quarta-feira, 10 de maio de 2023

Lúdico Ludwig (Parte 1 de 6)

 

Falo pela primeira vez sobre o artista alemão expressionista Ernst Ludwig Kirchner (1880 – 1938). Criticado em sua época, começou como decorador, quebrou convenções e fez de sua arte um espelho de emoções e tormentos. Amava os teatros e as ruas de Berlim. Perseguido, muitas de suas obras foram destruídas. Viveu e odiou a I Guerra Mundial. Depressivo numa época em que não havia medicações psiquiátricas, teve um fim de vida triste; suicidou-se. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Mulher seminua com um chapéu. Talvez Kirchner tenha sido perseguido por usar modelos nuas muito jovens; considerado pervertido, no modo como são opressores os governos ditatoriais, pois não importa se é Fascismo ou Comunismo – é tudo ditadura igual, na metáfora da diabólica Matrix, que controla o cidadão, vendo este como um escravo sem opinião crítica, no poder indispensável da Filosofia, que nos faz observar o Mundo da forma mais crítica e consciente possível. Aqui há um movimento, pois a moça está tirando a roupa na privacidade de um atelier, no modo como a nudez é algo recorrente na Arte, desafiando ranços conservadores. Os seios são a beleza feminina, nos seios de uma Vera Fischer ou Norma Bengell – pelo amor de Deus, o que há de errado numa mulher nua? O corpo humano não é obra de Tao? Como Ele pode ter vergonha de algo que Ele mesmo inventou? É como numa amiga freira que tenho, a qual foi minha professora no Ensino Fundamental, uma pessoa que se viu comprometida a dar aulas de Educação Sexual, pois observara que as jovens crianças já estavam repletas de malícia em relação a Sexo, uma freira que se revelou dona de uma inteligência acima de mediocridades – tudo o que você precisa mostrar é seu talento e sua inteligência, remetendo a atores pornôs, os quais nada de talento exibem, gerando o submundo do Sensualismo, pois apenas chupar pau não é talento, com o perdão do termo chulo, assim como pessoas obtusas e desinteressantes, as quais malham numa academia, com nada mais para mostrar ao Mundo, como num filme do sempre genial Woody Allen, num casal lindo se revelando desinteressante e obtuso. O azul ao fundo é a Mar, a mãe da vida na Terra, no olor de mar na beiramar, na sensação de liberdade que a orla traz, no vazio beijado por ondas, convidando-nos a preencher este vazio maravilhoso, que é Tao, o ser que nos deu a Vida Eterna, pois já estamos trilhando esta, no mistério que JAMAIS será revelado, sendo a Eternidade o único caminho lógico para justificar a Vida. A moça é bem alva, e a brancura é tal pureza, como leite, na magia mamífera de nutrir as crias com o leite, em leites de vaca, cabra e búfala, no sonho do colono italiano de se deparar com uma mesa farta de galeteria, um colono que levou uma vida árdua nos primeiros tempos de colônia na Serra Gaúcha. A mulher usa um chapéu, o que realça o erotismo, no modo como uma nudez total é sem malícias, como no casal nu ilustrado numa certa sonda espacial mandada ao Cosmos, nos eternos preconceitos do patriarcado, no homem sempre mais alto e mais importante do que a mulher, no machismo da mulher adotar o sobrenome do marido, fazendo de Eva um cidadão de segunda categoria, sendo Adão, o homem, o xodó de Deus, a imagem do grande patriarca longas barbas brancas. Aqui definitivamente temos traços modernistas, ousados, crus, por assim dizer, como no traço cru de uma Frida Kahlo, desafiando toda a Arte Tradicional, na transgressão impressionista, na saúde social da Arte, sempre desafiando o Mundo com novidades e sopros de revitalização, como no sopro de frescor renascentista, derrubando as concepções góticas; como no advento barroco, nas maravilhosas colunas barrocas curvilíneas no Vaticano; como sobras lascivas em êxtase de cio, no animal no meio do mato querendo fazer sexo, na explosão hormonal de um adolescente, masturbando-se loucamente, na pessoa definitivamente abandonando os tempos infantis, no natural desinteresse pelos brinquedos, fazendo metáfora com o crescimento espiritual, na pessoa se tornando mais sábia e depurada, observando que a Paz é maior do que a Raiva, lamentando por déspotas insanos como Putin.

