quarta-feira, 9 de agosto de 2023

P de Paul; P de Primoroso (Parte 2 de 2)

 

 

Falo pela segunda vez sobre o pintor alemão Paul Klee. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Mágica dos peixes. Os peixes são a vida, no modo como é relaxante observar um aquário, em peixes fluindo com calma, suavidade e placidez. Aqui é como um móbile num quarto de criança, encantando a criança, como na odontopediatra com a qual eu consultava, havendo aos olhos da criança brinquedos, talvez com o intuito de tirar da criança o medo de cadeira de dentista, numa dentista que até hoje é minha amiga. As flores são tal beleza, no encanto de uma mulher exuberante, com flores no cabelo, nos encantos femininos, como em colares havaianos de flores, recebendo o visitante turista, no ato de jogar rosas no toureiro ao final triunfante da tourada, na vitória do garbo civilizatório sobre a brutalidade animal do touro, num bichinho pobre coitado, executado aos poucos – será que o touro, após a morte na tourada, é transformado em bifes num restaurante? Acima no quadro vemos uma lua, na magia do luar excitando as marés, num símbolo de mistério e feminilidade, como em A Noite, de Pedro Américo, o quadro majestoso que mostra a deusa noturna jogando estrelas no céu da noite, guiando navegadores, no fino brilho estelar, nesta busca de artistas em se tornar astros, aludindo aos espíritos superiores, nossos irmãos depurados e finos, perfeitos, os quais recebem as ordens diretamente de Deus, num estado de felicidade suprema, no caminho incrível da Eternidade, este presente indelével do mais nobre material, como numa madeira nobre, a qual produz móveis que duram por muito, muito tempo, fazendo metáfora com a Eternidade, num mistério imortal – o que é Deus? Num quadro tão aquoso e líquido, fluidio, vemos algumas linhas retas de pensamento racional, na abreviação de etapas, num resumo, num uso de racionalidade, na menor distância entre dois pontos, na metáfora da águia alto no céu, como num arquiteto planejando, colocando as coisas num plano no papel, num trabalho de supervisão, como num Niemeyer planejando Brasília, claro que contando com o auxílio de muitos assistentes, no equilíbrio assimétrico do Congresso, fugindo da simetria clássica, num homem que, apesar de fumante inveterado, viveu por cem anos – não é engraçado? Os peixes são o alimento, no milagre da multiplicação de Jesus, num reino nobre e farto, como em nações desenvolvidas como o Canadá, com cidadãos gozando de uma grande qualidade de vida, com produtos de qualidade, como na pujança econômica do Chile, que é uma espécie de Suíça latinoamericana, produzindo produtos de alta qualidade – nozes, azeites de oliva, cerejas e vinhos, com tais bebidas chegando às gôndolas brasileiras com preços muito interessantes, na luta do setor vitivinícola brasileiro em abrandar as taxas tributárias, as quais encarecem o vinho brasileiro, fazendo este custar o dobro do que seria sem impostos, indo tudo estourar no bolso do consumidor. Aqui é como o monstrinho Gollum de Tolkien, um ser corrompido totalmente pelo maldito Anel do Poder, num Gollum animalesco, que se alienou da vida em sociedade, num Gollum devorando peixes vivos, recém tirados da água, algo um tanto próximo da encantadora culinária japonesa, no modo como o sushi ganhou o Mundo, na universalidade do estômago humano. Aqui há uma diversidade, uma Babilônia, com peixes de vários tipos e espécies, como numa Caxias do Sul, cidade que abriga imigrantes, como africanos e latinoamericanos, na ironia de ter sido uma cidade que tanto abrigou, no passado, imigrantes italianos, no modo como na Itália pouco de sabe sobre colônias italianas ao redor do Mundo, como no Brasil, Argentina, EUA etc., assim como no Brasil se sabe pouco sobre colônias de brasileiros ao redor do Mundo, como certa vez num programa do chef televisivo Jamie Oliver, o qual preparou uma feijoada para brasileiros residentes em Londres, ao som de muito samba, na universalidade dos tambores africanos, gerando o caldeirão cultural americano como Jazz e Blues, gêneros “primos” um do outro. Aqui os peixes fazem o vaivém, como numa cidade, com pessoas indo e vindo, cuidando de suas vidas, neste convívio com estranhos na Rua, em urbes vibrantes como Nova York, a cidade que cheira a arte e dinheiro.

