quarta-feira, 31 de agosto de 2022

C de chic; C de competente

 

 

É com orgulho que anuncio a marca de 300 (trezentas) postagens em meu blog, somando este com o “Blog desde 2015 por Gonçalo Mascia”. A você que acessa, o meu muito obrigado.

 

Falo pela única vez sobre o artista americano Edmund C. Tarbell (1862 – 1938), um grande impressionista, pertencendo a numerosas coleções, como a do queridinho novaiorquino Met, sendo um mestre multipremiado e multimedalhado. Integrou o movimento “Dez Pintores Americanos”, o qual foi sucesso de público e crítica, num grupo primando pela originalidade e pela imaginação. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A Carta. A carta é uma revelação, algo sério. É algo que a Vida vai revelando, no modo como a passagem do Tempo faz com que tais fatos fiquem claros de ser observados, como no grande plano divino de Tao, que quer que vejamos que somos todos irmãos, no incansável intuito do padre na missa, sempre nos lembrando de tal irmandade, desejando que o fiel saia do templo sem esquecer do que ouviu no sermão. Os livros empilhados são a erudição, como num certo prédio que é sede do Ministério da Educação de um país, numa arquitetura corajosa e vibrante, num prédio com o aspecto de vários livros empilhados, como numa escada, no esforço das instituições de Ensino em incentivar o jovem, desde criança, a ler, na construção de um país, como num Brasil ainda tão carente de abundância de produção de Cultura Erudita, a cultura que forma cidadãos de bem, letrados, polidos, como no impecável povo japonês, um povo polido, rico e limpo, no incrível modo como o Japão tem os maiores índices de suicídio do Mundo, no fato de que dinheiro, apesar de útil e necessário, não traz muita felicidade. A moça aqui está completamente absorvida pela leitura, séria, alienada de tudo ao redor, numa capacidade de concentração, como ler um jornal em um ambiente barulhento mas, no momento da leitura, simplesmente esquecer-se do barulho ao redor, como no sofisticado jogo de luzes de Martin Scorcese em A época da Inocência, com os personagens totalmente absortos na leitura de algo ou na percepção de algo, no personagem iluminado e com o ambiente atrás escurecido, na capacidade de certos diretores em atingir efeitos tão belos e contundentes, num diretor que se revela mestre no ofício, merecendo os tão ambicionados e disputados Oscars, numa Hollywood obcecada por sucesso e dinheiro, no modo protestante de crer que Deus quer que sejamos ricos, ao contrário do voto católico de pobreza de padres e freiras, no momento de rompimento entre Catolicismo e Protestantismo, na arrebatadora cena inicial do filme Elizabeth, com protestantes sendo executados da forma mais cruel possível, que é ser queimado vivo, pois, não canso de dizer, NADA MAIS HUMANO DO QUE SER DESUMANO. A janela aberta é tal abertura e esclarecimento, num fato sendo revelado, talvez um fato não tão doce ou agradável, como uma pessoa que descobriu ter Câncer, encarando as vicissitudes as quais acabam por ocasionar um grande crescimento e uma grande depuração ao espírito encarnado, como um aluno cursando os semestres de uma faculdade, tendo que empreender um esforço de anos para chegar ao cobiçado diploma, na coroação de muitos anos de esforço, desde a Pré Escola, com inúmeros dias de aula. As flores são a beleza da Vida, numa explosão primaveril, numa promessa de renovação, de desencarne, como numa aposentadoria, a qual só pode ser vista de forma metafórica, pois absolutamente ninguém pode parar de lutar pela Vida, sendo tediosa e enfadonha a vida de uma pessoa improdutiva. O abajur é o esclarecimento, num fato sendo revelado pela tal carta, como no quadro similar de Rodolfo Amoedo, na mesma revelação de uma carta. As cortinas são os lábios vaginais, como um artesanato de renda, da feminilidade do receptáculo, como na reclusão de Jeannie é um Gênio em sua garrafa introspectiva, na reserva plácida do lar. A cadeira é o descanso depois de um esforço muito grande, numa pessoa que sabe que não pode trabalhar demais. O pescoço da moça aqui está dolorido, tal a dedicação à leitura, num trabalho um tanto árduo, como qualquer outro.

