quarta-feira, 6 de setembro de 2023

As tintas do artista

 

 

O italiano de nome artístico Tintoretto (1518 – 1594) foi pioneiro do Barroco com suas perspectivas e efeitos de luz, um artista conhecido como “O furioso”. O pai do artista tingia seda – daí veio o nome “Tintore”, mais tarde surgindo o apelido diminutivo do filho de tal tingidor. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Musas. A inocência da nudez antes do pomo da malícia no Éden, fazendo de uma mulher a fonte de todos os males da Humanidade, numa misoginia ancestral e indestrutível, infelizmente. Aqui é como as artes estão umas dentro das outras, e podemos ouvir uma fina música pairando no ar, como num lugar de clima agradável, com uma fina melodia no ar, nos ares metafísicos, numa dimensão em que tudo é fino e em que a beleza e a limpeza imperam soberanas. As belas musas são a inspiração, num dom para se fazer algo, como no célebre escritor gaúcho Moacyr Scliar, um médico que começou a escrever como hobby e acabou reconhecido por tal, na sabedoria popular de que Deus escreve certo por linhas tortas, no modo como nada acontece exatamente como prevíamos, num delicioso imprevisível que acaba se mostrando engraçado e divertido, no grande piadista que é Tao, trazendo tantos palhaços maravilhosos como Mr. Bean – quem é palhaço o será estando ou não remunerado por tal, trazendo alegria ao Mundo, como numa cigarra cantando no Verão, na sabedoria popular de que rir é o melhor remédio. Aqui temos atividades intensas, numa dedicação, num artista que sabe que tem que desenvolver disciplina, como uma certa professora de Dança que conheci, uma pessoa que aprendi a respeitar, uma professora extremamente exigente em questão de disciplina, num bom professor, que cobra do aluno, como uma dura professora de Filosofia que tive, uma pessoa da qual jamais esquecer-me-ei; uma pessoa que me ensinou Santo Agostinho, um dos “musos” do Espiritismo, no conceito básico de que somos feitos de algo finito, que é a carne, e de algo infinito, que é o espírito, no glorioso dia de libertação que chegará – o Desencarne, na imagem de esperança do Espírito Santo, na crença de que um mundo MUITO melhor e MUITO mais nobre nos espera, numa dimensão onde não há guerras, e sim infinitas amizades, na Eternidade para guardarmos grandes amigos em nossos corações, na infinitude do Amor, que é tudo o que importa, pois de que adianta eu ser inteligentíssimo e ser um Adolf Hitler? Aqui temos uma equipe que funciona em harmonia e concórdia, como num time coeso, numa equipe coesa, sob a luz de um bom líder técnico, nas pressões em cima de grandes atletas, sofrendo as pressões de um país inteiro para que tal equipe traga para casa uma tão sonhada taça, no modo como a vida exige que tenhamos uma estrutura psíquica muito forte e humilde, pois quem é humilde não quebra a cara, como na fábula da lebre e da tartaruga, sendo esta subestimada, vencendo, assim, a corrida – nunca seja previsível; surpreenda o Mundo! Aqui é como a Arte se empenha para mostrar a beleza do que foi concebido por Tao, na beleza do corpo humano, na beleza de um majestoso cavalo, na capacidade de uma pessoa em portar tal majestade, como nos vastos Campos de Cima da Serra, RS, com pastagens vastas como tapetes verdes até onde se perde a vista, no modo como Tao coloca um pouco de majestade em tudo o que faz, como na magia de plátanos dourados no Outono, tingindo de dourado urbes cinzentas como Nova York, no modo como os campos e florestas vestem roupas tão maravilhosas, chegando a um ponto em que temos que ter a noção ecológica de preservação, pois o Ser Humano não tem mais para onde ir, pois  o Cosmos é absolutamente hostil ao Ser Humano. As moças aqui têm um ar aristocrático, pois seus cabelos estão impecavelmente aprumados, diferentes de uma camponesa humilde, que se descabela em meio às árduas tarefas rurais, num Mundo tão repleto de abismos sociais. A nudez é a simplicidade, no modo como viemos de um útero, na metáfora do Útero Imaculado de Maria, a tentativa de fazer com que o Ser Humano compreenda a Imaculada Conceição que a todos nós gerou. Aqui é um artista dedicado em sua própria arte.

