como num Kevin em Esqueceram de Mim, acidentalmente deixado para trás, assumindo as responsabilidades de homem de cuidar da casa e resguardar o patrimônio da família. Nesta selva há mistérios, nos mistérios do Universo, desafiando gerações e mais gerações de cientistas. Sentimos aqui o cheiro de mato, de selva, de odor natural, como no acolhedor cheiro de bosta ao ar livre no campo, num cheiro de simplicidade, convidando a uma vida menos carregada e menos pretensiosa, abraçando uma vida mais simples, em contato com as maravilhas da Natureza, no modo como os ecologistas têm razão – temos que cuidar de nossa única casa. A menina aqui está deixando de ser criança, abraçando as vicissitudes de ser mulher, num momento em que a maturidade sexual começa a se desenrolar, num processo transitório até a menina naturalmente se desinteressar pelas bonecas, abraçando a vida social e debutando, interagindo com os meninos e passando a querer ter um namorado. É como um adolescente abandonando a Infância, numa época de um certo reverso, numa pessoa que, senso uma criança masculina, começa e se interessar pelo feminino, e viceversa, numa grande piada de Tao, que é a sexualidade, num adolescente que passa a se tornar um “prisioneiro” de seus próprios hormônios, numa inesquecível palestra de Marta Suplicy para uma plateia de adolescentes em Caxias do Sul, na frase da sexóloga: “A Adolescência é uma fase em que se masturbar dez vezes por dia é perfeitamente normal”. A onça aqui está discreta, sabendo que, se imperceptível, poderá abocanhar sua presa. Aqui há o pavor de um pai ao ver a filha mergulhar no Mundo, numa menina que, quando recém nascida, o pai disse: “Esta eu vou guardar debaixo de sete chaves e vou entregar pura e casta para o marido na Igreja”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Aqui temos a famosa fábula da lebre e da tartaruga, que fala sobre subestimar a Vida e as pessoas. A lebre subestimou a seriedade da situação, achando que a competição estava ganha mesmo antes de abraçar tal troféu. Já, a tartaruga fez o “caminho as pedras” e trilhou vagarosamente seu caminho, sabendo que Roma não foi construída num só dia. São os passinhos de bebê, numa pessoa que vai devagar conquistando seu espaço, sempre imperceptível, sempre subestimada, no modo como ninguém desconfiava que Gisele tornar-se-ia tal ícone mundial. É a importância da discrição. As flores aqui são uma explosão de Vida, na beleza da Vida renascendo na Primavera, na Primavera de Botticelli, na vitória da Beleza sobre a Morte, num sonho bonito que milagrosamente sobreviveu às intempéries existenciais, fazendo da morte física uma mera vírgula, fazendo da morte do corpo físico uma grande ilusão – os espíritas lidam de uma forma muito natural com a Morte, pois a beleza mental, a beleza interior, a beleza metafísica sobrevive à finitude da carne, num milagre de ressurreição, num Jesus renascendo na Fé, tornando-se o maior homem de todos os tempos, superando muitos reis que nasceram em tal sangue azul mundano, fazendo do sangue azul mundano uma mera cópia grotesca do sangue azul metafísico, o qual corre nas veias de todos nós – o problema é que poucos creem nisso, subestimando Tao, a nobreza eterna, pois não há presente maior do que a Vida Eterna, no poder do infinito. Aqui temos a competitividade da Vida em Sociedade, uma competição que acontece desde muito cedo, já na criancinha nos primeiros anos escolares, num contexto em que os alunos competem para ver quem tira as notas mais altas, havendo os queridinhos do professor, aqueles alunos aplicados que dão valor e significado à vida de um docente, no prazer de ver os alunos crescendo e aprendendo. A lebre veste uma faixa azul, que é a razão, a vida no Céu, o sangue azul sem prazo de validade. Esta faixa é tensa, como qualquer competição, e aperta a cabeça, numa rigidez, numa exigência de disciplina, na criança desde cedo sendo cobrada para se comportar bem, havendo abono aos bem comportados e punição aos mal comportados. A tartaruga, na sua sabedoria e humildade, está protegida por um capacete, que é o teto, o lar, a sensação de pertencimento a uma pessoa que se vê num lugar tão estranho e, ao mesmo tempo, tão familiar, numa grande festa de retorno ao lar, num bisneto abraçando a bisavó, mesmo esta tendo morrido antes deste nascer, na imensurável dádiva que é a Eternidade, com amigos se reconhecendo e olhando uns nos olhos dos outros, numa intimidade, numa familiaridade, nas cidades terrenas querendo, a todo