quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Um Dürer que perdura (Parte 2 de 3)

 

 

Falo pela segunda vez sobre o artista alemão Albrecht Dürer. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A queda do Homem. Não canso de falar sobre a misoginia do mito de Eva, a mulher que trouxe ruína à Humanidade. Aqui o Éden é como na exuberância tropical da América do Sul, encantando a Europa com histórias exóticas de tribos canibais, na explosão renascentista, como aqui no casal corpulento, no modo como a Arte Gótica não explorava tanto assim a beleza do corpo humano. As folhas tapando os sexos são a malícia em relação a Sexo, remetendo a uma professora freira que tive, a qual, ao ver que os jovens estavam muito maliciosos em relação a Sexo, resolveu dar aulas de Educação Sexual aos alunos, evitando tal malícia, mostrando, por exemplo, a beleza do aparelho reprodutivo da mulher, pois Deus não pode ter vergonha de algo que Ele mesmo criou, como nesta máquina perfeita que é o Cosmos, na beleza das coisas naturais, como no mitológico Éden aqui. A serpente aqui é traiçoeira, tentadora, envolvendo Adão e seduzindo este. A maçã é tal coisa proibida, como na diabólica maçã de Branca de Neve, num retrato do Mal, na pesada e sombria culpa católica, num fiel que tem que se confessar se for se masturbar, uma insanidade, pois Sexo é natural no Ser Humano, como no gostoso pecadinho da Luxúria, num casal sexualmente feliz, com jogos eróticos divertidos, remetendo a uma sex shop no centro de Caxias do Sul, com artigos para apimentar relações, como antigamente, quando ainda não havia televisão e outros meios de distração e diversão, com casais que, de tanto fazer sexo, colocavam muitos e muitos filhos no Mundo, ao contrário de hoje, século XXI, quando as famílias não têm uma prole tão numerosa, sendo raras as famílias com três crianças, por exemplo. Aqui são como os corpulentos homens de Aldo Locatelli, homens fortes, feitos na vida, entalhados na dureza do dia a dia, na diferença entre menino e homem, no modo como pode haver pessoas obtusas, um tanto grossas, com homens toscos, sem muita sofisticação intelectual, nas conveniências do casamento: Nós nos enlaçamos e cada um faz uma parte do trabalho, numa mulher que se sente segura ao ter um homem dentro de casa, como no diretor de Cinema Guy Ritchie, então casado com uma mulher, aparecendo, certo dia, um sinistro e amedrontador homem em frente à casa do casal, com Guy saindo da casa e abordando duramente o homem, perguntando a este: “O que você quer?”, numa mulher se sentindo segura ao ter um homem em casa, sendo isto inevitável no casal heterossexual: Ele personifica o Yang dela e ela personifica o Yin dele, como num casal japonês, com o homem antipático e a mulher simpaticíssima. Aqui é a delícia da meteorologia no Éden, numa temperatura agradável, como na deliciosa cidade de Salvador, com amplitudes térmicas que vão, em geral, de vinte e poucos a vinte e tantos graus centígrados. A natureza aqui é um delicioso continuum, numa delícia de Cosmos unificado num fluído confortável de útero, em artistas sexies como Sade, com suas canções no erótico que não é vulgar, como numa sexy operadora de telefonia, conectando as pessoas no Universo, no modo como todos os filhos de Tao estão interconectados, na metáfora da Internet, a rede em comum entre todos nós, num site que pode ser perfeitamente acessado de qualquer parte do Mundo, num ato de comunhão, como na comunhão na hora da missa, com todos tendo a mesma coisa dentro do estômago, na generosidade de Jesus da Última Ceia, compartilhando o pão e o vinho, numa ceia que precedeu a ruína cruel do Salvador, num homem que ressuscitou na fé dos homens, ao ponto de se sobrepor ao tradicional politeísmo pagão romano, no mito supremo de feminilidade de Maria, no modo como as culturas pagãs têm tais deusas que personificam tal zelo materno. Aqui, Adão olha para Eva e Eva olha para a infame maçã, num erro cometido, na parte da oração: “Rogai por nós pecadores”. Aqui é tal momento de derrocada, como uma tragédia acontecendo, como um brutal acidente de carro o qual sofri há anos com minha família, num impacto enorme, supremo, inignorável. Aqui, os animais viviam em completa harmonia, sem as crueldades da cadeia alimentar, como carnívoros devorando herbívoros, nas leis da natureza.

