quarta-feira, 3 de maio de 2023

Um Homem chamado Homer (Parte 8 de 8)

 

 

Falo pela oitava e última vez sobre o artista americano Winslow Homer. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Assistindo às ondas quebrando. As violentas ondas quebrando são a consequência, na reação após a ação, como numa pessoa colhendo os frutos de toda uma dedicação. Aqui são as forças naturais que varrem o Cosmos, no modo como o espaço sideral é tão hostil ao Homem, fazendo do espaço um lugar escuro e frio, chegando a um ponto em que temos que ouvir os ecologistas: a Terra é nossa única casa, portanto, temos que cuidar dela, no modo como duvido que um dia o Ser Humano poderá colocar os pés no hostil planeta Vênus, um lugar absolutamente hostil, com temperatura mais quentes do que um forno de padaria, esmagadora pressão atmosférica, vulcanismo e chuvas de ácido sulfúrico! Aqui é na cena épica de Os Dez Mandamentos, com o mar se abrindo ao povo eleito por Deus, na perseguição histórica aos judeus, em comoções como o filmão clássico A Lista de Schindler, remetendo à cidade espiritual do filme espírita Nosso Lar, com as ruas da cidade espiritual formando uma cruz de Davi. Aqui a natureza é impiedosa, exigente, exigindo força dos pescadores, em homens entalhados na dureza da vida, como no homem tatuado e viril em Moby Dick, guiando com firmeza o leme do barco, assumindo a responsabilidade de manter um lar, num pai sisudo, um pouco inseguro: Será que vou prover totalmente meu lar? É no modo como não é bom ser jovem demais, pois quando somos crianças, adolescentes e pós adolescentes, fazemos muitas bobagens, pois é uma época da vida em que não temos noção, discernimento ou responsabilidade, fazendo muita merda, com o perdão do termo chulo. As ondas impiedosas são a vicissitude, a dificuldade, pois a vida não tem sentido sem dificuldades, pois tudo leva ao crescimento, e qual seria o sentido de uma encarnação se não o crescimento da pessoa, com tal vida dura fazendo de nós pessoas melhores? Aqui é uma praia que deixou os tempos de verão, numa praia fantasma, deserta e deprimente, sem banhistas passeando à beiramar, sem surfistas pegando ondas e sem bares funcionando na praia desolada, na canção recente da extinta banda pop (excelente) A-Ha: O verão se foi. A cesta aqui é a fertilidade dos ovos, numa mágica cesta colorida de Páscoa, cheia de tesouros doces mágicos, com ovos de todos os tamanhos e cores, numa mãe zelosa que trata de fazer com que nossas Páscoas sejam inesquecíveis, na excitação de se acordar no domingo de Páscoa e procurar pela casa o ninho escondido, remetendo ao curioso caso em Gramado, quando um queroquero construiu um ninho num pinheiro artificial em plena rua central da cidade, na prefeitura orientando as pessoas a não mexer no tesouro biológico, construindo a metáfora mercadológica, na qual o alarde de marketing é necessário: ambas galinha e pata colocam ovos, mas se a pata o faz silenciosamente, a galinha o faz ruidosamente, ou seja, é um produto bem anunciado, na capacidade de certos artistas pop em entender como a divulgação é importante neste âmbito concorridíssimo que é o Showbusiness Mundial, num artista tratando de fazer bons clipes, como na popular Jennifer Lopez, uma artista que trata de fazer clipes muito bons, ousados, divertidos, interessantes, sensuais e belos, ao contrário de uma certa artista, cujo nome não mencionarei, uma artista medíocre, que acha que seu próprio insucesso é culpa do Mundo! O lenço rubro são os laços de sangue, no modo como os vínculos de família não se desfazem com o desencarne, fazendo, no Plano Metafísico, a constância de tais laços, com avós nos esperando lá em cima, num lugar maravilhoso, no qual não há desemprego, com trabalhos bons a serem feitos; trabalhos que exigem de nossa cabeça. O vermelho aqui contrasta com tal cenário cinzento, como em dias brumosos na Serra Gaúcha, nas palavras de minha avó Nelly, a qual se aposentou como professora de Língua Portuguesa, passando a escrever, dizendo: “Sem a poesia, o que faria eu desta tarde brumosa?”. As rochas aqui são duras e cortantes, agressivas, como num bicho cheio de espinhos, rechaçando predadores, ou como roseiras repletas de espinhos, mesclando dor com beleza, nas dores inevitáveis da encarnação. Aqui é a natureza indiferente ao Ser Humano.