custo, parecer-se ao máximo com as cidades metafísicas. A tartaruga, com seu casco, está protegida, refugiando-se dentro em dias complicados de chuva, no refúgio, numa pessoa que passou a encontrar paz em sua própria vida, num rei que não mais deseja conquistar o reino vizinho, na nobreza de nações neutras como a Suíça, nesta casa de diálogo que busca a tanto esforço o apaziguamento do Mundo, na promessa de um mundo melhor, longe das ternas guerras terrenas, guerras que nem Jesus Nosso Senhor foi capaz de anular, neste inabalável talento humano para a discórdia e a desavença animalesca, perdendo o diálogo, a ponderação e a casa de polida negociação pela Paz. A lebre aqui tem seus pelos macios, na deliciosa sensação de se tocar um casaco de pele, numa sensação de consolação e acolhimento, num tecido muito gostoso de ser usado, numa luxuosa cama com lençóis de cetim, num lugar romântico para os enamorados. A lebre remete a uma época em que ainda não era tão inaceitável matar bichos para se fazerem casacos, numa mudança contemporânea de comportamento. A dura pele da tartaruga é a força, a autopreservação, num guerreiro que vai à guerra com sua armadura, no poder do Pensamento Racional em rejeitar crendices tolas e desrespeitos à Inteligência. Aqui, a humilde tartaruga dá a volta por cima, enquanto e lebre aprende uma amarga lição de realidade.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui temos uma revelação, num sacro segredo, numa explosão de vida com anjos no Céu, com Nossa Senhora cercada de flores perfumadas, na revelação de uma nova vida. Podemos ouvir o som do pássaro, nos sons da floresta, do mato, neste bálsamo aos ouvidos, numa sensação enorme de Paz, de coisas bem resolvidas, com tudo organizado no seu devido lugar, num lugar onde a Ordem impera, mas sem ditaduras ou métodos artificiais de se manter a Paz. Vemos um navio ao fundo na linha do horizonte, e o veículo é o lar, na bela tragédia do Titanic, numa metáfora da Vida Social, pois estamos todos juntos no mesmo barco, não importando a classe social, o gênero, a raça etc., na igualdade do momento do voto democrático, no momento da urna em que todos valemos o mesmo, no fato de que Tao nunca faz diferença entre os próprios filhos, no modo como todos merecemos a dádiva da Vida Eterna, havendo na Eternidade o tempo para qualquer perdão, para qualquer resolução de desavença. Vemos uma furtiva abelhinha, na sensualidade da polinização, da reprodução, na força da Vida explodindo em libido. Podemos ouvir o zunido do inseto, o qual, apesar de belo, pode ser feroz, remetendo-me à picada de abelha que sofri certa vez, numa dor tão grande para um ferrão tão pequenino, no instinto da autodefesa, da sobrevivência, como um artista que vai sobrevivendo a décadas de carreira, sempre cuidando para não se repetir demasiadamente. No meio deste tesouro primaveril vemos um ninho, no conforto do lar, numa casa quente em um dia de Inverno, na sedução de uma lareira com vinho para os enamorados. A perfeição do ninho é a perfeição de Tao, num bicho com o instinto para fabricar algo tão belo e delicado, como numa casinho de João de barro, na logomarca da Nestlé, num pássaro mãe alimentando os filhotinhos no ninho, nesta dedicação de pais, dando movimento ao ciclo da Vida, num filho que sepulta o próprio pai, na dor que é para um pai enterrar o próprio filho. Ao topo de tudo vemos uma discreta luz quase nova, com uma magra casca de unha no Céu, retirada, como se não quisesse chamar a atenção, como no filme O Gangster, num chefão do Narcotráfico que sabia que era importante ser discreto ao vir a público, sabendo que chamar a atenção sobre si mesmo pode ser perigoso, na esperteza de um camaleão invisível, podendo abocanhar presas e não ser abocanhado, como numa camuflagem militar, no soldado que, subestimando e despercebido, pode atingir seu alvo, na questão do se comportar silenciosamente, sempre sendo subestimando, podendo, assim, agir. Este mar é plácido como o da Vênus de Botticelli – sim, amo este. O mar é doce, acalentador, num lugar verdadeiramente paradisíaco, e podemos ouvir o sussurrar do Mar, no modo como, em minha residência de praia, gosto de dormir com a janela aberta para que o som do Mar me embale numa canção de ninar. O dia aqui é feliz e aberto, num belo dia para se caminhar na Rua, enchendo os pulmões de ar e agradecendo por ter a Saúde para desfrutar de tal momento de simplicidade e Vida, pois a Vida está nas coisas mais simples, como sentar na grama de um parque e conversar