quarta-feira, 12 de abril de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 5 de 8)

 

 

Falo pela quinta vez sobre o artista americano Winslow Homer. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A pescadora. O cenário é cinza e incerto, numa dúvida cinzenta, na sisudez de uma discreta Quarta-Feira de Cinzas, quando o colorido da festa se vai e o faxineiro limpa as resquícios festivos do chão da pista de dança – por mais belo que seja, o circo levanta a lona e vai embora, como num acampamento abandonado, com cinzas remanescentes na fogueira, num fogo que outrora brilhou, pois por mais liso ou áspero que seja o dia, este passará e um novo dia virá, até a pessoa aprender a não deixar que o fracasso ou o sucesso lhe subam à cabeça. Aqui é como restos de cinzas de um vulcão, ou nas cruéis e insanas câmaras de gás hitleristas, na cena impactante de um filme, com as cinzas de judeus caindo dos céus, nessa eterna capacidade humana em ser o mais cruel possível, num Ser Humano que tanto se empenha para ser um retrato do inferno, a dimensão dos que são apegados ao material, às coisas, com tranqueiras como pedras preciosas, numa Humanidade obcecadas por certos itens da Tabela Periódica Química, num caminho de depuração para que a pessoa não se deixe levar por tolas e efêmeras alas vips de boates, como na criança que não mais crê em Papai Noel. Aqui temos um dia de “vacas magras”, num dia em que a rede não capturou um só peixe, numa dificuldade, como pessoas pelas ruas vendendo coisas, numa vida tão dura e sofrida, num espírito que resolveu reencarnar em tal contexto duro e pobre para, assim, crescer e se depurar como espírito – não há miséria inútil. É como uma pessoa que passou sua vida em frivolidade e maliciosas fofocas, as quais são pura perda de tempo, no caminho espírita da mortificação espiritual, até a pessoa se dar conta da superficialidade e da falta de sentido que são os sinais auspiciosos – o Mundo pertence aos que são dignos de respeito! Num detalhezinho ao fundo, vemos uma gaivota branca, que é o sinal de esperança do Espírito Santo, na majestade e na liberdade do pensamento racional, numa pessoa que está deixando de ouvir só o coração, ouvindo também a cabeça, adquirindo sabedoria, como na figura folclórica do Preto Velho, quietinho no seu humilde canto, vendo os egos ascendendo e descendendo, na sabedoria e na simplicidade de uma pessoa que sabe que não mudará o Mundo, pois nem a majestade suprema de Jesus soube mudar tal Mundo, havendo em Sua figura um ponto de luz e esperança para nós nesse mundo cinzento e duro, como num professor bem exigente, o qual acaba por causar um enorme crescimento ao aluno, no modo como um aluno brilhante enche o professor de sentimento de realização e propósito – sei disso, pois já fui professor de Inglês. A ave é a promessa de liberdade, de libertação das correntes da matéria, no modo como somos todos prisioneiros, no conceito de Santo Agostinho, um dos espíritos de luz que guiaram Alan Kardec na concepção da Doutrina Espírita: Somos carne, que é finita, uma ilusão; somos também espírito, que é infinito, e uma verdade inabalável. A carne perece e a mente sobrevive, dando aqui um “puxãozinho de orelha” nos psiquiatras e psicólogos: a morte física não é o fim, pois só a Vida Eterna Sacrossanta é a explicação para tudo o que vivemos. A moça aqui está desorientada, miserável, sabendo que hoje a mesa do jantar não será lá muito farta, como num colono italiano na Serra Gaúcha, quase passando fome em seus primeiros momentos como colono, carpindo arduamente seu lote, sonhando com uma mesa farta de galeteria, de rei, com muita carne, massa, vinho etc. O cabelo amarrado é a disciplina, numa mulher que se preparou para um dia de labor, com uma certa responsabilidade, como uma mulher que conheço, a qual é mãe de duas meninas, de pais diferentes, estes dois pais que em nada colaboram para ajudar a suprir as necessidades das crianças, numa grande irresponsabilidade, nessa responsabilidade enorme que é trazer uma criança ao Mundo e criar esta material e psiquicamente. A mão sobre a fronte é para vislumbrar algo ao longe, como no Monumento Nacional ao Imigrante em Caxias do Sul, no homem patriarca, sempre acima da esposa, a qual tem o trabalho secundário de criar crianças, na universalidade dos preconceitos do patriarcado.

