quarta-feira, 26 de abril de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 7 de 8)

 

 

Falo pela sétima vez sobre o artista americano Winslow Homer. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A linha da vida. Aqui é no final de O Senhor dos Anéis – o retorno do rei, com águias da saúde salvando Sam e Frodo das diabólicas lavas da Montanha da Perdição. Aqui é um ato de amor fraternal, como num salvavidas fazendo um resgate, virando um herói que salvou uma vida, ou como um doador de sangue, sabendo que está fazendo a diferença na vida de alguém necessitado de uma transfusão, num ato de dedicação ao próximo, como numa Madre Tereza, num espírito tão útil ao Mundo, talvez antecedida de uma encarnação fútil e sem propósito, partindo, na encarnação seguinte, em busca do tempo perdido, como uma dondoca improdutiva que conheço, a qual vai desencarnar e ver o tempo que perdeu com malícia e fofocas, encarando uma nova encarnação a qual, cheia de vicissitudes, trará apuro e evolução espiritual – a Vida não tem sentido sem dificuldades, num Tao que quer nos ver na luta pela Vida, no espírito de guerreiro de Marte, na força do falo do Yang, a flecha do pensamento racional. Aqui o mar é revolto e hostil, violento, longe de ser doce e calmo, num cenário de plena dificuldade. Aqui remete a um sociopata que conheço, o qual amo, pois é meu irmão, mas um espírito com o qual, nesta encarnação, nunca mais me relacionarei, por medida de segurança, e tudo no Plano Superior gira em torno do Amor Incondicional, num sociopata irmão que amo, apesar deste me odiar – no coração podre de um sociopata, só há espaço para ódio, pois quem um odioso não odeia? Este sociopata passará por muitas encarnações, evoluirá e tornar-se-á um grande espírito de luz, e vou abraçá-lo como meu irmão querido. Aqui é a ilusão que este sociopata me causou, pois eu achei que ele iria me ajudar e dar uma volta por cima na vida, mas acabou sendo uma pessoa que, bem pelo contrário, estava interessada em minha ruína, sugando-me como um vampiro. Visitarei este irmão no Umbral com a intenção de tirá-lo de lá. Os fios aqui são tais ligações, tais links, em laços de amor e afetividade, como laços de família, no maravilhoso modo como os vínculos de família não se desfazem com o Desencarne, havendo na fabulosa Eternidade o tempo e a chance de qualquer desavença familiar ser resolvida, como dois irmãos que conheço, os quais estão de mal um com o outro, não telefonando um para o outro nem no dia do aniversário de um deles, numa família meio fragmentada e disfuncional, com a mãe deles lá no Céu, querendo a resolução de tal tola desavença, pois somos todos do mesmo sangue estelar, príncipes maravilhosos do rei Tao, fazendo das realezas mundanas uma cópia (tosca) do que importa, que é a divindade psíquica, fazendo das realezas mundanas cópias, “bijuterias”, por assim dizer – é como uma flor de verdade e uma flor de plástico. Aqui é uma pessoa precisando de um auxílio e uma ajuda, pois temos que ter a humildade de que precisamos de uma ajudinha, com aliados poderosos que podem nos ajudar a receber respeito do corpo social, como uma grande amiga que tenho, a qual foi minha professora de Redação no Ensino Médio, uma amiga que me defendia nos conselhos de classe quando algum professor falava mal de mim – amigo é quem nos defende. Neste quadro excelente de Winslow, é um ato nobre de ajuda, numa pessoa que precisa muito de um auxílio, como em atos simples, como ajudar um cego a atravessar a rua ou oferecer-se para jogar fora os sacos de lixo de uma pessoa bem idosa, nas simples cordialidades que fazem o nosso dia valer apena, pois o melhor da Vida é de graça. Aqui é como Neo de Matrix, sendo resgatado por amigos, irmãos, como no espírito Patrícia no clássico espírita Violetas na Janela, a moça que, desencarnada, pergunta onde está, e um espírito amigo lhe diz: “Entre amigos!”. É na sensação deliciosa de estar perto de alguém que nos conhece profundamente, pois os amigos são o ouro da Vida, havendo no Umbral a dimensão infeliz, pois é um lugar no qual, definitivamente, não há amor fraternal, e a Vida não é um inferno se não temos amigos? Quem gosta de ser um lobo solitário? Aqui é o ato de caridade, grátis, que faz o nosso dia valer a pena.

