quarta-feira, 4 de março de 2020

Sendo Feliz (Parte 3)



Falo pela terceira vez sobre o pintor suíço Félix Vallotton. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, Loira Nua. 1921. As perspectivas de uma mulher, com seu ventre fecundo. Temos aqui traços um pouco de Salvador Dalí, tendo este colocando a própria mãe em suas obras, externalizando de forma terrivelmente clara o natural Complexo de Édipo. Aqui, não é uma nudez que agride, mas uma nudez um tanto pudica, e é exatamente a timidez o que torna o quadro ainda mais provocante, no jogo entre esconder e revelar, pois a vulva está descoberta, mas os seios estão quase todos tapados, como na timidez de uma mulher que pisa, pela primeira na vida, em uma praia de nudismo. Aqui, é como uma Vênus de Botticelli, emergindo das perfumadas e misteriosas origens oceânicas, com um cheiro de brisa do Mar, de um cheiro de um banheiro pós banho, num odor libertador, no hálito do Lar Primordial, na metáfora ao final de O Senhor dos Anéis, com barcos zarpando para iluminadas praias doces, num lugar de beleza completamente inabalável; num lugar onde temos a mais completa certeza de que somos (muito) especiais e amados. Aqui, temos um Céu de Brigadeiro, limpo, majestoso, num degradê que remete a paisagens de praias gregas, num cenário de aurora, na grande pérola dourada aquecendo os sonhos humanos. Esta loira, apesar de bela, não é semianoréxica como as contemporâneas modelos, mas numa corpulência digna de Monroe, num corpo que, apesar de não magérrimo, é tortuoso e belo, com uma cintura magra e quadris amplos. Esta mulher pode estar no início de uma gravidez, guardando o segredo em relação à interrupção dos próprios ciclos menstruais, nas confortáveis paredes uterinas, no trauma que é o nascimento, com a pessoa sendo tirada de sua feliz vida e trazida ao duro mundo físico, como em Cidadão Kane, num moleque feliz e contente, brincando com o trenó Rosebud na neve, arrancado de sua feliz infância para entrar, prematuramente, em um mundo tão duro, num personagem que, ao leito de morte, suspira o nome do brinquedo, lembrando de uma fase da vida em que as coisas eram mais simples, como na simplicidade da Infância, numa época em que o espírito traz resquícios da Dimensão Metafísica. Estes seios da loira nua de Vallotton parecem lactantes, nos fascínios de uma mãe nutrindo, como queijos de vaca ou búfala, na magia de se mamar numa caixinha de leite condensado, na época de uma infância doce, simples, quando nossa única obrigação era estudar, brincando nas horas vagas. O umbigo aqui está claro de se ver, na primordial cicatriz que todos temos, num lembrete do cordão umbilical, como o cordão que une corpo à mente, e esta mulher grávida já foi, certa vez, hóspede do ventre de outra mulher, havendo aqui uma metalinguagem – gravidez falando de gravidez, como na brincadeira de bonecas russas, com toda uma linhagem de férteis mulheres, nas obrigações misóginas patriarcais nas quais o papel de uma mulher é ter filhos, lavar, passar etc., na transgressão de uma Hatshepsut, a feminista transgressora que governou um Egito Antigo o qual só podia ser governado por homens. Aqui, a mulher abraça a si mesma, num ato de amor próprio, de autoestima, de autopreservação, sendo imprescindível o amor próprio, pois como posso amar o Mundo (e ser amando por este) se não me amo? Algo que me remete a uma professora que tive no Ensino Médio, a qual, na época, era uma mulher arrumada, com autoestima, mas que, atualmente, definitivamente parou de se arrumar... Os cabelos desta musa de Vallotton caem como úmidas algas marinhas, no cheiro de Mar, de peixe fresquinho, como numa feira pascal de peixe vivo, no cheiro de praia, num cheiro que nos convida a colocar chinelos e levar uma vida mais simples e à vontade, na sensação deliciosa de libertação, na metáfora entre orgasmo e êxito, como se formar no Ensino Superior, coroando todo um processo esforçado de muitas e muitas manhãs acordando cedo para ir estudar. O rosto desta loira é digno de estrela de Cinema, mas um rosto misterioso, um tanto encoberto em segredos de Fé.


