quarta-feira, 28 de junho de 2023

Ver Vermeer (Parte 1 de 5)

 

 

Falo pela primeira vez sobre o artista holandês Johannes Vermeer (1632 – 1675), do qual pouco se sabe. O pintor holandês mais famoso do século XVII. Só começou a ser reconhecido a partir do ano de 1866, apesar de ter concebido trabalhos de claro talento. Poucos de seus quadros sobreviveram aos dias de hoje. Sua esposa pariu quinze filhos (!). Também trabalhou como comerciante de Arte. Nunca foi rico. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A alcoviteira. Aqui é a mulher fácil e vulgar, fazendo do Sexo um leilão, desperdiçando uma vida, sem construir algo de positivo e produtivo, num Brasil onde a prostituição é legalizada – faça o que quiser com seu próprio corpo. Aqui é um momento de boemia e álcool, no termo “No vinho, a verdade”, no modo como a bebida deixa a pessoa extrovertida, soltando a voz, remetendo ao divertido personagem Raj, do seriado The Big Bang Theory, um nerd que simplesmente não consegue conversar com mulheres, só podendo conversar com elas se tiver bebido algum álcool, no modo como cada pessoa lida com suas próprias vicissitudes. Um homem descaradamente apalpa o seio da mundana, na divertida canção Material Girl, de Madonna, falando sobre uma mulher vulgar e comprável, na artista interpretando Marilyn Monroe, a qual era um escândalo de provocante, neste dom que certas pessoas têm me excitar e hipnotizar o Mundo, como numa soberana Gisele, dona de um enorme talento, ditando paradigma capilar mundial, com todas as mulheres ao redor do Mundo imitando os cabelos ondulados da deusa brasileira, mas na prova de que ninguém tira tudo de letra o tempo todo, no fracasso recente de um livro lançado por Bündchen, intitulado de Aprendizados, na prova de que ninguém está por cima o tempo todo, como artistas que receberam não só um Oscar como também o infame prêmio deboche Framboesa de Ouro. A prosti está ruborizada, talvez sob efeito do vinho, nos conceitos de antigamente, quando atriz era vista como prosti, como dizia Dercy Gonçalves, numa mulher provocante a qual, no fundo, era uma dama, havendo oportunidades catárticas, como me contaram da catarse de Gloria Pires nas filmagens de um filme, com a atriz definitivamente se colocando na pele do personagem, sendo ovacionada no set por todos ao seu redor, na prova que é o desperdício de Pires nunca se aventurar no Teatro, a mãe da carreira de atuação, remetendo às peças gregas, na época em que só homens podiam atuar, como na personagem transgressora da por isso oscarizada Gwyneth Paltrow, numa Inglaterra elizabetana onde mulheres não podiam subir ao palco para interpretar Shakespeare, numa mesma Inglaterra na qual só homens podiam frequentar instituições de ensino, os famosos colleges ingleses, na contradição de que a tal rainha “virgem” foi uma feminista a seu próprio modo, sabendo que, se casasse, faria de seu país um mero quintal de outro, nessa coragem feminista de ir contar os ventos dos preconceitos patriarcais. Talvez este quadro, com tal temática ousada, tenha causado furor e escândalo na época, nesta capacidade da Arte em provocar e assinalar novos tempos, como na revolução modernista brasileira, no poder da Arte em trazer ventos de tal renovação, acordando o corpo social sobre a necessidade de evolução, no modo como, hoje em dia, vemos casais gays de mãos dadas na Rua, os quais respeito profundamente. Aqui é uma mulher de homens, numa mulher que decidiu ter tal vida, com seus próprios motivos, sobre a história de uma menina a qual já relatei aqui no blog, uma moça que de dia era estudante universitária e de noite era stripper! A jarra azul ao lado da puta, com o perdão do termo chulo, é o receptáculo feminino, na pureza uterina da Imaculada Conceição, o mito que busca nos dizer sobre como todos fomos concebidos, filhos de Tao, o Rei Supremo no poder imensurável da Eternidade, como Zeus criando a Mulher Maravilha, outro ícone feminista. Esta cena de prostíbulo remete a um amigo meu o qual frequentava puteiros, com o perdão do termo chulo, beijando as prostis na boca e querendo tirá-las de tal vida degradante. A moça aqui é popular entre os homens e impopular entre as mulheres, as quais reprovam a prosti. É como uma mulher da vida que conheci em Porto Alegre, numa vida mundana, regada a drogas – é meio triste.

