quarta-feira, 16 de junho de 2021

Cometa Hadley

 

 

O ilustrador inglês Sam Hadley começou sua carreira no ano de 1995 trabalhando em Propaganda, Design de embalagens e publicações, tendo clientes como Coca-Cola, Adidas, Sony Music e o jornal The Washington Post, tendo participado de mostras coletivas em lugares como Berlim e México. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A menina aqui está dura e impositiva, como um rígido agente da Polícia Federal em aeroportos, procurando por drogas em bagagens. A menina aqui rejeita insultos e assédios, e tem uma pose feminista, numa mulher dona de si, sem deixar a própria vida nas mãos de um homem, no machista modo como as mulheres independentes são mal vistas pelo Corpo Social – como uma mulher ousa ser como um homem? Atrás da moça está uma forma que lembra uma coroa, um cargo, um trono, como num jovem e tímido monarca recém empossado, tendo muito a aprender na arte de governar, no modo como são inatos os talentos de estadistas, com pessoas que simplesmente nascem com tal capacidade, talvez num conhecimento e uma expertise adquirida em uma encarnação anterior, pois, como diz o ditado, quem já reinou jamais perde a majestade. Esta “coroa” carrega formas de pílulas de remédios, que são os avanços científicos, ao ponto de darmos graças aos Céus por hoje existirem drogas como antibióticos, analgésicos, antidepressivos etc. As pílulas são os remédios para os males, como na apara de arestas existenciais, numa pessoa que, durante a encarnação, vai se esbarrando em percalços e, crescendo, vai superando tais percalços, num caminho de crescimento do espírito, no modo como tudo gira em torno do apuro moral, ao ponto da pessoa não mais se submeter às seduções mundanas de Poder e Dinheiro, essas “drogas” que tanto corrompem o caráter do Homem, um ser tão suscetível a tais apelos da Sociedade de Consumo, esta força cruel que constrói hierarquias em torno de Dinheiro, e não de Apuro Moral, o que é um grande equívoco. A moça aqui é a seriedade, a mortificação, a dissipação de tolas ilusões, e a moça está absolutamente séria, sem esboçar qualquer sinalzinho de sorriso, num dia sisudo, cinzento, sem alegrias carnavalescas, talvez numa pessoa encarando um momento sério de fundo de poço existencial, como uma amiga que tenho, a qual beijou o fundo do poço por causa de vício em Cocaína, esta droga tão destrutiva e sedutora, a qual dá ao usuário a ilusão de que está tudo extremamente bem, fazendo um usuário se sentir, no momento da euforia da droga, o suprassumo no topo do Mundo, num momento seguido de depressão, ao ponto da pessoa sequer querer sair da cama – é um horror. A moça aqui nos encara firmemente, como se soubesse que estamos tentando desrespeitá-la ou enganá-la, e a moça aqui exige que respeitemos a inteligência. Ela é jovem, mas, ainda assim, com uma seriedade adulta, e é forte e saudável. É a menina que se desinteressou pelas bonecas e começou a menstruar. Talvez aqui a moça esteja em pleno momento de cólicas menstruais, como numa lembrança de adolescência que tenho, de uma colega minha no Colégio chorando de tantas dores uterinas que sofria – como eu já disse aqui no blog, como é duro ser mulher! O fundo do quadro está dividido, como dois times em competição, com torcedores eufóricos, sofrendo pelo time do coração. Aqui, nesta divisão, há uma dúvida, e a moça aqui quer solucionar tal dúvida. É um limiar entre dia e noite, no caráter do Homem servindo de quadra de competição entre o Bem e o Mal, no discernimento taoista: “A Paz é melhor e maior do que a Raiva”. Eu digo mais: A Paz é infinita; a Raiva é transitória. A moça está começando a sentir a seriedade da Vida, num momento de crescimento, como a adolescente Sarah no filmão clássico Labirinto, uma moça que assumiu a enorme responsabilidade de libertar seu irmãozinho bebê das mãos do malévolo e impiedoso Rei dos Duendes, o deus David Bowie, um gênio, diga-se de passagem. A menina aqui não está com paciência, e está a um passo de se irritar. Portanto, não devemos mexer com ela. É a questão do respeito à Inteligência.