quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Adoro Doran (Parte 2 de 11)

 

 

Volto a falar sobre o artista gráfico inglês David Doran. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (1). Uma deliciosa cena cítrica, com um perfume de laranja, na sedução de frutas tropicais, como acerola, açaí e manga, distribuindo seus sabores para o Mundo, no jogo de sedução entre Oriente e Ocidente durante as Navegações, na prova da universalidade do Ser Humano, no modo como o sushi ganhou o Mundo, por exemplo. O chafariz é a abundância, na força da Vida, sempre vindo, sempre brotando, no termo que eu inventei: “Mais sem graça do que chafariz na chuva”, ou seja, temos que ter o contraste entre seco e molhado, unindo os opostos e unificando o Universo. O chafariz é o talento, sempre vindo, vindo de uma fonte inesgotável, naquilo que é figura na pessoa, ou seja, o espírito simplesmente nasce assim, acumulando crescimento de outras encarnações, como um ator crescendo na carreira, interpretando muitos personagens durante a carreira, no “filme” da vida da pessoa, como num show de entrevista, quando momentos da carreira do ator entrevistado são recapitulados, no termo “Essa é sua vida”. O toldo aqui é a proteção, numa pessoa que passou a adquirir sábia prudência, como numa grande líder como Merkel, a qual era hesitante, cuidadosa, como se soubesse que na selva há lobos ferozes escondidos na tocaia, e o homem de Tao é assim, hesitante, sempre protegendo o pacato dia a dia do cidadão comum, num rei que parou de cobrar tantos impostos, num povo que está farto de tantos impostos, no modo como a Revolução Francesa, cujos ecos ouvimos claramente até hoje, nasceu por causa da controvérsia em relação ao preço do pão, simples assim, como na crise de popularidade de Elizabeth II no momento da morte de Diana, a deusa que reinou como uma rainha de facto, não de jure, ou seja, uma rainha na prática – se ela se parece com uma rainha, soa como uma rainha, move-se como uma rainha e é vista como uma rainha, é uma rainha. O garçom é a serventia, o serviço, a conveniência, numa pessoa batalhadora e trabalhadora, como na ambiciosa personagem de Melanie Griffith em Uma Secretária de Futuro, uma moça brilhante, repleta de potencial, ambicionando voos mais altos, indo além de ser uma anônima secretária, triunfando no final, sendo devidamente reconhecida, com a vilã arrogante sendo rechaçada, no triunfo da Verdade e da Bondade, em filmes de um final catártico e redentor, fazendo com que saiamos leves da sala de Cinema, livres, leves e soltos como uma gaivota à beiramar, na função libertadora da Arte. A moça aqui tem um charme parisiense, como duas amigas que tenho, duas mulheres bem francesas, sofisticadas, diferenciadas, com aquele charme que só Paris pode ter, uma cidade que, ouvi dizer, é maravilhosa – será que quando o Euro baixar eu poderei ir para lá? A moça aqui é aprova minimalista de limpeza – menos é mais. É como na fascinante protagonista do filme Sabrina, filmado e refilmado, com uma moça que, no início da trama, era uma pata choca ingênua, desprovida de qualquer sensualidade, transformando-se, em Paris, num mulherão, numa mulher chic e sedutora, avassaladora, fina, perfumada, europeia. É como no charme de uma famosa primeira dama francesa, uma mulher que espalhou seu “perfume” pelos quatro cantos do Mundo, num charme que fascina Nova York, numa cidade que, no megamuseu Met, busca tal identidade europeia com ícones impressionistas europeus. A brisa aqui é suave e maravilhosa, numa terra abençoada na qual nunca há tempo ruim ou feio, longe das vicissitudes materiais, num globo material em que deve haver chuva para encher as represas, nas demandas da Matéria. Podemos aqui sentir o perfume da moça, numa Marilyn Monroe fazendo uma das maiores tacadas de Marketing da História, dizendo que a única coisa que usava para dormir eram duas gotas de uma fragrância Chanel, este ícone de verve e da coragem estilística de Paris, numa cidade que nos enche de novidade e excitação, como disse Madonna em um documentário, na herança de coragem de uma Coco Chanel, na beleza da transgressão que respeita a tradição.