quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Xul é show! (Parte 2 de 3)

 

 

Volto a falar sobre o artista argentino Alejandro Xul Solar. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Arcos de cabelo. 1924. Aqui temos um complexo jogo de transparências, com sobreposições, como num cruzamento de pontos de vista, como num debate político, quando um oponente quer “devorar as tripas” do outro. Vemos um rosto sério, sisudo, como se estivesse adquirindo uma certa responsabilidade, como criar um filho, no modo como as responsabilidades geram na pessoa tal senso adulto de consequência. Aqui vemos toda uma articulação, como numa comunidade se unindo em torno de algo, no modo como Caxias do Sul e região, em um dado momento, uniu-se em torno do diretor Fabio Barreto para tirar do papel o ambicioso projeto de um filme, na capacidade de um grande homem em unir as pessoas, fazendo com que estas, por um breve momento, esqueçam-se de suas diferenças, como num Brasil se unindo em época de Copa do Mundo. Vemos aqui um quadro de confusão, a qual ocorre quando Tao se perde, trazendo caos, como num país turbulento, sem autoridade, como em conflitos e guerras, espraiando ares pestilentos de desordem e confusão, como num certo líder mundial, o qual é um perfeito e absoluto ditador, aterrorizando e ameaçando seu próprio povo – dores àqueles que ousam se pronunciar contra a ordem vigente, como nas manifestações atuais no Brasil, em agosto de 2022, em defesa do Estado Democrático de Direito, lembrando da época no Brasil em que não se podia ousar ir contar a ordem vigente. Os olhos aqui estão díspares, descoordenados, num caos e numa desordem, numa incapacidade de liderança, num homem o qual não tem o respeito íntimo e secreto dos cidadãos, os quais só obedecem porque sabem que estão sob ameaça, na manutenção artificial de paz e ordem, copiando estados de ordem plena, nos quais imperam ordem e liberdade, como em países estáveis como o Canadá. Aqui vemos certas cruzes se espalhando, que são a fé, a religiosidade e a esperança, numa figura de carisma respeitável, na qual o povo deposita suas esperanças, na figura de uma Gisele, a menina comum que adquiriu carisma de princesa, num poder de arrebatar o Mundo, na vitória do talento e do desinteresse, pois Gisele tem o Mundo exatamente porque não quer ter tal Mundo, no caminho de discernimento taoista: Curva-te e reinarás! Aqui vemos uma urbe intensa, com várias pessoas e veículos indo e vindo, numa demanda cosmopolita de movimento, com várias pessoas cuidando de suas vidas, mantendo-se produtivas, com cada um vivendo sua vida e aprendendo suas importantes lições, pois a meta é desencarnar como uma pessoa melhor da qual se reencarnou, num encadeamento de processos: a criança que se torna adulta, o aluno que se forma na faculdade e o espírito que cresce em escala de apuro moral, no preceito dialético de encadeamento de processos, numa rede complexa de metáforas. Aqui temos uma tentativa de constituição, de união de algum corpo social, num mundo eternamente aguerrido, cujos conflitos nem Jesus Cristo soube resolver: em um mundo aguerrido de azuis versus amarelos, seja verde, pois você não resolverá a guerra, mas será a promessa de um amanhã melhor, num verde no qual as pessoas depositarão suas esperanças, nos ramos cristãos de religiosidade – depois da cruz, a redenção, na promessa do Plano Metafísico, a verdadeira morada, fazendo da Terra um lar de passagem, como um paciente que fica em um tempo no hospital. A boca do rosto aqui é séria, quase amarga, num remédio amargo que surte doces efeitos, na máxima: Se é amargo no início, é doce no fim, no sentido de que, se antes de eu desempenhar um trabalho acho que será facílimo, acabarei achando dificílimo tal trabalho, ou seja, não entre “de salto alto” em campo, como um time que entra arrogante em campo, pois a arrogância não precede a queda? O nariz do rosto é negro, fechado e imprevisível, numa dificuldade em observar o que poderá vir, nas misteriosas esquinas da Vida, no modo como nunca sabemos exatamente como algo acontecerá, pois, se soubéssemos, não aconteceria. Na porção inferior, o Sol que luta para brilhar e trazer a esperança de uma terra onde só há beleza, limpeza, virtude, significado e produtividade – nenhum trabalho é em vão.