 


Acima, As Irmãs. As moças são o glorioso modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, no modo como nos encontramos lá em cima com nossos entes falecidos, como uma bisavó, a qual, mesmo não tendo nos conhecido na Terra, ilumina-nos a todos com amor incondicional, numa pessoa com o coração generoso, que considera o próprio sobrinho neto como neto, num coração generoso e agregador, no talento de certas pessoas em manter coesa uma família. As irmãs são o ponto de intimidade, em relacionamentos que perduram pela Vida toda, mesmo com irmãos estando morando em cidades diferentes, no modo como o psicológico se sobrepõe ao espacial, ao contrário de uma pessoa que foi minha vizinha no mesmo andar do prédio onde moro, uma vizinha a qual, apesar de estar a dois passos de distância, estava, naquele momento, espiritualmente distante de mim, no discernimento de uma certa psicóloga, a qual não considerava a passagem do Tempo, mas os eventos psicológicos na minha vida. As moças são a educação, a disciplina e a espera, na famosa passagem em que Evita Perón fez, de propósito, com que senhoras da Aristocracia Rural Argentina esperassem por Eva por várias horas, numa Evita bem controversa: uma deusa virgem para o proletariado argentino e uma puta filha de uma puta para o resto do país, com o perdão do termo chulo, numa figura que, apesar de tão polêmica – amada e odiada –, segue como a figura mais emblemática de toda a História da Argentina, numa Evita que não conseguia imaginar a Vida sem inimigos, neste talento humano para a desavença. As moças aqui são a espera, numa pessoa que aprendeu a esperar pelo momento propício, num exercício de disciplina e de paciência, como ter a paciência numa sala de espera de algum consultório médico, num médico o qual, além de nos fazer esperar bastante, sequer pede desculpas por nos fazer esperar, na arrogância de Luizinho em crer que a agenda de todos tem que girar em torno da agenda de Luizinho – é muita grosseria, meu irmão, com o perdão do desabafo aqui! As moças são a introspecção, numa reflexão, numa aula de Filosofia, remetendo a uma professora de Filosofia que tive na minha faculdade, uma professora extremamente dura e exigente, que exigia que os alunos dessem provas de que entenderam o pensamento de um determinado filósofo – em toda minha faculdade, foi a única cadeira na qual passei raspando, com nota mínima, e foi Tao que me salvou no exame final da cadeira, mostrando à professora que há todo um ramo taoista e budista de Filosofia. A camisa de uma das moças é azul, num glorioso Céu de Brigadeiro, no modo como em Londres, na cinzenta e úmida Inglaterra, tem poucos dias assim, de tanto Sol, numa Barbra cantando a canção On a clear day, ou seja, Em um dia claro, numa pessoa que sabe quem é, e dá graças a Deus por ter nascido de tal forma, no caminho do Amor, que é a pessoa amar quem é e amar onde está, no caminho do contentamento, talvez numa pessoa que finalmente conseguiu alta num consultório de Psicologia, no modo como é sofrida a vida de uma pessoa que não aceita a si mesma, querendo estar em outro planeta, querendo ser outra pessoa. Uma das irmãs esta e chapéu; a outra, não. É o modo como todos temos dois olhos – um moderno e um clássico, como uma certa popstar, a qual, apesar de ser uma mulher muito religiosa e espiritual, agride os preconceitos do Patriarcado. O chapéu é o garbo e a elegância, numa pessoa com autoestima, que se arruma para sair de casa, numa pessoa que faz questão de se aprumar muito bem antes de ir trabalhar, preparando-se para mais um dia de labor, ao contrário de uma pessoa sem autoestima, a qual sai de casa de qualquer modo, como uma certa atriz americana, a qual vai desarrumada a premiações e eventos de gala, talvez com o intuito inconsciente de agredir o Mundo – vai saber? Aqui é o nível de intimidade de duas pessoas que podem conversar telepaticamente, sem proferir uma palavra. As irmãs são a crença de que todos viemos da mesma “barriga”.