 


Acima, Nascimento de João Batista. A mulher amamentando é a pureza, como em escravas negras amas de leite, amamentando as crianças aristocráticas, numa relação de confiança e proximidade, com mãos nuas de escravas cozinhando, remetendo a uma talentosa cozinheira de minha irmã, na Bahia, uma cozinheira de mão cheia, fazendo delícias de pratos, numa mulher que aprende a cozinhar para o marido, “fisgando” este pela boca. O leite é o amor de mamíferos, em queijos deliciosos como o de cabra e o de búfala, causando pavor aos veganos, pessoas as quais não podemos presentear com chocolate ao leite. O bebê aqui é o centro das atenções, no modo como a criança pequena se torna o centro de um núcleo familiar, trazendo, desde muito cedo, o senso de responsabilidade aos irmãos mais velhos, os quais introjetam, desde cedo, que têm que cuidar do irmãozinho, como um primo meu, que ficou apelidado como “Mano” após o nascimento de sua irmãzinha mais nova. A santa mãe tem uma aura brilhante, como numa alma emoldurada por uma cruz, numa plenitude de preenchimento espiritual, num espírito ativo, atuante, que sabe que não pode parar de trabalhar, nas palavras sábias de uma amigona minha de Porto Alegre: “Não se descuide de sua faculdade!”, e não são amigões aqueles que querem nos ver crescer, evoluir e obter êxito? Que amigo é este que tenta me aliciar para a drogadição? Que amigo é este o qual não se importa se estou em ou mal? João Batista não foi um príncipe, mas um homem simples, do povo, assim como Jesus. Mas a cena aqui é aristocrática, num Tintoretto que tanto ama classes abastadas, no modo como já ouvi que quem gosta de pobreza é intelectual – será que é verdade? As roupas aqui são majestosas, dignas de realeza, como as vestes de rainha na Pietà de Michelangelo, algo distante da Maria real, uma humilde esposa de carpinteiro. Ao fundo no quadro, uma mulher exausta, quase morrendo, podendo ser a mãe real de Batista, exaurida depois de um longo trabalho de parto, rezando a lenda de que a Princesa Isabel passou por dois dias inteiros seguidos em trabalho de parto – como é duro ser mulher! A mulher no leito é a fragilidade e a vulnerabilidade, em coisas infelizmente comuns como acidentes de carro, como num traumático acidente de carro que sofri há anos com minha família, causando à minha mãe a dor de cinco costelas fraturadas, num episódio em que o cinto de segurança salvou, ali dentro do nosso carro, várias vidas. A criança aqui está cercada de todos os cuidados, numa criança cercada de privilégios, como morar num palacete e estudar em instituições particulares de ensino, em pais se empenhando em dar o melhor ao filho. O longilíneo homem à direita é o Batista adulto, talvez num homem observando sua própria infância, num túnel do tempo, como no Cidadão Kane, um menino que desde muito cedo sentiu a dureza da Vida, um menino que teve que se separar de seu estimado trenó de neve Rosebud, trazendo o nome deste aos lábios de um Kane em leito de morte, suspirando por uma época da Vida em que as coisas eram mais simples, como no filme O Império do Sol, num rapaz que iniciou a II Guerra Mundial como menino e acabou esta como homem, numa dura lição de crescimento e responsabilidade, num homem entalhado pela dureza da Vida. A escada ao fundo é um acesso, uma saída, talvez numa saída para uma crise, pois já me disse uma psicóloga que as crises são positivas, pois estas assinalam um ponto de renovação na vida da pessoa. A escada é a evolução, na evolução dos primatas na Terra, no choque no início do classicão 2001, com a rude ferramenta de osso suplantada por sofisticadíssimas estações espaciais, na figura do poderoso monólito, o qual, inevitavelmente, se parece com um telefone celular, nos cânones de civilização, trazendo o ponto de reviravolta que foi o surgimento da Escrita. No chão um gatinho assiste a tudo prostrado, como num rei que foi destronado, como no irmão mais velho, que percebe que não é mais o nenezinho da casa, nos necessários “desmames”, por assim dizer.

