quarta-feira, 13 de julho de 2022

Helen de Troia (Parte 6 de 9)

 

 

Falo pela sexta vez sobre a talentosa pintora escocesa Helen Flockhart. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Luzes desligadas agora. Os olhos são como a vigília, como num velório, ou como um artista alcançando píncaros de popularidade, em um fãclube consolidado, numa Whitney Houston com um certo clipe visualizado mais de um bilhões de vezes no Youtube. Os olhos são a alegria de um ator teatral – uma casa cheia, em aplausos esfuziantes no fim do espetáculo, contrastando com o silêncio após os espectadores saírem do teatro, na força que um ator tem que ter para continuar tocando uma carreira, pois até uma majestosa Marília Pêra já pensou em largar a carreira, nas palavras intrigantes de um certo ator: “Você só realiza quando morre” – será que é verdade? O casal triste parece estar num consultório de terapia de casais, no modo como os relacionamentos amorosos são difíceis, pois todos os dias o cônjuge tem que dar uma pequena reconquistada no(a) companheiro(a), para evitar que a relação caia na mesmice e que o sexo se torne mecânico e desinteressante. A luminária aqui é o esclarecimento, talvez nas luzes que o terapeuta joga sobre o casal. A luz é tal bênção, com entes queridos no Céu nos abençoando lá de cima, até mesmo uma bisavó a qual não chegamos a conhecer na Terra – é a maravilha do Amor, esta força que nos une e nos mostra que somos família, uma única família, príncipes filhos do mesmo Rei, tendo nosso irmão depurado Jesus Cristo, o espírito mais elegante que já encarnou na Terra. Neste quadro parece que uma porta foi aberta, talvez numa possibilidade, com uma saída sendo encontrada para a resolução de um impasse, na função do terapeuta em mostrar as portas, cabendo ao paciente decidir se cruzará ou não tal porta, no sentido de que cada pessoa tem que estar em controle da própria vida, pois que vida é esta na qual vivo a vida de outra pessoa? É o clamor feminista desafiando o indestrutível patriarcado, indo “contra o vento” e mostrando a resolução espírita: Somos todos iguais, pois o sexo é referente ao corpo físico, o qual perece cedo ou tarde, na assexualidade dos anjos, os espíritos desencarnados de alto apuro moral; nossos irmãos que nos guiam pelo bom caminho, anjos os quais nem sempre escutamos. O casal parece estar em crise, talvez numa separação iminente e inevitável, talvez num casamento que perdeu a graça e o charme, não encontrando mais prazer em coisas simples, como a moça tomar café da manhã sentada no colo do moço – o melhor da vida é de graça. A porta aberta é uma perspectiva, uma possibilidade de esperança, numa crise que acaba por causar a desilusão que renova a vida de uma pessoa, no caráter positivo das crises, as quais são como a Estrela Dalva, anunciando um novo dia, na beleza esclarecedora de Eos, a deusa grega da aurora, a vitória da beleza como uma rainha da Festa da Uva, o momento em que há o engajamento comunitário em torno de Tao, a beleza eterna. A luminária é o terapeuta se debruçando sobre o casal, no trabalho de passar o dia ouvindo os problemas dos outros, como já ouvi dizer: “O psicoterapeuta é uma comadre bem paga”, na questão do desabafo e da confidência, no código de ética: Tudo o que é dito dentro do consultório, dentro do consultório fica, ao contrário de uma pessoa que conheço, a qual faz exatamente o que não é bom fazer, que é dar informações pessoais de si a um psicopata, havendo neste a capacidade de manipular e brincar com a cabeça das pessoas, como um demoníaco Hannibal Lecter, numa inteligência a serviço do Mal, na consequência da falta de apuro moral – é um horror. O carpete aqui tem um design aquoso, tortuoso, orgânico, numa química entre duas pessoas apaixonadas, no fato de que o tempo passa, fazendo com que mesmo um relacionamento curto tenha o aspecto de ter sido uma eternidade, na vitória da qualidade sobre a quantidade. O sofá é o aconchego, encorajando o paciente a relaxar e se abrir para o terapeuta, no momento de sessão em que nos debruçamos existencialmente, havendo nos grandes amigos pessoas íntimas que sabem pelo que nós passamos a nível existencial. A cortina ao fundo é discreta como um camaleão, sabendo do valor do resguardo e da moderação, na sabedoria da pessoa que ama a si mesma.

