quarta-feira, 27 de julho de 2022

Helen de Troia (Parte 8 de 9)

 

 

Falo pela oitava e penúltima vez sobre a talentosa pintora escocesa Helen Flockhart. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Centauro malhado. Aqui remete a O Centauro no Jardim, de Moacyr Scliar, no realismo fantástico latinoamericano que tanto fascina o resto do Mundo, na história de um homem e uma mulher centauros, com pênis e vaginas descomunais, assim como pode ser descomunal um artista, tornando-se um fenômeno de píncaros de popularidade, como um clipe de Whitney Hosuton no Youtube, com 1,2 bilhão de acessos – uau. O gramado aqui é como uma floresta acarpetada, limpa, perfumada, arrumada, sem um fiapinho de poeira, numa sala tão agradável ao convidado, no talento de certas pessoas em receber, servindo chá ou café e fazendo as honras da casa. O exímio intelectual Harari afirma que os gramados são símbolos de status, desde um gramado vasto em frente a um palácio até um pequeno gramado de pequeno burguês, como me descreveram a deliciosa sensação de se pisar no profundo e acalentador carpete do Radio City Music Hall, em Nova York, a cidade que abriga museus tão deslumbrantes, em seus pulsantes teatros, numa cidade que respira das coisas, nas palavras de Marisa Monte: arte e dinheiro, na impressão de que até os pombos novaiorquinos têm o “nariz em pé”. Aqui é como gado pastando, na função tão primária que é se alimentar, no surgimento da Vida na Terra, nos mistérios astronômicos: Afinal, tem ou não tem Vida fora da Terra? Aqui é um belo dia se Sol, talvez num doce dia de verão, de férias, remetendo à atual onda de calor na Europa, num continente que conhece os extremos climáticos. O centauro é a porção animal do Ser Humano, em questões como sexualidade, esse espectro que nos acompanha sempre, só sendo deixado para trás após a “carta de alforria” do Desencarne, o momento de libertação como no último dia de aula, fechando um ciclo e abraçando um momento de recreio e pausa, num espírito o qual, desencarnado, vai sentindo a necessidade de terminar as férias e adquirir alguma coisa para fazer, com o grande exemplo de Tao, nosso pai genial que está sempre matutando e criando, no modo como pode ser cercado de tanta expectativa um novo lançamento de algum carismático popstar. Aqui é o termo “vacas magras”, pois o centauro aqui está bem magro, com as costelas salientes, talvez num momento de crise, como na crise ocasionada pela Covid, em um momento que não foi fácil ao redor do Mundo, na enlouquecedora necessidade da pessoa simplesmente não poder sair de casa, fazendo desta uma espécie de jaula, testando a saúde mental das pessoas, num momento em que só o trabalho é capaz de trazer cura, como numa pessoa rica, a qual só pode se manter sã de fizer algum tipo de trabalho. Vemos ao fundo uma pilha de tijolos ou sacos, que é a paciente construção de algo, na paciência da formiga construindo um formigueiro. É a construção paciente, sisuda, como nos anos que se levam para a construção de um prédio, num trabalho paciente, dia após dia, como plantar vinhedos novos e esperar que estes cresçam e deem uvas, na sabedoria popular de que Roma não foi erguida num só dia. O centauro nos olha triste e sério, num momento de privação e renúncia, de limitação, talvez num momento de crise e desilusão, ou seja, uma crise que se revela produtiva, pois aponta um momento de pés no chão, pois o Mundo pertence aos realistas, que vivem de forma sincera e real, havendo nos iludidos a triste dimensão dos que não podem gozar de felicidade, no modo como pode ser miserável uma pessoa que ganhou na loteria, reduzida espiritualmente a um nível deprimente de apatia e tristeza – é um horror. Os centauros aqui estão cabisbaixos e deprimidos, como numa partida de Copa do Mundo em que o Brasil é eliminado, num momento coletivo de decepção, como em mortes tão chocantes, como a de Elis, numa mulher com tanto ainda tinha por vir, como numa Diana. Apesar do terreno aqui ser tão fértil e verdejante, o centauro não está feliz, no modo como tudo o que é demais, enjoa, assim como dinheiro – se é demais, pode ser um problema. Aqui é o termo popular: “Ser mãe é padecer no paraíso”. O centauro simboliza o casamento do espírito divino com a carne animal.