 


Acima, Chefe de serpentes. 1923. Alejandro gosta desses jogos de transparências e sobreposições, em insinuações e combinação de fatores. Na predominância, vemos um homem nos acenando, como na imagem da nave Voyager enviada para o Cosmos, com a imagem de um homem e uma mulher nus acenando, dando boas vindas aos alienígenas que interceptarem tal nave, nos eternos preconceitos do patriarcado, no homem sempre num nível acima do da mulher, numa mulher que está contente em habitar tal posição subalterna, contente em ser uma mera cadela cuja vida gira em torno da vida de um homem – perdoem-me, mas as próprias mulheres são machistas, no costume extremista islâmico no qual uma mulher só pode sair na Rua sob autorização por escrito do marido, ou como na Roma antiga, na qual uma mulher não podia beber vinho em público, na castração da liberdade sexual da mulher, no papel feminista em ir contra tal vento, enfrentando as intempéries de um mundo misógino, no qual a mulher é eternamente Eva, aquela que trouxe todas as misérias para a Humanidade, nos extremos machistas: ou é santa, ou é puta, com o perdão do termo chulo, havendo na feminista nem uma, nem outra, no caminho da igualdade de gêneros, como um casal num restaurante, rateando a conta. Os cabelos aqui são do estilo rastafári, na identidade afro, na eterna busca por beleza e perfeição, ideal que não ocorre na Dimensão Material, estando esta exposta a todas as vicissitudes materiais, havendo a paz metafísica, o Mundo Real, o Mundo de verdade, onde temos exatamente os cabelos que queremos ter, como uma amiga que tenho, a qual, aqui na Terra, é obesa e tem cabelos pixaim rebeldes, uma mulher a qual, no Mundo Metafísico, tem cabelos perfeitamente lisos e uma bunda bem gostosinha, na “magia” da pessoa ter a aparência que quiser ter, num espírito o qual, desencarnado, é mais bonito do que quando encarnado, num renascimento, numa ressurreição, na metáfora da Ressurreição de Cristo, a qual nada mais foi do que o desencarne de tal grande homem, o homem no qual depositamos nossas esperanças de haver, lá em cima, um mundo melhor, mais justo e mais produtivo, num espírito o qual, desencarnado, observa a permanência da necessidade da pessoa em se manter produtiva, como uma parente minha falecida, a qual, certamente, no Céu, mantém-se altamente produtiva, num lugar que é o Éden para os que gostam de estudar e trabalhar, na recompensa dos esforços, no modo como nenhum trabalho é em vão, pois tudo faz parte da construção da grande carreira espiritual, cuja meta é a perfeição moral, num espírito autêntico e verdadeiro, que brilha como um diamante, fazendo de tais pedras um símbolo do que importa mais, que é um espírito de bondade e paz – tudo de material gira em torno do imaterial, numa hierarquia, na máxima: Matéria é nada; pensamento é tudo. Vemos serpentes cruzando o quadro, aquosas, insinuantes, numa sedutora Cleópatra seduzindo homens poderosos, no flerte entre Yin e Yang, numa Mulhergato com seu chicote, domando Batman, deixando este apaixonado. No homem aqui vemos um bolso na camisa, que é a reserva, as provisões para o Inverno, num esquilo fazendo suas provisões, numa pessoa que pensa no futuro, num plano de aposentadoria, nesse substantivo, “aposentadoria”, o qual é uma ilusão, pois ninguém pode parar totalmente: Se você se aposentar, arranje outra coisa de produtiva para fazer, na sabedoria popular: Cabeça vazia é oficina do Diabo. Neste quadro vemos articulações, como numa articulação comunitária em torno do bem comum, na constituição da Cultura Popular, a qual vem do povo e a este pertence, como na Festa da Uva de Caxias do Sul, num momento de união e comunhão, numa comunidade honrando a si mesma. No peito do homem vemos um tronco, que é o pilar, a sustentação, como num estudante fazendo sua defesa de tese de monografia, no momento de clímax do curso universitário, no redentor momento da formatura, no fechamento e na coroação de todo um ciclo.

