quarta-feira, 13 de setembro de 2023

As tintas do artista (Parte 2 de 2)

 

 

Falo pela última vez sobre o pintor italiano Tintoretto. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A dama que descobre os seios. Aqui é um retrato de pureza, no milagre de uma mulher lactante, numa lata de leite condensado, como numa Evita com cara de santa, numa Evita perniciosa e danada, assim como a cara de santa de Bruna Surfistinha, uma puta com cara de Leite Moça, com o perdão do termo chulo. Aqui é uma completamente inocente nudez artística, como no Éden antes da serpente da malícia e do pecado, num Adão e Eva cobrindo suas partes íntimas, como numa cultura que lida mal com a sexualidade, que é natural no Ser Humano, como numa certa psicóloga, a qual, para atender os pacientes, vestia, durante a sessão, uma camiseta com o desenho de seios, para mostrar que ela é mulher acima de tudo, e que temos que lidar de forma natural com sexo, como numa Sandy formada em Psicologia, vindo a público dizendo que masturbação é normal no Ser Humano, como uma amiga minha que se formou psicóloga, a qual, antes do curso, tinha problemas em relação à homossexualidade, numa pessoa que, para se tornar atuante na profissão, teve que aceitar com naturalidade a amor no mesmo sexo, uma pessoa que levou um “soco na boca do estômago”, por assim dizer, aprendendo uma árdua lição de esclarecimento científico, reconhecendo que ser gay não é doença. Aqui é como no gesto da célebre atriz pornô italiana Cicciolina, a qual, ao enveredar para a Política, vinha a público ostentando cartazes de protesto e, ao mesmo tempo, exibindo um de seus seios para os famintos fotógrafos, mostrando que o corpo humano é natural e belo, assim como na Arte, numa nudez de bom gosto, como na revista Playboy brasileira, num nu que era o sexy sem ser vulgar. A moça aqui é aristocrática, fina e bela, recatada, mas ousada ao mostrar os seios, remetendo aos seios de um filme de Hitchcock, numa mulher estuprada e assassinada pelo doente estuprador criminoso, com os seios majestosos da mulher expostos na violenta cena, remetendo aos dizeres deselegantes de um certo senhor, o qual dizia a uma mulher: “Só não lhe estupro porque você não merece”, ou seja, porque a mulher era feia – Jesus, que horror de misoginia. O tecido aqui é fino, chique, nobre, num efeito vaporoso, como numa galáxia fotografada por um supertelescópio, em vapores de luz cósmica, como no sonho belo e passageiro de um casamento, quando o calor da lua de mel esfria e o casal se depara com o dia a dia de um casamento, remetendo a um amigo meu, o qual, ao permitir esfriar o calor na relação, passou a se mostrar frio e distante, num casamento que naufragou e faliu, numa mulher que se deu conta de que se casou com o Radicci, o anti-herói grossão do genial cartunista Carlos Iotti. As pérolas aqui são a pureza, na magia de uma pérola dentro de uma concha, como na vitoriosa Vênus de Botticelli, emergindo das misteriosas profundezas do oceano mãe, num olor de mar, de liberdade, de praia, de surfe, emergindo e sendo revelada ao Mundo, como numa Vênus Gisele, a mulher que reina e impera no Mundo, ditando o padrão atual capilar feminino, que são cabelos ondulados, em mulheres ao redor do Mundo inteirinho imitando os cabelos de uma das mulheres mais notáveis da História. O cabelo da moça está impecavelmente aprumado, numa mulher com autoestima, que se arruma antes de sair de casa, ao contrário de uma pessoa que conheço, uma pessoa que não se gosta e não se arruma, uma pena, pois a primeira pessoa que devo amar é eu mesmo. O perfil da moça é majestoso, digno de um monarca de perfil numa moeda em seu reino, como no belo perfil de Vera Fischer em sua Playboy em Paris, na mágica cidade dos enamorados, com pessoas ao redor do Mundo querendo conhecer tal urbe, em pontos majestoso como o Louvre, dentro do qual eu desejaria passar um ano inteiro, tal a riqueza do acervo, na glória francesa dos reis sóis, fazendo de Paris o centro do Mundo civilizado, no modo como eu já ouvi dizer que os parisienses são um poço provinciano, mas digo além: O Ser Humano, de forma geral, é provinciano, como numa Nova York, querendo imitar Paris, na preferência do museu Met por obras europeias. Aqui é um quadro de luxo e bom gosto, num artista que tem a classe para produzir coisas de nos fazem cair o queixo.