 


Acima, Devaneio. A mão é um suporte, numa vida centrada em torno do trabalho, num homem realista e pés no chão, talvez decepcionando sua própria esposa, a qual acreditara que tudo estava centrado no casamento e na relação romântica, talvez num casamento em que o calor da relação esfriou, numa mulher cujas expectativas foram sendo frustradas uma a uma. Aqui é uma mulher sendo sustentada, nesta fria que é a ser obrigado por lei a sustentar uma ex esposa a qual não mais faz parte da vida do homem. O pescoço aqui está atado e disciplinado, num caminho de disciplina, numa mulher que “domou” um homem e colocou este na linha, na Mulhergato domando Batman com chicotadas, na seriedade por trás de um casamento, o qual só perdura se houver paciência mútua entre os cônjuges, como numa banda de Música, a qual é um casamento sem Sexo, sendo difícil manter coesa, por décadas, uma banda, como num longevo U2, ao contrário do violento desfalque que foi a saída de Slash dos Guns and Roses, numa pessoa que passa a perceber que a Vida tem que continuar sendo tocada para frente, num artista forte, que tem a força para virar as páginas, encarando o fato de que ninguém está por cima o tempo todo, como no brilho estelar monstruoso de Gisele, a qual não deslanchou na carreira de atriz, no fato de que todo mundo toma no cu, com o perdão do termo chulo. As vestes aqui são macias, virginais e sensuais, numa sedutora cama de lençóis de cetim, numa noite romântica, num dia o qual, inevitavelmente amanhecendo, traz a dureza de mais uma jornada de trabalho, numa Quarta Feira de Cinzas que sempre chega, não importando o quão colorido e alegre foi o Carnaval, na seriedade da Vida, numa pessoa que colocou a si mesma numa degradante situação de Rua; numa pessoa que quer, com todas as suas forças, fugir da seriedade da Vida, na sábia recomendação de que não se deve dar esmolas, pois estas só incentivam a pessoa a permanecer em tal situação patética, pois o Mundo pertence aos que encaram a luta, meu amigo. A moça aqui está imersa em pensamentos, ponderando, talvez tendo que fazer uma escolha, talvez selecionando um pretendente, avaliando os prós e contras, talvez com medo de que nunca algum homem vai propor casamento a ela, nesse “desespero” que as mulheres têm em se casar, no eterno exemplo de uma Grace Kelly, a qual abandonou uma carreira brilhante para virar dona de casa, no frigir dos ovos, talvez numa Grace que não soube conciliar carreira com a função (enfadonha) de princesa. A luz entra aqui suave, refletindo as belas vestes alvas, como brumas londrinas, ou como a cerração na Serra Gaúcha, no modo como temos que arranjar algo de nobre para fazer nesta tarde brumosa que é a Vida, na dúvida cinzenta que tanto testa e fé do ser humano, como no Castelo de Grayskull do universo de He-Man, um lugar que sofre a disputa entre as forças do Bem a as forças do Mal, no modo como só há um lugar para o espírito ir, e todo o resto são caminhos de carência e privação – não existe bipolaridade, pois só existe o Bem. A moça aqui está com os cabelos arrumados, talvez indo ou vindo de um evento social, no momento que exige que nos arrumemos, no caminho da autoestima, no caminho espiritual de perceber que somos todos filhos legítimos do mesmo Rei, e que as diferenças na Terra são ilusões as quais não sobrevivem ao Desencarne. A moça aqui é uma embalagem de Leite Moça, e sua pele é quase tão alva quanto o vestido, como numa pureza da Arwen de Liv Tyler, a donzela élfica que é a Estrela Vespertina de seu próprio povo, na capacidade de uma pessoa em atingir o nível estelar e sendo vista como uma estrela apolínea no Céu, sem gênero, sem nacionalidade. O semblante da moça aqui é um tanto triste, talvez levando um fora de um rapaz o qual ela amava, talvez tendo sonhado em casar com tal amado, num machucado sentimental o qual vai sarar; o qual fará desta moça uma mulher mais forte. O ambiente aqui é muito silencioso, e ouvimos o farfalhar das roupas finas desta jovem senhora.