 


Acima, Morte no jardim. A mulher grávida é como no início do filme O Tempo e o Vento, com a índia grávida prestes a parir, sozinha, nesta magia de miscigenação gaúcha, na junção do índio como branco, no modo como o Brasil é altamente miscigenado, ao contrário dos EUA, país no qual, em geral, negro tem filho com negra e branco tem filho com branca. A barriga é o lar, a segurança do lar, na situação de vulnerabilidade, no modo como hoje mesmo na Rua dei um pão a uma indígena e seus filhos pequenos, pois me corta o coração em ver criancinhas em tal situação degradante, num Mundo tão miserável; num Brasil tão pobre. Os seios lactantes são a fartura de um lar estável, nutrindo muito bem a criança, no modo como uma nutrição pobre atrapalha o devido crescimento da criança, em espíritos que decidiram reencarnar num contexto tão miserável, fazendo com que tal vida traga uma depuração espiritual enorme, no caminho da mortificação espiritual, na qual a pessoa para se apegar a bobagens e futilidades, numa pessoa que parou de “acreditar em Papai Noel”, no modo como uma vida em vulnerabilidade causa tal evolução ao espírito encarnado, sendo este o sentido da vida – aprimoramento, pois uma vida sem percalços não tem sentido, ou seja, verás que filho teu não foge à luta! O útero é a Imaculada Conceição, a qual tem o intuito de nos fazer entender como fomos concebidos por Tao de forma imaculada, fazendo de cada um nós extremamente único e especial, num dia que amanhece e mostra que somos irmãos, príncipes filhos do mesmo Rei Supremo, o qual é imitado pelos reis mundanos, havendo nestes uma função representativa, no paradigma democrático, no qual o presidente é um de nós; nosso irmão; nosso igual. Neste quadro vemos uma casa, que é tal segurança, numa sólida casa de família, num lar bem provido, seguro, como na personagem de Winona Ryder em A Época da Inocência, uma personagem que morreu acreditando que o Mundo era repleto de casas seguras como a dela, numa personagem focada, objetivada, com a meta de casar, constituir família e ser uma sólida matriarca, figura que mantém um clã coeso. Nesta casa vemos uma chaminé, num calor, num consolo num dia frio e úmido, num relacionamento caloroso, num ombro amigo que nos consola, numa comadre atenciosa, à qual confiamos nossos segredos, num caminho de intimidade, até chegar ao ponto em que se pode conversar com tal pessoa por telepatia, fazendo com que esta pessoa nos entenda sem precisarmos proferir uma só palavra. Neste quadro vemos um certo cubismo, com linhas tensas, como num papel sendo desdobrado, como num mistério policial sendo resolvido, como numa certa leitora inteligente de Agatha Christie, uma leitora que sempre podia descobrir o assassino antes de terminar o livro, numa escritora tão capciosa, guiando-nos por pistas falsas e confundindo-nos, num teste de inteligência, numa AC que, paradoxalmente, dizia detestar violência, no termo popular: “Casa de ferreiro, espeto de pau!”. No quadro vemos algumas plantas, como ramos de alecrim, num jardim que é uma mente fértil e criativa, em mentes tão fecundas e laboriosas, continuando falar de AC, lançando livros que buscavam ser únicos, num esforço para respeitar a inteligência do leitor, em fenômenos de popularidade como Paulo Coelho, fazendo sessões de autógrafos no Oriente Médio, num homem cuja inteligência não é respeitada por todos, sinto em dizer, nas palavras de um grande intelectual que conheço: “Como eu gostaria de ser mais burro, porém mais bem sucedido!”, como Donald Trump, o homem truculento cuja inteligência não vai além da esquina, conquistando vários milhões de eleitores. Na porção superior do quadro vemos uma bola, um satélite, um planeta, trazendo pessoas que, em pleno século XXI, creem que o Mundo é plano, no modo como não me canso em dizer: Ignore os ignorantes. Aqui temos um cenário de fragmentação, como num rompimento, numa colônia querendo se separar do colonizador.