 


Acima, A origem da Via Láctea. Toda a majestade de Tintoretto, numa cena tão rica, com tanto movimento e graça. Os pequenos querubins são anjinhos sacrossantos, numa nudez infantil tão inocente e pura, na pureza da nudez do Adão de Michelangelo, com um pênis tão diminuto, infantil, inofensivo, talvez num artista “monitorado” pelo Papa de então, no casamento entre Arte e Religião, resultando na Arte Sacra, como no Museu de Arte Sacra de Salvador, instalado num antigo monastério, na beleza e no clima agradável de tal urbe tropical. As aves são tal beleza natural, num rico zoo, em animais tão majestosos, fazendo da Terra uma esfera tão única no Cosmos, na fome humana por encontrar Vida fora de nosso planetinha azul. As estrelinhas são um sonho de brilho, num artista querendo ser reconhecido, em casos tristes como o reconhecimento póstumo, no sonho de um artista em ser consagrado ainda em vida, como no triste Oscar póstumo de Heath Ledger, no modo como a Academia de Hollywood ama atores que abrem a mão da vaidade e desfiguram-se para um papel, como no ritual de ordenação de freira, com os cabelos das noviças sendo cortados ritualisticamente, num indivíduo que abre mão da vaidade e da riqueza mundana, como em certas religiões que são caçaníqueis, explorando o fiel e arrancando dinheiro dos ignorantes – é um horror. Os anjinhos são a fertilidade, numa ninhada de cachorrinhos, como numa certa imagem de Nossa Senhora, cheia de anjinhos aos seus pés, no milagre da multiplicação dos pães, num reino farto e bem governado, com um governante generoso, que nunca fere o dia a dia pacato do cidadão, ao contrário de um certo déspota contemporâneo, o qual arranca dinheiro do cidadão para investir tudo em insano armistício, num país miserável, carecendo de estradas, escolas e hospitais, num líder cruel, o qual, com certeza, irá para o Umbral, a dimensão para os que não amam a Vida, nas palavras espíritas: Você não faz ideia de que estado espiritual são reduzidos os que são considerados felizes na Terra, ou seja, os ricos, no modo como já ouvi dizer: Uma pessoa rica só pode se manter são de trabalhar em alguma forma. A mulher aqui é a estrela da cena, no padrão de então de beleza feminina, numa mulher um tanto obesa, numa Europa em que a fartura de alimentos só era acessível às moças de classe social mais elevada, no modo como os padrões de beleza mudam muito com o tempo, chegando aos dias de hoje, nos quais só é considerada sexy uma mulher que esteja na antessala da Anorexia, num cruel padrão que atinge em cheio a autoestima da mulher, como em dolorosos implantes de silicone nos seios, considerada sexy uma mulher subnutrida, no peito da qual os ossos das costelas ficam salientes – é um horror. Aqui, a cama é o repouso e o sonho, numa cama digna de rainha, no glorioso momento de repouso, na sabedoria de uma pessoa que ver que a Vida precisa de pausa, de intervalo, como numa pausa num turno em uma escola, num espaçamento, num respiro. O homem esvoaçante tem um papel discreto e coadjuvante, e está de costas para o espectador, como no formidável videoclipe Too Funky, de George Michael, que Deus o tenha, o clipe no qual o homem, num discreto papel sutil, filma as supermodelos numa passarela, em deusas como Linda Evangelista, num talento como o de uma Marilyn, na capacidade de certas pessoas em deslumbrar o Mundo, produzindo ícones de gerações inteiras, como na geração de meus pais, a geração Elis Regina, no modo como cada geração tem seus expoentes, como na geração Marisa Monte, a artista com bom gosto para selecionar repertório, ao contrário de Fafá de Belém, uma voz excelente que grava canções bregas e desinteressantes. Aqui os tecidos são finos e vaporosos, como num romântico lençol de cetim, em amantes em puro êxtase de amor, numa pessoa que sabe o que é trepar muito bem trepado, com o perdão do termo chulo. A mulher é a nutrição e a estrutura de casa, numa matriarca zelosa, com a força para manter coesa uma família.