 


Acima, Lago. Aqui é a escala evolutiva, com peixes gerando anfíbios, no choque entre ciência evolutiva e religião criacionista, fazendo das mutações a chave para a evolução, como na metáfora da franquia X-Men, com seres humanos mutantes, com superpoderes, numa explicação racional para tais atributos, em filmes que falam sobre preconceito, com mutantes sendo tratados com hostilidade pelo corpo social, no embate entre mutantes bons e mutantes maus, no palco de luta entre luz e escuridão, numa mescla que resulta no cinzento, como no cinzento Castelo de Grayskull, do universo de He-Man, num palco da luta entre as forças, num Ser Humano ainda primário, debatendo-se entre tais polos, na mensagem de que o Bem sempre triunfa, incutindo na criança tais valores do Bem, mandando um recado à criança sociopata: você não é bem vinda! Então, o sociopata constrói uma máscara e leva vida dupla, no lobo disfarçado de cordeiro, espíritos toscos que não conseguem deixar de mentir, na máxima taoista: Os que mentem acabam rejeitados e desprezados, como na ruína de Orson Welles ao narrar uma invasão alienígena que nunca existiu. A flor boiando é a beleza natural, em lugares que são cópias fiéis do Éden. A flor é a majestade, simbolizando nobremente um reino, um governo, uma terra, uma tradição. A flor é o princípio feminino de delicadeza e beleza, em moças havaianas com arranjos de flores na cabeça, dando as boas vindas aos turistas, presenteando estes com colares de flores, numa sisuda rainha da Inglaterra, retirando o colar como se este fosse um fardo, numa monarca que tanto siso propagou, talvez siso demais, contrastando com Diana, a ex princesa que foi sepultada como princesa, resultando no filmão A Rainha, na monarca tendo que voltar atrás e encarar a seriedade da situação da morte da carismática aristocrata inglesa. A água aqui é um espelho plácido, num lugar onde a Paz impera, e a vida não é inferno quando não há Paz? Não é um inferno esta guerra entre Rússia e Ucrânia? As guerras não deixam rastros de destruição e fome? Não é Putin um verdadeiro tirano? Aqui temos um convívio pacífico, e o sapo e o peixe não parecem se incomodar um com o outro. Aqui é o modo como cada ser foi feito para uma certa vida, no modo como o peixe foi feito para a água e a ave foi feita para o ar, no modo como o Universo deve estar repleto de vida alienígena, com formas de vida que podem existir sem haver necessariamente água e oxigênio, num Cosmos infinito, cheio de galáxias, por suas vezes cheias de estrelas e planetas, num plano tão grandioso de Tao, o vasto, o generoso, o eterno, aquele que nos deu o presente da Vida Eterna, a qual não pode ser apreendida, tal o poder. Vemos pequenas borboletas voando, furtivas, promíscuas ao se alimentarem com o pólen, na explosão de vida primaveril, com adolescentes em libido hormonal, querendo sexo, sempre sexo, só sexo. A água é tal placidez, no espelho de Narciso, tendo este se afogado em meio à própria vaidade, numa pessoa arrogante, que se acha o centro do Mundo, uma pessoa que está prestes a encarar uma grande humilhação, pois, não canso de dizer, a arrogância precede a queda. A flor é tal exuberância, nos penteados ousados e exóticos de Carmen Miranda, no fascínio que os trópicos exercem sobre regiões mais frias do Mundo, como num resort que conheci em Salvador, um lugar de noites tropicais de Lua romântica para casais em Lua de Mel, nas noites claras de luar de Aquarela do Brasil. Podemos ouvir aqui o ronco do sapo, como num coro de rãs num ambiente úmido, como em uma das extremidades do calçadão de Capão da Canoa, num ponto alagado de esgoto pluvial, com as rãs cantando em coro, fazendo metáfora com os submundos marginais, com seus próprios subvalores, os quais destoam do necessário e saudável Senso Comum. Aqui remete ao recente ensaio fotográfico da fotógrafa caxiense Silvana Moreira, clicando seres como onças, fazendo da biodiversidade brasileira algo tão único, dando “inveja” a zonas de menor diversidade. A flor aberta é um coração aberto, numa pessoa aberta ao Mundo, receptiva, carismática, acolhedora, agradável.