 


Acima, Acertando a correnteza no rio Saguenay (inacabada). Apesar de inacabado, este quadro mantém os encantos de Homer. Aqui é uma grande vicissitude e um grande desafio, como numa nova fase num jogo de videogame. O protagonismo é do homem à frente, remando com força e determinação, como se soubesse que não há vitória sem luta. Na outra extremidade, um ator mais sutil e coadjuvante, sem influenciar a regência. No meio, vemos um lorde inglês ocioso, “deitado eternamente em berço esplêndido”, por assim dizer, uma pessoa desinteressante e um tanto narcisista, crendo que não nasceu para fazer qualquer tipo de trabalho, no modo como o Mundo pertence aos trabalhadores produtivos, havendo, após o libertário e o maravilhoso Desencarne, a permanência da necessidade da pessoa seguir trabalhando, num lugar maravilhoso, no qual não há desemprego. O barco é a vida em sociedade, sustentando a todos, nas intempéries materiais, como terremotos destruindo cidades, nas vicissitudes do Mundo Material, dificuldades que acabam por dar sentido à Vida, pois que vida é esta na qual não progrido nem um pouco? Qual seria a serventia de uma vida fácil, sem qualquer desafio? É o que eu gostaria de dizer a uma amiga depressiva minha: A Vida não tem sentido sem dificuldades, pois qual seria a graça de um surfista pegar uma marolinha e ignorar as ondas grandes? As talentosas pinceladas de Winslow mostram a espuma das furiosas águas, como se fosse uma máquina de lavar roupa, nos versos de uma canção de minha ídolo Tina Turner: A Vida é dura, mas é tudo por uma razão. Aqui é um esforço de ir contra a correnteza, contra o vento, como numa escritora feminista, mostrando os preconceitos misóginos patriarcais, numa feminista que, assim, olhando além de mediocridades, vê o Mundo de forma tão crítica e ferrenha, numa cabeça e num pensamento que se revelam dignos de respeito, observando a misoginia da imagem que temos de Deus, que é a de um patriarca idoso, repleto de sabedoria e de experiência de vida, com suas longas barbas brancas, no modo incrível como Tao sempre esteve e sempre estará aqui, pois a Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade, pois se perguntarmos a um espírita o que é Deus, o espírita nos dirá: Deus é o infinito, e não é poder demais o fato de que jamais findaremos? É poder demais para caber na cabeça do Ser Humano, pois que sentido haveria se tudo não fosse infinito? É a racionalidade espírita, a lógica matemática, na frieza bela dos números, a divindade do pensamento lógico. Aqui é uma batalha, e o homem à frente é o único homem de verdade aqui, numa regência, num labor, como na vida dura de gari, varrendo calçadas, uma pessoa que talvez não tem a noção de que nenhum trabalho é em vão, pois tudo integra a grande carreira espiritual, como num crescimento de carreira dentro de uma empresa. A espuma branca aqui contrasta com o restante escuro do quadro, havendo na espuma uma esperança de um mundo mais belo, sem tantas grades ou criminalidade, como no título da ong Brasil sem Grades: a Vida Eterna é um Brasil, só que sem grades! E isso não é maravilhoso? Aqui remete ao turismo de esportes radicais, como pegar botes e domar águas furiosas, numa pessoa a qual, contente com tais dificuldades, está longe, muito longe de ser depressiva, numa pessoa que está lutando para concretizar sonhos, pois que vida miserável é esta na qual não tenho uma só fagulha de sonhos? A Vida não é só carpir um lote. Aqui é como um motorista levando o patrão, na crença marxista de que uma classe serve à outra, no seriado famoso Downton Abbey, falando sobre as relações entre classes sociais, numa Inglaterra cheia de tradições monárquicas, com sua aristocracia arrogante e presunçosa, alimentando loucamente a fome marxista por um mundo sem classes, na completa falência da URSS – quem é que tem a receita para se fazer um mundo perfeito? O regente aqui transforma plebeu em líder, na capacidade de liderança de um homem entre homens, ganhando o respeito da peonada, num homem simples, sem afetações ou pretensões.

