quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O Andy Warhol Britânico (Parte 3)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o artista britânico Sir Peter Blake. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Os astros pop tornam-se objetos da Pop Art, numa ironia, com um artista tão pop quanto Andy Warhol, o qual por si virou astro de sua própria arte, numa ironia, num retorno. O sargento ao topo é o comando da Mente sobre o Corpo, na vitória do Pensamento sobre a Matéria, atingindo os materialistas, os quais acham que, no início, era a Natureza, quando que, de fato, no início era Tao, o imaterial, ou seja, o corpo físico morre e o espírito volta ao glorioso plano imaterial, o Lar de todos nós irmãos. O sargento é a disciplina, o siso, a responsabilidade, como num comandante de navio, com a responsabilidade de transportar tantas vidas dentro da aeronave, na responsabilidade de um piloto, pousando para preservar a integridade dos passageiros e tripulação, ou na carga de criar uma criança, como uma pessoa que conheço, a qual, ao ter duas filhas, teve que, na marra, aprender a ser adulta. Os Beatles são esse inoxidável ícone pop, nas origens da Pop Musica, gênero que se consolidou nos anos 1980, com medalhões como Madonna e Michael Jackson, na explosão da MTV, numa década de forte identidade jovem, adolescente, colorida, informal, despojada, inédita na História da Humanidade. O elegante bigode do sargento é o garbo, a aprumação, num homem disciplinado, ao fazer a barba de manhã cedo, encarando mais uma jornada se siso e trabalho, de seriedade, como num chefe de família, com a enorme responsabilidade de prover um lar, naqueles superpais, que nunca deixam algo faltar dentro de casa. O terno do sargento são as condecorações, honrarias que contam uma trajetória, uma estrada, uma história, no charme dos homens maduros, com rosto de homem, não de menino, no jogo de sedução entre masculino e feminino, no modo como as meninas adolescentes se sentem atraídas pelos meninos mais velhos, mais vividos, mais experientes, no preconceito o qual diz que a mulher deve ser sempre imaculada, sem carreira, sem rugas, algo absolutamente inviável no Mundo Material, no qual as pessoas nascem, crescem, envelhecem e morrem. Este quadro tem insígnias, registros de carreira, na construção de um homem público, como um político, numa carreira, culminando com o posto máximo de Presidente da República, na gloriosa caminhada sobre a rampa do Palácio do Planalto, numa ascensão, numa escalada, num homem que, nascido comum, tornou-se tão importante e poderoso, no modo como é difícil “desencarnar” do Poder ao final do mandato, na rigidez da sucessão democrática, longe de reinados longevos de monarcas tradicionais, na questão democrática nobre, em que todos somos absolutamente iguais, filhos do mesmo Pai, na igualdade da urna de votação, nosso exercício de Cidadania, na contradição brasileira, num país em que, com voto obrigatório, somos obrigados a ser livres, num resquício ditatorial, no qual o indivíduo é propriedade não de si mesmo, mas de um estado opressor. Os Beatles foram essa origem das boybands, bandas exclusivamente de rapazes, levando à louca histeria meninas no Globo inteiro, numa fórmula tão difundida, com inúmeras bandas afins, como Backstreet Boys, N’SYNC, Menudos e Westlife. As roupas dos astros aqui remetem à moda militar, como um príncipe inglês aprumado no dia de seu casamento, prestando continência, com a noiva pura e casta, impedida de ter prazer sexual, na questão trazida em um livro de Marta Suplicy, na questão da “galinha” e do “garanhão”, ou seja, homem pode tudo; mulher pode nada. E isso enfurece qualquer feminista, as quais querem provar que uma mulher pode ser tão boa quanto um homem, como no fato de que o centro sobrenatural da História da Inglaterra foi uma mulher – Elizabeth I. O sargento é a vitória da disciplina e do cavalheirismo, em oposição à força bruta, algo com que o homem de Tao nada tem a ver, pois a arma de um homem de Tao é o diálogo e a Diplomacia. O sargento é a prova de que a Disciplina é o único aspecto que pode organizar a vida de uma pessoa, nos preceitos positivistas de Ordem e Progresso.