Falo pela terceira vez sobre
o pintor suíço Félix Vallotton. Os textos e análises semióticas a seguir são
inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Loira Nua. 1921. As perspectivas de uma mulher, com seu ventre
fecundo. Temos aqui traços um pouco de Salvador Dalí, tendo este colocando a
própria mãe em suas obras, externalizando de forma terrivelmente clara o
natural Complexo de Édipo. Aqui, não é uma nudez que agride, mas uma nudez um
tanto pudica, e é exatamente a timidez o que torna o quadro ainda mais
provocante, no jogo entre esconder e revelar, pois a vulva está descoberta, mas
os seios estão quase todos tapados, como na timidez de uma mulher que pisa,
pela primeira na vida, em uma praia de nudismo. Aqui, é como uma Vênus de
Botticelli, emergindo das perfumadas e misteriosas origens oceânicas, com um
cheiro de brisa do Mar, de um cheiro de um banheiro pós banho, num odor
libertador, no hálito do Lar Primordial, na metáfora ao final de O Senhor dos Anéis, com barcos zarpando
para iluminadas praias doces, num lugar de beleza completamente inabalável; num
lugar onde temos a mais completa certeza de que somos (muito) especiais e
amados. Aqui, temos um Céu de Brigadeiro, limpo, majestoso, num degradê que
remete a paisagens de praias gregas, num cenário de aurora, na grande pérola
dourada aquecendo os sonhos humanos. Esta loira, apesar de bela, não é
semianoréxica como as contemporâneas modelos, mas numa corpulência digna de
Monroe, num corpo que, apesar de não magérrimo, é tortuoso e belo, com uma
cintura magra e quadris amplos. Esta mulher pode estar no início de uma
gravidez, guardando o segredo em relação à interrupção dos próprios ciclos
menstruais, nas confortáveis paredes uterinas, no trauma que é o nascimento,
com a pessoa sendo tirada de sua feliz vida e trazida ao duro mundo físico,
como em Cidadão Kane, num
moleque feliz e contente, brincando com o trenó Rosebud na neve, arrancado de
sua feliz infância para entrar, prematuramente, em um mundo tão duro, num
personagem que, ao leito de morte, suspira o nome do brinquedo, lembrando de
uma fase da vida em que as coisas eram mais simples, como na simplicidade da
Infância, numa época em que o espírito traz resquícios da Dimensão Metafísica.
Estes seios da loira nua de Vallotton parecem lactantes, nos fascínios de uma
mãe nutrindo, como queijos de vaca ou búfala, na magia de se mamar numa
caixinha de leite condensado, na época de uma infância doce, simples, quando nossa
única obrigação era estudar, brincando nas horas vagas. O umbigo aqui está
claro de se ver, na primordial cicatriz que todos temos, num lembrete do cordão
umbilical, como o cordão que une corpo à mente, e esta mulher grávida já foi,
certa vez, hóspede do ventre de outra mulher, havendo aqui uma metalinguagem –
gravidez falando de gravidez, como na brincadeira de bonecas russas, com toda
uma linhagem de férteis mulheres, nas obrigações misóginas patriarcais nas
quais o papel de uma mulher é ter filhos, lavar, passar etc., na transgressão
de uma Hatshepsut, a feminista transgressora que governou um Egito Antigo o
qual só podia ser governado por homens. Aqui, a mulher abraça a si mesma, num
ato de amor próprio, de autoestima, de autopreservação, sendo imprescindível o
amor próprio, pois como posso amar o Mundo (e ser amando por este) se não me
amo? Algo que me remete a uma professora que tive no Ensino Médio, a qual, na
época, era uma mulher arrumada, com autoestima, mas que, atualmente,
definitivamente parou de se arrumar... Os cabelos desta musa de Vallotton caem
como úmidas algas marinhas, no cheiro de Mar, de peixe fresquinho, como numa
feira pascal de peixe vivo, no cheiro de praia, num cheiro que nos convida a
colocar chinelos e levar uma vida mais simples e à vontade, na sensação
deliciosa de libertação, na metáfora entre orgasmo e êxito, como se formar no
Ensino Superior, coroando todo um processo esforçado de muitas e muitas manhãs
acordando cedo para ir estudar. O rosto desta loira é digno de estrela de Cinema,
mas um rosto misterioso, um tanto encoberto em segredos de Fé.
