quarta-feira, 6 de julho de 2022

Helen de Troia (Parte 5 de 9)

 

 

Falo pela quinta vez sobre a talentosa pintora escocesa Helen Flockhart. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A sereia e a lebre. Helen Flockhart gosta dessas mulheres nobres e aristocráticas, vindo de um país tão tradicional, na altivez de dinastias como os Tudor, os quais eram tudo na Inglaterra. O tapete circular é uma mandala, na medição de ciclos, como na dança das estações climáticas, numa pessoa sábia e calma, observando as estações ir e vir, até chegar a um ponto de observar o Mundo de forma atemporal, em ciclos, na sabedoria de que o Mundo não mudará, só mudando a forma do indivíduo de se relacionar com tal Mundo, num processo existencial de esclarecimento autodidata, numa pessoa aprendendo a “negociar” com tal realidade. A mulher aqui é o garbo, numa mulher que se arrumou solenemente para posar para um pintor, no modo como a Fotografia libertou da Arte da função retratista, em transgressões deliciosas como o Impressionismo, o qual causou uma impressão bombástica logo de início, em impactos que acabam causando o desenvolvimento do Mundo. Vemos um veado adormecido, entorpecido, num momento de pausa e descanso, ou talvez um animal abatido, servindo de base para um suntuoso jantar, no tesão de certos homens em caçar, remetendo à era pré histórica dos caçadores coletores, na universalidade das divisões de trabalho entre homens e mulheres, num indivíduo que precisa encontrar o seu lugar no Mundo, num caminho por vezes árduo e difícil, num artista que quer se encontrar e saber quem ele mesmo é, numa espécie de labirinto, na importância da pessoa encontrar um norte em sua vida, um porto seguro, uma referência, na felicidade das pessoas produtivas, as quais encontraram contentamento em seus dias aqui na Terra, nas palavras de minha querida avó Nelly Mascia: “Sem a Poesia, o que faria eu desta tarde brumosa?”, e a Vida não é uma tarde brumosa que exige que façamos algo desta? A luz entra fraca e difusa, numa Escócia tão fria e cinzenta, no modo como os londrinos têm a pele tão pálida, num país no qual dias ensolarados são brindados com cidadãos indo a parques para aproveitar tal Céu de Brigadeiro, tão raro em Londres. Bem ao fundo vemos um homem cabisbaixo, de costas, prostrado, talvez rejeitado pela moça, a qual exige uma proposta realista de casamento, querendo um homem sólido, centrado e realista, o qual faz uma proposta de casamento digna de ganhar o respeito dos sogros, remetendo a um amigo meu, um homem centrado no trabalho, talvez um homem que permitiu que esfriasse o romantismo na vida de casado, pois as mulheres gostam de coisas românticas, coisas simples, como uma flor ou um beijinho – o melhor da Vida é grátis. As janelas aqui são como dois olhos, e aqui temos um interior, uma introspecção, num saudável momento de solidão, reserva e retiro, numa pessoa que sabe que na Vida é necessária uma pitada de tal solidão, como numa casa de um casal, na qual há um quarto extra para o marido se retirar com seu computador e seus livros, num momento pacato de retiro, numa pessoa que sabe do valor da discrição e da reserva, observando a força do Yang mas sendo mais Yin dentro de si mesmo. Aqui temos o interior de uma mente, no momento mágico de um artista em colocar na tela coisas de si mesmo, como num sonho à noite, o qual traz projeções de nós mesmos no enredo onírico, como numa gaveta cheia de lixo e folhas secas, que são o ressentimento, no sentido de que temos fazer essas faxinas e nos desprender de tais ressentimentos, os quais são como lixo – se acumulados, passam a feder dentro de casa, no trabalho de psicoterapia em decodificar tais imagens projetivas. Muito discretamente vemos alguns senhores sombrios ao lado da fraca lareira, talvez homens por trás da bela dama, talvez produtores de showbusiness, gerenciando a carreira da moça, no fato de como é importante que a pessoa adquira o controle sobre sua própria vida e carreira, pois que vida é esta na qual não estou no controle? Acima da lareira, que é o contentamento do Amor, vemos imagens borradas de senhores, talvez numa reunião, como na democracia na Grécia Antiga, fazendo de tal país a fonte dos padrões ocidentais, tal como arquitetura e filosofia, na atemporalidade do pensamento humano.