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (2). Um jogo de sedução entre o homem e a mulher, morando em prédios separados, querendo buscar uma conciliação entre Yin e Yang. O prédio da mulher é mais charmoso, sinuoso, mais feminino, como num charme de uma cafeteria chic, não necessariamente rica, pois riqueza e estilo podem, ou não, caminhar juntos. É como num Fábio Jr. fazendo um desabafo a uma repórter: “Cansei de tentar entender a mulheres. Vocês são loucas!”. Já, o prédio do homem tem linhas mais simples, racionais, Yang, neste jogo de charmes, em que cada um tem o que o outro precisa, como num casal heterossexual: o homem personifica publicamente o Yang da esposa, e esta personifica publicamente o Yin dele, na função representativa do casal hétero, no qual homens e mulheres estão representados, na união carnal que é o único modo se trazer Vida ao Mundo, diferentemente do casal homossexual, com o qual não cai bem um casamento hétero na Igreja tradicional, havendo enlaces gays em religiões como a Umbanda, a religião dos socialmente marginalizados. Aqui é como uma cena voyeur, como em Janela Indiscreta ou em Invasão de Privacidade, no prazer de se entrar despercebido na casa de alguém, no desejo sensual de um astrônomo em desvendar o Universo por meio de supertelescópios, mirando em confins inexplorados do Cosmos, nesse desejo de saber, de ver, de tomar consciência, num certo “estupro”, por assim dizer. Aqui temos o contraste entre dia e noite, resultando num limiar de luar, numa luz que tanto revela quanto esconde, na sedução entre Lua e Sol – ela é instável, louca, e vai e vem como bem quer, sem ter alguém para mandar nela, podendo vir de dia ou de noite, no Verão ou no Inverso; ele, o Sol, é a garantia de que sempre, todos os dias, brilhará, sempre trazendo a luz necessária para o dia do cidadão. A bebida alcoólica anunciada aqui promete tal junção, na universalidade da birita, desde o saquê até uísque, no modo como já ouvi: “Ninguém gosta do gosto de Álcool; as pessoas gostam dos efeitos do Álcool”, como um conhecido postou no Facebook certa vez: “Hoje conversei com meu amigo Álcool”. A bebida é este link, dando coragem para um homem abordar uma mulher, ou dando coragem para puxar uma briga, ou no modo como o Álcool aquece a voz da pessoa embriagada, no modo como o alcoólatra está sempre em busca de motivos para beber, fazendo da negação o primeiro sintoma da doença de Alcoolismo, o qual não tem cura, fazendo com que o alcoólatra, para dar uma guinada da Vida, tenha que parar de beber, num esforço enorme. Vemos aqui uma caixa de água, talvez numa cena novaiorquina, numa cidade que tanto transpira Arte, esta misteriosa força humana que gira em torno de um mistério supremo, que é a Vida, fazendo dos tambores, por exemplo, metáfora das batidas cardíacas, nos mistérios do Desencarne – para onde vamos após perdermos o corpo físico? A Vida, em sua força titânica, segue incólume, no milagre da Ressurreição de Jesus, na vitória do divino sobre o mundano. Podemos aqui ouvir os gritos da mulher para convidar o homem a entrar, num momento de interação social, talvez num baile ou festa, ou como meninos e meninas flertando no intervalo da aula no Colégio, no excitante primeiro dia de aula do ano, quando as novas meninas entram exalando seu charme aos meninos mais velhos. Aqui é uma reunião para um drinque, num companheirismo, numa pessoa acompanhando a outra em um hábito, como tomar chimarrão, num momento de troca, como ouvi de certa pessoa uma vez: “Seja mais companheiro!”. Aqui, as estrelas no Céu espalham os mistérios do Cosmos ao nosso redor, no nosso enigma, na razão da Vida, no plano divino para conosco, num Universo que é tão amplo, tão vasto. Aqui é a junção binária entre escuro e claro, como no charme de fotos em preto e branco, com estrelas de Cinema, charmosas, com suas peles acetinadas, querendo se parecer ao máximo com nossos irmãos evoluídos, os quais já aprenderam definitivamente que Tao é o único caminho de crescimento e depuração.