 


Acima, Mulheres no banho. Um momento de privacidade, como num personagem pernóstico num certo filme, dizendo: “O mundo das mulheres tem que estar envolto em um véu de mistérios”. É como num momento de The Big Bang Theory, no qual uma menina nerd disse que, em certas culturas, há um ritual pré casamento, ritual no qual as mulheres dão banho umas nas outras, alimentando a fantasia masculina, como imaginar meninas de lingerie numa sexy guerra de travesseiros, na magia que a lingerie causa nos homens, na delicadeza que se revela poderosa, numa lingerie frágil demais para ser lavada na máquina, no discernimento taoista de que forte é fraco e de que fraco é forte, numa delicada sugestão que se torna objetiva, no modo como o subjetivo se revela direto e claro; no modo como um submundo pode tirar da pessoa a polidez e a delicadeza cavalheiresca, num submundo que vai se revelando grosseiro e desinteressante. Aqui a nudez é totalmente pura e sem malícia, e não se trata de uma cena lésbica, mas de uma cena com intimidade, como nas mulheres vestindo a cruel burca, só podendo se revelar aos olhos do marido ou de outras mulheres, no modo como o Ocidente busca libertar a mulher o máximo possível, na figura feminista da Mulher Maravilha, uma mulher que, apesar de bela e formosa, é blindada como um tanque de guerra e tem superforça para dar uma surra em qualquer marmanjo mal intencionado, numa personagem também chamada de Espírito da Verdade, um dos guias espirituais que guiaram Alan Kardec na concepção da Doutrina Espírita, ao lado de mestres como Santo Agostinho, na concepção clássica de que o Ser Humano é feito de carne, que é finita, e de espírito, que é infinito, fazendo do corpo físico algo com “prazo de validade”, pois quem está no Mundo para sempre? Não devemos encontrar algo de produtivo para fazer durante nossa encarnação? Não é miserável a Vida de uma pessoa sem um norte nobre? É como uma pessoa sofredora que conheço, a qual está sem norte, o que é uma merda, com o perdão do termo chulo. É como num labirinto, sem guia, cheio de pistas falsas, numa pessoa perdida e solitária nos corredores escuros do submundo, até aparecer alguém verdadeiro neste labirinto, numa lua de cristal, num grande amigo que foi tão importante para nós. Aqui é o glamour de um banho de banheira, num doce momento de relaxamento, talvez tomando um drinque, remetendo-nos ao conforto uterino, numa doce e deliciosa sensação de liberdade, fazendo fortes as democracias, nas quais o cidadão é dono de si mesmo, nos ventos liberais de Adam Smith, num pensador que não pensou em uma pessoa que, com câncer, não tem dinheiro para se tratar, trazendo então a ponderação de Keynnes, na qual o indivíduo tem a opção de se tratar pela rede pública ou pela rede particular – não sejamos “xiitas”, pois qualquer radicalismo é insano, fazendo de uma religião UM dos caminhos em direção ao que interessa, que é Tao, a Vida Eterna, Amém! É a universalidade da espiritualidade. A banheira aqui é o receptáculo feminino, o cálice, a garrafa, no seriado Jeannie é um Gênio, na mulher se refugiando no seu mundo privado, num momento introspectivo, talvez pintando as próprias unhas, não querendo ser perturbada, no retiro do lar, da muvuca, como dizem os cariocas. A nudez é a simplicidade, a ausência de sujeiras, de desnecessidades e de frescuras, como num homem viril, sem frescuras, atendo-se apenas ao que é importante, no preguiçoso caminho minimalista de Tao, o qual só age quando é necessário, como num rei sábio, que sabe que deve interferir minimamente, evocando aqui novamente Keynnes, no conceito do Estado Mínimo, interferindo de forma sutil na Economia Global. Aqui é a magia de um banheiro perfumado após um bom banho, num ritual de purificação que nos aproxima do Plano Metafísico, o qual é absolutamente desprovido de sujeiras e de doenças, pois lá há beleza em tudo, numa saúde plena, com cidades limpas e bem administradas – é a glória! Aqui é a magia da água fluindo, no rio que desemboca no mar, neste organismo perfeito que é o Planeta Terra, no único lar, com problemas graves, como o descarte de lixo plástico – são as vicissitudes materiais.