 


Acima, Paisagem com aves amarelas. Aqui temos uma riqueza e uma variedade colorida, como numa galeria de personagens, de super-heróis, como na riqueza da galeria de personagens que o genial Chico Anysio construiu, num talento tamanho até o ponto em que se tratavam de personagens únicos, especiais, sem um ser meio parecido com o outro, no privilégio do Brasil ter tido aqui tal mestre comediante, no modo como a Cultura Brasileira é tão rica, mesmo num país economicamente pobre e pouco poderoso. Aqui algas tremulam tais quais bandeiras nacionais, na universalidade das bandeiras, havendo tão lindo minimalismo na bandeira nacional japonesa, no sol rubro nascente em meio às brumas brancas, no disco solar que pode ser uma imagem de Tao, o unificador, como num sol no meio de um sistema solar, mantendo uma família unida, como no meu falecido avô e como no falecido marido de minha falecida ia avó, dois homens patriarcas, que souberam manter a família unida, no fato de que, após o falecimento dos dois, as famílias de uma certa forma se desuniram, não mais passando Natais junta, o que é uma pena. Os pássaros dourados são a riqueza, como numa torcida amarela e dourada do Brasil num torneio, no país do futuro, com ícones como Senna, banhando o Brasil com a cor dourada da vitória, trazendo esperança a um povo tão pobre e desprivilegiado, na construção de heróis nacionais, como numa Gisele, a menina comum de jure que virou princesa de facto, ao contrário de uma certa moça de sangue azul, a qual não deslanchou muito bem. Aqui é uma sexy noite de verão num jardim diversificado, com sons de grilos e outras criaturas, na magia da brisa de verão fazendo farfalharem as folhas das árvores, num som de veludo, suave, relaxante, num processo intermitente de renovação e mudança, em ventos trazendo frentes frias e mudando o tempo, na pessoa que aprendeu a observar o Mundo assim, com as estações climáticas ascendendo e descendendo, num ritmo de tambor, numa aquosa repercussão indo e vindo, como no coito das ondas à beiramar, respirando, vivendo, num poder vibrante e mágico, em figuras de esmagador carisma como Diana, ao contrário de Charles III, o homem poderoso que não tem um pingo de carisma, na sabedoria popular: “Na vida não se pode ter tudo!”. Podemos ouvir o som dos pássaros, num bálsamo aos ouvidos, no modo como me encanta o som do bem-te-vi, nas plácidas ruas arborizadas de Porto Alegre, a cidade que se veste de roxo a cada Primavera, com seus frondosos jacarandás floridos, jogando flores na calçada, em algo que é tão chic, tão poético, tão nobre, nos galhos de árvore brotando como veias e como raios de tempestade, no poder da Vida, a qual é o nervo da Arte, já ouvi dizer. Aqui é um jogo sensual de revela e esconde, como na enigmática luz de luar, uma luz que tanto revela quanto oculta, nos mistérios da feminilidade, ao contrário da credibilidade do Sol Yang, o qual sempre nasce para reger mais uma jornada de trabalho, num homem firme, num homem de palavra, centrado no trabalho, no labor, como no laborioso colono italiano na Serra Gaúcha, no homem forte que só não trabalhava no Domingo porque o padre e a religião não permitiam, no conceito bíblico de que até Deus descansou no sétimo dia. O fundo negro é o mistério, e é o fundo ideal para essas formas coloridas e divertidas, como na Primavera de Botticelli, com as claras figura humanas respaldadas com um fundo enegrecido, no discernimento: Se digo que algo é claro, é porque conheço o oposto, que é escuro, no modo como o discreto ator coadjuvante é fundamental para fazer realçar o protagonista. Aqui vemos a imaginação fértil de Paul Klee, no poder transformador da mente humana, ao contrário de uma certa galeria de Arte, um lugar que ultimamente não tem sediado mostras muito ricas ou fartas, infelizmente, no desafio do artista plástico em fazer o espectador “babar” – deslumbre-me, cidadão! Aqui temos um convívio harmônico, na inclusão social do artista, o qual quer se encontrar existencialmente, no caminho da pessoa em saber qual é o seu lugar no Mundo, como num rapaz que decide ser padre.