 


Acima, Dois meio sangue de avião e pessoas. 1935. É claro que aqui temos toda uma candura infantil, numa doçura, no importante papel docente, num professor que faz parte do desenvolvimento de uma criança, na importância da construção de cultura erudita num país, na noção de que um país se faz com homens e livros, na questão de colocar a mente acima de tudo, na disciplina dos bancos escolares. Os aviões são a liberdade, os sonhos voando alto, nos sonhos de se fazerem aeronaves, na ambição humana em desafiar limites, numa pujança e num desenvolvimento, como se o Homem quisesse desafiar Deus, no conto da Torre de Babel, num Deus tão impiedoso, que simplesmente proíbe e castra o Homem, numa noção errônea, pois Jesus trouxe a noção inédita de que Deus é, acima de tudo, Amor, e não um Deus rígido e desconfiado, patriarcal, na figura dura e inflexível de um patriarca que castra a sexualidade feminina e incentiva a sexualidade masculina – é muito machismo. Os morros aqui são piramidais e abrasivos, cortantes, num Egito outrora poderosíssimo, com suas pirâmides abrasivas dando um recado claro – não se meta comigo, no modo como impérios ascendem e descendem, e ambições ascendem e descendem, e Jesus permanece humilde, como nosso irmão de impecável apuro moral, no caminho da verdade, no laço mágico da Mulher Maravilha, o qual, ao enlaçar alguém, faz com que este fale somente a verdade, fazendo com que pedras preciosas sejam meras cópias mundanas do poder eterno da verdade, mas o Ser Humano, infelizmente, quer vestir tal joia e mentir, e Papai do Céu está vendo direitinho o que estamos fazendo de nossas vidas, no modo como nossos entes queridos desencarnados ficam nos cuidando lá de cima, sempre nos mandando energias boas de paz e bem estar, na figura zelosa de um anjo da guarda, nosso irmão que nos acompanha em cada passo de nosso caminho, num amigo que nos ama e que quer nos ver bem, e não são os amigos o ouro da Vida? Não é insuportável um lugar onde não temos um amigo sequer? Aqui são altivos pássaros, e os dois parecem competir, no modo como as competições tanto entretém, como em jogos de Copa do Mundo, no machismo que reside no fato de que a seleção feminina de Futebol é menos famosa do que a masculina, no sonho feminista de uma mulher mostrar que não é pior do que um homem, no papel feminista de ir contra tal “vento”, numa mulher independente que nunca está submetida a qualquer figura patriarcal, como nas freiras conformadas com o fato de que o Vaticano só pode ser presidido por padres, na revolução espírita, que nos diz que somos todos iguais perante Tao, o Pai que nos fez com infinito amor e carinho. As nuvens aqui são os sonhos, num Céu de Brigadeiro banhando de Sol todo o Brasil, nos versos do hino: “Brilhou no céu da pátria nesse instante”, no papel de um estadista em manter unificado um país, um reino, no desafio do líder em se tornar uma figura na qual o povo possa depositar esperanças, na promessa cristã do Reino dos Céus, trazendo esperança de Paz a uma Terra tão turbulenta e repleta de egos grosseiros. Na porção inferior do quadro vemos pessoas se articulando, como bonecos de palitos, na simplicidade modernista, em um design simples e futurista como no desenho Os Jetsons, nesse incessante galgar das tecnologias, com celulares cada vez mais fininhos, na democratização das tecnologias, no modo como, nos anos 1990, telefone celular era considerado o chuá chic da novidade, numa época em que era tão maravilhoso andar na rua falando em um celular. Já, hoje, tal tecnologia é banal e comum, em gerações recentes que não fazem ideia do que foi a tecnologia analógica, nas inevitáveis obsolências das as fitas cassete ou de VHS, por exemplo. Um dos pássaros aqui tem uma âncora, que é o ponto de referência, a base de comparação, o discernimento taoista: Se digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio. É a necessidade da pessoa em se manter realista, com os pés no chão, sempre tendo juízo, nunca perseguindo atalhos duvidosos.