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (3). No filmão O Feitiço de Áquila, com a deusa Michelle Pfeiffer, um malévolo bispo joga um feitiço em um casal, visando desunir este: durante o dia, o homem amaldiçoado era um homem e a mulher era uma águia; de noite, ela era uma mulher e ele se transformava num lobo. Só nos momento de limiar breve entre claro e escuro os dois podiam se ver. Aqui temos isso na obra de Doran, havendo aqui um diálogo entre um homem de Paris e uma mulher de Los Angeles, duas cidades tão diferentes uma da outra, mais uma vez aqui fazendo um anúncio de bebida, na promessa de unificar o Mundo, como em época de Jogos Olímpicos, em que a universalidade do Esporte se revela em toda a sua força, como no prazer de se ver Senna no topo de tal Mundo, no poder mundano dos bem sucedidos. A mulher californiana toma banho de Sol sob as icônicas palmeiras sensuais da Terra do Cinema, num Sol forte da Califórnia, num clima semiárido, na terra de tantos e tantos sonhos despedaçados, numa terra de perdedores, de fracassados, mesmo para um ganhador do Oscar, num artista que, depois de doce consagração, vislumbra uma crise sem fim, numa pessoa que, antes, estava no topo da cadeia alimentar hollywoodiana e, agora, está sem nada nas mãos, nos altos e baixos de qualquer vida, como numa majestosa Gisele, a qual fracassou como atriz, apesar de ser a modelo monstruosa que é, com seus ondulados cabelos sendo imitados por todas as mulheres do Globo – como é a Vida, não? O homem parisiense tem esse charme francês, com uma bicicleta saudável, não poluente, com algumas baguetes no cesto da bicicleta, na simplicidade de se sentar num gramado de parque, abrir um vinho e comer um bom pão quentinho, assim mesmo, simples, pois a Vida só é doce quando não temos arrogantes pretensões. A Torre Eiffel permanece como este supremo símbolo de sofisticação, charme e civilização, no modo como o Francês já foi o mais importante idioma mundial, só sendo suplantado pelo Inglês Americano depois da II Grande Guerra, no momento em que uma nova potência se revela, humilhando atomicamente o Japão – em qualquer canto do Mundo, fala-se Inglês, mesmo os franceses não gostando muito desse fato. A camisa do homem tem um charme listrado, aristocrático, naval, evocando novamente o jogo de contraste entre dia e noite, numa canção jazzística: “Leste do Sol e Oeste da Lua”. É como a grande esposa real sendo exibida em público ao lado do faraó, na Mulher sempre um tanto abaixo do Homem, num Ser Humano que, desde sempre, foi patriarcal, pois, como eu já disse aqui no blog, trazer filhos ao Mundo já é poder demais, ou seja, o poder do Homem pretende fazer tal “compensação”, num cabo de guerra entre os sexos, na ironia dialética de que tudo traz em si sua própria contradição, na magia que buscamos entre fraco e forte; no erotismo entre protetor e protegido. Os dois personagens aqui acenam um para o outro, como se um oceano os separasse, talvez esbarrando no percalço da língua, com idiomas de raízes tão distintas, como num recente comercial televisivo de cerveja, com um jovem casal que não se entendia numa boate, pois ela só falava Português; ele, só outro idioma. A bicicleta é esta charmosa energia limpa, remetendo-me a doces memórias de Infância em veraneio, com as crianças da vizinhança se reunindo para andar de bicicleta, como numa galera de veraneio, a qual se encontra todos os anos na praia, com relacionamentos construídos, nos doces momentos em que o Verão parece que vai durar para sempre. Aqui é como clara e gema se unindo e formando o ovo, no modo como fácil e difícil são faces do mesmo trabalho – não existe trabalho que é cem por cento prazer, pois tudo tem suas asperezas. A noite e o dia aqui são límpidos, com o céu desnudo, em doces veraneios, na ironia de Tao, a qual, para o Norte, dá o Versão; para o Sul, o oposto. Aqui é como os pavilhões do Mundo no parque temático EPCOT Center, na Flórida, com países sendo representados, cada um com seu charme particular, numa volta ao Mundo em questão de uma pernada.