 


Acima, Adoração da Santíssima Trindade. Aqui é o modo humano de organizar o Universo, colocando Deus acima de tudo, havendo um só Universo, uma só família divina, um só cesto de irmãos. O Espírito Santo é tal mensagem de esperança, pois ninguém está encarnado para sempre, na data de soltura que chegará – é só questão de tempo, no modo como cada pessoa tem que encontrar algo de nobre e produtivo para fazer de seus dias aqui na Terra. É claro que aqui a imagem de Deus é a de um patriarca supremo, como no Alá islâmico, num Deus duro, um tanto desconfiado, no conceito inédito de Jesus: Deus é amor. Quase nu, Jesus aqui é tal exposição, tal desgraça, numa vida que terminou de modo tão trágico e triste, na imagem da mater dolorosa de Maria ao pé da famosíssima cruz, no mito de passividade feminina, a qual nunca deve questionar o patriarcado, no termo preconceituoso: “Bela, recatada e do lar”, castrando a liberdade da mulher, havendo ícones feministas de libertação, mulheres que rejeitam tal castração, em vestidos ousados com fendas provocantes, ao contrário da machista burca, numa mulher que, no fundo, gosta de ser tratada como um cidadão de segunda categoria – é um horror. Aqui, os anjos são tais espíritos felizes, nossos amorosos irmãos, na crença espírita de que cada um de nós, sem exceção, está acompanhado e respaldado por tal fiel amiguinho, o qual sempre quer o melhor para nós, em espíritos que encontram tal felicidade ao amar um irmão, como numa família saudável, na qual há amor e união, rejeitando sociopatas infiltrados, espíritos infelizes que, definitivamente, não ouvem o próprio anjo da guarda, num sociopata moralmente tosco, no fim da fila de aquisição de apuro moral. Deus aqui veste vestes majestosas, dignas de rei, no fascínio que tecidos finos exercem, em românticos lençóis de cetim, no mágico momento de entrega existencial, quando um coloca suas tristezas nas mãos do outro, num momento mágico de intimidade, quando o Sexo dá lugar ao Amor, sem ser um sexo frio, técnico e mecânico, nas palavras de uma certa prostituta holandesa em um programa de TV: “Eu ofereço sexo; não intimidade”. Então, o Amor chega e mostra sua suprema força, num casal que sempre será amigo um do outro, por toda a Eternidade, da imortalidade dos laços de Amor, no modo como a Paz é maior do que a Raiva, e vence a verdade de que somos toso irmãos, nos esforços constantes do padre na missa. Aqui vemos ilustres reis reunidos, todos abaixo de Jesus, fazendo das famílias de realeza cópias da Grande Família Metafísica. Temos aqui toda uma devoção ao centro do Universo, como num altivo artista, exercendo tal poder nas percepções, em obras de Arte que alcançam tal prestígio, em carismas tão inéditos e esmagadores de uma Diana, a qual foi devotada com um ardor quase religioso, num fenômeno, na mulher a qual, ao ter perdido oficialmente o título de princesa, tinha tudo para cair no mais completo esquecimento. As barbas grisalhas de Deus são a sabedoria que vem com os anos, no modo como a pessoa jovem demais não tem responsabilidade ou juízo, nem discernimento, no lado bom da velhice, que é o crescimento espiritual, no modo como a Vida vai fazendo de nós pessoas melhores e mais depuradas, como no crescimento de um Oscar Schindler, o playboy fútil que acabou se compadecendo com os problemas do Mundo. Aqui é esta intenção de Dürer em nos mostrar o eterno, o divino e o atemporal, na dimensão acima da Terra, no plano em que há beleza, juventude, limpeza, saúde e produtividade, como numa certa senhora minha amiga que desencarnou recentemente, rejuvenescendo e estando linda, para sempre, como no dia de seu casamento, na metáfora do filmão Vanilla Sky, no recurso da pessoa ter um sono eterno, vivendo jovem para sempre, no conceito do “sonho lúcido” do filme. Na base do quadro, vemos a Terra, quase nua e erma, com tudo e todos focados no metafísico aqui no quadro, um quadro que vai contra o Islamismo, pois, neste, Deus não tem imagem, e Deus é isso, o infinito, e a Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade. As asas dos anjos são a liberdade, em países que respeitam o cidadão, sem opressões ditatoriais.