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui as sereias são sedutoras, e sérias. O mar revolto é o desequilíbrio e a instabilidade, como numa pessoa num momento depressivo forte e desnorteante, no qual a pessoa não tem a mínima pista se está no caminho certo. Podemos ouvir o som do mar revolto, talvez numa personalidade tempestuosa de uma Scarlet O’hara, apimentada, intensa, tendendo a perder a compostura, na metáfora do nome “escarlate”, num vermelho de sangue, vibrante, num belo show de dança flamenca, ou numa bela pizza de calabresa picante, num restaurante com paredes rubras, da cor de um bordel, como no famoso Moulin Rouge, na sedução do tapete vermelho que abriga as celebridades, no modo como a cidade de Gramado fica “de cabeça para baixo” em dias de Festival de Cinema, com tietes histéricas, no vermelho do pomo do Éden aqui segurado por estas sereias. As sereias são o mito misógino do Éden, no qual a mulher é culpada por todos os problemas da Humanidade, havendo em Adão o retrato idealizado de um homem perfeito e inocente, que foi malignamente seduzido por Eva. A sereia aqui em primeiro plano tem um rosto malévolo, malicioso, mau, como uma certa mulher caxiense, cujo nome não mencionarei, uma mulher com “cara de diabo”, gostosona, assediada, numa mulher sem muito carisma, antipática, como se todos os homens do Mundo a desejassem, como espermatozoides frenéticos competindo pelo passivo óvulo, a goleira deflorada num gol agressivo, humilhando o time opositor, estuprando a mãe alheia. As sereias aqui são o cheiro primordial do Mar, a Mãe da Vida na Terra, onde as formas mais primárias de Vida milagrosamente foram se originando, numa lenta evolução que chegou nos mamíferos e, depois, no Homo sapiens. As sereias aqui são de caráter duvidoso, e não são confiáveis, num jogo de sedução, num homem resistindo ao máximo, só se rendendo quando realmente não há escapatória, como na viúva negra devorando o parceiro após a cópula, no instinto selvagem do homem, no momento do orgasmo, ser assassinado com um picador de gelo. Uma das sereias segura um tridente, talvez roubado de Netuno, o deus dos mares, num roubo, uma apropriação, talvez num pulso feminista, da mulher querendo igualdade no mercado de trabalho, protestando contra o machismo do homem sempre fazer mais dinheiro do que a mulher, como já ouvi pessoas reclamando do seriado Sex and the City, dizendo que se tratam de dondocas que, no fundo, vivem na sombra de um homem, no machismo residual que faz com que a mulher seja obrigada por lei a adotar o sobrenome do marido, no homem eternamente acima da mulher, como no Monumento Nacional ao Imigrante de Caxias do Sul, com o casal de imigrantes trazendo o homem como o que realmente importa, relegando a mulher a um eterno papel secundário. Neste tridente vemos uma sedutora hera, avançando lentamente, sedutora, apropriando-se do homem, como num homem que entrou numa fria, sendo obrigado por lei a sustentar uma ex esposa que não mais faz parte da vida deste homem. Aqui temos o cheiro de Mar da vagina, na sedução primordial da Vida, num impiedoso Mar engolindo marinheiros, como no mito misógino de Os Piratas do Caribe, com as sereias malévolas arrastando os homens para o fundo do Mar, destruindo estes, com sereias com dentes de vampiro, de sociopatas – Jesus, que machismo. E por que Jesus tem que ser homem? Ao fundo do quadro, vemos sonhos de esperança, com lugares plácidos e positivos, como uma floresta apolínea, uma organizada cidade metafísica, um rochedo paradisíaco e uma doce cachoeira, numa promessa, como na promessa do Reino dos Céus, o lugar onde todos temos a inabalável certeza de pertencermos à Grande Família Metafísica, na qual amamos uns aos outros, pois somos todos príncipes filhos do mesmo Rei, algo longe das incertezas encarnatórias, fazendo da Fé tal motor que direciona o Ser Humano ao Metafísico, ao que importa. É o Caos e a Ordem, em duelo pelo Ser Humano, no desafio de se manter a Fé.