 


Acima, A ruela. Aqui temos uma cena pacata, nas recomendações de Tao a um rei: Nunca interfira no dia a dia pacato do cidadão comum. Temos duas cenas de labor, com uma senhora varrendo e outra senhora costurando, numa ironia de metalinguagem, que é o labor sendo retratado pelo labor do pincel de Vermeer, tal como uma atriz interpretando outra atriz. A hera crescendo é o poder da Vida, da Natureza, com a vida brotando com toda a sua força primaveril, como nas selvagens e luxuriantes terras tropicais sulamericanas, nas selvagens tribos de canibais, causando furor numa Europa tão cristã, com a incumbência de colonizar tais terras e educar os indígenas selvagens, na dificuldade do indígena em entender o mito de Nossa Senhora, como na imagem de Maria esmagando a cobra da malícia do Éden, com a bondade imperando sobre a maldade, aniquilando a malícia, como num professor esforçado dando aulas de Educação Sexual, buscando neutralizar a malícia que a criança herda dos próprios pais. Aqui é um dia nublado, sem um majestoso Sol num impecável Céu de Brigadeiro, como numa Londres pálida, cheia de brumas, nas famosas Brumas de Avalon, num romance que, como me disse uma grande amiga minha intelectual, causou um “nó” na cabeça da leitora, numa mulher que era respeitada pelo exigente professor de Comunicação gaúcho Tatata Pimentel, o qual desprezava os medíocres. Nesta construção de prédios vemos arcos, como nos arcos romanos, ou nos arcos da Lapa no Rio, na metáfora de humildade, na qual a pessoa que se curva e é humilde é forte, na ilusão de que a arrogância é a mesma coisa do que altivez, numa confusão feita pelo sociopata, o qual se considera Deus simplesmente, como no ensandecido vilão Esqueleto no final da infame live action Mestres do Universo, com o malévolo absolutamente embevecido com o próprio poder, pois tudo o que um homem poderoso quer é mais poder, numa sede napoleônica por poder, nos versos da canção da banda pop Tears for Fears: Todo mundo quer mandar no Mundo! É como na desnecessária guerra na Ucrânia, com o ditador descarado Putin, um filho da puta, com o perdão do termo chulo. Na parte inferior do quadro vemos algo que parece ser crianças brincando, na doce época da Vida em que a pessoa se contenta com pouco, ficando feliz com modestos desenhos animados, sem os critérios e as exigências dos adultos, numa criança que não entende a pequenez das ambições e pretensões humanas. Vemos uma porta fechada, a qual é um veto, um tabu e uma proibição, como na frustração de nos depararmos com tais portas fechadas, as quais acabam por nos guiar e nos ajudar, orientando-nos pelos intrincados labirintos da Vida, no grande desafio que é a pessoa se encontrar, centrando a Vida em torno de algo nobre e respeitável. Aqui é uma cena urbana, e aqui, como em toda a obra de Vermeer, vemos tal talento de pincel, na época em que a Arte tinha tal função retratista, numa época em que não se fazia a mínima ideia do que seria mais tarde a transgressão impressionista e todas as demais vogues posteriores, num insano galgar de tecnologias, no modo como, hoje em dia, qualquer pessoa tem acesso a dispositivos móveis, mesmo num Brasil tão paupérrimo, com levas intermináveis de pessoas na Rua pedindo comida – é triste, no termo “Comer o pão que o Diabo amassou”. Aqui é um dia como qualquer outro, sem um momento festivo de desfile alegórico, como no exuberante carnaval carioca, no momento em que a sisudez da Vida é deixada de lado e em que o Ser Humano celebra a beleza e a paz metafísicas, com cores sedutoras de prismas de pureza, no inevitável dia libertador de desencarne, o qual virá sim, meu irmão, nos versos da banda Queen: Quem quer viver para sempre neste Mundo? Os tijolos construídos são o lento trabalho construtor de formiga, com peça por peça, na noção de que ninguém vai de zero a cem um piscar de olhos, numa evolução, no termo popular “Devagar e sempre”. Aqui é o cidadão comum, ocupado com saudáveis afazeres, ao contrário de vida infernal de uma pessoa improdutiva.