 


Acima, Charmoso. A flauta é a magia da Arte, em popstars lotando estádios num show, em comoções como num filme blockbuster, na canção tema de Titanic causando tantas lágrimas em meninas e mulheres, chorando por Jack, o galão que deu sua vida por Rose, na glória do funeral de um homem que muito serviu ao Mundo, como num funeral de Tancredo Neves ao som de Coração de Estudante, na construção de heróis nacionais, com homens de notável vida pública, ao contrário dos mentirosos, os quais acabam rejeitados e desprezados, como num Hitler, trazendo vergonha perene à própria família, como um professor sociopata que tive, o qual insinuava adoração ao monstro malévolo, numa pessoa que pura e simplesmente se identifica com o Mal – é um horror. Aqui é uma romântica noite estrelada, numa noite dos enamorados, fazendo amor de noite, enquanto o Mundo dorme, como numa sensível Teresa em O Quatrilho, contemplando o céu estrelado e perguntando-se dos segredos do Universo, casada com um homem como Ângelo, um homem não tão sensível, para o qual a noite era para descansar e, ao término da noite, acordar e abraçar mais uma árdua e recompensadora jornada de trabalho, num homem que nunca fez sexo muito romântico com Teresa, a qual se apaixonou por um homem mais sofisticado e citadino. Um plácido lago aqui espelha as estrelas, no espelho mágico de Galadriel, o qual podia mostrar o passado, o presente e o futuro, fazendo do espelho tal símbolo de feminilidade, de beleza, como uma mulher que conheço, a qual é uma das mulheres mais lindas da História, mas uma mulher que não tem carisma, evocando a esmagadora figura de Gisele, a qual é uma bomba atômica de carisma, com seus cabelos ondulados sendo imitados pelas mulheres no Mundo todinho, em píncaros de popularidade, em pessoas tão fenomenais e incomuns, descomunais. O cisne está completamente inebriado, seduzido, como formigas em torno de um doce, num fã que simplesmente ama o trabalho de algum artista, no modo como eu sou fã da jazzista canadense Diana Krall, uma voz tão discreta, puxando para Bossa Nova, gênero o qual, ao casar com o Jazz, ganhou o Mundo, fazendo da Arte tal símbolo de universalidade, com um popstar com um fãclube consolidado ao redor do globo. Aqui, o flautista não está inebriado com algo, mas enfrentando mais um dia de labor, numa rotina, como num cantor em turnê mundial, trabalhando arduamente para ganhar seu dinheiro, no suor de um cantor no palco, numa pessoa que, apesar de ter uma vida aparentemente glamorosa, é um trabalhador dedicado, que sabe que só o trabalho pode dignificar. Os pés descalços são a naturalidade, como numa nudez inocente, sem malícia ou sexualidade, nos nus sofisticados da revista Playboy brasileira, em edições tão memoráveis como o debut de Galisteu e a edição de Marisa Orth, no sensual que não é vulgar, uma linha tênue. O cisne é rico em cores, como num leque de opções oferecidas por uma universidade, como numa pessoa a qual, ao levar uma vida desinteressante de dona de casa, tem que se erguer e estudar, fazendo um esforço para não ser uma pessoa tão desinteressante – não tem um único curso que desperte o interesse de tal dona de casa? Aqui é uma forte atração, quase como uma força gravitacional, em planetas tão hostis como Vênus, numa pressão atmosférica forte o suficiente para achatar um carro em uma placa de meio metro de altura – por que a Terra é tão singular e não tão hostil? O lago é tal placidez, tal calmaria, numa pessoa que encontrou paz em seus dias, produzindo calmamente, na sabedoria popular de que a pressa é inimiga da perfeição, como num diretor com calma, trabalhando pausadamente no processo de pós produção de algum filme, pois, sem calma, não há prazer, e, sem prazer, a Vida é um inferno, havendo o frio inclemente do Umbral, a dimensão dos que não amam nem respeitam a Vida, como num infeliz que mata para roubar. O flautista está numa contradição, pois, ao mesmo tempo em que exerce tal fascínio, está alheio, fazendo do desinteresse a força que nos faz grandes.