 


Acima, Noturno. A onça assedia o indefeso cavalo, como num interesse sexual, num assédio moral dentro de uma empresa, o qual já sofri, com uma pessoa que se acha no mais completo direito de ligar para tua casa à meia noite, num ambiente pernicioso de trabalho, numa empresa que causou em mim uma dolorosa e desinteressante fase workaholic – é o crescimento causado pelas experiências de vida. A sensual Lua traz esses códigos oníricos, fazendo dos enredos dos sonhos projeções de nossa própria psique. A onça é a fome e a ambição, num tesão constante pela vida, ao contrário do quadro depressivo, num alpinista que simplesmente perde o tesão de escalar montanhas, numa pessoa que está passando por uma enorme frustração existencial, prostrando-se perante os inevitáveis percalços, no modo como a Vida exige de nós tal espírito olímpico de esforço e superação. Vemos aqui um milharal, cuja bonança é a recompensa do trabalho, pois que esperança existe numa encarnação sem o labor, sem o esforço da luta pela Vida? O milharal é o esforço, árdua vida rural de imigrante italiano, com mãos calejadas por anos de capina inclemente, como numa moça em ...E o Vento Levou, numa pessoa de passado aristocrático que perdeu tal posto com o horrores da Guerra Civil Americana, sendo obrigada à árdua colheita de algodão, no modo como a Vida traz tal calejamento até chegar ao ponto de mortificação, numa pessoa a qual, de tanto levar ofensas e agressões, “morre” por dentro, não sentindo mais dores de outrora, no caminho da sabedoria da idade, na noção de que tudo passa. Aqui é uma sensual noite amena de Verão, como na cena de luta ao luar em O Tigre e o Dragão, uma película de cenas tão oníricas, com pessoas plainando em impecável técnica bélica, um êxtase para quem gosta de filmes de luta. No canto direito inferior uma moça assiste aterrorizada à cena, sem poder acudir o cavalo, o qual é o garbo e a elegância, num bicho tão majestoso, uma das provas da elegância de Tao, aquele que está sempre ativo e criativo, no caminho da dignidade conferida pelo trabalho: O que estou fazendo para merecer o respeito das pessoas? A inatividade não é uma ilusão e uma perda de tempo? Não é miserável mentalmente uma pessoa ociosa? A natureza aqui é exuberante, no cheiro de mato, de natureza, no cheiro de quem se banha em algum rio selvagem, nas roupas majestosas que os campos e florestas possuem, na suntuosidade de Tao, o garboso, como na geração dourada de Hollywood, com atrizes portando tão elegantemente seus vestidos glamorosos, no conceito de que elegância vem de dentro, fazendo do vestido uma mera moldura que gira em torno do que importa, que é o perfume metafísico, nas cópias mundanas dos perfumes vendidos em lojas. A pedra aqui é impositiva, nos versos poéticos: “Há uma pedra no meio do caminho”. É como a pedra do crack, esta droga maldita e destrutiva, capaz de transformar seres humanos em espectros vazios de dependência inclemente. Aqui é o termo “colocar uma pedra em cima”, na resolução entre duas pessoas reatando, no caminho lógico e inevitável do perdão, o qual vem naturalmente, no sentido da pessoa desencarnar e, após isso, visitar no Umbral todos os psicopatas que conheceu na Terra, como em a A Lista de Schindler, uma lista que é Amor, no fato de eu me importar com meus irmãos menos depurados. Muito ao fundo, quase imperceptível, vemos uma donzela sozinha, triste, talvez perdida, coadjuvante, sutil, no poder de um papel coadjuvante numa trama, num merecido Oscar de atriz coadjuvante para Angelina Jolie, os lábios mais sensuais da História do Cinema, na capacidade de artistas em atingir tal doce estrelato, o qual pode ser complicado psicologicamente para a pessoa bem sucedida. Aqui é esta exuberância tropical para uma artista escocesa, fascinada pelos trópicos. Aqui temos um encontro sensual, como duas pessoas se apaixonando, num espírito que reconhece o amor em outro espírito, nas teias de encontro tecidas pela infalível Divina Providência, a força de governo a qual, de tão forte, mal pode ser percebida.