 


Acima, Cristo na casa de Marta e Maria. É difícil acreditar que tal talento de Vermeer só tenha recebido reconhecimento póstumo, num talento tão claro de ser observado. A sutil aura dourada de Jesus é o esclarecimento, no caminho racional para se obter a verdade, como no laço mágico da Mulher Maravilha, o qual, ao enlaçar alguém, faz com que este só fale a verdade, em um dos espíritos de luz que guiaram Kardec na construção do código espírita, o qual é, creio eu, a doutrina do futuro. Jesus é tal impacto, durando para sempre, num homem cujo pensamento perdura até hoje, em conceitos tão inéditos como o Reino dos Céus, no modo como o grego antigo via tal reino como um Olimpo metafísico, cheio de deuses e deusas guiando os destinos dos homens de carne e osso. O pão é tal carne de Jesus, sendo oferecido a Ele, numa anfitriã generosa, que sabe receber as pessoas, oferecendo um café, um vinho etc., fazendo com que o convidado se sinta em casa, ao contrário de uma certa pessoa a qual entrevistei certa vez, na casa desta pessoa, num anfitrião que sequer me ofereceu um copo de água da torneira! Aqui Jesus conversa e mostra a imensidão de seu pensamento, pois a Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade, neste presente inestimável que é a Vida eterna, em cujos trilhos todos nós já estamos, sendo humanamente inconcebível o fato de que jamais findaremos, pois a Eternidade é a explicação fria e lógica para a existência, não havendo sentido em uma finitude, no modo como a Psiquiatria não concebe a fé, na Ciência que não entende que a mente sobrevive à morte do corpo físico, no pensamento de Santo Agostinho – somos todos prisioneiros, mas a boa notícia é que o dia de soltura chegará, na imagem de esperança do Espírito Santo, num Jesus pacífico em um mundo aguerrido, sendo a promessa de um amanhã melhor, pois, infelizmente, nem Ele conseguiu resolver os irresolvíveis problemas do Mundo. A mulher agachada está deleitada, como num aluno aplicado assistindo à palestra de um grande mestre, no caminho da disciplina, no modo como um aluno aplicado enche um professor de satisfação, sendo inevitáveis os gradientes dentro de uma instituição de ensino, com alunos brilhantes, alunos medíocres e alunos péssimos, no modo como a Escola cobra desde cedo a criança em relação à disciplina, como uma dura professora que conheci certa vez, a qual era altamente disciplinada, amedrontadora, dando um “xixi” num aluno que o merecesse, uma pessoa que levava muito a sério o momento de aula, dizendo, ao perceber alguma distração: “A aula não vai render!”. A toalha branca é a Paz, mesmo porque Jesus é o Príncipe da Paz, num homem absolutamente inofensivo, sendo tão mal compreendido em vida, executado oficialmente pelo cruel código penal romano, sendo alvo de deboche sociopático, no deboche: “Jesus nazareno, rei dos judeus”, na especialidade humana que é a crueldade, tecendo uma coroa de espinhos, a qual faz metáfora com as inevitáveis dores da encarnação, pois já dizia Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é!”, não havendo encarnação perfeita, sem vicissitudes, no modo como o sentido da Vida é nos tornarmos pessoas melhores e mais depuradas. Aqui temos um pouquinho de Barroco, no jogo entre luz e sombra, nessas vogues que vão passando e marcando época, nos versos de Elis: “É você que é malpassado e não vê que o novo sempre vem”, como Marisa Monte se tornou a Elis Regina de minha geração, no dom de certos artistas em ter tamanho bom gosto em termos de voz, repertório e arranjos musicais, numa MM que é uma lenda viva da MPB, uma artista a qual respeito pornograficamente. Jesus é o maior pensador da Humanidade, num homem pobre e simples, o qual não teve oportunidade de estudar de fato, podendo até ter sido analfabeto. Jesus é tal ponto de concórdia, na harmonia entre todos os ramos de Cristianismo, em ramos como a Igreja Anglicana, a qual é fruto da soberania da maior estadista mulher da História do Mundo – Elizabeth I. Jesus é o conceito inédito de Amor, o qual mantém nós, irmãos, unidos.