 


Acima, Senécio 2. Os olhos desalinhados são a discordância, como duas pessoas discordando, como em embates políticos no Facebook, com o “xiita” direita versus “xiita” esquerda – apesar de eu não me envolver em tais discussões, fico no meio do “fogo cruzado” na rede social, nessa eterna vocação humana para a desarmonia, quando que tudo que deve haver é respeito, como uma professora que tive, cuja opinião aprendi a respeitar, mesmo discordando em alguma coisa, uma professora de minha faculdade de Publicidade e Propaganda, que disse, e concordo: “O que estamos fazendo aqui nesta sala de aula? Estamos formando mão de obra qualificada para o mercado capitalista!”, naquele professor que nos marca para sempre, valendo cada centavo da mensalidade, ao contrário de outros professores não tão brilhantes. Aqui o rosto é todo redondo, como num disco solar, na imagem de Deus como o Sol provedor, num pai provedor, que nada deixa faltar dentro de casa, como meu falecido avô Ibanez, o qual, apesar de não ter morrido rico, nunca deixou algo faltar dentro de casa para os seis filhos e esposa, num homem tão repleto de virtudes, dando-me saudades! O fino pescoço é a fragilidade, uma vulnerabilidade, como num certo morador de Rua de Caxias do Sul, já famoso na cidade, um rapaz que, apesar de alto e bonito, é um total mendigo, andando voluntariamente na Rua de pés descalços, deixando no ar um odor absolutamente fétido, num exemplo do que acontece com aqueles que não querem encarar a luta pela Vida, como me disse um médium espírita: “Deus não quer que nos atiremos nas cordas; Deus quer nos ver lutando”. É o lado viril da Vida, o Yang, o homem centrado que acorda e vai trabalhar, talvez com a responsabilidade de prover uma família. O quadro aqui é colorido, alegre, quente, num acalentador Sol numa tarde de inverno, no termo “lagartear no Sol”, em pequenos prazeres que não custam um só centavo, pois o melhor da Vida é a simplicidade, como curtir um parque da cidade num fim de semana, abrindo uma toalha sobre o gramado para tomar chimarrão, na universalidade das bebidas quentes, que acalentam a garganta, principalmente num dia frio e úmido. Apesar do rosto e olhos aqui serem bem arredondados, temos um certo cubismo tenso, truncado, com peças duras se encaixando, como numa questão sendo esclarecida, na máxima: A verdade é a filha do tempo, ou seja, a verdade vêm à tona, como em filmes que, no momento do lançamento, não fizeram muito sucesso, mas que com o passar dos anos foram adquirindo verniz cult, como Blade Runner, em filmes que, de tão sui generis, impossibilitam um refilmagem, como no insubstituível David Bowie no filme de fantasia Labirinto, um filme que, com o passar das décadas, foi se revelando interessante, em obras carregadas de originalidade, mesmo tendo de início fracassado. A sobrancelha negra é a disciplina, numa sobrancelha delineada, como numa certa política brasileira, a qual precisa urgente de um design de sobrancelha, uma mulher que subestima a necessidade de boa aparência na vida pública, numa mulher sem paciência para se arrumar devidamente; numa mulher que, se arrumada, já poderia ter sido eleita presidente – a aparência é vital na vida pública, como Collor, o qual conseguiu se eleger porque tinha uma aparência impecável, sendo impichado posteriormente, ou seja, uma boa aparência tem que estar respaldada por nobreza de caráter, como uma mulher politizada que conheço, a qual não gosta muito de se arrumar, infelizmente. Os olhos aqui giram como ponteiros de relógio, no privilégio que tenho em ter, do apartamento onde moro, vista para o tradicional relógio do Eberle, no centro de Caxias do Sul, com as badaladas organizando o dia, na hora de professor em sala de aula para mais um dia de luta, nesta categoria que é tão desvalorizada em termos de salário, na máxima do personagem professor Raimundo: “E o salário, ó!”. Aqui a superfície não é perfeita, mas rústica, no modo como o rústico é acolhedor, simples, sem afetações ou frescuras, como reunir convidados de forma calorosa, sem cerimônias.