 


Acima, O milagre do escravo. Aqui é a intervenção divina, na deidade caindo dos Céus, na promessa de Jesus sobre um reino perfeito que paira sobre nós. A deidade é tal iluminação, tal evolução, na força da Divina Providência, tecendo vidas e mapeando reencontros, no modo como a Vida nos dá oportunidades eternas em se fazerem amigos, pessoas das quais não nos esquecemos, em pessoas que nos fizeram gestos nobres de amizade, na Vida Eterna que carrega tais relacionamentos, na eternidade da gratidão, como em espíritos que fizeram algo de muito bom para nós aqui, na Terra. A construção ao fundo é cânone ocidental de beleza e arte, com imagens de deidades pagãs, no grego antigo ao dotar de deidade aspectos da Natureza, como na deusa Eos, a deusa dourada da aurora, na beleza vencedora e avassaladora, em navios que nos levam para terras melhores, num lugar magnífico, no qual não há desemprego, mas empregos bons, “tesão”, por assim dizer, empregos que exigem de nossas cabeças, não sendo empregos meramente subservientes. É como no tesão comunitário em torno da Festa da Uva, com comerciantes decorando tematicamente suas vitrines, na força da tradição, a qual nos dá a sensação de que o Tempo não passa. O humilde escravo nu jaz humilhado, tal qual Jesus na cruz, havendo acima a deidade enviada por Deus, acolhendo uma alma de homem simples, como no final redentor do conto popular gauchesco O Negrinho do Pastoreio, um jovem escravo negro o qual é cruelmente executado por seu senhor, sendo o Negrinho, após o desencarne, acolhido por Nossa Senhora, num glorioso retorno ao lar, ao qual todos pertencemos, no título da obraprima de Xavier, Nosso Lar, na mensagem de que somos uma irmandade e de que o Ser Humano, em sua espiritualidade, é universal, fazendo do racismo o crime de se dizer que dobermann não é cachorro, o qual o é sim. Ramos de hera se curvam na força da Vida, na força da Natureza, num Homo sapiens que via divindades em aspectos da Natureza, vindo a Revolução Científica mostrando que são forças da Física, no conceito de gravidade ofendido por terraplanistas, os quais são a prova de como a ignorância pode ser prejudicial. Neste cenário temos toda uma comoção, como numa grande obra de Arte causando comoções, como em filmes contundentes, que arrastam multidões aos cinemas, em blockbusters como Parque dos Dinossauros, num Spielberg de tanto talento, como se pudesse adivinhar o que o espectador quer ver, num homem que permaneceu humilde e discreto, pacato, sabendo que o bom diretor tem que amar a Sétima Arte, pois fora do Amor não há salvação, apesar do Amor ser tão subestimado pelo Ser Humano, em episódios insanos como a atual Guerra da Ucrânia, num Putin que não está contente em seu próprio e vasto território, num Ser Humano que quer poder, poder e mais poder, numa sede insaciável de um terrível Napoleão. Na esquerda, uma mãe segura uma criança, protegendo esta – é o zelo materno, poupando o filho das cruéis asperezas mundanas, como comunistas fuzilando inocentes crianças de realeza russa, num ato que causou escândalo na Europa da época, em violentas rupturas como a Revolução Francesa, ou o malogrado golpe de estado do oito de janeiro, em Brasília, na capacidade humana em nome da brutalidade, a qual perece perante o delicado, que é o tato diplomático, sempre primando pela paz e pela amizade, pois quando a diplomacia sai de cena, entra a guerra, a qual deixa rastros de fome e destruição. Aqui é a comoção que causam as mortes de certas pessoas, como na comoção da morte de Diana, fazendo a rainha da Inglaterra voltar atrás e reconhecer a verdadeira importância de tal mulher, numa mulher que foi mais longe do que muitos homens, num carisma tão esmagador, raro e excepcional. Vemos alguns cavalheiros de armadura, que são a proteção e o resguardo, numa blindagem, numa pessoa que aprendeu a dizer “não”, adquirindo o controle sobre sua própria vida, num passo decisivo, que é rechaçar as expectativas que as pessoas têm de mim.