 


Acima, Noite de verão. O fascínio da Lua refletida no mar. É como um prato prateado, mágico, misterioso, regendo os estranhos ciclos menstruais, no termo “ser de Lua”, que significa algo que tem suas próprias leis e condutas, sem se importar com a garantia racional do Sol, que sempre nasce e morre, num trabalhador laborando de Sol a Sol. Aqui temos a magia da dança, no modo como as artes estão umas dentro das outras, pois o que seria da dança sem a música? A dança é um momento mágico de baile de gala, no qual todos estão extremamente arrumados, tendo a melhor aparência possível, um modo humano de se aproximar do insondável metafísico, no mundo das ideias livre das vicissitudes mundanas, no glorioso dia de libertação que chegará, na mensagem de esperança do Espírito Santo, livre, batendo asas, na suprema realização que é o desencarne. Este quadro remete ao majestoso A Noite, de Pedro Américo, o qual pude ver, de fato, em mostra passageira no Museu de Arte do RS, o Margs, numa deusa noturna pálida como a Lua, com suas melenas morenas, negras como a noite, num corpo alvo, mal coberto por vestes que lembram lingerie, no frágil que se sobrepõe ao forte, num jogo de sedução, na grife Victoria’s Secret, a qual sempre gosto de citar, com adolescentes se masturbando loucamente com catálogos de lingerie! O par dançante gira dinâmico, como numa máquina de lavar roupa, nos necessários rituais mundanos de purificação, remetendo divertidamente a um certo colega de faculdade que tive, o qual, definitivamente, não tomava banho todos os dias, pois o rapaz tinha cheiro de queijo! No contrário, conheço uma pessoa limpíssima, a qual passa diariamente uma vassoura na própria casa, remetendo aos padrões culturais daquele país amigo chamado Bahia, no qual é perfeitamente tomar de dois a três banhos por dia. Aqui é uma valsa pulsante, excitante, com pares em dança perfeita, como num show de Tango que vi certa vez em Buenos Aires, com dançarinos de técnica absolutamente perfeita, disciplinada, remetendo a uma professora de balé que conheci, uma pessoa que exigia extrema disciplina dos alunos, uma pessoa com a qual adquiri certo atrito, mas tudo passa, e nossos inimigos crescerão e dar-se-ão conta de que são meus irmãos, pois somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei, não canso de dizer, e as pazes e a concórdia são os caminhos naturais, pois todos somos estudantes, no modo como a Vida exige que aprendamos por nós mesmos, num caminho autodidata – cada um tem que aprender Tao por si mesmo. Aqui é um luar tão romântico, na canção pop: “A noite pertence aos amantes; a noite pertence ao Amor”. O mar aqui serve de majestoso espelho, cristalino, no antigo modo humano de dotar de divindade os aspectos da natureza, como no modo egípcio de endeusar o Sol, com Amon Rá, o rei dos deuses, até chegar esta coisa maravilhosa que foi a Revolução Científica, trazendo a supremacia do pensamento racional, no galgar incessante de descobertas, trazendo remédios maravilhosos e trazendo a cura para doenças antes sem cura, como a Hanseníase, sendo inimaginável a dureza de tempos em que não havia um único comprimido de Tylenol contra dor e febre, ou em tempos em que as internações psiquiátricas eram mais longas, por conta da falta então de medicamentos, nessas maravilhas da Ciência. Vemos aqui vultos negros, que são o obscurantismo de anonimato, como tantos e tantos artistas que sonham com a fama, mas nunca atingindo esta, no modo como a Comunicação de Massa endeusa tais famosos, com revistas de fofocas que vendem milhões de exemplares, na futilidade humana em fazer fofocas insensatas, perdendo tempo com bobagens. Aqui é a cena comum em bailes, com moças dançando juntas, ou como nas raízes do Tango, o qual era uma dança entre dois homens. Aqui é a ironia de que a Valsa, no início, era considerada vulgar e despudorada, e, hoje, é o que há de fina e poética, como na transgressão do Rock, considerado, no início, uma falta total de pudor, no essencial papel transgressor da Arte.

