quarta-feira, 11 de maio de 2022

Claramente Claes (Parte 4 de 4)

 

 

Falo pela última vez sobre o escultor americano Claes Oldenburg, o qual fixou parceria com a esposa Coosje van Bruggen. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Carimbo. Aqui é um registro e um marco, um aval, como num passageiro sendo aceito num aeroporto de um país estrangeiro, com seu passaporte sendo carimbado, num documento “calejado”, por assim dizer, numa pessoa que já esteve em outros lugares, como num histórico de encarnações, como uma cobra trocando de pele, no chocalho da cascavel, como um leão jovem, de barba curta, diferenciando-se frente a um macho alfa mais vivido, de barba maior, numa hierarquia dentro do grupo de animais, no modo como as hierarquias são inevitáveis, pois organizam a vida em sociedade, como na rígida hierarquia militar, num militar que tem que acatar integralmente uma ordem, para que as coisas funcionem dentro do quartel, no caminho da disciplina, numa experiência que pode ser psiquicamente traumática, como numa guerra, num combatente que jamais vai se recobrar de tal trauma – é um horror. O carimbo aqui quer dizer “livre”, ou seja, um dia de soltura glorioso, na sofridíssima vida de detento, numa vida infernal de ócio, tendo que passar os dias de sua vida olhando para uma parede, pois, fora do trabalho, que esperança há para uma alma? Aqui temos a ironia de xilogravura, ou seja, “carimbos” que são feitos para imprimir imagens numa folha de papel, numa brincadeira que pode se revelar às vezes traiçoeira, exigindo que o artista tenha muita concentração, pois a parte saliente do carimbo é a cor escura; a vazada, o branco. É um jogo que parece ser simples, mas não é. Aqui é o termo “imprensa”, na revolução da Imprensa, com jornais e livros sendo produzidos em escalas mais ambiciosas, de mercado, numa produção em massa, como livros que “vendem como água”, como as obras famosas de Paulo Coelho, fazendo sessões de autógrafos nos quatro cantos do Mundo, no apelo universal da Literatura, a arte que tirou o Ser Humano da Pré História. O carimbo é um símbolo de aceitação, ou de maldição, como uma pessoa sofrendo grave preconceito, execrada, rejeitada por um carimbo cruel, como num campo de concentração insano, com irmão maltratando irmão, um exemplo de como a maldade de um sociopata inteligente pode trazer caos e sofrimento ao Mundo – duvide do caráter de um sociopata; não da inteligência deste. O carimbo é esta autenticação. É o termo “pressão”, como numa pessoa sofrendo esmagadoras pressões, como um artista que atinge um áureo momento de doce sucesso, sendo pressionado a fazer algo impossível, que é congelar o Tempo, como numa megastar como Whitney Houston, a qual, ao varrer o Mundo com o megahit I Will Always Love You, caiu nas drogas para fugir de tais pressões – o sucesso é um problema, uma maldição, como um Oscar, o qual mais amaldiçoa do que abençoa. Aqui é como a crueldade de sistemas opressores, oprimindo o pacato cidadão, fazendo deste um tijolo indistinto na parede, castrando as liberdades, como os militares brasileiros, os quais não perceberam o sutil apelo político por trás do clássico da MPB Águas de Março, na vitória da nobreza sobre a ignorância curta, burra e cruel, fazendo com que a pessoa preconceituosa se torne um macaco indistinto, sem cabeça, calado, sem consciência de sua própria existência. Aqui é um passe, como um aluno sendo aprovado no fim do ano, aliviando os próprios pais, vendo o filho crescendo e aprendendo, no motivo áureo de qualquer encarnação: Crescimento moral e psíquico. Aqui é a confirmação de algo sendo feito, numa transação, na revolução causada por algo tão simples como o Recibo. Aqui é como um cartório com as demandas do dia, como alguém abrindo uma firma, nos meandros da burocracia, também chamada ironicamente de “burrocracia”, no modo como tantas condições documentais são necessárias, fazendo com que no Brasil seja demandante e complicado abrir uma simples firma. Aqui é como um aluno sendo admitido em meio a um duro vestibular, na competitividade em torno de cursos concorridos como o de Medicina na UFRGS, na seleção de uma nata erudita, a inteligência que tanta falta faz para a formação de um país.