 


Acima, Adoração dos Magos. O rei mago negro é a inclusão social, na arrebatadora imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma senhora negra, no tenebroso passado escravocrata, em seres humanos tratados como burros de carga, reunidos numa senzala como cães num canil, tudo em nome da ambição dos senhores dos cafezais paulistas. Maria aqui é generosa, farta, ampla, como numa farta mesa de galeteria, numa mesa de rei, assombrando uma certa senhora italiana em tal restaurante, a qual dizia: “Meu Deus, quanta comida!”. O véu sobre os cabelos de Maria é tal recato e pudor, em certas regras sociais de etiqueta, em regras machistas como a de uma reunião dançante: É sempre o menino que deve tirar a moça para dançar, e nunca o contrário, no papel transgressor de certos indivíduos, nas palavras sábias do querido amigo diretor Fabio Barreto: “Uma sociedade só progride através da transgressão de alguns de seus membros”. No quadro, vemos a autêntica “vaca de presépio”, a gíria que designa coisas dispensáveis, não importantes, como numa pessoa dentro de uma firma, fazendo um trabalho não muito essencial, sentindo-se um tanto dispensável. Aqui, vemos estruturas abaladas e parcialmente destruídas, num cenário de guerra e devastação, no modo como as guerras deixam diabólicos rastros de fome e destruição, em conflitos insanos como o da Ucrânia, num pária Putin provocando um pacífico país, tudo em nome desta sede napoleônica por poder, sempre poder, num rei que nunca está feliz dentro de seu próprio reino, ferindo o mandamento: “Não cobiçarás a mulher do próximo”, no norteamento moral de tais mandamentos, na figura patriarcal de Moisés, o qual volta com a tábua dos mandamentos e depara-se com o culto pagão ao ídolo de ouro, punindo severamente o povo naquele momento, como no narcisista filme com Mariah Carey, num filme autobiográfico, numa espécie de masturbação de si mesma: Nossa, como sou sexy! O rei mago mais idoso se ajoelha perante o Menino Deus, fazendo dos presentes um padrão cultural natalino, com presentes sendo comprados e dados, fazendo do presente uma homenagem, e certas pessoas não entendem que um presente tem que ser dado, nas inconsoladas palavras de Chandler a Joey no lendário seriadão Friends: “No meu último aniversário você só me deu um abraço!”. Os nobres presentes aqui são dignos de reis, no mito da Estrela de Belém, guiando a Humanidade no caminho de crescimento, nas palavras carinhosas de uma amiga freira para mim: “Que a Estrela de Belém te guie sempre!”, na universalidade da religiosidade, contrariando aqui Marx, pois as religiões não são bobagens, mas caminhos diferentes que levam ao mesmo destino, que é Tao, o uno, como no filme espírita Nosso Lar, com a pessoa desencarnada podendo escolher qual crença seguirá no pós vida: Cristianismo, Judaísmo, Taoísmo etc., pois se Deus é um só, a espiritualidade também é uma só. O menino aqui é saudável e contente, fruto da Imaculada Conceição, a qual é um modo de fazer com que compreendamos nossa origem divina, pois somos filhos de tal concepção magnífica, no modo como a Mulher Maravilha é um ser divino criado por Zeus. Ao lado da Virgem vemos uma vegetação brotando, na Rosa Mística de Maria, na magia de feminilidade da flor, num símbolo fino de algo nobre, como na explosão de hortênsias na Serra Gaúcha no Verão, na explosão de libido que gerou a Renascença, neste frescor de Florença, a “selva” na qual competiam avidamente artistas como da Vinci, numa cidade onde era um querendo “devorar as tripas” do outro, nas inevitáveis competitividades do Mundo, tudo começando na Escola, quando há a competição para ver quem tem as maiores notas. Bem ao fundo no quadro vemos cavalheiros guerreando, no modo como nem a passagem de Jesus pela Terra resolveu os problemas desta, mas numa passagem que gerou toda uma mensagem de esperança: Há uma vida maravilhosa nos esperando após nossa vida na Terra.