 


Acima, O caçador e os cachorros. Aqui é a amizade fiel, naquele amigo profundo, que muito nos conhece, num relacionamento resistente à passagem do tempo, nas palavras para mim de uma certa médium espírita: “Na idade adulta, as amizades se transformam em relacionamentos”, e a amizade nobre é eterna, num relacionamento extremamente leve, na sabedoria de que teremos pela eternidade aquela pessoa em nossas mentes, no caminho oposto da fixação, da obsessão insana, a qual não percebe que a Eternidade é tempo para tudo, e ainda sobra tempo! O caçador carrega seu troféu de pilhagem – cornos de algum cervídeo, em modos de decoração rústica, com os cornos pendurados na parede, no modo como o rústico é acolhedor e nos dá uma sensação de simplicidade, nas sábias palavras de da Vinci: “A simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação”, como nas linhas simples de Niemeyer em Brasília, no modo como o Plano Metafísico é repleto de obras de arquitetura depuradíssima, na vitória da mente sobre o corpo, nos conceitos de Santo Agostinho: Somos feitos de carne, que é finita, e de alma, que é infinita. O homem é perfeitamente viril, nos homens corpulentos de Aldo Locatelli, como no corpulento Adão de Michelangelo, na mão forte do colono italiano no Monumento Nacional ao Imigrante, em Caxias do Sul, nos eternos preconceitos do patriarcado, com o homem sempre num nível acima da mulher, fazendo de Adão a obraprima de Deus e de Eva um arremedo para reprodução, com Eva trazendo a maçã do pecado e trazendo desgraça à Humanidade, no modo como Suzana Werner foi considerada a “bruxa” que trouxe desgraça a Ronaldo e à Seleção Brasileira – é muito machismo. A árvore aqui cortada é um tolhimento, uma exclusão, uma simplificação, na mata virgem sendo domesticada pelo agricultor, com mãos calejadíssimas por conta de tal labor braçal. O corte do tronco é uma ordem, algo obrigatório e essencial, mas uma ordem dada com muito amor e carinho, visando nos preservar e proteger-nos. A árvore cortada é tal coisa findada, na tarefa de trazer lenha e esquentar a casa, na magia aconchegante de uma lareira, com enamorados na beira do fogo, tomando um vinho, em pequenos prazeres que não custam milhões e milhões de reais, numa pessoa decidida a curtir a vida em seus aspectos mais simples; numa pessoa imune a tolos sinais auspiciosos traiçoeiros, como entediantes alas vip de boates. Os cães aqui estão absolutamente entretidos, não vendo isto como labor, mas como brincadeira, como cães farejadores em aeroportos, farejando drogas, nesse fiel aliado que é o cão, remetendo ao início do filmão de comédia Um Vagabundo na Alta Roda, com o mendigo que, ao se perder de seu fiel companheirinho canino, tenta o suicídio, tal o sentimento de desolação. Aqui é um trabalho um tanto solitário, pois a única companhia são os cães. Aqui remete a um senhor que conheço, o qual adorava caçar perdizes em espaços rurais, no tesão do desafio, num “espírito de gincana”, por assim dizer: Quanto mais complicado e difícil, melhor! O homem carrega uma pele de animal, como nos tapetes de couro bovino decorando o palácio do rei Theóden, de Tolkien, no apelo universal de tal autor, como se o escritor soubesse que as diferenças culturais são superficiais e ilusórias, na ironia de que a Vida é difícil em qualquer lugar, e o caçador aqui sabe disso, batalhando pelo ouro ao fim do dia, pela recompensa, ao contrário de uma pessoa iludida, a qual, prostrada, espera por um “príncipe encantado num cavalo branco”, um príncipe que, sinto em dizer, JAMAIS chegará, portanto, mexa-se e seja digno de respeito! Este espaço rural é uma “Disneylândia” para os cachorros, com uma infinidade de cheiros para serem farejados, numa aliança tão antiga que é a relação homem e cão, na responsabilidade que é ter tais companheiros, dando conta da ração, do banho, da tosa, da medicação etc. O homem viril aqui é tal conquista, tal vitória, na máxima: “Não há vitória sem luta!”. Aqui é um menino que se fez homem, ao contrário do sociopata, o qual usaria tal arma para matar seres humanos.