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (4). É impressionante o namoro da Propaganda com a Pop Art, na Cultura de Massa, de bens manufaturados, industriais, vendidos esfuziantemente em lojas e supermercados, ou com cantores recordistas de vendas. Os barquinhos remetem à canção de Bossa Nova: “Um barquinho a deslizar no profundo azul do Mar”. É uma cena doce e plácida de memórias de Verão, a estação em que estamos de férias, curtindo a Vida, contemplando esta. Os barcos são a Vida pulsante, na saúde de um esporte, na endorfina regando os vasos sanguíneos do atleta, nas palavras de um senhor na abertura de jogos olímpicos, em algum lugar: “Aqui temos a juventude do Mundo”. É o Plano Metafísico, apolíneo, em que todos temos a juventude eterna, num rejuvenescimento, num plano em que nosso cabelo está direitinho como nós desejamos, no plano em que há inabalável autoestima, pois a primeira pessoa que devo amar é eu mesmo. Aqui é um vibrante balneário, numa cidade assoberbada de veranistas, como numa Capão da Canoa, uma cidade que, no Verão, fica no limite de sua capacidade, com longas filas em supermercados e banhistas concorrendo por um espaço na areia. O Mar aqui é doce, dócil, como num cão domesticado, longe de ser um lobo selvagem e feroz. É como a bela vista do Museu de Arte Sacra da Bahia, com o Mar ao longe, cheio de gigantescos navios de cruzeiros, numa cidade que é o Éden para quem estuda História do Brasil, na primeira capital federal brasileira da História. Aqui é um relaxamento, e os barcos não parecem concorrer uns com os outros, numa trégua, como num cavalheiresco cessar fogo, num momento raro em que o Deus em mim reconhece o Deus em você, num momento de igualdade, num conceito tão pregado pelos indestrutíveis ecos da Revolução Francesa, no momento em que príncipes, mendigos e plebeus valem o mesmo perante a urna eleitoral, muito além de classe social, raça, religião etc., nos esforços democráticos, nas palavras de Joe Biden, respondendo a uma repórter brasileira qual a mensagem do mesmo para o Mundo, e o recém eleito disse: “União”. É como num momento de alguma festividade de Cultura Popular, quando o povo se une para fazer acontecer, com cada um fazendo sua parte, num momento em que a comunidade se vê projetada, respaldada e representada, no cargo de grande poder simbólico de uma rainha da Festa da Uva, representando a história e a dignidade de um povo, de uma trajetória, num povo que não foi “encontrado numa lata de lixo”. Aqui a vegetação não é agressiva ou espinhenta, mas podada e decorada, no prazer de se ver um jardim bem cuidado, como nos adoráveis canteiros floridos da cidade de Gramado, uma cidade que entende a importância de um lugar buscar encantar o turista. Aqui é um dia quente, mas não insuportável. As plantas são a Vida em tesão, em força, como numa pessoa que encontrou tesão em fazer as coisas, ao contrário do sentimento depressivo, que é como um surfista que não se anima para pegar uma onda. O Mar aqui está racionalizado, por assim dizer, pois está com elegantes listras racionais, aristocráticas, como se fosse uma imposição de Ordem ao Caos da Natureza, nas demandas materiais, num leão que tem que matar um herbívoro para garantir a refeição por vários dias de jejum entre as caçadas exitosas. A árvore aqui faz uma deliciosa sombra, no termo “Sombra e água fresca”. A árvore é o refúgio, a proteção, na capciosidade dos plátanos, os quais deixam o Sol passar no Inverso e bloqueiam este mesmo Sol no Verão, no modo como, no frigir dos ovos, temos que crer numa Inteligência Suprema. Aqui há harmonia, com vizinhos que se respeitam mutuamente, pois que infernal é a vizinhança na qual não existe tal delicadeza respeitosa! É como um cuidadoso diplomata, como se soubesse que a Paz pode ser ferida a qualquer momento. Aqui é o espaço altamente democrático da beiramar, onde somos todos iguais perante a Deusa dos Mares, Iemanjá, o Lar do qual veio a Vida ao