 


Acima, Claro velejamento. Ao contrário do primeiro quadro desta postagem, aqui temos uma placidez, num mar doce, trazendo angústia aos antigos navegadores exploradores dos mares, com antigas naus que ficavam imóveis quando não havia vento o suficiente, como num surfista prostrado em frente a um mar sem ondas, sem desafios, como um bom professor, que desafia o aluno, fazendo este dar o melhor de si, com professores excelentes que valem cada centavo da mensalidade. Os menininhos aqui sonham em ser grandes navegadores, brincando com barquinhos miniaturas, no espírito desbravador do falecido documentarista Eduardo Coutinho, com espírito de navegador explorador, encontrando histórias para serem contadas, entrevistando pessoas que, apesar de comuns e anônimas, têm boas histórias para contar, na capacidade de um bom escritor em saber contar histórias, como me disse certa vez o escritor José Clemente Pozenato, autor de O Quatrilho: “Quantas e quantas histórias há para serem contadas!”. Aqui temos toda uma placidez, e os barcos deslizam leves, como plumas, em águas deliciosas e plácidas. As velas são esse sonho de se jogar ao Mar, num espírito desbravador, como no espírito desbravador de Freud, inaugurando a Psicanálise, a qual, mais tarde, foi se aprimorando, num Freud trazendo a questão do falo, do pontudo, como um guardachuva fechado, pontudo como uma agulha, na divertida declaração do psiquiatra ao comer um pepino: “Às vezes, pepinos são só pepinos!”. Aqui é um glorioso dia de Sol, talvez num domingo de competição numa copa, em concorrentes excitados em ganhar, no desafio da competição, numa Vida em Sociedade tão repleta de competitividade, algo que começa cedo, já na Pré Escola, com os professores tendo os queridinhos estudiosos, tomando estes como construtivo exemplo, no modo como bons alunos enchem de significado uma carreira docente – sei disso, pois já fui professor. Aqui temos as maravilhosas pinceladas de Homer, com o barco refletido na água, com águas doces e pacíficas, como num bom banho de banheira numa água quentinha, remetendo-nos à delícia uterina, o lugar do qual fomos expulsos na hora do nascimento, no primeiro grande trauma, que é vir ao Mundo – por que tenho que ir embora de um lugar tão agradável? Aqui é como no rio Nilo no Antigo Egito, com os barcos velejando docemente, em obras faraônicas – na ironia de termo aqui – tocadas pelos faraós, deixando legados tão inestimáveis, gerando a inesgotável Egiptologia, na inauguração recente do Grande Museu do Egito, grandioso para ser digno da grandiosidade da era dos faraós, na vastidão artística de tal legado de milênios, em mistérios para se saber onde está a tumba de Cleópatra, na universal e atemporal ganância do Ser Humano, violando tumbas em busca de ouro e demais riquezas mundanas, destruindo tal legado de civilização egípcia, num Ser Humano tão escravo de tais riquezas. Os meninos aqui são o vislumbre das perspectivas, como num empreendedor querendo abrir um negócio, avaliando as possibilidades, sonhando, trabalhando em busca de tal sonho, como nos inúmeros empreendimentos do eixo Gramado-Canela, numa especulação imobiliária que acaba por inflacionar violentamente os aluguéis dos espaços comerciais de tais cidades turísticas. É como um talento empreendedor, observando oportunidades de negócios, em talentos como um Bill Gates, vindo do nada e construindo um império, como Steve Jobs, morrendo doente – o homem não obtém o que Tao não lhe permite, na perfeição das teias tecidas pela Divina Providência, a forma de poder que, de tão forte, é imperceptível. Aqui o rio parece um espelho, como na Ana Terra, personagem de Veríssimo, olhando-se na água do riacho, no princípio feminino do espelho, da vaidade feminina, como numa moça de minha família, a qual se diverte passando horas em frente ao espelho se maquiando, vendo maquiagem mais como prazer do que imposição social – nada mais gay do que considerar uma obrigação o comportamento heterossexual. O quadro aqui é doce, e os meninos querem muito ser homens, adquirindo o controle de suas próprias vidas, não sendo escravos das expectativas de outrem.