Acima, Camarotes no Teatro, o Cavalheiro e a Dama. 1909. Este é um quadro
minimalista, com poucos elementos. A mulher está com um chapéu que era moda na
época em que a cena foi pintada. A mulher, com uma elegante luva, está querendo
se destacar, exceder-se, libertar-se, e sua mão está sutilmente para fora do
camarote, no desejo de um prisioneiro em chegar no glorioso dia de libertação,
deixando para trás o cárcere, para nunca mais voltar e este. O rosto da dama
está envolto em sombras, como um artista que se sente muito obscuro e pouco
reconhecido, com tantos e tantos artistas que só são reconhecidos depois de
morrer. O fundo do quadro é bem negro, envolto em dúvidas, com um vinho bordô,
de cor bem fechada, com uma garrafa sendo aberta, liberando suas camadas sutis
de sabor. É algo imprevisível, e a plateia está escurecida, em contraste com o
palco iluminado, no momento mágico de Teatro, na indescritível sensação do ator
que está no palco, encenando, brilhando em frente a todo o corpo social, em
frente daquelas pessoas que pagaram o ingresso e que estão ali prestigiando o
artista, como num grande artista, que se sente sendo o centro do Universo ao
receber aplausos esfuziantes, no prazer de uma pessoa que sabe que está no
lugar certo, fazendo a coisa certa. Este casal parece não estar prestando muita
atenção na peça, talvez por serem um casal, ou amantes, e parecem ter discutido
um com o outro, desviando totalmente sua atenção da encenação no palco. É como na cena inicial de A Época da Inocência, com Newland e Ellen,
os amantes apaixonados se encontrando pela primeira vez num teatro, e já nesse
momento a sociedade percebendo o enlace discreto entre os enamorados. Aqui, o
homem está tolhido, e só podemos o ver do nariz para cima. O homem aqui é um
ator coadjuvante, num papel sutil, não protagonista. O protagonismo da cena vem
da elegante mulher, e sua alva luva é iluminada por um suntuoso lustre de
cristal no teatro. A luva branca é a pureza de intenções, a inocência, como uma
pudorosa página em branco, pronta para ser escrita com a história deste casal
de amantes. Nesta cena, o camarote tem um majestoso tom de dourado, como numa
aurora bela, cheia de camadas de cores, na magia da Estrela da Manhã,
anunciando e beleza de um novo dia, no fascínio que as estrelas ao céu exercem
sobre o Ser Humano desde sempre. Parece que este camarote é feito de ouro, num
recinto que exala dinheiro, poder e elegância, como nos palácios metafísicos,
descaradamente copiados pelos pobres palácios do Mundo Material. Podemos ouvir
aqui o som de uma cantora lírica, como uma Marília Pêra encarnando Maria
Callas, no momento em que a diva da ópera, no Scala de Milão, sente-se o centro
do Universo, arrebatando multidões, em algo que acontece ao fim de uma peça:
depois dos aplausos, o teatro fica em silêncio, e os espectadores saem do
lugar, com os bastidores do teatro ficando quietos novamente, com um ator que,
por mais aplausos tenha recebido, tira sua maquiagem, tira a roupa do
personagem e vai dormir, num trabalho como qualquer outro, como num gari que,
depois de um dia tendo deixado impecáveis as calçadas de uma cidade, acorda no
outro dia tendo que retomar a rotina, num trabalho de construção, destruição e
reconstrução, nunca cessando, sempre agindo, sempre produzindo. É como um
Vallotton, o qual, depois de vender um quadro, volta a seu estúdio para
continuar pintando, no modo como a Vida exige que tenhamos esse espírito de
guerreiro incansável. Imaginamos aqui como deve ser belo o traje desta dama,
com um vestido comprado recentemente em uma luxuosa maison parisiense, no modo
como Paris pulsa novidade de Moda e Estilo. As plumas ao topo do chapéu
tremulam sutilmente, delicadas, como um doce beijo carinhoso entre enamorados,
no modo como a sutileza se sobrepõe à brutalidade, como num rei que sabe que não
deve interferir no dia a dia de um pacato cidadão.