 


Acima, Baile do divórcio. Aqui temos um altivo Henrique VIII, obcecado em colocar no Mundo um herdeiro varão, o qual pouco tempo durou no trono herdado – o que Deus não concede, o Homem não obtém. Aqui o monarca agressivo e desafiador desposa uma mulher altamente nobre e decente, ao ponto de se negar a se revelar ao Mundo, como na fascinante personagem Ana do Véu, interpretada pela diva Patricia Pillar, na revelação da beleza, numa estrela sendo revelada aos olhos do Brasil, ao ponto da atriz de tornar a musa do escritor genial Luis Fernando Veríssimo, o homem que escreve com uma clareza exemplar, expressando-se majestosamente, com muita classe, digno de ser filho do mestre Erico. O lustre aqui é o luxo e a ostentação, como em finos e caros lustres de cristal, numa ostentação de status social, fazendo com que a pureza do cristal faça metáfora com o apuro moral, com a superioridade moral de um espírito depurado e desenvolvido, no modo como todas as riquezas mundanas sejam atores coadjuvantes, sempre girando em torno do que importa, que é uma pessoa honesta, verdadeira, sincera, autêntica e muito amorosa, entendendo que somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei Supremo, mas o Ser Humano, porém, é sempre seduzido por tais sinais auspiciosos mundanos, como numa entediante ala vip de boates, num sinalzinho o qual, desconstruído, não tem sentido, nas palavras da personagem de Charlize Theron em O Advogado do Diabo: “Eu achava que ter muita grana fosse bom, mas NÃO é bom!”, como no personagem Gollum de Tolkien, um ser absolutamente corrompido pela riqueza mundana, num Ser Humano obcecado em obter sempre poder, poder e poder, num infeliz Getulio Vargas suicida, indo direto para o Umbral, a dimensão dos que não amam a Vida. Aqui temos um solene casamento, num casamento arranjado, na capacidade humana em não visar a sua própria felicidade, numa pessoa que não pisa muito feliz no púlpito ao se casar, sempre deixando a felicidade em último lugar, num Mundo insensível, o qual pouco de importa se estamos felizes ou não, ou seja, mande o Mundo se foder, com o perdão do termo chulo. Aqui é a obrigação da mulher em parir, de preferência parir um varão, deixando a mulher na função reprodutiva, numa misoginia enorme, sempre considerando a mulher incapaz de ser tão boa profissional quanto um homem, fazendo do indestrutível patriarcado uma compensação – já é poder demais ter o poder de trazer Vida ao Mundo, num Mundo de homens, enfurecendo as intelectuais feministas, que são a prova da assexualidade da mente humana. O piso em xadrez é a ludicidade, o jogo, um embate entre máquina e homem, no perturbador fato de que nem o campeão mundial de Xadrez é capaz de derrotar o robô criado para o jogo, trazendo a ficção de Matrix, com as máquinas subjugando o Ser Humano numa guerra entre máquinas e homens, no desenvolvimento contemporâneo dos algoritmos, numa inteligência artificial que “adivinha” nosso gosto, como nos mandar links de Facebook que possam ser de nosso interesse. Num papel bem discreto, vemos um veado, que é a fineza e a sofisticação, na vitória do nobre sobre o vulgar, na vitória de uma Gisele sobre a bunda, estando esta, infelizmente, permanecendo soberana. Ao fundo no quadro vemos um baú, que é o resguardo, a reserva, talvez numa adega colecionando “pérolas” dos vinhedos, numa acumulação de riqueza, como num sisudo esquilo fazendo as reservas de nozes para o Inverno, nos interessantes esquilinhos novaiorquinos do Central Park, sobrevivendo em meio a tal selva de pedra, concreto e poluição. Na janela vemos um belo dia de céu azul, num dia alegre, de coroação, como no belo dia em que foi inaugurado o restauro do Casarão dos Veronese, em Flores da Cunha, RS, construído pelo meu querido tataravô, o colono italiano Felice Veronese. Aqui não vemos um baile populoso, mas uma cerimônia reservada, como um universitário se formando em gabinete, rechaçando as pompas de cerimônias de formatura, as quais são belos acontecimentos na coroação de anos de estudo e dedicação.