 


Acima, Canção da cotovia. O rapaz é elegante e aristocrático, fino. Ele se ergue com altivez. O pasto farfalha como vento, no encanto de uma paisagem rural, seduzindo quem mora na cidade, entre o concreto e o asfalto, no cheiro de bosta de gado ao ar livre, em lugares campestres plácidos, dando-nos o canto dos pássaros silvestres, como “colírios” para os ouvidos. O personagem aqui não é menino, mas homem, numa pessoa em controle de sua própria vida, não deixando que o Mundo lhe diga como viver, pois que vida é esta na qual não possuo a mim mesmo? É como numa ditadura, num cidadão que nasce escravo de um sistema, na metáfora de Matrix, um mundo ditatorial que busca sempre manter o cidadão sob controle, descartando aqueles que ousam se opor a tal sistema malévolo e sem sentido, remetendo a um certo senhor, o qual nada mais é do que um ditador sanguinário disfarçado de líder bom e democrático – o senhor não me engana, seu merda, com o perdão do termo chulo. O homem aqui vislumbra as possibilidades, querendo caçar aves, no prazer da caça, esta tarefa tão masculina, como índios amazonenses relegando aos homens a tarefa de caçar e pescar, enquanto as mulheres fazem o trabalho doméstico de casa e supermercado, que e é o serviço de coleta na floresta – viu como o Ser Humano é universal? O céu aqui traz um conflito, pois é um dia bonito insinuando um amanhã nublado, com nuvens de aspecto suspeito, no permanente processo de transformação do tempo meteorológico, com as estações climáticas indo e vindo, num homem sábio que aprendeu a ver o Mundo de forma atemporal, como num Albert Einstein, o qual não sabia que dia da semana era, num gênio que observou tudo sem a passagem cronológica. O homem aqui tira o chapéu para ver melhor o céu e as aves em tal ambiente, numa atividade de caça que, para outras pessoas, não é muito interessante. Aqui é o Yang pela batalha na Vida, como na figura da divindade Capa Preta, da Umbanda, divindade do sucesso mundano, na pessoa que busca de ações que possam concretizar tal sucesso, numa religião tão vibrante com seus tambores, numa religião dos socialmente execrados, como negros, pobres e homossexuais, muito longe de uma religião que considera homossexualidade um pecado. Aqui é o termo “tirar o chapéu”, que é quando respeitamos alguém profundamente, como por exemplo Lady Gaga ou Marisa Monte – não sou fãs destas e jamais serei, mas não tenho palavras para expressar o quanto respeito essas duas grandes artistas, pois o respeito é a força motriz do trem, estando o resto atrás, engatado. O próprio formato deste quadro é elegante, como um prédio elegante, como no monólito retangular de 2001, no paradigma de prédios de arquitetura depurada, remetendo a uma dimensão em que temos arquitetos extremamente talentosos, projetando suas obras com tamanho garbo e ousadia, numa prova de talento e de inteligência emocional, ao contrário do frio sociopata, o qual só tem inteligência esquemática, fria. O homem é jovem, talvez estreando na tarefa de caça, num jovem talento lutando para se revelar ao Mundo. A árvore ao fundo lhe embasa, como na Primavera de Botticelli, com as divindades claras contrastando com o fundo de vegetação escura, pois se digo que algo é belo, é porque sei o oposto, que é feio, fazendo do liso e do áspero partes do mesmo trabalho. O homem aqui avalia o terreno, como se quisesse ganhar experiência, no divisor de águas na vida de uma pessoa, que é a chegada da maturidade, como o Batman: é um homem na casa dos trinta anos de idade, mas já amadurecido, na flor da idade e no auge da virilidade, como Jesus morrendo na casa dos trinta, já com a capacidade de se expressar ao Mundo. O homem aqui é belo como o Davi de Michelangelo, na explosão sensorial renascentista, trazendo aos quadros a perspectiva, derrubando a incapacidade gótica em dar tal profundidade aos quadros. O homem aqui está atento, talvez sensível a qualquer insinuação dos pássaros, como um senhor que conheço, o qual adorava ir ao campo com amigos para caçar perdizes.