 


Acima, Mulheres nuas no prado da floresta. A nudez é a inocência e a liberdade, no modo como viemos ao mundo, no primeiro trauma da vida, que é sair do conforto do útero e encarar a dureza da Vida, no equívoco de uma pessoa que acha que pode fugir de tal seriedade. Aqui são duas comadres com intimidade, no modo como já ouvi dizer: Um psicoterapeuta é uma comadre bem paga! Nisso, temos que ter cuidado ao selecionar amizades íntimas, pois se há algo que não podemos fazer é dar informações pessoais a um sociopata, pois, se o fizermos, a inteligência ardilosa e diabólica do sociopata fará com que esse entre em nossa mente e brinque com esta, como um sociopata que conheci, o qual está definitivamente excluído de minha vida, para sempre, já me pré-alertando em relação a outros sádicos vampiros de almas, os quais buscam por masoquistas. Aqui são como duas prostitutas, duas colegas conversando, tendo algo em comum, que é o vender o corpo, na altivez da já falecida política portoalegrense Nega Diaba, a qual erguia a cabeça e ia a público na propaganda política dizendo: “Sou Nega Diaba, ex-prostituta; ex-presidiária!”, numa pessoa que veio, encarou a vicissitude e retornou triunfante à colônia espiritual, cumprindo uma missão na Terra, pois quem está no Mundo para sempre? Aqui é como um michê que me abordou em uma boate, crendo que eu fosse michê também! Af Maria! A que ponto pode ser uma pessoa mal vista! Aqui são esses traços extremamente simples de Ernst, numa candura infantil de um Basquiat, nos caminhos desbravadores artísticos, nos versos imortais de Elis: “É você que é mal passado e que não vê que o novo sempre vem!”, na ironia de que Elis regravou tal canção a qual, anteriormente gravada por Belchior, passara despercebida, numa das provas do bom gosto da cantora na hora de selecionar repertório, em artistas de tanta sofisticação como uma Marisa Monte, representando a nata da Música Brasileira, entrando nos lares da Inteligência, como médicos, advogados etc., pessoas estas esclarecidas e letradas, no desafio que é conquistar tal público sofisticado e exigente, ao contrário de outros gêneros musicais brasileiros, os quais não exatamente tentam conquistar a Inteligência, bem pelo contrário, sendo desprezados por esta. As moças são alvas como a Lua emblemática no céu noturno, remetendo a um polêmico anúncio de uma fragrância internacional chamada Opium, como uma modelo nua totalmente branca, contorcendo-se na euforia do pico da droga, no fato de que a cocaína cobre um preço alto, pois quanto mais alta é a euforia no momento do consumo da droga, mais profunda é a depressão pós pico, numa pessoa que acorda se sentindo um pedaço de merda, com o perdão do termo chulo, mal tendo vontade de sair da cama – é bem deprimente, como um senhor que conheci, o qual, por causa de tal maldita droga, está condenado a passar o resto de seus dias encarcerado numa clínica psiquiátrica, numa história bem deprimente, numa vida completamente destruída, sem qualquer chance de reconstrução, no modo inocente como a droga pode entrar na vida da pessoa, na base do só: “Vou dar uma cheiradinha só para ver qual é!”, como uma  amiga que tenho, a qual se viciou em pó, isso sem falar na violência urbana consequente do Narcotráfico, no traficante que só quer ganhar dinheiro, mal se importando com as consequências letais da droga. Aqui é a inocência de Adão e Eva nus antes da Maçã da Malícia, a partir do momento em que a maçã infame é provada, trazendo a malícia, como numa professora freira que tive, a qual dava aulas de Educação Sexual exatamente para neutralizar a malícia dos jovens alunos, pois não canso de dizer: Como Deus pode ter vergonha de algo que Ele mesmo inventou? Aqui são como duas atrizes num set de filmagem, num intervalo, em atrizes com uma boa química, como na genial Meryl Streep, deixando muito à vontade no set seus coatores e coatrizes, sempre tendo uma boa química com outros artistas em cena. Aqui é numa inocência de praia de nudismo, como já experimentei tal sensação de liberdade nua, numa bem estar pós catarse, numa sensação de alívio e descarrego.