 


Acima, Eros como uma menina. As asas são a liberdade, na glória metafísica dos espíritos desencarnados, numa dimensão onde não estamos subjugados a problemas como fadiga ou estresse, nas palavras de um sábio professor que tive: “Não se estresse demais!”. Os anjos são essa bondade e esse carinho fraternal, na crença espírita de que cada um de nós é sempre escoltado e acompanhado por um anjo da guarda, espíritos amigos que querem sempre nos levar pelo bom caminho, como um irmão mais velho tomando conta dos irmãozinhos, numa hierarquia – os mais honestos regem os menos honestos, na fila de aquisição de apuro moral, num espírito que odeia mentir, na metáfora do laço mágico da Mulher Maravilha, o qual, ao lhe enlaçar, vai doer em você se você não disser a verdade, como o Espírito da Verdade, um dos espíritos que guiaram Kardec na concepção do Espiritismo, a doutrina do futuro, do humanismo, da necessidade de ter de haver mais amor no Mundo. Aqui é um doce e próspero pomar, num bom vizinho que presenteia o vizinho com algo do pomar, nesse tesouro inestimável que são as amizades, no fato de que se compra tudo, menos o que importa, que é Amor, no inferno astral crônico que é a vida de uma pessoa odiosa, nosso irmão sofredor que vaga pelas ruas desertas e inclementes do Umbral. O figo aqui é tal doçura, numa pessoa gentil e agradável, no fascínio das fragrâncias, como já ouvi dizer que a simples energia de Chico Xavier gerava no ar um perfume elegante e maravilhoso, tendo sido brasileiro o maior médium de todos os tempos, enchendo o Brasil de orgulho como numa vitória em Copa do Mundo. A roupa da moça e a árvore geram um continuum, nas ramificações de galhos, veias, artérias e raios de tempestade, na força da Vida brotando em ímpeto primaveril, na explosão de Vida, como em videiras gerando a floração, a qual virará o cacho de uva na época de vindima, esse momento mágico de Verão onde se celebra a vitória do trabalho e do esforço, no vinho, que é tal sangue da terra, na transubstanciação na missa, o momento mágico em que o corpo e o sangue de Jesus se materializam, no mágico momento de comunhão, onde somos todos iguais, como em frente a uma urna eleitoral, na dádiva que é viver em um país democrático, livre de déspotas inclementes, nesses napoleões que nunca estão felizes dentro de seu próprio reino, numa sede insaciável – é um horror bélico, cruel, tudo em nome do maldito Anel do Poder. O pescoço da moça é delgado e elegante, num pescoço de Nefertiti, no busto famosíssimo e valioso ao ponto de ser um pomo de discórdia entre nações – o Egito querendo trazer a rainha de volta para casa e a Alemanha não abrindo mão da peça preciosíssima, numa Nefertiti que foi uma espécie de precursora feminista, governando por algum tempo um Egito Antigo que só podia ser governado por varões, no modo como o Feminismo vai contra o vento, fruto de coragem e inteligência, na verve de intelectuais de bom coração. Não vemos resquício de sorriso aqui, numa moça melindrosa, com lábios rubros lascivos, deliciando-se com tal figo, no fascínio das frutas, no brilhantismo de um Tao que tanto nos brinda com inúmeros tipos de frutas deliciosas, chegando a um ponto em que temos que crer numa Suprema Inteligência, na incrível vastidão cósmica, num Ser Humano ainda engatinhando em termos de exploração espacial, na comoção mundial do ano de 1969, quando o Homem pisou na Lua, um satélite tão insosso e sem graça, ao ponto de não haver motivo para que pisemos novamente no satélite, como num planeta Mercúrio, uma rocha sem graça, cauterizada pelo Sol e cheia de cicatrizes de meteoros, fazendo da Terra tal riqueza única biológica. A borboleta, com asas, é livre também, e é bela e colorida, um anjo biológico, na magia de borboletas num jardim, cheio de néctar delicioso, com abelhas assediando uvas doces em vinhedos, na pressão em cima da abelha rainha, a genitora única da colmeia, fazendo metáfora com a pressão em cima de uma cabeça coroada, numa Elizabeth II acuada no momento da morte de Di.