 


Acima, Dois meninos vendo as escunas. Aqui temos um companheirismo e um compartilhamento, como num casal indo morar junto, nas inevitáveis pequenas desavenças, pois, quando moro sozinho, tudo dentro de minha casa é do meu jeito, havendo no casamento a necessidade de paciência com um tolerando os defeitos do outro, pois quem neste Mundo é perfeito? É como uma senhora não fumante que conheço, a qual atura, por décadas e décadas, um fumante, para o qual nunca é o suficiente – sempre tem que ser aceso um novo cigarro. Aqui é uma conversa, com meninos compartilhando sonhos, na criancinha querendo ser grande e forte como um super herói, no dever do desenho animado de super heróis em ensinar à criança, desde cedo, o discernimento entre Bem e Mal: Na hora do sufoco, os bons ajudam os bons; já, os maus só salvam a si mesmos, carecendo de amor fraternal. A pedra é a solidez e a garantia do Yang, como numa garantia de algum produto, prometendo entregar um produto de impecável qualidade, no modo como o maior bem de um homem é a sua própria palavra. A rocha é um homem sério, centrado e pés no chão, com o sério labor de sua firma, sendo tal rocha firme à qual a esposa pode se abraçar com confiança, num homem que dá tal sensação de solidez e segurança, como num chão bem firme, forte, inabalável, no charme expelido pelos homens bem sucedidos, havendo um porém: além de seriedade, as mulheres gostam de um homem romântico, o qual não deixa esfriar o calor da Lua de Mel, como um homem que conheço, o qual já levou chutes de mulheres que tinham expectativas românticas em relação a ele, no modo como o romantismo está em coisas simples, como um beijinho inocente, carinhoso – não deixe tal calor esfriar! Esta rocha remete à Catedral de Caxias do Sul, erguida, no centro da cidade, sobre uma grande rocha, num ponto alto, sugestivo, para deixar clara a autoridade do Vaticano na cidade gaúcha, na ironia de ser Pedro, ou seja, pedra, a base de todo o Catolicismo Apostólico Romano, gerando o trono herdado pelos padres que chamamos de papas, na eterna imposição patriarcal de autoridade, enfurecendo as feministas que ousam pensar “contra o vento”, no irônico e doloroso modo como a Filosofia não muda o Mundo – só o que muda é meu modo de ver tal Mundo. Os barcos deslizam como rotas de comércio, como no início do episódio 4 de Star Wars, falando das rotas de comércio entre mundos de uma mesma galáxia, no modo incrível como o Universo é uma vastidão de mais e mais galáxias, num Cosmos tão imenso que é inútil querer catalogar cada estrela que existe, na mesma tarefa que seria catalogar cada grão de areia que existe no Saara, por exemplo. A leveza dos barcos são os sonhos, nos menininhos sonhando em guiar tais naus, num trabalho desbravador, como nos heróis navegadores renascentistas, nas vastas e selvagens terras americanas, com raças de indígenas canibais, muito longe do apuro moral europeu, o qual faltou com o apuro moral ao promover séculos de escravidão, debilitando as terras africanas, com pedras preciosas de tais mundos indo parar em coroas europeias, na máxima taoista: “Como são ricos! E roubaram tudo dos pobres!”. É como os recursos minerais brasileiros saíram do Brasil, remetendo ao infame episódio das joias sauditas sendo dadas ao ex presidente Bolsonaro, num Ser Humano que não entende que tais joias são apenas cópias da plenitude espiritual. Os meninos sonham com uma libertação, para embarcarem nos barcos e seguir viagem por terras desconhecidas, indo para terras exóticas e misteriosas, na fantasia francesa de ver o Brasil como uma terra selvagem, cheia de cobras e jacarés amazônicos, no modo como Elis Regina fez certa vez uma pequena turnê europeia, sendo apresentada como uma artista do exótico e misterioso Brasil, numa cantora que, se cuja vida não tivesse sido ceifada pelas malévolas drogas, teria alcançado renome internacional, gravando com Frank Sinatra, por exemplo.