 


Acima, Jovem adormecida. A hora mais gostosa do sono é o momento em que o despertador toca, num momento em que temos que sacrificar este pecadinho tão gostoso que é a preguiça. Aqui é tal sedução de Morfeu, num cômodo silencioso, em meia luz, tão convidativo para o sono, no momento em que mergulhamos nos caminhos estranhos dos sonhos, os quais são cheios de códigos, havendo, nos consultórios de Psicologia, o momento para que se façam análises semióticas dos sonhos, na doutrina de que nossos sonhos são partes de nós mesmos projetadas, em sonhos de altas projeções, nas quais podemos entender a nós mesmos. A toalha aqui é tal desorganização, tal caos quando adormecemos, ficando inconscientes do que nos rodeia, no advento desta grande invenção que é a Anestesia, no modo como hoje mesmo fui ao dentista, fazendo com que imaginemos com antigamente as cáries eram encaradas, havendo o ofício de Tiradentes, extirpando o dente causador de excruciante dor, em épocas em que não havia um mínimo analgésico, no modo como a Revolução Científica trouxe tais alentos à Humanidade, no caminho racional do esclarecimento, num longo processo para que o Senso Comum absorva o pensamento científico, como parar de ver o Alcoolismo como desvio imoral de conduta e começar a ver como doença que tem que ser tratada, no mesmo absurdo de se condenar moralmente uma pessoa que tenha diabetes, AIDS, câncer etc. A toalha é o trabalho da mão humana, numa ironia de metalinguagem aqui, no labor do Vermeer pintando o labor de algum artesão, em desenhos geométricos como artes indígenas, no poder civilizatório da Arte, algo tão humano, não havendo nos outros símios a sofisticação suficiente para que se produza Arte, fazendo da Arte tal enigma, só sendo compreendida pelos que têm apuro de inteligência emocional, instinto, sendo a Arte algo bloqueado para os frios sociopatas, os quais são emocionalmente burros, sem poder apreciar Arte devidamente. A cena aqui não é pobre, pois a mesa tem comida e bebida, remetendo às fartas mesas de galeterias, nas quais comemos como reis, num garçom sempre repondo a comida, impressionando as pessoas que não nasceram ou cresceram na Serra Gaúcha, como vi certa vez uma italiana numa galeteria caxiense, dizendo ela: “Meus Deus, quanta comida! Como vocês comem!”. As cadeiras são o repouso, numa pessoa que sabe que a Vida tem que ter pausa, na sabedoria de se fazer um breve intervalo no meio de um turno, havendo no workaholic tal prisioneiro de excessiva disciplina, pois no o discernimento taoista nos traz o fato de que tudo em excesso é prejudicial, e isso incluir trabalhar. As vestes da moça são de uma dama rica, num contexto privilegiado, no modo como o dinheiro pode trazer tais incômodos, como num casal divorciado, num litígio, nela querendo cobrar pensão dele, pois é uma fria ser obrigado por lei sustentar alguém que não mais faz parte de sua vida. Aqui é a sedução do sono, como numa silenciosa sala de espera no meio da tarde, num sono embalado, remetendo ao divertido episódio em que Mr. Bean adormece no meio de uma missa, num momento de tédio, impressionando um senhor sentado ao lado de Bean no templo, num personagem que atravessa décadas de trajetória, num ator tão genial como Atkinson, nesses grandes palhaços que nos trazem a mensagem de que rir é o melhor remédio. As sombras aqui são sedutoras, como me disse um médico sobre aulas de faculdade às treze horas, no momento em que o almoço repousa no estômago e dá soninho, numa sala escurecida, com slides projetados, no som dormente do zunido da máquina de projeção. As frutas são a variedade, no modo como a Sociedade é tão variada, como em certos desfiles alegóricos da Festa da Uva, contemplando todas as etnias que formaram a “Babel” que é Caxias do Sul, uma cidade que há muitas décadas deixou de ser uma cidade exclusivamente italiana, com as recentes levas de imigrantes africanos, por exemplo. Talvez aqui o vinho tenha sido tal causador de dormência, num cálice aqui de forma discreta, quase imperceptível.