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Os arcoíris é a alegria, num salão de baile tão animado, cheio de pessoas finas, belas e divertidas, na beleza de um baile metafísico, numa agenda social maravilhosa, num Mundo que, apesar de ser necessário o Trabalho, a Diversão também é importante. O arcoíris é o símbolo de esperança, nas cores depois de uma terrível tempestade, cheia de raios inclementes e de lágrimas de dor. O arcoíris é uma promessa, no Reino dos Céus, prometido por Jesus. No topo do quadro, uma pequena Estátua da Liberdade, no símbolo democrático, acolhendo imigrantes do Mundo todo, nas nobres intenções da ONU em agregar nações da Esfera inteira, no caminho diplomático que sabe que o Ser Humano é universal em suas virtudes e mazelas. Vemos o Titanic, símbolo de pujança, grandeza e tragédia, na comoção do filme homônimo que arrastou multidões no Mundo todo, nessa capacidade artística em causar tais comoções coletivas, como no falecimento de grandes personalidades como Di, no modo como o falecimento de uma certa popstar, cujo nome não mencionarei, causará comoção mundial certamente. O Titanic é a travessia existencial, talvez numa pessoa que não tenha sobrevivido e tenha morrido jovem, no meio do trajeto. O Titanic é símbolo de sobrevivência, como baratas sobrevivendo a hecatombes nucleares, na canção de Celine Dion, uma das maiores canções da História. Vemos aqui uma bandeira americana em oposição à inglesa, num filho querendo ardorosamente ser independente, em nações americanas não mais querendo se submeter à autoridade europeia, na construção de uma identidade própria, americana, num país que não mais quis ser parte de um grandioso império, na sede por independência, como uma mãe parindo um filho, um filho sedento por Liberdade. Aqui é o que o genial LF Verissimo chamou de “Império da Línguas Inglesa”, num idioma tão universal, tão símbolo de Poder e influência, na união entre países colíngues como EUA, Canadá, Austrália e Inglaterra. O Titanic é o símbolo de tal união, unindo EUA com a Irlanda, como numa nobre união, numa cerimônia de abertura de Jogos Olímpicos, quando a história do país anfitrião é contada, numa identidade nacional, com datas pátrias próprias, como qualquer país quer adquirir tal identidade em meio a essa poderosa supremacia global norteamericana, num mercado mundial cada vez mais Adam Smith, com estados regidos por interferência estatal mínima, numa China tão americanizada, provendo mercados do Mundo inteiro. Ao centro vemos uma moça garbosa, devidamente arrumada e penteada. A moça é como uma miss, uma moça que representa um país num concurso mundial, no poder ritualístico por trás de um concurso de beleza, como numa beleza sendo revelada tal qual a Estrela Dalva no céu matutino, como numa rainha da Festa da Uva, numa moça escolhida para acumular tal poder simbólico, numa embaixadora de todo um povo, o qual tem toda uma história, beleza e proveniência. O fundo ao redor da moça é rubro, uterino, no glamour das celebridades desfilando portal tapete, numa evidência, com pessoas comuns gritando ensandecidamente, no modo como as celebridades são minoria, são exceção, num mundo espetacularizado no qual fingimos que acreditamos que as celebridades não são seres humanos, mas seres divinos, apolíneos, perfeitos. Blake traz aqui pequenos elementos de identidade nacional, como numa caixa de recordações, como uma querida amiga que tenho, a qual guarda com carinho coisas que remetem à Adolescência, esta época doce em que a galera é o centro da vida do adolescente. Na base do quadro vemos uma faixa verde, como um doce gramado verde num jardim de Verão, num nome de origem simples para a cidade gaúcha de Gramado, esta meca de turismo brasileiro, numa cidade de charme e sinergia, tão romântica para uma lua de mel. A moça aqui é como uma glamorosa