 


Acima, Paraíso. Acima no quadro temos um furacão, uma comoção, numa pessoa causando comoção nacional, como no boom de uma Gisele, a menina comum – gata borralheira – que virou princesa – Cinderela –, como numa jovem Diana sendo revelada ao Mundo, num Mundo que não fazia ideia do quão longe tal inglesinha iria. Aqui é como num dos polos de Saturno, numa tempestade hexagonal perene, nas forças cósmicas que tanto intrigam o Ser Humano, na corrida entre países para ver quem chegará primeiro a Marte, num Cosmos tão hostil ao Homem, em mundos tão hostis como Vênus e seu esmagador efeito estufa. Aqui temos uma organização hierárquica, em tudo girando em torno de Tao, da saúde, da limpeza, numa pessoa de atitude minimalista, preguiçosa, por assim dizer, uma pessoa que, quando precisa tomar ação, faz somente o necessário, como num rei que se vê acuado, pressionado a tomar ação, como no atual presidente da Ucrânia, forçado a tomar atitudes em relação ao malévolo Putin, o homem que é a prova de que quanto mais ambicioso, mais infeliz. Aqui é como no dia do Juízo Final, julgando os vivos e os mortos, um dia não crível aos espíritas, tecendo uma relação de continuidade entre Céu e Terra, num espírito que, desencarnado, nota a necessidade de trabalho e aprimoramento, talvez num espírito se preparando para encarar uma nova missão na Terra, no modo como Tao sempre, sempre dá uma nova chance, num Pai paciente, que quer o melhor para o filho, fazendo do Plano Metafísico o Éden para os que querem trabalhar e tocar a vida para a frente. Aqui é no formato de um tribunal de inquisição, numa pessoa sendo impiedosamente questionada, na crueldade humana de queimar pessoas vivas numa fogueira, numa sanguinolenta Mary Tudor, dizendo agir em nome de Jesus, mas fazendo algo que Jesus jamais faria, havendo no Umbral a dimensão infeliz dos que não amam a Vida e nem amam seus irmãos. Aqui é como no formato do programa de entrevista Roda Viva, da TV Cultura, no convidado entrevistado no centro das atenções, como num controverso fotógrafo italiano, da grife italiana Benetton, havendo em tal homem um ato de zombaria, dizendo que o formato do programa lembrava uma inquisição católica. Aqui é como num congresso, como na Câmara dos Deputados ou no Senado, com os políticos eleitos discursando, talvez ouvido por uma plateia indiferente, como disse Clodovil em seu primeiro discurso como deputado eleito: “Isso aqui parece uma feira de frutas e verduras!”, numa plateia indiferente, na luta de um político em defender suas causas, como numa Heloisa Helena, criticando as “elites retrógradas”, nas palavras da política. Aqui é como numa hierarquia dentro de uma empresa, como no divertido filme O Diabo veste Prada, com uma poderosa editora de Moda, praticamente temida por seus subalternos, espalhando terror dentro de uma empresa, talvez numa pessoa buscando pretextos para ser grosseira, na ironia de que se trata de uma editora de algo fino, que é Moda. Ao topo vemos uma decisão de cúpula, como na rigorosa hierarquia militar, havendo no subalterno o juízo para não contradizer o seu superior, havendo sistemas de punição aos insubordinados, sendo isso uma cópia tosca da hierarquia espiritual, a qual se impõe por meio de fineza e apoio moral, ao ponto de um espírito fazer questão de obedecer ao seu superior espiritual. Aqui é como numa cena de um dos filmes da superfranquia Star Wars, numa gigantesca câmara de representantes de esferas de uma mesma galáxia, num duro, cruel e assustador Darth Vader, o qual, apesar de ter enveredando para o Lado Negro – para o Mal –, acaba se arrependendo, pagando com sua própria vida para salvar o filho Luke Skywalker, numa mensagem de esperança, na libertação do Espírito Santo, no Bem que sempre acaba se impondo – ninguém está no Umbral para sempre, pois a depuração é o caminho natural, como um rio fluindo para o mar. Na cúpula aqui, temos os espíritos perfeitos, nossos irmãos depurados que gozam da Suprema Felicidade.

