quarta-feira, 5 de junho de 2019

No Olimpo da Arte



Hércules Barsotti (1914 – 2010) foi um artista paulistano que, a princípio, visava ser químico industrial. Começou a pintar por volta de 1940, fazendo desenho têxtil e ilustrações de revistas. Teve sua primeira mostra individual em 1959. A partir dos anos 60, participou de bienais em São Paulo, época em que também lançou mão de muitas gamas de cores. Em 2004, teve uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de SP. Entrou para a Associação Brasileira de Desenhistas Industriais. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, Clara Formação. Acrílica sobre tela. Aqui, é uma nova perspectiva, uma nova vida que se abre, numa pessoa desencarnando e deparando-se com uma nova vida, um novo plano, uma nova realidade. É uma avassaladora aurora, a deusa da luz que vem para nos levar a um lugar de muita beleza, limpeza e paz, como um anjo nos guiando, talvez nosso próprio anjo da guarda, a alma zelosa que nos acompanha em qualquer momento de nossa travessia encarnatória, na ideia reconfortante de que não estamos sozinhos, e até a pessoa mais aparentemente perdida tem seu próprio anjo, mas, infelizmente, não é sempre que ouvimos nosso próprio anjo, e caímos, assim, no sofrimento... A base desta obra é de um pacífico branco, a cor da Enfermagem, da Medicina e do Espiritismo, no modo como conheci a história de um jovem médico, recém formado, que morreu num acidente de carro e, no momento da tragédia, salvou a vida de um bebê que estava em seu colo, e o jovem médico foi enterrado de jaleco branco, tal a honra de seu desencarne, doando-se ao máximo por um irmão, no modo como tudo, na Dimensão Metafísica, gira em torno desse tipo de Amor, o Amor Incondicional, no qual o perdão é regra eterna, pois como poderemos evoluir sem sermos perdoados? No quadro há um brando azul bebê, da cor do bebê cuja vida foi heroicamente salva, e traz um perfume celestial, brando e agradável, no irresistível apelo das fragrâncias, as quais nos hipnotizam, dando uma ínfima amostra daquilo que nos espera após a cova ser esvaziada... Mais ao centro do quadro temos uma explosão dourada, numa dourada cornucópia, como na rica cozinha de um palácio aristocrático, numa mesa farta, como numa galeteria, num imigrante italiano que, ao se deparar com a dura vida de colono, sonhava com uma mesa farta, cheia de carne, polenta, queijo e vinho, no modo como vi o espanto de uma italiana frente à fartura de uma galeteria, pois a cultura da fartura não é do italiano que permaneceu na Europa. Aqui, são como cartas sendo embaralhadas, ou uma máquina de contar cédulas, numa ânsia por diversidade, por alegria, em um mundo tão cinzento e sisudo, como a sisuda rainha Elizabeth II, em seu longevo reinado, e a longevidade serve para nos dar uma ideia (vaga) do que é o Eterno, pois o infinito é muito poder, e passaremos a Eternidade contemplando o poder de Tao, o incessante criador e inventor. Neste quadro não há liquidiscência, mas linhas retas e racionais, num HB fã de formas geométricas e explosões cromáticas. Este quadro tem movimento, e é uma estrada infindável que se desdobra sob nossos pés, num caminho de depuração, de processo incessante, um caminho que visa a feliz perfeição dos arcanjos, nossos irmãos moralmente ultraevoluídos. Aqui, é como uma boca se abrindo para o Mundo, recebendo as energias e vibrações ao redor, como um coração se abrindo a outra pessoa, num momento de entrega, de confiança, como cair sobre uma cama absolutamente fofinha, confortável, limpa e perfumada. São como novos horizontes se desdobrando, no espetáculo cromático de um amanhecer, como um prisma de arcoíris em fidalgos lustres de cristal, na arrebatadora beleza dos clubes mundanos, que imitam os clubes metafísicos. Aliás, tudo na Terra busca imitar a dimensão acima. Aqui, é um balão de São João, ardente, iluminado, num momento de interação social ao redor de uma festividade, havendo nas festas o momento de união em torno de um bem comum, como Caxias do Sul se une para celebrar a uva, o vinho e a indústria em geral. E é esta energia de labor o que move o Superior.