Acima, Paisagem. 1918. Esta árvore parece estar dançando ao vento, em
pleno processo de crescimento, esgueirando-se, como no processo de construção
espiritual, na grande escola que é a Vida, pois morremos sendo pessoas melhores
do que éramos ao nascer, no grande sentido da Vida – crescer, num encadeamento
de processos, pois enquanto a criança se torna adulta, o espírito cresce
moralmente. Aqui, temos um dúbio céu cinzento, nas dúvidas de um dia nublado,
encoberto, sem podermos observar a majestosa clareza do Sol, num labirinto
cheio de meandros e pistas falsas, no modo como cada pessoa tem que ser
autodidata, pois não há faculdade que ensine como viver. É uma silenciosa cena
rural, num lugar bem retirado, longe dos barulhos de uma urbe vibrante. Podemos
ouvir o sensual farfalhar das folhas da árvore, com o vento beijando as folhas,
fazendo amor, como um doce e minimalista chuvisco, molhando lentamente a terra,
trazendo vida a uma casa com uma lareira para aplacar a umidade. Ao fundo,
vemos muitas folhagens douradas, e parece ser uma plantação em período outonal,
como nos vinhedos começando a hibernar após a colheita de Verão, nos ciclos da
Vida, como numa pessoa sábia e pacata, que tem a calma e a paciência para observar
as estações indo e vindo, como num sábio preto velho, quieto no seu cantinho,
só observando os egos humanos ascendendo e descendendo, com tantos e tantos
governantes ambiciosos, nunca satisfeitos com as terras dos próprios reinos, sempre
querendo mais, na melodia de insatisfação que fomenta guerras, com impérios e orgulhos
surgindo e desaparecendo, enquanto Tao, sempre subestimado, permanece quietinho
no seu canto, contentado, pois o coração ambicioso não pode ter Paz – é uma
maldição. Aos pés desta tortuosa árvore, que parece ser colunas barrocas, vemos
um terreno um tanto inóspito, numa porção de terra na qual pouca coisa vigora,
como se a árvore fosse uma vampira, num explorador ganancioso, cobrando
aluguéis e impostos, infernizando a vida do pacato cidadão, pois este não
respeita, no fundo, o líder aguerrido e odioso, na tristeza que são as
ditaduras. Nesta terra infértil, vemos algumas gramíneas, lutando para
sobreviver, como num lutador em um octógono, encurralado, enfrentando o preparo
físico do oponente, no fascínio humano pela competição esportiva, como na
terrível arena do filme Mad Max:
“Dois homens entram; um homem sai”. Nesta cena, vemos discretas flores brancas,
mas não se trata de uma paisagem abundantemente florida, cabendo à pessoa ter
que se contentar com o pouco que lhe é entregue às mãos, pois, sem contentamento,
como posso ter Paz? Podemos ouvir o som do doce vento, talvez numa tempestade
se armando, talvez numa redentora chuva de Verão, refrescando e trazendo alívio
após um dia abafado e escaldante, como no alívio das chuvas em meio a regiões
castigadas pela seca, como no clipe Segue
o Seco de Marisa Monte, com o sofrimento do povo nordestino, com o bálsamo
de um final feliz, com a harmonia sendo restabelecida em pingos que fecundam a
terra, pois a Vida de cada pessoa é esse terreno seco, dependendo de mim mesmo
se chove ou não em minha “horta”. Esta árvore não é de um vibrante verde
tropical, mas de um verde musgo, discreto, esmaecido, na discrição das cores
que têm um leve toque escurecido, como nos recentes trajes cinematográficos de
Mulher Maravilha e Super-Homem, com a cor preta entrando definitivamente na
moda nos anos 1990. Aqui, é uma cena solitária, mas não num cenário de
deprimente abandono, mas num saudável e necessário momento de solitária
reclusão, ao contrário de casamentos malogrados, nos quais os cônjuges ficavam
grudados o tempo todo... É um momento do artista consigo mesmo, num momento de
prazer e simplicidade, num momento em que tudo o que a pessoa tem a fazer é
encher os pulmões de ar e agradecer a Tao por ter sido concebido como espírito,
assim como Zeus concebeu a Mulher Maravilha – somos todos frutos de Imaculada
Conceição.
Acima, The Provincial. 1909. Um cálice de vinho aparece na cena, revelando
as pinceladas magníficas de Vallotton. A misteriosa mulher está quase oculta,
como na Lua minguando, instigando o Ser Humano em relação ao que nos cerca no
Cosmos. A pluma no chapéu da senhora é leve, sutil, uma carícia, nos encantos
perfumados da Feminilidade. Esta mulher é como uma Lady Diana, uma pessoa que,
apesar de tão midiática, era reservada, e atraía, mesmo que inconscientemente,
os desrespeitosos paparazzi. Nesta cena, há um grande negror, como num potente
telescópio apontando para confins cósmicos, numa escuridão que pouco revela; só
instiga. E a mulher aqui estimula o homem, o qual está cabisbaixo, quiçá triste,
talvez ouvindo da amante que o caso deles não tem futuro, num casal que não
consegue vislumbrar uma vida juntos, como duas pessoas que, apesar de
apaixonadas, olham para direções existenciais diferentes uma da outra, num
relacionamento fadado a não durar para sempre. Aqui, o vinho é cor de sangue,
no calor que pulsa das veias de um ardoroso amante, na sedução dos vampiros,
parasitas que conseguem enganar meio Mundo. O homem aqui está abatido,
decepcionado, talvez porque seja um amor não correspondido, ou seja, está
levando um pé na bunda, com o perdão do termo chulo. A pluma da mulher tem uma
ponta afiada, numa pontinha de agressividade, como nas flechas de cupido, num
ato de Amor que pode trazer uma certa Dor, rimando aqui! É a pena com a qual o
destino será escrito, com sentenças que não podem ser evitadas, com
relacionamentos fadados ao fracasso. No entanto, o que vale não é a quantidade
de Tempo, mas a qualidade. Então, se foi bom, porém curto, será uma eternidade.
O cavalheiro está aprumado, barbeado, enfeitando-se para galantear a moça. Mas
esta rechaça o galanteio, talvez porque ambos já sejam casados com outrem,
colocando o Coração sob a precisa luz da Racionalidade, como numa equação sendo
friamente resolvida, no modo como qualquer pessoa não pode só ouvir o coração –
tem que ouvir a cabeça também, no caminho de uma criança se tornando um adulto
com a cabeça no lugar, como num estudante, resolvido a passar de ano ou a concluir
um curso universitário, no sentido da pessoa acabar o que começou. Então, a luz
fria da Razão surge, e, ironicamente, torna quase tudo tão negro quanto este
quadro, e as perspectivas deste casal não são otimistas, num caso sem futuro. A
gola da moça é um fino babado branco, e podemos sentir o sussurrar das palavras
dela, falando com dureza, porém delicadeza, como num controlador em um raio x
de aeroporto – firme, porém gentil, nos versos de Lulu Santos: “Não imagine que
te quero mal; apenas não te quero mais”. Aqui, é um quadro com garbo, pois os dois
personagens estão arrumados, nos rituais sociais de uma pessoa se aprumando
antes de sair de casa, como num casal de namorados: enquanto namorados, morando
separadamente, o homem não percebia o tempo que a companheira levava para se
arrumar; depois de casados, na intimidade da vida a dois, morando juntos, o
homem se dá conta de todo o ritual da esposa. A Vida exige paciência, como
perguntei certa vez a uma grande atriz a sua técnica de construção de
personagem, e ela disse: “Paciência”. O homem aqui está apaixonado, e tinha uma
série de expectativas em relação a esta dama, querendo desposá-la, mas talvez o
caso, para se tornar real, acarretaria em um certo custo social, talvez num
escândalo. O homem chegou ali radiante, cheio de luz, cheio de afetos e
carinho, e a mulher, na crueza do sangue no amargo cálice, mostra que não quer
este cavalheiro, ou seja, é uma cena em que o coração do homem está sendo
despedaçado em mil pedaços, na clássica canção jazzística A Boulevard dos Sonhos Despedaçados. O homem aqui tinha uma série
de expectativas, e resolveu não ouvir a própria cabeça. Cabisbaixo, contempla a
dolorosa verdade, numa mácula a qual, com o tempo, vai sarar, e talvez ele
encontre uma pessoa que se encaixe direitinho com ele. Esperança.
Acima, Verdun. 1917. Certamente, a I Guerra Mundial foi a inspiração para
este quadro, nos horrores destrutivos bélicos, com vidas e mais vidas sendo
cruelmente ceifadas. Podemos ouvir aqui os terríveis sons de bombas explodindo.