 


Acima, Adão e Eva. Aqui é todo esse machismo de colocar a mulher como a culpada pelos males do Ser Humano, havendo no oposto a Virgem, à qual foi negado ter sexualidade. É o mito de Medusa, um monstro, na capacidade de certas pessoas em se tornarem tais monstros, destacando-se no Mundo, causando comoções, indo ainda além do status de celebridade ou estrela, pois não me canso de falar de Gisele, um monstro sagrado, numa pessoa que se deu tão bem financeiramente, ao ponto de comprar para os próprios pais um luxuoso apartamento em Porto Alegre, dando aos pais uma mesada para estes viverem na capital gaúcha, algo que não é oneroso a Gisele, pois esta é remunerada em dólares, a moeda que tanto desvaloriza o pobre Real brasileiro. O centro das atenções é Eva, pois Adão está anônimo, de costas para o espectador, fazendo aqui de Eva uma obraprima, no oposto bíblico, no qual a obraprima de Deus é Adão, fazendo de Eva um arremedo com a função de reprodução da espécie, no modo como o Patriarcado se impõe para compensar o supremo poder feminino, que é trazer vida ao Mundo, nas palavras de uma canção de Cher: “É um mundo de homens, mas nada seria sem uma mulher ou menina”, no poder do Vaticano, numa freira reduzida a tal papel coadjuvante, em mulheres que podem ser beatas ou santas, mas que não podem ser um papa, em figuras feministas como Hatshepsut, a mulher que se impôs ao Egito, assumindo o papel de faraó, num Egito no qual o máximo a que uma mulher podia chegar era ser a grande esposa real do faraó, num Egito de homens, com seus reis agressivos, esmagando militarmente os reinos que não se curvavam perante tal faraó, em pirâmides pontiagudas, espinhosas e agressivas, dando um recado claro: Não se oponha à ordem vigente, nos impérios que ascendem e descendem, permanecendo a humildade de Jesus, um homem que nunca foi um rei no Mundo, mas que adquiriu o título de “Rei dos reis”, num pensamento tão poderoso e inoxidável, repercutindo para sempre em todos os ramos de Cristianismo, em choques como entre o Vaticano e a Inglaterra, na luta desta por uma soberania, numa Europa em que nem a toda poderosa Espanha ousava contradizer o Santo Padre. Adão aqui está relutante, indeciso, como na maçã que envenenou a Branca de Neve, numa tentação, na culpa católica em relação a prazer, nos gostosos pecadinhos capitais, como a Luxúria, num casal sexualmente feliz, ou no pecadinho da Preguiça, como ficar numa cama mais tempo do que o necessário, no modo católico de impor a Disciplina, a qual, sei disso, é muito importante. Bem ao fundo no quadro vemos um anjo luminoso expulsando o casal do Éden, na imposição do poder divino, no poder da Divina Providência, tecendo as nossas vidas, com pessoas passando umas pelas vidas das outras, com amizades sendo feitas, fazendo dos amigos tal ouro da Vida, no famoso espírito Patrícia, o qual, ao desencarnar, perguntou onde estava, e um espírito amigo disse-lhe: “Entre amigos!”, num plano onde ninguém quer enganar ninguém, sabendo o valor da palavra de um homem, no caminho da virtude, que é Tao, a verdade eterna, fazendo a mentira perecer e findar – a paz é maior do que a raiva. Antes da maçã, era o paraíso, com alimento à vontade, como numa farta galeteria, onde comemos como reis. O tronco da árvore é a força, a firmeza e a sustentação, na garantia de Tao em relação ao Reino dos Céus, nos quais só os humildes podem entrar, deixando para traz os orgulhos mundanos, como eu já disse: Ayrton saiu de cena; Ayrton saiu de Senna. O Éden aqui é tal jardim maravilhoso, no modo como é o paraíso os que gostam de ser manter ocupados em algo nobre e produtivo, ao contrário de um ator pornô: apenas comer bocetas não é talento, com o perdão do termo chulo, numa pessoa que tem que fazer algo mais do que só puxar ferro numa academia. Aqui é o momento em que o coração dos homens perece perante o Anel do Poder de Tolkien. Aqui é o momento crucial que selou o destino humano, tudo por culpa de uma mulher, remetendo a uma pseudointelectual, a qual nada mais faz do que plantar a discórdia entre os seres humanos – você não me engana, sua pseudointelectual!