 


Acima, Rasos. A Lua é a misteriosa senhora dos ciclos naturais, na “loucura” dos ciclos menstruais femininos, na canção “Mulher de fases”, naqueles dias de TPM em que o humor da mulher está abalado pelas cólicas, no modo como é dura a vida de mulher, num mundo patriarcal no qual a mulher não pode ser dona de si mesma, na questão recente dos EUA e deslegalizar o aborto, tirando da mulher o direito de reger o próprio corpo, punindo as feministas, que vão “contra o vento”. O cavalo aqui uiva como um lobo, nos sons da floresta, num animal que ronda no véu do luar, num animal em busca de sexo e comida, como numa pessoa que acorda no meio da noite com uma gula incontrolável, como nos desejos alimentares de uma gestante, no doloroso modo como o pós parto pode acarretar em alguma depressão na mãe, apesar de parecer o contrário, que seria mãe estando muito feliz ao parir e ser mãe, nas palavras de minha tia e madrinha: Quando a mulher se torna mãe, muda drasticamente o modo dessa mesma mulher em se relacionar com o Mundo. O cavalo é a beleza, a elegância e a disciplina, num animal tão majestoso, com porte nobre, numa força, numa potência, nos cavalgares dos ímpetos de uma pessoa, com um paladino ímpeto de arrebatar o Mundo, como num artista com estilo e atitude, numa Lady Gaga, uma grande voz aliada a uma MONSTRUOSA atitude, digna de ganhar o respeito mesmo de quem não é fã de Gaga, que é o meu caso. O jardim aqui não é uma mata virgem e selvagem, mas um jardim bem cuidado, disciplinado, num zelo paciente de jardineiro, no nome de Ava Gardner, ou seja, “Ava Jardineiro”, numa das provas que não é o nome que nos faz, mas somos nós quem faz o nome, transformando tal sobrenome em sinônimo de glamour, mesmo remetendo literalmente a uma profissão tão humilde. Vemos um homem arqueado, no discernimento taoista universal da humildade, como na curvatura tradicional antes de um embate de judô, como dois cavalheiros que se respeitam mutuamente, ao ponto de não levar a derrota para o lado pessoal, num caminho de controle emocional, ao ponto de não levar os golpes para o lado pessoal. O homem aqui é o sonho e o desejo de montar no cavalo e domesticar este, no modo como os cachorros são “primos” dos lobos, num momento em que os lobos foram condicionados pelo Ser Humano, gerando, no decorrer de muitos e muitos milênios, uma nova espécie, resultando nas variedades de raças, no mistério de como tudo isso se originou, fazendo da domesticação uma metáfora com um Ser Humano que foi de símio selvagem a um Ser Humano sofisticadíssimo, com sua Arte, sua Ciência e sua Exploração Espacial, num caminho positivista de depuração e crescimento, na lógica espírita de desenvolvimento, num espírito que, de pessoa má e desonesta, passa por inúmeras mortificações, até chegar ao glorioso ponto de espírito de riqueza moral. Vemos uma mulher deitada, em posição fetal, no resguardo, no aconchego do lar materno, no “choque térmico” que é um jovem sair de casa para fazer uma faculdade em outra cidade, sentindo muita falta dos cuidados maternos do lar, num processo de “desmame”, na pessoa tendo que encarar a vida de independência, cuidando para não desenvolver uma carência afetiva muito profunda. O feto é tal refúgio, no Imaculado Útero de Nossa Senhora, a Mãe Metafísica que nos criou a todos, na Imaculada Conceição da qual viemos todos, até o espírito se depurar e ver que somos todos príncipes, filhos da mesma Rainha Divina, a supermãe chic com seu perfume maravilhoso, mantendo uma casa limpa e abastecida de supermercado, “mimando” seus principezinhos, numa Elizabeth I, tornando-se a “mãe” de todos os ingleses, num poderoso arquétipo feminino universal e indestrutível. O pinheiro piramidal é altivo, pontudo, abrasivo, no desenvolvimento fálico do Pensamento Científico, trazendo as luzes da Ciência em prol da Humanidade, em descobertas extraordinárias como os antidepressivos e os antibióticos. Este jardim é uma sala de estar chic, acarpetada, aconchegante e convidativa, num anfitrião fino.