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Aqui temos o Yang nu e cru, como no Gato Guerreiro de He-Man, num rei paladino, rugindo, num coração corajoso, como numa Elizabeth I, desafiando a então insuperável Espanha, trazendo vitória aos ingleses, numa rainha com estômago de rei. Aqui é como o emblemático personagem Wolverine, macho, absolutamente desprovido de frescuras, num homem cru, extremamente simples, no lobo mau assediando a sedutora Chapeuzinho Vermelho, no jogo de sedução entre Masculino e Feminino, nos opostos se unindo e gerando o Universo, como num ovo sendo quebrado, separando-se entre gema e clara, na junção erótica dos opostos, no sensual modo como o Universo é todo unificado, como numa gigantesca Internet Metafísica, ligando todos, numa rede, numa piscina, como mercadorias diversas sendo todas colocadas dentro da mesma sacola de supermercado, na simplificação trazida pela união, formando uma só família, num talento patriarcal ou matriarcal em manter uma família unida, como numa noite de Natal – não são todos os que têm talento para manter uma família unida. Aqui o lobisomem é gerado pela Lua que rege os ciclos menstruais, e o lobo aqui consegue farejar as mulheres, num instinto selvagem de cópula. Aqui é como num show de heavy metal, o gênero musical que mais tem atitude, como cânticos guturais, com homens com cara de maus, assustadores, masculinos, excitando-se perante o perfume e a beleza de Chapeuzinho, como num rastro de Chanel número cinco, a emblemática fragrância de Marilyn Monroe, o ícone feminino que seduziu o presidente dos EUA, no “Parabéns a Você” mais sexy e famoso da História, neste eterno jogo de sedução, como oponentes numa tabuleiro de Xadrez, numa intrincada negociação, num envolvimento entre partes, até chegar ao sexy ponto orgasmático de união e conciliação. Temos aqui algo divertido, pois, ao invés de uma Lua ao fundo, num lobo uivando selvagem, vemos uma rodela de laranja, que é a irreverência, a cultura alternativa, criativa, quebrando ranços conservadores, numa atitude agressiva tal qual o monstro aqui. O Lobo é a força de vontade, a agressividade, numa pessoa com tesão pela Vida, trilhando bravamente seu caminho, numa pessoa guerreira, que não é passiva, que corre atrás das coisas, sabendo que as coisas não caem do Céu, no caminho do mérito, numa pessoa que colhe os doces frutos da vitória após um esforço, um empreendimento, como numa família empreendedora que conheço, um clã que investe pesado em empresas ambiciosas e diferenciadas, entrando num plano tão competitivo que é a cidade de Gramado. Aqui é como um lutador no ringue, ultraagressivo, sabendo que só pode vencer se não subestimar o oponente, pois é exatamente a pessoa subestimada que acaba surpreendendo a todos, como na tartaruga que ganhou a corrida da lebre, tendo esta subestimando a oponente, achando que o jogo já estava ganho antes mesmo deste começar, como num jogador que entra em campo “de salto alto”, não compreendendo a seriedade da situação. A neve aqui é a fria razão, na verdade nua e crua, numa frieza matemática que mortifica o espírito, matando tolas expectativas, no caminho da mortificação para que a pessoa tenha os pés fincados no chão, neste lobo tão pragmático e realista, na total ausência de glamour de uma quadra de Esporte, num lugar onde tudo gira em torno do jogo dos homens, trazendo a figura feminina da cheerleader, da líder de torcida, a moça que faz um show no intervalo do jogo, girando em torno do Yang, neste cabo de força com meninos puxando de um lado e meninas do outro, como no arquétipo do Clube do Bolinha e do Clube da Luluzinha, no advento da sexualidade tradicional adolescente, quando meninos passam a se interessar pelas meninas e viceversa, ao contrário da Infância, quando meninos e meninas dificilmente se entrosam. As garras do lobo aqui são a tenacidade, a força e a persistência, numa pessoa que sabe que precisa lutar para obter algo da Vida, na meritocracia.