 


Acima, Autorretrato (1). Este quadro tem uma certa semelhança com o quadro de Jesus Cristo, de da Vinci, no modo como os grandes artistas fazem escola, sendo imitados por outros artistas, como uma certa popstar sexy, a qual definitivamente faz escola, inspirando gerações de cantoras. O Albrecht aqui é belo, aristocrático, com um ar de príncipe ou rei, como se soubesse que somos todos príncipes filhos do mesmo Rei, no modo como quem já reinou jamais perde a majestade, como numa pessoa que reinou numa encarnação anterior, carregando consigo tal herança indelével, em pessoas austeras e cheias de dignidade, sabendo que respeito é para quem o merece. A mão aqui é como uma aranha, tecendo suas teias sedutoras, como um sociopata ardiloso, tecendo sua “teia” e esperando que ali caia uma mosca masoquista, que se expõe ao sofrimento, como um grande desafeto, uma pessoa que merece que cortemos qualquer laço com ela, por uma medida de segurança existencial, nas palavras sábias de uma amiga minha psicóloga: Sociopata é algo que encontramos me qualquer lugar, no modo como na Terra estamos todos misturados, havendo no Céu a verdade suprema, num lugar onde sociopata mentiroso não entra, no modo como a mentira tem “pernas curtas” – só a verdade é eterna. A roupa aqui é nobre, com luxuoso pelo de animal, no modo humano de exaurir a Natureza e explorar esta ao máximo, como nos gananciosos garimpeiros ilegais na Amazônia, com suas estruturas sendo destruídas pelos fiscais ambientais, numa floresta que tanto preocupa o Mundo, num Charles III pedindo a Lula que este cuide da floresta, numa certa pressão internacional, numa fiscalização difícil, tal a vastidão da Amazônia, num Brasil de dimensões continentais, nas divertidas palavras da adorável personagem Bridget Jones: “O meu bumbum do tamanho do Brasil!”, em certos personagens adoráveis que conquistam plateias, em celebridades de esmagador carisma, neste terreno complicado que é a celebrização mundial, numa selva em que é duro de se sobreviver, havendo pessoas que não têm a força para virar a página e tocar a vida para a frente, como uma certa estrela pop dos anos 1980, uma estrela que vive até hoje em tal época, incapaz de lançar músicas novas no mercado, no modo como o sucesso pode ser uma bênção e uma maldição também, no modo como é difícil sobreviver a um Oscar, sinto em dizer, como uma certa atriz que ganhou o Oscar ainda muito jovem, não sobrevivendo a tal prêmio – é uma pena. Os cabelos elegantes aqui caem como uma cachoeira vistosa, nas forças da Natureza, num artista se tornando tal força avassaladora e causando comoções, em talentos respeitados como o de Lady Gaga, a artista que tem uma transgressão deliciosa, corajosa, artística. O Dürer aqui é altivo, imponente, como num imponente prédio em estilo neoclássico, como numa imponente Marta Suplicy, uma mulher a qual, definitivamente, não é simplória, impondo-se a uma plateia de adolescentes e dizendo: “A adolescência é uma época em que se masturbar dez vezes por dia é perfeitamente normal!”, impactando a plateia, ou como um bom popstar, o qual promove shows suntuosos e apoteóticos, sabendo que, se quiser obter sucesso e reconhecimento, terá que fazer por merecer, no desafio de deslumbrar, como numa Gisele, num esmagador talento que devora lentes de câmeras e passarelas, no mistério do talento, o qual é uma misteriosa dádiva, um instinto. O Albrecht aqui é jovem, na flor da idade, no mito da juventude feliz e plena, o qual é uma invenção de velhos, pois a juventude está pautada de vicissitudes, no modo como cada parte da vida tem seus encantos. O homem aqui é sério e austero, talvez exalando elegante perfume, como no perfume metafísico de Chico Xavier, numa energia que emocionava as pessoas que o viam pessoalmente, um homem que sofreu um tanto, sendo em ocasiões acusado de ser um charlatão, fazendo de um brasileiro o maior médium de todos os tempos na história do Homo sapiens. Os dedos aqui são elegantes e longilíneos, no modo como o mercado de modelos só contrata moças altas e magras, num cruel padrão de beleza que ataca a autoestima da mulher.

 


Acima, Autorretrato (2). AD está aqui oblíquo, um tanto reservado e desconfiado, como se duvidasse de algo. Sua barba está disciplinada, num homem belo, de pescoço forte, no modo como a Vida vai exigindo que sejamos fortes, como um certo ator famoso, o qual, depois de alcançar sucesso mundial, deprimiu-se, vivendo, hoje, uma vida deprimido, recluso e improdutivo, nos sábios versos de uma certa canção:  Você pode estar farto de tudo isso, mas você será um homem, meu filho. Força rapaz! Hora de deixar papai e mamãe orgulhosos! O adorno na cabeça é da moda, atual na época, no divertido modo como as modas vão mudando, em vogues, em ondas que passam e marcam épocas, fazendo das vestimentas referências que marcam épocas, como na moda contemporânea de jeans rasgados e detonados, como um sobrevivente de uma hecatombe nuclear, em modas joviais, rejeitadas pelos mais velhos, os quais viveram outras modas em suas juventudes, nos versos de Elis: “É você que é malpassado e que não vê que o novo sempre vem!”, numa Elis sucedida pela deusa Marisa Monte, a diva de minha geração, que foi criança nos anos 1980. AD segura aqui umas gramíneas ralas, que são a vida lutando para sobreviver, em gramíneas que brotam em fendas no asfalto, como em belas flores silvestres primaveris, as quais não tiveram que ser semeadas pela mão humana, num boom de força como as vogues da moda, marcando cada geração. As mãos de AD aqui são delgadas, elegantes, dignas de cavalheiro, no minimalismo limpo e elegante, remetendo às impecáveis cidades metafísicas, as colônias espirituais, os lares dos espíritos desencarnados, cidades em que não há problemas como coleta de lixo, encanamentos, esgotos, cocôs de pombas e jardins tomados de ervas daninhas, ou seja, é a Terra que tenta imitar o Céu, e nunca o contrário, pois no Plano Metafísico a mentira cai por terra, num sociopata que não pode enganar alguém em tal plano elevado. As vestes aqui são nobres, na moda da época, e AD não tem ar de plebeu, mas de príncipe, numa altivez. AD aqui é bem sério, digno e austero, como se soubesse que sucesso é para os que o merecem, sabendo que tem que fazer algo se quiser conquistar o respeito das pessoas, num homem que sabe que tem que mostrar algo de bom ao Mundo, nas palavras do mestre Tom Cruise: “Tenho que mostrar algo”. Aqui é um auge de beleza, num AD imponente, que sabe que não pode ser simplório, como na figura do bobo da corte, ou na gíria “Robert”, que é aquela pessoa que, acima de tudo, quer aparecer, simplesmente aparecer midiaticamente, mal tendo algo de bom para mostrar, como um certo senhor socialite, o qual não mostra algo de produtivo ou válido, mergulhado em uma vida improdutiva e não merecedora de respeito – é bem triste, nas palavras taoistas: Ninguém no fundo respeita o Robert. O fundo aqui é bem negro, muito negro, nigérrimo, numa base que faz ressaltar o modelo, como na icônica Primavera de Botticelli, com as divindades embasadas por um fundo escuro, no discernimento: Se digo que algo é claro, é porque conheço o oposto, que é escuro. AD é um gênio do Renascimento, na Época em que a Europa passava por grandes transformações após uma Idade Média de sombras e pestes, na explosão protestante que desafiou o então todo poderoso Vaticano, em rupturas altivas inglesas, o país que rejeitou fazer parte da Zona do Euro, em tensões internacionais, remetendo ao comercial de TV do jogo de tabuleiro War, em sósias de líderes mundiais jogando, nas fogueiras de vaidades, em reis que ascendem e descendem, como num insano Putin, um senhor que perdeu a oportunidade de ficar quieto no seu canto. O AD aqui é um jovem digno de ser desposado por uma moça que quer se casar com um príncipe, como numa mulher que conheço, a qual subiu no púlpito cheia de expectativas e, anos depois, deu-se conta de que se casou com o Radicci, o anti-herói grossão que pouco romantismo tem com a esposa. O AD aqui é bem jovem, sem um só fio de cabelo grisalho.