 


Acima, Educando os Cavalos. O cavalo é a combinação entre ímpeto e elegância, num ímpeto de avassalar a Mundo, numa chama interior que nunca esfria, na beleza de um sonho que vai sobrevivendo às intempéries da Vida, na vitória da beleza sobre o horrível; na vitória da verdade sobre os sinais traiçoeiros da mentira. O cavalo é um ser selvagem que foi condicionado à Vida em Sociedade, no sentido da canalização da energia, numa pessoa que tem que encontrar um modo de canalizar sua própria energia criativa, ao contrário de uma pessoa desajustada, que vive ao sabor do vento, sem se centrar, pois a Vida dá uma deliciosa recompensa aos centrados e ajustados, numa pessoa que manteve o foco, mantendo tal “fome”, tal vontade, tal sonho, “temperando” a Vida com deliciosas especiarias, num surfista que tem tesão por um mar cheio de ondas e desafios, ao contrário de um prostrante mar sem ondas, como no alpinista com tesão pela montanha a ser escalada, no modo como a pessoa tem que ter tal força para se encontrar, no caminho da identidade, da pessoa saber quem ela é. Aqui temos um machismo social, pois só ao homem é permitida tal aventura, no claro modo como a Seleção Masculina de Futebol do Brasil ganha muito mais atenção do que a Feminina. Aqui é o machismo de que a mulher não pode montar um cavalo tal qual um homem, na moça que se vê obrigada a sentar na sela com as pernas na mesma direção, castrando assim a sensação de excitação e aventura que é montar um cavalo com uma perna de cada lado da sela. Aqui a mulher assiste tal privilégio masculino, relegada à vida de dona de casa, tendo que cuidar das crianças aqui, no termo machista hitlerista: “Igreja, Cozinha e Crianças”, num Hitler ínfimo ao ponto de trazer vergonha aos membros da sua própria família. A mulher olha para os cavalos querendo fazer tal montaria, no caminho feminista em que uma mulher pode ser exatamente tão boa quanto um homem, numa menina que se identifica com o masculino, como numa altiva Berenice Azambuja, um ícone da Música Gauchesca, rechaçando o doce e coadjuvante papel da donzela vestida de prenda, com pessoas que acham que Elis Regina, por ser de origem gaúcha, tinha que cantar dentro de CTGs vestida de prenda, ignorando o fato de que, acima de tudo, Elis foi brasileira. A moça está sem o chapéu, que é a proteção e o resguardo, querendo se libertar num dia tão ensolarado e belo, cheio de luz e energia, talvez numa doce cena de Verão, na época em que a Vida está em seu auge, num adolescente escravo de seus próprios hormônios, querendo, acima de tudo, Sexo, nas palavras imponentes de uma Martha Suplicy: “A Adolescência é uma época em que se masturbar dez vezes por dia é perfeitamente normal!”. Aqui os campos farfalham na doce brisa morna, e flores silvestres brotam gratuitamente, sem precisar que sejam cultivadas pela mão humana. As crianças aqui ainda são muito pequenas e muito dependentes, na mãe pato seguida de uma fila de filhotes, até o menino “desmamar” e virar o homem que aqui monta altivamente o cavalo, talvez num menino sonhando em ser tal homem viril, aventureiro, forte, corajoso, como em jogadores de Futebol conquistando a admiração do menino pequeno, como num super herói com superpoderes e superforça, nos apelos da Sociedade de Consumo, apelos que seduzem a criança, apelos dizendo que tal produto alimentício fará do menino um grande homem crescido, como um achocolatado, como num Sheldon em The Big Bang Theory, um homem nerd o qual, apesar de ter uma gigantesca inteligência, é vítima de marqueteiros de super heróis, como vender um pote de biscoitos em forma de Batman, um artigo o qual, definitivamente, não é de suma importância, na capacidade de ardilosos marqueteiros vendedores. A cena aqui é bem campestre, na saúde do ar livre, numa sensação de liberdade, com a advertência taoista: Cavalgar pelos campos é libertador e excitante, mas vai enlouquecer você se você cavalgar demais! A corrida aqui são as competições que tanta audiência captam, em competições assistidas ao redor do Mundo.