 


Acima, Menina das meias vermelhas. Em muitos quadros, Homer faz a catarse de um sentimento depressivo, com céus cinzentos, tristes, como me narrou uma pessoa que foi à orla em pleno inverno: “É deprimente!”. E a Arte traz essa oportunidade catártica, no imenso poder terapêutico da Arte, nesse mistério: Afinal, o que é Arte? A moça se curva, como num ato de humildade, como numa briga, numa “queda de braço”: É melhor perder, pois, quem vence, entra em inferno astral, o que é horrível, pois, em tal instância psíquica miserável, tenho tudo para ser feliz e contente, mas não o sou. As cestas são a intervenção da mão humana, no artesanato, no que nos faz tão humanos, pois os macacos não produzem Arte ou artesanato, fazendo da Arte algo que nos faz tão humanos, desde os momentos mais remotos de evolução cerebral humana, na controvérsia dos que creem que fomos visitados, no passado, por alienígenas mais depurados do que nós, e que tais seres nos deram um “empurrãozinho” civilizatório, no mistério do elo perdido entre Neolítico e Civilização, no surgimento de algo tão essencial como a Escrita, em livros que servem de base a religiões e doutrinas, como no livro de Tao, o qual, apesar de ter sido escrito há milênios, permanece totalmente atual em pleno século XXI, num livro oracular como na misteriosa personagem Oráculo, de Matrix, falando previsões, dizendo: “Você não crê nessas bobagens de ‘destino’, pois é você quem está no controle de sua própria vida”, até chegar a um ponto em que não mais permito que o Mundo me diga como devo viver, como um certo rapaz, o qual se considerou obrigado a desposar uma pessoa – mostre o Mundo o dedo do meio, meu irmão. O rochedo aqui é árido e carente, duro, sem muita vida, e a moça tem lá seus afazeres do dia, na responsabilidade de voltar para a casa com o pão do jantar, como na irresponsabilidade de adultos que mandam seus filhos pequenos para vender coisas na Rua, em crianças que resolveram reencarnar num contexto social dificílimo, fazendo da vicissitude da pobreza uma ferramenta para a depuração espiritual, como em filhos de indígenas miseráveis pelas ruas de Caxias do Sul, paupérrimos, fazendo de tal dureza o ponto de depuração, numa vida que, de tão dura, causa à pessoa uma mortificação enorme, como num consultório de Psicologia, com o terapeuta nos mostrando a Vida do modo mais frio possível, na metáfora do remédio amargo que faz efeitos doces, como uma água gelada, a qual, apesar de tão incômoda, limpa e purifica. Aqui é um quadro solitário, talvez num Homer fazendo a catarse de um sentimento de solidão, no modo como cada pessoa tem que ter momentos consigo mesma, sozinha, ao contrário de um casal que conheço, o qual se separou porque ambos foram trabalhar na mesma firma, e lar e escritório são esferas diferentes – tudo o que é demais, enjoa, como cavalgar pelos campos por exemplo, algo que vai enlouquecer você se você cavalgar demais! É a questão taoista da moderação. Aqui é uma terra meio triste, desolada, como nos longos e deprimentes invernos escandinavos, com altas taxas de depressão, com seis meses inteiros de neve e frio, no encanto dos trópicos, em cidades tão deliciosas como Salvador, com o calorzinho durante o ano todo, muito longe dos senegaleses verões tórridos de Porto Alegre, ou, como diz o apelido, “Forno Alegre”! O cesto vazio é o fascínio de Tao, pois a sensualidade reside exatamente nos espaços vazios, como numa mesa de centro em uma sala de estar – o espaço tem que estar livre para os usos do dia a dia, na dignidade de um copo, o qual, em seu vazio, é útil ao Mundo, fazendo da Eternidade tal vazio poderoso, supremo, pois a Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade, na crença espírita de que Deus é o infinito, fazendo da Paz algo infinitamente maior do que a Raiva, pois só a harmonia é eterna no Plano Superior, e ninguém está no Umbral para sempre. A moça aqui parece exausta, depois de um dia de esforços, numa Scarlet O’hara, a qual, uma menininha fútil e mimada, tornou-se um mulherão forte e determinado – a Vida é crescimento.