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Temos aqui uma divertida releitura, com o icônico personagem Indiana Jones, só que não atuando na área do personagem, que é a Arqueologia, mas manuseando equipamentos eletrônicos, remetendo aos filmes do herói vivido por Harrison Ford, caçando tesouros há muito escondidos e mantidos debaixo de sete chaves, colocando em risco a vida de algum saqueador ambicioso, no modo como quase todas as tumbas do Vale dos Reis, necrópole de faraós do Egito, foram saqueadas ao decorrer dos milênios, nesta fome, nesta avidez humana por coisas de valor, com bandidos furtando tudo, até cabos elétricos ou letreiros em metal cromado, pois quanto mais tesouros tenho, menos seguro estou. O cenário aqui é todo sombrio, no interior de alguma tumba ou câmara escondida, remetendo à cena em que Jones, para levar embora alguma relíquia, tem que colocar um peso qualquer no lugar da relíquia para que, assim, não acione o sistema de segurança da tumba, numa franquia de filmes que tanto fascinou o espectador ao redor do Mundo, em filmes vibrantes de aventura e excitação, com perigos mortais e o capcioso Jones, guerreiro, sobrevivendo às provações diversas, deixando apaixonadas suas alunas na universidade em que Indiana leciona. Ao invés do famoso chicote do personagem, vemos um mouse com um cabo longo, remetendo ao sádico chicote da Mulhergato de Pfeiffer, uma atriz que acabou se revelando a única coisa boa de fato no filme em que a atriz interpretou a personagem sensual e agressiva. O mouse é a independência, num rato correndo livre, em contraste com sistemas de governos totalitários, os quais transformam um cidadão em um escravo, em um prisioneiro a serviço incondicional de um governo tirano, que assusta e aterroriza o próprio cidadão, visando manter este sob controle. Esta cena remete ao excelente filme de ação Missão: Impossível, com o astro Cruise, na cena em que este penetra num sistema de segurança altamente seguro, com o agente Ethan Hunt – hunt, do inglês, caçar – visando roubar dados sigilosos. Jones aqui está altamente concentrado na operação, como num cirurgião altamente debruçado sobre o paciente anestesiado, alheio a quaisquer distrações, sentindo sobre os ombros o peso da responsabilidade adulta, sisuda e séria, num momento em que a distração pode ter efeitos terríveis, como numa cirurgia mal sucedida – é o Peter Pan crescendo. O computador aqui é a facilidade atual de tecnologia, numa tecnologia que está cada vez mais acessível a todos, ao contrário do início da Internet, quando era caro o acesso online, neste incrível galgar técnico, irrefreável, com tecnologias ficando rapidamente obsoletas, algo inimaginável nos anos 1980, como conversar, em tempo real no Face, com alguém que está em Tóquio, com a obsolência de mercadorias impressas como enciclopédias e dicionários, num caminho que visa frear o esbanjamento de papel. Os cabos aqui manuseados por Jones são como serpentes, algo que fazia o personagem tremer de medo – cada um com suas fobias. Os cabos são envolvimento das pessoas, no talento de certas pessoas em unir o Mundo, sabendo distribuir, tornando-se como Tao, o núcleo vazio em torno do qual todos giram, num Tao sempre humilde, sempre subestimado, abrindo mão de egos vaidosos e, assim, sendo nobre e imaterial, metafísico, no modo como tudo de Físico está abaixo do Metafísico, nesta hierarquia entre dimensões. O suporte sobre o qual Jones deposita os cabos é a base, a referência, como no teste de Psicologia, no qual o terapeuta pede que o paciente desenhe numa folha uma pessoa da chuva – se desenho um chão sob os pés da pessoa desenhada, é porque estou com os pés no chão, realista, sem embarcar em auspiciosas ilusões. Os óculos aqui são a capacidade da pessoa em observar o Mundo com clareza, com lentes limpas e translúcidas, na dádiva que é a pessoa, mortificada espiritualmente, observar o Mundo da forma mais clara possível, ficando, assim, privada da sedução de sinais auspiciosos como joias ou carros caros.