 


Acima, Colarinho e Gravata Invertidos. Aqui temos algo esvoaçante e maravilhoso, majestoso, numa orgulhosa bandeira nacional tremulando nos quatro cantos de um país, no modo como nada há de errado em ser patriota, ao contrário do chauvinista, um patriota agressivo, do tipo “É maravilhoso só porque é da França”. A gravata é o trabalho, o sisudo labor, quando eu voltei de manhã bem cedo depois de uma boa noite da carnaval, sentando-me no ônibus do lado de um homem trabalhador, que acordou cedo para enfrentar mais uma jornada, contrastando comigo, um simples folião – você tem que se divertir um pouco, rapaz! Aqui temos o esforço, numa dona de casa se esforçando ao máximo para manter impecáveis os colarinhos do marido, num trabalho de devoção, num marido magoando a esposa ao se apaixonar por uma mulher mais jovem, como em filmes de Allen, num homem com o coração ao sabor do vento, apaixonado-se facilmente pela primeira mulher interessante que por ele passar, magoando a atual esposa, como numa enciumada Elis Regina, destruindo a coleção de vinis raros do marido que “pulara a cerca”, no sentimento de justiça e vingança de O Clube das Desquitadas, com ex maridos sendo acuados e confrontados por mulheres que dedicaram aos respectivos maridos os anos de juventude de tais mulheres. A gravata é o garbo, num homem se arrumando para ir trabalhar, no “ritual” diário, permitindo-se no fim de semana a não se barbear e a usar roupas confortáveis de moletom, pois até Ele, nosso Senhor, descansou no sétimo dia. Aqui, o tecido é como se fosse tão fino e vaporoso, impensável no Mundo, mais fino do que a seda mais fina na Terra, no fascínio exercido por tais tecidos finos, gentis ao toque, fazendo metáfora com uma pessoa carinhosa, cheia de amor para dar, com pais e mães enchendo de cuidados o lar, como tapar tomadas elétricas com fita adesiva, tudo para preservar a criança que ali vive, nessa enorme responsabilidade que é criar um filho, no modo como há pessoas que fogem de tal responsabilidade, como uma pessoa que conheci, a qual foi integralmente criada e sustentada pela mãe, num pai negligente, que sequer se relaciona com esta pessoa que conheço, com palavras sábias que já ouvi: Se tu tiveres filhos, tua vida nunca mais será a mesma. O colarinho é esta impecabilidade, essa arrumação civilizatória, como nos cocares indígenas, nas mãos humanas que transformam e fabricam coisas, na universalidade da Arte, da fabricação de coisas. Aqui temos um cenário de libertação, como no último dia de aula, recompensando os que passaram o ano concentrados e punindo os que passaram o ano “tocando flauta”, na fábula da formiga e da cigarra, no caminho sisudo de pensar no futuro, num aluno que não ousa se descuidar dos estudos, como uma grande amiga me disse e solicitou: “Não se descuide de sua faculdade!”. E não é amigona verdadeira uma pessoa que quer o melhor para você? Aqui, apesar de um quadro de tamanha liberdade, a gravata está atada a algo, no termo “pés no chão”, no modo como a pessoa tem que ter tal realismo, mesmo indo a um baile de comemorações e bebedeira – a Quarta Feira de Cinzas sempre chega. Aqui é a sedução do toque sedoso, no modo como lençóis de cetim são tão românticos, mas o que acontece quando você sai da cama? Aqui temos uma grande altivez, no orgulho do Império Britânico, numa corrida concorrida, reivindicando territórios ao redor do Mundo, na frase “O Sol nunca se põe nas terras de Sua Real Majestade”, nessa agressividade colonialista, resultando na crueldade dos ciclos de escravatura, na incrível vocação humana para a crueldade, sempre em nome da ambição, num insano Putin, sempre querendo anexar mais e mais territórios. Aqui é o ar de liberdade que se respira nos EUA, num país em que o cidadão não é obrigado a votar nem a se apresentar para o exército, num país que tão bem aprendeu as lições da Revolução Francesa. Aqui é como uma chama acesa, como num casal há muito casado, tendo que reencontrar todos os dias um pouco do calor da Lua de Mel.