 


Acima, Sala verde. A menina ao chão é a rendição, a queda, num baque existencial, numa pessoa beijando um fundo de poço, numa fossa como nunca antes em sua vida, numa pessoa que se vê obrigada a se reerguer e continuar tocando a vida para frente: Você pode estar farto e cansado de tudo isso, mas você será um homem, meu filho! É a questão de ter a força para virar as páginas e contornar e superar as vicissitudes, num espírito olímpico de superação e vitória frente a uma dedicação e esforço. A luz aqui é fraca e tímida, moribunda, num lustre que pouco ilumina, na sensação existencial de se observar algo através de um vidro muito opaco, o qual pouco revela, no modo como há coisas as quais ainda não podem ser reveladas a nós, numa Divina Providência tecendo suas sábias teias existenciais, no ditado popular: Tudo em seu tempo. As cadeiras vagas são uma cabeça vaga e improdutiva, que pouco labora, no poder terapêutico do trabalho, a única coisa que pode manter nossos pés no chão com lucidez e ausência de ilusões e idealizações, no caminho da mortificação, numa pessoa que não mais “acredita em Papai Noel”, como uma criança se desinteressando pelos brinquedos, na imagem da debutante, a qual, antes do baile solene, despede-se de suas bonecas, na menina virando mulher, como uma moça eleita Rainha da Festa da Uva, num caminho de amadurecimento, fazendo metáfora com o ponto de maturação da uva, pronta para a colheita. Vemos aqui pessoas na brincadeira da ciranda, fazendo metáfora com o engajamento social, com a união de agentes de uma mesma comunidade, fazendo acontecer eventos como tal Festa, numa pura manifestação de Cultura Popular Brasileira, vindo do povo e a este pertencendo, na paixão de Ariano Suassuna por tais manifestações, as quais não são verticais como a Erudição nem horizontais como a Cultura de Massa, na concepção do termo “Música Popular Brasileira”, em ícones tão indestrutíveis como Elis e Chico, marcando toda uma rica geração, num Brasil tão rico nesse sentido. As cadeiras vagas são a tristeza de um ator teatral, numa casa vazia, sem plateia, na canção americana que diz que não há negócio como o Showbusiness, pois o açougueiro, por exemplo, é pago pelo que faz, mas a este não há aplausos no fim do espetáculo. As cirandas aqui são subcírculos e submundos, em realidades paralelas que acabam por viciar e limitar a mente da pessoa envolvida em tal mundinho de faz de conta, pois nossos pais nos colocam no Mundo para o Mundo, e não para um submundo: Venha para o convívio comum, pois só nele há saúde mental, no fato de que a pessoa não pode se desaliar de algo de suma importância, que é o Senso Comum. A luz entra fraca pela janela, no Sol opaco escocês de uma pintora escocesa, no fascínio que o potente Sol tropical causa em partes frias do Mundo, como pessoas que viajam à cidade de Salvador exatamente para desfrutar do calor ameno baiano. Aqui são como várias galáxias formando um Cosmos, este lar infinito que é a prova da incrível grandiosidade de Tao, numa infindável sopa de galáxias, como conchinhas à beiramar, numa riqueza imensa de diversidade. Aqui é como numa sala de aula na qual o professor pede que os alunos formem pequenos grupos para fazer algum trabalho, como no PUCRS, na qual um edital interno é lançado para que se formem grupos de alunos do curso de Publicidade e Propaganda, com a missão de cada grupo formular uma proposta de campanha publicitária anual a esta instituição de Ensino, fomentando a inevitável competitividade que o aluno encontrara lá fora, no Mundo. A menina caída está em formato de cruz, numa ironia: Jesus foi cruelmente executado, e cristãos ardorosos como Mary Tudor executaram não cristãos de uma forma de crueldade equiparável a de Jesus na cruz., ou seja, hipocrisia pura, numa rainha sem noções de respeito às diferenças. As cadeiras são algo vago, indefinido, como uma pessoa que não encontrou um norte em sua vida, como uma bússola que não funciona. A menina aqui é excluída por ser excepcional, rechaçada por ventos de mediocridade.