 


Acima, São Jorge e o dragão. É claro que a lança de São Jorge é o falo que penetra na fechadura, que é a vagina, libertando a mulher de sua torre de confinamento, como no conto de Rapunzel, numa mulher que projeta num homem o próprio lado masculino de tal mulher, sendo algo inevitável nos casais heterossexuais, com ele personificando o Yang dela e ela personificando o Yin dele, como na tradição japonesa – viu como o Ser Humano é universal? –, com o sisudo e antipático homem caminhando na frente da própria esposa, a qual está sorridente, receptiva e gentil, devidamente trajada nas vestes tradicionais japonesas, como cumprimentar um casal heterossexual – se cumprimento apenas o homem ou apenas a mulher, o casal está cumprimentado. O dragão é o caos, a crueldade, num estágio animalesco de Ser Humano, em primatas peludos, sem roupas, animais abatendo outros animais, no início do filme 2001 – viu como gosto de tal película? –, com primatas devorando animais sem qualquer noção civilizatória de polidez à mesa, num profundo contraste em relação ao cavalheirismo e à civilidade, nos valores civilizatórios como boas maneiras à mesa, como no insano Denethor, personagem tolkiano cujo caráter foi carcomido pelo poder, comendo de forma animalesca, mostrando se distanciar da civilização. Acima no quadro vemos uma figura de redenção, com Tao guiando os mundos, no caminho de esclarecimento do Ser Humano, nas luzes do conhecimento, nas palavras positivistas da bandeira nacional brasileira, em cidadãos trabalhando por tal bandeira, apreendendo drogas em aeroportos e aprisionando tais traficantes, num cruel traficante que só quer ganhar dinheiro, sempre dinheiro, num traficante que pouco se importa com as vidas destruídas de usuários e com a violência urbana que o Narcotráfico causa, no modo como o Ser Humano pode ser tão egoísta, indo contra o caminho do Amor, que é ver que temos muitos irmãos, nossos iguais, havendo em Jesus nosso irmão depuradíssimo, trazendo noções civilizatórias a uma planeta Terra tão cheio de problemas, num legado que por tanto tempo perdurará, no maior pensador da História da Humanidade, na ironia de que se trata de um homem simples, que veio de uma família simples, e não de alguma família poderosa de realeza. Aqui é a imagem idealizada do príncipe encantado, o qual, sinto em dizer, jamais chegará, havendo em menininhas a ingenuidade da juventude, em poderosas e populares boy bands, a bandas de meninos bonitos e inofensivos, como em revistas para jovens meninas, no endeusamento de tais meninos, numa figura idealizada, muito longe das reais imperfeições do Ser Humano. O homem caído é a derrota, numa pessoa que chegou a uma situação de rua, querendo fugir da seriedade da Vida, escondendo-se por calçadas duras, sujas e frias, tal o desejo de tal pessoa em não querer encarar a lida, ao contrário das pessoas realistas, que encaram a luta da Vida, no caminho de disciplina – tenho que fazer algo de produtivo, ao contrário de um cineasta pornô, o qual nada está construindo, sem eu aqui querer ser moralista ou careta. A moça foge com vestes majestosas, nessas mulheres lindas de Tintoretto. É como numa donzela indefesa, colocando “a faca e o queijo” nas mãos de um homem, como na menina que vai direto dos braços do pai para os braços do marido, numa mulher que precisa adquirir o controle sobre sua própria vida, num caminho de emancipação, na luta de feministas em combater as misoginias patriarcais, nas quais à mulher não é permitido ter sexualidade, havendo figuras feministas libertárias como a colossal e altamente controversa Madonna, a qual, sinto em dizer, só será devidamente reconhecida postumamente, deixando no Mundo um legado SUPREMO, numa mulher corajosa, valente, forte. O cavalo aqui é a majestade, num bicho tão belo e altivo, num bicho civilizado, domesticado, domado. O cavalo potente é o ímpeto, num artista que desafia o Mundo. Ao redor na cena, uma natureza bela e exuberante, na beleza das riquezas naturais de Tao, o grande designer. Este quadro é um ponto de reviravolta.