primeira dama da nação, em ícones como Jackie O, na capacidade de certas pessoas em aproveitar as oportunidades para se expressar e se colocar para o Mundo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). Uma explosão de Pop Art, em grandes ícones da Indústria Cultural, na Cultura de Massa, de Mercado, objetivando vender gibis, bilhetes de Cinema, brinquedos, discos etc., em artistas que, além de ter comprometimento artístico e de Criatividade, sabem se vender, como em booms de vendas como Romero Britto, em seu estilo inconfundível, no triste modo como há tantos artistas que só são devidamente reconhecidos postumamente. Os super heróis são tal símbolo de popularidade midiática, unindo Yin com Yang, pois, além de belos e jovens, têm superforça e superpoderes, remetendo à plenitude do Plano Metafísico, onde somos todos jovens, belos e com superpoderes, como supermáquinas de razão fria, só que com Amor no coração, fazendo do Amor tal diferencial entre herói e vilão, sendo este um sociopata que, em nada nem ninguém amar, acaba rejeitado e desprezado, no final de cada episódio de desenho animado de super heróis, mostrando o Mal sendo punido e aniquilado, tal qual Maria esmagando com seus alvos pés a Serpente da Malícia, ou seja, a clássica vitória do Bem sobre o Mal, incutindo na cabeça da criança o discernimento entre válido e inválido. O artista, seja um cantor ou ator, quer se tornar tal ídolo de superpoderes, na fidelidade dos fãclubes, assembleias de pessoas que admiram o mesmo artista, causando milhões ou até mais de um bilhão de acessos a um determinado vídeo no Youtube. Este quadro de Blake é uma declaração de Amor à Infância, esta época simples em que não temos a frieza adulta, numa Infância na qual não temos todas as exigências dos adultos, na simplicidade do trenó Rosebud do Cidadão Blake, digo, Kane, remetendo a uma época em que a Vida é mais simples e divertida, na ruptura de um Kane sendo arrancado brutalmente de tal paraíso infantil. Aqui é como num imaginário de uma pessoa, remetendo-me à minha doce infância, com meu Castelo de Grayskull e os formidáveis bonequinhos do universo de He-Man, o homem mais poderoso do Universo, lutando contra a malícia corrosiva e destrutiva de Esqueleto, o Mal atuante que quer se apoderar de tudo e todos, como no terrível Sauron de Tolkien, em grandes sociopatas que querem ser vistos como anjos, ou seja, querem enganar o Mundo inteiro, como num célebre sociopata do Século XX, uma pessoa diabólica cujo objetivo era aniquilar o Mundo inteiro, num coração ABSOLUTAMENTE desprovido de qualquer Amor. Ao fundo deste quadro, temos a dura e tediosa realidade cotidiana. Mas então vem a Imaginação e traz todo esse universo de personagens carismáticos, dando a tonalidade para tantas e tantas crianças, remetendo-me às minhas festinhas de aniversário infantis, nas quais eu recebia meus coleguinhas com uma grande mesa decorada com uma toalha de super heróis, tudo arrumando pela minha zelosa e querida mãe, uma supermãe. Os heróis voando desafiam as duras leis físicas da Gravidade, e são os paladinos defensores do Bem e da Liberdade, agindo em nome do Mundo, em nome do Amor, em nome de algo válido, lógico e construtivo, como verdadeiros embaixadores da Santa Paz Divina do Plano Metafísico, o lugar no qual temos a certeza de estarmos cercados exclusivamente de amigos, sem qualquer chance de nos toparmos com sociopatas, os quais vão para o Umbral, o plano no qual os “dedos” não querem se desfazer dos “anéis”, ou seja, tudo de sucesso mundano perece com o Desencarne, e Airton sai de cena, e só se entra humilde e “nu” na colônia espiritual, o plano onde a Vida continua. Aqui é a força da imaginação, no fato da Mulher Maravilha ter sido criada por um psicólogo, uma super heroína feminista a qual, além de feminilidade e beleza, é forte com um tanque de Guerra, dando uma surra em muitos marmanjos mal intencionados. É uma indústria que aproveita qualquer possibilidade de promoção, produzindo filmes que visam deslumbrar a imaginação do Mundo, numa renovação ao longo de décadas, em constantes releituras inéditas, como na verve do Coringa de Heath Ledger.