 


Acima, Mãe e uma Criança no Barco. A mãe é o zelo e a proteção do lar, num ambiente seguro, como vedar com fitas adesivas tomadas elétricas, na enorme responsabilidade que é criar uma criança e colocar valores na cabeça desta. O barco é o invólucro do lar, no modo como, no fundo, a criança gosta de receber ordens e proibições dentro de casa, pois isso dá à criança a sensação de lar e de pertencimento. A água aqui é deliciosa, e nas ondulações vemos todo o talento impressionista de Tarbell, como no doce e plácido mar de Botticelli revelando Vênus, num mar doce e feminino, muito longe do mar agitado que tanto excita um surfista, na questão da pessoa encontrar o tesão na luta pela Vida, havendo na pessoa deprimida tal alpinista que se prostra diante da montanha, numa doença tão perniciosa, o “fantasma do meio dia”, numa pessoa que simplesmente não vê propósito algum na Vida. A criança é a inocência, numa pessoa que teve que aceitar o modo como veio ao Mundo, como um menor abandonado, o qual se viu sem família, sem pais, sem proveniência, num árduo processo de identidade, como um rapaz órfão que conheci, o qual, em seu processo de identidade, resolveu se dedicar à sua religião, que é a Umbanda, a religião dos socialmente excluídos, numa religião que permite o casamento gay, num nobre Papa Francisco, o Pata agregador, o Papa do povo, um senhor o qual, infelizmente, está dando sinais de doença e de tendência à renúncia, o que seria uma pena, pois Francisco será insubstituível. A cena aqui é doce, de Verão, numa deliciosa sombra nas árvores, num delicioso convite a uma piscina ou uma orla, num Verão cujo Sol pode ser tão raro em cidades setentrionais como Londres, no Norte do Mundo, com suas brumas e seu frio úmido que “penetra nos ossos”, no fascínio exercido por cidades como Salvador, a cidade do calor agradável, muito longe dos tórridos verões portoalegrenses, no divertido termo “Forno Alegre”! Podemos ouvir aqui o som da aquosidade, na Vida que habita as águas no planeta, no lugar de onde veio a Vida, na origem de formas simples e primárias de Vida, até a sofisticação da Humanidade, os símios racionais. Aqui remete aos pedalinhos do Lago Negro de Gramado, num ponto turístico, nessa Meca turística que são Gramado e Canela, em um destino que está começando a se tornar internacional, e um exemplo disso é o fato de que em frente a todos os hotéis da poderosa rede Lagheto há uma bandeira nacional brasileira, uma uruguaia e uma argentina, ou como brasileiros de todos os cantos do Brasil, num lugar de sinergia, onde tudo é feto para encantar e emocionar o turista. O barco aqui parece ondular, num líquido amniótico delicioso e morno, numa deliciosa piscina térmica, no acalento materno, no trauma que é sair do útero quentinho e confortável para o frio e duro Mundo dos Homens, num Mundo que exige que cresçamos e sejamos fortes, nos versos de uma certa canção, que diz que, mesmo você estando farto de tudo, você será um homem, meu filho, no verso do hino nacional: Verá que filho teu não foge à luta! Aqui é um retorno às origens e às raízes, num caminho de identidade, até chegar a um ponto em que a pessoa gosta de ser ela mesma, não querendo ser outra pessoa ou estar em outro lugar, no caminho da paz e da aceitação, no caminho de Tao, o Rei que a todos nós gerou, nessa gigantesca família que é a Humanidade, mas num Ser Humano que sempre se esquece de tal Pai em comum, nos esforços dos padres na missa em dizer que estamos todos conectados, na metáfora da Internet, o ambiente que todos temos uma participação, como numa pessoa popular, com vários milhares de amigos no Facebook. A cena aqui é plácida e acalentadora, e o bebê parece estar calmo e à vontade, sob o infalível zelo materno, como numa pessoa que cuida da própria vida e da própria carreira, num trabalho de devoção e dedicação, numa pessoa com tesão pela Vida, ao contrário de um refratário morador de Rua, o qual nada quer da Vida – é muito prostrante. Os galhos aqui são os ramos de família em entrelaces.