 


Acima, Papai está chegando! Como diz o título, o patriarca está a caminho, tendo que trazer a comida do dia: Qualquer trabalho que garanta o pão de cada dia é essencial. Aqui as crianças são tal responsabilidade, tendo que ser providas financeira e moralmente, nos conselhos sábios que um senhor deu para mim: Se você quiser permanecer na sua vida do jeito que está, não tenha filhos, pois, se você os tiver, a sua vida nunca mais será a mesma. É como uma mulher que conheço, a qual era aventureira e passou a enfrentar o enorme desafio de criar duas meninas de pais diferentes, os quais, ao que sei, fogem da responsabilidade, não provendo em nada tais meninas. O mar aqui é tal placidez, numa pessoa tranquila, que não se estressa, sabendo que o estresse faz de nossas vidas um inferno, na sabedoria de que só a Paz é infinita, nos esforços diplomáticos em nome da Paz, buscando soluções para a insana guerra na Ucrânia, num Putin que está se saindo o ditador do milênio, num rei ganancioso que nunca está feliz dentro de seu próprio território, numa insana fome napoleônica, aterrorizando a corte portuguesa, a qual fugiu às pressas para o Brasil, num momento decisivo na história de nosso país, divertidamente narrado do clássico filme brasileiro Carlota Joaquina – a princesa do Brazil – isto mesmo, com z –, fazendo de Carla Camuratti tal heroína do cinema brazuca, num ato de coragem para ressuscitar tal arte em nosso país, nas palavras do saudoso Fabio Barreto, que dizia: “O Brasil não pode apenas importar imagem; o Brasil tem que também exportar mais imagem”, no desafiador caminho de identidade brasileira frente à força avassaladora do Cinema de Hollywood. O mar aqui está tomado de barcos, cheios de pescadores em busca do ouro do dia, na generosidade da Mãe Iemanjá, enchendo as redes de peixes, como num reino próspero, farto, em nações tão ricas e fartas como o Canadá, na magia simples da folha de plátano caindo dourada no Outono, tornando-se símbolo em uma bandeira nacional, na capacidade de se observar a majestade da Natureza, em países de forte biodiversidade como o Brasil, nos alarmes de desmatamento e garimpo ilegal, intoxicando a água dos vulneráveis povos indígenas, na irresponsabilidade de uma certa pessoa, a qual ignorou os flagelos de tais povos – não mencionarei o nome! Os barcos aqui, na areia, são a prostração, a decepção, como numa pessoa que se desiludiu na Vida, trocando de carreira para ver se, assim, melhora de vida, algo que é bem corriqueiro, como Reagan, um ator que enveredou para a Política, pois todos temos o direito de querer ter uma vida melhor, fazendo do insucesso algo positivo, no modo como as crises são positivas, pois as crises trazem “os pés ao chão”, assinalando um momento saudável de renovação e desilusão, no clássico do Jazz, a canção Boulevard dos sonhos despedaçados, na rua da tristeza, uma canção que, de tão boa, já foi regravada duas vezes por Diana Krall a princesa do Jazz, uma artista que tanto gosta de mesclar Jazz com Bossa Nova, gêneros “primos”, por assim dizer. A mãe aqui parece estar um pouco angustiada, com pressa para o marido chegar, angustiada se haverá hoje comida sobre a mesa, dando-se conta da enorme responsabilidade que adquiriu ao colocar filhos no Mundo, como nas famílias de antigamente, com vários filhos, em épocas em que não havia Televisão e outros tipos de entretenimento, fazendo do Sexo o passatempo predileto. Aqui temos um pai batalhador, ciente de suas obrigações de provedor, num homem que labora de Sol a Sol, como no árduo labor do colono italiano na Serra Gaúcha, desiludindo-se em relação à ilusão de que a vida na América era fácil, pois a Vida, você sabe, é difícil em qualquer lugar, ao contrário de uma pessoa que decide se mudar de cidade para só “trocar os ares”, numa pessoa que vai fugindo de si mesma, talvez cagona, com o perdão do termo chulo. O barco encalhado aqui é tal desilusão, numa pessoa que aprendeu que os carnavais não duram para sempre, na sisudez da Quarta Feira de Cinzas, nas cores sisudas cinzentas da urbe paulistana, a cidade do concreto e dos negócios.