 


Acima, As Musas. Aqui é a glória metafísica de beleza, limpeza e higiene, num lugar onde há beleza e limpeza por todos os lados, na magia de um perfume de incenso. Aqui é uma identidade exclusivamente feminina, num “Clube da Luluzinha”, como uma rainha à vontade no seu séquito de aias. Ao fundo vemos uma arrebatadora explosão de luz divina, nas luzes de liberdade do Espírito Santo, na promessa do “dia de soltura”, por assim dizer, no fato de que, para morrer, basta estar vivo. Aqui há um perfume musical no ar, como num artista de Rua, o qual não é um mendigo, mas uma pessoa que está trabalhando, num bálsamo para os ouvidos, numa pessoa tão fina e tão pobre, dependendo da generosidade de casuais espectadores, no modo como já houve em Caxias do Sul várias edições do Festival de Música de Rua, com artistas se apresentando pela cidade, num artista tão pouco reconhecido e tão pouco valorizado. Aqui é um continuum como numa banda de música, com cada membro fazendo sua função, no modo como é complicado uma banda se mostrar una durante décadas de carreira, como num U2, tendo que haver MUITA paciência para um aturar os defeitos do outro, como vi certa vez na TV uma reunião da boyband Backstreet Boys, com os rapazes gritando uns com os outros, como me disse um certo senhor: “Até hoje estou casado com minha esposa porque ela atura meus defeitos!”, como num outro certo casal, numa senhora que atura, por mais de meio século, um marido fumante, como se ela dissesse: “Não é perfeito, mas é o meu marido, e eu o amo.”, na sabedoria popular de que ninguém é perfeito. Aqui é tudo fluidio, sem arestas ou pontas, ou agressividade, numa comunhão, como no momento de comunhão na missa, num momento de união comunitária onde todos entendem como todos se sentem, na capacidade de um bom líder em traduzir os anseios de seu próprio povo, num líder que sabe que tem que respeitar o cidadão e súdito, nunca interferindo no dia a dia pacato do cidadão de bem, fazendo com que o cidadão comum se sinta parte de uma família imperial, num ato de comunhão entre irmãos, no fato metafísico de que somos todos irmãos, príncipes filhos do mesmo Rei, no Pai, criador de tudo, nas profundezas intraduzíveis do infinito, no presente da vida eterna, no poder de que nunca findaremos, num mistério eterno e maravilhoso, como num Neo em Matrix, num processo cognitivo, numa pessoa que descobre a verdade sobre si mesma, numa pessoa que se descobre uma escrava da Sociedade de Consumo, na lógica: “Tenho que acordar, ir trabalhar e ganhar dinheiro para adquirir produtos e bens de consumo, como um celular último tipo ou uma roupa de grife”, num indivíduo que se descobre escravo de um sistema insano de infinito consumo, numa pessoa que, num caminho de esclarecimento existencial, dá-se conta de que é uma escrava, não mais expondo seu próprio pescoço aos barões vampirescos do marketing consumista. Aqui é como na magia de bandas como as Spice Girls, numa banda colorida, com cada integrante com suas próprias características, como plateias de menininhas histéricas com meninos não ofensivos, como na febre dos anos 1980 da banda portorriquenha Menudo, revelando Ricky Martin, o qual é um grande talento e carisma num longo caminho de carreira, numa luta que não cessa. Aqui é a beleza do corpo feminino sem censuras moralistas, como numa impactante Meryl Streep nua no início de um filme em que interpreta uma proletária esmagada pelo patronato, numa nudez pertinente e respeitável, como numa peça teatral de Gloria Menezes, interpretando uma paciente de Câncer, aparecendo nua no final do espetáculo, num ato de altivez e coragem. Aqui é o sonho de tecidos vaporosos, extremamente finos, em tecidos tão gostosos ao toque, fazendo metáfora com a polidez e o carinho de um espírito apurado, um espírito o qual, por mais elevado e depurado que seja, jamais deixa de amar um de seus irmãozinhos, na força do Yin que é o Amor, o qual durará para sempre, em amigos gratos, eternamente gratos, nunca se esquecendo de um bom amigo – é a glória.