Acima, Cores Perfiladas. Acrílica sobre tela. Temos uma explosão cromática, como um prisma, encantando com seu leque sedutor de cores. É como abrir um figo e ver seu delicado e fascinante interior, na tendência humana eterna em buscar explicações para a Natureza e o Universo, na curiosidade que move mentes, num Tao desafiador, que nos desafia a fazer uso da inteligência e decodificar tais mistérios, no sentido de que Tao não joga, mas fiscaliza. Aqui, é um arco-íris retilíneo, com suas quinas agressivas que chocam e nos avisam para mantermos distância. Barsotti gosta de losangos e outras formas geométricas. Aqui, é como um presente sendo aberto, no prazer da violação, da rasgação do papel de presente, no prazer violador do desbravamento, como exploradores que vieram explorar as selvagens terras do Novo Continente. Temos aqui um esquema de proteção, de garantia, e há várias camadas de segurança, de proteção, como nas várias camadas de proteção em torno das urnas eletrônicas, garantindo o funcionamento da máquina eleitoral, como uma casa devidamente gradeada, com cercas elétricas, para garantir a segurança, a Paz, no sentido de que uma consciência sem paz, sem mente tranquila, sofre o diabo, como uma pessoa que enganou o próximo, o irmão. Então, essa pessoa de má fé se depara com o Umbral, com o inferno astral, no modo como só os de mente pacífica têm estabilidade e Paz. A mente que mente é demente, e o mentiroso, que mente sempre, é naturalmente rechaçado pelo corpo social. Aqui, temos vários invólucros, como nas várias camadas no caixão de um faraó, garantindo a integridade do monarca no pós-vida, na tentativa humana em entender o Desencarne, buscando ter fé para entender o que nos espera metafisicamente, no modo como Tao nos diz que não precisamos temer a Morte, pois a consciência sobrevive à Morte, e só os de mente tranquila conseguem abraçar uma nova vida, uma vida maravilhosa em que o feliz desencarnado não só é feliz como também o sabe. Aqui, temos um pouco das cores da bandeira gaúcha, num povo que, de forma trágica, desafiou o Império Brasileiro e sofreu humilhante derrota, na tragédia que acabou por moldar os traços típicos de uma cultura regional – o Gaúcho. E o artista é assim, desafiando limites e transgredindo paradigmas, com os vários movimentos artísticos que vieram após a consolidação da Arte Acadêmica, fazendo da Arte um verdadeiro transformador social, essencial ao progresso de uma sociedade, havendo em seus artistas o vento renovador vanguardista, numa sociedade que precisa evoluir, no trajeto de depuração moral da Humanidade, pois adquirir apuro moral é tudo em uma encarnação, e aquele que me engana, que me passa par atrás, não tem como ter acesso à dimensão das mentes tranquilas, e, fora da Paz, realmente não há salvação. A cor verde é a cor da Natureza, como uma recente Campanha da Fraternidade, que tinha um viés ecológico, dizendo para preservarmos a Criação de Deus, e, ironicamente, numa Igreja que não aceita os fatos evolucionários darwinianos, numa certa contradição... Então, temos aqui também o vermelho, na cor do sangue derramado do grande Messias, trazendo à Humanidade mensagens civilizatórias de Amor, derrubando por terra a ideia de que Tao é um patriarca rígido, desconfiado e, por vezes, cruel. Então, Jesus nos traz o fato de que tudo se resume a Amor, ou seja, se amo meu irmão, não tentarei o sacanear. A cor amarela é o ouro dos majestosos cabelos de Gisele, um dos maiores monstros da história do Brasil, mostrando que a cabeça está acima da bunda. O tom marrom terroso é a fertilidade de uma mente imaginativa, criativa, como uma fonte que jamais seca, jamais se esgota, como em grandes artistas como Carlos Iotti, fazendo da imaginação um recurso que jamais abandona o artista, no mistério mental – o que faz de uma pessoa ser criativa? O tom alaranjado é como um salmão correndo rio acima, reproduzindo-se e morrendo, nos ciclos da Natureza, no modo como a Vida é feita de ciclos, de fases, com nascimento, plenitude e decadência, e cada cor destas de Barsotti é uma nova fase que se desdobra sob os pés dos corajosos.


Acima, Projeto. Guache e grafite sobre papel quadriculado. O quadriculado e os números remetem a um ambiente técnico, na construção técnica do espírito, uma evolução que visa a mortificação psíquica e, consequentemente, a erradicação de sofrimento, ou seja, das paixões, no modo como uma pessoa apaixonada sofre em um verdadeiro calvário. Aqui temos a paixão de Barsilotto por Geometria, por Matemática, fazendo uma união entre a Áreas de Humanas e Exatas, no modo como todo e qualquer conhecimento humano vem da mesma fonte, que é o Esclarecimento. Aqui, temos a verdade nua e crua dos números, na fria razão, como uma água que, apesar de gelada, é limpa e purificadora, como na benigna frieza da Galadriel de Tolkien, uma espécie de feiticeira que é uma aranha iluminada, elucidada, mapeada e conhecida, jogando a luzes da mente sobre um terreno negro e misterioso, no esforço kardecista em nome da decodificação do Espiritismo. Aqui, temos duas naves alienígenas pairando sobre nosso exótico planetinha, buscando entender nosso modo de vida, quiçá querendo nos mostrar que o Cosmos é repleto de Vida, e de Vida Inteligente. Aqui, temos uma hierarquia, e a navemãe gera a nave menor, talvez enviando um de seus filhos em uma missão exploradora, no modo como a Espiritualidade é repleta de hierarquia, mas uma hierarquia amorosa e fraternal, baseada numa escala de apuro moral – não é uma hierarquia imposta de forma brutal, como a Escravatura. As cores preta e amarela são as cores de abelhas numa colmeia, num organismo de incessante labor, no trabalho árduo que gera o doce mel dos resultados, como um urso esfomeado, devorando uma colmeia, sem se importar com as inúmeras ferroadas que levará como punição. Aqui, o preto e o amarelo formam um contraste, querendo chamar a atenção, no modo como as boas obras de Arte chamam sempre muita atenção, não suportando a ideia de passar despercebidas, pois é difícil imaginar algo pior para um artista do que ser ignorado, com obras que não chamam a atenção. Ser ignorado é amargo, mas num remédio que vem para ajudar... Só que a Vida exige que a mente esteja aberta. Aqui, temos pontas de flechas, na universalidade da Guerra, da discórdia, do conflito, num Ser Humano que, ao ter conflitos consigo mesmo, carrega tal ódio para fora de si, provocando outros povos, outras tribos, provocando o vizinho, vizinho o qual tem que ser respeitado e amado, ou seja, vizinho é algo que tem que ser levado com toda a delicadeza, e aí entra a delicadeza do cavalheiro diplomata. Este papel quadriculado é como uma rua ladrilhada, no labor lento e incessante para que uma cidade seja pavimentada, no progresso chegando a uma comunidade, na reviravolta que foi a pavimentação de cidades como Caxias do Sul. Esses ladrilhos são como grades numa prisão, num presidiário contando os dias para ser libertado, tendo que fazer algo com o tempo encarnatório que lhe é dado. O losango mais abaixo no quadro parece estar girando como um catavento, e podemos ouvir o som do vento uivando suavemente. Aqui, as linhas retas são o pensamento racional, abreviando etapas e racionalizando, como um avião faz uma viagem muito mais rapidamente do que um trem, no irônico modo como algo tão rápido como a Luz pode ser, em termos de medidas cósmicas, uma velocidade ridiculamente lenta, num Cosmos de eterno mistério, com seus confins negros inexploráveis. Aqui, são como escudos aristocráticos, altivos, na elegância de um artista, uma pessoa que, apesar de ter uma atitude transgressora, tem muita classe e polidez, fazendo da Arte esta flecha de percepções, penetrando fundo na mente do espectador, como um cupido, fazendo com que uma pessoa ame este ou aquele artista, na construção de numerosos fãclubes ao redor do Mundo. As formas se encaixam como um quebracabeça, elucidando um enigma que parecia ser tão indecifrável e duro de ser compreendido. São formas simples e modernas, buscando fazer da Simplicidade um canal de comunicação entre Seres Humanos de culturas aparentemente tão diferentes uma da outra.


Acima, sem título. Guache e grafite sobre papel. Mais uma vez, a paixão de HB pelas Ciências Exatas, no modo como todas as formas humanas de conhecimento se interligam, resultando no mesmo destino, que é Tao, o grande esclarecedor. O cubo abaixo tem um movimento, e parece ter sido jogado para cima, como num sorteio no início de uma partida de futebol, deixando a sorte e o acaso decidir quem tem o chute inicial na partida. É a sorte sendo jogada, e o indivíduo se depara com um Mundo duro, com tantos sonhos e projetos naufragando diariamente, no modo como é comum haver tantas e tantas pessoas fodidas – desculpe o termo baixo. É a magia da Racionalidade, como dizia um sábio grego: “A Lei é Razão livre de Paixão”, ou seja, livre de sofrimento. São como os olhos frios da Mulher Maravilha, com seu laço mágico o qual, ao envolver alguém, faz com que este alguém só diga a Verdade. A Mentira são os meandros da Malícia, meandros que não levam a lugar algum, numa irracionalidade, uma falta de sentido, de Tao, de nobreza, como uma pessoa que, por alguns pilas, falta com a Ética e com a Moral e se transforma na serpente sendo esmagada pelos alvos pés de Nossa Senhora – não vale a pena se transformar nisso. Este cubo é o cubo mágico desafiando a inteligência, numa brincadeira sofisticada que só mentes brilhantes conseguem desvendar. E este cubo tem uma natural dualidade, uma contradição, pois não sabemos se ele é côncavo ou convexo, como nas ilusões geniais de MC Escher, o mago desenhista que brinca com nossas percepções, numa obra divertida e inesquecível, como nos desafios de um quebracabeça, exigindo a fria Razão e rechaçando os meandros traiçoeiros das emoções. Este cubo levita livre no espaço, livre, leve e solto, como uma consciência limpa, como um Céu de Brigadeiro, num cenário de certeza, de alguém que encontrou o fio da meada e, finalmente, parou de “se atirar nas cordas” e passou a encarar o fato de que a Vida é luta renhida, como dizia minha falecida vó Nelly, um espírito amoroso, muito amoroso. O pentágono acima é como o Pentágono norteamericano, com o número 5 interpretado de três formas diferentes: é um complexo predial com cinco faces, sendo que no interior há cinco pentágonos concêntricos e num complexo que tem cinco andares de altura. É o prédio sendo vitimado pela violação do 11 de Setembro, o dia em que a discórdia imperou no Globo. Este pentágono é predominantemente dourado, mas tem uma parte mínima negra, no fato de que, na Encarnação, sempre haverá uma manchinha negra sobre o Sol, e a pessoa encarnada nunca pode “baixar a guarda” completamente. É como uma noite se insinuando e tomando conta de metade de uma esfera, no modo como ouvi certa vez uma pessoa dizer: “Depois da noite mais escura, sempre vem um belo dia”. Ou seja, é preciso ter força para virar as páginas, sejam elas doces ou amargas. O pentágono aqui é otimista, pois a luz toma a maior parte da estrutura, como dizia a personagem benévola Feiticeira no filme de He-Man: “A Escuridão pode abraçar a Luz mas nunca eclipsar esta”. Ou seja, é a Esperança, numa fé que precisa se sedimentar intuitivamente, no modo como a enigmática Dimensão Metafísica é tão além da compreensão humana. É como uma maçã com uma parte podre, e não devemos jogar fora o fruto, mas apenas desprezar a parte que não presta, no modo como todas as pessoas têm defeitos, e, como me disse alguém, casar é aguentar os defeitos do outro. A parte negra é a vicissitude material, num corpo carnal que precisa se alimentar e descansar, sempre sujeito à fadiga, no modo como estar desencarnado é não estar mais agrilhoado a tais fatores como fome, sede e fadiga, até que a pessoa se adapte a sua nova vida. E o papel quadriculado são as linhas retas de uma apolínea cidade, num lugar disposto racionalmente, celebrando as luzes do Iluminismo, fazendo da Ciência uma aliada da Humanidade, desvendando os mistérios de doenças como a AIDS. A Vida é um desafio.