 


Acima, sem título. A paixão de HF pela Lua, na magia de uma noite assim, com essa luz que tanto revela quanto oculta, no símbolo dos enamorados. Quase podemos ouvir aqui a inebriante flauta, num jogo de sedução e luxúria, nesse gostoso pecadinho, como uma pessoa comprando artigos eróticos numa sexshop, num relacionamento que está precisando de um reaquecimento, talvez numa segunda lua de mel, só para o casal, ao contrário de um casamento que caiu na mesmice do dia a dia, fazendo do sexo, antes caloroso, íntimo e gostoso, tornar-se algo mecânico e sem romantismo. Aqui vemos uma luxuriante cópula, num pavão se exibindo para a fêmea, seduzindo esta, num cortejo cujo objetivo reprodutivo é perpetuar uma espécie, num libidinoso cachorro copulando com uma almofada, na divertida abertura de um filme de Woody Allen sobre sexo, com coelhinhos se reproduzindo ensandecidamente, numa libido que se encarrega da perpetuação da Vida na Terra, como abelhas polinizadoras na Primavera, com adolescentes com os hormônios à flor da pele, no jogo de sedução no intervalo da aula, com jovens casais sendo formados, como na vida de uma menina, cuja infância acaba ao ter o primeiro namorado. A cópula aqui é o jogo de sedução entre Yin e Yang, as forças opostas que unem o Universo, no poderoso arquétipo rei/rainha, na junção do feminino e masculino, num indestrutível mundo heterocentrado, no qual homossexualidade é considerada um verdadeiro retrato do inferno, no caminho da pessoa em encontrar seu espaço no Mundo, como no patinho feio, o qual cruzou tristemente o lago sombrio até se dar conta de que jamais fora pato de fato, no caminho de autoesclarecimento, cognitivo, no caminho da autoestima, ao ponto da pessoa gostar de si mesma e dar graças a Deus por ser o que é, nas palavras de uma Madonna: “Estou tentando descobrir quem sou”. Então, vem a glória do Desencarne, num plano em que temos a certeza de sermos únicos e maravilhosos, privilegiados por sermos filhos do Pai Supremo, o único poder que existe, no enigma da Vida Eterna, esta dádiva inacreditável – não é poder demais a perspectiva de que jamais findaremos? É o delicioso mistério eterno de Tao, o inspirador. Outra leitura que pode ser feita aqui é a de que vemos um embate, uma briga, talvez em machos competindo pela mesma fêmea, nas inevitáveis competitividades do Mundo, como no Mercado de Trabalho, com vários pretendentes para poucas ofertas de emprego, como no cruel mercado de modelos, um mercado volúvel o qual: exige do modelo um condicionamento físico espartano; oferece poucas oportunidades para muitos pretendentes a modelo; é um mercado volúvel, sempre em busca do frescor de rostinhos novos, um mercado que, da mesma forma que adota, descarta. A flauta aqui é como na sedução do conto em que os ratos forma hipnotizados, sendo retirados da cidade a qual tanto aterrorizavam, na figura do pastor, do padre no templo, na missão de angariar mais e mais fiéis, no modo como a tradicional Igreja Católica vê perder muitos fiéis para outras igrejas, igrejas estas que, pelo amor de Deus, só exploram o ignorante fiel – é um horror. Aqui é um embate entre verde e amarelo, remetendo ao delicioso momento de Copa do Mundo na torcida nacional brasileira, num momento mágico em que o Brasil se une e esquece as diferenças entre os cidadãos, nas nobres intenções democráticas da urna eleitoral, num momento em que somos todos filhos de Tao, na única família que existe, no poder maravilhoso da irmandade – estamos todos conectados de uma forma metafísica e maravilhosa. Aqui forma-se um ciclo, como numa galáxia girando, nas fotos atuais do supertelescópio James Webb, apontando para confins do Cosmos, este lugar de incrível grandiosidade. Outra leitura é a de que aqui as aves estejam girando em torno do mesmo ponto, numa harmonia e numa concórdia, num ponto em comum, talvez em duas famílias diferentes compartilhando uma determinada linhagem, nas misturas de sangue material que fazem metáfora com o sangue estelar, que é o único sangue que existe.