 


Acima, O banho de soldados. Aqui é um momento de diversão, numa identidade masculina, como num treinador de academia certa vez, o qual, ao me ver fazendo flexões num aparelho abrindo e fechando eu as pernas, o treinador me disse: “Cuidado com as comadres!”, ou seja, as bolas, na sensibilidade destas. Aqui é esta inocência nua de Kirchner, nos rapazes totalmente à vontade, remetendo à angustiante cena em A Lista de Schindler, com judeus posicionados sob chuveiros, em judeus que achavam que naquele momento seriam todos executados, sendo o Holocausto uma das provas da ancestral crueldade humana, num Ser Humano odioso, acatando ordens do maior sociopata que já encarnou na Terra, remetendo a um professor que tive, o qual era, certamente, neonazista, manipulando as mentes dos alunos, nessa mente diabólica sociopática, semeando a discórdia entre os seres humanos, nesse desejo dos sociopatas em dar um “nó” em nossas cabeças, tornando-nos escravos desses vampiros narcisistas, como no filmão O Psicopata Americano, numa pessoa se achando simplesmente perfeita, no centro do universo. Aqui é um momento de farra e festa, no modo como uma reunião exclusiva para homens se torna algo “hooligan”, como num círculo de conversa de macharedo num bar, num círculo no qual, ao chegar ali uma mulher, o clima “esfria”, na presença feminina quebrando tal identidade masculina. Aqui é o termo “tigrão” ou “tigrada”, como num aglomerado de macharedo numa arquibancada de jogo de Futebol, num momento em que o homem não precisa se arrumar para se encontrar com uma mulher, na figura do machão misógino, o qual considera que usar condicionador é coisa de boiola, em ícones Yang como Clint Eastwood, no machão absolutamente durão, desprovido de qualquer frescura ou desnecessidade, no caminho viril de Tao, que é ater-se somente ao necessário, no modo como Masculino e Feminino entendem Tao de formas diferentes, cada um com sua conduta em direção à simplicidade e à limpeza, nas eternas palavras de da Vinci: “A simplicidade é o maior elevado grau de sofisticação”, no modo como todas as pessoas têm que ser autodidatas, aprendendo, por si mesmas, a simplicidade, na grande faculdade que pode ser uma encarnação na Terra, uma esfera cujas vicissitudes vão nos mortificando espiritualmente, tornando-nos pessoas melhores e menos fúteis ou egoístas, no remédio indiscutivelmente amargo, o qual acaba produzindo efeitos doces, belos e agradáveis, no caminho de depuração, caminho de qualquer vida de qualquer ser humano, pois ninguém está no escuro e fétido Umbral para sempre. Num contraste, vemos à direita um homem vestido, que pode ser o treinador do time, no contraste necessário para fazer sobressair a nudez, no simples discernimento: Se digo que algo é liso como seda, é porque conheço o oposto, que é áspero como lixa, no modo como o Mal existe para sabermos quando nos encontramos com o Bem. Aqui é um momento de farra total, como num certo evento de que tomei conhecimento, numa festa de fim de ano de uma firma, praticamente só de homens, havendo na festa um jogo de futebol de meninas de uma agência de modelos, definitivamente excitando os homens, no jogo de sedução entre Yin e Yang, no contraste entre liso feminino e áspero masculino. Aqui não há homossexualidade, mas um momento à vontade, no modo como um banho pode ser tão divertido, numa farra entre amigos, na inocência de que todos têm um pênis entre as pernas, num momento em que somos todos iguais, sem qualquer traço de malícia. Podemos ouvir os rapazes cantando em coro, num “Clube do Bolinha”, no qual menina não entra, no modo como, na infância, normalmente, menino não se mistura com menina, acontecendo o oposto da adolescência, quando os sexos começam a se interessar um pelo outro, a salvo, é claro, nos casos de homossexualidade. O rapaz agachado é a humildade, como se soubesse que tem que ser curvar para não ter a cabeça “ceifada”.