 


Acima, O passo refreador. Uma cena machista, na tradição de que uma mulher não pode montar num cavalo como um homem, tendo que se sentar de lado, causando pavor nas feministas, para as quais a mulher tem que cavalgar exatamente como um homem, numa intelectualidade que vai “contra o vento”, denunciando e ressaltando os preconceitos do patriarcado, como um pai que diz ao nascer da própria filha: “Esta vou guardar debaixo de sete chaves e entregar pura e casta ao marido na igreja!”. A cena aqui é dura e pedregosa, com pouco consolo, no fato de que a vida é dura em qualquer lugar, indo contra a uma pessoa a qual muda de cidade buscando fugir de tal dureza, como na Condessa Olenska de A Época da Inocência, querendo fugir de um casamento infeliz, numa personagem que cresce e dá-se conta de que não existe fugir da vida, “colocando a cabeça no lugar” e mandado o amante Newland à merda, com o perdão do termo chulo. O cavalo é a disciplina e a obediência, no modo como a Vida em Sociedade é repleta de hierarquia, como na rígida hierarquia militar, ou como na hierarquia espiritual, irresistível, na qual os mais nobres e depurados regem os de menor apuro moral, no caminho infinito de crescimento, na profundidade incrível de Tao, pois a Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade, neste incrível presente que é tal vida eterna, descomunal demais para a compreensão humana. Podemos ouvir aqui os passos do cavalo, na ferradura, no modo como a Humanidade ficou sempre tanto tempo dependente de tal força motriz, até chegar ao carro, ao automóvel, no papel das tecnologias em simplificar a Vida, sendo mais simples cuidar de um carro do que de um cavalo, havendo neste uma poesia tradicional, como nos inúmeros cavalos altivos no pomposo dia de coroação de um monarca inglês, no momento em que a tradição tem o papel de nos dizer que a cronologia é uma ilusão e que a Dimensão Metafísica é atemporal, onírica, bela, fina e eterna. Para uma mulher masculina, feminista, esta cena é excruciante, num impeditivo social, relegando a mulher ao simples papel de líder de torcida, girando em torno do que importa, que é o jogo dos homens, no mito da Virgem Maria, a mulher sem sexualidade, pura e doce como leite condensado, como na estampa de uma Evita Perón, a qual enganou metade da população argentina – o proletariado – e enfureceu a outra metade – a aristocracia e a classe média –, numa Eva que passou muito longe de ser uma figura conciliadora, contradizendo Obama, o qual, em sua classe, carisma e sabedoria, disse: “Um presidente tem que governar para todos”, numa Evita com “cara de lata de Leite Moça”, assim como uma famosa ex prostituta cujo nome não mencionarei. Aqui não é um quadro solitário, pois, no plano de fundo, há mais cavaleiros, numa comunidade, como num amigo meu, o qual integra um grupo de motociclistas, abraçando aventuras em grupo, num caminho de identificação: Diga-me com quem andas... O cavalo é triste e cabisbaixo, talvez num Homer fazendo a catarse de um sentimento de tristeza, nas palavras de uma canção de uma certa popstar: “Na maior parte do tempo, estou triste, e a solidão nunca foi uma estranha para mim!”. É como nas donzelas tristes de Tolkien, num papel de passividade que enfurece as feministas, havendo na obra deste autor uma personagem bem feminista, que se veste de soldado, de homem, e vai ao campo de batalha. A moça aqui está tolhida, sem poder embarcar numa excitante aventura, numa menininha masculina que achava tão tedioso e sem graça brincar de boneca, como numa certa senhora que conheci, a qual, ao ser tolhida na infância e não poder brincar de carrinho, adquiriu, em plena idade adulta, um carrinho de controle remoto, ou seja, um adulto que não teve infância – é meio triste. A moça aqui está vigiada pelo corpo social, e será tolhida por qualquer inclinação agressiva, no termo absolutamente machista e opressor: “Bela, recatada e do lar”.