Acima, Camarotes no Teatro, o Cavalheiro e a Dama. 1909. Este é um quadro minimalista, com poucos elementos. A mulher está com um chapéu que era moda na época em que a cena foi pintada. A mulher, com uma elegante luva, está querendo se destacar, exceder-se, libertar-se, e sua mão está sutilmente para fora do camarote, no desejo de um prisioneiro em chegar no glorioso dia de libertação, deixando para trás o cárcere, para nunca mais voltar e este. O rosto da dama está envolto em sombras, como um artista que se sente muito obscuro e pouco reconhecido, com tantos e tantos artistas que só são reconhecidos depois de morrer. O fundo do quadro é bem negro, envolto em dúvidas, com um vinho bordô, de cor bem fechada, com uma garrafa sendo aberta, liberando suas camadas sutis de sabor. É algo imprevisível, e a plateia está escurecida, em contraste com o palco iluminado, no momento mágico de Teatro, na indescritível sensação do ator que está no palco, encenando, brilhando em frente a todo o corpo social, em frente daquelas pessoas que pagaram o ingresso e que estão ali prestigiando o artista, como num grande artista, que se sente sendo o centro do Universo ao receber aplausos esfuziantes, no prazer de uma pessoa que sabe que está no lugar certo, fazendo a coisa certa. Este casal parece não estar prestando muita atenção na peça, talvez por serem um casal, ou amantes, e parecem ter discutido um com o outro, desviando totalmente sua atenção da encenação no palco.  É como na cena inicial de A Época da Inocência, com Newland e Ellen, os amantes apaixonados se encontrando pela primeira vez num teatro, e já nesse momento a sociedade percebendo o enlace discreto entre os enamorados. Aqui, o homem está tolhido, e só podemos o ver do nariz para cima. O homem aqui é um ator coadjuvante, num papel sutil, não protagonista. O protagonismo da cena vem da elegante mulher, e sua alva luva é iluminada por um suntuoso lustre de cristal no teatro. A luva branca é a pureza de intenções, a inocência, como uma pudorosa página em branco, pronta para ser escrita com a história deste casal de amantes. Nesta cena, o camarote tem um majestoso tom de dourado, como numa aurora bela, cheia de camadas de cores, na magia da Estrela da Manhã, anunciando e beleza de um novo dia, no fascínio que as estrelas ao céu exercem sobre o Ser Humano desde sempre. Parece que este camarote é feito de ouro, num recinto que exala dinheiro, poder e elegância, como nos palácios metafísicos, descaradamente copiados pelos pobres palácios do Mundo Material. Podemos ouvir aqui o som de uma cantora lírica, como uma Marília Pêra encarnando Maria Callas, no momento em que a diva da ópera, no Scala de Milão, sente-se o centro do Universo, arrebatando multidões, em algo que acontece ao fim de uma peça: depois dos aplausos, o teatro fica em silêncio, e os espectadores saem do lugar, com os bastidores do teatro ficando quietos novamente, com um ator que, por mais aplausos tenha recebido, tira sua maquiagem, tira a roupa do personagem e vai dormir, num trabalho como qualquer outro, como num gari que, depois de um dia tendo deixado impecáveis as calçadas de uma cidade, acorda no outro dia tendo que retomar a rotina, num trabalho de construção, destruição e reconstrução, nunca cessando, sempre agindo, sempre produzindo. É como um Vallotton, o qual, depois de vender um quadro, volta a seu estúdio para continuar pintando, no modo como a Vida exige que tenhamos esse espírito de guerreiro incansável. Imaginamos aqui como deve ser belo o traje desta dama, com um vestido comprado recentemente em uma luxuosa maison parisiense, no modo como Paris pulsa novidade de Moda e Estilo. As plumas ao topo do chapéu tremulam sutilmente, delicadas, como um doce beijo carinhoso entre enamorados, no modo como a sutileza se sobrepõe à brutalidade, como num rei que sabe que não deve interferir no dia a dia de um pacato cidadão.