 


Acima, Sinais em amarelo. Aqui parecem pinturas rupestres, numa simplicidade, no momento em que homem se separou de macaco, no impacto do retângulo erguido no superclássico 2001, como um celular, no modo do Ser Humano entender o aperfeiçoamento técnico, científico, no uso do pensamento racional, num altivo prédio em sonhos de Engenharia, na competição fálica para ver qual é o país que tem o prédio mais alto do Mundo, na fábula da Torre de Babel, como se o Homem quisesse alcançar Deus nos céus, no Homem sendo punido em suas ambições, no colapso da torre, no modo como as construções metafísicas são tão majestosas e incríveis, num plano em que não há as limitações materiais, pois é um plano no qual, por exemplo, não precisa haver rede de esgoto, pois os espíritos desencarnados não defecam, estando livres de necessidades fisiológicas, resultando em cidades espirituais tão limpas e bem administradas, longe da fogueira de vaidades humana, onde o Homem quer poder, sempre poder, em corações sendo devorados pelo Anel do Poder, resultando em homens escravizados por suas própria ambições, como num insano Calígula, com sua alma absolutamente perdida em meio aos poderes do césar romano, até o povo de Roma se dar conta de que rei era louco e totalmente amoral. Aqui temos um certo quadriculado, com peças se encaixando e formando um total, como num ator tendo a paciência para desdobrar um personagem e compreender este, no modo como já ouvi: Ao final de um dia de trabalho, o ator que colocar o personagem num “cabide” e sair do set livre de tal personagem, no discernimento entre ficção e realidade, ao contrário de um certo ator controverso, o qual perde um tanto o discernimento entre real e fictício, tramitando por uma linha tênue e perigosa. Aqui as pinceladas negras trazem um realce, como sobrancelhas sendo delineadas num salão de beleza, no momento de autoestima da mulher em se cuidar, sabendo que idade não é pretexto para parar de se arrumar, no modo como dá gosto de ver uma senhora arrumada, que gosta de si mesma, no modo como uma certa pseudointelectual desdenhava da questão da autoestima, a qual é fundamental, diria qualquer psicoterapeuta. Aqui é como um alegre vitral de igreja, no Sol entrando e iluminando, como no nosso anjo da guarda iluminando nosso caminho, na fé de que cada um de nós é acompanhado por tal amiguinho espiritual, o qual sempre quer nos guiar pelo bom caminho, no modo como até um miserável morador de Rua tem um anjo da guarda, o qual quer sempre convencer a pessoa a sair de tal situação degradante, mas um mendigo que não quer encarar a Vida, não se importando em dormir numa calçada fria, suja e úmida – é uma tristeza. As formas negras aqui formam tal contraste, como numa discordância entre duas pessoas, no esforço diplomático pela paz e pelo diálogo, numa classe de diplomacia e polidez, crendo na universalidade da paz, como em jogos olímpicos, nos quais o Ser Humano revela tal universalidade, num esforço de união, como no feriado de primeiro de janeiro, na letra do U2: “Tudo é quieto no dia de ano novo”. As formas negras aqui são esforços de alfabetização, como a Escrita assinalou o início da civilização, como na escrita americana, ao contrário de tribos indígenas, nas quais a tradição é transmitida oralmente de geração para geração, na universalidade da divisão de tarefas entre homem e mulher: Ele faz o trabalho viril de caça e pesca; ela, o feminino de cuidar dos filhos e fazer coleta na floresta, atividade esta análoga a fazer compras em supermercado, como uma certa indígena yanomami, a qual, ao ir morar na cidade com o marido branco, adorava fazer compras. As formas negras aqui são nomes e graças dados a terras devolutas, como na Colômbia homenageando Colombo e América homenageando Américo Vespúcio. Os quadrados são fotos tiradas por sondas espaciais, dando nomes a terras marcianas, no modo como o Cosmos é tão hostil ao Ser Humano – duvido que um dia o Ser Humano conseguirá colocar os pés neste planeta absolutamente hostil que é Vênus.

