quarta-feira, 18 de agosto de 2021

O Andy Warhol Britânico (Parte 2)

 

 

Volto a falar sobre o artista britânico Sir Peter Blake. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). A Madona é o cuidado, o zelo, no mito de Nossa Senhora, mito que serve para que o Ser Humano entenda o pertencimento que há no Plano Metafísico, o Grande Lar de todos nós, irmãos, iguais. A Madona é tal amor, tal cuidado, num pai que protege o filho, sabendo que há perigo no Mundo lá fora, fora do Lar. A criança é gordinha e saudável, bem amamentada, numa imagem contundente que vi certa vez, da Madona amamentando o bebê com seios fartos, jorrando leite, numa fartura, numa terra abençoada, farta, rica, em contraste com crianças que reencarnam miseráveis, filhos de indígenas pedindo trocados numa calçada suja e fria. Aqui é uma releitura do cânone renascentista, pois a paisagem ao fundo é moderna, do Século XX, com vias cheias de carros e movimento, com cidadãos plugados em seus respectivos celulares, estes dispositivos que se tornaram tão úteis e imprescindíveis, tornando-se alvo da ganância de ladrões, pois, não canso de dizer, quanto mais riquezas tenho, menos seguro estou, como um casal de amigos meus, os quais tinham uma coleção de joias caras, e foram assaltados, com ladrões entrando na casa desses amigos e levando embora todas as joias caras, na avidez humana pelo material, pelo fetiche do objeto, da coisa, da mercadoria, não vendo que a Matéria é uma ilusão, assim como é uma ilusão a morte do Corpo Físico. O manto da Virgem Santíssima é de um discreto e nobre azul marinho, num sangue azul, no modo como todos temos em nossas veias o Divino Sangue Azul Estelar, formando a Grande Família Metafísica, nas vastidões incompreensíveis do Universo, este lugar tão vasto que é, na prática, infinito. A Virgem e o Menino Jesus não olham para o espectador, mas para o lado, talvez distraídos por algo, e ignoram a presença do espectador, como se este fosse invisível, ou seja, é um prazer de voyeur, quando observo sem eu mesmo ser observado, no prazer sexy de “espionar” a casa alheia, como no filme Invasão de Privacidade, com casas sendo monitoradas por um tarado pervertido, na vida citadina contemporânea, cheia de câmeras pelas ruas e pelos prédios e estabelecimentos. Tanto a mãe quanto o filho seguram sexys cerejas vermelhas, que são o formidável pecadinho da Gula, no modo como no Plano Metafísico há confeitarias maravilhosas, com doces que não causam nem obesidade, nem cáries – seja humano; permita-se uns pecadinhos, pois foi da Preguiça que nasceram grandes invenções humanas. O menino parece se sustentar sobre uma Bíblia, no modo como uma religião precisa ter um livro base para existir, assim como os alicerces espíritas do livro kardecista O Livro dos Espíritos. A Bíblia aqui está fechada, lacrada, guardada como uma caixafote, num asseguramento, numa garantia, na garantia de que nosso lugar no Céu está garantido, desde que nunca percamos a vontade de trabalhar e produzir, pois, aos improdutivos, há o Umbral... Aqui é um dogma poderosíssimo, forte, milenar, no modo como se chega a um ponto em que devemos acreditar numa Inteligência Suprema, pois qual é o sentido de tudo sem a sacralidade de Tao, aquele que sempre esteve aqui? A nudez do menino é absolutamente inocente, assim como na ausência de Malícia no Éden, ausência esta violada por Eva, o mito misógino que faz da mulher um ser Sempre QUASE tão bom quanto o Homem, nessa latência entre Virgem e Vagabunda, latência abominada pela elite feminista, essas mulheres cuja Inteligência desafia tais parâmetros inconscientes da Vida em Sociedade. A Virgem aqui está de cara lavada, sem um pingo de maquiagem, na canção famosa: “Maria, você se pintou. Maria, você já é bonita com o que Deus lhe deu”. Aqui não há o mínimo esboço de sorriso, no caminho da mortificação, até a pessoa ficar à prova de futilidades materiais, no espírito que, em apuro moral elevado e de constante desenvolvimento, vai ficando imune às frivolidades dos apelos da Sociedade de Consumo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Aqui