 


Acima, detalhe de Tigela derrubada com fatias e cascas derramadas. Aqui temos uma inversão e uma transgressão, numa ironia na qual tudo traz em si a própria contradição, no modo como o Cosmos pouco se importa com as medidas humanas de medição de Tempo e Espaço, no modo cósmico no qual não há norte nem sul; nem ontem nem hoje. A casca aqui é o vestígio do dia, como limpar de manhã uma lareira que funcionou no dia anterior, fazendo algo da lareira tão aconchegante e glamoroso e, ainda assim, complicado de se manter, na praticidade dos modos de aquecimento a gás, como a calefação. A tigela aqui está sendo esvaziada, esgotada e explorada, como numa pessoa em trabalho de pesquisa, debruçando-se ao máximo sobre o escopo e sobre tudo o que tem a ver com tal escopo, tornando-se uma expert no assunto, como numa tese de conclusão de curso universitário, no momento em que o aluno tem que mostrar tudo o que aprendeu nos anos de curso e esforço, com muitas conduções a serem tomadas para a ida e volta do campus, no glorioso dia libertador de formatura, no falo do diploma enrolado, fazendo do conhecimento e a erudição a verdade fálica que combate as forças ignorantes e irracionais do preconceito, como um nobre senhor heterossexual que conheço, o qual nada tem contra homossexuais – dá gosto de se deparar com gente civilizada. Aqui as cores são quentes e cítricas, tropicais, no oposto dos severos invernos escandinavos, com lugares que estão submetidos a seis meses deprimentes de frio e neve, ao contrário da Serra Gaúcha, na qual uma mínima nevada traz êxtase aos turistas na cidade esmagadoramente turística – a clássica Gramado. Aqui a tigela está vazia, pronta para cumprir sua função. É num processo de limpeza, numa pessoa que está aprendendo a se ater ao essencial, numa preguiça que acaba sendo clean, limpa – quando você precisa tomar ação, faça somente o que é necessário, fazendo das desnecessidades e das frescuras uma sujeira fadada a ser varrida e jogada no caminhão do lixo. Esta forma lembra os antigos orelhões, os telefones públicos que hoje em dia estão absolutamente obsoletos, arcaicos e ultrapassados, numa era atual em que até os pobres têm um celular, na democratização das tecnologias, no modo como os métodos de manufatura da Revolução Industrial foram causando a queda no preço de produção de produtos, democratizando coisas que antes eram privilégios dos ricos, nessa frenética dança de avanços, “aposentado” o CD e o DVD, no incrível modo como toda uma coleção de vinis e CDs cabem num pequeno pendrive, fazendo com que minha geração, nascida nos anos 1970, fique perplexa em meio a tais avanços rápidos. A casca aqui é o descarte, o lixo, como numa pessoa que aprendeu a não guardar ressentimentos, os quais nada mais são do que sujeira acumulada numa caótica e insalubre casa de acumulador compulsivo, nessa obsessão pelos objetos, os quais são fadados à danação, na metáfora da colher em Matrix: Na verdade, não existe colher; na verdade, até a mais preciosa das pedras está fadada à danação, pois nada, nada supera a Eternidade, este absurdo modo como nunca findaremos, na prova do imensurável poder de Tao, o mistério eterno. O vazio da tigela é tal dignidade e tal serventia, numa pessoa buscando ter serventia ao Mundo, encontrando seu lugar em tal duro Mundo, no caminho autodidata, no modo como não há livrou ou faculdade que nos ensine a brilhar. Aqui é um trabalho de chef, cozinhando, temperando, descascando uma fruta, no modo como é entretenimento ver alguém cozinhando, trabalhando, na universalidade da Gastronomia, no modo como o Chocolate ganhou o Mundo, assim como o Sushi. A tigela é este produto, este item na esteira de fabricação, no namoro da Pop Art com a Indústria, com os bens fabricados, no modo como grandes como Andy Warhol se transformaram em tais “fábricas”, recebendo muitas encomendas, como na Florença renascentista, nos ares de renovação que sepultaram os modos medievais de Arte, no modo como as ondas de renovação sempre chegam.