 


Acima, Hera como um pássaro. A plantação é esta “domesticação” da Natureza, no controle da produção de alimentos, na revolução agrícola, num labor que tanto exige do cultivador, na duríssima vida de imigrante italiano no RS, deparando-se com um lote selvagem, tomado de mata virgem, nos inevitáveis calos nas mãos de meu tataravô, o colono Felice Veronese, nessa história de força dentro da família. A Lua aqui está forte, quase como um Sol poente ou nascente, na iluminação de certas pessoas, com pessoas excepcionais acordando o Mundo, nas palavras do amigo diretor Fábio Barreto: “Somente a transgressão de alguns indivíduos pode ocasionar a evolução de uma sociedade”, como numa ousada e carismática Britney Spears, uma cantora que, apesar de não ter uma voz excepcional como Lady Gaga, brilha muito em carisma, em contraste com Christina Aguilera, uma artista com voz negra e maravilhosa, mas uma CA sem muito carisma... Os pássaros voando são a liberdade, nessa deliciosa libertação do Desencarne, o qual vai chegar sim, meu irmão, sendo só questão de tempo. É a metáfora das asas dos anjos, que são espíritos desencarnados e felizes, que sabem que o ouro está na grande irmandade que somos, sendo cada um de nós uma pessoa tão nobre e única, filha do grande Rei que rege todo o Universo, na equivocada imagem que temos de Deus, um patriarca, quando que Tao não tem sexo, nem sexualidade, a qual morre junto com o corpo físico, numa pessoa encarnada que porta temporariamente tal sexualidade, na assexualidade dos anjos, estes espíritos tão cheios de amor, sempre nos inspirando a ir pelo bom caminho, pelo caminho da Paz – cada um de nós é escoltado por um anjo da guarda, e isso não é uma ideia reconfortante e maravilhosa? Que sentido haveria na fragmentação? Vemos serpentes negras insinuantes, numa elegância, como num homem com o cabelo com gel, sem um só fio fora do lugar, na aprumação para um baile de gala, um evento em que cada um se esforça para ter a melhor aparência possível, remetendo-me a uma divertida memória de adolescência num baile de gala em Caxias do Sul, numa moça que, cheia de verve, estilo e ousadia, foi ao baile vestindo um smoking de homem! É o poder benéfico da transgressão, numa jovialidade de da Vinci, mantendo-se irreverente até o fim de sua vida. As serpentes aqui parecem estar encantadas e hipnotizadas, em harmonia com a plantação tortuosa, nessa aquosidade da serpentes, caminhando como se estivesse escorrendo, na figura do encantador de serpentes, na intenção humana em domar um cavalo, no caminho da disciplina, sendo tão importante um aluno ser aplicado na escola, enchendo de satisfação um professor, no modo como eu próprio já fui professor de Inglês, e é um sentimento de contentamento grande ver um aluno crescendo e aprendendo, sentindo-me eu o agente de tal crescimento, no modo como eu me esforcei para fazer ótimos trabalhos em minha faculdade de Comunicação Social, em certos professores que nos desafiam; professores que valem cada centavo da mensalidade. O mar aqui é doce e plácido, no delicioso mar de Botticelli revelando Vênus, na atriz Uma Thurman no papel de Vênus no Cinema, na concha se abrindo numa libertação e numa revelação, no libertador cheiro de mar, como no estilo musical Reggae, o qual remete a praia, ar livre e liberdade, com surfistas pegando ondas e bares da beiramar servindo delicioso açaí. Aqui temos uma fertilidade, uma criatividade, como em cartunistas tão talentosos como Carlos Iotti, o qual, infelizmente, foi desligado de suas atividades no Grupo RBS, uma injustiça, pois Iotti é o melhor cartunista do RS e um dos melhores do Brasil. As rochas ao fundo são a garantia e a segurança, como no papel de um guardacostas, como numa Xuxa Meneghel, a qual, ao sair de carro de sua casa no Rio de Janeiro, é escoltada por um segundo carro, cheio de seguranças dentro, numa Xuxa que não pode se dar ao luxo de passear em paz no calçadão das praias cariocas – é o preço da fama, com numa Patrícia Abravanel sendo sequestrada.

 


Acima, Homem alado. Apesar de parecer estar livre, o homem está triste e desapontado, tal qual a decepção que tive ao descobrir que um “amigo” meu é sociopata, ou seja, trata-se de uma pessoa que ama ninguém e que por ninguém é amada, numa pessoa a qual estava interessada na minha ruína, uma pessoa sobre a qual pessoas minhas amigas me alertaram: Não se preocupem amigos, pois nunca mais voltarei a me relacionar com tal sociopata, na metáfora da ponta de faca, a qual está lá quieta no canto dela – se eu mantiver distância, não me ferirei. O terreno aqui é inóspito, numa devastação existencial, numa vida sendo empobrecida gradualmente, no passar vagaroso dos anos, até a pessoa se deparar com tal devastação, dizendo para si mesma: Calma, você vai se reerguer. É o modo como a Vida exige que sejamos fortes e tenhamos o espírito olímpico de superação de percalços, pois a Vida não tem sentido sem obstáculos e vicissitudes, num surfista com tesão pelas ondas, ficando tão prostrado frente a um mar sem ondas, no tesão de um alpinista em escalar, como um grande amigo que tenho, o qual está dando sinais de superação, contornando uma gigantesca provação existencial, como numa Sharon Stone, uma atriz que disse em entrevista ter beijado tal fundo de poço, num momento em que a pessoa tem que tirar forças do fundo da alma, na frase da qual não esqueço: “Dos fracos, a história nada conta”. A Lua aqui está eclipsada, quase aniquilada, num momento em que a pessoa está com uma vida tão pobre, tão desinteressante e tão apática, num desnorteamento agudo, na sensação de se estar dentro de um labirinto cheio de armadilhas e pistas falsas, numa pessoa que simplesmente não sabe qual ação tomar, no processo triste do patinho feio, o qual, depois de nadar longamente por um lago escuro, descobriu-se cisne, no modo da pessoa enxergar a si de maneira atemporal, na máxima taoista: Passado e futuro não existem um sem o outro, ou seja, a pessoa se dar conta do que sempre esteve ali e sempre estará, no modo espírita como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, ou seja, sempre teremos nossos entes queridos nos iluminando lá de cima, espíritos amigos que vão fazer para nós uma grande festa de retorno ao lar, no reencontro com amigos eternos, no grande presente que é a imortalidade do Amor, a força que mantém coesa a Grande Família Metafísica, a única família de realeza que existe de fato – não se deixe abocanhar por tolos sinais auspiciosos, no caminho da mortificação espiritual, com ilusões sendo desprezadas e deixadas de lado. Aqui é como uma plantação sem vida, sem criatividade, num terreno hostil à Vida, como estar numa praia fantasma, sem banhistas ou surfistas, com bares fechados, num vento frio e cortante cruzando as praias de Floripa no Inverno, mostrando-nos que realmente não se pode fugir da seriedade da Vida, a qual exige siso e juízo, numa pessoa que tem que aprender a ouvir a cabeça ao invés de só ouvir o coração, no poder libertador do Pensamento Racional, na imagem da águia livre pelos céus democráticos dos EUA. A Lua aqui está no mínimo de sua força, numa tênue luzinha no fim do túnel, como Frodo na terrível e escura toca de Laracna de Tolkien, numa dimensão tão miserável, como no Umbral, a última instância psíquica, um lugar que, apesar de tão desolado, traz uma luzinha de esperança, pois nem mesmo o mais profundo breu carece de uma pitada de esperança. A nudez aqui é a resolução de mistérios, na pessoa vendo a verdade da forma mais nua possível, e a desolação deste homem está se revelando tão essencial para que ele veja o Mundo da forma mais fria e realista possível, no papel do psicoterapeuta em mostrar ao paciente as coisas da forma mais clara possível, dando “espetadas” no paciente, no termo irônico: “Colocar o dedo na tomada elétrica”. A cena aqui antecede uma revelação, e o homem vai se descobrir um lindo anjo, um lindo ser alado e livre, livre da ilusão de que é um pato. A Lua aqui vai crescer, e há sempre esperança, numa pessoa que serve ao Mundo como uma figura na qual podemos depositar tais esperanças.

 


Acima, Manhã de sábado. A moça suspensa no ar é tal leveza, como num artista obtendo um efeito fantástico, dando-nos a impressão de que tal artista nada faz, como no segundo álbum de Britney, o “Ops, eu fiz de novo”, dando-nos a impressão de que é fácil, no modo como o gênio nos dá a impressão de que é fácil fazer as coisas, como Pelé, dando-nos a impressão de que é fácil driblar e golear, como na Copa do Mundo de 2002 – Nossa, já fazem duas décadas! –, num Ronaldo que nos deu a impressão de que o esforço foi mínimo para conquistar o Penta. O papel de parede de pássaros é tal leveza, numa sensação de alívio e descarrego, como colocar o lixo no container na Rua, na redentora sensação catártica de libertação, no vômito que faz com que nos purifiquemos por dentro, expelindo algo que sempre quisemos expelir, no poder terapêutico de tal catarse, como num filme de final redentor, fazendo com que saiamos da sala de projeção sentindo-nos livres, leves e soltos, tais quais uma gaivota à beiramar. É na sensação de potência num avião decolando, desafiando as Lei da Gravidade, no inevitável modo como os aviões têm aspecto de pênis voadores, na liberdade da imaginação, numa pessoa de mente tão fértil, num artista num dia a dia produtivo, criando em seu atelier, no modo como da Vinci se apaixonou pela sua Monalisa, não querendo se desfazer desta, talvez num Complexo de Édipo, nas orações à Nossa Senhora, cujo mito de virgindade serve para que o Ser Humano entenda que somos todos frutos de Imaculada Conceição, e que cada um de nós é infinitamente especial, no esforço dos padres na missa, sempre nos dizendo que somos irmãos, uma mensagem a qual, geralmente, é esquecida pelo fiel a partir do momento em que tal fiel coloca o pé para fora da Igreja. Vemos um cabritinho saltitante, como Sarah Jessica Parker em Sex and the City, saltitando como um Bambi no topo de seus sapatos de salto alto, numa mulher cujo coração reside nos sapatos, numa impecável Gisele desfilando ao som de Garota de Ipanema, dando-nos a impressão de que é fácil ter porte e elegância numa passarela. A cama ao fundo é o merecido repouso, numa pessoa que se aposentou, talvez acreditando na mentira de que é positivo que a pessoa pare de produzir, no fato de que a mente sempre tem que estar ocupada com algo produtivo e nobre, nas palavras de minha querida avó Nelly, professora aposentada que passou a ser poetisa depois da aposentadoria: “Sem a poesia, o que faria eu desta tarde brumosa?”. E a Vida é tal tarde brumosa numa cinzenta travessia que tanto testa nossa fé, brumas que precisam ser convertidas em algo de bom, nas sábias palavras de um DiCaprio: “Realmente, não pode faltar trabalho”. O homem sentado é tal retiro e reserva, num ator coadjuvante, sempre subestimado, numa Lady Gaga conquistando o Mundo com sua voz e com sua deliciosa transgressão estilisticoartística. O café na mesinha é o dia a dia, a pausa no turno de trabalho, no modo como tal bebida conquistou o Mundo, em marcas tão poderosas como a Starbucks, com produtos de preços não exatamente módicos, mas numa relação custo/benefício que acaba valendo, na excelência de um produto bem feito. Os livros na mesinha são a erudição, num retiro silencioso, numa pessoa quieta no seu canto, lendo, fazendo algo imprescindível, que é botar a caixola para funcionar, pois que esperança existe fora do pensamento lógico, racional? A planta é a Vida em toda a sua força, num ser que luta para viver e se desenvolver, nessa lida diária do Ser Humano, com cada pessoa vivendo sua vida e enfrentando suas vicissitudes. É um artista lutando para ser reconhecido, no triste modo como há artistas que só são reconhecidos postumamente, como num Van Gogh. A luz entra aqui esclarecendo dúvidas existenciais, como num paciente trabalho num consultório de Psicoterapia, numa mente sendo desdobrada e esmiuçada, na dor positiva que é “colocar os dedos na tomada elétrica”, numa pessoa acordando para a Vida. A mesa ao fundo é tal retiro e reserva, numa utilidade, numa pessoa digna, que faz coisas para o Mundo inteiro.

 


Acima, O canto dos pássaros stimfalianos. O chão é tal sedutor tapete vermelho, símbolo das pessoas vips, importantes, nos tolos auspícios de alas vip de boates, numa ala a qual, apesar de parecer ser interessante, é um tédio total, pois festa mesmo é no coração da pista de dança, dançando até ficar molhado de suor, no banho de espuma na pista de dança ao final da festa na extinta casa noturna Ibiza, no Litoral Norte do RS. Aqui os pássaros voam livres, diversificados, coloridos, no ideal de respeito à diversidade, assim como hoje mesmo, numa cafeteria, vi um homem travestido, e eu respeitei, mas, infelizmente, as pessoas respeitosas são exceção, no modo como respeito casais gays andando na Rua de mãos dadas. Os pássaros são a liberdade dos sonhos, como numa menininha sonhando em ser rainha da Festa da Uva, olhando para aquela rainha sorridente no alto de um luxuoso carro alegórico, abanando para as pessoas, no papel da rainha em unificar a comunidade e inspirar esta em torno da celebração da Vida, que é a fartura da vindima, na comédia erótica Decameron, na força erótica da vida em tardes quentes e sedutoras de Verão. O céu aqui é noturno e misterioso, imprevisível, na hora fria que antecede a aurora, na Estrela Dalva subindo ao céu anunciando um novo dia, no mito da deusa grega Eos, a deusa da aurora, inaugurando um dia com suas cores douradas, como num competente decorador, transformando uma sala comum em uma sala luxuosa, bela e acolhedora, num sonho decorativo que busca se aproximar das belíssimas salas metafísicas com seus finos anfitriões, recebendo-nos com coração de ouro, no prazer de se receberem convidados numa festa, como numa Sharon Stone em Cassino, circulando elegantemente entre os convidados, deliciando seu marido Ace, o imortal Robert De Niro. A menina veste uma pele de animal, no predador virando presa, no costume de se usarem roupas de couro, causando todo o asco dos veganos, os quais adotam toda uma política em relação a bens produzidos com origem animal. As árvores aqui brotam como repolhos em horta, numa fertilidade, nas cheias sazonais do rio Nilo, deixando uma farta camada de fertilizante natural, possibilitando as plantações que tanta fartura traziam à terra do faraós, numa Egiptologia inesgotável, numa civilização perdida e tão fascinante, na busca humana pela imortalidade, fazendo da mumificação tal empenho de eternidade, como no cadáver embalsamado de Evita Perón, na letra da canção cantada por Marilyn: “No fim, todos perdemos nosso próprio charme!”. Aqui é uma família feliz, como numa firma feliz, com um ambiente de trabalho agradável e leve, ao contrário de um ambiente negativo, sofredor, com pessoas que não se respeitam muito mutuamente, no modo como o convívio às vezes pode ser tão complicado, como no seriado Chaves, o qual fala geralmente de convívio, como num casal, cuja durabilidade é proporcional à paciência de um cônjuge para com o outro. Podemos ouvir o delicioso canto de pássaros, em tal bálsamo auditivo, como num bom músico de Rua, espalhando tal perfume auditivo, num artista tão pobre e tão ignorado pelo Corpo Social, como um mendigo visto com indiferença pelos passantes, ignorado. Os pés descalços da menina estão confortáveis nesse carpete luxuoso, no prazer de estar em casa à vontade, numa pessoa que anda nua dentro de casa, atendendo à porta sem roupa, num aceno importante: “Você é convidado aqui; você não é dono daqui”. As aves voam em círculos, como círculos sociais de relacionamento, como numa escola, com amizades sendo feitas, no sentido de afinidade, no modo como os espíritos se agrupam conforme tais identificações, como num grupo de adolescentes, dentro do qual todos se vestem mais ou menos da mesma forma. Os pássaros são a farta ceia de Natal com peru ou chester, num momento de reunião, ao contrário de uma pobre pessoa a qual, apesar de rica financeiramente, é espiritualmente miserável, numa família que não costuma se reunir – você não faz ideia a que nível é reduzida psiquicamente uma pessoa que é considerada feliz na Terra.

 

Referência bibliográfica:

 

Home. Disponível em: <www.helenflockhart.com>. Acesso em: 1 jun. 2022.

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