 


Acima, Leitora à janela. As cortinas aqui abertas são uma revelação, como na revelação que traz a carta lida pela moça, numa época em que provavelmente só os ricos sabiam ler e escrever, havendo nos dias de hoje tal democratização da leitura, com cotas universitárias que buscam trazer a todos o conhecimento. A janela aberta é tal perspectiva, numa saída, numa opção, no encanto de um cômodo arejado e iluminado naturalmente, no fato que a melhor luz é a luz natural, pois que Tao faz, o homem não faz igual, infelizmente, nas palavras de uma princesa Elizabeth num interrogatório: “Meu senhores, todos nós somos cristãos!”, nas cruéis execuções de protestantes na terrível Inglaterra Católica de Maria Tudor, pois desde quando Jesus compactuaria com atos como queimar viva uma pessoa numa fogueira? O Ser Humano não comete atrocidades dizendo agir em nome de Cristo? O rosto da moça se reflete no vidro da janela, o que é a reflexão existencial, numa pessoa ponderando e adquirindo maturidade e discernimento, como eu disse certa vez a um jovem vintão: Quando dobrares a curva dos trinta, entender-me-ás! Vemos aqui novamente as frutas de Vermeer, no apreço deste artista por natureza morta, nas lições em instituições de Arte, com frutas ao centro da sala, no poder distributivo de Tao, o astro rei ao centro de tudo, provendo seus filhos planetas, como numa grande travessa ao centro de uma mesa, numa questão de simplicidade: Ele, nosso Senhor, é o único caminho, pois somos todos uma única família, num trabalho organizacional de recolher frutos e reuni-los numa cesta, num ato de arrumação, como numa dona de casa colocando uma casa em ordem, encarando uma nova jornada de trabalhos enquanto o homem sai de casa para trabalhar, numa divisão de tarefas, na conveniência do casamento, o qual é mais do que apenas amor e sexo, mas um trato, um contrato, uma necessidade. Aqui, o cabelo arrumado é tal garbo e disciplina, como num Fernando Collor, ganhando a fé do povo brasileiro por se tratar de um homem com uma aparência acima de qualquer suspeita, sem um único fio de cabelo fora do lugar, ao lado do oponente Lula, sem este ter uma aparência tão boa quanto à do oponente, no modo como, na vida pública, a aparência da pessoa é capital e crucial, havendo pessoas que não vão muito longe na vida pública exatamente por terem uma aparência ruim, como uma certa senhora, a qual deveria delinear as sobrancelhas, pintar o cabelo, maquiar-se e enjoiar-se, uma senhora que poderia ter chegado a presidente caso tivesse uma aparência melhor. Aqui é uma moça recatada, passiva, guardada “debaixo de sete chaves” pelos pais, arranjando um casamento de conveniência, como numa Maria Antonieta sendo entregue ao herdeiro do trono da França, num momento em que Maria não podia se negar a ter, numa passividade, numa pessoa que não tem o controle de sua própria vida, e que vida é esta na qual sou prisioneiro das expectativas de outrem? Vá se foder, com o perdão do termo chulo. A cortina rubra é o interior uterino, nas cólicas menstruais em uma época em que não havia medicamento para amenizar tal dor, no imaculado interior uterino de Maria, no mito da mulher sem sexualidade, no modo como já ouvi de um senhor que frequentava prostíbulos, dentro dos quais as cores rubras remetiam a Sexo, como na sedutora grife feminina Victoria’s Secret, seduzindo e excitando os homens, na magia de perfume pairando no ar, no ato de autoestima que é a pessoa se perfumando, aprumando-se para a interação social. A moça aqui é tal tristeza, talvez tendo que desposar um homem que ela não necessariamente ama, como na Maria Antonieta com seu amante, numa época em que casso extraconjugais eram aceitos, desde que de forma altamente discreta. A menina aqui é a juventude, muito jovem, sequer com formatos de seios à mostra, numa época em que a menarca já era sinal de que a moça podia casar ter prole, na opressão patriarcal de castrar a moça e impedir esta de ter prazer – é um horror, algo que enfurece toda e qualquer feminista.

 


Acima, Oficial e moça sorridente. Aqui temos um claro contraste, pois a moça está revelada e o homem está oculto em sombras. Aqui temos um jogo de sedução entre experiência masculina e passividade feminina. Talvez ele seja um grande navegador, cheio de experiências e aventuras, encantando a moça com tais histórias, no jogo de sedução do príncipe que liberta Rapunzel da torre. É o modo de meninas gostarem de rapazes mais velhos do que elas, nas meninas se esforçando para parecer que amadurecem antes dos meninos da idade delas, como numa moça eleita rainha da Festa da Uva, iniciando o reinado menina e terminado-o mulher, numa experiência que faz com que a moça cresça consideravelmente. Ao fundo no quadro vemos um mapa que parece ser a América do Norte, nos esforços humanos para esclarecer e catalogar as terras devolutas americanas, cheias de perigos e indígenas hostis, num homem com tal espírito aventureiro, de coragem, partindo em missão em nome de seu rei ou rainha, tornando-se um homem importante, um herói, um mito, num Colombo que veio à América achando estar na Índia, não tendo ideia do Mapa Mundi do século XX, em continentes novos como a Oceania. A janela aberta são os descobrimentos, numa corrida entre potências europeias para ver de quem eram tais terras sem dono, no modo português de arrancar tudo o que podia das riquezas minerais brasileiras, pois como são ricos alguns países! E roubaram tudo dos pobres! O homem aqui é bem viril, sedutor em suas histórias de aventuras, encantando a mocinha jovem e inexperiente, a qual é altamente pudica, com o cabelo todo coberto, num sinal de época de moças comportadas, dignas de serem respeitosamente desposadas no púlpito, moças superprotegidas por suas famílias, em absurdos como proibir mulheres de frequentar instituições de ensino, como há muito tempo atrás no programa vespertino de Serginho Groisman no SBT, como convidados um machistão e uma feminista, a qual estava absolutamente indignada com as colocações misóginas do homem, ao ponto de um menino pegar o microfone a dizer ao machistão: “Eu gostaria de lembrar o senhor de que a senhora sua mãe também é mulher!”, sendo o rapaz aplaudido pela plateia no estúdio. Aqui o homem sabe que está diante de uma dama pura e casta, e busca fazer uma sólida proposta de casamento, digno de ganhar o respeito dos pais da moça, como um homem que conheço, o qual fez uma proposta de casamento muito sólida mas, mesmo assim, acabou rechaçado pela mulher, tendo que contornar as sombras do divórcio e arranjar uma nova parceira, num duro recomeço, um homem que por fora é um príncipe mas por dentro é um Radicci, o personagem grossão do genial cartunista gaúcho Iotti, no modo como as aparências podem enganar. O homem aqui traz tal esclarecimento, e a estrela do quadro é a moça, como na Vênus e Marte de Botticelli, com ela desperta e esclarecida, enquanto ele dorme profundamente, como se hipnotizado e entorpecido. A moça sorri suavemente, linda como numa lata de Leite Moça, como na cara de santa que tinha Eva Perón, uma mulher que, por dentro, era perniciosa e complicada, sendo idolatrada pelo proletariado e odiada pelas classes sociais mais superiores, numa Evita que passou MUITO longe de ser uma figura conciliatória que uniria a Argentina, contrariando as sábias palavras de Obama: “Um presidente tem que governar para todos!”. A janela aberta traz um sopro de renovação às ideias da moça, a qual fica fascinada com as aventuras do machão à sua frente, numa moça tão passiva, que vai direto das mãos do pai para as mãos do marido, toda de branco na Igreja, em contraste com o marido, o qual explorou a sua própria vida sexual e frequentou prostíbulos, na divisão entre santinha e diabinha, pois nenhuma das duas fala sobre uma mulher, como nos recentes anúncios publicitários do sabão para roupas Omo, com marido e mulher dividindo as tarefas do lar, numa marca a qual, antigamente, pregava o mito da mãe zelosa e perfeita, sendo “Omo” a sigla em inglês para o termo “velha mãe coruja”.

 

Referências bibliográficas:

 

Johannes Vermeer. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 21 jun. 2023.

Johannes Vermeer. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 21 jun. 2023.

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