Acima, Paisagem. 1918. Esta árvore parece estar dançando ao vento, em pleno processo de crescimento, esgueirando-se, como no processo de construção espiritual, na grande escola que é a Vida, pois morremos sendo pessoas melhores do que éramos ao nascer, no grande sentido da Vida – crescer, num encadeamento de processos, pois enquanto a criança se torna adulta, o espírito cresce moralmente. Aqui, temos um dúbio céu cinzento, nas dúvidas de um dia nublado, encoberto, sem podermos observar a majestosa clareza do Sol, num labirinto cheio de meandros e pistas falsas, no modo como cada pessoa tem que ser autodidata, pois não há faculdade que ensine como viver. É uma silenciosa cena rural, num lugar bem retirado, longe dos barulhos de uma urbe vibrante. Podemos ouvir o sensual farfalhar das folhas da árvore, com o vento beijando as folhas, fazendo amor, como um doce e minimalista chuvisco, molhando lentamente a terra, trazendo vida a uma casa com uma lareira para aplacar a umidade. Ao fundo, vemos muitas folhagens douradas, e parece ser uma plantação em período outonal, como nos vinhedos começando a hibernar após a colheita de Verão, nos ciclos da Vida, como numa pessoa sábia e pacata, que tem a calma e a paciência para observar as estações indo e vindo, como num sábio preto velho, quieto no seu cantinho, só observando os egos humanos ascendendo e descendendo, com tantos e tantos governantes ambiciosos, nunca satisfeitos com as terras dos próprios reinos, sempre querendo mais, na melodia de insatisfação que fomenta guerras, com impérios e orgulhos surgindo e desaparecendo, enquanto Tao, sempre subestimado, permanece quietinho no seu canto, contentado, pois o coração ambicioso não pode ter Paz – é uma maldição. Aos pés desta tortuosa árvore, que parece ser colunas barrocas, vemos um terreno um tanto inóspito, numa porção de terra na qual pouca coisa vigora, como se a árvore fosse uma vampira, num explorador ganancioso, cobrando aluguéis e impostos, infernizando a vida do pacato cidadão, pois este não respeita, no fundo, o líder aguerrido e odioso, na tristeza que são as ditaduras. Nesta terra infértil, vemos algumas gramíneas, lutando para sobreviver, como num lutador em um octógono, encurralado, enfrentando o preparo físico do oponente, no fascínio humano pela competição esportiva, como na terrível arena do filme Mad Max: “Dois homens entram; um homem sai”. Nesta cena, vemos discretas flores brancas, mas não se trata de uma paisagem abundantemente florida, cabendo à pessoa ter que se contentar com o pouco que lhe é entregue às mãos, pois, sem contentamento, como posso ter Paz? Podemos ouvir o som do doce vento, talvez numa tempestade se armando, talvez numa redentora chuva de Verão, refrescando e trazendo alívio após um dia abafado e escaldante, como no alívio das chuvas em meio a regiões castigadas pela seca, como no clipe Segue o Seco de Marisa Monte, com o sofrimento do povo nordestino, com o bálsamo de um final feliz, com a harmonia sendo restabelecida em pingos que fecundam a terra, pois a Vida de cada pessoa é esse terreno seco, dependendo de mim mesmo se chove ou não em minha “horta”. Esta árvore não é de um vibrante verde tropical, mas de um verde musgo, discreto, esmaecido, na discrição das cores que têm um leve toque escurecido, como nos recentes trajes cinematográficos de Mulher Maravilha e Super-Homem, com a cor preta entrando definitivamente na moda nos anos 1990. Aqui, é uma cena solitária, mas não num cenário de deprimente abandono, mas num saudável e necessário momento de solitária reclusão, ao contrário de casamentos malogrados, nos quais os cônjuges ficavam grudados o tempo todo... É um momento do artista consigo mesmo, num momento de prazer e simplicidade, num momento em que tudo o que a pessoa tem a fazer é encher os pulmões de ar e agradecer a Tao por ter sido concebido como espírito, assim como Zeus concebeu a Mulher Maravilha – somos todos frutos de Imaculada Conceição.


Acima, The Provincial. 1909. Um cálice de vinho aparece na cena, revelando as pinceladas magníficas de Vallotton. A misteriosa mulher está quase oculta, como na Lua minguando, instigando o Ser Humano em relação ao que nos cerca no Cosmos. A pluma no chapéu da senhora é leve, sutil, uma carícia, nos encantos perfumados da Feminilidade. Esta mulher é como uma Lady Diana, uma pessoa que, apesar de tão midiática, era reservada, e atraía, mesmo que inconscientemente, os desrespeitosos paparazzi. Nesta cena, há um grande negror, como num potente telescópio apontando para confins cósmicos, numa escuridão que pouco revela; só instiga. E a mulher aqui estimula o homem, o qual está cabisbaixo, quiçá triste, talvez ouvindo da amante que o caso deles não tem futuro, num casal que não consegue vislumbrar uma vida juntos, como duas pessoas que, apesar de apaixonadas, olham para direções existenciais diferentes uma da outra, num relacionamento fadado a não durar para sempre. Aqui, o vinho é cor de sangue, no calor que pulsa das veias de um ardoroso amante, na sedução dos vampiros, parasitas que conseguem enganar meio Mundo. O homem aqui está abatido, decepcionado, talvez porque seja um amor não correspondido, ou seja, está levando um pé na bunda, com o perdão do termo chulo. A pluma da mulher tem uma ponta afiada, numa pontinha de agressividade, como nas flechas de cupido, num ato de Amor que pode trazer uma certa Dor, rimando aqui! É a pena com a qual o destino será escrito, com sentenças que não podem ser evitadas, com relacionamentos fadados ao fracasso. No entanto, o que vale não é a quantidade de Tempo, mas a qualidade. Então, se foi bom, porém curto, será uma eternidade. O cavalheiro está aprumado, barbeado, enfeitando-se para galantear a moça. Mas esta rechaça o galanteio, talvez porque ambos já sejam casados com outrem, colocando o Coração sob a precisa luz da Racionalidade, como numa equação sendo friamente resolvida, no modo como qualquer pessoa não pode só ouvir o coração – tem que ouvir a cabeça também, no caminho de uma criança se tornando um adulto com a cabeça no lugar, como num estudante, resolvido a passar de ano ou a concluir um curso universitário, no sentido da pessoa acabar o que começou. Então, a luz fria da Razão surge, e, ironicamente, torna quase tudo tão negro quanto este quadro, e as perspectivas deste casal não são otimistas, num caso sem futuro. A gola da moça é um fino babado branco, e podemos sentir o sussurrar das palavras dela, falando com dureza, porém delicadeza, como num controlador em um raio x de aeroporto – firme, porém gentil, nos versos de Lulu Santos: “Não imagine que te quero mal; apenas não te quero mais”. Aqui, é um quadro com garbo, pois os dois personagens estão arrumados, nos rituais sociais de uma pessoa se aprumando antes de sair de casa, como num casal de namorados: enquanto namorados, morando separadamente, o homem não percebia o tempo que a companheira levava para se arrumar; depois de casados, na intimidade da vida a dois, morando juntos, o homem se dá conta de todo o ritual da esposa. A Vida exige paciência, como perguntei certa vez a uma grande atriz a sua técnica de construção de personagem, e ela disse: “Paciência”. O homem aqui está apaixonado, e tinha uma série de expectativas em relação a esta dama, querendo desposá-la, mas talvez o caso, para se tornar real, acarretaria em um certo custo social, talvez num escândalo. O homem chegou ali radiante, cheio de luz, cheio de afetos e carinho, e a mulher, na crueza do sangue no amargo cálice, mostra que não quer este cavalheiro, ou seja, é uma cena em que o coração do homem está sendo despedaçado em mil pedaços, na clássica canção jazzística A Boulevard dos Sonhos Despedaçados. O homem aqui tinha uma série de expectativas, e resolveu não ouvir a própria cabeça. Cabisbaixo, contempla a dolorosa verdade, numa mácula a qual, com o tempo, vai sarar, e talvez ele encontre uma pessoa que se encaixe direitinho com ele. Esperança.