 


Acima, O circo espera pela manhã. Aqui é um mágico momento aquático, num espelho de água, como nos espelhos de água de Brasília, essa cidade de arquitetura tão brasileira, na incrível riqueza cultural do Brasil. A moça caminha sobre a água como um Jesus, leve como uma pluma, delicada, como num artista obtendo um mágico efeito de leveza, como num álbum musical atingindo píncaros de popularidade, como no Duets da Sinatra, dando todo um refôlego à carreira do deus Frank, no inesquecível dueto com outro deus, Bono Vox, num encontro de gerações, como numa regravação de algum clássico de Cole Porter, o artista cuja obra será bem longeva, atemporal, ao ponto de conquistar o gosto de artistas tão finos como Woody Allen, o intelectual que virou cineasta, numa sofisticação tão única em meio ao mercado de blockbusters descartáveis de Hollywood. Aqui é a predominância do verde, na cor dos bosques e florestas, em florestas tropicais que tanto fascinam as nações de clima não tropical, fazendo do verde tal símbolo do Greenpeace, a “paz verde”, numa organização que nem sempre é pacífica em seus protestos. A água é a reflexão, num momento de introspecção de uma pitada necessária de solidão, no modo como é insuportável para uma pessoa estar o tempo todo cercada de pessoas, no modo como até um grande amigo pode ser um fardo, no termo “Tudo o que é demais, enjoa”, havendo a necessidade de moderação: Deitar na cama para descansar é bom e necessário, mas deixará você louco se você passar tempo demais numa cama, no caminho da moderação taoista. Flockhart gosta dessas mulheres reservadas, minimalistas, comportadas, num doloroso caminho de disciplina, numa altivez que resulta em uma mulher que foi muito tolhida, aproximando-se do comportamento minimalista, limpo, clean, na diretriz: Quando você precisa tomar ação, só faça aquilo que é necessário. Aqui temos uma placidez líquida, numa água sem tensão. Este quadro é um pequeno zoológico, com espécies soltas em harmonia, no fascínio dos bichos enjaulados, no modo como é insuportável a vida de uma pessoa improdutiva, abraçando uma vida sem função ou labor, pois só o trabalho liberta, na questão de que o trabalho faz com que a pessoa goze de uma gloriosa sensação de liberdade, fazendo do Plano Superior o oásis para os que amam se manter produtivos. Aqui é uma espécie de selva em uma sala de visitas, fina, com árvores pintadas, no talento de um anfitrião fino, recebendo gentilmente as pessoas em sua casa, em vistosos lustres de cristal girando em torno do que importa, que é a polidez, a verdade e o carinho, como um fino tecido, uma seda, um veludo ou um cetim, girando em torno do que importa, que é amar o Mundo e as pessoas, sendo um inferno uma vida sem amor, como num pernicioso ambiente de presídio – a prisão dentro da prisão. Os arcos aqui são a polidez de uma pessoa humilde, na máxima taoista: Curva-te e reinarás. É o caminho da humildade, visto que a arrogância precede o colapso. Aqui é um ambiente de meia luz, de uma luz tênue, longe de um dia de Sol, como num consultório de psiquiatria, numa luz suave, que leva o paciente a relaxar e abrir-se para o terapeuta, numa relação de confiança, numa entrega, pois se não em abro para o terapeuta, estarei perdendo tempo e dinheiro. Aqui as feras estão domesticadas, soltas, como se fossem humanas, dóceis, longe das duras leia da selva, da cadeia alimentar, num leão assediando herbívoros, no modo das coisas acontecerem no Plano Material, a dura dimensão que faz com que cresçamos como espíritos, no caminho de depuração, que é a lógica da Vida. Ao fundo vemos carneirinhos, os quais, num contexto biológico, estariam sendo devorados pelos carnívoros neste quadro. É o termo “lobo em pele de cordeiro”, para designar pessoas que levam vida dupla, o que é um estilo de vida muito triste, pois a pessoa nessa situação não está nem aqui, nem acolá, mas em cima de um muro de indefinição, e a Vida precisa ser uma só, pois a pessoa é uma só – é a questão de dignidade e integridade. Seja autêntico!