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). Aqui é como um picadeiro de circo, com seres anormais atraindo a imaginação do público, na sabedoria de alguém que me disse: “Por mais belo que seja o circo – e como é belo. Só que, por mais belo, vai chegar um ponto em que ele levantará e lona e irá embora”. E a Vida não é o belo circo indo embora? Ao fundo no quadro vemos uma indistinta plateia ensandecida, histérica com a apresentação de um grande ídolo, num momento em que um fãclube se une ao redor de um show ou performance, como nas tietes enlouquecidas no tapete vermelho do Festival de Cinema de Gramado. Aqui temos uma diversidade de animais, num zoo, com animais que não fazem de ideia de como eles próprios são atrações circenses. Esses animais são como brinquedos, como num doce episódio de Chaves, no qual as crianças do seriado brincavam em uma onírica loja de brinquedos, havendo no brinquedo uma forma da criança, recém reencarnada, ter algum contato com a perfeição da Dimensão Metafísica, ou seja, a criança recém reencarnada traz um residual de tal doce vida espiritual, num plano em que a pureza e a bondade correm soltas, sem qualquer interferência maliciosa – as crianças têm tal inocência, talvez com eu aqui remetendo a Rousseau, o qual dizia que qualquer malícia vem do Corpo Social, e não do indivíduo em si, quando que, na verdade, a Malícia faz parte da universalidade das mazelas do Mundo, este Plano Físico tão duro, envenenado por sociopatas atuantes. Podemos ouvir aqui a música e a plateia vibrando, nas comoções das grandes manifestações artísticas, levando multidões aos cinemas, com intermináveis filas para ver o mais recente delicioso escândalo de Monroe, a maior diva do Século XX. Este quadro remete ao privilégio que tive em ver uma apresentação do famoso Cirque Du Soleil, em Porto Alegre, na impecável técnica dos artistas, técnica fruto de uma enorme disciplina e de rotinas espartanas de ensaios, como num ginasta que se esforça ao máximo para o momento do teste olímpico, numa lição de dedicação, como num deslumbrante show de Tango que vi certa vez em Buenos Aires no Teatro Piazzola, na técnica perfeita dos dançarinos, como na Maria Callas de Marília Pêra, que Deus as tenha – Disciplina não pode ser subestimada, pois não é a Disciplina o único fator que pode organizar a vida de qualquer pessoa? Aqui os animais são astros, como no fantástico Sea World na Disney nos EUA, com os gigantescos tanques de água, com os animais adestrados, por vezes esguichando água em quem está sentado mais perto do tanque, na beleza de um animal adestrado, civilizado, domesticado pela Vida em Sociedade, fazendo metáfora com o disciplinamento educacional, com os alunos desregrados sendo severamente punidos pelos responsáveis pela Disciplina de um colégio, como eu próprio fui punido várias vezes por te me comportado mal! Aqui há uma certa concorrência entre os bichos, e cada um quer brilhar ao máximo, no modo como a Indústria Fonográfica Mundial é lotada de divas maravilhosas que competem pela apresentação do público, numa competitividade da Vida em Sociedade, tal qual uma prova olímpica, num momento em que a seriedade disciplinar e a humildade não podem ser esquecidas, remetendo ao conto da Lebre e da Tartaruga – nunca subestime o oponente ou o concorrente; sempre seja subestimado. O leão domado é tal força domesticadora, na tentativa humana em trazer Ordem ao Caos, impondo Beleza a um Mundo tão caótico e desordenado. Aqui é como uma Arca de Noé, numa biodiversidade, podendo haver nesta passagem bíblica uma metáfora para um cataclisma que pode ter de fato ocorrido. Aqui é um plano de diversidade com artista de vários estilos e modos, numa celebração das sagradas diferenças que nos unem como irmãos, como príncipes iguais, filhos do mesmo Rei Tao, no modo como as pessoas são únicas e insubstituíveis – e isto é lindo, não?