 


Acima, Picareta. Uma incisão, uma agressão, no termo em inglês “hit”, que significa “agressão”, para classificar filmes ou canções que marcaram época, como uma grande amiga psicóloga minha, a qual dizia que uma pitada de agressividade é sempre bem vinda – e não é verdade? A picareta é o esforço, como no imigrante italiano no RS, deparando-se com um lote devoluto, tomado de mato, nas mãos calejadas do colono, forte, pujante, empreendedor, fabricando seus vinhos, vendendo vinhos e fazendo negócios, num talento empreendedor, no talento de certas pessoas como Luiza Trajano, uma mulher que obteve esmagador sucesso num mundo de homens, no império do Magazine Luiza. Aqui é como a bandeira da URSS, com a foice e o martelo, simbolizando o labor, o esforço, como se soubesse que, fora do trabalho, não há salvação, no modo como o espírito recém desencarnado se depara com o fato de que a Vida continua e de que o labor não pode cessar, na grande construção da magnífica carreira espiritual, até o espírito chegar ao ponto de arcanjo, o espírito perfeito, de infinito apuro moral. É como um pai orgulhoso na cerimônia de formatura do filho, fazendo de Tao o Pai que quer o melhor para os filhos, pois somos todos príncipes de sangue estelar, em torno do qual giram as dinastias mundanas de sangue azul. Aqui é um marco, numa agressiva bandeira de conquistador, na concorrência entre potências europeias para partilhar o vasto continente das Américas, numa corrida, como uma Coreia do Norte obcecada em adquirir poderio militar e até nuclear, num país no qual blogueiros são proibidos de entrar, no medo que o ditador tem da liberdade de pensamento, pois tal liberdade aniquilaria tal poder ditatorial. É como na ingerência de outro ditador, cujo nome não mencionarei, uma pessoa que só trouxe pobreza e privação ao seu próprio país, num plano ditatorial em que o cidadão não direito de criticar – é como um condutor incompetente que acaba batendo o carro; como um artista que não consegue conduzir sua própria carreira. Aqui é uma vontade de descobrimento, de exploração, enviando sondas para Marte, nessa busca humana por Vida, num Cosmos infinito o qual é a prova da grandiosidade de Tao, no termo islâmico: “Alá é grande”. E não é o Universo absurdo de vasto? Aqui é como cavar um túmulo, num Homo sapiens que foi adquirindo a noção moral de enterrar propriamente seus mortos, construindo a crença em uma Inteligência Suprema, na imortalidade da consciência do indivíduo. Ou aqui é como desenterrar algo, no lúgubre modo como o cadáver embalsamado de Evita foi exibido a Perón muitos anos depois da morte da poderosa mulher argentina. Aqui é como sulcar a terra para o plantio, numa preparação, num colono tendo que cortar árvores para dar lugar a uma lavoura, no modo humano de controlar a produção de alimentos, desde o Antigo Egito, no qual as cheias sazonais do Nilo traziam muitos nutrientes ao solo à beira do icônico rio, fazendo do Egito a Dádiva do Nilo, num país que, apesar de cortado por tal rio caudaloso, é cercado de desertos e aridez, num contraste, como numa cidade de Los Angeles semiárida, com suas piscinas que quebram tal secura. Podemos ouvir aqui o som da fincada, em algo indo fundo, como uma pessoa fazendo um bom trabalho de curso universitário, enchendo o professor de orgulho, fazendo do aluno aplicado o que dá sentido à carreira docente. Aqui é uma busca por um tesouro, ou por coisas arqueológicas, como na exploração do Vale dos Reis. É como na exploração de materiais preciosos no Brasil Colonial, numa colônia tão explorada por Portugal, nesse talento humano de irmão escravizando irmão – é um horror, tudo em nome das fúteis e insanas ambições mundanas. Aqui é como um cão farejando algo, como cães farejando drogas em bagagens em aeroportos, no encontro de algo interessante, como uma deliciosa fragrância, a qual gira em torno do apuro moral da pessoa – de que adianta eu estar perfumando se sou um assassino que não tem respeito algum pela Vida?