 


Acima, Onde a abelha chupa. Uma explosão de vindima, na Festa da Uva de Caxias do Sul, na vitória da beleza! É a magia de verão, de vindima, na celebração da vida, com doces uvas, no formidável pecadinho da Gula, no modo como não é prejudicial uma pitada dos gostosos sete pecadinhos capitais, pois a pessoa tem que se permitir ter algum prazer e não ter uma sisuda vida de privação – não tem sentido em ser tão impiedosamente disciplinado. A moça aqui é uma noiva, a estrela da festa de casamento, entrando triunfante na Igreja, pura e casta, na especialidade patriarcal em castrar a sexualidade feminina, no machismo máximo: passar das mãos do pai direto para as mãos do marido. No topo do quadro, belo como todas as obras de Helen Flockhart, há uma dourada colmeia, um sol dourado de vitória e beleza, numa rainha da Festa da Uva sendo revelado à comunidade, na cara da festa, numa embaixatriz da festa, fazendo com que a beleza de tal terra faça metáfora com a beleza da rainha. A colmeia é o funcionamento da vida em sociedade, num organismo organizado, onde cada um tem sua função específica, sendo infernal a vida de uma pessoa que não faz trabalho algum, nas palavras de Seu Madruga no eterno seriado Chaves: “Nada mais trabalhoso do que não trabalhar!”. O mel é o doce gosto de uma vitória, no modo como não canso de dizer: O sucesso é um amante infiel, pois ninguém está no topo o tempo todo, na inevitabilidade dos altos e baixos liquidiscentes da Vida, no modo como o sucesso é complicado, pois, quem o atingir, é pressionado a permanecer para sempre assim, o que não existe, como numa pobre Whitney Houston, desembocando nas drogas pesadas para lidar com tais dolorosas e inclementes pressões, numa suprema diva cuja voz foi destruída pelas drogas – malditas essas sejam! O generoso mel escorre pelas mãos da moça, numa lambuzeira, na brincadeira de dois amantes se beijando com leite condensado na boca. O mel é o produto do esforçado labor, um resultado de dedicação e empenho, como um urso comendo ao máximo para enfrentar a hibernação invernal, como num plano de previdência ou aposentadoria, numa pessoa seriamente pensando no futuro, nas perspectivas, como numa pessoa construindo carreira na Caixa Econômica Federal, onde trabalha minha querida irmã, diga-se de passagem. As rosas aqui são galantes, num presente de enamorado, talvez num relacionamento suspeito, onde há muito coração e pouca cabeça, o que é ruim, pois a cabeça sempre tem que ser ouvida antes do coração, no caminho da sabedoria e da maturidade, numa pessoa que aprendeu a manter os pés no chão. As roseiras aqui remetem aos vinhedos, os quais necessitam de tais flores, pois estas, sendo muito sensíveis a pragas, já avisam de antemão tal praga para que o viticultor tenha tempo para lançar mão dos recursos químicos para neutralizar tal praga indesejada. O mel aqui é a fartura, num chafariz do qual brota a vida, no nome de uma cidade italiana, a Água Viva da Fonte. É como na comédia erótica Decameron, na explosão da Vida e da sexualidade, numa pessoa esclarecida, que tem a noção de que o Sexo é natural no Ser Humano, como num psicólogo, o qual não tem a culpa do pecado religioso em relação a Sexo. O jardim aqui é cheio de Vida, com cheiros e sons, como pássaros e grilos, algo entorpecente e maravilhoso, como numa Barbra Streisand, a qual declarou que, na maior parte do tempo, tem a vontade de se deitar abaixo de uma árvore e, ao nada fazer, esquecer do Mundo, como numa pessoa desligando o telefone celular para não ser incomodada, num momento saudável e necessário de reserva e solitude. O vestido aqui, de estampa sutil floral, faz um continuum com tal bosque encantado, na magia das estampas floradas, simbolizando feminilidade e delicadeza, na Flor de Lis simbolizando a França Absolutista, numa reverência aos aspectos da Natureza, um presente de Tao a um planeta Terra tão raro. O mel é a fartura, num país tão rico como o Canadá, no abismo de tal nação em relação a países tão miseráveis como os países africanos, nas desigualdades mundanas.