 


Acima, Mensagem. 1923. A mulher voando é a liberdade de pensamento, num direito tão castrado por ditaduras, as quais morrem de medo dos cidadãos pensantes, que formulam opiniões, no medo do ditador em perder tal poder sobre o cidadão, na metáfora de Matrix, um sistema tirano que quer manter o cidadão sob controle, reduzindo este a uma mera e medíocre pedra num muro indistinto, fazendo com que seja considerado uma anomalia o cidadão que ousa desafiar tal matriz malévola. A escada aqui é a progressão, num caminho lento, passo a passo, num lento processo de graduação universitária, num processo que se desenrola lentamente, no espaço de anos, até a coroa da tese de conclusão de curso, no fechamento de todo um ciclo, no modo como são tristes as histórias de vida de pessoas que largam os estudos e se desencaminham na vida, subestimando a glória de se ter curso superior completo, um privilégio tão restrito num país pobre como o Brasil. Vemos duas flores, que são a criatividade germinando na cabeça de um artista, numa mente produtiva, laboriosa, numa energia criativa que tem que ser canalizada e utilizada para um fim nobre, na questão dos desajustados, pessoas que não se colocam a serviço do Mundo, e é o caminho da dignidade saber que tenho que mostrar algo de bom ao Mundo, em artistas tão dignos de respeito como uma Meryl Streep, a diva que simplesmente desaparece perante seus papéis, como uma folha em branco esperando ser preenchida pelo personagem. As flores são a força da ressurreição primaveril, no poder avassalador da Vida, uma Vida tão rara ainda nos conceitos humanos, na dificuldade em se descobrir Vida fora da Terra, num universo incrivelmente vasto, num Ser Humano que tem tanto ainda por vir, sendo um “feto”, por assim dizer. No centro do quadro vemos um quadrado esclarecedor, clareado, como num mal entendido sendo resolvido e despojado de mistérios, no poder da Matemática, a ciência indispensável que desenvolve o pensamento lógico humano, esta força que traz a face Yang de racionalidade, de luta, numa pessoa que sabe que tem que mostrar algo de bom ao Mundo, numa pessoa que, se quiser obter respeito, tem que ser digna de tal, nas palavras de um Tom Cruise: “Você tem que mostrar algo”. Aqui é o esclarecimento de um mistério, no fim de um romance policial, no modo como a luz sempre vence as trevas, na Galadriel iluminada esmagando a Laracna obscura, no poder de Tolkien em nos trazer tal atemporalidade de conceitos, num escritor tão universal, falando da fraqueza do caráter humano em termos de obtenção de poder mundano. Neste quadro vemos uma vila, uma habitação, numa vizinhança, na questão do convívio, como no seriado Chaves, que fala sobre tal convívio, em personagens que tem que saber como lidar com o vizinho, na máxima popular: “Parente ou vizinho não se escolhe; têm-se”. Aqui vemos um jogo complexo de janelas e passagens, como num labirinto, numa pessoa existencialmente perdida, sem saber que atitude tomar, desnorteada, em um universo fútil de meros sinais auspiciosos, como nas entediantes áreas vips de boates, na ilusão de que a pessoa vip está acima dos que não estão em tal área – tudo acaba se revelando um joguinho tolo e sem sentido. Os braços e pernas articulados são a capacidade de uma pessoa em se articular numa comunidade, como meu querido bisavô Joaquim Pedro Lisboa, o qual articulou a comunidade de Caxias do Sul em torno da Festa da Uva, num momento de construção de cultura popular, quando a comunidade se vê projetada na figura de uma rainha, a qual faz metáfora com a beleza de uma terra. Aqui há um desafio metafísico às leis da gravidade, na expressão espírita “volitar”, que é quando o espírito voa e plaina em deliciosa liberdade, numa sensação de prazer que só existe na liberdade, no modo como o comunismo soviético “caiu de podre”, num século XX tão marcado por tal Guerra Fira, nos tempos que em que a comunidade capitalista mundial temia que o Brasil pudesse se tornar uma URSS ensolarada.