 


Acima, Super xadrez. Aqui é como no labirinto do clássico videogame Pac Man, com o personagem comendo coisas pelo labirinto, tendo que fugir de fantasminhas letais, no modo como certas pessoas não gostam de games, achando estes muito angustiantes, havendo aqueles que são viciados em tais atividades digitais. Os quadrados são tais jogos de contrastes, num código binário entre um e zero, ou seja, entra ser e não ser, eis a questão, dizia Shakespeare, no jogo entre Yin e Yang: Quem é essencialmente Yin, tem que partir em busca de seu próprio Yang; que é Yang, o contrário, no modo como, no casal heterossexual, é inevitável que ele personifique o Yang dela e que ela personifique o Yin dele, no hábito de, ao cumprimentar um casal, cumprimentar apenas um dos cônjuges já é o suficiente – o casal está cumprimentado. Neste complexo quadriculado, vemos exceções vermelhas, como numa falha em um sistema, num indivíduo pensando contra a correnteza de paradigma, no trabalho importante de transgressão, a qual traz os ventos renovadores de um novo tempo, como no sopro de renovação renascentista, ou como a transgressão impressionista, num estilo que, de início, era visto como uma piada, e não como uma nova forma de se fazer Arte. Aqui é Neo desafiando o sistema tirano da Matrix, num mártir dando sua vida para salvar a Humanidade, afirmando que não há máquina que seja tão boa quanto o livre arbítrio do espírito, o qual escolhe as vicissitudes que enfrentará na Terra, como num estudante se matriculando em cadeiras numa faculdade, ou seja, tudo o que acontece em nossas vidas é de nossa responsabilidade, não havendo “vítimas” do destino. Discretamente pelo quadro vemos formas como totens de magia, emblemáticos, como brasões aristocráticos de realeza, no brasão imperial britânico, no povo inglês que se revelou tal colonizador, querendo trazer as luzes da civilização ocidental ao Mundo, impactando na Índia, por exemplo, num monarca que reina sobre um terço da Humanidade, numa moça de classe média que aceitou a proposta de casamento de um príncipe, sabendo que nunca teria outra chance de ser uma rainha de fato. Esses totens são como insetos exóticos, na vastidão biológica ao redor da Terra, fazendo de nosso planeta um lugar tão único, nos astrônomos que até hoje buscam sinais de vida fora da Terra, alimentando ficções como em Avatar, com terras mágicas e deslumbrantes, assim como a selvagem e exótica América exerceu fascínio sobre o homem europeu, num Darwin ávido por conhecer e catalogar tais formas de vida, num trabalho descomunal, no absurdo da frase: “Há mais estrelas no Universo do que grãos de areia na Terra”, na “loucura” que seria querer catalogar cada grão de areia que existe no deserto do Saara, sendo assombrosa demais a possibilidade de não haver vida em tal Cosmos infinito. As formas aqui são como no jogo de percepção na obra do genial MC Escher, um mago que nos trouxe uma Arte tão única, num mago que jogou com o olho humano, seduzindo-nos no fato de que tudo traz em si sua própria contradição, no jogo binário entre vazio e cheio, nos carimbos da xilogravura, neste jogo de sedução entre claro e escuro. O quadro é cercado de uma margem roxa, perfumada, numa cor floral, na delicadeza de cores suaves como o lilás, nas cores da lavanda, no hábito luxuoso de se perfumar, o qual é um ato de autoestima, no fascínio que as fragrâncias exercem, ao ponto de pessoas em freeshops de aeroportos furtarem tais itens das lojas, nas palavras de revolucionária Coco Chanel: “Estar perfumado é um luxo, não uma necessidade”, no modo como o incenso indiano ganhou a Europa, no ritual católico de perfumar o templo com tal recurso odorífico, fazendo com que o perfume nos dê uma sensação de extrema limpeza e pureza. Os quadrados aqui têm uma certa aquosidade no conjunto, como nas formas retas dos azulejos sendo “subvertidas” pela água da piscina, na letra de Chico Buarque, dizendo que o home sério, que acorda para ir trabalhar, é hipnotizado pelas curvas da mulher sensual que rebola.

 

Referências bibliográficas:

 

Paul Klee. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 26 jul. 2023.

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