 


Acima, Danae. Tintoretto gosta de colocar figuras femininas em primeiro lugar, como na famosa mãe nua de Dalí, no continuum entre “mãe” e “mar”, vindo do Mar a origem da Vida na Terra, no termo chulo “bacalhau” para definir o odor natural da genitália feminina, como numa feira de peixe vivo antes da Páscoa, com o odor libertário marítimo preenchendo o ar na feira, na sensualidade das ondas indo e vindo, respirando, vivendo, num coito incessante, no modo como a Vida é o nervo da Arte, como em religiões pagãs antigas, projetando divindades em aspectos da Natureza, como no antigo panteão egípcio, com deuses com cabeça de chacal, crocodilo, gato etc., na ruptura cristã de estabelecer que não há deuses, mas nossos irmãos depurados que nos regem em impecabilidade moral, no modo do antigo grego em se referir ao Olimpo, habitado pelos deuses, como a Dimensão Metafísica, cheia de cor e vida, de deuses lindos, de alegria, da felicidade dos que produzem, como na inauguração de um shopping, com frescor incessante de novidade, numa Paris vibrante, ditando frescor de Moda ao redor do Mundo, na universalidade da beleza metafísica, em diferenças culturais que acabam se mostrando ínfimas, na universalidade da Arte, visto que os macacos não produzem artefatos ou artesanato. A mulher desejável está aqui sendo cortejada, numa posição de poder, coberta com moedas, talvez uma prosti, no divertido videoclipe de Material Girl, em homenagem ao mais esmagador ícone feminino da História – Marilyn Monroe, em produtos de sedução eterna, como o perfume Chanel número cinco, numa Paris tão perfumada, mas tão sujinha, como um professor que tive, o qual, ao viver na França, “afrancesou-se”, por assim dizer, tornando-se um homem que pouco banhos tomava – é repulsivo, meu irmão, pois ser limpinho é essencial, na recomendação espírita: Mantenha-se limpo! O homem aqui está seduzido, de joelhos, como num homem que quer respaldar uma moça, no filmão Uma Linda Mulher, na moça comum e pobre que é alçada por um príncipe rico, numa ascensão social, no jogo de sedução entre chique e rico, os quais podem ou não podem andar juntos, na magia de uma mulher com flores silvestres no cabelo, num adorno que não custou um único centavo, produzindo um efeito chique e belo, como nos majestosos jacarandás de flores roxas em Porto Alegre na Primavera, cobrindo as calçadas de flores, no momento em que a libido renasce em toda a sua força, em flores silvestres que não precisaram ser plantadas pela mão humana. O aspecto das luxuriantes cortinas parecem o aspecto da genitália feminina, no cruzar de pernas corajoso de Sharon Stone, numa misteriosa caverna, num receptáculo, produzindo a gíria “racha” ao falar de meninas ou mulheres, em referência ao aspecto da genitália feminina, um termo um tanto misógino, sinto em dizer, na dureza da mulher em suportar as dores de cólicas menstruais. Abaixo no quadro, de uma forma bem discreta, vemos um cachorrinho repousando – é o retiro do lar, da muvuca, da casa, do descanso, como num espírito recém desencarnado, repousando muito para abraçar depois a volta ao Lar Metafísico, o Lar de todos nós, no milagre da comunhão, havendo na criancinha um “residual” de lembrança da Vida Metafísica, recém vinda dos Céus, na mensagem cristã: Às criancinhas pertence o Reino dos Céus! Este quadro traz prenúncios de Barroco, com um jogo entre claro e escuro, numa relatividade, pois se digo que algo é liso, é porque conheço o oposto, que é áspero, pois se vemos que a mulher é protagonista, é porque vemos, ao lado, o homem coadjuvante. Aqui é o modo como Newland idolatrava Ellen em A Época da Inocência, num amor impossível, numa mulher que acaba por rechaçar o amante, sabendo, em dignidade, que a amante está abaixo da esposa – se é para ser a fulaninha de alguém, então é melhor que você fique sozinha! A mulher aqui é o privilégio, como em pessoas que vivem de rendas de aluguéis de imóveis, só podendo se manter sãs se trabalharem.

 


Acima, Vênus surpreendida por Vulcano. A mulher e o menininho formam o binômio mãe-filho, nos instintos femininos de proteger os mais vulneráveis, num básico instinto, como certa vez, ao eu me aproximar de um ninho de pássaros, a mãe pássaro quase arrancou um olho meu, no instinto de preservação da espécie, no instinto feminino em proteger homens de aparência frágil, como num Woody Allen, numa espécie de “macho sensível”, no modo como as mulheres gostam de homens sérios, porém românticos, no eterno exemplo de Dona Flor e seus dois maridos, com o homem do dinheiro e o homem do cacete, com o perdão do termo chulo. Na janela vemos um fino cristal, que é a transparência, como num amigo verdadeiro e transparente, que não quer nos enganar ou trair, no modo como o sociopata é tal amigo falso, uma pessoa que, no fundo, quer nos ver arruinados – é um horror, no modo como precisamos detectar e evitar tais relacionamentos tóxicos e perigosos. Aqui, o mínimo tecido que cobre a genitália de Vênus é provocante, no modo como um corpo todo nu não é tão erótico, como na Rose em Titanic, sexy ao estar quase nua, usando apenas um colar precioso, numa mulher gritando para se libertar de tal vidinha burguesa de socialite, como numa Dercy Gonçalves menina, fugindo de casa para se juntar a uma trupe circense, nas palavras da própria diva: “Eu sou mambembe!”. Ao fundo vemos um reflexo, um espelho, que é símbolo de beleza e feminilidade, como no enigmático espelho de Galadriel de Tolkien, um espelho mágico que revela o presente, o passado e o futuro, numa magia feminina, no modo como o puritanismo americano executava mulheres acusadas de bruxaria, nesta especialidade humana que é a crueldade, numa infeliz Mary Tudor queimando pessoas vivas em fogueiras, num incrível ódio instalado no coração de tal líder, fazendo isso dizendo agir em nome de Jesus, porém fazendo algo que Jesus jamais faria. Vênus aqui está revelada ao Mundo, nascendo e despontando como uma estrela, no mito da Gata Borralheira que se tornou princesa e, depois, rainha consorte, com muita sorte, na relação certeira entre labor e êxito, numa pessoa guerreira, que sabe que não há vitória sem luta, nas palavras de uma certa médium espírita: “Deus não quer que nós nos atiremos nas cordas do ringue da Vida”. O homem está ansioso em despir a deusa, num esclarecimento de mistérios, como numa aranha de fino cristal, bela, mas quase assustadora, terrível em apuro, como numa bolsa de mulher sendo aberta, com coisas internas sendo reveladas às luzes racionais do Yang, na beleza fria dos números, no infinito dos números, infinitos, meu irmão, no modo como é duro para o Ser Humano entender o infinito, que é Deus, num Cosmos tão vasto, tão além da compreensão humana. O nenê repousa profundamente, numa paz inabalável e plácida, como numa plácida vizinhança, onde ninguém quer enganar ninguém, no modo como a vida é um inferno para os que carecem de apuro moral, nas palavras de uma certa psicoterapeuta: “Os sociopatas são pessoas que sofrem”, pois, na falta de amor ao meu irmão, sinto-me só, numa desolação, como vagar por uma inóspita cidade fantasma. O véu aqui são brumas, como nas Brumas de Avalon, na transição do culto pagão à Grande Mãe, à Deusa, para o culto de Nossa Senhora, na Ísis egípcia, no arquétipo feminino, na universalidade de tal aspecto feminino, como na Vênus aqui, pura como leite, na casta donzela Arwen de Tolkien, a estrela vespertina do povo élfico, entregue pura e casta ao marido rei – é muito machismo, meu irmão. Vemos um cachorrinho desperto, talvez um guardião de Vênus, neste amigo do homem, num bicho autêntico, que deixa muito claro quando está ou não está gostando de algo, num velho e bom amigo, numa amizade que resiste bravamente à passagem do tempo. O cômodo aqui é aristocrático, com elegantes janelas vítreas, na revolução que o Vidro causou na Humanidade, numa coisa tão simples como óculos, derivando para os telescópios, na sede humana por conhecer o que nos cerca.

 

Referências bibliográficas:

 

Tintoretto. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 ago. 2023.

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