 


Acima, Espiadela. Aqui é um retiro, num valioso momento de solidão, num tempo consigo mesmo, na forma de se desligar do Mundo um pouco, tal qual um vinho reservado na adega, a sós, num processo de maturação. A moça aqui reflete, talvez tendo sido rejeitada por seu amado, perguntando-se porque foi rejeitada. O laço no chapéu é tal laço afetivo, em altos graus de intimidade, com duas pessoas que podem conversar por telepatia por horas, sem precisar abrir a boca para falar, como na estranha e enigmática Galadriel de Tolkien, conversando por telepatia, num alto grau de apuro psíquico, numa gigantesca inteligência emocional, algo que o sociopata não tem em sua insignificância moral. Aqui é uma doce cena de verão, nas minhas memórias do cheiro da folha de plátano no verão, na magia de uma beira de piscina, recebendo amigos, pois as coisas só nos dão prazer se as compartilharmos com os outros, na lição que Quico aprende no seriado Chaves, que é deixar de lado o egoísmo e compartilhar as coisas com as pessoas. Nessas capciosas pinceladas impressionistas de Winslow Homer vemos o chão salpicado de delicadas flores silvestres, flores que não tiveram que ser plantadas pela mão humana, sendo flores de Tao, no que é natural, na forma como é natural nascer, crescer, envelhecer e morrer, nas palavras de Tao: “Se o seu corpo físico morrer, não tem problema”, numa pessoa que percebe que o tesouro da Vida está no metafísico, no imaterial, no pensamento, evocando novamente aqui a telepatia, a qual é puro pensamento, no menininho de O Iluminado, pressentindo que uma situação de isolamento social pode enlouquecer uma pessoa, como um pobre coitado numa solitária na prisão, na forma como somos todos detentos, e temos que descobrir algo de nobre para fazer, ao contrário da pessoa improdutiva, a qual vive em qualquer lugar menos no Mundo real, como uma dondoca fofoqueira que conheço, a qual está desperdiçando maliciosamente a sua própria vida, uma pessoa que vai desencarnar e dar-se conta de tal vazio, decidindo reencarnar num contexto mais pobre e difícil para, assim, crescer como espírito, pois a Vida é a suprema faculdade que faz de nós pessoas melhores, mais depuradas e mais nobres – fofoca é perda de tempo, meu irmão. Aqui temos um certo abandono, numa moça que se sente rejeitada, sentindo-se um lixo, como na carismática personagem Bridget Jones, do Cinema, substituída por outra mulher, sentindo a dor de tal machucado emocional, no termo chulo “pé na bunda”, um chute que acaba por nos fazer pessoas mais fortes e realistas, na tentativa de um psicoterapeuta em fazer com que observemos tudo da forma mais fria possível, fazendo do terapeuta tal guia psíquico, num amigo que caminha ao nosso lado, acompanhando-nos. Nesse plácido retiro campestre, podemos ouvir os sons dos pássaros, ou até das cigarras ensandecidas no verão, na sensualidade de tal estação climática, quando a Vida estoura em toda a sua libido, num adolescente que quer sexo, sexo e sexo, numa explosão de hormônios, no retiro de férias, de pausa, como um intervalo no meio da tarde num colégio – a Vida precisa de pausa. O vestido aqui é formoso, delicado, na delicadeza de uma lingerie, na magia de marcas como a Victoria’s Secret, ou seja, o segredo da vitória, no fascínio que uma mulher sexy pode exercer sobre um homem, no jogo de sedução entre côncavo e convexo, no discernimento taoista – se digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é medonho, como nos termos da Jovem Guarda: a ternurinha e o tremendão, evocando Wanderleia e Erasmo Carlos respectivamente, no modo como é inevitável que, num casal heterossexual, ela personifique o Yin dele e ele personifique o Yang dela, no modo como a sociedade expõe os relacionamentos heterossexuais, no casal subindo publicamente ao púlpito, numa noite de coito socialmente aceito, na obrigação de um monarca em produzir herdeiros, como na obsessão de Henrique VIII em colocar no Mundo tal herdeiro varão, no inevitável machismo do Mundo – é assim mesmo.

 


Acima, Menina loira. O capuz é a proteção, no termo “carapuça”, numa pessoa que quer muito ocultar algo, escondendo do Mundo este algo. É no capuz do vilão Esqueleto, vivido no Cinema pelo majestoso ator Frank Langella, no talento de um ator em desaparecer perante o papel, como numa Meryl Streep – quando a vemos, não vemos ela, mas o personagem, num ator que desaparece, no modo como a Academia de Hollywood adora atores que se desfiguram para o papel, como no assombroso Coringa de Heath Ledger, numa noite triste, num Oscar recebido por um ator falecido, num homem na flor da idade e no auge da virilidade, como em mortes lamentosas como a do ídolo teen River Phoenix, morto por overdose de drogas – malditas sejam estas. Aqui é uma explosão de vida primaveril, em majestosas flores, como nas hortênsias floridas na estrada que liga Nova Petrópolis a Gramado, cidades que levam muito a sério a manutenção de canteiros floridos, sabendo encantar um turista, no talento de sedução turística do complexo de parques temáticos em Orlando, EUA, numa experiência inesquecível, num lugar onde todos somos crianças de novo, como na etérea Cidade das Crianças, na Argentina. A moça aqui faz uma colheita de flores, talvez para enfeitar uma casa com as flores, havendo a Rosa Mística de Maria, a beleza do Plano Metafísico, onde todos vivemos no nosso Útero Primordial, a imaculada concepção que gerou cada um de nós, filhos de Tao, o Rei dos reis, fazendo da Terra uma tosca cópia de tal plenitude, numa Terra tão cheia de problemas e criminalidade, como na tirana cadeia de narcotráfico, num traficante o qual, sendo o que é, não tem apuro moral, pois mal se importa com todo o sofrimento e a destruição que as drogas promovem, como disse uma prima psicóloga que tenho, a qual narrou que, certa vez, uma paciente baixou numa clínica por causa de heroína, e minha prima contou que, a partir do momento em que a menina baixou no hospital, esta ficou 48 horas ininterruptas gritando atada – é muito sofrimento. A pedra ao fundo é a firmeza e a garantia do Yang, num homem pragmático e pés no chão, dando à respectiva esposa uma sensação gloriosa de firmeza e segurança, em mulheres que gostam de homens poderosos, na trama de Dona Flor e seus dois maridos: um marido é o homem do dinheiro e o outro marido é o homem da felicidade sexual, no modo como a mulher gosta, no mesmo homem, de seriedade e romantismo, talvez num casamento em que esfriou o mágico calor da Lua de Mel, num sexo que passou a ser mecânico, sem a doce intimidade do fazer amor – é o peso do dia a dia. A moça faz aqui um trabalho de coleta, como em época de vindima, com doces uvas frescas à disposição, na explosão erótica de Decamerão, no continuum entre sexualidade e exuberância veranil, na comédia do sexo. Aqui a moça tem um momento de pausa, descansando, como um gari descansando, na vida dura de gari, com mãos calejadas de tanto varrer calçadas, como nas mãos calejadas pelo colono italiano, como meu tataravô Felice Veronese, levando uma vida dura, conduzindo tudo com força e persistência, como erguer um belo casarão de pedra, hoje ponto turístico da cidade de Flores da Cunha, Serra Gaúcha, um Felice que tanto me enche de orgulho, na força laboriosa que gerou toda a pujança de tal região gaúcha. Aqui temos muita fartura, como numa floresta cheia de verde para ser comido pelos animais herbívoros, como primos veganos que tenho, algo que não me faz parar de comer carne! A moça aqui veste um avental, ou seja, está preparada para a jornada de labor, numa vida dura de camponesa, acordando muito cedo, ainda noite escura, na força que precisamos ter em sair da cama quentinha em uma manhã gelada de inverno, com anos e anos de esforço coroados pela formatura no Ensino Superior, enchendo nossos pais e mães de orgulho, assim como Tao quer nos ver evoluindo e crescendo, num Tao que nos ama incondicionalmente, na paciência eterna do Grande Pai, sempre nos dando uma nova chance, na imensidão da eternidade – é muito poder. A moça aqui é delicada como uma flor, feminina, na feminina Feiticeira que guarda os segredos do Castelo de Grayskull, no universo de He-Man.

 


Acima, O ceifador. Aqui é a metáfora da morte, com cabeças sendo ceifadas, na divertida comédia de Woody Allen com a morte à espreita, fazendo de Allen um gênio cinematográfico inestimável, numa cabeça superior, capciosa, cáustica e maravilhosa, em uma máxima de um de seus filmes: “Subjetivo é objetivo”, ou seja, o insinuante e o sugestivo são verdades que acabam vindo à tona. Aqui é um momento de duro labor, e o agricultor ignora as flores silvestres, pois a lavoura tem que ser trabalhada, no modo como a Agricultura, que significou o controle da produção de alimentos, também acarretou num acréscimo de trabalho, num camponês que trabalha de Sol a Sol, num gesto de dedicação telúrica, no conceito de ...E o vento levou: A terra é o que de melhor você pode ter em vida, nos bilhões de anos em que a Terra sofreu mudanças de continentes, na regra da Dialética, na qual tudo é processo, ou seja, a pedra preciosa não existe. Aqui é um corpo entalhado pelo labor, num homem corpulento, como no corpulento Adão de Michelangelo, num homem no auge de sua forma física, na ressurreição dos padrões grecolatinos de beleza corporal, havendo no Antigo Egito a semente inicial de todo esse movimento, numa Grécia que aprimorou tais padrões, fazendo da Renascença a nostalgia do início dos anos 1990, momento em que houve uma forte nostalgia em relação aos anos 1960, na ruptura pós moderna dos anos 1980, rompendo de vez com a década anterior, fazendo dos 1980 tal momento sinérgico entre Moda, Música, Cinema, atitude etc. Aqui o homem é discreto, quase anônimo, e seu rosto está oculto pela sombra do chapéu, num ato de discrição, numa pessoa que não quer perder o direito do cidadão comum de ir e vir, como vi certa vez, num shopping em Porto Alegre, o assédio em cima do escritor Luis Fernando Veríssimo, um homem, por si só, extremamente discreto, apesar de consideravelmente midiático, como me disse uma certa atriz estelar sobre uma noite num bar, uma atriz que passou praticamente a noite inteiro dando autógrafos – ossos do ofício, minha amiga. As flores, apesar de tão belas, precisam ser ceifadas, na questão da praticidade que se impõe à sensibilidade, numa pessoa que percebe que, para tomar decisões, deve ouvir a cabeça e não o coração, pois o coração é traiçoeiro, e nos prega peças o tempo todo, como na personagem esnobe e um tanto fria de um filme com Gwyneth Paltrow, que vive uma moça que exige muita seriedade e segurança de um homem, esnobando um rapaz pobre, humilde e sensível, o qual pergunta à moça, indignado: “Como é ser insensível?”. Aqui temos toda uma demanda, como na incrível bateria de cinquenta shows que Michael Jackson estava preparando para fazer em Londres, numa morte trágica e estúpida – overdose de tranquilizantes –, num MJ disposto a se reerguer e retomar a carreira, num homem que teve um certo distúrbio de autoimagem, desfigurando-se com cirurgias plásticas, como uma certa socialite americana, a qual se tornou um monstro desfigurado, num rosto que é por si só um filme de terror, em cirurgiões plásticos sem ética, os quais topam serem pagos para fazer uma cirurgia a qual, estes cirurgiões sabem, só deixará o paciente ainda mais desfigurado, com médicos no caminho oposto da depuração moral. Aqui é um vaivém rítmico, numa pessoa que aprendeu a “dançar” no labor, com manha e expertise, numa pessoa que aprendeu muito bem fazer seu trabalho, como numa Gisele, a qual definitivamente domina o ofício de modelo, numa das mulheres mais notórias da História do Brasil, quiçá do Mundo – a estrela nossa, a qual, apesar do glamour, sabe que não pode parar de trabalhar. Aqui é um gesto de zelo e dedicação, nas responsabilidades de uma mãe em criar o filho, nesta gigantesca responsabilidade que é prover um lar e manter este limpo e organizado. Aqui é o termo latino Carpe diem, ou seja, aproveite o dia, numa pessoa que aprendeu o prazer da produtividade, ao contrário do cidadão de Rua, o qual quer fugir da seriedade da Vida.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

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