 


Acima, Autorretrato (3). A paisagem ao fundo promete um mundo melhor, numa saúde de Céu de Brigadeiro, em raros dias de Sol em Londres, num AD nórdico, que testemunhou os longos e deprimentes invernos setentrionais. O adorno na cabeça é uma proteção e um resguardo, no modo como uma mãe tolhe o filho visando o bem deste, numa mãe que pode ser tanto carinhosa quanto dura, talvez no fundo tendo pena do filho ao tolher este. Esses autorretratos de AD se parecem com o astro pop James Blunt, um artista de tamanha sensibilidade, com letras lindas de canções, na dádiva que é a pessoa se colocar para o Mundo, ao contrário de uma pessoa que passou a vida se “escondendo” do Mundo, esperando demais, desperdiçando uma vida inteira: Espero que, na próxima, você não perca tanto tempo. Os fios dourados aqui são como ouro, como nos cabelos de um dourado profundo da Galadriel de Tolkien, a elfa bela e terrível, de enigmática elevação, falando por telepatia com as pessoas. Os cabelos aqui loiros remetem às insanas palavras de Hitler, o maior sociopata de todos os tempos, dizendo que os milharais dourados eram o modo de Deus louvar os cabelos nórdicos arianos, remetendo a uma mulher insana que conheci, certamente uma sociopata, uma mulher que revelava um certo viés pró Hitler, ou como outra sociopata eu conheci, a qual dizia que o Mal é mais interessante do que o Bem, no modo como é claro e fácil de se detectar sociopatas – é só desconstruir as ações destes e ver que estes não têm lógica palpável. O AD elegante aqui cruza as mãos num recato, numa elegância, numa discrição. Seu peito é jovem, sem pelos, num artista feliz, reconhecido ainda em vida, em casos tristes como o de Heath Ledger, recebendo um Oscar após seu falecimento. A janela ao fundo é a abertura de percepções e possibilidades, numa saída, num êxito, na sabedoria popular que diz que a dor ensina a gemer, numa crise que se revela um momento de renovação na vida da pessoa, no modo como as crises são positivas, apesar de se parecerem com um retrato do inferno. AD escolhe roupas majestosas para vestir, talvez num talento de estilista, como nas vestes suntuosas na Pietà de Michelangelo, algo distante da Maria verdadeira, a qual foi uma humilde esposa de carpinteiro, na promessa do Desencarne, quando o metafísico se impõe e a pessoa percebe que pensamento é tudo, no modo como tudo relativo à Matéria perece, pois pode não parecer, mas as pedras preciosas, enquanto matéria, não são infinitas, pois nada, nada se sobressai perante a Eternidade, da qual é impossível se falar, pois, se fosse palpável, não seria a Eternidade. Aqui temos um homem comportado e disciplinado, como nos professores reunidos na sala dos professores durante o intervalo, pois quando o sinal toca e o intervalo acaba, é hora de voltar para a sala de aula e trabalhar, meu irmão, na questão da disciplina, como eu em meu trabalho de redator – hora de sentar em frente ao computador e trabalhar! E o Mundo é assim, repleto de trabalho, com trabalho por todos os cantos, no maravilhoso modo como nenhum mínimo trabalhinho escapa da construção da grande carreira espiritual, nas palavras de minha avó mostrando-se suas velhas mãos: “Estas mãos foram úteis ao Mundo, pois com elas lavei, passei, cozinhei e costurei”. É a dignidade dos produtivos, como um rapaz decente que conheço, o qual trabalha e ergue a cabeça em direção da dignidade altiva. Aqui, realmente temos que tirar o chapéu para o pincel de AD, numa impecabilidade técnica incrível, em quadros que parecem ser fotografias, num serviço que só podia ser contratado por pessoas endinheiradas, como monarcas, no impacto do advento da Fotografia, a qual libertou a Arte da função retratista, até chegar ao Século XXI, na banalização dos dispositivos digitais – hoje, qualquer um pode tirar fotos e fazer vídeos, derrubando a era do filme fotográfico. Estes autorretratos de AD enfrentam e desafiam o espectador, no olhar enigmático de Monalisa, a obra de Arte mais famosa do Mundo, na decepção do visitante no Louvre, ao ver que se trata de um quadro pequeno – tamanho não é documento.

 

Referências bibliográficas:

 

Albrecht Dürer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 13 set. 2023.

Albrecht Dürer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 13 set. 2023.

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