Acima, sem título. Serigrafia sobre papel. Um registro de ondas sonoras, no modo como o artista vai projetando ondas que vão lavando o espectador, como em filmes com uma catarse no final, numa sensação de alívio, fazendo com que saiamos da sala de Cinema pairando como gaivotas à beiramar, numa sensação de libertação, de alma lavada. São duas espirais que estão em conflito, talvez concorrendo pela supremacia do quadro, na altas doses de competitividade que tomam conta de qualquer corpo social, como na Escola, quando o indivíduo concorre com os próprios colegas pelas notas mais altas. É um fundo negro como os confins do Universo, com corpos tão distantes, num Ser Humano ainda extremamente imaturo, tal qual um feto, numa Humanidade que sequer nasceu ainda. São como duas coroas de Cristo, no modo como as coroas, apesar de trazerem poder e respeito, pesam sobre a cabeça do soberano, num tomada de responsabilidades, muita responsabilidade, numa pessoa que praticamente se vê forçada a crescer e amadurecer, como numa rainha da Festa da Uva, que inicia o reinado como menina e termina como mulher madura, tal qual as uvas maduras nos parreirais em tempos da Festa. São como ouriços e arames farpados, demarcando um território, exigindo respeito, ameaçando machucar aquele que não mantiver respeitosa distância, como o agressivo herói Panthro, dos Thundercats, com um colete de espetos, como um animal que desenvolve espinhos para manter predadores à distância, num desenvolvimento de táticas de sobrevivência, no modo como qualquer artista tem que sobreviver, mesmo sobreviver ao sucesso em si, o qual pode ser uma prisão, pois como é duro continuar tocando a Vida depois de um doce mel de sucesso! Ou seja, Humildade sempre. E o Mundo não é dos humildes pés no chão? É a força da Simplicidade, abreviando a inutilidade e atendo-se, limpamente, ao essencial, como um chefe de estado, um chefe que só deve agir quando é bem necessário, pois ações desnecessárias são sujeira, e o sujo se afasta de Tao, o perfumado, o minimalista, o saudável. Aqui, são como terríveis raios de tempestade, rasgando os céus, amedrontando, na forma como o artista quer ser isso, uma força natural, um terremoto benéfico. É uma caligrafia desconhecida, enigmática, na possante inteligência de quem soube decodificar o idioma do Egito Antigo – é um trabalho de quebracabeça, um esforço descomunal e persistente, otimista, obstinado, empenhado. Aqui, é um copo trincado e quebrado, com suas traiçoeiras quinas cortantes, num bisturi cortando o paciente, no zelo imparcial de um cirurgião no momento da anestesia, numa pesada carga de responsabilidade. Aqui, é como uma grande mandíbula de predador, com seus dentes afiadíssimos, adaptados para a caça, para a agressão em nome da fome, muita fome, no modo como Agressividade tem a ver com essa fome, e aquele que não tem qualquer Agressividade, perece no campo de batalha, atirando-se nas cordas e esperando que chegue um príncipe que jamais chegará. É o sorriso diabólico do vilanesco Venom, algoz do Homem-Aranha, um vilão que é a força irracional da Escuridão, da Malícia, da intenção de malefício, num pobre coração sofredor, cheio de raiva, cheio de ódio, cheio de antipaz. É como uma vigorosa roda de caminhão, de tanque militar, numa estrutura fortíssima, feita para ter muita resistência, como uma casca de tartaruga, moldada para sobreviver a um mundo tão perigoso, tão cheio de gente mal intencionada. É uma tática de sobrevivência. Aqui, é como a torre de Orthanc, de Tolkien, um lugar que, antes do Bem, rendeu-se ao Mal, traindo amigos fiéis e fazendo da ambição megalomaníaca o combustível para a autodestruição, pois o Poder corrompe a alma do Homem, pois este é fraco, sempre fraco. E não foi Jesus resistente às tentações? As tentações perecem sob a luz da Razão. Aqui, é como um tubo de produto, nos apelos consumistas que levam à acumulação e destroem a Simplicidade, a vida limpa.

Referências bibliográficas:

Hércules Barsotti. Disponível em <www.escritoriodearte.com>. Acesso 29 mai. 2019.
Hércules Barsotti. Disponível em <www.pt.wikipedia.org>. Acesso 29 mai. 2019.

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