 


Acima, uma visão mais abrangente de Tigela derrubada com fatias e cascas derramadas. A fruta descascada é o registro do labor, como num soldado no quartel, destinado a passar os dias descascando batatas. É o árduo labor, ardido, num Jamie Oliver empenhado, trabalhador, como se soubesse que o labor é a fonte de dignidade e respeito – nenhum trabalho passa despercebido por Tao, e qualquer trabalho faz parte de nossa grande carreira espiritual, na qual nenhuma etapa se perde. A espiral aqui é como uma onda, desafiando um surfista, o qual fica prostrado diante de um mar sem ondas, sem vicissitudes e sem desafios, no espírito olímpico desejoso de galgar obstáculos, no caminho do crescimento e da superação. Aqui é como um parque de diversões, na gritaria natural da gurizada, no mágico momento de intervalo da aula, numa pequena folga de happy hour em meio a um mundo tão duro e exigente. O tubo é este canal de passagem, na pessoa nascendo, cruzando um canal, vindo ao Mundo, como na sensação de viagem num túnel de luz quando o espírito desencarna e volta para o grande e verdadeiro Lar, a casa que nos acolhe tão bem que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar do Universo, na sensação de estar entre amigos, num mundo onde ninguém quer enganar ninguém – é a vitória da Verdade, do Amor e da Irmandade, fazendo da Terra este lugar duro no qual nem sempre há amigos... Aqui são fatias, numa mãe zelosa, alimentando os filhos da forma mais saudável possível, numa Bela Gil, acostumando os filhos a comer uma banana, na lembrança de infância que tenho, com minha mãe, ao cozinhar pouco antes do meio dia, me dando uma cenoura descascada para eu comer de aperitivo, naquela idade em que temos uma figura idealizada da mãe, a qual parece ser um colosso de mil metros de altura. Aqui é esta grande invenção gastronômica que é a salada de frutas, num baile de diversidade e sabores, no modo como um mosto de uvas brancas tem um olor de salada de frutas, fazendo das frutas essas grandes e deliciosas invenções de Tao, em sabores tão maravilhosos, como um maracujá, uma manga ou uma laranja, no pecadinho maravilhoso da Gula. Aqui a casca não foi descartada, e poderá ser utilizada para fazer um chá, numa cozinha que é como um planeta autossustentável, renovando a si mesmo, como a Terra, este mecanismo tão perfeito, com as reservas globais de oxigênio sempre sendo renovadas, nos mistérios das entranhas do Mundo, em nascentes de água doce em meio a oceanos salgados, numa absurda vastidão, num planeta que, mesmo assim, é tão pequenino em dimensões cósmicas gerais. Aqui é o fruto do labor, numa faca sendo utilizada, numa pessoa que se sente útil ao Mundo, fazendo coisas para o Mundo, como na revelação vocal da inglesa Susan Boyle, cantando para as pessoas, arrancando aplausos esfuziantes da plateia, num coração generoso de mãe italiana, colocando no centro da mesa uma grande tigela de polenta, no prazer de agregar as pessoas, como numa noite de Natal, com crianças rasgando os papéis de presente, loucas para ver o que ganharam. Aqui a casca em espiral é como uma serpente, contorcendo-se em cio, ardorosa, com vontade de viver, no tesão de abraçar os desafios, trazendo novamente aqui a figura do surfista, excitado perante uma onda desafiadora, como uma pessoa que aprendeu a “surfar” na mente das pessoas, num artista conseguindo se expressar para um mundo tão exigente e indiferente. Essa grandiosidade a céu aberto de Claes remete ao monumento às vítimas da Guerra das Malvinas, com a flor metálica gigantesca em Buenos Aires, feita de destroços de aviões combatentes, no modo como não há vencedor na Guerra, pois todos os lados ficam manchados de sangue do próprio irmão. Aqui a espiral é um processo se desenrolando, desenvolvendo-se, numa percepção na cabeça da pessoa, a qual vai desvendando certos mistérios e vai conquistando seu lugar no Mundo, até a pessoa entender que o autoencontro é sempre dentro de si, e nunca fora, até a pessoa entender que a Vida é dura em qualquer lugar do Mundo.