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). A liberdade é este arbítrio universal, na liberdade do espírito, numa pessoa em controle de si mesma, como diz o Oráculo de Matrix: “Você não crê em bobagens como ‘destino’; você está no controle de sua própria vida”. Perfeita democracia, os EUA não obrigam o cidadão a votar nem a prestar serviço militar, numa democracia de dar inveja ao redor do Mundo, na deliciosa e acalentadora sensação de liberdade na EEC, a Experiência Extracoproral, quando o espírito se desliga por um instante do corpo físico, num momento em que temos a certeza de estarmos levitando deliciosamente, num ambiente técnico, de construção espiritual. Ao fundo no quadro, vemos o imponente prédio do Capitólio, que é o Poder, com cidadãos eleitos democraticamente, na saudável alternância no Poder, rechaçando regimes monárquicos, com um regente vitalício, indestronável. A estátua aqui tece o mapa do país americano, como nas “costureiras” da Divina Providência, tecendo as vidas das pessoas, fazendo com que umas passem pelas vidas das outras, construindo amizades que durarão para sempre, pois que amizade é esta que não é eterna? É o reencontro com nossos entes queridos, todos produtivos e belos na plenitude espiritual dos desencarnados. As agulhas do tricô são a agressividade abrasiva e penetrante, de um país potência, temido militarmente ao redor do Mundo, com o poder de enviar tropas para os quatro cantos do Mundo, nesta eterna competição fálica para ver quem é o macho alfa do Globo. As agulhas são o avanço científico, numa corrida para descobrir tratamentos e curas, com coisas tão simples como um analgésico, algo inimaginável em outros tempos, em dias idos em que, se com dor de cabeça, tudo o que cabia à pessoa era rezar, ou como em épocas sem a Radioquimioterapia – como é bom viver nos dias de hoje! E como a Humanidade ainda progredirá! A estátua aqui, animada e não na pose pétrea que conhecemos, pede silêncio, como nos aviso em hospitais. O silêncio é a Paz, a plenitude de um plano em que estamos coma certeza de estarmos entre amigos, como naquela turminha de pré escola, numa época em que a inocência da criança ainda não tem consciência das mazelas do Mundo, deste Mundo tão aguerrido e miserável, com irmão matando irmão. A coroa da estátua é bem pontiaguda e agressiva, como no formato de seringa do novaiorquino Empire State Building. É como na terrível coroa de Cristo, só que, aqui, os espinhos só saem, sem ferir a estátua. É a fria razão do pensamento matemático, na beleza fria dos números, como na gélida e bela Galadriel de Tolkien, uma personagem intimidante, terrível e bela, desafiadora, com olhos sábios e agudos, penetrando fundo, gelidamente, nas mentes dos homens, fazendo de Galadriel o personagem mais elevado e nobre da lendária Terra Média tolkiana. Este porco espinho dá um aviso e exige que mantenhamos respeitosa distância, pois se nos aproximarmos demais, vamos nos ferir. A estátua impõe respeito, e, segurando a tocha do Conhecimento, sabe que este traz Liberdade, no medo que os ditadores têm em o cidadão adquirir tais ferramentas de conhecimento libertador. Aqui, a tocha está de lado, aposentada, descansando. A tocha é a luz da plenitude, esclarecendo mistérios, numa terra cheia de nomes e graças, num país continental, gigantesco, o qual é a prova de que grandes territórios não precisam necessariamente de um regime ditatorial para que tal país fique unido. A estátua aqui é extremamente séria, sem qualquer esboço de sorriso, recebendo o imigrante seriamente, mostrando a este que é uma terra em que a pessoa é livre e tem que aprender a viver e prosperar por si mesma, derrubando a crença de que os EUA são um paraíso no qual não há vicissitudes. O tricô aqui é o labor, a atividade, a dignificação do Trabalho, esta força que faz com que a pessoa fique orgulhosa de si mesma, sentindo-se parte digna da Vida em Sociedade, pois, como disse Leonardo DiCaprio, “não pode faltar trabalho na Vida”. É um radiante Sol para o qual não podemos enxergar diretamente. Terrível, mas belo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). O ser alado é a liberdade dos sonhos, evitando o lema: “Vá lavar uma pilha de roupa suja!”. Ok, pilhas de roupa suja têm que ser lavadas, mas isso não quer dizer que não posso sonhar um pouco e desejar um pouco mais da Vida. O corno do unicórnio é o falo, penetrante, conquistando inconscientemente as menininhas, neste ser que combina beleza e graciosidade femininas com a agressão pontiaguda do falo, num ser completo, com Yin e Yang. É o ser alado Ventania que conduz ao alto a heroína She-Ra, com asas das cores do arco-íris, na beleza da diversidade, no fato de que Tao nunca faz duas pessoas iguais, havendo em cada um de nós algo tão puro e único, inconfundível, numa pessoa cheia de personalidade, com suas arestas a ser aparadas na rica experiência de encarnado na Terra, esta grande escola. She-Ra dizia: “Para o alto, Ventania!”. É a elevação do Pensamento Racional, esta força libertadora, libertando mentes, fazendo do labor psíquico esta força que faz com que nossas cabeças voem livres, muito além da dura Lei da Gravidade. É a soberania da Mente, acima do Corpo, acima da Carne, como dizia Santo Agostinho – somos feitos de duas coisas: carne e espírito, e estes “competem”, na lição de organização de uma vida quando a pessoa, em elevação, rejeita o que é mundano e abraça o que é nobre e metafísico. É como na luta do Bem contra o Mal, ensinando o discernimento à criança, fazendo esta identificar o que é nobre e o que é malicioso. Então, São Jorge, com sua lança fálica, mata o dragão da malícia e liberta a pureza da dama indefesa, nesse mito machista que impede que a mulher viva livre sua própria sexualidade, nesta castração patriarcal. Aqui temos um belo dia de Sol, numa apolínea terra metafísica, com sua impecável prefeitura, num lugar tão bom que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, na sensação de pertencimento, no paraíso para quem gosta de se manter produtivo – no Plano Espiritual, a ninguém falta trabalho, num lugar absolutamente livre da vicissitude do Desemprego. O cavalheiro ciclista é a energia limpa, o prazer da atividade física, do esporte, pois este corpo de carne que nos foi dado tem que se mexer um pouco. O ciclista é o labor, num rato hamster correndo numa roda. O capacete é a proteção e a segurança, num lugar de invejável qualidade de Vida; num lugar onde não há vez para qualquer ato que falte com o apuro moral. A mochila do ciclista é a responsabilidade, o estudo, as tarefas do dia, sendo feitas com prazer e dedicação carinhosa, como visitar no Umbral nossos irmãos sofredores, que de lá não querem sair. O outro homem, esperando um ônibus, é a paciência, a espera, numa pessoa que está aguardando por um momento oportuno para “a cobra dar o bote”. É a Esperança, na crença de que espera por nós um Mundo apolíneo e organizado, regido por irmãos depurados, que estão acima de nós na Santa Hierarquia Espiritual – tudo acaba se resumindo a Amor e Amizade. O ponto de coleta de correio é rubro, vibrante, num coração apaixonado, num amante apaixonado, levando flores à pessoa amada. É o sangue metafísico que nos une, o sangue estelar, numa dimensão onde nos sentimos tão estelares, tão bem, numa vida com tanto significado, havendo no veneno da Cocaína e impressão falsa de que, no momento de euforia da droga, estamos no topo do Mundo, nesta força absolutamente destrutiva que é a Droga, fazendo do submundo da drogadição uma sucursal do Inferno. O poste aqui está apagado, aposentado, descansando, pois é dia, e, no momento, não tem utilidade, esperando pelo momento propício para mostrar toda a sua serventia e utilidade. Esta cidade tem muito verde, muita Vida, num lugar que não parece ser poluído, com parques plácidos, na deliciosa sensação de Paz da Experiência Extracorporal. O unicórnio verde faz harmonia cromática com a vegetação, e sua elevação nos inspira a querer algo mais; a querer fazer algo mais nobre de nossas vidas. Podemos ouvir o relinchar deste ser tão belo e sobrenatural.

 

Referência bibliográfica:

 

About. Disponível em: <www.hadleyart.com>. Acesso em: 2 jun. 2021.

Sam Hadley. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 2 jun. 2021.

Sam Hadley. Disponível em: <www.directoryofillustration.com>. Acesso em: 2 jun. 2021.

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