 


Acima, Voo. A lanterna é o norte, o esclarecimento e a direção, como no mago Gandalf liderando, com seu cajado luminoso, um grupo pelos corredores negros de uma gigantesca mina. É o talento de liderança, numa pessoa que é a figura taoista do sábio, que é uma pessoa que é vista, amada e respeitada, uma pessoa que, apesar de famosa, é deixada passear em paz pela Rua, sem enfrentar insanos assédios de tietes histéricas – é respeito não poder passear em paz pela Rua? Aqui o lago é perfeitamente plácido, sem qualquer tensão de marés, na dádiva que é uma pessoa ter calma, e fazer com calma seu trabalho, num ritmo manso, no ditado popular: “Devagar e sempre”. O lago é um momento introspectivo de reflexão, num espelho, numa pessoa que resolveu encarar a Vida, enfrentando talvez um fundo de poço o qual foi se desenvolvimento vagarosa e silenciosamente, durante anos, como encarar uma tela de computador, numa verdade nem sempre aprazível, mas fria como num choque térmico. Aqui as tulipas gigantes ardem como fogo, num ardor, num desejo, numa pessoa se dedicando com tesão a algo, numa dedicação fiel, no poder terapêutico do trabalho, que faz com que o laborador fique com os pés no chão, vendo o Mundo do jeitinho que o Mundo é, sem ilusões ou idealizações, no caráter positivo das crises, as quais são desilusões, e só é feliz quem não tem ilusões – não tenha medo das crises. Aqui as vitórias régias são majestosas, flutuando, como no deslumbrante Jardim Botânico do Rio de Janeiro, fazendo da flor tal símbolo de altivez e soberania, na beleza de uma terra, como numa altiva araucária, virando os galhos para o Céu, na árvore que nos dá os deliciosos pinhões, na beleza das terras brasileiras meridionais, num país tão vasto e diversificado, numa colcha de retalhos, como na Itália, ao ponto do estado da Bahia ser um país a parte, na grande responsabilidade de um presidente, que é governar para todos, como um pai que nunca se esquece de um dos filhos. Aqui é um saudável momento de reflexão, de solitude, no modo como deve ser insuportável para uma pessoa ser sempre rodeada de um séquito, na frase célebre de Garbo: “Quero ficar a sós!”, como no exemplo de um certo casal que se separou, pois eles foram trabalhar juntos numa empresa, o que certamente minou o relacionamento amoroso, pois casa e escritório são esferas diferentes de relacionamento. Aqui é um lugar delicioso, com uma luz fraca, que não nos fere, num abajur clemente, agradável, como num consultório de Psicoterapia, com tudo para fazer com que o paciente se sinta à vontade para realizar o objetivo da sessão, que é se abrir para o terapeuta, no olho frio e clínico deste profissional, na intenção da pessoa ver a Vida do modo mais fresquinho e lógico possível – é o caminho da mortificação, numa pessoa se desapegando de idealizações tolas. A canoa é o veículo, como no corpo de carne abrigando o espírito, um corpo carnal que tem prazo de validade, pois ninguém está na Terra para sempre, sendo só questão de tempo para o inevitável desencarne, ou seja, faça de seus dias na Terra algo nobre e produtivo, pois que esperança existe fora do labor? Não é Tao um intenso criador e laborador? Não é o misterioso Universo a prova de tal genialidade? A moça está numa travessia, talvez carregada para terras lindas, na canção Into the West: “Os navios vieram para carregar você de volta para casa”, num lugar onde temos a certeza de estarmos cercados de amigos, diferente da Terra, onde bons e maus estão ilusoriamente misturados – o apuro moral nos organiza hierarquicamente. Ao fundo no quadro, de forma bem discreta, vemos uma flor que não prosperou, caída, frustrada, morta, no termo “Morrer na praia”, talvez numa história de insucesso e decepção, como se deparar com uma pessoa de coração podre e imoral. São as inevitáveis frustrações, exigindo que tenhamos a força para que nos reergamos – você pode estar farto de tudo isso, mas você será um homem, meu filho. Existe esperança para quem “se atira nas cordas” do ringue da Vida? Aqui é a fertilidade de uma artista como HF, num jardim tão fértil, no poder de imaginação artística, numa pessoa tão rica nesse sentido.

 

Referência bibliográfica:

 

Home. Disponível em: <www.helenflockhart.com>. Acesso em: 1 jun. 2022.

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