Mundo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (5). Este carro rubro parece libidinosos lábios femininos, doces, pulsantes, quase como carne viva, no fascínio de uma mulher de vermelho, no fascínio do tapete vermelho na Igreja, numa ocasião muito excepcional e séria, pois os nubentes têm que jurar, em público, fidelidade e respeito ao próprio cônjuge. O carro é a independência, como num jovem que recém veio à Maioridade, indo direto para a Autoescola, nessa fome humana por Liberdade, como num pássaro que se depara com a portinhola aberta da gaiola, tendo a liberdade para sair ou não – tudo depende da pessoa. Nesta cena vemos uma majestosa ave em voo, no mito do pombo da Paz após a desavença entre homens, na promessa de ressurreição e de restabelecimento da Paz, no modo como a Eternidade é tempo para a resolução de qualquer desavença, no caminho lógico do Perdão, a força que liberta e que traz Paz. É no mito belo do Espírito Santo, a consolação enviada à Terra para quem aqui se encontra “encarcerado”, na infalível promessa de vida nova, como numa grande amiga minha que faleceu recentemente, reencontrando-se, lá em cima, com sua neta, a qual morrer tragicamente quando esta minha amiga era encarnada – viste só, minha amiga, como tudo acabou bem? A ave aqui é esta libertação do Pensamento Racional livre das intempéries traiçoeiras do coração, do sentimento que pode anuviar nosso juízo. É a libertação do pensamento lógico matemático, na frieza bela e lógica dos números, nas ironias de Tao, no modo como, por toda a eternidade de números, sempre haverá números primos! É o bom humor em torno do pensamento lógico, no modo como não deixa de ser engraçado o fato de que já vivemos outras vidas na Terra e viveremos muitas outras. Aqui o ambiente é quase ermo, pacífico, e o mar aqui é tão plácido, como num espelho de tranquilidade, na Paz de quem se ocupa com produtividade, pois que vida é esta na qual passo as tardes de minha vida assistindo televisão? Aqui é um passeio apolíneo, num sonho idealizado, como no mito que enchia a cabeça do imigrante italiano, o qual tinha a crença de que a vida na América era doce, fácil e rica, num imigrante que, chegado à Serra Gaúcha, deparava-se com uma vida extremamente dura, quase passando fome, gerando nas galeteria serranas tal conceito de fartura, nos sonhos gastronômicos de um imigrante que, no início de adquirir seu lote, comia tão espartanamente, longe das “orgias” dionisíacas de uma mesa farta, farta e farta. Aqui é como um plácido domingo, num dia tão perfeito para um passeio, longe das atribulações do dia a dia, numa religião que impõe o descanso aos domingos, pois que vida de escravo é esta na qual só trabalho e não vivo ou contemplo um pouco a Vida? A ave projeta sua sombra no chão – a sombra é a consequência, o resultado de nossas ações, no fato da sabedoria do Senso Comum, que diz que colhemos o que plantamos, pois se você for pelo caminho da destruição, este será o seu nome! Não é privilegiada a pessoa que vive seus dias em discrição, sossego e produtividade? Na Dimensão Metafísica não perdura o fato de que todos temos que arranjar algo para fazer? Não há na Eternidade esta magnífica carreira espiritual, a qual faz com que nos sintamos extremamente bem, com a Vida nos trilhos? A ave aqui é um guardião, num anjo da guarda, um espírito que sempre quer nos levar pelo bom caminho, num espírito que nos respeita e nos ama como irmão, como igual, como numa família, na qual o primogênito ajuda a criar os mais jovens, adquirindo, desde muito cedo, o peso do senso de responsabilidade. Aqui é uma saudável pitada de solidão, de retiro, de resguardo, na necessidade da pessoa ter momentos consigo mesma, havendo em Tao este retiro e este respeito à privacidade – o Amor respeita. Podemos ouvir aqui o som do carro, ecoando por um lugar de pacífico ermo, num dia de descanso.