Acima, Verdun. 1917. Certamente, a I Guerra Mundial foi a inspiração para este quadro, nos horrores destrutivos bélicos, com vidas e mais vidas sendo cruelmente ceifadas. Podemos ouvir aqui os terríveis sons de bombas explodindo. Neste quadro há um desabafo, talvez num artista expressando todo o seu repúdio pelo ódio entre irmãos, com igual derramando o sangue de igual, pois Tao só inventa o Amor – o Ódio é um capricho humano. Aqui, há uma completa desolação, como num Picasso, expressando-se a partir da Guerra Civil Espanhola, ou com na banda U2, expressando repúdio em relação à violência na célebre canção Sunday, Bloody Sunday, ou seja, domingo sangrento. Vemos aqui uma volumosa nuvem negra, trazendo o hálito da Morte, da foice arrancando cabeças, como cães brigando, com ambos acabando feridos. Vemos vários feixes retilíneos de luz, talvez com canhões apontando em várias direções, visando matar o máximo possível, como num macabro videogame, só que real, matando príncipes filhos do mesmo Rei, na insanidade dos duelos, no modo como um homem de Tao repudia a violência e a Guerra. Aqui, vemos vastas florestas dizimadas, como nas queimadas amazônicas chamando a atenção do Mundo. É como o subtítulo do vilão Esqueleto: “O malévolo senhor da destruição”, como num 11 de Setembro, só destruindo, só causando dor e sofrimento, na insanidade de tudo que se desvia do Amor Fraternal, pois não precisamos ser todos iguais – precisamos apenas respeitar uns aos outros. Aqui, há um rastro de desolação, e todas as pessoas são direcionadas à fome, como numa Scarlet O’hara esfomeada, encarando o seu lar sendo destruído na Guerra de Secessão, comendo uma cenoura perdia na terra dizimada, em uma das frases mais célebres da Sétima Arte: “Jamais terei fome novamente!”. Vemos grandes feixes de negror, trazendo a falta de clareza, na confusão que pode ser um campo de batalha, com o manto negro da Morte espalhando seu terror, visando assustar e escravizar o cidadão livre. Vemos aqui florestas queimadas, no amargo sabor de cinzas, como numa lareira que deixou de acalentar e aquecer, deixando apenas vestígios do dia anterior, como judeus sendo queimados vivos em um campo de extermínio, virando restos desprezados em uma esteira de cinzas, no modo como um ardiloso e manipulador psicopata pode chegar a controlar um estado interino, e até conquistar aliados. Aqui, é como as chamas do Inferno, num beco sem saída, como num livro que nunca chega ao fim. Aqui, são as chamas da Inquisição queimando vivos os hereges, num ato cruel feito em nome de Jesus, mas um ato o qual o próprio Jesus jamais, jamais faria, nas atrocidades que o Ser Humano é capaz de fazer em nome do Bem... Aqui, há pouca beleza, e é como uma casa sendo engolida pelas chamas, com moradores encarando tal desolação, tal desgraça, como num terremoto, arrasando cidades inteiras, numa oportunidade do Ser Humano para prestar solidariedade, como diz Barbra em um concerto: “Será que sempre precisaremos de catástrofes para nos lembrar de que somos pessoas que precisam de pessoas?”, como no brutal acidente de carro que sofri com minhas família há anos, recebendo a solidariedade de estranhos no ponto do acidente. Aqui, há uma mínima frestinha de esperança, num pedacinho pequenino de céu azul, talvez num sinal de esperança de que os conflitos acabem, como numa pessoa consciente do próprio desencarne, abraçando tranquilamente a Vida Metafísica, ao contrário do espírito mundano, o qual simplesmente não quer se libertar – é o caminho da Guerra. Aqui, são como feixes de holofotes, mas holofotes de escuridão. É um mau agouro, uma maldição, numa malícia de uma pessoa fofoqueira, a qual nada mais tem a fazer do que cuidar da vida de outrem, na serpente da malícia sendo esmagada pelos alvos pés de Nossa Senhora. Neste cenário desolado de Vallotton, não vemos uma viva alma, talvez por estarem todos mortos, como no lúgubre pântano de cadáveres de Tolkien – o Ódio é uma doença.

Referências bibliográficas:

Félix Vallotton. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 18 dez. 2019.

Félix Vallotton. Disponível em: <www.metmuseum.org>. Acesso em: 18 dez. 2019.

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