 


Acima, Parceiro. 1923. Aqui remete à capa de um recente álbum de Cher, no qual a cantora faz tributo à banda norueguesa Abba, com duas Chers – uma de peruca loira e outra de peruca morena, em alusão às vocalistas, numa banda tão icônica, cujo legado pulsa até hoje atravessando gerações. Vemos alguns números, que são a fria e formidável lógica matemática, num conselho sábio: Não ousa só o coração, mas ouça a mente, pois o coração pode ser traiçoeiro, como num filme em que Gwyneth Paltrow interpreta uma moça que definitivamente faz suas escolhas sem ouvir o traiçoeiro coração, excitando e rejeitando um rapaz humilde e pobre. Vemos aqui tranças soltas ao vento, como uma pessoa que vive de tal forma errática, aleatória, sem os pés no chão, numa pessoa com dificuldade em se centrar, vagando sem rumo como um saco plástico na Rua, ao sabor do vento, numa pessoa que nada faz e nada constrói, sendo um inferno a vida de uma pessoa improdutiva, como na enfadonha vida de princesa de Grace Kelly, a artista excelente e brilhante que abandonou tal áurea carreira para se tornar uma mera artesã de arranjos flores secas, decepcionando seus colegas em Hollywood. As melenas soltas são os ímpetos artísticos, num diretor sonhador, sonhando em fazer uma bela película, sonhando em trabalhar com atores famosos e consagrados, disposto a bajular ao máximo tais artistas, nesse aspecto indigesto do Showbusiness, pois é duro enxergar quem é mais patético – quem aceita a bajulação ou quem oferece a bajulação, num meio em que correm soltas as massagens de ego e as paparicadas. Aqui vemos um trato e um diálogo, numa concórdia, na capacidade nobre de um homem em sentar cordialmente para conversar e negociar, sempre rejeitando a possibilidade de conflito, num polido diplomata, nobre ao representar todo um povo, na dignidade de regência, num espírito o qual, mesmo tendo sido rei numa encarnação anterior, reencarna em outro corpo, mas mantendo a majestade, no poder de representar as pessoas, em talentos estadistas de uma Rainha Virgem, transformando um país pobre em um país rico e militarmente poderoso, dando toda a matiz para a altivez britânica, em colônias britânicas ao redor do Mundo, na máxima: O Sol nunca se põe nas terras de Sua Real Majestade. Aqui é um momento vibrante e colorido de festa, na capacidade de um designer em produzir estilo e moda, num poder desbravador de Freud, abrindo portas e trilhando caminhos inéditos, no modo como não há mérito em trilhar caminhos que já foram criados, na questão da originalidade e do ineditismo, num artista o qual, mesmo tendo um estilo próprio, sempre se esforça para ser criativo e inédito, numa pessoa que tem a força para virar as páginas e encarar novos desafios, ao contrário dos anos 1980, uma década tão rica de artista os quais, depois dessa época, não souberam se manter – é uma lástima. Vemos aqui uma truncagem cubista, com linhas tensas e nuances de sobreposições, em pontos de vista se entremeando, numa autoria grupal, num sharing, num compartilhamento, como num conceito de venda numa agência de Propaganda, um trabalho que ocupa todos na firma de Publicidade, ao contrário do artista sozinho e exclusivo renascentista, o qual não suportava interferências. Aqui temos duas pessoas se complementando, num grau de intimidade, num amigo de verdade, que faz com que nos sintamos acompanhados existencialmente, num amigo que, mesmo estando nós há décadas sem vê-lo, quando o vemos parece que a última vez em que o vimos foi ontem! Aqui os olhos estão despertos, conscientes, como nos olhos conscientes da famosa máscara mortuária de do rei Tut, numa pessoa que está com a consciência que desencarnou, abraçando a readaptação ao Plano Metafísico, nosso lar de verdade, o lugar onde percebemos que precisamos continuar produtivos, no Éden para os que têm tesão pela Vida. O pescoço aqui é firme, como Nefertiti, a mulher que obteve tanto poder em um Egito de homens, no esforço feminista para vermos que os gêneros pouco falam sobre a pessoa. Aqui temos um acompanhamento, como numa sessão de Psicoterapia.