 


Acima, Tarquínio e Lucrecia. A riqueza da beleza humana. A estátua tombada ao chão é um rompimento, como numa pessoa se alienando de suas próprias raízes, cortando laços com sua própria família, como uma certa drag queen, a qual, ao dezesseis anos de idade, saiu de casa para o Mundo, pois estava insuportável o convívio com seu pai, um homem, duro, inflexível e homofóbico, numa história triste, como conheço outra pessoa que simplesmente não se relaciona com seu próprio pai, mesmo essas duas pessoas morando na mesma cidade. A estrela do quadro é a alva mulher, como no Capitão Rodrigo em O Tempo e o Vento, transando com Helga, uma moça alemã radicada em solo gaúcho, num Veríssimo descrevendo o corpo alvo da alemã, num romance que narra a constituição do RS, numa “Babilônia” formada por muitas etnias, como indígenas, europeus, negros etc., fazendo do Brasil um país tão rico em miscigenação, num país de pardos e mulatos. As roupas da mulher estão rasgadas, como numa transa animalesca em Instinto Selvagem, com roupas sendo rasgadas, num ato brutal de cio, como no leão galando a leoa, num ato de puro instinto, no instinto de preservação da espécie, como num libidinoso cachorro transando com uma almofada. A mulher é a beleza, na beleza do aparelho reprodutivo feminino, na geração plácida do óvulo, sendo assediado por inúmeros insanos espermatozoides. Ao chão vemos uma fálica espada, jogada, abandonada, num dormente Marte de Botticelli, hipnotizado por uma Vênus desperta, na recomendação taoista: Entenda a credibilidade do Yang, mas, dentro de você mesmo, seja mas Yin, como curtir momentos de aconchego dentro de casa, deixando lá fora as “loucuras” do Mundo. O homem é a virilidade que sustenta a mulher, como num certo homem que conheço, o qual está ávido por casar com uma perua e sustentar os luxos desta, na figura da dondoca, uma pessoa que nada está construindo de produtivo aqui na Terra, pois fora do labor não há salvação. É no contraste entre o funeral de uma pessoa importante e de uma pessoa não tão importante. A mulher aqui brilha mais do que o homem, como numa cena de boate do filme As Panteras, na qual apenas às moças era permitido subir no palco para dançar, como numa stripper num palco, remetendo a uma situação engraçada que testemunhei, numa moça que, de dia, era uma pacata estudante de Comunicação Social e, de noite, era uma stripper numa casa noturna de Porto Alegre, numa pessoa que levava vida dupla, o que é triste, pois a pessoa que leva vida dupla está em cima de um muro de indefinição, e a vida exige que sejamos unos e íntegros. O homem aqui respalda a mulher, sendo um piso firme e forte sobre o qual a mulher pode se apoiar, como num homem que provê um lar, nada deixando faltar dentro de casa, na figura do pai herói, disposto a abrir mão de sua própria comida para o filho não passar fome. Aqui a cena tem tecidos finos, como luxuoso veludo, em vestes aristocráticas, inacessíveis ao cidadão comum proletário, em privilégios como os rentistas, pessoas que vivem de rendas de aluguéis, não precisando trabalhar, no modo como apenas o trabalho é o que pode manter sã a mente de uma pessoa – riqueza não é pretexto para não trabalhar. As vestes aqui são mínimas, quase nulas, no jogo sensual entre esconder e mostrar, na sensualidade da luz de luar, uma luz tênue que tanto mostra quanto oculta. As pérolas no colar da moça são a feminilidade “louca” dos ciclos lunares, num símbolo de mistério e sensualidade, como na Noite de Pedro Américo, uma deusa noturna cuja pele alva faz um continuum com a luz do luar, em vestidos de rendas de lingerie que jogam com a mente do homem espectador, na sedução de grifes como a Victoria’s Secret, ou seja, o segredo da vitória. As vestes da moça são como teias de aranha, numa teia de sedução sendo construída, como numa sedutora Cleópatra, a líder que tanto fez pelo Egito, a última grande líder egípcia, fazendo do Egito, depois de sua morte de tal mulher, uma mera província do Império Romano, em impérios ascendendo e descendendo.

 

Referências bibliográficas:

 

Tintoretto. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 30 ago. 2023.

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