são duas irmãs, na delícia do compartilhamento, em compartilhar com outrem o que temos, como hospedar um amigo ou ter convidados para uma festa. Aqui, compartilha-se uma barriga, uma casa, um modo de criação, no refúgio do lar, da casa, neste lugar nos quais fomos criados, crescendo sob a educação de pais que devem incutir virtudes nas cabeças das crianças, como ensinar parâmetros morais, como nunca mentir, mostrando que grosso é fraco e que fino é forte – criar crianças é um grande desafio. Bem ao fundo no quadro, uma casa, o lar, com um vulto de mãe, de zeladora, em atos de carinho como lavar as roupas dos filhos e fazer as camas destes, no “choque térmico” que é um jovem sair de casa para morar sozinho, deparando-se com a dureza de não ter mais aquele zelo materno e cuidadoso, levando um tempo até a pessoa se acostumar a viver sozinha, como uma querida prima que tenho, a qual sentiu tal choque ao sair de casa, como rupturas, como uma inocente princesa sendo “vendida” num casamento arranjado pelos próprios pais, como na história da lendária Maria Antonieta, arrancada de seu lar, Viena, para ir para Paris, numa terra estranha, sem qualquer amigo inicialmente. São rupturas, como sair do Colégio para a Faculdade, deixando amigos para trás, no inevitável “adeus” da Vida. O gramado aqui é verdejante, perfeito, numa casa com vida, numa tarde de Verão, com crianças brincando no gramado, tomando banho de mangueira, nas épocas infantis nas quais a Vida é mais simples, sem as exigências adultas. O verde é a saúde, a fertilidade, num campo de Futebol, este esporte que tanto apaixona o Brasil, com seleções que torcem para não pegar o Brasil nos sorteios de jogos em tempos de Copa. As irmãs aqui são muito parecidas, quiçá gêmeas. Mas há uma diferenciação, pois uma está sentada do lado de fora; a outra, de pé, atrás da cerca. São as diferenciações, pois mesmo gêmeos univitelinos desenvolvem tipos muito diferentes de personalidade, até chegar a um lar em que os pais tranquilamente diferenciam uma gêmea da outra, nunca havendo confusões dentro de casa. Uma das moças está com uma sensual regata, com os seios se mostrando abaixo do frágil tecido. É a maturidade sexual, no momento em que a pessoa perde o interesse pelos brinquedos, abraçando a Adolescência, a época em que nos tornamos escravos de nossos próprios hormônios, na explosão avassaladora de Vida, como animais em cio na Primavera, quando a Vida renasce em toda a sua força, fazendo da Arte este meio para entender a Vida, seja Vida Física ou Metafísica. Bem no fundinho do quadro, vemos uma mulher sentada lendo, talvez tomando banho de Sol. É o retiro, a folga, as merecidas férias, num recreio, uma pausa, assim como é necessário que, na Escola, haja uma pausa para um recreio, um descanso, como num espírito desencarnado recarregando as energias para encarar uma nova etapa de aprimoramento, num ponto em que a pessoa passa a sentir o gosto de estagnação, pois todos temos o que fazer. Um ramo de limoeiro se insinua no quadro. São as árvores genealógicas, com ramos se entrelaçando, com famílias produzindo linhagens em comum, como uma família de classe média tendo uma linhagem em comum com uma família nobre, de realeza, no modo como, no frigir dos ovos, somos todos uma mesma família, com raízes lá, na Pré História. O azedinho do limão é a agressividade, num competidor que nunca entra em campo subestimando o oponente, como a lebre subestimando a tartaruga. A moça sentada é o recato, e seu corpo está mais decentemente vestido, no modo como gêmeos podem desenvolver personalidades tão distintas; no modo como há coisas com as quais já nascemos, ou seja, coisas do espírito, inatas. Os cabelos das moças estão charmosamente despenteados, num momento de brincadeira com as amigas, num momento em que as moças não estão arrumadas para os meninos no momento de interação social, como nas festas de adolescentes. A casa aqui é tal porto seguro, tal referência, numa mãe que, ao ver uma filha saindo de casa para viver sozinha, sente-se como se um braço desta mesma mãe tivesse sido arrancado.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Uma ode às letras, aquilo que nos tirou da Pré História, trazendo as luzes da Civilização. Aqui temos uma fixação na letra A, como numa pessoa querendo se perpetuar em algum momento doce de sucesso e êxito, algo impossível, pois sabemos que na Vida não há “controle remoto”, ou seja, os altos e baixos são inevitáveis, sendo importante que a pessoa leve uma vida humilde, simples e estável, para, assim, minimizar tais galopes existenciais, pois, para levar um tombo, tudo de que preciso é ser arrogante, em crueldades como proibir uma avó de ver o próprio neto, nesta incansável inclinação humana para com a Crueldade, como queimar uma pessoa viva numa fogueira. Vemos aqui alguns anjinhos, no caminho de depuração até chegar ao ponto da pessoa rechaçar tudo de mundano, como Poder, como os Anéis do Poder de Tolkien, esses poderes mundanos que não sobrevivem à morte do Corpo Físico, pois, para entrar no Plano Metafísico, temos que nos “desnudar” de tais anéis, no caminho da humildade e da simplicidade, no modo como Ayrton sai de cena, como retirar da própria cabeça uma coroa pesada, num alívio, num descarrego, numa simplificação, pois aos que não querem se desnudar de tais anéis, há o Umbral, e, acredite em mim, você não quer ir para lá. Aqui é um retrato idealizado de perfeição, algo impossível em termos materiais, havendo na Informática, na Tecnologia Digital, esta metáfora com a perfeição matemática da mortificação espiritual, até chegar ao ponto da pessoa rechaçar as glórias mundanas, havendo um homem que, mesmo morando num deslumbrante palácio, não se importa com este, como se soubesse da beleza superior dos campos e florestas, que vestem roupas maravilhosas. A letra A é o princípio, os valores primordiais, no encargo de incutir valores na cabeça de uma criança, preparando esta para a mortificação trazida pela encarnação, pois não há encarnação em vão, ou seja, todos temos tarefas de alta importância para aprender, fazendo metáfora com o crescimento de um aluno durante os anos de estudos numa instituição educacional. Este quadro remete a doces lembranças de Pré Escola, quando a criança se depara com as letras, nas doces lembranças dos coleguinhas, amigos que vamos reencontrar um dia, havendo também vínculos de carinho com os professores, os quais acabam se tornando amigos também, havendo na Eternidade o tempo e a oportunidade para qualquer reencontro, ou seja, os vínculos nobres espirituais são desapegados, “fresquinhos”, por assim dizer, num dia agradável, na simplicidade da Saúde Mental, num amor desapegado, arejado, sem obsessão, fixação ou possessão, como uma pessoa que conheço, a qual embarcou num amor altamente possessivo e fixado, obcecado, e qualquer espírita diria o que vou dizer aqui: O amor fixado é doente; não é positivo; não é fraternal. Bem na base do quadro, vemos o alfabeto completo, e este quadro representa o primeiro dia de aula, começando do princípio, devagarzinho, para que a criança tenha tempo para assimilar a matéria, no modo como os alunos aplicados são o que dá sentido à vida docente, como numa colega de Colégio minha, a qual simplesmente não tirava notas abaixo de nove vírgula cinco, talvez um espírito que tenha levado, anteriormente, uma encarnação muito desregrada e vazia, reencarnado para, de algum modo, partir em busca do tempo perdido, na suma importância de uma encarnação, havendo no suicídio o erro de se jogar fora algo tão valioso, tal qual campeões de Fórmula 1 no pódio, jogando fora fino espumante. Aqui remete ao uniforme do colégio portoalegrense Anchieta, com uma grande letra A na camiseta, numa sutileza, sugerindo que se trata de um colégio de classe A, elitista, havendo nas instituições educacionais esta intenção de formar as elites intelectuais, pessoas que pensam acima da média, acima da mediocridade, como um grande professor universitário que tive, o qual, ao ver um aluno inteligente querendo falar na aula, dizia aos demais alunos; “Calem a boca – a elite vai falar”.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). As borboletas são a Liberdade, nos preceitos contemporâneos da Revolução Francesa, nos indestrutíveis paradigmas democráticos, numa forma de Poder que segue incólume até hoje, num Ser Humano que não vê algo mais legítimo do que a Democracia, como numa Inglaterra, na qual a Rainha tem um poder limitado, nunca como os absolutistas europeus de séculos atrás. As borboletas são a beleza da Primavera, a Feminilidade, a dança sensual da reprodução. As borboletas são a beleza, a delicadeza, a diversidade numa cidade tão charmosa e atraente como Paris, com turistas do Mundo inteiro que querem conhecer tal charme, com seus museus deslumbrantes, da vitória do Mundo Civilizado sobre a barbárie, na vitória da Arte e da fineza, no atrativo dos perfumes franceses, esses produtos que buscam nos aproximar da glória perfumada simples do Plano Metafísico, o plano no qual não há sujeira, fedor ou insalubridade, havendo o oposto no Umbral, onde tudo tem cheiro de cocô – pobres dos que vagam por lá. A Torre Eiffel é tal símbolo imponente de charme, no ponto turístico mais famoso e arrebatador do Mundo, com incontáveis cliques fotográficos, com intermináveis levas de turistas querendo registrar a visita à assim chamada Cidade Luz, no charme das belas mulheres francesas, em esbarrar na Rua com divas como Deneuve, numa mulher deixando o perfume no ar, com músicos executando nas calçadas La Vie en Rose, só para os turistas, é claro. A bandeira no topo é a soberania de uma nação, com seu próprio código penal, nas jurisdições dos consulados e embaixadas, na beleza das relações diplomáticas harmoniosas, em esforços para sempre manter a Paz e a Harmonia entre vizinhos, pois que vizinhança é esta na qual os vizinhos jogam bombas uns dentro dos terrenos de outros? Um homem de Tao é assim, cuidadoso e diplomático, nunca tendo algo a ver com guerras, armas ou violência, sempre lamentando as vidas ceifadas de jovens soldados no front, como na abertura da inesquecível telenovela Que Rei Sou Eu?, mostrando que, desde sempre, o Ser Humano tem tal tendência violenta, sempre impondo tudo pela força estúpida, muito distante da hierarquia moral espiritual, a qual é imposta com classe, delicadeza, sempre deixando a pessoa livre para fazer suas próprias escolhas,  numa lei agradável, até chegar ao ponto da pessoa fazer questão de obedecer a tais espíritos moralmente superiores. O dia aqui amanhece fresco e perfumado suavemente, no prazer de se despertar numa dimensão tão gostosa, irresistível, fazendo de Paris esta cópia tão infiel das cidades perfeitas metafísicas, as cidades nas quais não há a fogueira de vaidades humana, nas vaidades que carregam a arrogância e a incessante fome humana por Poder, em líderes que têm dificuldade em “desencarnar” do Poder, como num Trump, negando a derrota nas urnas, enraivecendo turbas em Washington DC. Aqui há uma libertação, como num animal silvestre sendo devolvido a seu habitat natural, num glorioso dia de soltura, como no último dia de aula do ano, nas merecidas e deliciosas férias, na magia do Verão, com noites amenas. Ao fundo da torre mais icônica do Mundo, um vasto palácio, talvez cheio de inestimáveis obras de Arte, no mistério da Arte, esta obra humana que atravessa os milênios junto ao Homo sapiens, numa espécie de magia, como num filme levando multidões globais às salas de projeção, nas comoções que causam as grandes obras, no modo como todos vão ao Louvre para ver a obra de Arte mais famosa de toda a História da Humanidade – a Monalisa. Aqui um olor de orvalho repousa no ar de um novo dia de labor e perfume, numa pessoa que não vê o Trabalho como uma tortura, mas como uma forma da pessoa se sentir feliz e útil ao Mundo, mantendo-se sempre produtiva a ativa, à semelhança de Tao, o trabalhador, a Mente Suprema que está sempre cirando e inventando, com o fã clube mais numeroso de todas as dimensões do Universo. Tao, o perfume maravilhoso, no perfume metafísico de Chico Xavier.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Símbolo de longevidade e sobriedade, Elizabeth II aprendeu, na marra, a ter majestade, carregando isto para sempre, na sabedoria do ditado: “Quem já reinou, jamais perde a majestade”. É a forte dignidade de representar todo um povo, um país e uma história, uma tradição, nas inevitáveis comparações, principalmente com sua antecessora xará, assim como é inevitável comparar Maria Rita com Elis Rainha, digo, Regina. O peso das décadas caem sobre os incansáveis ombros da monarca, lúcida após os noventa anos de idade, fazendo com que seu filho espere uma vida inteira para sentar no trono que é de direito a Charles, o príncipe sem muito carisma. As joias representam a virtude indestrutível, havendo nas riquezas mundanas uma cópia grotesca da glória metafísica, da Eternidade, pois tudo de material, cedo ou tarde, está fadado à ruína, e nada de material é eterno, por mais tempo que dure, havendo na Eternidade a prova do poder de Tao, dando-nos tal vida eterna, pois qual o sentido de tudo se um dia findaremos? A Eternidade dos números é o caminho lógico. Os cabelos brancos são a sabedoria da idade, na glória que é uma pessoa crescer, amadurecer e aceitar a si mesma de forma incondicional, no glorioso caminho da autoestima, numa pessoa madura e bem resolvida, adulta. Esta monarca é símbolo de disciplina e sacrifício, dedicando-se ao máximo em sua função contraditória – reina mas não governa. As tradições são uma forma de entendermos a atemporalidade de Tao, o maravilhoso pelo qual o tempo não passa, na atemporalidade metafísica, no caminho da mortificação espiritual, numa pessoa que passou a rejeitar os sinais auspiciosos da Vida Material, como as joias desta monarca. A transparência das joias é a Verdade, esta nobreza, num amigo transparente e verdadeiro, o qual puxa nossos pés para o chão, sem querer nos enganar ou iludir. O vidro é esta virtude de uma pessoa autêntica, verdadeira, odiando falar mentiras, no caminho do apuro moral, nos parâmetros da indestrutível Tábua dos Dez Mandamentos, com noções morais, como as leis de um país, punindo aqueles que subestimam tal apuro moral, tal necessidade de apuro, pois é no crescimento que reside a razão da Vida, numa pessoa que morreu mais depurada do que quando nasceu. O sorriso da rainha é suave, sem querer ser uma celebridade, mas uma chefe de estado, numa função que coloca muito peso sobre a cabeça de um líder, com toda uma responsabilidade a cumprir, na frase: “O dever vem primeiro; o pessoal vem depois”. Esta líder foi majestosamente interpretada pela diva Helen Mirren, tendo esta abocanhado um Oscar pelo trabalho de viver Elizabeth II nos turbulentos dias que sucederam a morte de Diana, uma das figuras mais carismáticas da História da Humanidade, numa Di que, ao simplesmente querer ser feliz, conquistou o coração do Povo Inglês e da Terra inteira. Atrás da monarca, devidamente aprumada para mais uma cerimônia formal em seu reino, há um majestoso Céu de Brigadeiro, ao contrário de uma Londres opaca, de pouca luz solar direta durante o ano. O Céu é a clareza de ações de uma pessoa pública, ao contrário do líder sociopata, um sociopata que, em ter as próprias ações desconstruídas e analisadas, apresenta ações sem sentido algum. A faixa azul é o símbolo de tal sangue azul, assim como os faraós eram considerados descendentes diretos dos deuses, havendo no sangue azul mundano uma cópia do Sangue Divino Estelar ao qual todos pertencemos, num Tao que quer o melhor para seus príncipes e princesas, num Pai tão zeloso e amoroso, fazendo com que um monarca, para ser respeitado, ter que, acima de tudo, amar sua terra e seu povo, pois como posso ser amado por súditos que odeio? A coroa da Inglaterra é tão valiosa que simplesmente não pode sair do cofre, havendo, na cerimônia de entronamento, uma cópia da peça, nesta obsessão humana por riquezas materiais. A rainha se tornou uma avó e bisavó de todos nós, num exemplo de Disciplina, acordando todos os dias para mais uma jornada de reinado, na prova de que uma vida improdutiva não tem sentido.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). Uma grande celebração, num grande cortejo de carnaval, no fascínio global que o Carnaval do Rio causa no Mundo, fazendo o maior espetáculo da Terra, com suas cores e exuberâncias vibrantes. Esta obra é uma prova da paixão de Blake por colagens, na função básica do artista plástico, que é combinar coisas dissociadas e fazer algo novo. Altivas bailarinas voam no Céu, e são a majestade da Arte, na capacidade da Arte em deslumbrar o Mundo, como numa deslumbrante Gisele, onipresente numa passarela, na função da Arte em se aproximar de Tao, aquele que nos deixa perplexos com seu imenso poder de eternidade, fazendo com que a Arte seja assim, eterna, como num deslumbrante Louvre, um templo inesgotável de Arte. As bailarinas são anjos, pairando sobre nós encarnados, nós prisioneiros, no consolo do Espírito Santo, na promessa de uma glória metafísica após este Vale de Lágrimas que tanto nos faz crescer. Mais ao fundo no quadro vemos mulheres voláteis elegantes, vistosas, naquele glamour inexplicável das divas hollywoodianas dos anos 1940, carregando elegantemente seus vestidos sofisticados, numa atitude de Bette Davis, a malvada que tanto amamos. A Moda é isto, este deslumbre, num homem elegante num terno, aproximando-nos da elegância infinita dos felizes desencarnados, num plano onde tudo é limpo e agradável, longe da dúvida cinzenta encarnatória. Aqui vemos uma união de povos, como numa cerimônia de abertura de uma Olimpíada, acolhendo a todos, como num carismático Papa Francisco, o Papa do Povo, o Papa que não tem Soberba ou Arrogância – Simplicidade é tudo. Aqui vemos uma Londres rendendo-se a um carnaval carioca, num momento de tanta energia, na magia de um salão colorido e movimentado, como serpentinas como veias que unem a todos com seu sangue metafísico, fazendo com que pulsemos num só ritmo de união, ao contrário de episódios tão tristes como a Guerra das Malvinas, num momento em que Inglaterra e Argentina deveriam ter entrado em concórdia, não em guerra sanguinolenta. Podemos ouvir aqui os tambores africanos, no Samba e no Pagode que veio dos morros, da classe baixa, nessa identidade tão brasileira, com raízes na Mãe África, nos versos inesquecíveis: “Não deixe o Samba morrer. Não deixe o Samba acabar. O Morro foi feito de Samba. De Samba para a gente sambar”. É o caminho da Cultura Popular, que veio do Povo e com este permanecerá, como na Festa da Uva de Caxias do Sul, num momento em que a comunidade se une em torno dos frutos do Trabalho e da Beleza de uma terra. Na porção inferior do quadro vemos uma indígena de seios expostos, na ausência de Malícia na nudez indígena, como no Éden antes da Maçã, com Adão e Eva lidando naturalmente com seus próprios corpos, pois como Tao pode ter vergonha de algo que Ele mesmo fez? Vemos também um senhor com a tradicional gaita escocesa, remetendo ao uísque inglês e escocês, na universalidade das bebidas alcoólicas. Aqui é uma festa de união de culturas, numa universalidade humana. Ao fundo vemos um carro alegórico que parece um trio elétrico arrastando multidões, numa contagiante Ivete Sangalo agitando uma multidão enlouquecida, no grito de ordem: “Tire o pé do chão!”. Vemos também senhoras indianas, pertencendo ao Grande Império Britânico, nesta vocação colonizadora inglesa, investindo pesado, por exemplo, em vias férreas na Argentina, na crença de que a Humanidade, no passado, foi colonizada por raças alienígenas de inteligência e tecnologia superiores às humanas de então – é um mistério. Aqui é como uma Nova York, que acolheu tantos imigrantes de tantos países, como China, Itália e Brasil, numa cidade tão cosmopolita e multicultural, cheia de comidas variadas e exóticas, servindo pratos como o tradicional cuzcuz, numa cidade símbolo da universalidade humana. É uma Torre de Babel com variadas línguas e culturas, sendo necessário o respeito às diferenças. É uma assembleia da ONU, com gente de todos os cantos do Globo, neste desafio que é construir a Paz Mundial, uma Paz tão difícil de se estabelecer em meio à tendência humana para com a Crueldade.

 

Referência bibliográfica:

 

Sir Peter Blake. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 21 jul. 2021.

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