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica (6). A gilete é a disciplina, num homem que se apruma e vai à luta, sabendo que o Mundo é dos dignos e merecedores, como num episódio de Friends, no qual um senhor, acordando bem cedo, aprumava-se frente ao espelho cantando com vontade e espírito, amando ser produtivo, no ditado: “Deus ajuda quem cedo madruga”. Aqui é a intenção de unir o produto ao frescor da beiramar, na sensação gloriosa de liberdade em se caminhar nu numa praia, na inocência do Éden antes da infame maçã ser mordida, como na cena do clube noturno em Matrix, num detalhe do plano com uma mulher segurando uma descomunal maçã vermelha, num clube fechado, escuro, de espíritos mundanos, que subestimam o poder da espiritualidade, no caminho dos vícios, como numa Whitney Houston, com as drogas simplesmente devastando sua voz – malditas estas sejam. Podemos ouvir aqui o som do Mar embalando um sono, num chiado tão reconfortante, tão acolhedor, no bem estar de se sentir à vontade em casa, longe das convenções sociais do Mundo lá fora, no prazer de se chegar em casa e descalçar os sapatos de andar na Rua. Aqui é o ritual de frescor numa aprumação, no modo como é bonito de se ver um homem barbeado, garboso, num cavalheiro que entende a delicadeza necessária para a interação social, como num senhor polidíssimo que conheço, um intelectual de tiradas hilárias e inteligentes, na delícia de se deparar com pessoas que nos mostram que o Ser Humano é universal, ou seja, eu tenho que SER independentemente de onde ESTOU, derrubando por terra a crença ilusória de que minha vida mudará radicalmente só porque me mudei de cidade, havendo na depressão o tombo triste de uma pessoa que está passando por um quadro generalizado de decepção frente à Vida, como num surfista sem tesão pelas ondas. Aqui é uma janela para o ar livre, numa pessoa de esportes, gostando de sair na Rua e dar uma corrida ou caminhada, no prazer de se olhar para um Céu de Brigadeiro, encher os pulmões de ar e agradecer pela saúde que a própria pessoa tem, nos pequenos prazeres na Vida os quais nada custam financeiramente, pois, não canso de dizer, a Vida é boa quando é simples, numa pessoa que parou de perseguir sinais auspiciosos, numa desintoxicação psíquica, numa pessoa que entende o imensurável poder de Tao, a enigmática Eternidade, na poderosa ideia de que o Fim jamais chegará – não é Poder demais? É no poder da explosão do Big Bang, um grande orgasmo de concepção de Inteligência. Aqui é o fascínio das fragrâncias, emoldurando o que importa, que é o comportamento moral e amoroso, pois, eu já disse aqui no blog, de que adianta um sociopata, como o famoso personagem Hannibal Lecter, um canibal amoral, usar um delicioso perfume de Calvin Klein? Quando a “pintura” é ruim, não tem moldura que salve o dia, como num filme, o qual, partindo de um roteiro debilitado e incompetente, resulta inevitavelmente num filme desinteressante, mesmo num filme com grandes astros e estrelas – como um marqueteiro pode vender um produto que rechaça o consumidor? Foi quando ouvi palavras frias mas benéficas de um amigão: “Se não obteve sucesso é porque não teve competência”. Aqui temos linhas limpas, retas, esportivas, na simplicidade do esporte, num ambiente de cancha de esportes, num lugar de glamour zero, não impedindo que um homem, sendo polido ou “metrossexual” chegue perfumado na cancha, no ícone ao redor de tantos atletas como Beckham, um homem de grande atitude estilística. Aqui é aquele momento de cuidado pessoal, como numa mulher saindo do banho e se besuntando em creme hidratante, no caminho da autoestima, naquilo que dizemos para quem amamos: “Cuide-se!”. Aqui é o que separa um bicho de um homem civilizado, num tato diplomático de Tao, aquele que sempre prima pela Paz. É o momento em que houve a separação entre o Homo sapiens e todos os outros símios, fazendo da Arte uma das maiores provas da sofisticação humana – como será que começou tal sofisticação? A Humanidade evoluiu por si só ou obteve, no passado, auxílio de civilizações de outras esferas do Cosmos?

 

Referência bibliográfica:

 

David Doran. Disponível em: <www.ba-reps.com/illustrators>. Acesso em: 29 set. 2021.

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