 


Acima, Redondo. 1925. Aqui remete a pinturas rupestres, na aurora de produção artística, fazendo da Arte algo que tanto no diferencia dos outros animais, no fato de que macacos não são capazes de produzir Arte. Aqui vemos um baile, num mágico momento de interação social, no momento de festa em que a pessoa se esforça para estar no ápice de sua aparência, como cavalheiros em cabelos domados por gel e moças em deslumbrantes vestidos, tudo na tentativa de nos parecermos ao máximo com os espíritos desencarnados, no ápice de suas aparências, na universalidade da beleza e do momento de gala, de festa. Aqui vemos uma ironia, com suásticas lutando contra estrelas de Davi, na perseguição nazista aos judeus, em filmes tão contundentes como A Lista de Schindler, na insanidade do extermínio de minorias, tudo arquitetado por uma mente diabólica a qual, se Deus quiser, jamais voltará a encarnar na Terra, num momento histórico em que seres humanos foram tratados como não se trata um animal selvagem, no delírio insano de purificação étnica, como uma pessoa que conheci, a qual, no auge de sua loucura, simpatizava com as ideias de Hitler – é um horror. Aqui vemos o choque entre judaísmo e nazismo, no delírio fascista de limpeza racial, num Hitler o qual, em jogos olímpicos, se recusou a aplaudir atletas negros, no mesmo absurdo de se dizer que dobermann não é cachorro, num fascismo de se reduzir um ser humano a um mero e impessoal tijolo na construção de um muro, num homem o qual, de tão mentiroso, acabou rejeitado e desprezado, trazendo vergonha à própria família, ao ponto de seus descendentes pararem de usar tal sobrenome, numa desgraça a uma família inteira, no fato de que hoje descendentes de Hitler usam outro sobrenome, tal a vergonha. Aqui as pessoas andam de mãos dadas, numa comunhão, num momento de engajamento comunitário em que as pessoas se unem em torno de um momento comunitário, na construção de Cultura Popular, uma cultura que tanto fascinava Ariano Suassuna, numa celebração que vem do povo a este pertence, no momento em que a comunidade se vê projetada e representada. Ao topo do quadro vemos um Sol vermelho, ardente, como no majestoso sol nascente da bandeira nacional japonesa, nascendo triunfante das brumas e trazendo um novo amanhã, uma nova chance, uma nova encarnação, no caminho de depuração espiritual, numa pessoa que passou a observar a necessidade de aquisição de apuro moral, num espírito de luz e verdade, que brilha como um diamante, num artista que brilha em seu talento, no poder unificador da Arte, atraindo fãs ao redor do Mundo, em fãclubes ao redor do Globo, na prova da universalidade do Ser Humano, como numa Whitney Houston, num videoclipe com mais de um bilhão de acessos no Youtube, fazendo da Arte algo tão peculiarmente humano, diferenciando-nos das demais raças alienígenas no Universo. Aqui temos uma nobre atitude de Alejandro Xul Solar, tentando pacificar a Humanidade, trazendo uma trégua na guerra entre suásticas e estrelas de Davi, no talento de uma pessoa em semear a Paz, ao contrário do sociopata, o qual nada mais faz do que semear a discórdia entre os seres humanos, como colocar os homens contra as mulheres, sociopatas os quais infelizmente são ouvidos tão frequentemente. Aqui é um momento raro e nobre de agregação mundial, como no dia de primeiro de janeiro, num momento em que o Ser Humano percebe sua própria universalidade, como em torneios mundiais, nos quais a competitividade pincela tais traços universais, como num concurso de Miss Universo, na busca humana por beleza. Aqui as figuras humanas estão em movimento e articulação, buscando uma solução para os problemas da Humanidade, como em articulações diplomáticas, sempre em busca da harmonia. É como uma família se unificando, talvez na morte de um ente querido ou no nascimento de uma criança, como uma família pode se reunificar a partir de um acidente de carro, por exemplo. Aqui as diferenças tentam ser esquecidas em prol do bem coletivo.

 

Referências bibliográficas:

 

Alejandro Xul Solar. Disponível em: <www.coleccion.malba.org.ar>. Acesso em: 27 jul. 2022.

Alejandro Xul Solar. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 27 jul. 2022.

Alejandro Xul Solar. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 27 jul. 2022.

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