Neste quadro há um desabafo, talvez num artista expressando todo o seu repúdio
pelo ódio entre irmãos, com igual derramando o sangue de igual, pois Tao só
inventa o Amor – o Ódio é um capricho humano. Aqui, há uma completa desolação,
como num Picasso, expressando-se a partir da Guerra Civil Espanhola, ou com na
banda U2, expressando repúdio em relação à violência na célebre canção Sunday, Bloody Sunday, ou seja, domingo
sangrento. Vemos aqui uma volumosa nuvem negra, trazendo o hálito da Morte, da
foice arrancando cabeças, como cães brigando, com ambos acabando feridos. Vemos
vários feixes retilíneos de luz, talvez com canhões apontando em várias direções,
visando matar o máximo possível, como num macabro videogame, só que real,
matando príncipes filhos do mesmo Rei, na insanidade dos duelos, no modo como
um homem de Tao repudia a violência e a Guerra. Aqui, vemos vastas florestas
dizimadas, como nas queimadas amazônicas chamando a atenção do Mundo. É como o
subtítulo do vilão Esqueleto: “O malévolo senhor da destruição”, como num 11 de
Setembro, só destruindo, só causando dor e sofrimento, na insanidade de tudo
que se desvia do Amor Fraternal, pois não precisamos ser todos iguais –
precisamos apenas respeitar uns aos outros. Aqui, há um rastro de desolação, e
todas as pessoas são direcionadas à fome, como numa Scarlet O’hara esfomeada,
encarando o seu lar sendo destruído na Guerra de Secessão, comendo uma cenoura
perdia na terra dizimada, em uma das frases mais célebres da Sétima Arte:
“Jamais terei fome novamente!”. Vemos grandes feixes de negror, trazendo a
falta de clareza, na confusão que pode ser um campo de batalha, com o manto
negro da Morte espalhando seu terror, visando assustar e escravizar o cidadão
livre. Vemos aqui florestas queimadas, no amargo sabor de cinzas, como numa
lareira que deixou de acalentar e aquecer, deixando apenas vestígios do dia
anterior, como judeus sendo queimados vivos em um campo de extermínio, virando
restos desprezados em uma esteira de cinzas, no modo como um ardiloso e
manipulador psicopata pode chegar a controlar um estado interino, e até
conquistar aliados. Aqui, é como as chamas do Inferno, num beco sem saída, como
num livro que nunca chega ao fim. Aqui, são as chamas da Inquisição queimando
vivos os hereges, num ato cruel feito em nome de Jesus, mas um ato o qual o
próprio Jesus jamais, jamais faria, nas atrocidades que o Ser Humano é capaz de
fazer em nome do Bem... Aqui, há pouca beleza, e é como uma casa sendo engolida
pelas chamas, com moradores encarando tal desolação, tal desgraça, como num
terremoto, arrasando cidades inteiras, numa oportunidade do Ser Humano para
prestar solidariedade, como diz Barbra em um concerto: “Será que sempre
precisaremos de catástrofes para nos lembrar de que somos pessoas que precisam
de pessoas?”, como no brutal acidente de carro que sofri com minhas família há
anos, recebendo a solidariedade de estranhos no ponto do acidente. Aqui, há uma
mínima frestinha de esperança, num pedacinho pequenino de céu azul, talvez num
sinal de esperança de que os conflitos acabem, como numa pessoa consciente do
próprio desencarne, abraçando tranquilamente a Vida Metafísica, ao contrário do
espírito mundano, o qual simplesmente não quer se libertar – é o caminho da
Guerra. Aqui, são como feixes de holofotes, mas holofotes de escuridão. É um
mau agouro, uma maldição, numa malícia de uma pessoa fofoqueira, a qual nada
mais tem a fazer do que cuidar da vida de outrem, na serpente da malícia sendo
esmagada pelos alvos pés de Nossa Senhora. Neste cenário desolado de Vallotton,
não vemos uma viva alma, talvez por estarem todos mortos, como no lúgubre
pântano de cadáveres de Tolkien – o Ódio é uma doença.
Referências bibliográficas:
Félix Vallotton.
Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 18 dez. 2019.
Félix Vallotton.
Disponível em: <www.metmuseum.org>. Acesso em: 18 dez. 2019.
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