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Mais uma vez a paixão de Blake por formidáveis colagens. Aqui é como uma Itália heterogênea, nas dificuldades em unificar um país com regiões tão distintas, assim como no continental Brasil, fazendo do estado da Bahia um país a parte, num lugar onde tomar mais de um banho por dia é perfeitamente normal, ao contrário dos hábitos gaúchos, de um banho diário somente. Vemos uma bandeira britânica, talvez num divertido chauvinismo catarseado, num Blake apaixonado por seu próprio país, chegando ao ponto de ser condecorado pela sua rainha, a monarca longeva. Aqui é como num baile de Carnaval ou numa noite de Halloween, com fantasias tão variadas e coloridas, numa explosão de cor e ritmo na Marquês de Sapucaí, numa vibração que encanta turistas do Mundo todo, herdando o talento africano para os tambores, num sabor tão brasileiro e peculiar, apesar do americano médio igualar a Cultura Brasileira à Mexicana, por exemplo. É uma construção de identidade, como numa festa comunitária, como numa vindima, nos vestidos das rainhas caxienses cujo estilo inspira as vestes de rainhas de outras festas comunitária, numa comunidade celebrando suas próprias raízes, como nas vindimas italianas evocando o passado medieval italiano, no país em que eclodiu a deslumbrante Renascença, neste charme e nesta culinária tão rica da Itália. Vemos uma moça tomando uma garrafa de Coca-Cola, no casamento que a Pop Art faz entre Arte e Mercado, como num Andy Warhol, recebendo inúmeras encomendas, tendo que produzir num ritmo quase industrial, nesses artistas que atingem o nível de meme, tornando-se darlings talentosos, no modo duro como a aclamação de talentos nem sempre vem a qualquer artista. Na base do quadro vemos uma lolita, que é o encanto feminino, delicado, como numa Monroe muito jovem, em início de carreira, posando nua, numa atriz cujas transgressões encantavam e cativavam o Mundo, como numa Diana, a princesa com alma de artista, com transgressões que traduziam o desejo do povo britânico de aliar tradição com modernidade, respeitando as tradições mas sempre tendo um olho na modernidade global, como a hoje indispensável Internet. Aqui é um quadro predominantemente feminino e agradável, como numa divertida reunião exclusiva de mulheres, num momento de alegria e sensibilidade, deixando um homem, que estiver ali, atordoado com tal identidade Yin, como mulheres de minha família, as quais, ao se reunir, são uma divertida gritalhada, assustando quem não conhece estas mulheres. Os poucos homens aqui são “benditos frutos entre as mulheres”, como numa Vênus entorpecendo Marte na obra de Botticelli, quando o polido diálogo diplomático evita ao máximo o embate bélico, pois um homem de Tao é inofensivo como uma tesoura cega; um homem de Tao nada tem a ver com armas ou guerras. Aqui é como na abertura do televisivo popular Escolinha do Prof. Raimundo, da Globo, com um panteão de alunos tão distintos, como na rica galeria de personagens de Chico Anysio, um artista genial ao ponto de nunca se repetir, no modo como o Brasil foi tão privilegiado em ter aqui, nesta terra, artista de tal quilate. Aqui é como um quadro de sucessão, mostrando uma tradição de governantes, mas aqui não temos tédio formal, mas uma festa, como, repito, num baile de Carnaval, no modo como Tao jamais cria dois espíritos idênticos, e a personalidade, a individualidade, é altamente divina e inexplicável, como num pai que observa que cada filho tem um estilo diferente, apesar de terem vindo da mesma barriga e terem sido criados abaixo do mesmo teto de família. Aqui é como um chá de damas, todas arrumadas, no modo como já ouvi dizer: uma mulher, quando se arruma para sair, na verdade não está se arrumando para os homens, mas para as mulheres. Aqui é como um cast, um elenco de uma gravadora fonográfica, com sua cartela de astros, buscando espaço no Mercado, evocando aqui novamente este link da Pop Art entre Arte e Mercado, a cara do Século XX, o século em que, no fim das contas, o Capitalismo triunfou, com o boom da Revolução Industrial.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). O alvo é a objetividade, numa precisão cirúrgica, como num bom psicoterapeuta, fazendo um diagnóstico preciso do paciente, observando qual é a raiz dos problemas da vida de uma pessoa, no modo como ninguém gosta da verdade nua e crua, fazendo com que a Psicoterapia seja algo doloroso, com o terapeuta dando “espetadas” no paciente para ver se este está consciente dos próprios problemas. Aqui é o ávido olho sem pálpebra de Sauron, o Senhor do Escuro de Tolkien, num grande sociopata tomando conta de uma nação inteira, num ser manipulador e ardiloso, que infelizmente sabe com enganar meio Mundo. O alvo é a concentração, uma centralização, como numa gota de água fazendo propagações da água sobre a qual pinga. O alvo é a pessoa dando algum sentido para a própria vida, adquirindo Disciplina e regrando seus dias, sabendo que, fora do Labor, não há salvação, pois como é triste a pessoa improdutiva, a qual não usa a inteligência que Tao lhe deu – é como rejeitar um presente de aniversário. O alvo é como uma pessoa se concentrando numa leitura, no ponto em que tal concentração faz com que os barulhos ao redor “desapareçam”. Os louros aqui são a vitória, a volta por cima, como numa Alanis Morissette, a qual, ao fracassar num primeiro momento, deu a volta por cima com persistência e finalmente triunfou estrondosamente – talento precisa de persistência. O louro é uma consagração, num doce momento de premiação, nesta tendência humana em querer perpetuar tal momento de doce orgasmo, numa Vida que exige que viremos as páginas, sendo estas doces ou amargas, no modo como o Sucesso é complicado, pois ele é “viciante”, numa obsessão por Sucesso, na frustração de quem se sente um fracassado. O louro é um marco, como num Alexandre conquistando reinos, nesta sede por Poder, sempre Poder, uma sede tão capaz de corromper os mais nobres homens, nas tentações mundanas do Anel do Poder – todo o poder mundano apodrece junto com o corpo físico, num inevitável prazo de validade, tal qual um ovo ultrapassa a validade e apodrece, havendo no Umbral este cheiro de ovo podre, ou seja, um lugar no qual não quero ver alguém que eu conheça. Aqui temos um jogo colorido numa Londres tão opaca e cinzenta, como nas famosas cabines telefônicas vermelhas, caindo em franco desuso frente aos dispositivos móveis, neste louco galgar das tecnologias, fazendo com que toda uma coleção de vinis e CDs caiba num simples pendrive – é muito “louco”. O coração, é claro, é o Amor e a afetividade, no modo como somos tão bem recebidos num centro espírita, num lugar cheio de médiuns que sabem que somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei, no poder da Fé, pois a Divina Dimensão Metafísica está acima de qualquer ambição científica humana, apesar do Espiritismo ser amigo da Ciência. O coração é o mistério da Vida, pois é como uma bateria, uma pilha alcalina, com um certo prazo de validade, no modo espírita em lidar com naturalidade com o a morte do corpo físico. Aqui é um mágico caleidoscópio, numa roseta de Elizabeth, a rainha virgem, numa monarca que soube conectar o mundano com o divino, conquistando a fé do próprio súdito. A estrela é essa obsessão, essa fome por sucesso, esse tesão em escalar montanhas, numa pessoa com tesão pela Vida, gostando de trabalhar e manter-se produtiva, no modo como o Reino dos Céus é o paraíso para os que gostam de permanecer úteis e produtivos, no modo como não pode haver aposentadoria – todos temos que continuar “tocando o barco para frente”. Aqui remete ao encarte do vinil da banda carioca Blitz, dos anos 80, com cada integrante com estilo próprio, com na então backing vocal Fernanda Abreu com espuma de xampu no cabelo. Aqui temos a alegria de conversar com um velho e bom amigo, pessoas com as quais temos intimidade infinita, nos eternos reencontros da Vida Eterna, num amor desapegado, “fresquinho”, por assim dizer.

 

Referência bibliográfica:

 

Sir Peter Blake. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 21 jul. 2021.

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