 


Acima, Preparando-se para a Matinê. Claro que aqui é um momento de aprumação para a interação social, num gesto de autoestima, numa pessoa que se importa em estar bela e elegante para o Mundo. O chapéu é a Moda, no modo como cada lugar e época têm suas vogues, suas modas, no modo como a Nouvelle Vague deu todo um novo norte à Sétima Arte, em filmes de forte protesto antinazista como o contundente A Lista de Schindler, na impactante cena dos corpos carbonizados, tratando um ser humano como não se trata um animal, no modo como na Alemanha ainda existem focos de neonazismo, no mesmo absurdo de se dizer que pastor alemão não é cachorro, no caminho da ignorância e da crueldade. O chapéu tem uma singela flor, que á a Vida lutando para sobreviver. A flor é a simplicidade das flores silvestres, as quais brotam na Primavera sem necessidade de serem cultivadas pela mão humana, na simples diversão de se mordiscar um pequenino caule de flor Azedinha, no modo como a felicidade está nos aspectos mais simples da Vida, como olhar para um Céu de Brigadeiro, encher os pulmões de ar e agradecer a Deus por termos saúde e lucidez. O espelho é autoimagem, numa pessoa que resolveu olhar para si mesma, numa reflexão, como uma pessoa que adquire o controle sobre sua própria vida, talvez olhando para um quadro de devastação existencial, dizendo para si mesma: “Calma – você vai se reerguer!”. A poltrona é o conforto, numa pessoa confortável dentro de sua própria pele, cuidando de si mesma, como consultar um dentista quando alguma dor no dente aparece. A poltrona é o conforto do lar, num lugar de aconchego, como numa pessoa que mora sozinha, fazendo do interior da casa ter um visual que é somente de tal morador, no modo como tem que haver paciência ao se morar com outra pessoa, pois, desse modo, nem tudo ali dentro é a nossa cara... A poltrona é o resguardo, numa pessoa que é rei de si mesma, nos versos de uma famosa canção: “Que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem!”, na altivez de uma pessoa na qual ninguém manda, ao contrário de um amor doente, possessivo e obsessivo, num amor fixado que tem que ser exorcizado, talvez sob os cuidados de um bom médium espírita, num trabalho de desobsessão. A roupa aqui é de festa, de evento social, e não uma roupa descuidada para se usar dentro de casa de forma privativa. Esse mágico momento de interação social remete à antiga Rua da Praia, em Porto Alegre, ao redor dos anos 1940, quando as pessoas se arrumavam muito para passear por tal via da cidade, sendo surpreendidas por fotógrafos que clicavam as pessoas para vender estas fotos. É o modo como já se foram os glamorosos tempos da Aviação Civil Brasileira, nos áureos tempos da Varig, quando as pessoas se arrumavam para voar, com aquela aeromoça oferecendo aquela deliciosa bandeja de almoço ou jantar. A roupa é aqui é fresquinha e veranil, no olor de mar e de liberdade na orla, num ambiente tão propício ao Reggae, o estilo musical praiano. Aqui é o fato como, para a mulher, a diversão não acontece no momento de tal mulher chegar ao evento, mas numa diversão que começa já em todo o longo processo de aprumação, como no primeiro passo, que é entrar num banho, num processo que pode até levar horas, no caminho saudável da autoestima, em respeito às regras de interação social, como respeitar um baile de gala, indo a este devidamente elegante, num momento em que buscamos nos aproximar da beleza da agenda social metafísica, num lugar que faz com que não desejemos estar em qualquer outro lugar, ao contrário de uma pessoa que está “aprisionada” em um submundo, fomentando o desejo de estar em outro planeta, pois qual prisioneiro gosta de estar preso a tal submundo? É uma relação viciosa de amor e ódio. Aqui são aquelas alvas moças de Tarbell, puras como leite, numa embalagem de leite condensado, na gloriosa sensação de mamar num leite tão delicioso, no gosto pecadinho da Gula, pois que Vida é esta na qual não há prazer? É positivo carregar tanta culpa? Não somos todos humanos?

 

Referência bibliográfica:

 

Edmund C. Tarbell. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 24 ago. 2022.

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