 


Acima, O rio Hudson. O resultado de um árduo dia de labor, com os troncos empilhados, na exploração da Natureza, como no piso do famoso e restaurado Casarão dos Veronese, em Flores da Cunha, RS, edificação originalmente erguida pelo meu tataravô, o colono italiano Felice Veronese, com o piso feito de madeira apreendida pelo IBAMA em uma determinada ação de fiscalização. É no passado do Brasil, com a exploração ampla do Pau Brasil, numa época em que não se imaginava o ambientalismo de hoje, como na fiscalização dos garimpos ilegais na Amazônia, como o Mundo pressionando o Brasil no sentido de tal controle de exploração indevida, num ponto em que temos que dar ouvidos aos ecologistas: a Terra é nosso único lar, pois o Ser Humano, realmente, não tem para onde ir, na dificuldade dos cientistas em descobrir Vida fora de nosso rico planetinha. O homem aqui está em pleno momento de labor, empilhando as toras, num exercício físico que deixa seu corpo mais torneado do que muitos frequentadores de academias de musculação. Aqui é uma vida dura, de esforço, num cowboy guiando seu cavalo, no menino que se fez homem. O labor aqui é solitário, num rio caudaloso e traiçoeiro, no modo como o coração pode ser traiçoeiro, guiando-nos por caminhos incertos, na mortificação espiritual de um consultório de Psiquiatria: Veja o Mundo da forma mais fria possível, sem “acreditar em Papai Noel”. Aqui é a acumulação de uma carreira, de muitos anos de labor, como num cantor com décadas de carreira, tendo que encarar tal dureza para se manter ativo e atuante, no desafio que é manter coesa uma banda de Música por décadas de carreira, como o enorme desfalque que foi a saída do lendário guitarrista Slash de uma famosíssima banda, como no seriado Chaves, no qual o ator e autor Chespirito teve que contornar o desfalque de dois importantes atores nos episódios do carismático seriado mexicano. Podemos ouvir aqui o som do rio fluindo, num embalo delicioso, de água fluindo, nos processos se desdobrando numa vida, num caminho de uma pessoa que aprendeu a “surfar” em tais ondas, observando possibilidades, no modo como são poucos o que entendem o “nada fazer”, numa pessoa capaz de se manter em tal crista de onda, no desafio taoista de aprender o nada, como num grande ator estelar, o qual sabe que pouco precisa fazer, tendo a seu favor toda a máquina global de produção hollywoodiana, como por exemplo na produção de displays promocionais de um filme, com a imagem de tal ator em tal material de divulgação, numa pessoa que aprendeu a ir com o fluxo, ganhando o liquidiscente carisma. O rio aqui é puro e desprovido de poluição, no sonho de um ecologista, ao contrário da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, um local o qual é repleto de lixo plástico, na desafiadora tarefa de se descobrir o que fazer com o descarte de lixo plástico, numa Humanidade ainda tão dependente de tal material. O rapaz aqui definitivamente abraça o labor, molhando-se da cintura para baixo, sabendo que não pode faltar labor; sabendo que tem que mostrar algo de bom e válido para o Mundo, pois como posso estar feliz se não estou centrado na Vida? Como pode ser feliz uma dondoca rica e improdutiva? É na sabedoria espírita: Você não imagina a que estado ficam espiritualmente reduzidas as pessoas que são consideradas felizes na Terra, ou seja, as pessoas ricas improdutivas! A falta de trabalho traz um excruciante vazio no peito da pessoa, nas palavras de uma majestosa Gisele: “Tenho que trabalhar!”, numa pessoa que sabe que, se parar de trabalhar, vai virar “peça fossilizada de museu”, no modo como não existe o termo “aposentadoria”, como num casal de aposentados que conheço, um casal envolvido intensamente com a vida cultural de sua cidade, ou seja, mantendo-se atuantes. Aqui remete às gélidas paisagens do filmão O Regresso, com o carismático DiCaprio, num ator que se esforçou ao máximo para ganhar um cobiçado Oscar, em atores estelares que podem se dar ao luxo de escolher o que fazer, resultando no stablishment da celebridades, sendo este tão desprezado pelo mestre Woody Allen.

 

Referências bibliográficas:

 

Winslow Homer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.mutualart.com>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Winslow Homer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 nov. 2022.

Nenhum comentário: