Com obra vasta e rica, o
ultracriativo Victor Vasarely merece mais análises aqui no blog, como hoje. Os
textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Geométrico. Placas tectônicas se remexendo e reacomodando-se,
causando o caos dos abalos sísmicos, no poder de um artista em causar metáfora
com o fenômeno natural, causando comoção por meio de obras de arte catárticas,
na libertação do vômito catártico, “lavando” a alma do artista. O fundo negro
são os confins da Eternidade, na enorme incapacidade humana em apreender tal
poder infinito. O preto é como a sujeira das mentiras do submundo, com
espíritos sofredores arrastando-se, sofrendo por sua própria maldade e malícia,
imundos como mendigos, a anos luz de entrar no chuveiro e tomar um banho de
renovação espiritual, pois limpeza rima com beleza. Estas formas de VV parecem
girar, como um relógio, como no ciclo das estações climáticas, no poder que a
Op Art tem em brincar com o espectador, na ironia de que vemos movimento em
algo que, a princípio, é inerte. Os círculos são dois grandes olhos, olhos
ávidos por uma explicação que elucide os porquês da Vida. São como olhos de um
animal faminto, farejando comida pelo mato. São como os olhos noturnos felinos,
totalmente dilatados, conseguindo ver o que o Ser Humano não vê. A figura
remete ao brinquedo Genius dos anos 80, exigindo uma memória enorme da parte do
jogador, e posso até ouvir o barulhinho do brinquedo, com sons lúdicos. A
sisuda moldura é cinza, sóbria, em harmonia com o sério fundo negro, na
profundidade do luto, um momento de recolhimento e tristeza, num stress
pós-traumático, quando a pessoa começa a perceber a totalidade de tal perda, de
tais consequências. O preto é a cor da sujeira, e a pessoa começa a sentir a
necessidade de se desapegar de alguns aspectos, rumando assim para a limpeza de
Tao, o essencial, o perfumado, aquele que só atende ao que é necessário e
vital, rechaçando as frivolidades inúteis, rechaçando os sinais auspiciosos que
seduzem e iludem, sinais que tiram do chão os pés da pessoa. Aqui, é como uma
vista aérea de um grande ciclone, como numa foto de satélite, no olho do
furacão causando todas as suas comoções, mexendo com as vidas de todos, como
num filme que se tornou um grande blockbuster, num sucesso esmagador, no modo
como o sucesso é uma maldição, fazendo com que a pessoa bem-sucedida tenha uma
monumental força para sobreviver e continuar tocando a Vida para frente, como
nos seis protagonistas da série televisiva Friends,
na força que exige para que a página seja virada, pois se tenho sucesso, quero
ficar para sempre neste momento, o que não é possível. Aqui, as formas
arredondadas sofrem com as quinas agressivas, como no paciente trabalho de um
escultor, lapidando calmamente até atingir o nível sonhado de excelência, como
numa Pietà de Michelangelo, dando-nos
a divertida impressão que aquela duríssima pedra é macia como veludo, com
magistrais detalhes, como as veias protuberantes na mão do Salvador. É a
capacidade da Arte em nos transportar para outros mundos, outras dimensões,
como na longínqua galáxia de Star Wars.
Esta forma cíclica é como água escorrendo pelo ralo, nos mistérios astronômicos
– o que há no dentro de nossa galáxia? É o enigma de Tao, o centro de tudo, enigmático
em sua máxima força de união, concebendo o Universo e dando coesão a este, como
no talento de um patriarca em agregar, como numa noite de Natal, com crianças
abrindo seus presentes e uma farta mesa de pratos natalinos. Esta engrenagem
cíclica de VV me remete aos salões de bailes de carnaval, nos quais,
instintivamente, as pessoas dançam pelo salão no formato cíclico, formando tal
redemoinho. Aqui, é como uma casa com criança pequena, com tudo girando em
torno do infante, do bebê, na ciumeira que acomete um irmão mais velho, o qual
se dá conta de que não mais é o pequenino da casa.
Acima, Planetary Folklore Participations nº 1. Uma festiva explosão
carnavalesca, na alegria de um pulsante baile de Carnaval, com as pessoas
vestidas ridiculamente com suas fantasias, num momento em que toda a sisudez da
Vida é colocada de lado, num momento da pessoa sair um pouco de sua velha
rotina séria. Aqui, é um objeto vibrante, muito pulsante, numa abundância, numa
fartura, como num reino mágico, onde só há bem estar e fartura, beleza, no modo
como uma cidade como Gramado, num destino turístico que está sabendo muito bem
como se vender ao turista. Aqui, é um painel divertido, e os quadrados são como
se fossem homens; os círculos, mulheres. É uma alma sensível, receptiva aos estímulos
externos. É como o “louco” sistema de luzes de uma boate, num ambiente
glamoroso, cheio de cores e estímulos, no mágico momento de interação social,
na explosão das discotecas nos anos 70, uma época que adquiriu muita identidade
própria, no gênero que nasceu na época – a Disco Music. Aqui, é uma joia de
valor inestimável, cheia de pedras de várias proveniências. É a diversidade,
com, várias raças, crenças, cores, sabores. E tal colorida diversidade só é
possível por meio do respeito, pois se a diferenças não são respeitadas, como
poderemos ter tal paleta multicolorida? A ilusão de ótica de VV dá a impressão
de que as formas estão trocando de lugar umas com as outras, como inquilinos se
mudando de apartamento. É um momento de mistura, reunião e assembleia, como num
pomposo baile de gala, quando as pessoas buscam ter a melhor aparência
possível, fazendo metáfora com os elegantes acontecimentos da Dimensão
Metafísica, com bailes coloridos em que a polidez e a irmandade tomam força,
muito longe de brigas entre rivais em eventos sociais na Terra. Aqui, são como
vários peixinhos vindo à superfície para fisgar alimentos e presas. É como um
biossistema farto, com criaturas exóticas, na exuberância de Fauna e Flora que
encantou a Europa na Era das Navegações, na descoberta de novos mundos, com
indígenas canibais, em níveis básicos e toscos de evolução moral. Aqui, uns vão
entrando no lugar dos outros, numa fluidez constante, no fato de que tudo é
processo, e a reorganização denota evolução e aprendizado, como num quadro
negro escolar, o qual cujo giz está constantemente sendo apagado para dar
espaço a novos aprendizados, no incessante e paciente labor docente, numa
dedicação em relação às crianças – estas são o nosso futuro. São como borbulhas
de um espumante, na deliciosa sensação cremosa na boca, no polido momento de
brinde, desejando concórdia e amizade, tentando, assim, compreender a
inabalável Paz Divina Metafísica, o nosso destino final, no modo como tudo
acaba bem. Aqui, é uma feira de hortifrutigranjeiros, com frutas fresquinhas e
coloridas, numa abundância tropical de sabores tão exóticos, como uma manga.
Podemos ouvir aqui o som de videogame, cheio de estímulos visuais e sonoros. As
cores misturadas são um prazer, num acontecimento em que todos somos irmãos,
somos iguais, na ironia de que os vínculos de família resistem ao Desencarne –
sempre teremos parentes, os quais são importantes referências na Terra. Aqui,
são bandeiras nacionais de vários países, das cores de bandeiras em frente ao
prédio da ONU, na nobre intenção diplomática em estabelecer harmonia entre os
povos, uma harmonia a qual, infelizmente, parece ser difícil de ser imposta,
mas a Humanidade tem futuro. Aqui, é um saco de doces balas coloridas,
encantando a criança, como num rico vitral de igreja, banhando de cor a fé do frequentador,
na magia que as cores exercem. É um desfile alegórico, encantando com a alegria
do momento de união e celebração. É uma dança dinâmica, num baile onde os pares
estão constantemente sendo trocados, numa divertida “suruba”. São pessoas
conhecendo umas às outras, como numa tribo, em que todos se conhecem, como
índios fazendo pinturas em seus próprios corpos, na magia de um momento
extraordinário, que foge das obrigações do dia a dia.
Acima, sem título (1). Uma
barriga de mulher grávida, inchada, prestes a parir, nas inevitáveis dores, no
modo como as dores existenciais são inevitáveis, pois fazem parte do
aprendizado do indivíduo. Aqui, é como uma catarse prestes a ser deflagrada,
como numa explosão de supernova, afetando tudo e todos ao seu redor, como um
artista sendo revelado ao Mundo, numa revelação, como Gisele no ano 2000, mostrando
que, por exemplo, uma rainha da Festa da Uva tem que ter alma de artista, de
diva, pois, do contrário, não será um reinado marcante. Aqui, VV nos traz
distorções gráficas, dando a impressão de que estamos olhando para algo em três
dimensões, como se o quadro estivesse extrapolando os limites da moldura e
tentando nos tocar, nos afetar, nos escandalizar, na tarefa artística de tocar
a percepção do espectador. É um quadro absolutamente simétrico, e, bem ao
centro, uma perfeita esfera, um círculo vazio, no enigma taoista da serventia,
numa pessoa nobre, desprovida de vaidades de Ego, uma pessoa que se torna
alguém com o poder de unir as pessoas em torno de algo em comum, como no
incrível poder de liderança que teve o diretor Fabio Barreto, um cineasta que
uniu inúmeras pessoas no heróico esforço para produzir sua obraprima – foi uma
inenarrável aventura, amigo Fabio! Aqui, é uma protuberância, um movimento, um
esforço, como se a figura quisesse se libertar, no modo como o Ser Humano quer
isso, libertar-se, mas, no entanto, temos que abraçar os nossos dias de
encarnados, de prisioneiros, chegando o Desencarne no momento em que a Divina
Providência decidir, como num grande tribunal, mas um tribunal amoroso, sem as
duras arestas das grosserias mundanas do Ser Humano. Este quadro joga com tons
de azul, tons limpos, refrescantes, como uma refrescante colônia, na busca de
metáforas que busquem nos fazer entender o frescor metafísico da eterna
juventude, pois a Vida não cessa; as pessoas não morrem, ou seja, a Velhice e a
Morte são meras ilusões, ilusões que, para o psicopata, são reais, pois os
espíritos toscos não aceitam a morte do corpo físico. Aqui, é como uma esfera,
um planeta. Temos a impressão de que, nos quatro cantos na diagonal, esta
estrutura está sendo puxada, tensionada, testada, tendo que apresentar muita
resistência, como algo industrial sendo testado, como um produto de higiene ou
limpeza. São as provações da Vida, sempre nos testando, sempre querendo que
cresçamos e evoluamos, deixando par atrás a frívola tolice dos sinais
auspiciosos. Aqui, há uma hierarquia, pois temos círculos maiores e menores,
havendo ao centro, no topo de tal pirâmide orgânica, o maior círculo de todos,
como no modo do egípcio antigo em organizar o Universo com o faraó ao centro,
ao topo, nas inevitáveis hierarquias do Mundo, como na diferença de idade, com
noções civilizatórias de reverência e respeito. Aqui, é como um chiclete, uma
borracha, muito flexível, como o poder da sobrevivência, numa pessoa que passou
por um episódio muito escuro e pesado, conseguindo sobreviver e continuar
tocando a Vida para frente. Esta forma é como a tradicional pichorra nas festas
mexicanas, um boneco gordo, cheio de doces no interior, com uma pessoa, de olhos
vendados, querendo acertar a pichorra com um porrete, libertando os doces e
trazendo fartura e riqueza ao Mundo. É a violação, o prazer da violação, da
agressão, na sensação gloriosa de descarrego ao batermos num saco de pancadas,
libertando as tensões e as mágoas. Aqui, é uma preciosa estrela brilhando para
todos os lados, no poder fascinante que as estrelas no céu noturno exercem
desde sempre sobre o Ser Humano. Aqui, temos um quadro voluptuoso, que nos
convida ao toque, como disse certa vez LF Verissimo sobre uma escultura de um
certo artista, chamando tal obra de “bolinável”. É o poder das obras de Arte
que convidam à interação, à intervenção do espectador, na tentativa de um artista
em arrastar o espectador para dentro da mente deste mesmo artista.
Acima, sem título (2). As
almofadas buscam fazer metáfora com a deliciosa sensação de liberdade da
Dimensão Metafísica, numa confortável sala de estar com um anfitrião fino, que
faz com que os convidados se sintam muito bem. Este quadro é pulsante e
dinâmico, típico da Op Art. Vemos um jogo dinâmico entre côncavo e convexo,
numa vibração musical, com os opostos se unindo e formando uma só moeda, com o
discernimento entre público e privado. Este azul é discreto e nobre, no termo
“sangue azul”, uma tentativa milenar humana em, por meio da Aristocracia,
mapear a apolínea e fina beleza imaterial, na virtude que é o desapego em
relação ao mundano, ao vulgar. Aqui temos tabuleiros de Xadrez sendo
manipulados, como se fossem feitos de um material bem flexível, como borracha
ou plástico mole. É a necessidade que a pessoa sente em se adaptar, em se
adequar a alguma realidade ou contexto. É o discernimento entre matriz vazia e
cópia cheia, no modo como Tao tem que se esvaziar para, assim, poder produzir e
ser útil ao Mundo. É o curioso link existente entre opostos que parecem estar
tão distantes um do outro, na relação de união e continuidade que mantém unido
todo o Universo, com astronautas da NASA vendo, no espaço, pelas janelas da
Estação Espacial Internacional, objetos voadores estranhos... Na extrema
direita superior, vemos um velho monitor de televisão, sutilmente convexo, como
se quisesse entrar em nossas casas e tocar nossas mentes, no modo como a
televisão se tornou uma das maiores invenções humanas, indo além do Rádio e mostrando-se
um aliado do Cinema, para, depois, desenvolver-se na Internet, no inocente pecadinho
da Preguiça, pois grandes invenções nascem deste pecado – porque sair de casa
se posso falar com você pelo telefone ou mandar um e-mail para o outro lado do
Mundo? Aqui, há um jogo entre ligar e desligar, no controle remoto obediente,
no modo como a pessoa tem que adquirir tal controle sobre sua própria vida, mas
sem a ilusão de querer retroceder, adiantar ou pausar... Aqui, é um piso em
Xadrez, no complexo exercício mental de prever movimentos no tabuleiro, na
forte noção hierárquica entre as peças, fazendo metáfora com as hierarquias
mundanas, como no sistema militar, cujo combustível é o respeito aos limites
hierárquicos. Aqui, temos um som de algo inchando e murchando, como numa
respiração, como no vaivém das ondas do Mar, no sopro de vida de Tao sobre o
Adão feito de barro, ou como Zeus transformou um pedaço de barro na Mulher
Maravilha, no poder das mãos humanas em pegar algo e transformar, algo que,
mesmo os inteligentes macacos, não conseguem fazer, fazendo da Arte uma das
maiores provas do brilho da mente humana, buscando inspiração nessa fonte
dourada de nobreza que é o Reino dos Céus, a Matriz de Tao. Aqui, é o jogo
entre claro e escuro da xilogravura, como um carimbo, como um nobre carimbo com
o brasão do Vaticano em correspondências antigas, no discernimento taoista – se
quero vencer, tenho que, antes, ser derrotado... Como no fato que a Física traz
– se quero ir para a frente, tenho que, antes ir par atrás, pois o pensamento
raso e arrogante não entende o que é nobreza metafísica. Aqui, são como
estrelas coruscando, como numa vibração de Código Morse, como se fossem os
poetas no Céu, querendo ser compreendidos por nós na Terra. Este quadro é como
uma caixa toráxica respirando, num simples mistério – o que é Vida? É como uma
casa arejada, com as janelas abertas para que o Sol entre e para que tal ar
renove o lar, na beleza de raios de Sol inundando um lugar, na celebração da
Vida e da Beleza, no maravilhoso renascimento que é o Desencarne, na metáfora
da Ressurreição de Cristo – o corpo fica par trás; a mente sobrevive. É como o
termo “vão os anéis, ficam os dedos”. E ser precioso é exatamente não se deixar
levar por pedras preciosas! É a contradição do Cosmos, em divertidas lições de
Tao, o professor adorado. Aqui, são dois olhos – um conservador e outro
moderninho.
Acima, sem título (3). Um
labirinto mágico, com VV nos guiando numa viagem, ou num truque traiçoeiro. A
Op Art usa o fato de que tudo traz em si sua própria contradição, ou seja, os
dois lados da moeda convivendo pacificamente, no fato que cada um enxerga o que
quiser enxergar. O fundo á dourado, áureo, nos júbilos em cima de um artista
que conseguiu, ainda em vida, conquistar fama, prestígio e reconhecimento. É o
fascínio humano pelos metais preciosos, fazendo do Ouro um símbolo, na Terra,
do rei Sol que nos banha todos os dias. Observar a contradição é o mesmo do que
observar o céu noturno estrelado de duas formas: uma forma é observar com você
em pé, vendo o Céu como algo que está acima; a outra forma é virar de cabeça
para baixo e ter a impressão de que o Céu está caindo sob seus pés. Os modos
humanos de medir Tempo e Espaço são inúteis frente à totalidade do Cosmos, no
qual, na verdade, não há Norte nem Sul, e não há hoje nem amanhã, fazendo da
Terra uma ínfima esfera em meio ao infinito. Aqui, o vermelho é como um rubi
sangrento, no vinho da missa que se transforma no sangue do Salvador. É a sede
do vampiro pela jugular alheia, querendo sempre se aproveitar de outrem para,
na sua insignificância, obter vantagens em relação a seus irmãos. Esta joia
colorida de VV paira no ar, flutuando, como se tivesse os meios para se
autossustentar, como uma estrela no Céu, ou como um artista que soube provar
ser independente em seu brilho, atingindo o ambicionado plano dos grandes, dos
célebres, em meio a tantas e tantas pessoas comuns, na inevitável luta do
“cresça e apareça”. É o desafio da Vida, com pessoas que nasceram no nada e,
depois de muita luta, conquistaram seu espaço, havendo pessoas que, mesmo com o
apoio de uma mãe poderosa ou um pai poderoso, jamais deslancharam nem provaram
ter autonomia de voo. Este cubo mágico parece girar ludicamente, como um gato
brincalhão. É como se fosse a brincadeira de ciranda, ou o brinquedo num
parquinho de diversões que gira, ou como num carrossel, num fluxo majestoso,
régio, que guia tudo e todos na mesma direção, no prazer da comunhão, do fazer
parte de algo e ter algo em comum com o próximo, como um irmão. É a comunhão na
missa, no momento em que somos todos absolutamente iguais, filhos do mesmo Tao,
plantas do mesmo vaso. VV faz com que nossos olhos deslizem pela tela, como num
simulador de voo, num fluxo intermitente, como um rio que jamais seca. Aqui,
são como azulejos, colocados com tempo e paciência, mostrando como a Arte pode
ser mágica e inquietante. Este cubo pulsa, inspirando e expirando, no calor de
um beijo entre dois apaixonados, num momento de entrega, em que um confia ao
outro todas as suas tristezas existenciais, suas dores de Vida. Aqui, é como um
jogo de videogame, num palácio mágico e traiçoeiro, cheio de divertidos
corredores confusos, numa espécie de “casa maluca”. VV nos surpreende em nossa
noção ótica, e mostra que o buraco é mais embaixo, rejeitando os medíocres, os
medianos, estabelecendo que o artista tem que ter algo de válido para mostrar.
São os azulejos azuis de uma piscina, no momento delicioso de férias de verão,
com as brincadeiras na água, com felizes lembranças de juventude. São como as
luzes loucas de uma boate, explodindo numa fartura, tocando fundo na mente de
uma pessoa sensível, produzindo estímulos, sendo o Mundo um lugar um tanto duro
para quem tem alta sensibilidade, na necessidade da pessoa criar uma espécie de
“escudo” para se proteger eventualmente. São caminhos confusos que levam para o
nada, numa brincadeira de VV. É como uma sala de espelhos, cheia de truques e
ilusões, no modo como pode ser difícil para a pessoa estabelecer um Norte na
própria vida. Aqui, o Mundo é uma esfera só, e Norte e Sul fazem uma dança,
como se estivessem namorando. É um relógio que gira e que acaba voltando ao
ponto inicial, no eterno recomeço.