 


Acima, Um café em Davos. Um momento de sofisticação urbana, na sedução de urbes como São Paulo, com suas Starbucks e seu deslumbrante MASP, numa cidade tão rica, a mais rica do Brasil, na maior metrópole da América Latina, numa cidade cosmopolita, conectada com o Mundo, com seus aeroportos ligados ao Mundo todo. Aqui vemos caras, como personagens da boemia, no nome de Vida Boeme, a drag queen interpretada por Patrick Swayze, no modo como há pessoas que passam a vida inteira em tal boemia, no modo como esta pode ser uma prisão, pois a boemia seria para ser apenas uma fase na vida da pessoa. Aqui é como o icônico local boêmio carioca, o Beco das Garrafas, onde Elis Regina iniciou sua vertiginosa carreira, com personagens como Miele, o qual, já idoso, recentemente num programa televisivo, verteu uma lágrima ao se emocionar com uma imagem do velho reduto boêmio brasileiro, no modo como a boemia pode estar ligada com alcoolismo e drogadição, nas malditas drogas que ceifaram uma diva que tinha todo um futuro glorioso pela frente, no modo como eu passei por tal fase boêmia em minha pós-adolescência, mas, graças a Tao, nunca me tornei alcoólatra e nunca experimentei droga alguma, seja pó ou sintética, na ilusão que a Cocaína nos traz, a ilusão de que somos o suprassumo no topo do Mundo, numa euforia passageira, seguida de uma depressão pós pico. Aqui ouvimos o tilintar de copos e de conversa animada, embalada por inocentes drinques, como na personagem boêmia de Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, na cena famosa dela comendo croissant em frente à vitrine de cobiçada marca de joias Tiffany’s, no modo como nem todos entendem a diferença entre chic e rico, pois o chic pode custar zero centavo e o rico pode ser para lá de cafona, como nos EUA, um país tão rico e tão cafona, como em cidades como Las Vegas. Aqui remete ao ótimo videoclipe de Jennifer Lopez, no qual um enredo se desenvolve dentro de uma boate, com a linda diva latina interpretando vários papéis, como a DJ, a garçonete, a dançarina profissional, a menina que leva um chute do namorado, a menina nerd que solta a franga alcoolizadinha e a estrela que entra na boate, num clipe muito bem conduzido por uma artista de talento inegável, cantando, atuando e dançando, numa artista que, mesmo não sendo teu ídolo, tem que ser  respeitada. Vemos um singelo cafezinho, um delicioso expressinho, numa casa movimentada, urbana, cheia de vida, no modo como o café é a bebida mais consumida no planeta, ficando atrás apenas, é claro, da água, como no passado glorioso do ciclo brasileiro do café, num país nutrindo o Mundo todo com seus grãos de excelência, na letra de uma canção da diva pop negra Desree: “Sentando em cafés e bebendo o Brasil!”. Aqui os garçons se misturam ao público, e todos acabam sendo um só público, num entrosamento, sendo inevitável que o garçom faça parte da boemia. Este cafezinho me remete ao expressinho mais caro que já tomei em minha vida, num restaurante famoso de Gramado, um café normal e comum o qual, junto com uma inocente e comum Pepsi, custou-me trinta e seis reais – Jesus, que facada! O quadro aqui é colorido, nas cores animadas da boemia, como num colorido álbum de figurinhas, com pessoas que começam a se tornar figuras habituais de tal cena, sendo o “retrato falado” de tal cena, como em personagens da noite portoalegrense, como uma certa drag, cujo nome não mencionarei, uma pessoa que é definitivamente o retrato falado de tal boemia gaúcha, em pessoas que se acomodam neste sentido, não imaginando a vida sem tal boemia – é uma escolha de vida. Aqui é este traço de Ernst em captar a sensação de fluidez no bar, na boate, talvez num efeito suave de álcool, no modo como já ouvi dizer: “As pessoas não gostam do gosto de álcool; as pessoas gostam dos efeitos do álcool”. Aqui é uma cena de juventude, como me disse uma senhora bem idosa, a qual morava perto de tais redutos boêmios: “Eu moro no fervo da juventude!”. Aqui há vida, diversão, quebrando um pouco a sisudez do dia a dia.

 


Acima, Uma cena noturna de rua. O flerte entre os sexos, em mulheres garbosas, arrumadas, no modo como dá gosto de ver uma mulher elegante, chic, perfumada, numa pessoa com autoestima, que gosta de si mesma, arrumando-se para sair de casa, remetendo a uma professora que tive no Ensino Médio, a qual, na época, nos anos 1990, era uma mulher arrumada, com amor próprio, aprumando unhas, cabelo, maquiagem, perfume, joias, roupa e sapato, uma pessoa que, hoje em dia, infelizmente perdeu tal autoestima, parando de se arrumar, saindo na Rua com qualquer roupa, com o cabelo de qualquer jeito, ao contrário de outra professora que tive na mesma época, uma mulher que, às sete e meia da manhã, estava absolutamente maquiada e aprumada, mantendo até hoje tal costume de autoestima, pois ninguém vai me arrumar no meu lugar, como outra senhora caxiense que vi ontem na Rua, impecavelmente aprumada, elegante, bonita, sexy, com cada fio de cabelo pintadinho, conforme já ouvi palavras um tanto conservadoras: “No homem, cabelo branco é sabedoria; na mulher, desleixo”, quando que o se aprumar vai além de sexo, classe social, raça, credo etc., num ato universal de sofisticação humana. A placa ao fundo são as normas, as leis e as regras, numa hierarquia forte, num governante que tem que ser respeitado para o mecanismo fluir, como na pomposa coroação de Charles III, no momento em que a Grã Bretanha mostra ao Mundo porque é tão admirada, num esforço de sofisticação civilizatória, numa civilização culta, digna, discreta, em esmagadores estadistas como Elizabeth I, a mulher que se aprumava absurdamente na hora de vir a público, sabendo da importância da aparência da pessoa na vida pública de tal pessoa, como um certo senhor sociopata, o qual ganhou eleitores porque era um senhor de impecável aprumação, sem um único fio de cabelo fora do lugar. Este flerte entre rapazes e moças remete ao deslumbrante show de Tango que vi há anos em Buenos Aires, com o início do espetáculo com homens de um lado e mulheres do outro, no modo social de dividir os sexos em dois clubes, como uma pessoa bem tradicional de minha família, a qual, ao receber visitas em sua casa, coloca homens numa sala e mulheres em outra, remetendo a um velho amigo de meu pai, um amigo que dizia ser totalmente contra esse negócio de colocar homens para um lado e mulheres para o outro. Aqui remete à elegante via portoalegrense Rua da Praia, ao redor dos anos 1940, num lugar em que as pessoas se arrumavam para passear, talvez sentar e tomar um café, olhando o garboso movimento, com fotógrafos a postos fotografando os passantes, vendendo a estes as fotos tiradas, como minha falecida avó Nelly o fez certa vez em tal via, na época uma moça de delgada e elegante cintura, linda. Todo este garbo remete a um celebra colunista social portoalegrense na elegante via portoalegrense Padre Chagas nos anos 1990, com o senhor com uma vistosa flor na lapela, talvez a dando a alguma elegante moça passante, no modo como já ouvi de uma sábia senhora: “Não se fazem mais cavalheiros como antigamente!”. Podemos sentir aqui o perfume exalado pelas senhoras, no modo como se perfumar é um ato de autoestima, como um rapaz afetado que conheci, o qual usava perfume de senhoras! Aqui podemos ouvir o característico burburinho de rua, no som dos carros indo e vindo, em sons de uma cidade grande e excitante, como na personagem caipira da deusa Bette Midler no filmão Cuidado com as Gêmeas, com a caipira deslumbrada com os encantos de uma cidade grandiosa como Nova York, no “abismo” que existe entre gente da cidade e gente do campo. Podemos ouvir o som dos sapatos das senhoras, no modo como as mulheres são tão apaixonadas por sapatos, como já ouvi dizer de uma mulher: “Quando uma mulher caminha, o coração dela está em seus próprios sapatos!”. Aqui remete aos garbosos dias em que todos usavam chapéu, um hábito hoje esquecido, com o ato cortês do homem tirando o próprio chapéu para cumprimentar alguém, no termo “tirar o chapéu”, que significa respeitar.

 

Referências bibliográficas:

 

Ernst Ludwig Kirchner. Disponível em: <www.meisterdrucke.pt>. Acesso em: 3 mai. 2023.

Ernst Ludwig Kirchner. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 3 mai. 2023.

 

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