 


Acima, Rizzio. Helen adora a magia do luar, no prato prateado que guia os insanos ciclos femininos, na força que rege as marés, na magia feminina do luar sobre a responsabilidade infalível do Sol, no homem disciplinado que acorda e vai trabalhar, na força e na credibilidade do Yang, num homem de palavra, que faz valer o que ele mesmo diz, sabendo que a palavra é o maior bem de um homem, no cavalheirismo no fio do bigode. A menininha no balanço são os ciclos de vaivém da Natureza. É a ludicidade, em doces brincadeiras infantis, na gritaria de um pátio de escola no momento do recreio, com crianças ensandecidas e suas brincadeiras, num triste Michael Jackson menino, o triste menino ao qual foi negado ter uma infância normal. O balanço remete a uma cena do seriado bem sucedido Os Tudors, numa das esposas do célebre rei, numa moça nua girando num balanço sob uma doce chuva de verão noturna, num homem obcecado em colocar no Mundo um herdeiro varão, pouco se importando se o menino seria de fato feliz com tal espólio. Aqui é a magia de uma noite tropical, noite dos enamorados, num doce sonho tropical de uma artista escocesa, num país tão frio, úmido e cinzento, sonhando com uma doce Califórnia num dia cinzento de Inverno, com folhas marrons mortas no chão, no modo como um dia chuvoso pode causar uma minúscula melancolia, mas nada equiparável a um quadro de depressão de fato, numa pessoa que está melancólica mesmo num majestoso dia de Sol, no termo “padecer no paraíso”, numa fossa existencial a qual não desejo para pessoa alguma. Vemos um libidinoso diabrete, com seus chifres de instinto animal sexual, numa gata se contorcendo em cio, querendo, acima de tudo, Sexo, ma magia da Dança do Ventre, no modo árabe de encarar com naturalidade a natureza sexual humana, no sexy sem ser vulgar, como na revista Playboy brasileira, num nu de bom gosto, na comoção que causou o debut público de Adriane Galisteu nua, como um dourado troféu de vitória, digna de ser desposada por um rei ou por um Guga campeão. O pequeno violão é a magia de uma serenata, na menina encastelada em sua prisão de castelo, esperando pelo príncipe fálico para ser libertada, na chave peniana ante a fechadura vaginal, na ilusão de menininha, a qual crê que tal príncipe perfeito existe, talvez numa mulher se desiludindo em relação ao próprio marido, vendo a Lua de Mel esfriar no passar dos anos de vida de casada, talvez num sexo que deixou de ser doce para virar algo frio e mecânico. A viola aqui é tal som de sedução, como no conto dos ratos sendo guiados e seduzidos pela flauta mágica, na capacidade de um líder em unir e inspirar um certo corpo social, num talento de liderança, organizando um corpo social, como no heliocentrismo do faraó herege Aquenáton, estabelecendo que a única divindade é o Sol, nada mais, num dos momentos mais curiosos do Antigo Egito. O jardim aqui é belo e bem mantido, longe de uma caótica selva devoluta, no sonho do imigrante italiano em chegar ao RS e ver um lote capinado, pronto para o uso, o que não ocorria, num imigrante se deparando com um pedaço de mata virgem, na árdua vida de imigrante. O diabrete aqui está prostrado, e a menina não parece lhe chamar a atenção, num sentimento prostrante e depressor, numa pessoa deprimida prostrada numa cama, sem qualquer vontade de viver, num fundo de poço incrível, ao qual a pessoa tem que ser forte para sobreviver, como já ouvi: “Dos fracos, a história nada conta!”. A menina balançando é um pêndulo, na passagem do tempo, como num namoro que acaba, num calor que esfriou. É a força do tempo lavando almas e levando embora as dores e os traumas, numa voz fraternal e acalentadora quer nos diz: “Vai passar!”. A Lua aqui é fraca, pois o quadro, de um modo geral, é sombrio, num jardim tão cheio de Vida, no modo como a Vida pulsante do Plano Metafísico nada tem a ver com o silencio morto cemiterial, na ilusão que nos causa a morte do corpo físico, no modo como é bom ser um pouco espírita e lidar com naturalidade com o óbito carnal.

 

Referência bibliográfica:

 

Home. Disponível em: <www.helenflockhart.com>. Acesso em: 1 jun. 2022.

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