 


Acima, sem título. Aqui temos uma assemblage, uma reunião, como numa clipagem, com imagens que, unidas, formam um videoclipe. Aqui é como algo colecionado, num acúmulo, numa poupança, numa pessoa guardando dinheiro para algo, como no labor do esquilo, fazendo sua provisão de nozes para os duros dias de Inverno, na fábula da formiguinha que passou o Verão trabalhando para nada lhe faltar no Inverno, numa pessoa preocupada com o futuro, como uma ex professora universitária que tive, a qual se encheu da universidade e foi trabalhar na Caixa Federal, fazendo um plano de aposentadoria, no modo como, mesmo após tal aposentadoria, a pessoa não pode parar totalmente de ser produtiva, na exigência que o Plano Metafísico faz ao indivíduo desencarnado: Mexa-se! A corda aqui é a força que une, como num patriarca unindo a família, as quais se desintegram após a morte de tal ente unificante, com viúvas que se revelam incapazes de continuar fazendo com que a família permaneça unida. A corda é a contingência, em algo contido, controlado, numa pessoa reprimindo impulsos, domando seu próprio inconsciente, na vitória da mente racional sobre o corpo irracional. A corda é como o laço mágico da Mulher Maravilha, o qual, ao enlaçar a pessoa, faz com que esta diga somente a verdade, fazendo da mentira o produto perecível, com prazo de validade; fazendo da verdade algo eterno, mais eterno do que qualquer pedra preciosa mundana, na danação da Matéria, mesmo um diamante parecer ser eterno – só parece. Aqui é como um caminhão de mudança, com as coisas sendo carregadas no caminhão, num trabalho, num empenho, no modo como as mudanças podem ser complicadas, até as mudanças espirituais, numa pessoa que aprendeu que nunca a verdade absoluta é atingida, e que tudo é processo em meio à Eternidade de Tao, o mistério infindável e, assim, maravilhoso. Aqui é como um coração extraído de um doador morto, pronto para o transplante, nesse incrível avanço científico que são os transplantes, no ato de amor fraternal que é uma pessoa se tornar doadora, abrindo mão da integridade de seu próprio corpo carnal, o qual não sobrevive ao óbito, ao contrário da crença do antigo egípcio, na crença de que os órgãos tinham que ser guardados para a jornada da pessoa morta pelo submundo do Além – cada civilização com suas crenças. Aqui são impulsos contidos pela corda, que é o juízo e a disciplina, como num dançarino o qual, depois de muita prática, adquire uma técnica impecável, como num dançarino de Tango, na magia da cultura da grande e ambiciosa urbe de Buenos Aires, com seu altivo obelisco fálico, cuja ponta iluminada anuncia o novo dia, na virilidade do galo regendo o galinheiro, na universalidade da figura do cacique, o poder político masculino frente ao poder feminino de dar à luz. Aqui é como uma paella, misturando carnes, como numa maravilhosa paella de frutos do Mar, ou num vinho assemblage, ou numa pizza de vários queijos, numa assembleia cheia de deputados legisladores, na vitória do Brasil em direção à Democracia, no momento mágico das urnas quando somos todos iguais perante a cabine de votação, esquecendo-se de raça, sexo, religião, classe social etc., fazendo metáfora com o modo de Tao ser o Pai de cada um de nós – existe um ninho só. Aqui é como num processo de limpeza de uma casa de acumulador compulsivo, tendo que jogar no lixo objetos os quase estavam quase soterrando a pessoa acumuladora, num ato de desapego, no modo como a pessoa, no caminho da simplicidade e da elegância limpa, tem que ter o mínimo de objetos possível. Aqui é como um acúmulo de problemas, até chegar a um ponto de bomba, estourando, como numa supernova explodindo, numa crise repentina que se revela perante a pessoa. Aqui é como um lixo sendo jogado fora, numa assembleia de coisas inúteis, no caminho da mortificação, até a pessoa ficar imune aos apelos da Sociedade de Consumo; até a pessoa parar de pensar em bobagens. Aqui é uma tentativa de unificação, como na União Europeia, com o ato inglês de não fazer parte do bloco.

 

Referências bibliográficas:

 

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.gettyimages.pt>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 13 abr. 2022.

Claes Oldenburg obras. Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 13 abr. 2022.

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