 


Acima, Uma brisa refrescante. Aqui temos um trabalho em equipe, no ditado “Duas cabeças pensam melhor do que uma”, numa sociedade, numa soma de forças, como na conveniência de um casamento: Nós nos unimos e cada um faz uma parte do trabalho. É como no sistema dentro de uma empresa, com cada setor com sua responsabilidade. O vento aqui é forte, frio e inclemente, como no famoso “nordestão” no Litoral Norte Gaúcho, refrescando como diz o título desta obra. As ondas estouram impiedosamente; as ondas são o ímpeto, como num artista ousado, corajoso, que sabe que vai ser bonificado por tal coragem, em ousadias como a do casal famoso de artistas Christo e Jeanne-Claude, fazendo intervenções grandiosas, impossíveis de serem ignoradas, num esforço para fazer da Arte algo que nos faça “cair o queixo”, como na comoção mundial de Titanic, um manifesto antiinsensibilidade, ao contrário de brincadeiras por demais agressivas, pois sensibilidade é me colocar “nos sapatos do outro” e saber como este se sente, no caminho de caridade e compreensão, acolhimento, sabendo como meu irmão se sente, havendo no sociopata alguém que apenas quer nos ver sofrendo – é um horror. Bem ao fundo, de forma quase apagada, vemos um navio fumegante, como uma nau pesqueira, como no mar de noite, onde podemos observar, lá fundo, em altomar, as luzes de naus pesqueiras, como estrelinhas que repousam sobre a água. Aqui, as ondas são a força, o ímpeto, e podemos ouvir o som delas estourando, e podemos sentir as gotículas de água salgada em nossos rostos, nas águas sempre lavando as rochas, em praias tão exóticas e belas como as de Santa Catarina, em particularidades como a Praia Mole, o único local da ilha em que a areia sobre a qual é difícil de se caminhar, com nossos pés afundando, dando assim tal nome à praia. As cestas vazias são a miséria e o revés, talvez num dia duro, que nenhum abono trouxe, como em tragédias naturais que atingem os mais pobres, deixando estes ainda mais pobres, nas palavras de Barbra: “Sempre precisaremos de catástrofes para nos lembrar de que somos pessoas que precisam de pessoas?”. Os vestidos tremulam como bandeiras, na universalidade das bandeiras, como cada país com sua particularidade, como na minimalista e majestosa bandeira nacional japonesa, com alvas brancas envolvendo o rubro sol nascente, remetendo ao filmão O Império do Sol, num menino que se perde da própria família durante a II Guerra Mundial no Japão, um menino que, ao fim do filme, ao se reencontrar com a família, tornou-se homem frente às durezas naturais da Vida. As moças aqui são um certo desnorteamento, como uma pessoa que de certa forma se decepcionou, frustrada, vendo belos sonhos sendo esplendidamente estilhaçados, por mais belos que fossem tais sonhos, na máxima popular: “Beleza não põe à mesa”. A rocha aqui, escorregadia, é o perigo à espreita, num pai preocupado com a segurança dos filhos, com cuidados como bloquear com fita durex as tomadas elétricas da casa. As moças aqui parecem estar familiarizadas com tal ambiente, na capacidade humana de se adaptar, como dentro da casa de um acumulador compulsivo, num caos em que só o morador consegue se encontrar, no gostoso pecadinho capital da Avareza, num dinheirinho sendo escondido “debaixo do colchão”. As cestas vazias são a decepção, a pobreza, como uma família que conheço, a qual vive, de favor, num casebre improvisado em um estacionamento de carros, no modo como no Mundo há tanta riqueza e pobreza, desde a pompa de um monarca inglês até a fome em países da África, nos abismos sociais brasileiros, como nos moldes sociais baianos, nos quais o preto pobre trabalha para servir o branco rico, em moldes coloniais, fazendo de Salvador uma cidade tão interessante para quem estuda História do Brasil, como no Museu de Arte Sacra da cidade, um antigo mosteiro. As moças aqui parecem estar acostumadas com tal dureza da lida, entendendo a máxima: “Um dia da caça; outro do caçador”. Aqui definitivamente não há um Sol dourado de alegria.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

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