com amigos, chic como fazer um piquenique ao pé de uma árvore. Ao fundo podemos ouvir o som do navio apitando, anunciando sua chegada à orla, no sonho de um Titanic que acabou morrendo no caminho, na metáfora de uma pessoa que morreu ainda muito jovem, com tanto caminho pela frente, como um rapaz que certa vez conheci, o qual, viciado em Crack, a droga maldita, morreu ao tentar fugir de casa, onde era mantido “prisioneiro”, sem poder sair de casa para estudar, trabalhar, namorar e se divertir – jamais me esquecerei daquele rapaz. No pé desta pintura, vemos cerquinhas ondulantes, derretidas, unindo reinos inimigos por meio dos tortuosos (porém certeiros) caminho da Divina Providência, a imperceptível força que nos rege na Terra.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Extremamente altivo, o Rei Leão contempla seu próprio reino, sempre pensando no povo, no cidadão comum, e nunca se opondo violentamente ao próprio povo, ao contrário de um ditador opressor, este encarregado de aterrorizar ao máximo o cidadão, buscando manter este sob controle, fazendo de um estado uma prisão, reduzindo o cidadão a um mero e indistinto tijolo numa impessoal parede – é o caminho da loucura, pois não importa se é comunista ou fascista, pois é tudo ditadura no frigir dos ovos, aproximando e assemelhando os opostos. A altivez do príncipe faz metáfora com a soberania da nação, ao ponto do cidadão se sentir feliz e bem representado por tal príncipe, votando na urna eletrônica em quem julga ser um homem de virtude, na polêmica liberdade democrática, com tantos embates ideológicos rondando o pleito, num homem disposto a tudo para obter poder, na letal sedução do Anel de Tolkien. Vemos aqui novamente uma tímida e discreta lua de Craig, num papel sutil e coadjuvante, no homem de Tao, sempre invisível, sempre imperceptível, sempre respeitando a vida modesta e pacata do cidadão. O rei aqui veste um majestoso manto, no maravilhoso manto metafísico com os quais nos cobrem nossos entes queridos desencarnados, dando-nos uma singela amostra da glória que nos espera depois da Vida na Terra, mostrando-nos que tudo de nobre terreno gira em torno do metafísico, apesar de parecer o contrário. A coroa é digna de regente, fazendo do reino um organismo unificado, coroado pelo regente, como num majestoso Sol num Céu de Brigadeiro, mas um Sol que, apesar de tão intenso, não ofusca os olhos, numa formidável contradição, fazendo com que seja tão terreno e tão provisório o Sol que nos ilumina na Terra, obrigando-nos a lançar mão de recursos como chapéus, óculos escuros e protetores solares. Vemos uma árvore, talvez uma oliveira, que é a Vida, a construção de família e de uma tradição de antepassados, na responsabilidade que é se sentar num trono anteriormente ocupado por grandes regentes que marcaram a História e obtiveram integral respeito do povo, na responsabilidade de se sentar no mesmo trono do monstro estadista como Elizabeth I, a regente arquetípica do Absolutismo Europeu. Um singelo e frágil passarinho ocupa a copa da árvore, e parece estar conversando calmamente com o seu rei, e, apesar de um ser tão pequeno e ou outro ser tão grande, há diálogo e respeito, como disse uma certa atriz numa entrevista certa vez: Não podemos julgar um ator somente observando o seu sucesso comercial, na questão do discernimento entre quantidade e qualidade. Nosso Rei Leão, com seu coração corajoso e sua altivez inabalável, mostra-nos que, quem já reinou, jamais perde a majestade, como num espírito que, mesmo desencarnado de uma vida de rei, carrega tal altivez para sempre nas encarnações seguintes, no modo como os aprendizados encarnatórios vão moldando o apuro moral do espírito, formando espíritos de apuro invencível, num espírito que vai começando a ver como são tolos e desnecessários os apelos da vida material, rechaçando os paparicos e aniquilando tolas expectativas, passando a viver da forma mais simples e desapegada possível, pois, como diz Tao, é exatamente por eu nada querer que tenho tudo, no desafio que é compreender Tao, o incompreensível. O rei aqui está sobre um pedestal, impondo respeito, fazendo com que o povo deste rei obtenha respeito no cenário mundial, como em líderes raros e incomuns como Obama, muito longe das grosserias de outra pessoa, cujo nome não mencionarei. Podemos ouvir o som do passarinho, num reino que respira Paz, nunca cobiçando as terras do outro, no contentamento, pois quanto menos ambiciono, mais Paz posso ter. Aqui parece ser o topo de um morro, no cume da hierarquia, no início do filme da Disney O Rei Leão, no bebê sendo apresentado ao Mundo, no desafio de abraçar a seriedade da Vida e encarar o desafio de obter o respeito do Mundo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). O furtivo gato olha diretamente para o espectador, quase num susto, no modo como os gatos eram tão adorados no Antigo Egito, num gato que pulava para o colo do faraó sem fazer ideia do poder deste, havendo até uma divindade egípcia de cabeça de gato. O gato é silencioso em seus passos, no termo em Inglês catwalk, ou seja, caminhada de gato, para definir a passarela de desfile de modelos, na majestosa Mulhergato de Michelle Pfeiffer, nessas deusas que deixam o Mundo boquiaberto, num talento inegável, numa artista que tanto se diferencia – para brilhar, cada pessoa tem que ser autodidata, ou seja, aprender de forma instintiva, havendo este brilho no homem de Tao, um homem que nada tem a ver com armas ou violência. Aqui parece ser uma estufa botânica, remetendo ao experimento da NASA que confinou pessoas por dois anos seguidos numa estrutura chamada Biosfera II, para servir de experiência para futuras colônias humanas em Marte. A estufa é a vida, a biodiversidade, fazendo deste nosso planetinha algo tão único, tão rico. A estufa é a fragilidade, com seu teto de vidro, como numa delicada cirurgia, absorvendo toda a concentração e toda a responsabilidade do cirurgião. Um belo raio de luz abençoa a cena, num momento de inspiração, de conclusão, numa pessoa sendo feliz na concepção de algo, recebendo a energia metafísica de espíritos aconselhadores, formando uma maravilhosa ponte psíquica entre a Terra e o Céu, fazendo do homem de Tao uma amostra da glória pós carne. Pétalas de rosas caem e espalham, sendo a passagem do Tempo, o envelhecimento, ou numa verdade sendo revelada aos poucos, como num lento processo de amanhecer, na majestosa Estrela da Manhã, anunciando as pacíficas terras de luz, concórdia e paz, um mundo tão distante das guerras diárias humanas. O gato aqui é peralta faz bagunça, espalhando e derrubando os livros. Os livros são a cultura, o conhecimento acumulado, nos progressos humanos em relação à Vida, fazendo da Arte a irrefutável prova da grandiosidade humana civilizatória, formando cidadãos nos bancos escolares, pois qual o futuro de uma nação sem cidadãos letrados e cultos? Nesta estufa podemos ouvir o som dos pássaros, talvez atiçando o apetite do gato. As pétalas vão caindo uma por uma, como uma verdade sendo gradualmente revelada, no termo popular “A Verdade vem à tona”, ou no termo latino “A Verdade é a filha do Tempo”, como num artista que, depois de ser tão subestimado, passa a obter o respeito do Mundo, no modo como é sempre uma luta concretizar um sonho. O gato aqui, na sua bagunça, causa comoção, como no monstruoso brilho de uma Gisele, a modelo mais bem sucedida da História, uma pessoa que, em sua majestade, não deu muito certo como atriz – ninguém pode ter tudo. Aqui é como uma floresta privada, particular, com toda uma diversidade, como num corpo social rico, num organismo onde há o tão subestimando respeito. As flores são a libido da reprodução, numa gata em cio enlouquecida, contorcendo-se como louca, como no enlouquecido Gollum ao obter o Anel, tropeçando no próprio passo e caindo em danação junto com o maldito Anel do Poder. Os livros empilhados são a edificação, numa pessoa que vai desenvolvendo uma inteligência ágil, observando que, por exemplo, as religiões do Mundo possuem intercomunicações, e que é universal a ânsia humana em compreender Tao, o eterno e maravilhoso mistério. Os livros empilhados são a solidificação de algo, num processo de crescimento, na ambição da Torre de Babel em desafiar Deus, nos sonhos humanos de Engenharia e construir ambiciosos projetos, num Ser Humano sempre desafiando limites, na competição fálica para ver quem é o rei mais grandioso. O gato aqui faz a bagunça inconscientemente, numa pessoa que, em seu instinto, não se dá conta do que faz, pois age de forma natural e espontânea, numa pessoa causando comoção, sendo considerada um fenômeno, num espírito desinteressado, que não quer joias nem carros luxuosos, mas que simplesmente quer viver a Vida do modo mais simples possível.

 

Referências bibliográficas:

 

Dan Craig. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 28 abr. 2021.

Dan Craig. Disponível em: <www.globalgallery.com>. Acesso em: 28 abr. 2021.

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