Acima, sem título (4). Uma
avalanche de cubos, como numa furiosa chuva de granizo, deixando um rastro de
destruição e prejuízo. Há cubos iluminados, vistos e reconhecidos; outros,
mergulhados na obscuridade, lutando para conquistar um espaço ao Sol. Os cubos
formam escadas intermitentes, que levam a uma infinidade de lugares. Podemos
ouvir o som dos passos pelas escadas, como nas mágicas escadas da escola de
Harry Potter, com tais escadas mudando constantemente de lugar, pregando peças
em quem busca subir e descer, num constante trabalho de remanejo e reajuste.
Aqui, é um ambiente técnico, frio, na construção técnica do espírito, na
construção do Pensamento Racional, da Razão, da Objetividade precisa, no modo
como o Espiritismo abraça incondicionalmente a Ciência, pois se o Ser Humano é
universal, também é universal o Conhecimento, pois este é obra do Ser Humano.
Aqui, é a construção de um grande prédio, ou a aglomeração de vários barracos
em uma favela, numa ocupação desordenada, trazendo riscos de deslizamentos em
tempestades. É o aconchego da vizinhança, no modo como dá gosto visitar de
pantufas um vizinho, na sensação de conforto e familiaridade, numa pessoa que
está feliz e confortável dentro da própria vizinhança, encontrando Paz em seus
dias na Terra, pois se não tenho Paz, como posso ser feliz? Esta construção é
ambiciosa, ilimitada, como a Torre de Babel, desafiando Deus e desafiando os
limites, limites que o Ser Humano sempre busca cruzar, em sonhos de Engenharia
futurista do desenho Os Jetsons.
Aqui, é uma foto de microscópio, mostrando cada célula sanguínea, no furioso
fluxo venal e arterial, na eterna demanda do corpo em renovar o sangue, como na
filtragem dos rins. Aqui, é como uma infecção em pleno desenvolvimento, com a
reprodução bacteriana desordenada, numa doença que só cresce, como num câncer,
no constante esforço da Medicina em desvendar os segredos que cercam o Ser
Humano. São como fartos cachos de uva, na fartura das vindimas, com tantas e
tantas festas na Itália, o país da vindimas. É a celebração da Vida e da
Fartura, como se vivêssemos num mundo perfeito, num mundo jamais tocado pelas
vicissitudes da Matéria. É a promessa da Ressurreição, um caminho que exige Fé,
pois nada pode ser provado... Aqui, é como uma pedra preciosa cheia de arestas
de lapidação, num majestoso e paciente trabalho de aprimoramento, no caminho
eterno de aprimoramento espiritual, no modo como os Espíritos Perfeitos gozam
da Felicidade Suprema, recebendo as ordens diretamente de Tao. Aqui é uma
grande queda de uma geleira, ou num esquiador sendo soterrado abaixo de
toneladas de neve brutal. É como um prédio ruindo num terremoto, com vários
tijolos sendo dissociados e jogados ao chão. É como um chão de cascalhos num
estacionamento. É uma molécula altamente complexa, composta por muitos cubos.
Talvez sejam as células de defesa imunológica do corpo, unindo-se para cercar e
eliminar o agente infeccioso. É uma cena de engajamento comunitário, para fazer
acontecer uma Festa da Uva, ou qualquer outra celebração comunitária, num
momento (raro) em que as pessoas esquecem suas diferenças e unem-se. É um
punhado de areia, muito farto, na abundância absurda de galáxias no Cosmos,
ficando impossível que o Ser Humano faça uma catalogação completa. É um
depósito cheio de caixas empilhadas, como num tesouro no túmulo de um faraó,
com os bens empilhados, bens que serão necessários no pós-vida. É como se cada
cubinho fosse um pixel, podendo, assim, constituir formas complexas, no modo
como os princípios da Computação trouxeram formas com arestas e degraus, sendo altamente
possível observar tais pixels. É como uma farta plantação esperando para ser
colhida, com tratores separando os grãos de soja. É a sadia brincadeira
infantil de empilhar blocos e formar edificações, no desenvolvimento do
intelecto. São pipocas estourando na panela, na explosão de Vida que ocorre em
nosso lindo planetinha.
Referências bibliográficas:
Victor Vasarely. Disponível em <www.catalogodasartes.com.br>.
Acesso 16 out. 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário